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BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 1 COMO AS ORGANIZAÇÕES PODEM SOBREVIVER ÀS CATÁSTROFES E DESASTRES? Ano XXV | Dez/Jan de 2016 | Edição 282 2 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Os valores-p não me assustam. Análise de Dados Destemida Analisar dados com o Minitab Statistical Software é fácil e agora Minitab 17 está disponível em Português. Um Assistente integrado guia você durante todo o processo, desde a escolha da ferramenta correta até a realização da sua análise e interpretação dos seus resultados. Você conhece o seu negócio. 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Telefone: +55(11) 3798.6380/3742.0352 comercial@edila.com.br Assinaturas Telefone: +55(11) 3798.6380 assinaturas@edila.com.br Assinatura digital Anual (12 edições) : R$ 140,00 Bianual (24 edições) : R$190,00 A Revista Banas Qualidade - DIGITAL é publicada pela EDILA-Editorial Latina Ltda. com sede em São Paulo/SP - Brasil. A publicação não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos aqui emitidos por seus articulistas e colunistas. ISSN - 1676-7845 Ano XXV - Edição 282 Dezembro de 2015 e Janeiro de 2016 Editorial Hayrton R. do Prado Filho Produtos automotivos vencidos No Brasil, ainda existe a máxima: levar vantagem de qualquer jeito. Não importa as consequências. É o caso dos produtos automotivos vendidos em postos de gasolina. Segundo o Procon-SP, dos 371 visitados entre junho e novembro, em 166 (45%) foram encontrados produtos vencidos. O grande volume de produtos automotivos vencidos, em especial: fluído de freio, aditivos e óleos lubrificantes, tem chamado atenção. Como são manuseados pelos frentistas, os consumidores não observam o vencimento e pagam por um produto sem eficiência. O engenheiro mecânico e professor do departamento de engenharia mecânica do Instituto Mauá, Celso Argachoy, alerta aos motoristas sobre a importância de respeitar o prazo de validade dos produtos automotivos. Em especial, óleos lubrificantes, fluídos de freio e aditivos que após o vencimento passam a absorver a umidade e perdem suas características. Segundo explica o professor o risco mais grave é do fluido de freio que é um produto higroscópico, ou seja, absorve umidade e se degrada, causa oxidação das peças e forma bolhas de ar. “Com a formação das bolhas, a resposta do freio fica comprometida e o acionamento do pedal não terá a mesma resposta. O motorista terá que aplicar mais força, prejudicando tanto o tempo de resposta quanto no espaço percorrido pelo veículo até a frenagem total”, alerta. O risco é ainda maior em descida de serras que necessitam dos freios em condições mais severas. O sistema superaquece, assim como o fluído, há a possibilidade de vazamentos, formação de mais bolhas e a perda da eficiência. A sobrecarga nas lonas de freio vai causar a sua vitrificação, levando o veículo a perda total do freio. “É uma conjunção de fatores temerários”, destaca Celso Argachoy. Produtos automotivos vencidos que estão estocados em locais úmidos: no nível do mar ou próximo a rios, têm mais chances de absorver a umidade do ambiente e causará mais riscos e prejuízos ao sistema devido a sua característica higroscópica. mailto:redacao@edila.com.br http://www.banasqualidade.com.br/ mailto:redacao@edila.com.br mailto:hayrton@uol.com.br mailto:christine.banas@edila.com.br mailto:comercial@edila.com.br mailto:assinaturas@edila.com.br 4 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Sumário 03 - Editorial Produtos automotivos vencidos 06 - Pelo Mundo Os principais fatos internacionais 13 - MASP Como gerenciar múltiplos projetos de melhoria 22 - Comportamento Como perder clientes prontamente? 26 - Ferramentas Sistemas de Gestão 43 - Recursos Humanos Estabeleça metas de forma inteligente para que se concretizem 45 - MASP Em busca da Causa Raiz 46 - Riscos Deve-se ter cuidado quando se armazenar Produtos Químicos 60 - Saúde A utilização das normas técnicas no ensino em Análises Clínicas 78 - Normalização As diretrizes obrigatórias no atendimento às emergências em acidentes com transporte de produtos perigosos 88 - Cartas 90 - Ponto Crítico Quebrar barreiras departamentais, não é retirar as baias (cubículos) de Dilbert 08- Seis Sigma: A importância do 5S: O 5S deve ser usado de modo integrado ao método DMAIC do Lean Seis Sigma. 12 - Estatística: Um conceito pouco conhecido: A probabilidade de conformidade (probability of compliance) Para o valor de uma amostra, há três cenários referentes a essas especificações: somente limite superior, somente limite inferior e limites inferior e superior 20 - Gestão: Vá ao GEMBA e conheça o seu cliente: “A escrivaninha é um lugar perigoso para se adquirir uma perspectiva do mundo.” (John Le Carré) BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 5 Dezembro / Janeiro de 2016 - Edição 282 - Ano XXV 52 - Meio Ambiente: Estudos Ambientais>: Os fatores associados à crise hidrica na região sudeste do Brasil e o papel do desmatamento nas emissões de CO2 até 2050 : Dois estudos procuraram estudar assuntos relacionados: um apresentou os cenários de uso da terra e emissões de gases do efeito estufa atualizados para a Amazônia brasileira e o outro os fatores associados à crise hídrica no Sudeste do Brasil 84 - Metrologia: Revisitando o estado da arte da calibraç~~ao de um instrumento analógico: Comparação é a melhor definição com uma única palavra para o termo metrológico “calibração”. De maneira simplória, calibração nada mais é do que uma comparação entre padrão e objeto. Se tratando de medidores analógicos de pressão com sensor de elemento elástico, as normas recomendam que durante a calibração, a pressão seja aplicada ao objeto e sejam registradas as indicações correspondentes ao padrão 28 - Capa: Como as Organizações podem sobreviver as catástrofes e desastres?: Será possível efetuar todos os preparativos para as inúmeras possibilidades que uma empresa pode sofrer com algum tipo de desastre ou catástrofe? 46 - Recursos Humanos: Reconhecimento Profissiona: Muito além de dinheiro e ego: O reconhecimento é resultado do alinhamento de valores da empresa e de seus colaboradores. COMO AS ORGANIZAÇÕES PODEM SOBREVIVER ÀS CATÁSTROFES E DESASTRES? Ano XXV | Dez/Jan de 2016 | Edição 282 6 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Pelo Mundo Por Jeannette Galbinski Celebre o Mês Mundial da Qualidade O mês de Novembro foi o mês Mundial da Qualidade, e o site www. worldqualitymonth.org está com diversos conteúdos para celebrar esta data. Lá é possível encontrar tudo para planejar e promover a celebração, como um guia de planejamento de eventos e um conjunto de ferramentas e cartazes. Também é possível encontrar vídeos, cases de sucessoe calendário de eventos de todo o mundo. Durante o mês, alguns relatórios gratuitos da ASQ serão publicados, e fornecem uma visão mais profunda sobre os indicadores de desempenho da cadeia de suprimentos, qualidade e inovação. http:// globalstateofquality.org Vencedores do Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige O Prêmio Nacional da Qualidade Malcolm Baldrige é maior honra presidencial para a excelência do desempenho. Veja abaixo as quatro organizações de quatro setores diferentes que ganharam o Prêmio: • MidwayUSA, Columbia, Missouri (Pequena Empresa) • Charter School de San Diego, San Diego, Califórnia (Educação) • Charleston Area Medical Center, Charleston, West Virginia (Assistência Médica) • Mid-America Transplant Services, St. Louis, Missouri (sem fins lucrativos) O 60º Congresso da qualidade será um esforço conjunto da Organização Europeia para a Qualidade e será realizada em 01 e 02 de junho de 2016 em Helsinque, Finlândia. Para quem quiser apresentar um artigo para o Congresso da Qualidade 2016, está convidado a enviar um resumo para speakers@quality2016. http://www.eoq.org/home.html Congresso da Organização Europeia para a Qualidade http://worldqualitymonth.org/ http://globalstateofquality.org/ http://www.eoq.org/home.html BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 7 Pelo Mundo Por Jeannette Galbinski Jeannette Galbinski: Doutora em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Master of Science em Qualidade e Confiabilidade pelo Technion Institute of Technology. Graduada em Estatística pela USP, com especialização em Administração Industrial pela FundaçãoVanzolini. Master Black Belt e consultora internacional especialista na implementação de Ferramentas e Sistemas da Qualidade e projetos de Seis Sigma. Procon multa VW Procon-SP multa VW em R$ 8,33 milhões por ter vendido 17.057 unidades da Amarok fabricadas entre 2011 e 2012 com o software que frauda as emissões de poluentes. A montadora terá que realizar recalls nos veículos para retirar o recurso eletrônico. O software analisava diversos dados e ajustava o desempenho do motor para reduzir as emissões quando em teste. Novo Manual de Requisitos de Fornecedores CAOA Em abril/15 a CAOA Montadora Ltda, através da Diretoria de Compras e da Gerencia de Compras Produtivas, iniciou um projeto para definir um Manual de Requisitos de Fornecedores, de modo a padronizar os requisitos de atendimento de sua cadeia de fornecedores produtivos diretos, com a finalidade de alcançar um novo patamar de operação e buscando a melhoria de seus veículos, com aplicação de técnicas da Qualidade do setor automotivo. Sistema de emissão de carbono China indica criação de sistema nacional de comércio de direitos de emissão de carbono em 2017. Ela formou um sistema piloto em sete