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3-ORATÓRIA CRISTÃ

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O r a t ó r i a c r i s t ã
INTRODUÇÃO
A oratória é conhecida como “a arte de falar em público”, 
e constitui um gênero literário que une o admirável ao útil, 
tendo por obras orações ou discursos, como tam bém toda 
espécie de composições, com a finalidade de persuadir e co- 
mover os ouvintes. Entre as faculdades que mais contribuem 
para o êxito da persuasão, está a eloquência, que é o poder de 
persuadir por meio de palavra e do gesto.
A oratória é conhecida e executada há muito tempo, desde 
os tempos bíblicos. Podemos ver o profeta Isaías com suas 
figuras de linguagem; Jeremias com toda a sua emoção; o 
apóstolo Paulo esbanjando toda a sua erudição; e Jesus Cris- 
to, com tam anha autoridade, deu à prédica lugar central em 
seu ministério.
Desde os primeiros tempos da Igreja cristã, a eloquência 
sagrada já havia-se formado e crescido como meio de ex- 
pressão. No século 4°, apareceram os grandes propagadores 
dos ensinamentos de Cristo. Nessa definição, a Igreja cristã 
foi aquela que atribuiu maior im portância à pregação como 
meio indispensável para a transmissão dos ensinamentos. D e 
início, a missão foi confiada aos apóstolos, e estes, aos seus 
discípulos, com a incumbência de “ir” e “ensinar” as pessoas.
Por sua finahdade e sua forma, os livros proféticos, ver-
E n c i c l o p é d i a
dadeiras orações, devem ser considerados como precursores 
dos oradores sagrados que, assim como as pregações do cris- 
tianismo, tam bém alcançaram um nível artístico superior à 
oratória profana de sua época. Para caracterizar e definir a 
oratória dos profetas, há de se ter em conta que não é possível 
incluí-la em nenhum dos gêneros oratórios, determ inada e 
especificamente, pois há m uito de oratória religiosa e mui- 
to de oratória política. Aqueles homens, cheios do Espíri- 
to de Deus, não somente anunciavam a vinda do Messias 
e a mudança que se operaria, mas, tam bém , anunciavam os 
transtornos políticos que padecería o povo de Israel, a quem 
aconselhavam e admoestavam a respeito de sua conduta, pro- 
fetizando a invasão estrangeira, a perda da liberdade e todos 
os males próprios dos povos decadentes.
Segundo as Escrituras, o profeta não é somente aquele que 
prevê e prediz as coisas futuras, antes, é aquele que fala por 
Deus ou em lugar de Deus — e como intérprete de Deus.
Tam bém , não podemos deixar de mencionar os grandes 
nomes, como, por exemplo, John Wesley, Charles Finney, 
D w ight L. Moody, entre tantos outros que foram ousados 
oradores em suas gerações.
E S T U D O S DE T E O L O G I A150
Capítulo 1
ORIGEM DA ORATÓRIA
A oratória nasceu num a ilustre cidade chamada Siracu- 
sa, na M agna Grécia, onde hoje é a Itália. Após a queda de 
Trasíbulo, sucederam-se inúmeras causas para a restituição 
aos legítimos proprietários das terras que o déspota lhes ha- 
via subtraído. O primeiro tratado de Retórica, naturalm en- 
te rudim entar, foi escrito em 465 a.C., por Tísias e Córax, 
dois oradores que se notabilizaram na defesa das vítimas dos 
arbítrios cometidos pelo tirano Trasíbulo. Esses dois orado- 
res instruíam o povo a se defender por meio da palavra bem 
construída e ensinavam às vítimas usurpadas de suas pro- 
priedades e de outros direitos a sustentarem suas razões nos 
tribunais da cidade, com firmeza, com destemor, com argu- 
mentos sólidos e técnicas apropriadas. Esse tipo de colocação 
era o que o povo precisava para reaver suas terras.
Conta-se uma anedota sobre os ensinos dados por Córax 
a Tísias dizendo que o mesmo se recusou a pagar as aulas 
ministradas pelo seu mestre (Coráx), alegando que, se fora 
bem instruído pelo mestre, estava apto a convencê-lo de não 
cobrar. Se esse não ficasse convencido, era porque o discípulo
E n c i c l o p é d i a
ainda não estava devidamente preparado, fato que o deso- 
brigava de qualquer pagamento. O u seja, os argumentos de 
Tísias deixou Córax sem condições de receber. No entanto, a 
retórica só se desenvolve com a consolidação da democracia 
ateniense, na medida em que, neste regime, todos os assun- 
tos eram submetidos a voto popular e, por isso, a necessida- 
de de justificar determ inada concepção a um determinado 
auditório. Dessa forma, não só se torna im portante racio- 
cinar, mas, tam bém , saber falar e argum entar corretamente.
