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Capitulo 19 Lidando com morte e o sentimneto de Perda

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Capítulo 19
pontos principais
Os diversos significados da morte e 
do morrer
Enfrentando a morte e as perdas
Perdas significativas
Questões médicas, legais e éticas: 
o “direito à morte”
Encontrando significado e 
propósito para a vida e para a morte
po
nto
s p
rin
cip
ais
você sabia que...
 Um acentuado declínio cognitivo 
na ausência de doença física 
conhecida pode prever a morte 
para quase 15 anos depois?
 As pesquisas têm desafiado as 
noções antigas de um padrão 
“normal” único de luto?
 Crianças de 4 anos podem 
ter alguma compreensão do 
que acontece após a morte, 
mas talvez somente no 
período escolar terão pleno 
entendimento?
Neste capítulo discutimos como 
pessoas de diferentes culturas 
e idades pensam e se sentem a 
respeito da morte e do morrer. 
Examinamos os padrões de luto 
e como as pessoas lidam com 
perdas significativas. Focalizamos 
as questões sobre o apoio à vida 
e se as pessoas têm o direito de 
morrer. Finalmente, consideramos 
como, ao se encarar a morte, 
pode-se dar um significado maior 
à vida.
vo
cê
 sa
bia
?
Lidando com
a Morte e o 
Sentimento
de Perda
A chave para a questão da morte abre 
as portas da vida.
—Elizabeth Kübler-Ross,
Morte: o último estágio do crescimento, 1975
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636 Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman
Os diversos significados da morte 
e do morrer
A morte é um fato biológico, mas também apresenta aspectos sociais, culturais, históricos, religiosos, 
legais, psicológicos, clínicos, éticos e de desenvolvimento que, com frequência, estão intimamente 
interligados.
Embora a morte e a perda sejam experiências universais, seu contexto é cultural e histórico. Ati-
tudes culturais e religiosas referentes à morte e ao morrer afetam o modo como as pessoas enxergam 
sua própria morte. A morte pode significar uma coisa para um japonês idoso, imbuído dos ensinamen-
tos budistas que pregam a aceitação do inevitável, e outra para um jovem norte-americano de origem 
japonesa, da terceira geração, que cresceu com a crença de que pode dirigir seu próprio destino. A 
morte costumava vir mais cedo e com mais frequência na vida de uma família e de uma comunidade, 
além de ser uma companheira constante. Hoje, na maior parte dos países, as pessoas vivem mais e a 
morte é uma ocorrência menos frequente e menos visível.
Examinemos com mais atenção a morte e o luto em seu contexto cultural e histórico.
CONTEXTO CULTURAL
Costumes referentes à remoção e recordação dos mortos, transferência de bens e mesmo à expressão 
da dor variam muito de uma cultura para outra, e geralmente são regidos por prescrições religiosas 
ou legais que refletem a visão que uma sociedade tem da morte e do que acontece depois. Aspectos 
culturais da morte incluem os cuidados relativos aos doentes terminais e aos mortos, o ambiente 
onde a morte costuma ocorrer, bem como costumes e rituais relativos ao luto – da vigília noturna dos 
irlandeses, quando amigos e familiares brindam à memória da pessoa morta, até o shiva judeu, que 
dura toda uma semana, quando então se expressam sentimentos e se compartilham lembranças sobre 
o falecido. Algumas convenções culturais, como hastear uma bandeira a meio mastro após a morte de 
uma figura pública, são codificadas em lei.
Na Grécia antiga, os corpos dos heróis eram queimados publicamente como sinal de honra. A 
cremação ainda é muito praticada por hindus na Índia e no Nepal. Em contrapartida, a cremação é 
proibida pela lei ortodoxa judaica, pois se acredita que os mortos levantarão novamente para o Juízo 
Final e a oportunidade de vida eterna (Ausubel, 1964).
No Japão, os rituais religiosos incentivam os vivos a manter contato com os mortos. As famílias 
mantêm um altar em casa dedicado aos ancestrais; elas conversam com seus entes queridos que já se 
foram e lhes oferecem comida ou charutos. Em Gâmbia, os mortos são considerados parte da comuni-
in
di
ca
d
r
Como as atitudes e os 
costumes referentes à morte 
diferem entre as culturas, e 
quais são as implicações da 
“revolução da mortalidade” 
em países desenvolvidos?
Mesmo com a morte
cerebral, é possível que 
reflexos da medula espinhal causem 
movimento. Um exemplo assustador 
é o chamado sinal de Lázaro, quando 
o falecido levanta os braços e os 
cruza sobre o peito.
Urasaki et al., 1992
A maioria dos gladiadores
morria de traumatismo 
craniano.
Kanz e Grossschmidt, 2006
in
di
ca
do
re
sde estudo
1. Como as atitudes e os costumes referentes à morte diferem entre as culturas, e quais são as 
implicações da “revolução da mortalidade” em países desenvolvidos?
2. Como as pessoas lidam com o morrer e como elas lamentam suas perdas?
3. Quais são as dificuldades específicas quando se perde o cônjuge, os pais, um filho, ou no caso de 
um aborto espontâneo?
4. Como estão mudando as atitudes em relação ao apressamento da morte, e quais são as 
preocupações que essas práticas fazem surgir?
5. Como as pessoas podem superar o medo de morrer e aceitar a morte?
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Desenvolvimento Humano 637
dade; entre os americanos nativos, os hopi temem os espíritos dos mortos e tentam esquecer o falecido 
o mais rápido possível. Os muçulmanos do Egito demonstram sua dor por meio de expressões de 
profundo pesar; os muçulmanos de Bali são encorajados a suprimir a tristeza, a rir e a ficar contentes 
(Stroebe et al., 1992). Todos esses diversos costumes e práticas ajudam as pessoas a lidar com a morte 
e a perda mediante significados culturais bem definidos que oferecem uma ancoragem estável em 
meio à turbulência da perda.
Alguns costumes modernos evoluíram de práticas antigas. O embalsamento remonta a uma prá-
tica comum no antigo Egito e na China: a mumificação, que preserva o corpo de modo que a alma 
possa retornar. Um costume tradicional dos judeus é nunca deixar um moribundo sozinho. Antropó-
logos sugerem que a razão original era a crença de que espíritos do mal ficavam rondando para tentar 
entrar no corpo daquele que está para morrer (Ausubel, 1964). Esses rituais oferecem às pessoas que 
sofreram uma perda algo que seja previsível e importante num momento em que, de outra forma, 
poderiam sentir-se confusos e indefesos.
A REVOLUÇÃO DA MORTALIDADE
Até o século XX, em todas as sociedades ao longo da história, a morte foi um evento frequente e es-
perado, às vezes bem-vindo como o fim do sofrimento. Cuidar em casa de um ente querido à beira da 
morte era uma experiência comum, como ainda o é em algumas comunidades rurais.
Grandes mudanças históricas envolvendo a morte e o morrer ocorreram no final do século XIX, 
principalmente em países desenvolvidos. Avanços na medicina e no saneamento básico, novos trata-
mentos para doenças outrora fatais e uma população mais informada e mais consciente sobre a saúde 
resultaram numa revolução da mortalidade. Hoje as mulheres estão menos propensas a morrer no 
parto, os bebês tendem a sobreviver ao seu primeiro ano, as crianças têm maior probabilidade de che-
gar à idade adulta, jovens adultos têm maior probabilidade de alcançar a velhice e os idosos geralmen-
te conseguem superar doenças que cresceram vendo como fatais. As principais causas de morte na 
década de 1900 eram, na maior parte das vezes, doenças que afetavam crianças e jovens: pneumonia 
e gripe, tuberculose, diarreia e enterite. Hoje, apesar do aumento em mortes aparentemente ligadas a 
drogas entre pessoas na faixa dos 20 anos e no começo da meia-idade, bem como do pico de suicídios 
na meia-idade, quase três quartos dos óbitos nos Estados Unidos ainda ocorrem entre pessoas de 65 
anos ou mais; e quase metade das mortes são causadas por doenças cardíacas, câncer e AVC – as três 
principais causas de morte no final da idade adulta (Xu et al., 2004).
Em meio a todo esse progresso para melhorar a saúde e prolongar a vida, algo importante podeter se perdido. Vendo a morte de perto, pouco a pouco, dia após dia, as pessoas que viveram nas so-
ciedades tradicionais absorveram uma verdade importante: morrer faz parte do viver. À medida que 
a morte cada vez mais foi se tornando um fenômeno do final da idade adulta, passou a ser “invisível 
e abstrata” (Fulton e Owen, 1987-1988, p. 380). Os cuidados com os doentes terminais e os mortos 
são transferidos para profissionais. Convenções sociais, como colocar o moribundo num hospital ou 
asilo e recusar-se a discutir abertamente sua condição, refletiram e perpetuaram atitudes de evitação 
e negação da morte. A morte – mesmo a dos muito idosos – passou a ser vista como uma falha do 
tratamento médico e não como o fim natural da vida (McCue, 1995).
Hoje, o quadro está mudando novamente. A tanatologia, o estudo da morte e do morrer, desper-
ta interesse, e programas educacionais foram criados para ajudar as pessoas a lidar com a morte. Em 
virtude do custo proibitivo dos cuidados hospitalares para doentes terminais, aumenta o número de 
mortes que agora ocorrem em casa, como acontecia antigamente no mundo todo.
ASSISTÊNCIA AO DOENTE TERMINAL
Além da crescente tendência a encarar a morte com mais honestidade, surgiram movimentos para tor-
nar mais humano o morrer. Entre eles a assistência ao doente terminal e grupos de apoio e autoajuda 
para doentes terminais e suas famílias.
A assistência ao doente terminal presta cuidados pessoais e compassivos, voltados para o 
paciente e a família, a indivíduos com doença terminal. Seu foco está nos cuidados paliativos (tam-
bém chamados de cuidados de consolo): alívio da dor e do sofrimento e controle dos sintomas, para 
verificador
você é capaz de...
 Dar exemplos de diferenças 
transculturais em termos de 
costumes e atitudes relacio-
nados à morte?
tanatologia
Estudo sobre a morte e o morrer.
assistência ao doente terminal
Assistência afetuosa e pessoal, centrada 
no paciente e em sua família, para indi-
víduos com doença terminal.
cuidados paliativos
Cuidados direcionados para o alívio da 
dor e do sofrimento e que permitem a 
doentes terminais morrer em paz, com 
conforto e dignidade.