cidades do país, sistema este que está sendo testado desde 2011. As transações alcançaram cerca de 176,8 milhões de euros representando 40,24 milhões de toneladas de gases poluentes em cotas de emissão, segundo dados oficiais. O sistema se baseia na fixação de um limite para as emissões de carbono e a aprovação para que as empresas que o excederem possam comprar parte da cota das que ficarem abaixo. Espera- se que seja firmado um acordo durante a COP21, em Paris, a cúpula sobre alterações climáticas onde 200 países participarão. Ranking de segurança entre as montadoras O Latin NCAP divulgou o primeiro ranking de desempenho em segurança entre todas as montadoras que tiveram modelos testados. Foram 5 anos de avaliação. De acordo com o relatório, o Jeep Renegade, o Golf da VW, o Honda HR-V e o Seat León ST foram os únicos que obtiveram as melhores classificações entre os 62 modelos avaliados das 18 marcas, alcançando a nota máxima. Abaixo a lista: 1. Jeep e Seat: 5.0 estrelas 2. Honda: 4.8 estrelas 3. Toyota: 4.5 estrelas 4. Citroen e Volkswagen: 4.0 estrelas 5. Ford: 3.8 estrelas 6. Hyundai, Peugeot, Renault e Suzuki: 2.3 estrelas 7. Nissan: 2.2 estrelas 8. Fiat: 2.0 estrelas 9. Chevrolet: 1.8 estrelas 10. JAC: 1 estrela. http://www.automotivebusiness.com.br/ noticia/23039/latin-ncap-divulga-ranking- de-seguranca-entre-as-montadoras http://www.automotivebusiness.com.br/ 8 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Seis Sigma A importância do O 5S deve ser usado de modo integrado ao método DMAIC do Lean Seis Sigma. BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 9 Seis Sigma Por Cristina Werkema O 5S é uma ferramenta cujo objetivo é promover e manter a limpeza e a organização das áreas de trabalho – tanto administrativas quanto de manufatura –, funcionando como um pilar básico do Lean Seis Sigma. A sigla 5S é derivada de cinco palavras japonesas que começam com a letra S, conforme apresentado a seguir. Palavra japonesa Tradução Significado Seiri Senso de Utilização (Sort – Classificar) Separar o necessário do desnecessário, descartando o último. Seiton Senso de Organização (Set in Order – Ordenar) Organizar o necessário, definindo um lugar para cada item. Seiso Senso de Limpeza (Shine – Limpar) Limpar e identificar cada item. Seiketsu Senso de Padronização (Standardize – Padronizar) Criar e seguir um padrão resultante do desempenho adequado nos três primeiros S. Shitsuke Senso de Autodisciplina (Sustain – Manter) Estabelecer a disciplina para manter os quatro primeiros S ao longo do tempo. Para que o 5S seja efetivo, deve haver o envolvimento direto das pessoas que operam os processos. O 5S resulta nos seguintes benefícios para a empresa: 1. Aumento da produtividade. 2. Melhor atendimento aos prazos. 3. Redução de defeitos. 4. Aumento da segurança no trabalho. 5. Redução de material perdido. 6. Melhor capacidade para distinção entre condições normais e anormais de trabalho. As etapas para implantação e manutenção do 5S são apresentadas a seguir. A – CLASSIFICAR 1. Identificar os itens que não são necessários para o trabalho atualmente realizado na área e anexar a eles uma etiqueta vermelha. 2. Remover os itens etiquetados para uma área de espera. 3. Determinar o destino dos itens 10 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Seis Sigma 1. etiquetados (vender, jogar fora, consertar, retornar para a área). Essa tarefa deve ser executada por um gestor da área de trabalho. 2. Definir o melhor local para guardar os itens remanescentes. B – ORDENAR 1. Identificar os itens necessários, para que os mesmos possam ser encontrados por qualquer pessoa. 2. Criar limites e áreas para colocação dos itens. 3. Desenhar um mapa 5S apresentando a melhor localização para cada item, com base na frequência de uso e nos princípios de economia de movimentos. C – LIMPAR 1. Limpar a área de trabalho. 2. Criar procedimentos para a limpeza diária, de modo a manter a área de trabalho arrumada e livre de entulhos. 3. Atribuir tarefas de limpeza rotineiras às pessoas que operam o processo. D – PADRONIZAR 1. Criar procedimentos padronizados para a realização das tarefas diárias das etapas classificar, ordenar e limpar. 2. Afixar, na área de trabalho, fotografias do “antes” e “depois” e incorporar o “depois” ao padrão. E – MANTER 1. Criar uma disciplina para o 5S, de modo a assegurar a continuidade de seu sucesso. 2. Auditar periodicamente o cumprimento dos padrões do 5S. 3. Reforçar a importância do cumprimento dos padrões, por meio do reconhecimento nos casos de sucesso e da ação corretiva nas situações de desvio. No uso do 5S, os pontos a seguir devem ser objetos de atenção das empresas: a) O primeiro S – classificar – deve ser cuidadosamente realizado. Quanto melhor for o trabalho executado nessa etapa, mais fácil será a condução das próximas. b) O 5S deve fazer parte do trabalho de todas as pessoasda empresa. c) O sucesso do 5S deve ser comemorado e amplamente divulgado. Cristina Werkema é proprietária e diretora do Grupo Werkema e autora das obras da Série Seis Sigma Criando a Cultura Lean Seis Sigma, Design for Lean Six Sigma: Ferramentas Básicas Usadas nas Etapas D e M do DMADV, Lean Seis Sigma: Introdução às Ferramentas do Lean Manufacturing, Avaliação de Sistemas de Medição, Perguntas e Respostas Sobre o Lean Seis Sigma, Métodos PDCA e DMAIC e Suas Ferramentas Analíticas, Inferência Estatística: Como Estabelecer Conclusões com Confiança no Giro do PDCA e DMAIC e Ferramentas Estatísticas Básicas do Lean Seis Sigma Integradas ao PDCA e DMAIC, além de oito livros sobre estatística aplicada à gestão empresarial, área na qual atua há mais de vinte anos. cristina@werkemaconsultores.com.br. mailto:cristina@werkemaconsultores.com.br BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 11 http://www.excelint.com.br/ 12 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Um conceito pouco conhecido: a probabilidade de conformidade (probability of compliance) Para o valor de uma amostra, há três cenários referentes a essas especificações: somente limite superior, somente limite inferior e limites inferior e superior Estatística BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 13 Por Paulo Afonso Lopes O objetivo de muitas análises é avaliar a conformidade aos valores limites fixados em regulamentos ou em especificações comerciais. A conformidade pode exigir a quantidade de um mensurando especificado estar acima ou abaixo de um limite único de especificação ou dentro de um intervalo com um limite superior e um limite inferior. Em alguns casos, o resultado, incluindo a sua incerteza de medição, será diferente do valor limite para que se possa afirmar que há conformidade; em outros, o grau de conformidade não estará claro e decisões deverão ser tomadas com base em critérios probabilísticos. Para o valor de uma amostra, há três cenários referentes a essas especificações: somente limite superior, somente limite inferior e limites inferior e superior. Para o do desvio padrão da amostra, por ser medida de variabilidade, apenas o limite superior. Os exemplos referem-se somente a ensaios com um limite superior de especificação, em que a faixa de aprovação de resultados é aquela abaixo desse limite, que não deve ser ultrapassado. Um problema a resolver A Resolução 432 de 23 de janeiro de 2013 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) não permite nenhuma quantidade de álcool no sangue do condutor, que será autuado administrativamente por qualquer concentração de bebida. Entretanto, para caracterizar o crime previsto no art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), um dos critérios é o exame de sangue apresentar resultado igual ou superior a 6 (seis) decigramas de álcool por litro de sangue (6 dg/L), e as pessoas que decidem com base em limites legais devem ser capazes de responderem a perguntas do seguinte tipo: uma concentração de 6,1 dg de álcool por litro de sangue de um motorista é muito significativamente maior do que o limite legal de 6 dg/L? As decisões podem ser baseadas somente no resultado pontual. Com base apenas no valor obtido na amostra observada, as situações e decisões que podem haver são as seguintes (Figura 1): • Casos 1 e 2. O resultado se encontra abaixo do limite superior de especificação: resultado conforme. • Casos 3 e 4. O resultado se encontra acima do limite superior de especificação: resultado não conforme. Entretanto, não há a certeza de que o resultado (valor pontual) na amostra forneceu o valor da população. Nesse caso, retira-se uma segunda amostra para verificar, e o resultado é outro. Como saber onde está a verdade? Retira-se, então, uma terceira amostra, uma quarta, mais resultados diferentes, e assim por diante. Como resolver? Ao se observar todos os resultados, verifica-se uma variação deles e, por meio dessa variabilidade, determina-se o denominado intervalo de confiança, no qual pode pertencer, com uma determinada probabilidade, o valor da população. As afirmações feitas a respeito do parâmetro da população sempre devem vir acompanhadas de um grau de confiança, ou grau de certeza; significando o quanto se está certo ao comunicar essa informação, Figura 1 – Casos em que a decisão se baseia apenas no resultado pontual 14 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 que tem um risco, que é probabilidade associada a uma decisão errada. A probabilidade do valor da população se encontrar no intervalo de confiança, centrado na estimativa pontual e com variação negativa e positiva em torno dessa estimativa pontual é, usualmente, igual a 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% do valor da população ser qualquer um dentro desse intervalo. Quando da estimativa de um resultado com sua incerteza de medição, esse intervalo passa a chamar-se intervalo de abrangência. As decisões podem ser baseadas somente na amplitude do intervalo de abrangência. Todos os resultados analíticos têm a forma “C k.u” ou ”C U”, onde “C” é a melhor estimativa do valor da concentração do mensurando, k é o fator de abrangência, “u”, escrito em minúsculas, é a incerteza padrão, e “U”, escrito em maiúsculas, é a incerteza expandida, igual a k.u. O valor de “2k.u”, igual a “k.U”, é a amplitude do intervalo de abrangência, dentro do qual se encontra o valor da concentração com elevada probabilidade, usualmente 95%. Tem-se as seguintes situações e decisões (Figura 2): 1. O resultado se encontra abaixo do limite superior de especificação, mas todo o intervalo de abrangência está abaixo desse limite: resultado CONFORME, embora haja uma probabilidade de 5% de ser não conforme. 