E s t u d o s d e T e o l o g i a152
Capítulo 2
OS GRANDES MESTRES DA ORATÓRIA
N a Grécia antiga e, até mesmo, em Roma, a oratória era 
estudada como com ponente da retórica. Considerada uma 
im portante habilidade na vida pública e privada, assume, por 
isso mesmo, uma especial importância, tornando-se objeto 
de reflexão por parte de diversos autores, dos quais se destaca 
Aristóteles.
A oratória foi desenvolvida pelos romanos a partir da 
Retórica grega, devido à grande influência da cultura grega 
sobre essa civilização. Entre aqueles que se destacaram no es- 
tudo e desenvolvimento da oratória romana, podemos citar: 
Cícero e Quintiliano.
Assim como a retórica grega, a oratória rom ana tam bém 
não abrangia a esfera religiosa.
Aristóteles
Aristóteles era discípulo de Platão — escreveu as bases da 
oratória em seu famoso tratado intitulado “A arte da retórica”. 
Contudo, não fez discursos, apenas escreveu sobre o assunto. 
Coube a Aristóteles sistematizar o estudo da retórica. A téc-
E n c i c l o p é d i a
nica retórica de Aristóteles consiste nos principais meios ou 
recursos persuasivos de que se vale o orador para convencer o 
auditório. Esses meios de persuasão podem classificar-se em 
técnicos e não técnicos.
Os meios de persuasão não técnicos são os que existem 
independentem ente do orador: leis, tratados, testemunhos, 
documentos, etc. Os meios de persuasão técnicos são aqueles 
que o próprio orador idealiza para incorporar à sua própria 
argumentação ou discurso, e que se dividem em três grupos: 
ethos (o caráter do orado). Sem dúvida que o caráter do ora- 
dor é fundam ental, pois uma pessoa íntegra ganha mais fa- 
cilmente a confiança do auditório, despertando nele maior 
predisposição para ser persuadido. M as, trata-se, aqui, da im- 
pressão que o orador dá de si mesmo, mediante o seu discur- 
so, e não do seu caráter real ou a opinião que, previamente, os 
ouvintes têm sobre ele, pois estes dois últimos aspectos não 
são técnicos. Pathos (a emoção do auditório).Tem de se reco- 
nhecer que a emoção que o orador consiga produzir nos seus 
ouvintes pode ser determ inante na decisão de serem a favor 
ou contra à causa defendida. Se o orador suscita nos juizes 
sentim entos de alegria ou tristeza, amor ou ódio, compaixão 
ou irritação, estes poderão decidir, num sentido ou no outro. 
E , por último, logos, que constitui o discurso argumentativo, 
sendo a parte mais im portante da oratória, aquela à qual se 
aplicam as principais regras e princípios da técnica retórica.
E S T U D O S DE T E O L O G I A154
V O L U M E 3
Demóstenes
Desde criança, Dem óstenes se interessou por oratória. 
M as, quando começou a se apresentar em público, seu esti- 
lo foi considerado estranho e deselegante. Sua voz era fraca. 
Sua respiração curta quebrava as sentenças e obscurecia o 
significado do que ele falava. Construiu um espaço para estu- 
dar no subsolo de sua casa e para lá ia várias vezes ao dia pra- 
ticar oratória e exercitar sua voz. E ficava de pé em frente a 
um espelho grande, treinando, repetindo discursos de outros 
oradores e os estudando nos mínimos detalhes. Superou sua 
pronúncia desarticulada e gaguejante falando com pedrinhas 
(seixos) na boca. Disciplinou sua voz declamando e recitan- 
do discursos ou versos quando estava sem fôlego, enquanto 
corria ou subia terrenos íngremes.
Dem óstenes conseguiu fama por sua dedicação em apren- 
der esta arte de falar em público e executá-la, tornando-se o 
mais eloquente orador da Grécia.
Cícero
Foi o maior orador romano. Preparou-se, desde muito 
cedo, para a arte da palavra. C om apenas dez anos de idade, 
seu pai o deixou aos cuidados de dois mestres da oratória.Teve uma excelsa instrução retórica. Primeiro, em Roma. 
Depois, em Atenas, onde frequentou as aulas de famosos 
mestres e pôde escutar os mais brilhantes oradores da época. 
Com o escritor, Cícero se tornou a suprema expressão do gê- 
nio latino influenciado pelo gênio grego.