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638 Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman
manter uma qualidade de vida satisfatória e 
permitir que o paciente morra em paz e com 
dignidade. Essa assistência geralmente ocorre 
em casa; mas também pode ser prestada num 
hospital ou em outra instituição, num centro 
assistencial ou mediante uma combinação 
de cuidados domésticos e institucionais. Os 
membros da família geralmente têm uma par-
ticipação ativa. Os cuidados paliativos também 
podem ser introduzidos quando uma doença 
ainda não é terminal, e talvez melhore a qua-
lidade de vida. Por exemplo, em um estudo 
de acompanhamento de pacientes recém-diag-
nosticados com câncer de pulmão metastático 
avançado, aqueles que começaram a receber 
cuidados paliativos imediatamente após o 
diagnóstico tiveram uma qualidade de vida 
mais elevada, um melhor estado emocional e 
até mesmo um tempo de sobrevivência médio 
mais longo que pacientes que somente recebe-
ram os cuidados oncológicos de praxe (Temel 
et al., 2010).
O que significa preservar a dignidade de um paciente que está morrendo? Um grupo de 
pesquisadores resolveu perguntar aos próprios pacientes. A partir de entrevistas com 50 pacientes 
canadenses com câncer terminal avançado, os pesquisadores concluíram que os cuidados que 
mantêm a dignidade dependem não apenas de como os pacientes são tratados, mas de como são 
vistos: “Quando pacientes terminais são vistos, e sabem que são vistos, como dignos de honra e 
estima por aqueles que cuidam deles, é mais provável que a dignidade seja mantida” (Chochinov 
et al., p. 2.259).
Enfrentando a morte e as perdas
A morte é um capítulo importante do desenvolvimento humano. As pessoas mudam ao reagirem à 
morte e ao morrer, seja a sua própria ou a de um ente querido. Quais são as mudanças pelas quais as 
pessoas passam pouco antes da morte? Como elas lidam com a dor? Como as atitudes em relação à 
morte mudam ao longo do ciclo de vida?
MUDANÇAS FÍSICAS E COGNITIVAS QUE PRECEDEM A MORTE
Mesmo na ausência de qualquer doença identificável, pessoas com idade em torno de 100 anos – e, 
portanto, próximo do atual limite da vida humana – tendem a experimentar declínios funcionais, a 
perder o interesse pelo ato de comer e beber e a morrer de morte natural (Johansson et al., 2004; Mc-
Cue, 1995; Rabbit et al., 2003; Singer et al., 2003; B. J. Small et al., 2003). Tais mudanças também 
têm sido notadas em pessoas mais jovens cuja morte está próxima. Em um estudo longitudinal de 22 
anos com 1.927 homens, a satisfação com a vida apresentou declínios abruptos no período de um ano 
que antecedeu a morte, independentemente da autoavaliação da saúde (Mroczeck e Spiro, 2005).
O declínio terminal refere-se especificamente a um declínio em várias capacidades cognitivas, 
amplamente observado pouco antes da morte, mesmo quando fatores demográficos e relativos à saúde 
são controlados (Weatherbee e Allaire, 2008). Esse efeito foi encontrado em estudos longitudinais 
em vários países – não só nos idosos (Johansson et al., 2004; T. Singer, et al., 2003; B. J. Small et al., 
2003), mas também em adultos numa ampla faixa etária (Rabbitt et al., 2002; B. J. Small et al., 2003) 
sem qualquer sinal de demência. Constatou-se que perdas na velocidade perceptual podem prever 
a morte com 15 anos de antecedência (Thorvaldsson et al., 2008). Declínios na habilidade verbal, 
raciocínio espacial e cognição são outros importantes sinalizadores de declínio terminal (Rabbitt et al., 
2002; Thorvaldsson et al., 2008).
verificador
você é capaz de...
 Discutir a revolução da mortali-
dade nos países desenvolvidos?
 Identificar as principais me-
tas dos cuidados prestados 
num hospital para doentes 
terminais?
in
di
ca
d
r
Como as pessoas lidam 
com o morrer e como elas 
lamentam suas perdas?
declínio terminal
Declínio em várias capacidades cog-
nitivas, frequentemente observado 
próximo ao final da vida.
Os cuidados num hospital para doentes terminais visam aliviar a dor dos pacientes e 
tratar seus sintomas, mantendo-os assim tão confortáveis e alertas quanto possível. 
Também ajudam as famílias a lidar com a doença e a morte.
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Desenvolvimento Humano 639
Algumas pessoas que estiveram próximas da morte relataram expe-
riências de quase-morte (EQM), geralmente envolvendo uma sensação 
de estar fora do corpo ou de ser sugado por um túnel, e visões de luzes 
brilhantes ou encontros místicos. Esses relatos são altamente subjetivos, 
e os céticos geralmente os interpretam como resultantes de alterações fi-
siológicas que acompanham o processo de estar morrendo. Segundo um 
anestesiologista holandês, as experiências de quase-morte provavelmente 
são eventos biológicos que ocorrem no cérebro, e as semelhanças dos rela-
tos refletem as estruturas orgânicas afetadas pelo processo, especialmente 
a privação de oxigênio que ocorre em 9 entre 10 pessoas que estão mor-
rendo (Woerlee, 2005). Entretanto, nem todos que passam pela experiên-
cia de privação de oxigênio experimentam uma EQM. Em um estudo de 
pacientes cardíacos que foram “resgatados” após morte clínica, somente 
18% relataram uma EQM (van Lommel et al., 2001). Portanto, a anoxia 
não pode ser a única causa de EQMs.
Algumas pessoas podem estar biologicamente predispostas a expe-
riências de quase-morte. Um estudo constatou alterações nos lobos tem-
porais em pessoas que veem aquele conjunto de imagens próprios das 
experiências de quase-morte (Britton e Bootzin, 2004). Em outro estudo, 
pacientes que passaram por uma EQM durante a ressuscitação tinham 
maior probabilidade de ter passado por múltiplas sessões de RCP no hospi-
tal, e de morrer até 30 dias após sua EQM do que paciente similares que 
não tiveram uma EQM (van Lommel etal., 2001).
CONFRONTANDO A PRÓPRIA MORTE
A psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, em seu trabalho pioneiro com doentes 
terminais, constatou que a maioria deles apreciava a oportunidade de falar 
abertamente sobre sua condição e tinha consciência de que a morte estava 
próxima, mesmo quando ninguém lhes havia contado. Depois de conver-
sar com cerca de 500 pacientes terminais, Kübler-Ross (1969, 1970) delineou cinco estágios na rela-
ção com a morte: (1) negação (“Isso não pode estar acontecendo comigo!”); (2) raiva (“Por que eu?”); 
(3) barganhar por um tempo extra (“Se pelo menos puder viver até minha filha casar, não vou pedir 
mais nada”); (4) depressão; e por fim (5) aceitação. Ela também propôs uma progressão semelhante 
nos sentimentos de pessoas que estão diante de uma perda iminente (Kübler-Ross, 1975).
O modelo de Kübler-Ross tem sido cri-
ticado e modificado por outros profissionais 
que trabalham com pacientes terminais. 
Embora as emoções que ela descreveu se-
jam comuns, nem todos passam pelos cinco 
estágios e não necessariamente na mesma 
sequência. Uma pessoa poderá oscilar entre 
a raiva e a depressão, por exemplo, ou então 
sentir ambos ao mesmo tempo. Infelizmen-
te, alguns profissionais da saúde supõem que 
esses estágios sejam inevitáveis e universais, 
e outros julgam que falharam se não puderem levar o paciente ao estágio final da aceitação.
Morrer, assim como viver, é uma experiência individual. Para algumas pessoas, a negação ou a raiva 
podem ser uma maneira mais saudável de enfrentar a morte do que a aceitação tranquila. As descobertas 
de Kübler-Ross, por mais valiosas que sejam para nos ajudar a entender os sentimentos daqueles que 
estão diante da morte, não devem ser consideradas o único modelo ou critério para uma “boa morte”.
PADRÕES DE LUTO
A perda de um ente querido e o processo de adaptação a essa situação de ausência podem afetar pra-
ticamente todos os aspectos da vida de quem permanece vivo. A perda geralmente provoca mudança 
Como as pessoas que estão no
corredor da morte enfrentam essa 
situação? Em um levantamento sobre suas 
últimas palavras, é mais provável que falem 
sobre perdão, alegações de inocência, silêncio, 
amor, ativismo e crença na vida após a morte.
Heflick, 2005
perda
A morte de um ente querido e o pro-
cesso de adaptação a essa situação de 
ausência.
Quando o cérebro é privado de oxigênio, surgem certas 
imagens devido a alterações no córtex visual que podem 
resultar na percepção de um túnel, como o das imagens 
relatadas por pessoas que tiveram experiências de quase-
-morte.
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640 Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman
de status e de papel (por exemplo, de espo-
sa para viúva ou de filho para órfão). Pode 
haver consequências sociais e econômicas 
– perda de amigos e às vezes de renda. Mas 
primeiro ocorre o pesar do luto – a resposta 
emocional vivenciada nos primeiros estágios 
da perda.
A perda, assim como o morrer, é uma 
experiência altamente pessoal. Atualmente 
as pesquisas têm questionado as noções ante-
riores de um único padrão “normal” de luto 
e uma sequência “normal” de recuperação. Uma viúva que conversasse com o marido falecido outrora 
seria considerada emocionalmente perturbada; agora isso é reconhecido como um comportamento 
comum e útil (Lund, 1993b). Algumas pessoas têm uma recuperação relativamente rápida após a 
perda; outras não.
O modelo clássico de elaboração do luto Um padrão clássico de luto são os estágios em que a 
pessoa enlutada aceita a dolorosa realidade da perda, aos poucos se liberta do vínculo com o falecido 
e se readapta à vida desenvolvendo novos interesses e novos relacionamentos. Esse processo de ela-
boração do luto, a resolução de questões psicológicas ligadas a ele, geralmente segue uma sequência 
– embora, assim como acontece com os estágios de Kübler-Ross, possa haver variação (J. T. Brown e 
Stoudemire, 1983; R. Schultz, 1978).
 1. Choque e descrença. Imediatamente após a morte, aqueles que estavam mais ligados ao falecido 
sentem-se perdidos e confusos. À medida que se aprofunda o sentimento de perda, o entorpe-
cimento inicial dá lugar a sentimentos de tristeza e choro frequente. O primeiro estágio poderá 
durar várias semanas, principalmente após uma morte súbita ou inesperada.