2. O resultado se encontra abaixo do limite superior de especificação, mas o intervalo de abrangência contém esse limite superior, resultado pode estar CONFORME ou NÃO CONFORME, porque há uma probabilidade de 95% desse intervalo de abrangência conter o valor do parâmetro da população, ou seja, o valor da população pode estar acima do limite superior de especificação: 3. Semelhante ao Caso 2, em que o resultado se encontra acima do limite superior de especificação. 4. O resultado se encontra acima do limite superior de especificação, mas todo o intervalo de abrangência está acima desse limite: resultado NÃO CONFORME, embora haja uma probabilidade de 5% de ser conforme. Para os Casos 2 e 3, tem-se duas situações de cada um deles: na primeira (Casos 2a e 3a), a probabilidade de que o resultado seja considerado CONFORME é “elevada” e, na segunda (Casos 2b e 3b), essa probabilidade de ser CONFORME é “baixa” (Figura 3). A probabilidade do resultado ser considerado CONFORME denomina-se PROBABILIDADE DE CONFORMIDADE. Figura 2 – Casos em que a decisão se baseia estritamente na amplitude do intervalo de abrangência Figura 3 – Casos em que a decisão se baseia na posição do intervalo de abrangência Estatística BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 15 Pode-se fazer um exemplo numérico de decisões baseadas na amplitude do intervalo de abrangência. Nos casos legais, deve-se estar certo de que o limite foi excedido, ou seja, o limite de decisão para se agir não é, necessariamente, igual ao valor do limite superior de especificação. Considere-se 6 dg/L como o limite superior para o nível de álcool no sangue de um motorista. Para as concentrações nominais de 3, 5, 7 e 9 dg/L, as seguintes incertezas de medição foram determinadas: 1. 3,00 ± 1,32 dg/L 2. 5,00 ± 1,98 dg/L 3. 7,00 ± 2,06 dg/L 4. 9,00 ± 2,20 dg/L Na Situação 1, o intervalo de abrangência é de 1,68 a 4,32 dg/L, completamente abaixo do limite 6 dg/L, resultado CONFORME. Na Situação 2, o resultado está abaixo do limite, o que pode levar à decisão de considerar o resultadocomo CONFORME. Entretanto, esse está se aproximando do limite e o intervalo de abrangência tem como limite superior 6,98 dg/L e, então, as amostras futuras devem ser examinadas com maior cuidado, porque há uma probabilidade de que a população exceda esse limite e o resultado seria julgado NÃO CONFORME. Na Situação 3, o resultado encontra-se acima do limite superior de especificação, mas o valor da população se encontra no intervalo de abrangência, que vai de 4,94 a 9,06 dg/L. Por esse motivo, pode-se relatar que a amostra contém não menos que 4,94 dg/L e, por esse motivo, não se garante que o limite superior foi excedido e nenhuma ação seria tomada. Na Situação 4, o intervalo de abrangência é de 6,80 a 11,20 dg/L, completamente acima do limite 6 dg/L, resultado NÃO CONFORME. O conceito de “faixa de proteção” (guard band) Como podem haver decisões diferentes, dependendo da posição do intervalo de abrangência, há uma sutil diferença quando se tomam decisões com base nessa posição: nos casos legais, deve-se estar muito certo (usualmente com probabilidade maior que 95% ou 99,9%) de que o verdadeiro valor do mensurando está ACIMA do permitido. Entretanto, no que se refere a uma especificação de um produto, deve-se estar certo (usualmente com probabilidade maior que 95%) de que o verdadeiro valor do mensurando está ABAIXO de uma determinada especificação. O procedimento adotado é relatar os resultados afirmando que a amostra contém “não menos que o valor “C – U””, nas situações em que a especificação é uma concentração máxima admissível. O conceito de “faixa de proteção” nos casos legais Considere-se o seguinte: um motorista foi parado, fez o teste com o etilômetro, sendo reprovado. Foram retiradas amostras de sangue, cujo resultado a respeito da concentração de etanol foi de (6,1 ± 0,09) dg/L (adotando-se k=2). Sabendo-se que o limite máximo permitido é de 6 dg/L, o motorista deve ser indiciado pelo crime previsto no art. 306 do CTB? Nesses casos legais, deve- se estar muito certo (com probabilidade maior que 99%) de que o verdadeiro valor do mensurando está ACIMA do máximo permitido. Por essa razão, determina-se um LIMITE DE DECISÃO ACIMA do limite superior de especificação, de acordo com a seguinte expressão: Limite de decisão LD = Limite superior de especificação LSE + k.u,onde: 16 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 • k é o valor da abscissa t, unilateral, da distribuição de Student; se usada a distribuição de Gauss, k=1,65 para uma probabilidade de conformidade de 95% e k=3,09 para uma probabilidade de conformidade de 99,9%, e • u é a incerteza padrão, calculada a partir da incerteza expandida por u = U/k. onde agora k é dado pela memória de cálculo da incerteza de medição. O valor k.u denomina-se faixa de proteção, ilustrada pela Figura 4. Conclusão: nos casos legais, um resultado deve ser considerado NÃO CONFORME somente se o Limite de Decisão for ultrapassado. Retornando à situação do motorista que foi parado, fez o teste com o etilômetro, sendo inicialmente reprovado, e cuja análise de sangue foi de (6,1 ± 0,09) dg/L (adotando-se k=2). Sabendo-se que o limite máximo permitido é de 6 dg/L, o motorista deve ser penalizado? Neste caso, primeiramente deve-se determinar o valor de u. Para uma incerteza expandida U=0,09 dg/L com k=2, tem-se que u = U/k = 0,09/2 dg/L = 0,045 dg/L. Após, o LD = LSE + k.u. Como nada se sabe a respeito do tamanho da amostra, adota-se o k da distribuição de Gauss; então, para 95% de confiança, k=1,65 e LD (dg/L)= (6,00 + 1,65 x 0,045) dg/L = (6,00 + 0,07) dg/L = 6,07 dg/L. Como 6,1 dg/L ultrapassa o Limite de Decisão, com 95% de certeza, o motorista deve ser penalizado. Considere, agora, uma certeza de 99,9%. Nesse caso, k = 3,09 e LD (dg/L)= (6,00 + 3,09 x 0,045) dg/L = (6,00 + 0,18) dg/L = 6,18 dg/L. Como 6,1 dg/L não ultrapassa o Limite de Decisão, com 99,9% de certeza, o motorista não deve ser penalizado, agora com uma certeza de quase 100%. A Resollução 432 do CONTRAN não estabelece qual probabilidade deve ser usada (95% ou 99%) para o limite de decisão, nem estabelece a maneira de cálculo desse limite com base nessa faixa de proteção. O conceito de “faixa de proteção” nos casos comerciais Considere que a fração de um analito em uma determinada amostra é 1,82 mg/ kg com uma incerteza expandida igual a 0,20 mg/kg para k=2. Se o limite é, no máximo, 2,00 mg/kg, essa amostra pode ser considerada conforme? A decisão tomada usualmente é a seguinte: se o resultado está abaixo de 2,00 mg/kg, ele é CONFORME; caso contrário, NÃO CONFORME. Entretanto, no que se refere a uma especificação de um produto, deve-se estar certo (com probabilidade maior que 95%) de que o valor do mensurando está ABAIXO desse limite superior, o que conduz a um LIMITE DE DECISÃO ABAIXO do limite superior de especificação, de acordo com o seguinte: Limite de decisão LD = Limite superior de especificação LSE – k.u, onde: • k é o valor da abscissa t, unilateral, da distribuição de Student; se usada a distribuição de Gauss, k=1,65 para uma probabilidade de conformidade de 95% e k=3,09 para uma probabilidade de conformidade de 99,9%, e • u é a incerteza padrão, calculada a partir da incerteza expandida por u = U/k. sendo k fornecido pela memória de cálculo da incerteza de medição. Figura 4 – Conceito de faixa de proteção para limite superior nos casos legais Estatística BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 17 O valor k.u igualmente se denomina faixa de proteção, ilustrada pela Figura 5. Como conclusão, pode-se afirmar que, também nos casos comerciais, um resultado deve ser considerado NÃO CONFORME somente se o Limite de Decisão for ultrapassado. Retornando ao exemplo numérico do analito, primeiramente deve-se determinar o valor de u. Para uma incerteza expandida U=0,20 mg/kg com k=2, tem-se que u = U/k = 0,20/2 mg/kg = 0,010 mg/kg. Após, o LD = LSE – k.u. Como nada se sabe a respeito do tamanho da amostra, adota-se o k da distribuição de Gauss; então, para 95% de confiança, LD (mg/kg)= (2,00 – 1,65 x 0,10) mg/kg = (2,00 – 0,165) mg/kg = 1,835 mg/kg. Como 1,82 mg/kg, resultado da fração da massa de cádmio, é menor que o Limite de Decisão, com 95% de certeza, a amostra pode ser considerada CONFORME, por ter uma fração abaixo do limite superior de especificação. Somente limite inferior de especificação para o valor da amostra. O raciocínio quando se tem somente o limite inferior de