155E s t u d o s d e T e o l o g i a
E n c i c l o p é d i a
É considerado o primeiro romano que chegou aos prin- 
cipais postos do governo com base na sua eloquência e pelo 
mérito com que exerceu as suas funções de magistrado ci- 
vil O primeiro caso im portante que aceitou foi a defesa de 
Am erino, um escravo liberto, acusado de parricida por um 
favorito de Sila, nessa época ditador de Roma. No campo da 
oratória, mostrou que cultivou, como nenhum outro grego, 
ao mesmo tempo, a oratória e a filosofia.
Para Cícero, o orador ideal deve ser capaz de falar adequa- 
dam ente sobre qualquer assunto.
Quintiliano
Nascido na m etade do prim eiro século da E ra C ristã, 
foi para Rom a logo nos prim eiros anos de vida para estu- 
dar oratória. Seu pai e seu avô foram os prim eiros a lhe m i- 
n istrar as prim eiras aulas de retórica. E ra conhecido como 
advogado e professor de eloquência, tendo-se tornado o 
prim eiro professor pago pelo Estado no im pério de Ves- 
pasiano. E nsinou eloquência durante duas décadas. Após 
deixar o ensino, Q uin tiliano redige o D e institutione ora- 
tória, verdadeiro tratado de educação intelectual e moral, 
com posto por doze volumes, cuja proposta é form ar orador 
m ediante a exposição porm enorizada dos objetivos da edu- 
cação, dos programas e das metodologias a adotar.
Com o teórico, ninguém superou Quintiliano, por isso 
merece atenção especial na história da arte oratória romana.
E s t u d o s d e T e o l o g i a156
Capítulo 3
A ORATÓRIA DO MESTRE DOS MESTRES
Jesus foi, de fato, um exímio orador público. O u melhor, o 
primeiro exemplo de motivação e comunicação de todos os 
tempos. O treinam ento dos discípulos, realizado por Jesus, 
envolvia muitas áreas, inclusive as áreas da comunicação e da 
oratória. Ele queria falar de maneira vibrante, pois seu plano 
era vibrante. Ele queria falar ao coração dos homens, pois 
seu projeto era regado a afeto. Os discípulos tinham escassos 
recursos linguísticos. Divulgar o plano de Jesus, seu am or e 
sua missão não envolvia pressão social, armas ou violência. A 
única ferram enta eram as palavras. Se os seus discípulos não 
aprendessem a mais excelente oratória, não convenceríam o 
mundo de que o Carpinteiro que morrera na cruz, de manei- 
ra vexatória, era o Filho do Deus Altíssimo.
Com o ensinar homens a falar com multidões se eles mal 
conseguiam organizar suas idéias diante dos seus amigos? 
Jesus corria grandes riscos de não ter êxito. Ele deu aulas 
magníficas de oratória sem que eles percebessem. A capaci- 
dade de comunicação de Jesus deixava todos os seus ouvintes 
fascinados. N um a época de escassos oradores, Jesus brilhou. 
As platéias ficavam impressionadas tanto com o conteúdo de
E n c i c l o p é d i a
seus discursos quanto com a maneira como o expunha.
Jesus reuniu dois instrumentos difíceis de serem concilia- 
dos na oratória: a convicção e a sensibilidade. O M estre tinha 
voz segura e suave; passeava pelas vielas da emoção dos seus 
ouvintes; falava com os olhos e com os gestos. Seu corpo era 
uma sinfonia. Jesus foi um excelente comunicador de massas.
Os palestrantes da atualidade usam recursos multimídia. 
Alguns conferencistas travam sua inteligência sem o recurso 
de computadores para anim ar sua exposição. H oje em dia, as 
pessoas dependem cada vez mais de recursos exteriores para 
expor suas idéias. M as, Jesus não tinha nenhum recurso didá- 
tico externo para expor seus pensamentos, mas seus discursos 
e sua didática magnetizavam as platéias. Jesus era capaz de 
falar para milhares de pessoas ao mesmo tem po e ainda fa- 
lar para um público miscigenado. A coisa mais difícil é falar 
para um público constituído de adultos, crianças, intelectuais, 
iletrados. As crianças distraem os adultos; um a palavra difí- 
cil não é compreendida por quem tem menos conhecimen- 
to cultural. M as Jesus falava com maestria para milhares de 
pessoas. Para falar para as multidões, Ele procurava espaços 
abertos, calmos e com capacidade de difusão sonora, como o 
m onte das Oliveiras e as praias, por exemplo.