 2. Preocupação com a memória da pessoa falecida. No segundo estágio, que poderá durar de seis 
meses a dois anos, tenta-se resolver o problema da morte, mas ainda não se pode aceitá-la. A 
viúva poderá reviver a morte do marido e todo o relacionamento. Ocasionalmente, talvez seja 
tomada por um sentimento de que o falecido está presente. Essas experiências diminuem com o 
tempo, embora possam voltar – talvez durante anos – em ocasiões como o aniversário de casa-
mento ou da morte.
 3. Resolução. O estágio final ocorre quando a pessoa que sofreu a perda renova o interesse pelas 
atividades cotidianas. A lembrança do falecido traz sentimentos de afeto misturados com tristeza, 
em vez de uma dor aguda e ansiedade.
Luto: múltiplas variações Embora o padrão de luto descrito aqui seja comum, nem sempre o 
luto segue uma linha reta do choque à resolução. Uma equipe de psicólogos (Wortman e Silver, 1989) 
constatou a existência de três principais padrões de luto. No padrão normalmente esperado, a pessoa 
enlutada passa do sofrimento intenso ao sofrimento leve. No padrão de luto ausente, a pessoa enluta-
da não experimenta sofrimento intenso nem de imediato nem mais tarde. No padrão de luto crônico, 
a pessoa enlutada sofre por um longo tempo (Wortman e Silver, 1989). O luto crônico pode 
ser especialmente doloroso e a aceitação, mais difícil, quando a perda é ambígua, como 
quando um ente querido está ausente e presume-se que tenha morrido (Quadro 19.1).
Em outro estudo, os pesquisadores entrevistaram 1.532 idosos casados e de-
pois fizeram entrevistas de acompanhamento com 185 deles (161 mulheres e 24 
homens), cujos cônjuges haviam morrido. As entrevistas ocorreram seis meses 
depois e novamente até quatro anos após a perda (Boerner, Wortman e Bonan-
no, 2005; Bonanno, Wortman e Nesse, 2004; Bonanno et al., 2002). O padrão 
que mais predominou (demonstrado por 46% da amostra) foi, de longe, a resi-
liência: um nível de sofrimento baixo e gradualmente decrescente. Os resilien-
tes expressaram a aceitação da morte como um processo natural. Após a perda, 
passaram relativamente pouco tempo pensando e falando sobre ela ou buscando 
significados, embora a maioria tenha relatado certa ansiedade e angústia durante 
os primeiros seis meses. Esses resultados questionam a suposição de que algo 
luto
Resposta emocional vivenciada nos 
primeiros estágios da perda.
elaboração do luto
Resolução de questões psicológicas 
ligadas ao luto.
Que conselho você daria a
um amigo sobre o que 
dizer – e o que não dizer – para uma 
pessoa de luto?
A dor da perda deveria ser medicada?
Um estudo mostrou que 
aproximadamente metade dos médicos 
acredita que medicar a dor da perda é 
justificável apesar do risco do uso prolongado 
ou de adicção.
Cook, Biyanova e Marshall, 2007
Algumas pessoas recuperam-se rapida-
mente da perda de um ente querido, e 
outras nunca se recuperam.
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Desenvolvimento Humano 641
esteja errado se a pessoa vítima da perda apresentar apenas um sofrimento moderado; e demonstram 
que “passar bem” após a perda não deve necessariamente causar preocupação, mas é somente uma 
resposta normal para muitos idosos” (Boerner et al., 2005, p. P72).
O conhecimento de que o luto assume várias formas e padrões tem importantes implicações para 
ajudar as pessoas a lidar com a perda (Boerner et al., 2004, 2005; Bonnano et al., 2002). A Tabela 
19.1 traz algumas sugestões para ajudar aqueles que perderam um ente querido. Pode ser desnecessá-
rio e mesmo prejudicial insistir para que os enlutados elaborem a perda ou esperar que eles sigam um 
padrão estabelecido dereações emocionais – assim como pode ser desnecessário e prejudicial esperar 
que todos os pacientes à beira da morte experimentem os estágios de Kübler-Ross. E embora a terapia 
do luto possa ajudar algumas pessoas – especialmente no curto prazo, e particularmente aquelas que 
têm grande dificuldade em se adaptar à perda – muitas pessoas simplesmente não precisam de terapia 
e irão se recuperar sozinhas com o tempo (Neimeyer e Currier, 2009). O respeito pelos diferentes 
modos de demonstrar luto pode ajudar aqueles que sofreram a perda a lidar com ela sem fazê-los sentir 
que suas reações são anormais.
pesquisa em ação
PERDA AMBÍGUA
Uma mulher cujo marido estava no World Trade Center no 
momento do ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 só 
foi acreditar que ele havia morrido meses depois, quando as 
equipes de limpeza acharam uma lasca de um de seus ossos. 
As vítimas do tsunami de 2005 no sudoeste da Ásia continuam 
chorando pelos cônjuges, filhos e pais levados pelas imensas 
ondas sem deixar qualquer traço. Mulheres e homens de meia-
-idade voam para o Vietnã e o Camboja para procurar os restos 
dos maridos e pais cujos aviões foram abatidos décadas atrás.
Lidar com a morte de um ente querido já é difícil em circuns-
tâncias normais. Mas quando não há um corpo – nenhuma clara 
evidência de morte – pode ser ainda mais difícil enfrentar a fata-
lidade da perda. Isso é verdade principalmente na cultura norte-
-americana, com sua tendência a negar a realidade da morte. “As 
pessoas anseiam por um corpo”, diz a terapeuta familiar Pauline 
Boss (2002, p. 15), “porque, paradoxalmente, a posse do corpo lhes 
permite abrir mão dele”. A visão do corpo faz a pessoa superar o 
estado de confusão, “traz a certeza cognitiva da morte”, e assim 
possibilita àquele que sofreu a perda o começo do luto. Sem um 
corpo, aqueles que ficam sentem-se despojados da oportunidade 
de dizer adeus e prestar a devida homenagem ao ente querido.
Boss utiliza o termo perda ambígua (introduzido no Capítulo 
18) para situações em que a perda não é claramente definida e, 
portanto, torna-se confusa e difícil de resolver. A perda ambígua 
não é um transtorno psicológico, mas um transtorno relacional 
em que o luto permanece suspenso e a situação não se resolve. 
Não se trata de uma doença e sim de uma debilitante fonte de 
estresse. Quando falta à perda confirmação tangível, nega-se às 
pessoas um ritual e um fechamento emocional, e elas poderão fi-
car imobilizadas – incapazes de continuar com a tarefa necessária 
de reorganização dos papéis familiares e dos relacionamentos. A 
perda se perpetua, criando esgotamento físico e emocional, e o 
apoio dos amigos e da família poderá se tornar menos consis-
tente. Boss também aplicou o conceito de perda ambígua a si-
tuações em que o ente querido está fisicamente presente, mas 
psicologicamente ausente, como no mal de Alzheimer, na depen-
dência de drogas e em outras doenças mentais crônicas.
As pessoas que melhor toleram a perda ambígua tendem a 
ter certas características: (1) são profundamente espiritualistas e 
não esperam entender o que acontece no mundo – elas têm fé e 
confiam no desconhecido. (2) São otimistas por natureza. (3) Con-
seguem manter duas ideias opostas ao mesmo tempo (“Preciso 
reorganizar minha vida, mas mantenho a esperança viva”) e assim 
convivem com a incerteza. (4) Geralmente elas foram criadas em 
famílias ou culturas em que o controle e a busca de respostas eram 
menos importantes que aprender a viver com o que se tem.
A terapia pode ajudar as pessoas a “entender, enfrentar e 
continuar vivendo após a perda, mesmo que esta não tenha 
sido resolvida” (Boss, 1999, p. 7). Contar e ouvir histórias sobre 
pessoas desaparecidas pode ser o começo do processo de cura. 
A reconstrução dos rituais de família é uma afirmação de que a 
vida continua.
Os terapeutas que trabalham com pessoas que sofrem de 
perda ambígua precisam ser capazes eles mesmos de tolerar a 
ambiguidade. Devem reconhecer que os estágios clássicos de 
elaboração do luto (descritos neste capítulo) não se aplicam. A 
pressão por um fechamento trará resistência. As famílias podem 
aprender a administrar o estresse da perda ambígua no seu pró-
prio ritmo e da sua própria maneira.
Fontes: Boss, 1999, 2002, 2004, 2006, 2007; Boss et al., 2003.
qual 
a sua 
opinião
Você já vivenciou uma perda ambígua, ou 
conhece alguém que tenha vivenciado? 
Em caso positivo, quais as estratégias que 
pareceram mais eficazes para lidar com a 
situação?
19.1
o
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642 Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman
ATITUDES EM RELAÇÃO À MORTE E AO MORRER DURANTE O 
CURSO DA VIDA
Não há uma maneira de ver a morte que seja independente da idade; as atitudes das pessoas refletem 
sua personalidade e experiência, bem como o quanto acreditam que estejam próximas da morte. 
Mesmo assim, são grandes as diferenças em termos de desenvolvimento. Como sugere o modelo do 
momento dos eventos, a morte provavelmente não significa a mesma coisa para um homem idoso 
de 85 anos com uma artrite extremamente dolorosa, uma mulher de 56 anos no auge de uma bri-
lhante carreira jurídica que descobre que tem câncer de mama, e um jovem de 15 anos que morre 
de overdose de drogas. As mudanças características de atitude em relação à morte ao longo da vida 
dependem tanto do desenvolvimento cognitivo quanto da época da ocorrência do evento se foge ao 
normal ou não.
Infância e adolescência Segundo uma pesquisa neopiagetiana (Speece e Brent, 1984), entre 5 e 
7 anos a maioria das crianças passa a entender que a morte é irreversível – que uma pessoa, animal 
ou flor morta não pode voltar a viver. Aproximadamente na mesma idade, a criança percebe dois 
outros importantes conceitos sobre a morte: primeiro, que é universal (todos os seres vivos morrem) 
e, portanto, inevitável; e segundo, que uma pessoa morta é não funcional (todas as funções vitais 
cessam com a morte). Antes disso, a criança pode acreditar que certos grupos de pessoas (digamos, 
professores, pais e crianças) não morrem, que quem for suficientemente esperto ou felizardo poderá 
evitar a morte, e que ela própria será capaz de viver para sempre. Ela ainda poderá acreditar que uma 
pessoa morta ainda pode pensar e sentir. Os conceitos de irreversibilidade, universalidade e fim das 
funções, de acordo com esses estudos, geralmente se desenvolvem durante a passagem do pensamen-
to pré-operatório para o pensamento operatório-concreto, quando os conceitos de causalidade ficam 
mais maduros.