especificação é semelhante ao do somente limite superior. Nesse caso, para determinar os Limites de Decisão, as expressões são as seguintes: 1. nos casos legais: Limite de decisão LD = Limite inferior de especificação LIE – k.u, 2. nos casos comerciais: Limite de decisão LD = Limite inferior de especificação LIE + k.u. Limites inferior e superior de especificação para o valor da amostra Quando há os dois limites, o valor de k passa a ser o valor da abscissa t, bilateral, da distribuição de Student; se usada a distribuição de Gauss, k=1,96 para uma probabilidade de conformidade de 95% e k=3,27 para uma probabilidade de conformidade de 99,9%. As expressões para determinar os Limites de Decisão, as expressões são as seguintes: nos casos legais, as faixas de proteção para os limites inferior e superior são dadas por (Figura 6): • Limite de decisão LD = Limite inferior de especificação LIE – k.u • Limite de decisão LD = Limite superior de especificação LIE + k.u, Nos casos comerciais, as faixas de proteção para os limites inferior e superior são dadas por (Figura 7): • Limite de decisão LD = Limite inferior de especificação LIE + k.u • Limite de decisão LD = Limite superior de especificação LIE – k.u, Figura 5 – Conceito de faixa de proteção para limite superior nos casos comerciais Figura 6 – Conceito de faixa de proteção para limites inferior e superior nos casoslegais Figura 7 – Conceito de faixa de proteção para limites inferior e superior nos casos comerciais 18 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 O conceito de “faixa de proteção” para o desvio padrão Diferentemente da faixa de proteção quando se estuda o valor de uma amostra da população, para o desvio padrão tem- se apenas o limite superior, porque, em estatística deseja-se ter variabilidade mínima, ou seja, o importante é apenas o limite superior de especificação, com uma faixa de proteção de se estar certo (usualmente com probabilidade maior que 95%) de que o verdadeiro valor do desvio padrão está abaixo do máximo desvio padrão permitido (MDPP). A Figura 8 ilustra o relacionamento entre o MDPP e o limite de decisão. No caso do valor da população, essa faixa de proteção é igual a um certo número de desvios padrão (k,u). No caso do desvio padrão da população, o conceito é semelhante, A distância entre o MDPP e o LD é igual a um certo número de desvios padrão. No caso do valor da população, determinava-se o LD somando-se k.u ao LSE: LD = LSE + k.u. Entretanto, no caso do desvio padrão, não pode ser feita essa soma direta, porque os cálculos são realizados com as variâncias e o relacionamento passa a ser do seguinte modo: LD2 = k.MDPP2 Para se poder determinar o valor do LD, tem-se o valor de MDPP, mas não o de k. Entretanto, k= LD2MDPP2. O valor de k é o resultado da divisão de duas variâncias, fração que é modelada pela distribuição F de Snedecor. Com base nessa distribuição, determina-se o valor da abscissa k que limita à direita da distribuição F uma probabilidade de 5% (equivalente a ter-se 95% de probabilidade à esquerda dessa abscissa), com graus de liberdade do numerador igual ao tamanho da amostra menos 1 e graus de liberdade do denominador igual a infinito, por ser o MDPP admitido como sendo o ideal da população. Determinado o valor de k, finalmente chega-se ao valor do LD: LD= k MDPP Exemplo numérico para a “faixa de proteção” para o desvio padrão Após 20 medições em um ensaio, até quando se deverá considerar uniforme a variabilidade dessas medições, ou seja, a partir de qual valor o desvio padrão deverá ser rejeitado? Nesse caso, n = 20, e os graus de liberdade são 19. No Excel, determina-se o valor de k = 1,586501461 na distribuição F, conforme ilustra a Figura 9. Extraindo-se a raiz quadrada de k, tem-se que: 1,586501461= 1,259564, aproximado para 1,26. Finalmente, LD = 1,26 MDPP, ou seja, decide-se rejeitar o valor do desvio padrão se esse for maior que 1,26 vezes o MDPP. Paulo Afonso Lopes é estatístico e membro da Academia Brasileira da Qualidade (ABQ) – pauloafonsolopes@uol.com.br Figura 8 – Faixa de proteção para o desvio padrão da população Figura 9 – Determinação do valor de k Estatística mailto:pauloafonsolopes@uol.com.br BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 19 Líder de Mercado na América Latina Há 37 anos propondo soluções multilíngues para o mundo globalizado Traduções para mais de 30 idiomas sac@alltasks.com.br www.alltasks.com.br Fone: (11) 5908-8300 C M Y CM MY CY CMY K Anuncio_revista_porto_21x28.pdf 1 22/07/2013 12:30:45 http://www.alltasks.com.br/ 20 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Gestão Vá ao GEMBA e conheça o seu cliente! “A escrivaninha é um lugar perigoso para se adquirir uma perspectiva do mundo.” (John Le Carré) BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 21 Por Eduardo Moura Tirei esta citação de um livro de frases famosas. Não conheço John Le Carré, mas ele tem razão. Fato agravado com a era da televisão e da informática, estamos muito acostumados a tirar conclusões e tomar decisões a partir de dados, informações ou relatórios obtidos “via sistema”. Outra citação interessante, da qual infelizmente desconheço o autor, diz mais ou menos o seguinte: “É preciso entender que a empresa é uma entidade social complexa, formada pelas relações com seus clientes, funcionários, fornecedores, acionistas, pessoas que dependem da organização…. A grande maioria dos executivos reduziu a empresa a um simples conjunto de indicadores financeiros que aparecem na tela de um computador”. Para reforçar ainda mais o ponto, forneço outro exemplo: partindo da preocupação em saber como os clientes avaliam seus produtos e serviços, é prática comum que as empresas contratem agências especializadas em pesquisa de mercado. Estas, por sua vez, frequentemente subcontratam estagiários ou estudantes para aplicarem questionários (preconcebidos) aos clientes da empresa. Os questionários são em seguida tabulados e transformados em inúmeras estatísticas que compõem um relatório volumoso fornecido à empresa. Via de regra, o relatório apenas confirma o que já sabia sobre os pontos previamente colocados no questionário. Coisas importantes que os clientes disseram (ou tinham a dizer) durante o contato pessoal passam completamente despercebidas, pois as pessoas que fizeram o levantamento de dados não tinham o mínimo conhecimento a respeito dos clientes, do mercado e da empresa que contratou o serviço. Além do mais, é impossível reduzir a estatística a ampla e complexa realidade vivida pelos clientes em sua interação com o produto. E os usuários finais de tal relatório, em seus confortáveis escritórios, se contentam com a interpretação da interpretação que os profissionais de pesquisa fizeram do que seus clientes opinaram. Resultado: consolida-se um abismo perigoso entre a realidade do cliente e as decisões da empresa. Creio que a esta altura, por analogia e experiência própria, o leitor pode concluir que situações similares ocorrem em relação aos funcionários da empresa, seus fornecedores e demais partes interessadas. Gemba (pronuncia-se guemba) é uma palavra japonesa que mais ou menos significa “o local onde ocorre a ação”. É interessante notar que os dois ideogramas que compõem esta palavra mostram um senhor feudal observando seus súditos, transmitindo a ideia de “observar aqueles a quem estamos servindo”. Inspirada pelo caráter contemplativo e criativo de um de seus fundadores, a Toyota derivou o princípio “genchi genbutsu”, que significa “vá ver com seus próprios olhos”. Para ter uma ideia de como isto é praticado nesta empresa modelo, o engenheiro chefe responsável pelo desenvolvimento do utilitário RAV4 passou seis meses morando na casa de uma família da classe média americana, antes de criar o conceito do veículo. Concluindo: não importa qual seja o nível hierárquico de alguém que quer tirar uma conclusão ou tomar alguma decisão, é preciso ir ao gemba (pessoalmente) e observar o que está acontecendo lá, na prática, investindo para isto o tempo que for necessário. Executivos: saiam do “Olimpo” e vão observar e conversar com seus clientes e colaboradores. Engenheiros de produto: saiam detrás de seus computadores e observem atentamente o gemba do cliente e também o gemba da produção. E o apelo poderia estender-se a virtualmente qualquer função de qualquer organização que tenha diante de si clientes internos ou externos. Finalizo com minha particular tradução de “genchi genbutsu”: levante o traseiro da cadeira e vá ao gemba! Eduardo Moura é diretor da Qualiplus Excelência Empresarial – emoura@qualiplus.com.br mailto:emoura@qualiplus.com.br 22 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Comportamento Como perder clientes prontamente BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 23 De quem é a culpa por colocar diante do cliente uma atendente tão despreparada: da loja ou da própria vendedora? Por Ernesto Berg Certa ocasião precisei comprar um carregador de celular e dirigi-me a uma loja próxima de minha residência.Era loja de boa aparência e ambiente agradável. Atendeu-me uma simpática e bonita balconista mastigando um belo e formoso chiclete. Disse-lhe: “Estou precisando de um carregador da marca Nókia (com acento no ó), você tem?” “No momento estamos em falta desse modelo da Nokía (ela enfatizou o acento no í) que o senhor precisa, mas temos outros tipos”, respondeu ela. Então, invadiu-me a curiosidade e perguntei à moça: “Me explique: a pronúncia certa é Nókia ou Nokía? “Claro que é Nokía, pois é produto japonês”, disse ela convicta. Tive