Suas conferências levavam as multidões a refletir. Q uem 
consegue amordaçar um divulgador de sonhos que liberta a 
emoção? Os lideres de Israel que os enviaram ficaram indig- 
nados. Os soldados, quando inquiridos porque não o prende- 
ram, responderam: “Nunca alguém falou como este hom em ”.
E S T U D O S DE T E O L O G I A158
V O L U M E 3
Raramente, os lideres espirituais de hoje têm um discurso 
vibrante, não apelativo, que provoque fascínio e inspiração. 
Raramente, falam ao coração e conseguem fazer que seus ou- 
vintes sonhem com as flores, apreciem a vida, superem suas 
angústias.
Sem nenhum a atitude apelativa, o M estre conseguia 100% 
de audiência nas proximidades em que estava. A té as crianças 
silenciavam suas mentes. Fazer que as pessoas deslocassem 
sua atenção do pão físico para o pão psicológico e espiritual 
era um a em preitada colossal.
M ais do que seus atos sobrenaturais, a sua oratória deixava 
assombrados homens e mulheres. Seus discípulos, ouvindo 
Jesus e convivendo com tudo isso, deram um salto espiritu- 
al e intelectual sem precedentes. Aprenderam a se comuni- 
car com criatividade. Venceram a timidez, a insegurança, a 
insensibilidade, o medo de ser rejeitado, incom preendido e 
criticado.
159e s t u d o s d e T e o l o g i a
Capítulo 4
A ORATÓRIA E SUAS RELAÇÕES
Tip os de oratória
A oratória é a arte de falar em público de form a elegante, 
precisa, fluente e atrativa. Existem, pelo menos, cinco formas 
distintas de oratória: acadêmica, forense, política, popular e 
religiosa.
A oratória acadêmica é utilizada nos discursos universitá- 
rios, nos grêmios literários e academias. É possível nas esco- 
las teológicas de grau superior.
A oratória forense é a que é empregada nos tribunais, exi- 
gindo dos oradores clareza, concisão e lógica nos seus dis- 
cursos.
A oratória política é empregada nos discursos que tratam 
de assuntos do Estado, envolvendo eloquências parlamentar, 
diplomática e popular. Dois aspectos essenciais da oratória 
política são: os discursos e os debates.
A oratória popular é a fala discursiva desprovida de m éto- 
do e erudição. Acontece nas ruas, nos festejos e nos protestos 
sociais. A oratória religiosa, ou sagrada, é aquela que procura 
difundir a religião por meio da prédica. Alguns mestres dão 
vários nomes às formas de comunicação verbal dos oradores
e n c i c l o p é d i a
religiosos, tais como: prática, prédica, homilia, sermão. Em 
síntese, prédica é o sermão que dá ao púlpito sacro toda bele- 
za e veemência de uma tribuna.
Ninguém como os cristãos im prim iram uma importância 
tão grande à prédica.
A oratória e a homilética
Homilética
É a “arte de preparar e pregar sermões”. Sem dúvida, a ho- 
milética - já que existe força criativa - “consiste na aplicação 
e adaptação dos princípios gerais da retórica à elaboração e 
transmissão do sermão”. Assim, podemos chamar a homiléti- 
ca de “retórica sagrada”.
O term o “homilética” é derivado do grego homilos, que 
significa “m ultidão”, “assembléia do povo”, derivando, assim, 
outro termo: homilia, que significa um “discurso com a finali- 
dade de convencer e agradar”. Portanto, homilética significa 
“a arte de pregar”.
Repetindo, a arte de falar em público nasceu na Grécia 
antiga com o nome de “retórica”. O cristianismo passou a 
usar esta arte como meio da pregação, que, no século 17, pas- 
sou a ser chamada de homilética. N a Idade M édia, devido à 
expansão do Catolicismo Romano pelo mundo, começou-se 
a desenvolver a homilética que, em seguida, foi aprimorada 
pelos reformadores.
A homilética é a adoção de técnicas da retóricagrega e da 
oratória rom ana na elaboração e pregação dos sermões. As
E s t u d o s d e T e o l o g i a162
V O L U M E 3
religiões pagãs e o judaísmo, por serem exclusivistas, qua- 
se não se interessaram em aprimorar a arte do discurso. O 
cristianismo, devido ao seu teor evangelístico universal, foi a 
religião que mais adotou o discurso em sua liturgia.
Sendo a homilética a “arte de pregar”, deve ser considerada 
a mais nobre tarefa existente na terra. A observação da hom i- 
lética no preparo de um sermão não é suprimir a inspiração 
e a unção do Espírito Santo, tão necessárias e indispensáveis 
à pregação do evangelho. Ela fornece ao pregador recursos 
para a elaboração dos pensamentos inspirados pelo Espírito 
Santo, colocando-os na ordem lógica.