Pesquisas mais recentes indicam que a criança pode adquirir uma compreensão parcial do que 
acontece após a morte já aos 4 anos de idade, mas essa compreensão talvez só seja completa no pe-
ríodo escolar. Em uma série de estudos feita em duas escolas suburbanas afiliadas a universidades, a 
maioria das crianças da pré-escola e do maternal expressou o conhecimento de que um rato morto 
nunca mais vai viver ou crescer e tornar-se um rato velho, mas 54% disseram que o rato ainda pre-
cisaria comer. Por volta dos 7 anos, 91% das crianças eram coerentes em seu conhecimento de que 
processos biológicos como comer e beber cessam com a morte. No entanto, quando perguntas seme-
lhantes eram feitas em termos psicológicos (“Ele ainda está com fome?”), crianças dessa idade e mais 
jovens eram menos coerentes. Somente 21% de crianças do maternal e 55% do começo do ensino 
fundamental sabiam, por exemplo, que um rato morto não mais ficaria doente, em comparação com 
as 75% de 11 e 12 anos que cursavam as séries mais avançadas do ensino fundamental. A compreen-
verificador
você é capaz de...
 Resumir as mudanças que po-
dem ocorrer com uma pessoa 
que está prestes a morrer?
 Citar possíveis explicações 
para as experiências de 
quase-morte?
 Citar os cinco estágios do 
confronto com a morte de 
Kübler-Ross e dizer por que 
seu trabalho é controverso?
 Identificar os três estágios 
usualmente descritos como 
elaboração do luto,e discutir 
as novas descobertas sobre as 
variações no processo do luto?
TABELA 19.1 Ajudando aquele que perdeu um ente querido
Estas sugestões de profissionais da área de saúde mental podem capacitá-lo a ajudar alguém que 
você conhece a superar o processo do luto.
 • Compartilhe a dor. Deixe – ou encoraje – a pessoa que sofreu a perda falar de seus sentimentos 
e compartilhe as memórias do falecido.
 • Não ofereça falso consolo. Dizer coisas como “Assim foi melhor” ou “Com o tempo você supera” 
não ajuda. Em vez disso, simplesmente expresse seu pesar – e ouça.
 • Ofereça ajuda prática. Cuidar das crianças, cozinhar e fazer pequenos favores são maneiras de 
ajudar a pessoa enlutada.
 • Seja paciente. Pode levar tempo para alguém se recuperar de uma perda significativa. Esteja 
disponível para falar e ouvir.
 • Sugira ajuda profissional quando necessário. Não hesite em recomendar ajuda profissional 
quando parecer que alguém está sofrendo demais para lidar com isso sozinho.
Fonte: National Mental Health Association, s/d.
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Desenvolvimento Humano 643
são de que os estados cognitivos cessam com a morte demorava ainda mais; apenas 30% das crianças 
do grupo mais avançado do ensino fundamental responderam coerentemente as perguntas sobre se os 
pensamentos, sentimentos e desejos persistem após a morte (Bering e Bjorklund, 2004).
As crianças poderão entender melhor a morte se, desde pequenas, forem apresentadas ao concei-
to e incentivadas a falar sobre isso. A morte de um animal de estimação pode ser uma oportunidade 
natural. Se outra criança morrer, pais e professores precisam tentar mitigar a ansiedade daquelas que 
ficaram. Para crianças com doenças terminais, a necessidade de entender a morte poderá ser mais 
urgente e mais concreta. No entanto, os pais talvez evitem falar sobre o assunto, seja por causa de sua 
própria dificuldade em aceitar a perspectiva da perda ou porque estão tentando proteger o filho. Ao 
fazê-lo, talvez percam uma oportunidade para a criança e a família se prepararem emocionalmente 
para o que está por vir (Wolfe, 2004).
Assim como acontece com sua compreensão sobre a morte, o modo como a criança demonstra 
o luto depende do desenvolvimento cognitivo e emocional (Tabela 19.2). Às vezes a criança expressa 
a dor do luto por meio da raiva, do comportamento explícito ou da recusa em aceitar a morte, como 
se fingir que uma pessoa está viva pudesse tornar isso realidade. Elas podem sentir-se confusas com os 
eufemismos dos adultos: que alguém “se foi” ou que a família “perdeu” alguém, ou que fulano está 
“adormecido” e nunca mais vai despertar.
Adaptar-se à perda é mais difícil se a criança tinha um relacionamento conturbado com a pessoa 
que morreu; se o pai ou a mãe que ficou com a criança depende muito dela; se a morte foi inesperada, 
sobretudo se foi assassinato ou suicídio; se a criança já teve problemas comportamentais ou emocio-
nais; se falta o apoio da família e da comunidade (AAP Committee on Psychosocial Aspects of Child 
and Family Health, 1992).
Os pais e outros cuidadores adultos podem ajudar a criança a lidar com a perda explicando a ela 
que a morte é o fim e é inevitável, e que ela não causou a morte por causa de seu mau comportamento 
ou de seus pensamentos. A criança precisa ser tranquilizada de que continuará recebendo assistência 
de adultos que gostam dela. Geralmente aconselha-se que se faça o mínimo possível de mudanças no 
ambiente, nos relacionamentos e nas atividades cotidianas da criança; que se responda às perguntas de 
maneira simples e com sinceridade; e que se incentive a criança a falar sobre seus sentimentos e sobre 
a pessoa que morreu (AAP Committee on Psychosocial Aspects of Child and Family Health, 2000).
Para os adolescentes, a morte não é algo que normalmente ocupe muito o seu pensamento, a não 
ser que tenham de confrontá-la diretamente. Muitos deles assumem riscos desnecessários. Eles pegam 
carona, dirigem de forma imprudente ou fazem experiências com drogas e sexo – geralmente com 
 No caso das crianças, a 
confusão está relacionada 
ao desenvolvimento cognitivo. No 
sistema piagetiano discutido nos 
capítulos anteriores, aprendemos 
que as crianças têm dificuldade com 
o pensamento abstrato; portanto, 
os eufemismos usados para 
descrever a morte podem lhes 
parecer confusos.
TABELA 19.2 Manifestações de luto em crianças
Menores de 3 anos 3 a 5 anos Crianças em idade escolar Adolescentes
Regressão
Tristeza
Medo
Perda de apetite
Incapacidade de prosperar
Perturbação do sono
Retraimento social
Atraso no desenvolvimento
Irritabilidade
Choro excessivo
Aumento da dependência
Perda da fala
Atividade mais intensa
Constipação
Incontinência
Enurese
Acesso de raiva e mau-humor
Comportamento “descontro-
lado”
Pesadelos
Acessos de choro
Deterioração do desempenho 
escolar causada por perda 
de concentração, falta de 
interesse e de motivação, 
incapacidade de concluir 
tarefas e distração na sala 
de aula
Resistência em ir à escola
Acessos de choro
Mentiras
Roubos
Nervosismo
Dores abdominais
Dores de cabeça
Apatia
Fadiga
Depressão
Queixas somáticas
Comportamento delinquente
Promiscuidade
Tentativas de suicídio
Abandono da escola
Fonte: Adaptado do APP Committee on Psychosocial Aspects of Child and Family Health, 1992.
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644 Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman
resultados trágicos. Em seu grande desejo por descobrir e expressar a sua 
identidade, eles tendem a se preocupar mais em como vivem do que por 
quanto tempo provavelmente viverão.
A idade adulta Jovens adultos que concluíram sua formação e começa-
ram uma carreira profissional, um casamento ou tiveram filhos geralmente 
estão ansiosos para viver a vida para a qual se prepararam. Se forem su-
bitamente acometidos de uma doença ou ferimento potencialmente fatal, 
é provável que fiquem extremamente frustrados e bravos. Pessoas que 
desenvolvem doenças terminais, como a AIDS, na faixa dos 20 ou 30 
anos, enfrentam questões relativas à morte numa idade em que normal-
mente estariam lidando com questões do início da idade adulta, como o 
estabelecimento de relações íntimas. Em vez de uma longa vida de perdas 
como preparação gradual para a perda final da vida, elas veem todo o seu 
mundo ruir de repente.
Na meia-idade, a maioria dos adultos entende com mais clareza do 
que antes que, de fato, eles vão morrer. O corpo lhes envia sinais de que 
não são mais jovens, ágeis e vigorosos como outrora. Cada vez mais pen-
sam em quantos anos ainda lhes restam e como aproveitá-los ao máximo 
(Neugarten, 1967). Geralmente – sobretudo após a morte de ambos os 
pais – tem-se a consciência de ser a geração mais velha ou a próxima a 
morrer (Scharlach e Fredriksen, 1993). Adultos de meia-idade e idosos 
poderão preparar-se emocionalmente para a morte, e também de maneira 
prática, fazendo um testamento, planejando o próprio funeral e discutindo 
seus desejos com a família e os amigos.
Os idosos poderão ter sentimentos confusos sobre a perspectiva de 
morrer. Perdas físicas e outros problemas e perdas da velhice poderão di-
minuir o prazer e a vontade de viver (McCue, 1995). Alguns idosos desis-
tem de metas não cumpridas. Outros se esforçam ainda mais para fazer o 
que podem com a vida no tempo que lhes 
resta. Muitos tentam estender o tempo res-
tante adotando estilos de vida mais saudá-
veis ou lutam para viver mesmo quando es-
tão profundamente doentes (Cicirelli, 2002). 
Quando pensam ou falam sobre a morte imi-
nente, alguns idosos expressam medo. Ou-
tros, principalmente os religiosos devotos, 
comparam a morte ao sono, uma transição 
tranquila e indolor para o além (Cicirelli, 2002).
Segundo Erikson, idosos que resolvem a alternativa crítica final de integridade versus desespero 
(descrita no Capítulo 18) conseguem aceitar tanto o que fizeram em suas vidas quanto a iminência 
da morte. Uma das maneiras de chegara essa solução é mediante uma reavaliação de vida, algo que 
discutiremos mais adiante neste capítulo. Pessoas que sentem que suas vidas foram significativas e que 
se adaptaram às perdas talvez estejam mais aptas a enfrentar a morte.