ímpetos de dizer-lhe que o produto é finlandês e que a pronúncia correta é Nókia, mas achei melhor não contradizê-la. “Então, qual desses outros modelos você me aconselha comprar?” perguntei. “Ah, temos vários” respondeu ela. “Esse aqui, por exemplo, é bom e é bem mais barato”, colocando o carregador sobre o balcão. “E por que é tão mais barato?”, indaguei. “É porque é chinês, né?”, replicou Nesse meio tempo, enquanto estávamos conversando entrou um cliente na loja e, “abandonando-me”, a vendedora foi atendê-lo. Enquanto ela atendia o outro cliente, examinei o carregador e li, na plaqueta, que o produto era “made in China” fabricado sob licença da Nokia cumprindo todas as exigências de qualidade da matriz finlandesa. Pouco depois a balconista voltou a atender-me, ainda mastigando o chiclete. Então resolvi testar suas habilidades de atendimento ao cliente e, instigando-a, perguntei-lhe: “Este é bem mais barato, mas ele é bom?” “Bem, você sabe, né? É chinês!”, querendo com isso dizer, talvez, que o produto não fosse confiável devido à procedência. Dito isso ela ficou me olhando, sem esboçar qualquer outra ação de sua parte. Então resolvi fazer a minha parte de consultor e, brincando, disse-lhe: “Já que, aparentemente, você não está fazendo nenhum esforço de vender-me a mercadoria, então eu vou vendê-la para mim mesmo. Sabe o que eu diria?”, perguntei sorrindo para a vendedora que me olhava surpresa. “Se eu fosse vender o carregador eu diria ao cliente: ‘Não temos o modelo Nókia original que o senhor quer, mas temos um idêntico, da própria Nókia, fabricado na China, e com o mesmo padrão de qualidade da matriz. O preço é mais barato do que o original, porque o custo de fabricação na China é bem menor o que permite um preço diferenciado’. Pronto, acabei de vender o carregador para mim mesmo, e prometo não ficar com a tua comissão”, disse em tom de brincadeira para a atendente que me fitava com ar de espanto. Adquiri o dispositivo, e ao sair da loja 24 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Comportamento fiquei pensando com meus botões: “Quantas vendas e quantos clientes são irremediavelmente perdidos por causa de atendentes mal preparados, seja em vendas, recepção ou atendimento em geral.” Nos poucos minutos em que ela me atendeu cometeu inúmeros erros. Para começar, ela cumprimentou- me mecanicamente – só para cumprir a obrigação - e apresentou-se mastigando chiclete. Quando entrou outro cliente a moça deixou-me esperando sozinho, sem pedir permissão para fazê-lo, só retornado minutos depois. Quanto ao carregador, ela demonstrou total falta de conhecimento da mercadoria como, pronúncia correta, patente de origem (Finlândia) e o fato de ser fabricado na China sob licença da Nokia. Também demonstrou inabilidade em argumentar e saber vender um produto de facílima vendagem. E aqui vai uma pergunta: De quem é a culpa por colocar diante do cliente uma atendente tão despreparada: da loja ou da própria vendedora? Resposta: A culpa é de ambos. Da loja, por não recrutar a pessoa certa, ou de não treiná-la adequadamente antes de colocá-la frente ao cliente. A atendente também tem sua dose de culpa por não buscar conhecer melhor o produto ou serviço com o qual trabalhava, e não procurar aperfeiçoar suas técnicas de vendas (se é que tinha alguma) e de atendimento ao cliente. De nada adianta montar uma bela loja se, quem atende, não tem o devido preparo em lidar com clientes. É plantar em solo árido. Falhas como essas, infelizmente, repetem-se diariamente aos milhares em nosso país, ensejando serviços de má qualidade e perdas constantes de clientes insatisfeitos com o mau atendimento. Não lembram que, por ser a primeira pessoa a ter contato com o cliente, o (a) profissional de atendimento é o cartão de visita da empresa e que, aos olhos do cliente, representa a imagem personificada da própria companhia. Por isso mesmo é da maior importância ter pessoas habilitadas para prestar um serviço de qualidade porque delas depende, significativamente, o sucesso das empresas. Ernesto Berg é consultor de empresas, professor, palestrante, articulista, autor de 14 livros, especialista em desenvolvimento organizacional, negociação, gestão do tempo, criatividade na tomada de decisão, administração de conflitos - berg@quebrandobarreiras.com.br Qualidade para nós é uma arte Levando a informação onde ela precisa estar mailto:berg@quebrandobarreiras.com.br BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 25 Qualidade para nós é uma arte Levando a informação onde ela precisa estar 26 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Ferramentas SISTEMAS DE GESTÃO Nesta edição vamos começar a analisar os Sistemas de Gestão e quais os benefícios em implementá-los. Sistema de Gestão é um sistema para estabelecer política e objetivos e para atingir estes objetivos, onde Sistema pode ser entendido como um conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos. Desta forma, o que varia entre um Sistema de Gestão e outro são os objetivos de cada um. O Sistema de Gestão da Qualidade (ISO 9001) tem como alguns dos seus objetivos : • Fornecer produtos que atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos regulamentares aplicáveis. • Aumentar a Satisfação dos Clientes O Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001) tem como alguns dos seus objetivos : • Controlar os impactos de atividades, produtos e serviços sobre o Meio Ambiente. • Melhorar o Desempenho Ambiental O Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional (OHSAS 18001) tem como alguns dos seus objetivos : • Controlar os riscos de segurança e saúde ocupacional. • Melhorar continuamente as condições de segurança e saúde ocupacional O Sistema de Gestão de Responsabilidade Social (SA 8000) tem como alguns dos seus objetivos : • Melhorar as condições de trabalho. • Promover o respeito aos direitos dos trabalhadores. E muitos outros Sistemas de Gestão foram criados e apresentam objetivos específicos. Embora estes Sistemas de Gestão sejam recentes, a normalização não é algo recente. Esta preocupação com a normalização teve início no final do século XVIII, quando se criou o sistema métrico de medidas e surgiu a produção em série, e com ela, a necessidade da intercambialidade entre os componentes. A intercambialidade estimulou o comércio internacional e com ele, a necessidade de existir uma certa padronização. Foi quando começaram a desenvolver os primeiros organismos de normalização. Os primeiros organismos de normalização começaram a surgir no início do século XX, com a formação do IEC (Comissão Internacional de Eletrotécnica), que mais tarde formaram a ISA (Federação Internacional das Associações Nacionais de Normalização) e posteriormente a UNSCC (Comitê Coordenador de Normas das BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 27 Por Roberta Pithon Nações Unidas). Após a guerra, foi criada a ISO – International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização) para facilitar a unificação dos padrões industriais. A ISO é composta por organismos normalizadores de 162 países, onde cada membro tem direito a um voto. O Brasil é representando pela ABNT (Associação Brasileira deNormas Técnicas). O objetivo da ABNT, criada no início da década de 40, é elaborar as normas técnicas brasileiras e inclusive participou da fundação da ISO. Vários são os benefícios da normalização para as várias partes envolvidas : • Clientes • Colaboradores • Consumidos • Fornecedores • Governos • Sociedade • Acionistas • ... Mas, inicialmente, a normalização estava concentrada apenas em produtos e materiais. Em termos de normalização na área de administração, as primeiras evidências surgiram com Taylor, no início do século passado, quando ele criou o que conhecemos hoje como procedimento : ´...... entre os vários métodos e instrumentos utilizados em cada operação, há sempre o método mais rápido e o melhor instrumento. Esses métodos e instrumentos podem ser encontrados e aperfeiçoados na análise científica entre todos os utilizados, além de um estudo do tempo. O que ocasiona uma substituição dos métodos empíricos pelos métodos científicos......´ Após Taylor, surgiram várias iniciativas isoladas relacionadas com a normalização na área da administração, e finalmente, em 1987, a ISO publicou a primeira norma internacional de garantia da qualidade. Devido ao grande sucesso dessa norma da qualidade, várias outras normas de gestão foram lançadas. Os benefícios relacionados com um sistema de gestão baseado em normas são muito grandes : • Adoção de melhores práticas • Reconhecimento internacional • Requisitos de clientes • Redução de custos de seguro • Imagem • Melhoria de desempenho • Processo de decisão baseado em fatos e dados • Padronização interna • Aumento da produtividade • Novos mercados • Minimização dos riscos • Maior confiança dos clientes • Maior controle das atividades / processos • Melhoria no relacionamento entre as várias partes relacionadas • Visão sistêmica do negócio • ..... A partir da próxima edição, vamos discutir alguns dos Sistemas de Gestão mais utilizados !!!! E como vimos anteriormente, os benefícios em entender e aplicar cada um deles são surpreendentes !!! Roberta Pithon: Pós-Graduada em Qualidade, em Sistemas Integrados de Gestão e em Gestão Empresarial. Mestranda em Engenharia Mecânica – Unicamp. CQE, CQA, CMQ/OE, CSSGB, CSSBB, CSSYB, CQT, CQPA e CQIA pela ASQ. Lead Auditor ISO 9001, ISO/ TS 16949, ISO 14001 e OHSAS 18001 Professora de Graduação e Pós Graduação de disciplinas da Qualidade e de Sistemas de Gestão Sócia-diretora, consultora, instrutora e auditora da Excelint Gestão Empresarial. roberta@excelint.com.br mailto:roberta@excelint.com.br 28 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Como as organizações podem sobreviver às Catástrofes e desastres? Capa BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 29 Será possível efetuar todos os preparativos para as inúmeras possibilidades que uma empresa pode sofrer com algum tipo de desastre ou catástrofe? 