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Trabalho de direito Penal Aluna: Simone Félix Turma:3001 Caso concreto: De acordo com o Professor Luiz Flávio Gomes: “A subtração de um par de chinelos (de R$ 16,00) vai monopolizar, em breve, a atenção dos onze ministros do STF, que têm milhares de questões de constitucionalidade pendentes. Decidirão qual é o custo (penal) para o pé descalço que subtrai um par de chinelos para subir de grau (na escala social) e se converter em um pé de chinelo. No dia 5/8/14, a 1ª Turma mandou para o Pleno a discussão desse tema. Reputado muito relevante. No mundo todo, a esse luxo requintadíssimo pouquíssimas Cortes Supremas se dão (se é que exista alguma outra que faça a mesma coisa). Recentemente outros casos semelhantes foram julgados pelo STF: subtração de 12 camarões (SC), de um galo e uma galinha (MG), de 5 livros, de 2 peças de picanha (MG), etc. Um homem, em MG, pelo par de chinelos (devolvido), foi condenado a um ano de prisão mais dez dias -multa. Três instâncias precedentes (1º grau, TJMG e STJ) fixaram o regime semiaberto para ele (porque já condenado antes por crime grave: outra subtração sem violência) (...)”.Com base no referido texto, a esses casos descritos, os quais seriam julgados pelo STF, qual princípio limitador do Poder Punitivo Estatal poderíamos aplicar a fim de dar resolução ao caso penal? Disserte sucintamente a respeito do mesmo. Resposta: O réu foi preso e condenado, pelo furto de um par de chinelos, a um ano de prisão mais dez dias de multa. Três instâncias precedentes, 1° grau, TJMG e STJ, fixaram o regime semiaberto, por ser ele reincidente, mesmo sendo sabido que o crime anterior havia sido outra subtração sem emprego de violência. O par de chinelos custava R$16,00 e foi imediatamente devolvido, contudo, fora condenado em três instâncias. Em caso semelhante, o Ministro Sebastião Reis Junior discordou, e proferiu, “Nem a reincidência nem a reiteração criminosa, tampouco a habitualidade delitiva, são suficientes, por si sós e isoladamente, para afastar a aplicação do denominado princípio da insignificância”, afirmou. Seu voto foi seguido à unanimidade. Outra decisão favorável em caso semelhante foi da relatora, desembargadora convocada Jane Silva, quando ressaltou que a punição deve ter relação com o valor da conduta e com a lesão sofrida pela vítima. A desembargadora a ocasião citou precedente do ministro Felix Fisher, que dizia, “O que seria insignificante passa a ser penalmente relevante diante de maus antecedentes, e o que seria penalmente relevante pode deixar de ser pelos louváveis antecedentes, ou condição social. Isto é incompatível com o Estado Democrático de Direito”. Tanto para a relatora, quanto para o ministro Fischer, o uso de dados pessoais seria aplicação inaceitável do que se chama “direito penal do autor”, e não do ato, em que a decisão não está voltada ao fato, mas à pessoa (pelo que ela é). A relatora Jane Silva ainda complementou o entendimento, concluindo que não é finalidade do Estado encher cadeias por condutas sem maior significância, que não colocariam em risco a sociedade. Esses presos, para a desembargadora, em contato com criminosos mais perigosos, revoltados, passariam a se aperfeiçoar no crime, o que faria com que retornassem constantemente à cadeia. A circunstância de ser o réu reincidente não deve, por si só, impedir a aplicação do princípio da insignificância, cujo afastamento deve ser oriundo de motivação específica das circunstâncias do caso concreto. Devem ser analisadas as particularidades do caso, como a expressividade da lesão, o valor do objeto furtado, o que significava para a vítima, se houve emprego de violência e o reflexo da conduta do agente no âmbito da sociedade. Segundo Masson, a tipicidade material relaciona-se com o princípio da ofensividade ou da lesividade do direito penal, pois nem todas as condutas que se encaixam nos modelos abstratos e sintéticos de crime, a tipicidade formal, acarretam dano ou perigo ao bem jurídico, como nas hipóteses de incidência do princípio da insignificância, nas quais não se verifica a tipicidade material, no sentido de ser a ação capaz de lesar ou ao menos colocar em perigo o bem jurídico penalmente tutelado. Entendemos com o princípio da ofensividade ou lesividade, que não há crime sem ofensa ou exposição a perigo de um bem jurídico. O Direito Penal não deve tutelar a moral, mas sim os bens jurídicos mais relevantes para a sociedade. Trata-se do princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos. O princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos também tem a tarefa de limitar a atividade legislativa, de forma a evitar a criminalização de comportamentos que não causam lesão ou perigo de lesão a qualquer valor ou interesse jurídico socialmente relevante. Neste caso concreto, O réu foi preso e condenado, pelo furto de um par de chinelos, a um ano de prisão mais dez dias de multa. Três instâncias precedentes, 1° grau, TJMG e STJ, fixaram o regime semiaberto, por ser ele reincidente, mesmo sendo sabido que o crime anterior havia sido outra subtração sem emprego de violência. O par de chinelos custava R$16,00 e foi imediatamente devolvido, contudo, fora condenado em três instâncias. Tais condenações causaram grande custo para os cofres públicos, ferindo o princípio da intervenção mínima, onde diz que nenhuma forma de intervenção do Estado na vida das pessoas é tão drástica quanto a penal, já que somente esta pode culminar com o cerceamento da liberdade. Assim, o Direito Penal deve ser guardado para situações de extrema gravidade, quando estejam em jogo bens jurídicos fundamentais para a comunidade e que não possam ser protegidos por meio de outros ramos do direito. A intervenção mínima dá ensejo a outros dois princípios, que são o princípio da fragmentariedade, e subsidiariedade, que dizem respectivamente que o direito só deve intervir quando o bem for relevante e que o direito penal é a ultima ratio, só deve agir quando os outros ramos do direito, geralmente civil e administrativo, não conseguem resolver de maneira satisfatória o conflito social. Outra decisão favorável foi a do Ministro Gilmar Mendes, quando declarou, a reincidência não afasta automaticamente a aplicação do princípio da insignificância. Com este entendimento, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu Habeas Corpus para um homem preso por roubar uma caixa de chocolates. No caso, o homem roubou de um supermercado uma caixa de chocolates, um caixa de balas e uma de refresco em pó, totalizando R$ 126,36. Os produtos foram recuperados no mesmo dia. O ministro Gilmar Mendes ressalta a "absoluta irrazoabilidade de ter se movimentado todo o aparelho do estado polícia e do estado-juiz para se condenar o réu pela mera tentativa de furtar uma caixa de chocolate". Gilmar afirma na decisão que alguns colegas de STF entendem que o princípio da insignificância não se aplica para reincidentes. Mas ele, juntamente com o decano Celso de Mello, tem firmado outro precedente. "Para aplicação do princípio em comento, somente aspectos de ordem objetiva do fato devem ser analisados. E não poderia ser diferente. Isso porque, levando em conta que o princípio da insignificância atua como verdadeira causa de exclusão da própria tipicidade, equivocado é afastar-lhe a incidência tão somente pelo fato de o paciente possuir antecedentes criminais", afirma. Por fim, o ministro ressalta que a consequência principal do furto é afetar o patrimônio da vítima, o que não ocorreu, já que os bens foram recuperados logo depois da tentativa de furto. Conforme manifesto acima, entendo que o Réu faz jus ao Habeas corpos, fundamentado no princípio da insignificância e nas jurisprudências compatíveis apresentadas.
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