Perdas significativas
Perdas difíceis que podem ocorrer durante a fase adulta são as do cônjuge, do pai, da mãe ou de um 
filho. A perda de uma criança em potencial por um aborto espontâneo ou parto de natimorto também 
pode ser dolorosa, mas geralmente atrai menos apoio social.
A PERDA DO CÔNJUGE
Como as mulheres tendem a viver mais do que os homens e a ser mais novas que os maridos, é mais 
provável que fiquem viúvas. Também tendem a enviuvar mais cedo. Aproximadamente 25% das 
Tente imaginar que você é um doente
terminal. Como seriam seus 
sentimentos? Seriam semelhantes ou 
diferentes daqueles descritos no texto com 
referência à sua faixa etária?
verificador
você é capaz de...
 Discutir sobre como pessoas 
de diferentes idades com-
preendem e lidam com a 
morte e a perda?
in
di
ca
d
r
Quais são as dificuldades 
específicas quando se 
perde o cônjuge, os pais, 
um filho, ou no caso de um 
aborto espontâneo?
Os riscos desnecessários às vezes assumidos pelos adoles-
centes podem trazer resultados trágicos.
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Desenvolvimento Humano 645
mulheres norte-americanas, mas somente 7% dos homens, perdem o cônjuge por volta dos 65 anos 
(Federal Interagency Forum on Aging-Related Statistics, 2010).
O estresse da viuvez geralmente afeta a saúde física e mental. A dor da perda pode prejudicar o 
sistema imunológico, resultando em dores de cabeça, tontura, indigestão ou dores no peito ou mesmo 
em morte (Stroebe, Schut e Stroebe, 2007). Em um estudo finlandês de grande escala, homens que 
perderam a esposa no período de cinco anos que durou a pesquisa tinham 25% a mais de chance de 
morrer nesse mesmo período do que homens que permaneceram casados; e mulheres viúvas tinham 
10% a mais de chance de morrer do que mulheres não viúvas (Martikrainen e Valkonen, 1996). O 
risco de morte natural ou suicídio é maior nos primeiros meses após a perda e é mais alto para adultos 
mais jovens. A dor da perda também pode trazer problemas de memória, perda de apetite e dificulda-
de para se concentrar, além de aumentar os riscos de ansiedade, depressão, insônia e disfunção social. 
Essas reações podem variar de relativamente curtas e moderadas até prolongadas e extremas, às vezes 
durando anos (Stroebe et al., 2007).
As relações sociais estão associadas à boa saúde. Assim, a perda da companhia talvez ajude a 
explicar o porquê do viúvo ou da viúva morrer logo depois do cônjuge (Ray, 2004). Pode haver, no 
entanto, uma explicação mais prática. Após a morte do cônjuge, talvez não haja ninguém para lembrar 
o viúvo ou a viúva de tomar os remédios ou certificar-se de que a pessoa esteja seguindo uma dieta es-
pecial. Aqueles que foram lembrados (pelos filhos ou pelos cuidadores) tendiam a melhorar os hábitos 
de saúde e relataram estar com boa saúde (Williams, 2004).
A qualidade da relação conjugal perdida pode afetar o grau em que a viuvez afeta a saúde mental. 
Em um estudo, viúvos ou viúvas que tinham uma forte ligação com o cônjuge ou que dependiam 
muito dele tendiam a se tornar mais ansiosos e sentiam mais a falta dele do que pessoas que não ti-
nham uma ligação tão forte ou não eram tão dependentes (Carr et al., 2000). A perda do marido pode 
ser especialmente muito difícil para a mulher que estruturou sua vida e sua identidade em função de 
agradá-lo ou cuidar dele (Marks e Lambert, 1998). Essas mulheres perderam não apenas o companhei-
ro, mas um papel importante, talvez fundamental (Lucas et al., 2003).
A viuvez também pode criar problemas práticos. Viúvas cujos maridos eram os principais pro-
vedores poderão passar por dificuldades econômicas ou cair na pobreza (Hungerford, 2001). Viúvos 
podem ter de contratar serviços domésticos que a esposa dona de casa antes fazia. Se ambos estavam 
empregados, a perda de uma fonte de renda pode trazer problemas. Para as mulheres, as principais 
consequências da viuvez provavelmente serão os problemas econômicos, enquanto 
para os homens, o isolamento social e a perda da intimidade emocional (Pudrovska 
et al., 2006). Viúvas idosas estão mais propensas do que viúvos idosos a permanecer 
em contato com amigos dos quais recebem apoio social (Kinsella e Velkoff, 2001).
Em última análise, a dor da perda pode ser um catalisador para a introspecção 
e o crescimento – para descobrir aspectos de si próprio já esquecidos e aprender a 
andar com as próprias pernas (Lieberman, 1996). Em um estudo, viúvas continua-
ram a falar do falecido e a pensar nele décadas após a perda, mas esses pensamen-
tos raramente as deixavam transtornadas. Ao contrário, essas mulheres disseram 
que tinham se tornado mais fortes e mais autoconfiantes como resultado da perda 
(Carnelley et al., 2006).
A PERDA DE UM DOS PAIS NA IDADE ADULTA
A perda de um dos pais em qualquer momento é difícil, mesmo na idade adulta. 
Entrevistas com 83 voluntários entre 35 e 60 anos constataram que a maioria 
dos filhos adultos que sofreu perda ainda vivenciava um sofrimento emocional – 
variando de tristeza e choro até depressão e pensamentos de suicídio – após um 
período de um a cinco anos, principalmente em seguida à perda da mãe (Schar-
lach e Fredriksen, 1993). No entanto, a morte de um dos pais pode ser uma 
experiência que traz amadurecimento, forçando o adulto a resolver importantes 
questões de desenvolvimento: construir um senso de identidade mais sólido e 
uma percepção mais urgente e realista de sua própria mortalidade, além de um 
maior senso de responsabilidade, compromisso e vínculo com os outros (M. S. 
Moss e Moss, 1989; Scharlach e Fredriksen, 1993; Tabela 19.3).
Viúvas idosas estão mais pro-
pensas que viúvos idosos a 
permanecer em contato com 
os amigos e a se beneficiar do 
apoio de uma rede social.
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646 Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman
A morte de um dos pais geralmente traz mudanças em outros relacionamentos. O filho adulto 
que sofreu a perda poderá assumir mais responsabilidade pelo pai ou pela mãe que ficou e também 
terá de manter a família unida (Aldwin e Levenson, 2001). As intensas emoções da perda poderão 
aproximar os irmãos, ou talvez eles entrem em conflito em razão das diferenças que surgiram durante 
a doença fatal do pai ou da mãe. A morte de um dos pais poderá trazer mais liberdade ao filho adulto 
ou à filha adulta. Assim, ele, ou ela, terá mais tempo e energia para dispensar com relacionamentos 
que foram temporariamente negligenciados por causa da assistência. Ou a morte poderá libertar o 
filho ou a filha de um relacionamento que era mantido para atender às expectativas do pai ou da mãe 
(M. S. Moss e Moss, 1989; Scharlach e Fredriksen, 1993).
A morte do segundo genitor pode trazer grande impacto. O filho adulto talvez sinta uma sen-
sação aguda de mortalidade agora que o último membro da geração mais velha foi embora (Aldwin 
TABELA 19.3 Autorrelato dos impactos psicológicos da morte de um dos pais 
em filhos adultos
Impactos
Morte da mãe
(porcentagem)
Morte do pai
(porcentagem)
Autoconceito
Mais “adulto”
Mais autoconfiante
Mais responsável
Menos maduro
Outros
Nenhum impacto
29
19
11
14
 8
19
43
20
 4
 3
17
12
Sentimentos de mortalidade
Maior consciência da própria mortalidade
Maior aceitação da própria morte
Fez planos concretos em relação à própria morte
Medo crescente da própria morte
Outros 
Nenhum impacto
30
19
10
10
14
17
29
10
 4
18
16
23
Religiosidade
Mais religioso(a)
Menos religioso(a)
Outros 
Nenhum impacto
26
11
 3
60
29
 2
10
59
Prioridades pessoais
Mais importância aos relacionamentos pessoais
Mais importância aos prazeres simples da vida
Mais importância à felicidade pessoal
Menos importância aos bens materiais
Outros 
Nenhum impacto
35
16
105
20
14
28
13
 7
 8
 8
36
Trabalho ou plano de carreira
Deixou o emprego
Ajustou seus objetivos
Mudou os planos de acordo com as necessidades 
da família
Mudou-se
Outros
Nenhum impacto
29
15
 5
 4
13
34
16
10
 6
10
19
39
Fonte: Scharlach, A. E. e Fredriksen, K. I. (1993). Reactions to the death of a parent during midlife. Omega: Journal of Death 
and Dying, 27, tabela 1, p. 311. Copyright 1993 por Baywood Publishing Company, Inc. Reproduzido com permissão da 
Baywood Publishing Company, Inc., no formato de texto via Copyright Clearance Center.
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Desenvolvimento Humano 647
e Levenson, 2001). Essa percepção poderá ser uma oportunidade de crescimento, resultando numa 
perspectiva de vida mais madura e maior valorização das relações pessoais (Scharlach e Frederiksen, 
1993). O reconhecimento da fatalidade da morte e de não poder dizer mais nada ao pai ou à mãe que 
faleceu motiva algumas pessoas a resolver problemas em seus vínculos com os vivos enquanto ainda 
é tempo. Algumas pessoas são levadas a se reconciliar com seus filhos adultos. Às vezes, irmãos que 
estavam brigados, percebendo que aquele ou aquela que estabelecia um vínculo entre eles não está 
mais presente, tentam uma reaproximação.
A PERDA DE UM FILHO
Os pais raramente estão preparados emocionalmente para a morte de um filho. Tal morte, não im-
porta a idade, é um choque cruel e anormal, um evento prematuro que, no curso natural das coisas, 
nunca deveria acontecer. Os pais talvez pensem que falharam, não importa o quanto amaram o filho e 
cuidaram dele, e poderá ser difícil esquecer. Se o casamento for sólido, o casal poderá ficar ainda mais 
unido, um apoiando o outro em sua perda comum. Em outros casos, a perda enfraquece e finalmente 
destrói o matrimônio (Brandt, 1989). Aumenta o risco de pais, principalmente mães, que perderam o 
filho serem hospitalizados por doença mental (Li et al., 2005). O estresse da perda de um filho pode 
até apressar a morte de um dos pais (Li et al., 2003).