30 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Por Hayrton Rodrigues do Prado Filho Uma das primeiras providências a ser tomada por qualquer empresa para a sobrevivência é ter um plano. A reação geral a um desastre é de confusão, enquanto cada funcionário do gerenciamento executivo espera que os outros saibam que passos tomar. Esse processo de decisão ocorre durante a desordem e confusão do desastre e nem os melhores times podem fazer uma decisão acertada. Para evitar essa reação instintiva, a empresa deve se prevenir e comunicar o plano antes que o desastre ocorra. Um estudo feito pela University of Michigan constatou que 83% das empresas que enfrentam um grande desastre fecham as portas em menos de dois anos. A preocupação deve ser uma só: as empresas têm que sobreviver aos impactos negativos e eventualidades que venham a acontecer, e mensurar, aprovar e sempre monitorar os procedimentos. Uma organização é dependente de seus recursos, pessoal e as tarefas que são realizadas no dia a dia e estar sempre saudável, feliz e com retorno financeiro. A maioria delas tem recursos tangíveis e intangíveis, propriedade intelectual, empregados, computadores, comunicações, links, locais e serviços locais de trabalho. Se qualquer destes recursos é danificado ou se tornado inacessível por qualquer razão, a empresa pode estar com problemas. Se mais de um destes recursos fica prejudicado a empresa pode sofrer riscos muito altos. Quanto mais tempo estes itens ficam sem uso, mais tempo será necessário para a organização voltar ao seu estado normal. Em determinados casos, algumas empresas não conseguem voltar ao estado normal após um desastre. Entretanto, as que pensam na frente, planejam para a maioria dos desastres que podem acontecer, e não se arriscam, e realizam um plano de continuidade ou uma gestão da continuidade dos negócio. O objetivo de recuperação de desastres é para minimizar os efeitos de um desastre e tomar os passos necessários para certificar que os recursos, pessoal, e os processos de negócios estejam aptos à continuar a operação em pouco tempo na eventualidade de desastres. A recuperação de desastres é diferente da continuidade de negócios, onde o foco é em manter o negócio funcionando mesmo no caso de um problema, e no caso do ultimo o foco é em voltar ao normal após a falha. Em geral, o foco de recuperação de desastres é mais no ambiente de Tecnologia da Informação. Um plano de recuperação de desastres é utilizado quando tudo está em modo de emergência, e todos estão focados em retomar todos os sistemas em modo on-line. O plano de continuidade de negócios toma uma linha mais focada no problema. Isso inclui o propósito nos sistemas mais críticos, e leva-los para um ambiente alternativo onde o desastre ocorreu enquanto ocorre a reparação da unidade com problemas. Levando em conta todos os envolvidos na empresa e também os clientes, de uma forma que tudo volte a normalidade o mais breve e seguro possível. É importante observar que a empresa pode estar muito mais vulnerável depois que ocorre o desastre, porque os sistemas de segurança ficam mais focados na continuidade dos negócios. Os procedimentos planejados permitem a organização: prover um imediato e apropriada resposta à situações de emergência; proteger vidas e garantir segurança; reduzir impacto aos negócios; retornar as funções criticas de negócios à normalidade; reduzir confusão durante Capa BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 31 uma crise; e garantir a sobrevivência do negocio. A NBR ISO 22313:2015 de 10/2015 – Segurança da sociedade — Sistemas de gestão de continuidade de negócios — Orientações fornece orientação com base em boas práticas internacionais para o planejamento, criação, implantação, operação, monitoramento, análise crítica, manutenção e melhoria contínua de um sistema de gestão documentado, que permite que as organizações se preparem para responder e recuperar-se de incidentes de interrupção quando eles surgirem. Não é a intenção desta norma impor uniformidade na estrutura de um Sistema de Gestão de Continuidade de Negócios (SGCN), mas permitir que uma organização projete um SGCN que seja adequado às suas necessidades e que atenda aos requisitos de suas partes interessadas. Essas necessidades são formadas por requisitos legais, regulamentares, organizacionais e industriais, pelos produtos e serviços, processos empregados, o ambiente no qual a organização opera, seu tamanho e estrutura assim como os requisitos das suas partes interessadas. Esta norma é genérica e aplicável a todos os tipos e tamanhos de organizações, incluindo grandes, médias e pequenas que operam em setores industrial, comercial, público e sem fins lucrativos que desejam: estabelecer, implementar, manter e melhorar um SGCN; assegurar conformidade com a política de continuidade de negócios da organização, ou fazer uma autodeterminação e autodeclaração de conformidade com esta norma. Não é possívelutilizar esta norma para avaliar a capacidade de uma organização para atender às suas necessidades de continuidade de negócios próprios, nem quaisquer necessidades de clientes, legais ou regulamentares. As organizações que desejam fazê-lo podem usar os requisitos da NBR ISO 22301 para demonstrar conformidade para outros ou buscar a certificação de seu SGCN por um organismo de certificação terceiro acreditado. Assim, a norma fornece orientação, onde apropriado, sobre os requisitos da NBR ISO 22301:2013 e fornece recomendações (“convém que”) e permissões (“pode”) em relação a eles. Não é a sua intenção fornecer orientações gerais sobre todos os aspectos da continuidade de negócios. Esta norma inclui os mesmos títulos que a NBR ISO 22301, mas não repete os requisitos para sistemas de gestão de continuidade de negócios e seus termos e definições relacionados. As organizações que desejam ser informadas destas, portanto, devem consultar a NBR ISO 22301 e a ISO 22300. Para fornecer mais esclarecimentos e explicação de pontos-chave, esta norma inclui uma série de figuras. Todas essas figuras são apenas para fins ilustrativos e o texto relacionado no corpo desta norma tem precedência. Um sistema de gestão de continuidade de negócios (SGCN) enfatiza a importância de: compreender as necessidades da organização e a necessidade de estabelecer uma política e objetivos de continuidade de negócios; implementar e operar controles e medidas para a gestão da capacidade geral de uma organização para gerenciar incidentes de interrupção; monitorar e analisar criticamente o desempenho e a eficácia do SGCN e melhorar continuamente, com base em medições objetivas. O SGCN, como qualquer outro sistema de gestão, inclui os principais componentes a seguir: uma política; pessoas com responsabilidades definidas; processos de 32 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 gestão relativos a: política; planejamento; implementação e operação; avaliação de desempenho; análise crítica da gestão e melhoria; um conjunto de documentação fornecendo evidências auditáveis, e quaisquer processos do SGCN relevantes para a organização. Geralmente a continuidade de negócios é específica para uma organização, no entanto, a sua implementação pode ter implicações de longo alcance sobre a comunidade em geral e terceiros. É provável que uma organização tenha outras organizações externas que dependam dela, e assim vice-versa. Uma continuidade de negócios eficaz, portanto, contribui para uma sociedade mais resiliente. Esta norma adota o modelo “Plan- do-check-act” (PDCA) para planejar, estabelecer, implementar, operar, monitorar, analisar criticamente, manter e melhorar continuamente a eficácia do SGCN de uma organização. A Figura 1 ilustra a forma como o SGCN leva requisitos das partes interessadas como insumos para a gestão de continuidade de negócios (GCN) e, por meio das ações necessárias e processos, produz resultados de continuidade de negócios (por exemplo, gestão de continuidade de negócios) que atendem a esses requisitos. Capa Figura 1 – Modelo PDCA aplicado aos processos do SGCN BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 33 Componentes do PDCA desta Norma PLAN (Estabelecer) Estabelecer uma política de continuidade de negócios, objetivos, metas, controles, processos e procedimentos pertinentes para a melhoria da continuidade de negócios de forma a ter resultados alinhados com os objetivos e politicas gerais da organização. DO (Implementar e Operar) Implementar e operar a politica de continuidade de negócios, controles, processos e procedimentos. CHECK (Monitorar e Revisar) Monitorar e analisar criticamente o desempenho em relação aos objetivos e politica de continuidade de negócios, reportar os resultados para a direção para análise crítica, e definir e autorizar ações de melhorias e correções. ACT (Manter e melhorar) Manter e melhorar o SGCN tomando ações corretivas e preventivas, baseadas nos resultados da análise crítica da direção e reavaliando o escopo do SGCN e as politicas e objetivos de continuidade de negócios. PDCA Seção correspondente ao PDCA