Muitos pais hesitam em falar com o filho doente terminal sobre sua morte iminente, mas aqueles 
que o fazem tendem a experimentar uma sensação de término que os ajuda a enfrentar a perda. Em 
2001, um grupo de pesquisa sueco fez um estudo com 449 pais que haviam perdido o filho para o cân-
cer entre quatro e nove anos atrás. Cerca de um terço dos pais disse que havia conversado com o filho 
sobre a morte iminente, e nenhum deles se arrependeu, ao passo que 27% daqueles que não tinham 
tocado no assunto se arrependeram. O impacto da perda parental pode variar dependendo de fatores 
como a idade do filho, a causa da morte e o número de filhos restantes. Em um estudo longitudinal, 
219 casais holandeses que haviam perdido um filho foram acompanhados durante 20 meses após 
a morte. A tristeza era proporcional à idade do filho (até 17 anos). Pais cujo filho morreu de morte 
traumática sofreram mais do que aqueles cujo filho havia morrido de doença, fora um natimorto ou 
morrera de morte neonatal. Pais que esperavam a morte e aqueles que tinham outros filhos expressa-
ram menos sofrimento. À medida que o tempo passava, o sofrimento tendia a diminuir, especialmente 
entre casais que depois geraram outra criança (Wijngaards-de Meij et al., 2005).
Embora o pai ou a mãe que sofreu a perda de um filho deva enfrentar o luto ao seu próprio modo, 
alguns perceberam que o trabalho, interesses diversos, outros relacionamentos, ou a participação num 
grupo de apoio ajuda a mitigar a dor. Alguns amigos bem-intencionados aconselham esses pais a não 
ficarem falando insistentemente sobre a perda; mas lembrar do filho ou da filha de maneira significati-
va talvez seja exatamente o que eles precisam fazer. Quando se perguntou o que mais os ajudou a lidar 
com a morte do filho, 73% dos pais cujos filhos morreram em unidades de tratamento intensivo deram 
respostas religiosas ou espiritualistas. Mencionaram a prece, a fé, conversas com clérigos ou a crença 
de que o relacionamento entre pais e filhos perdura após a morte. Os pais também disseram que eram 
guiados por insight e sabedoria, valores interiores e virtudes espirituais como esperança, confiança e 
amor (Robinson et al., 2006).
O LUTO DE UM ABORTO ESPONTÂNEO
Em um templo budista, em Tóquio, pequenas estátuas de crianças, acompanhadas de brinquedos e 
presentes, são deixadas como oferendas a Jizo, um ser iluminado que, segundo se acredita, vela pelos 
fetos abortados e, finalmente, através da reencarnação, os conduz para uma nova vida. O ritual do 
mizuko kuyo, um rito de apologia e lembrança, é observado como um meio de fazer reparações à vida 
abortada (Orenstein, 2002).
A palavra japonesa mizuko significa “filho das águas”. Os budistas japoneses acreditam que a vida 
flui gradualmente num organismo, como a água, e um mizuko, um feto abortado, está em algum lugar 
no contínuo entre a vida e a morte (Orenstein, 2002). Em inglês, no entanto, não há nenhuma palavra 
especial para o feto abortado e, na vida norte-americana, nenhum ritual para lamentar a perda. As 
famílias, os amigos e os profissionais da saúde não costumam falar sobre essas perdas, que geralmente 
 Você já perdeu o pai ou a 
mãe, um irmão ou irmã, o 
cônjuge, um filho ou um amigo? Em 
caso negativo, quais dessas perdas 
imagina que seria mais difícil 
suportar, e por quê? Se já vivenciou 
mais de um desses tipos de perda, 
como diferiram suas reações?
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são consideradas insignificantes comparadas às de uma criança viva (Van, 2001). A dor do luto pode 
ser mais angustiante sem o apoio social.
Como pais em potencial enfrentam a perda de um filho que nunca conheceram? Cada experiên-
cia de perda de cada pessoa ou casal é única. Em um pequeno estudo, 11 homens cujos filhos haviam 
morrido no útero disseram ter ficado desesperados com a frustração e o sentimento de impotência 
durante e após o parto, mas vários encontraram conforto no apoio que deram à companheira (Sa-
muelsson, Radestad e Segesten, 2001). Em outro estudo, pais e mães que sofreram perda perceberam 
os cônjuges e a família estendida como os mais prestativos, e os médicos como os menos prestativos. 
Alguns se beneficiaram de um grupo de apoio, outros não (DiMarco, Menke e McNamara, 2001). Se-
jam casados ou vivendo juntos, os casais que passam pela experiência de um aborto espontâneo antes 
da vigésima semana de gestação estão 22% mais propensos à separação do que casais que tiveram uma 
gravidez bem-sucedida. Quando o aborto espontâneo ocorre depois da vigésima semana de gestação, 
o risco sobe para 40% (Gold, Sen e Heyward, 2010).
Em resposta aos desejos de muitos pais que tiveram a experiência de um parto de natimor-
to, desde julho de 2011, em 28 estados norte-americanos, foram aprovadas leis que estabelecem a 
emissão de certificados de nascimento para bebês natimortos, reconhecendo e validando assim esses 
nascimentos.
Questões médicas, legais e éticas:
o “direito à morte”
As pessoas têm o direito de morrer? Em caso positivo, sob quais circunstâncias? Deve-se permitir 
ou ajudar um doente terminal que queira cometer suicídio? Deve o médico prescrever um remédio 
que alivie a dor, mas que pode abreviar a vida do paciente? E o que dizer de aplicar uma injeção 
letal para pôr fim ao sofrimento do paciente? Quem decide que não vale a pena prolongar uma vida? 
Essas são algumas das espinhosas questões morais, éticas e legais a que estão sujeitos indivíduos, 
famílias, médicos e sociedade – questões que envolvem a qualidade, a natureza e as circunstâncias 
da morte.
SUICÍDIO
Embora o suicídio tenha deixado de ser um crime nas sociedades modernas, ainda há um estigma 
contra ele, baseado tanto em proibições religiosas quanto no interesse da sociedade em preservar a 
vida. Uma pessoa que expressa pensamentos suicidas pode ser considerada mentalmente doente. Em 
contrapartida,um número cada vez maior de pessoas considera a livre decisão, por parte de um adulto 
maduro, de pôr fim à sua vida, uma atitude racional e um direito a ser defendido.
As taxas de suicídio nos Estados Unidos começaram a declinar no final da década de 1990 após 
uma elevação de 25% entre 1981 e 1997; entretanto, um aumento significativo de 3,7% ocorreu 
entre 2006 e 2007 (Sahyoun et al., 2001; Xu et al., 2010), com mais de 34.500 pessoas tirando a 
própria vida em 2007. Ainda assim, a taxa de suicídio nos Estados Unidos – 11,5 mortes para cada 
100 mil habitantes (Xu et al., 2010) – é mais baixa do que em muitos outros países industrializados 
(Kinsella e Velkoff, 2001).
As estatísticas provavelmente subes-
timam o número de suicídios; muitos não 
são relatados e alguns (como “acidentes” 
de automóvel e overdoses “acidentais” de 
medicamentos) não são reconhecidos como 
tais. Também ocorre que os números geral-
mente não incluem as tentativas; estima-
-se que entre 20% e 60% das pessoas nos 
Estados Unidos que cometem suicídio já 
tentaram ao menos uma vez antes, e cerca 
de 10% daquelas que tentaram o suicídio 
verificador
você é capaz de...
 Identificar os desafios especí-
ficos envolvidos na perda do 
cônjuge?
 Discutir maneiras pelas quais 
a perda do cônjuge ou de 
um dos pais por parte de um 
adulto pode ser uma expe-
riência de maturação?
 Explicar por que é raro os 
pais estarem preparados 
emocionalmente para a 
morte de um filho?
 Sugerir meios de ajudar pais a 
lidar com a perda na gravidez?
in
di
ca
d
r
Como estão mudando as 
atitudes em relação ao 
apressamento da morte, e 
quais são as preocupações 
que essas práticas fazem 
surgir?
A maioria das pessoas acredita que
os terroristas suicidas são 
motivados pelo extremismo religioso. No 
entanto, um pequeno e polêmico grupo de 
pesquisadores argumenta que a motivação é, 
simplesmente, dirigida pelo mesmo desejo de 
cometer suicídio e os mesmos fatores de risco 
encontrados em outras populações clínicas.
Lankford, 2010
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Desenvolvimento Humano 649
provavelmente vão se matar em um prazo de 10 anos (Harvard Medical 
School, 2003).
Na maioria dos países, as taxas de suicídio aumentam com a idade e 
são mais altas entre os homens do que entre as mulheres (Kinsella e Ve-
lkoff, 2001; Nock et al., 2008), embora mais mulheres que homens con-
siderem ou tentem o suicídio (Figura 19.1). Mulheres jovens, não casadas 
com pouca instrução e aquelas muito impulsivas, ansiosas ou deprimidas 
correm maior risco de ter pensamentos e comportamento suicida (Nock et 
al., 2008). Historicamente, os homens tiveram uma probabilidade maior 
de êxito em tirar a própria vida, mas essa distância vem diminuindo muito 
em anos recentes e os homens têm uma probabilidade apenas ligeiramen-
te maior de tentar o suicídio (National Survey on Drug Use and Health, 
2009). As taxas de suicídio entre os homens são maiores principalmente 
porque eles estão muito mais propensos a utilizar métodos mais confiá-
veis, como armas de fogo, ao passo que as mulheres estão mais propensas 
a utilizar outros meios, como o envenenamento ou enforcamento. Mais 
da metade dos suicídios bem-sucedidos é por armas de fogo (CDC, 2007a; 
Kung et al., 2008; Miniño et al., 2007).
Entre os grupos raciais/étnicos, homens americanos nativos e ho-
mens brancos são os que apresentam as maiores taxas de suicídio. A 
probabilidade de negros idosos cometerem suicídio é de um terço da 
probabilidade de idosos brancos (NCS, 2006), talvez por causa do com-
prometimento religioso e de estarem acostumados a experiências desa-
gradáveis (NCHS, 1998; NIH, 1999a). No entanto, as taxas de suicídio 
entre os negros, especialmente os mais jovens e com menos instrução, 
têm aumentado significativamente desde meados da década de 1980 (Joe 
et al., 2006).
Devido a um recente e não explicado aumento dos suicídios na meia-
-idade (Tabela 19.4), as taxas de suicídio nos Estados Unidos alcançam 
agora um máximo em adultos da faixa dos 40 e começo dos 50 anos e 
depois diminuem e sobem novamente após os 75 (Xu et al., 2010). (O 
suicídio de adolescentes é tratado no Capítulo 11.)