PLAN (Estabelecer) Seção 4 (Contexto da organização) determina o que a organização tem de fazer para se certificar de que o SGCN atende seus requisitos, tendo em conta todos os fatores internos e externos relevantes, incluindo: • As necessidades e expectativas das partes interessadas • As suas obrigações legais e regulamentares • O escopo exigido do SGCN Seção 5 (Liderança() define o papel fundamental da gestão em termos de compromisso demonstrado, definindo uma politica e estabelecendo funções, responsabilidades e autoridades Seção 6 (Planejamento) descreve as ações necess[´´arias para estabelecer objetivos estratégicos e principios orientados para o SGCN como um todo.Estes definem o contexto para a análise de impacto nos negócios e avaliação de riscos (8.2) e estratégia de continuidade de negócios (8.3) Seção 7 (Suporte) identifica os elementos-chave que precisam estar implementados para apoiar o SGCN, a saber, recursos, competência, consciiência, comunicação e informação documentada. DO (Implementar e Operar) Seção 8 (Operação) identifica os elementos de gestão de continuidade de negócios (GCN) que são necessários para garantir a continuidade do negocio 34 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 A continuidade de negócios é a capacidade que uma organização tem de continuar a entrega de produtos ou serviços em níveis aceitáveis pré-definidos após um incidente de interrupção. A gestão de continuidade de negócios (GCN) é o processo de alcançar a continuidade do negócio e é sobre a preparação de uma organização para lidar com incidentes de interrupção que poderiam impedi-la de atingir seus objetivos. Colocar a GCN dentro de uma estrutura e disciplinas de um sistema de gestão cria um sistema de gestão de continuidade de negócios (SGCN) que permite que a GCN possa ser controlada, avaliada e melhorada continuamente. Nesta norma, a palavra negócio é usada como um termo abrangente para as operações e serviços realizados por uma organização em busca de seus objetivos, metas ou missão. Como tal, é igualmente aplicável a organizações grandes, médias e pequenas que operam em setores industrial, comercial, público e sem fins lucrativos. Qualquer incidente, grande ou pequeno, natural, acidental ou deliberado tem o potencial de causar grande interrupção para as operações da organização e sua capacidade de fornecer produtos e serviços No entanto, a implementação de uma gestão de continuidade de negócios antes que um incidente de interrupção ocorra, ao invés de esperar que isso aconteça, vai permitir que a organização retome suas operações antes que surjam níveis de impacto inaceitáveis. A GCN envolve: ser claro sobre os principais serviços e produtos-chave da organização e as atividades que os suportam; conhecer as prioridades para retomar as atividades e os recursos necessários; ter uma compreensão clara das ameaças a essas atividades, incluindo suas dependências, e compreendendo os impactos de uma não retomada; ter implementado arranjos testados e confiáveis para retomar essas atividades após um incidente de interrupção, e certificar-se que estes acordos são analisados criticamente e atualizados de forma rotineira, de modo que eles sejam eficazes em todas as circunstâncias. A continuidade de negócios pode ser eficaz em lidar tanto com incidentes repentinos de interrupção (por exemplo, explosões) como aqueles graduais (por exemplo, pandemias de gripe). As atividades são interrompidas por uma grande variedade de incidentes, muitos dos quais são difíceis de prever ou analisar. Ao concentrar-se sobre o impacto da interrupção e não a causa, a continuidade de negócios identifica as atividadesem que a organização depende para a sua sobrevivência, e permite que a organização determine o que é necessário para continuar a cumprir as suas obrigações. Através da continuidade de negócios, a organização pode reconhecer o que precisa ser feito para proteger os seus recursos (por exemplo, pessoas, instalações, tecnologia e informação), cadeia de suprimentos, as partes interessadas e reputação, antes que um incidente de interrupção ocorra. Com esse reconhecimento, a organização é capaz de ter uma visão realista sobre as respostas que possam vir a ser necessárias, caso e quando uma interrupção ocorra, e assim esteja confiante para gerenciar as consequências e evitar impactos inaceitáveis. Uma organização que tenha implementado uma gestão de continuidade de negócios adequada também pode tirar vantagem das oportunidades que de outro modo poderiam ser consideradas como de risco muito alto. Os diagramas (Figuras 2 e 3) destinam-se a ilustrar conceitualmente como a gestão de continuidade de negócios Capa BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 35 http://www.apcergroup.com/ 36 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 pode ser eficaz na atenuação dos impactos em determinadas situações. Nenhuma escala de tempo específica está implícita pela distância relativa entre as fases descritas em qualquer diagrama. Enfim, é importante que a empresa entenda que alcança o seu objetivo oferecendo seus produtos e serviços aos clientes. Portanto, para criar um entendimento do impacto negativo ao longo do tempo, que a interrupção destes produtos e serviços (e as atividades associadas) teria sobre os objetivos e funcionamento da organização. Também é importante compreender as interrelações e requisitos de recursos das atividades que suportam produtos e serviços e as ameaças sobre eles. Por meio da compreensão, a organização é capaz de garantir que a sua continuidade do negócio se alinha com a sua finalidade, deveres e obrigações legais para as suas partes interessadas. O entendimento é alcançado por meio dos processos de análise de impacto nos negócios e avaliação de riscos. Estes processos fornecem a informação de que a organização precisa determinar e selecionar estratégias de continuidade de negócios (item 8.3.1). Convém que a análise de impacto dos negócios (BIA) e a avaliação de risco permitam a organização identificar medidas que: limitem o impacto de uma interrupção na organização; encurtem o período de interrupção; e diminuam a probabilidade de uma interrupção. Convém que o contexto, critérios de avaliação e formato do resultado da BIA e avaliação de risco sejam definidos e acordados com antecedência. Convém que as informações coletadas sejam analisadas criticamente regularmente, especialmente durante os períodos de mudança. E como exercitar os planos de continuidade de negócios? Os exercícios Capa BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 37 são atividades projetadas para examinar a capacidade dos colaboradores para reagir, recuperar e continuar eficazmente a executar funções de negócio atribuídas quando enfrentados com cenários de interrupção específicos. Convém que a organização faça uso de exercícios e de resultados documentados destes para assegurar a eficácia e a prontidão de seus planos de continuidade de negócios. Convém que cada exercício e teste tenham metas e objetivos claramente definidos e sejam baseados em um cenário apropriado para atendê-los. Os exercícios podem: antecipar um resultado predeterminado, por exemplo, é planejado e esquematizado com antecedência; e permite que a organização desenvolva soluções inovadoras. Convém que os exercícios sejam realísticos, planejados com cuidado e acordados com as partes interessadas, de modo que haja um risco mínimo de interrupção aos processos de negócios e de um incidente que ocorra por um resultado direto do exercício. Isto pode ser conseguido empreendendo o exercício dentro de um ambiente controlado e isolado contanto que este não comprometa a integridade dos objetivos que estão sendo testados. Convém que a organização projete cenários do exercício que satisfaçam aos objetivos do exercício e possam usar ameaças identificadas na avaliação de risco ou em outros eventos apropriados. A eficácia de alguns aspectos dos arranjos da GCN exigirá que determinados indivíduos ou aqueles que ocupam posições específicas tenham conhecimento, habilidades e compreensões específicas. Convém que estes sejam colocados antes do exercício permitindo que os participantes apliquem estes aos cenários e às simulações relevantes. 