Um histórico de suicídio ou de tentativas de suicídio na família au-
menta bastante o risco de sua ocorrência. Uma aparente vulnerabilidade 
hereditária pode estar relacionada à baixa atividade da serotonina – uma 
substância reguladora de estados emocionais e dos impulsos – no córtex 
pré-frontal, região do cérebro responsável pelo julgamento, planejamento e 
inibição (Harvard Medical School, 2003).
Embora algumas pessoas que pretendem se suicidar ocultem cuida-
dosamente seus planos, a maioria dá sinais de advertência. Entre essas 
sinalizações estão falar sobre morte ou suicídio; desfazer-se de objetos im-
portantes; abuso de drogas ou de álcool; e mudanças na personalidade, 
como raiva, tristeza, tédio ou apatia incomuns. Pessoas que estão prestes a 
se matar poderão negligenciar a aparência e dormir ou comer muito mais 
ou muito menos que o usual. Geralmente apresentam sinais de depressão, 
como uma incomum dificuldade para se concentrar, perda de autoestima e 
sentimentos de desamparo, desesperança ou pânico (American College of 
Emergency Physicians, 2008; Harvard Medical School, 2003).
Parentes de pessoas que tiraram a própria vida têm sido chamados de 
“as outras vítimas do suicídio”. Muitos se culpam por não terem identifica-
do os sinais. Eles “reveem obsessivamente os eventos que antecederam a 
morte, imaginando como poderiam tê-la impedido, e se autocensuram por 
terem falhado” (Goldman e Rothschild, s/d). Por causa do estigma asso-
ciado ao suicídio, geralmente eles lutam sozinhos com suas emoções, em 
vez de compartilhá-las com outros que poderiam entendê-los. (A Tabela 19.5 traz uma lista de sinais 
de advertência para o suicídio e as medidas a serem tomadas se alguém tentar suicidar-se.)
Pensou seriamente
em se suicidar
3,4
3,9
0,9
1,1
0,4
0,6
0
1
2
3
4
5
Porcentagem
Fez planos para
se suicidar
Tentou o
suicídio
Homens
Mulheres
FIGURA 19.1
Pensamentos e comportamentos suicidas no ano pas-
sado entre adultos, por gênero.
Fonte: SMHSA, 2009a
A taxa mais alta de suicídio é entre homens brancos com 
75 anos ou mais, e o risco aumenta entre homens de 85 
anos ou mais. Os idosos estão mais propensos à depres-
são e ao isolamento social que os mais jovens.
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650 Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman
APRESSANDO A MORTE
Em fevereiro de 1990, aos 26 anos, Terri Schiavo de repente desmaiou. Sem oxigênio no cérebro, 
ela estava numa condição que os médicos diagnosticaram como estado vegetativo persistente. (Nesse 
estado, a pessoa, embora tecnicamente viva, não apresenta nenhuma reação e o cérebro funciona 
apenas de forma rudimentar.) O marido de Schiavo, Michael, insistiu em que Terri não desejaria viver 
naquela condição e, em 1998, tentou desligar os aparelhos que a mantinham viva. Os pais discorda-
ram quanto ao desejo de Terri e questionaram se a condição dela seria de fato irreversível. Começou 
uma batalha judicial de sete anos que, devido à acirrada polêmica sobre a questão do apressamento 
da morte, foi marcada por uma intervenção sem precedentes do Congresso no processo. Finalmente, 
a Suprema Corte aceitou a decisão dos tribunais inferiores de que Terri não tinha nenhuma esperança 
de recuperação. Em março de 2005, removeu-se a sonda que alimentava Terri e ela morreu menos de 
duas semanas depois (Annas, 2005).
Até algumas décadas atrás, a ideia de ajudar um ente querido que sofre a abreviar a própria vida 
era praticamente desconhecida. A mudança de atitudes em relação a esse tipo de ajuda pode ser atri-
buída em grande parte à reação contra tecnologias que mantêm os pacientes vivos contra a vontade, 
apesar de intenso sofrimento, e às vezes depois que o cérebro, para todos os fins práticos, parou de 
funcionar.
A morte de Terri Schiavofoi um exemplo de eutanásia passiva: suspender ou interromper tra-
tamento que poderia estender o tempo de vida de um paciente terminal, como, por exemplo, medica-
ção, sistemas de suporte à vida ou sondas de nutrição. Por outro lado, na eutanásia ativa (por vezes 
chamada de assassinato por misericórdia), a ação é cometida direta e deliberadamente para abreviar 
a vida. Eutanásia significa “boa morte”; ambos os tipos de eutanásia têm como objetivo pôr fim ao 
sofrimento ou permitir que um doente terminal morra com dignidade. No entanto, a eutanásia ativa 
geralmente é ilegal; a eutanásia passiva, em algumas circunstâncias, não é. Uma questão importante 
relativa a ambas as formas de eutanásia é se elas são voluntárias; ou seja, se são feitas por causa de um 
pedido direto ou para cumprir um desejo da pessoa.
Autorização antecipada O caso de Terri Schiavo poderia ter sido muito diferente caso ela tivesse 
deixado instruções escritas sobre o seu desejo. A Suprema Corte dos Estados Unidos, no caso de 
Nancy Cruzan, sustentou que uma pessoa cujo desejo é claramente conhecido tem o direito consti-
tucional de recusar ou interromper tratamento de manutenção da vida (Cruzan v. Director, Missouri 
Department of Health, 1990). O desejo de uma pessoa mentalmente sã pode ser expresso de antemão 
O lugar mais conhecido no
mundo para o suicídio é a 
ponte Golden Gate, em São 
Francisco, Califórnia.
Fleming, 2010
eutanásia passiva
Retirada ou interrupção deliberada do 
tratamento que prolonga a vida de um 
doente terminal de modo a pôr fim ao 
sofrimento ou permitir uma morte com 
dignidade.
eutanásia ativa
Ação deliberada para abreviar a vida de 
um doente terminal, de modo a pôr fim 
ao sofrimento ou permitir uma morte 
com dignidade; também chamada de 
assassinato por misericórdia.
TABELA 19.4 Mudanças nas taxas de suicídio por idade, Estados Unidos,
1999-2003
As taxas de suicídio atingiram um máximo entre pessoas de meia-idade enquanto diminuíram 
para os idosos, cujo risco, no entanto, continua sendo o mais alto.
Taxa de suicídio por 100 mil pessoas
Faixa etária Taxa em 1999 Taxa em 2003
15 a 24 10,1 9,7
25 a 34 12,7 13,0
35 a 44 14,3 15,6
45 a 54 13,9 17,7
55 a 64 12,2 15,5
65 a 74 13,4 12,6
75 a 84 18,1 16,3
85 ou mais 19,3 15,6
Fonte: Xu et al., 2010.
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Desenvolvimento Humano 651
em um documento chamado autorização antecipada (testamento em vida) que contém instru-
ções para quando e como interromper uma assistência médica ineficaz. Todos os 50 estados norte-
-americanos desde então legalizaram alguma forma de autorização antecipada ou adotaram outros 
procedimentos relativos às decisões de pôr fim a vida.
Um testamento em vida poderá conter instruções específicas sobre as circunstâncias em que o 
tratamento deve ser interrompido, quais as medidas extraordinárias – se precisar de alguma – a serem 
tomadas para prolongar a vida e qual o tipo desejado de gerenciamento da dor. Uma pessoa também 
 Na época da morte, mais 
de um quarto dos 
pacientes idosos é incapaz de tomar 
decisões sobre assistência médica. 
Isso mostra por que as discussões a 
respeito do fim da vida são 
importantes, por mais difíceis que 
possam ser.
Silveira, Kim e Langa, 2010
autorização antecipada 
(testamento em vida)
Documento que especifica o tipo de as-
sistência desejada pela pessoa em caso 
de incapacitação ou doença terminal.
TABELA 19.5 Prevenção contra o suicídio
Sinais de alerta do suicídio:
 • Depressão e muita tristeza.
 • Sentimentos de desesperança, inutilidade ou falta de propósito na vida, e também perda de 
interesse ou do prazer em fazer as coisas.
 • Preocupação com a morte ou com a violência, ou expressar o desejo de morrer.
 • Procurar medicamentos, armas ou outros meios para cometer suicídio.
 • Grandes oscilações de humor – num dia se sente extremamente animado e no outro, profunda-
mente triste.
 • Sentimentos de muita agitação, fúria, raiva incontrolada ou desejo de se vingar.
 • Mudanças envolvendo hábitos alimentares, sono, aparência, comportamento ou personalidade.
 • Comportamento arriscado ou autodestrutivo, tais como dirigir com imprudência ou consumir 
drogas ilegais.
 • Tranquilidade repentina (sinal de que a pessoa tomou a decisão de tentar o suicídio).
 • Crises, traumas ou contratempos na vida, incluindo problemas na escola, no trabalho ou rela-
cionamento; perda de emprego, divórcio, morte de um ente querido, dificuldades financeiras, 
diagnóstico de doença terminal. 
 • Resolver coisas pendentes, desfazer-se de pertences, visitar membros da família e amigos, redi-
gir um testamento ou escrever uma nota de suicídio.
Se alguém tentar o suicídio:
 • Fique calmo.
 • Leve a tentativa a sério.
 • Não deixe a pessoa sozinha. Evite que tenha acesso a armas de fogo, facas, medicamentos ou 
qualquer outra coisa que possa ser usada para cometer suicídio.
 • Não tente lidar com a situação sozinho. Ligue para 190 ou para o telefone local de emergência. 
Ligue para o médico da pessoa, para a polícia ou para outros que sejam treinados para ajudar 
nesses casos.
 • Enquanto espera por ajuda, ouça atentamente o que a pessoa tem a dizer. Mantenha sempre 
contato visual, chegue mais perto ou segure sua mão, se for apropriado, para que ela perceba 
que você está ouvindo. 
 • Faça perguntas para saber qual o método de suicídio que a pessoa está considerando e se ele ou 
ela tem um plano organizado.
 • Diga à pessoa que ela terá ajuda.
 • Se a pessoa tentar suicidar-se, chame imediatamente a assistência médica de emergência e ad-
ministre os primeiros socorros, se necessário.
Fonte: Adaptado do American College of Emergency Physicians, 2008.