38 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Convém que os exercícios sejam projetados e conduzidos de modo que forneçam um ou mais do seguinte: verificação de que os tempos objetivados de recuperação (RTO) são realizáveis (8.3.1); confiança de que as informações exigidas pelas atividades são apropriadamente atuais (8.3.2.3); melhoria da compreensão das dependências na continuidade dos negócios de fornecedores e outras partes interessadas; maior consciência do contexto e as prioridades da organização; melhoria da compreensão do conteúdo e utilização de procedimentos de continuidade de negócios; melhoria da confiança na resposta a incidentes; uma oportunidade para melhorar as capacidades; uma avaliação da utilidade e aplicabilidade de estratégias de continuidade de negócios; uma avaliação da adequação das capacidades desenvolvidas e alocação de recursos; uma identificação das necessidades e práticas anteriores utilizadas na gestão de um incidente ou interrupção que não foram documentadas; uma Capa oportunidade para identificar quaisquer outras insuficiências nos procedimentos de continuidade de negócios escritos e sua implementação; garantia de que os procedimentos de continuidade de negócios são capazes de serem implementados, quando necessário; melhoria da confiança das partes interessadas sobre a preparação da organização; e um meio de cumprimento dos requisitos de governança regulamentares, contratuais ou organizacionais. Os exercícios podem ter uma variedade de diferentes formatos. A decisão a respeito da adequação do tipo de exercício dependerá do contexto para a GCN, dos objetivos para o exercício, da disponibilidade do orçamento e dos participantes e da tolerância da organização à interrupção operacional causada pela execução do exercício. Os tipos principais de exercício são descritos na ISO 22398 – Societal security – Guidelines for exercises and testing. BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 39 As simulações de Monte Carlo nunca foram tão fáceis. Faça login para sua assinatura de avaliação www.devize.com TwoAds_QT_DEVIZE_PT-BR.indd 1 5/28/2015 11:18:05 AM http://www.devize.com/ 40 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Recursos Humanos BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 41 Reconhecimento profissional: muito além de dinheiro e ego O reconhecimento é resultado do alinhamento de valores da empresa e de seus colaboradores Por Maurício Sampaio O reconhecimento é uma das principais medidas para motivar e promover conquistas pessoais, profissionais e financeiras para um profissional, além de trazer benefícios para a empresa, como maior produtividade, funcionários em busca de resultados e com maior foco para o sucesso da organização. O problema é que nem sempre isso acontece… Acredito até essa seja um problema universal. De um lado os chamados colaboradores, esperando por um elogio ou um feedback, seja ele positivo ou não. Do outro, líderes e empresas querendo entender o descontentamento de seus funcionários. A verdade é que é preciso analisar ambos os lados. O reconhecimento é resultado do alinhamentode valores da empresa e de seus colaboradores. Portanto, analise o que pode ser sugerido para você ser reconhecido, ao mesmo tempo em que irá gerar bons resultados para sua organização. Eu já estive em ambos os lados, mas boa parte da minha vida passei como contratante e reparei que existem dois sentimentos nesse jogo: 1. O sentimento do contratado, que acha que poderia “valer mais”, então ele gostaria de ser reconhecido pelos seus superiores e ter um aumento de salário. 2. A situação do contratante, que até sabe que seus funcionários poderiam ser melhor reconhecidos financeiramente, mas, devido aos muitos impostos, às vezes fica inviável. 42 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Recursos Humanos Mas, para mim, a grande questão é que reconhecer um colaborador financeiramente não é tudo. O dinheiro é uma questão à parte nessa discussão e isso é algo que as recentes pesquisas vêm mostrando, principalmente no que se refere às novas gerações. Muitos profissionais da Geração Y (nascidos após os anos 80) e Geração Z (nascidos na década de 90), por exemplo, não estão buscando apenas um bom salário ou um bônus salarial. É claro que dinheiro é bom e todo mundo gosta, pois podemos comprar as coisas que gostamos, viajar com a família e com os amigos, mas não é tudo. Quando esses jovens saem de uma empresa eles estão querendo um reconhecimento profissional, das suas habilidades e conquistas. No começo da minha carreira, eu fui trabalhar em uma empresa familiar. E, obviamente, como era o mais novo, eu tinha que obedecer aos mais velhos – que, no caso, era a minha mãe. Ela era - e ainda é - dona de um colégio particular e eu sempre olhava e pensava: “Nossa, eu também quero ter o reconhecimento que ela tem”. E não era por uma questão de dinheiro, mas sim por reconhecimento profissional mesmo. O fato é: todo o mundo deseja ser reconhecido. Isso não é uma questão de ego ou exibicionismo. Todos se sentem bem quando são valorizados, quando têm o incentivo e a admiração das outras pessoas. Isso faz parte da vida do ser humano. Eu duvido que exista alguém que não goste de um elogio ou que não se importe com isso. E Como ter o reconhecimento profissional? Existem duas saídas: ou a empresa tem uma política humana de reconhecimento ou você deve procurar outro lugar que ofereça isso. Quando eu digo “política humana de reconhecimento”, refiro-me a um alinhamento de valores entre a companhia e os seus colaboradores. E não é só questão do reconhecimento financeiro. Se há um trabalho nesse sentido e ele permite você acabe utilize as suas ferramentas, o seu conhecimento e aquilo que você quer produzir no dia a dia, ótimo. Do contrário, você realmente tem que buscar uma nova empresa que satisfaça o seu reconhecimento. E o que é “satisfazer reconhecimento”? De um modo geral, é satisfazer aquilo que você tem para dar. Se você é muito comunicativo, tem que trabalhar em uma área que te permita expor sua comunicação. Caso tenha uma habilidade para vendas, deve buscar uma área de persuasão. Ou, caso você goste de ajudar os outros, precisa caminhar em direção a uma área onde possa trabalhar diretamente com pessoas. A empresa tem que trabalhar com esse prisma. É o que a gente chama, dentro do nosso meio, de engenharia de função: pessoa certa no lugar certo. Se a organizar não está conseguindo fazer esse tipo de alocação, você que tem que procurar outro lugar que consiga fazer isso. Por outro lado, você só vai conseguir fazer isso se souber que realmente quer. Muitas pessoas reclamam de reconhecimento, mas, no fundo, não sabem o que querem. Você pode até dizer que quer um aumento de salário, mas sabe que tipo de aumento quer? Para evitar que seu pedido de aumento de salário seja negado, considere as seguintes perguntas para fazer a si mesmo: Você sabe qual é o seu nível de produtividade no trabalho? Está produzindo mais ou menos? O que, de fato, você está produzindo em números? As empresas gostam de trabalhar com números. Não tem jeito. É o meio BQ 282 t Dezembro / Janeiro de 2016 t Revista Banas Qualidade - 43 que uma empresa tem para sobreviver. O que importa, no final das contas, é que ela sempre tenha dinheiro sobrando. Por isso, é importante saber de que forma você está contribuindo com ela. Essa é uma forma de você provar a sua participação e ser reconhecido. São dois jogos: o da empresa e o seu. Ambos precisam estar alinhados. A empresa precisa reconhecer que ela deve fazer um maior esforço para reconhecer seus colaboradores e você precisa fazer um maior esforço para ser reconhecido. E, se estiver no lugar errado, procure um lugar que realmente possa acolher seus valores, talentos e habilidades. Maurício Sampaio é coach de carreira, palestrante, escritor e fundador do Instituto MS de Coaching de Carreira. Estabeleça metas de forma inteligente para que se concretizem Por Erik Penna Uma pesquisa da Universidade de Scranton, na Pensilvânia - Estados Unidos, revelou que apenas 8% das pessoas conseguem cumprir a meta desejada. Você deve conhecer algumas pessoas que reclamam de não conseguir atingir alguns objetivos na vida. Eu mesmo conheço várias e descobri que a maioria não conquista os objetivos porque não os possuem de forma clara em sua mente. Já as pessoas que estabelecem metas, normalmente alcançam melhores resultados na vida pessoal e profissional. E se, no planejamento dessas metas, você fizer uso do sistema SMART (palavra que, em “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe pra onde ir” (Sêneca) 44 - Revista Banas Qualidade t Dezembro / Janeiro de 2016 t BQ 282 Recursos Humanos inglês, significa esperto, inteligente), vai observar que as chances de êxito aumentam ainda mais. O sistema S.M.A.R.T. define que, na elaboração das metas, devem ser observadas cinco características (cujas iniciais em inglês dão nome ao sistema).Veja a seguir: • Specific (Específica): O primeiro passo é especificar, ou seja, descrever com detalhes o seu desejo. Por exemplo: não adianta dizer que a meta é comprar um carro novo, isso é muito vago, afinal, um carro novo pode ser um Fusca ou uma Ferrari. Portanto, descreva a marca, o modelo, o ano, a potência do motor, os opcionais, quantas portas deve ter e até a cor que lhe agrada mais. Isso evita ambiguidades, sendo, portanto, fundamental para você saber exatamente o que está buscando. • Measurable (Mensurável): Em alguns casos, o sonho não acontece porque pedimos errado. Um exemplo disso ocorreu quando eu questionei um amigo sobre suas metas para o ano e ele me respondeu que a meta era ter mais dinheiro. Na mesma hora, eu tirei um real do bolso entreguei a ele e disse que ele, então, já tinha atingido a meta, pois já possuía mais dinheiro. Ele riu, percebeu o erro e entendeu a necessidade de mensurar, medir e quantificar o que desejava. Exemplo: eu quero 50 mil reais a mais do que eu tinha no final do ano passado, na minha conta corrente, até o dia 30 de dezembro deste ano. • Attainable (Atingível): A meta precisa ser desafiadora e possível de ser atingida, pois, se ela for muito fácil, desestimula a atitude e, se for impossível, também não estimula a mobilização adequada. Encontrar este equilíbrio é um desafio para empresas, gestores e pessoas que buscam se aperfeiçoar. • Relevant (Relevante): Lembre-se de que, ao estabelecer uma meta, é importante que ela tenha relevância e que, ao ser alcançada, gere prazer e satisfação. O esforço precisa realmente valer a pena para quem conquista. • Time based (Temporal): É preciso também estabelecer uma data limite para a meta. Normalmente, quando se diz: “um dia pago essa conta”; “um dia ainda vou te visitar”, ou “um dia desses iremos nos casar”, costuma não acontecer, pois não foi colocado
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