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652 Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman
pode especificar, por meio de um cartão de doador ou uma assinatura no verso da carteira de habilita-
ção, que seus órgãos sejam doados a alguém que precise de um transplante. O planejamento desses 
cuidados antecipados é benéfico não só para o moribundo, mas também para a família. A decisão sobre 
um plano de ação no caso de morte iminente proporciona melhores cuidados no fim da vida e resulta 
em níveis mais altos de satisfação para a família, e menos estresse, ansiedade e depressão para os 
membros da família do paciente terminal (Detering et al., 2010).
Algumas leis sobre “testamento em 
vida” aplicam-se apenas a pacientes termi-
nais, não àqueles que estejam incapacitados 
por doença ou ferimento, mas que podem 
viver muitos anos com dores agudas. Nem 
tampouco as autorizações antecipadas aju-
dam muitos pacientes em coma ou em es-
tado vegetativo persistente. Essas situações 
são cobertas por uma procuração com vi-
gência indeterminada, que aponta outra 
pessoa para tomar decisões se o autor do 
documento tornar-se incapacitado a fazê-lo. 
No entanto, mesmo com autorização anteci-
pada, muitos pacientes têm se submetido a tratamentos longos e inúteis contra a sua vontade expressa 
(SUPPORT Principal Investigators, 1995).
Essas situações levaram a Associação Médica Norte-Americana a formar uma Força-Tarefa sobre 
Assistência Qualificada no Final da Vida. Agora muitos hospitais dispõem de comitês de ética que 
criam diretrizes, analisam casos e ajudam médicos, pacientes e suas famílias a tomar decisões sobre 
a assistência no final da vida (Simpson, 1996); e alguns hospitais utilizam consultores de ética em 
tempo integral.
Suicídio assistido: prós e contras O suicídio assistido – quando um médico ou outra pes-
soa qualquer ajuda alguém a provocar a própria morte, por exemplo, prescrevendo ou obtendo 
medicamentos ou permitindo que o paciente inale um gás letal – geralmente refere-se a situações 
em que pessoas com doenças terminais incuráveis solicitam ajuda para pôr fim à vida. O suicídio 
assistido ainda é ilegal na maioria dos lugares, mas recentemente tem sido tema de debate público. 
Aparentemente, é semelhante, em princípio,à eutanásia ativa voluntária, em que o paciente, por 
exemplo, solicita, e recebe, uma injeção letal; mas, no suicídio assistido, a própria pessoa que quer 
morrer executa o ato.
O suicídio assistido é ilegal em muitos países, mas geralmente ocorre de maneira velada, sem 
regulamentação. As leis opõem-se a que o médico ajude a apressar a morte, pois se trata de algo con-
trário ao juramento do profissional de “não causar nenhum dano”. Os médicos têm permissão para 
ministrar medicamentos que possam abreviar a vida se o objetivo for aliviar a dor (Gostin, 1997; Quill, 
Lo e Brock, 1997), mas alguns se recusam por razões de ética médica pessoal (APA, 2001).
Os argumentos éticos a favor do suicídio assistido baseiam-se nos princípios da autonomia e da 
autodeterminação: pessoas mentalmente competentes devem ter o direito de controlar sua própria 
vida, o momento e a natureza de sua morte. Aqueles que defendem o suicídio assistido atribuem um 
alto valor à preservação da dignidade e personalidade do ser humano que está morrendo. Os argu-
mentos clínicos sustentam que o médico é obrigado a tomar todas as medidas necessárias para aliviar 
o sofrimento. Além disso, no suicídio assistido o paciente é aquele que toma a iniciativa de pôr fim à 
vida. Um dos argumentos legais é que, legalizando o suicídio assistido, permite-se a regulamentação 
de práticas que hoje ocorrem de qualquer maneira para o paciente que sofre. Argumenta-se que pro-
teções adequadas contra abusos podem ser implementadas mediante uma combinação de legislação e 
regulamentação profissional (APA, 2001).
Alguns acadêmicos da área ética e da área jurídica vão ainda mais longe. Eles são a favor da lega-
lização de todas as formas de eutanásia voluntária, com salvaguardas contra a eutanásia involuntária. 
A questão fundamental, segundo esses acadêmicos, não é como a morte ocorre, mas quem toma a de-
cisão. Eles não veem nenhuma diferença, em princípio, entre desligar um respirador, retirar as sondas 
de nutrição, dar uma injeção letal ou prescrever uma overdose de pílulas a pedido do paciente. Susten-
tam que a prática de ajudar a morrer, se abertamente disponível, reduziria o medo e o sentimento de 
Desde maio de 2011, mais de
110.500 pessoas esperam pela 
doação de um órgão nos Estados Unidos, e a 
necessidade é particularmente aguda para 
candidatos pertencentes às minorias. Você 
doaria um órgão para um amigo ou membro da 
família que precisasse? E para um estranho? 
Por que ou por que não?
The need is real, s/d
procuração com vigência 
indeterminada
Instrumento legal que elege um indi-
víduo para tomar decisões em caso de 
incapacitação da outra pessoa.
suicídio assistido
Suicídio em que um médico ou qual-
quer outra pessoa ajuda alguém a tirar 
a própria vida.
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Desenvolvimento Humano 653
impotência, permitindo aos pacientes controlar seu próprio destino (APA, 2001; Brock, 1992; Epstein, 
1989; Orentlicher, 1996).
Os argumentos éticos contra o suicídio concentram-se em dois princípios: (1) a crença de 
que tirar uma vida, mesmo com consentimento, é errado; e (2) a preocupação com a proteção aos 
menos favorecidos. Os oponentes do suicídio assistido apontam para o fato de que a autonomia 
geralmente é limitada pela pobreza ou incapacidade, ou por fazer parte de grupo social estigmati-
zado, e eles temem que pessoas dessas categorias possam ser sutilmente pressionadas a escolher 
o suicídio, sendo a contenção de custo um fator subjacente. Os argumentos clínicos incluem a 
possibilidade de erro no diagnóstico, uma potencial disponibilidade futura de novos tratamentos, 
a probabilidade de prognóstico incorreto e a crença de que ajudar alguém a morrer é incompatível 
com o papel do médico como aquele que cura, além de não ser possível garantir salvaguardas ade-
quadas. Os argumentos legais contra o suicídio assistido incluem a preocupação com a execução 
de salvaguardas e com processos legais quando membros da família discordam sobre o poder de 
pôr fim a uma vida (APA, 2001).
Como as pílulas autoadministradas nem sempre funcionam, alguns oponentes afirmam que o sui-
cídio assistido pelo médico levaria à eutanásia ativa voluntária (Groenewoud et al., 2000). O próximo 
passo na descida ao abismo, advertem alguns, seria a eutanásia involuntária – não só para os doentes 
terminais, mas também para outros, como pessoas com necessidades especiais, cuja qualidade de vida 
é percebida como reduzida. Os oponentes alegam que pessoas que querem morrer costumam estar 
temporariamente deprimidas e poderiam mudar de ideia com tratamento ou cuidados paliativos (APA, 
2005; Butler, 1996; Hendin, 1994; Latimer, 1992; Quill et al., 1997; Simpson, 1996; P. A. Singer, 
1988; P. A. Singer e Siegler, 1990).
Legalização da ajuda médica para morrer Desde 1997, quando, por unanimidade, a Suprema 
Corte dos Estados Unidos deixou a regulamentação da ajuda médica para morrer a cargo dos estados 
da federação, medidas para legalizar essa prática para os doentes terminais têm sido introduzidas em 
vários estados. Oregon foi o primeiro estado a aprovar uma lei dessa natureza, a Lei da Morte com 
Dignidade (DWDA, na sigla em inglês). Em 1994, os habitantes desse estado votaram por deixar pa-
cientes mentalmente competentes, já informados por dois médicos de que têm menos de seis meses 
de vida, solicitar uma prescrição letal com sólidas salvaguardas garantindo que o pedido é sério e 
voluntário, e que todas as alternativas foram consideradas. Em janeiro de 2006, a Suprema Corte dos 
Estados Unidos manteve a lei de Oregon (Gostin, 2006; Greenhouse, 2005).
Como tem sido a experiência sob a lei de Oregon? A legalização do suicídio assistido tem resul-
tado em melhorias aos cuidados paliativos e aumento no número de mortes que ocorrem em casa e 
não no hospital (Steinbrook, 2008). Desde que a DWDA foi implementada, houve um registro de 460 
pacientes terminais que tiraram a própria vida, 53 deles em 2009. As preocupações mencionadas com 
mais frequência pelos pacientes que requisitaram e utilizaram as prescrições letais foram a perda de 
autonomia (97%), perda da dignidade (92%) e perda da capacidade de participar de atividades que 
tornam a vida agradável (86%) (Oregon Health Authority, s/d).
A eutanásia ativa continua sendo ilegal nos Estados Unidos, mas não na Holanda, onde, em 
2002, foi aprovada uma lei permitindo a eutanásia voluntária para pacientes em estado de sofrimento 
contínuo, insuportável e incurável. Nesses casos, os médicos podem agora injetar uma dose letal de 
medicamento. Em 2005, segundo registros, 1,8% das mortes na Holanda resultaram de eutanásia ou 
de suicídio assistido (Van der Heide et al., 2007).
Antes de 2002, tanto o suicídio assistido quanto a eutanásia ativa eram tecnicamente ilegais na 
Holanda, mas os médicos envolvidos nessa prática podiam evitar um processo com a estrita condição 
de fazer um relatório e permitir a supervisão do governo (Simons, 1993). Situação semelhante ainda 
existe na Suíça e na Bélgica (Steinbrook, 2008). Na França, uma lei aprovada em fevereiro de 2006 
autoriza os médicos a suspender tratamentos desnecessários ou a intensificar o alívio da dor, mesmo 
se essas decisões, não intencionalmente, apressarem a morte. Em muitos casos, o suicídio assistido 
ocorre independentemente das leis contra essa prática clandestina (Steinbrook, 2008).
Decisões sobre o fim da vida e atitudes culturais É difícil comparar a experiência da Holanda, 
que tem uma população homogênea e uma assistência médica universal, com a de outros países gran-
des e diversificados. No entanto, com o crescente número de norte-americanos a favor da eutanásia 
para o paciente incurável e que quer morrer, alguns médicos concordaram em auxiliar pacientes que 
 Em setembro de 1996, 
um australiano de 66 
anos com câncer de próstata em 
estágio avançado foi a primeira 
pessoa a morrer legalmente por 
suicídio assistido.
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