Por termos a grande verdade a transm itir ao mundo, deve- 
mos possuir um grande m étodo para sua transmissão.
Eloquência e retórica
Ligadas à oratória, aparecem dois outros termos m uito re- 
lacionados entre si, mas distintos quanto ao significado: elo- 
quência e retórica.
Eloquência
Eloquência é um term o derivado do latim eloquentia, que 
significa: “elegância no falar”, “falar bem”, “garantir o sucesso 
de sua comunicação”, “capacidade de convencer”. É a soma 
das qualidades do pregador. N a verdade, estamos diante de 
uma palavra que perdeu o seu sentido original. M uitos falam 
dela de modo pejorativo. H á, porém, boas razões para vê-la 
dentro de um contexto mais amplo, em que se privilegiam o
163E s t u d o s d e T e o l o g i a
E n c i c l o p é d i a
convencimento e a persuasão daqueles que falam em público. 
Isso porque, todo orador, quando fala, quer ser ouvido. Caso 
contrário, para que falar em público? M as, como será ouvido 
se não conseguir prender a atenção de quem o escuta? Esse 
deve ser o grande exercício do orador: ser agradável aos ou- 
vidos e, tam bém , aos olhos do público. Para tal finalidade, 
precisa de persuasão e eloquência. A eloquência não é falar 
fácil e corretamente, impressionar os sentidos alheios, antes, 
é expressar o pensam ento próprio, com graça, equilíbrio, har- 
m onia e m uita perspicácia de tem po e lugar.
A eloquência pode ser desenvolvida na teoria e na prá-
A
tica da oratória. E a faculdade adquirida ou aptidão natu- 
ral do hom em para persuadir, aperfeiçoada ou não pela arte. 
Independente de técnicas, há pessoas que, mesmo incultas, 
possuem o poder da persuasão. D e algum modo, todo ser 
hum ano, em maior ou m enor grau, é capaz de promover no 
ânimo de outras pessoas os afetos, as emoções. E o falar não 
é o único modo de exprimir eloquência. Certas atitudes de 
postura física do pregador, como, por exemplo, o olhar, os 
gestos, a mímica facial, as lágrimas, os suspiros e, até mesmo, 
o silêncio são procedimentos poderosos de persuasão. A nti- 
gam ente, o sucesso do discurso dependia de tantas regras que 
cansava os ouvintes. Nos dias atuais, a eloquência se reveste 
de regras mais simples.
D o mesmo modo, a eloquência é de grande importância 
ao pregador. N o entanto, não se deve pensar que tais recur- 
sos seja o agente do sucesso da mensagem que transm ite. O
E s t u d o s d e T e o l o g i a164
VOLUME 3
apóstolo Paulo, extraordinário pregador, escrevendo aos co- 
ríntios, disse: “A m inha palavra e a m inha pregação não con- 
sistiram em palavras persuasivas de sabedoria hum ana, mas 
em demonstração do Espírito e de poder” (IC o 2.4). Paulo 
confiava na eloquência do poder ao invés de se firmar no 
poder da eloquência.
Por outro lado, podemos ver muitos pregadores que fa- 
lham na elegância e fluência na transmissão da mensagem 
divina, apesar de serem estudiosos, pesquisadores e inteligen- 
tes homens de oração.
Algumas regras de eloquência
■ Procurar ler, o mais que puder, sobre o assunto a ser 
exposto.
• Ter conhecimento do público ouvinte.
• Procurar saber o tipo de reunião e o nível dos ouvin- 
tes.
• Seriedade, pois o orador não é um anim ador de pia- 
teia.
• Ser objetivo, claro, para não causar desinteresse nos ou- 
vintes.
• Utilizar uma linguagem bíblica.
Retórica
D o grego réthor. “orador”.
E a arte de falar e escrever bem, tendo como alvo a persua- 
são dos ouvintes e leitores. Relaciona-se com a oratória, com
165ESTUDOS DE TEOLOGIA
E n c i c l o p é d i a
a lógica e com a eloquência. E o estudo teórico e prático das 
regras que desenvolvem e aperfeiçoam o talento natural da 
palavra, baseando-se na observação e no raciocínio.
A eloquência é, tam bém , um a das formas pelas quais a 
retórica se expressa e um a pessoa eloquente é aquela que 
transm ite corretamente sua mensagem e consegue persua- 
dir seus ouvintes. A filosofia e a teologia, por usar a razão e 
necessitarem expressar suas conclusões, foram as primeiras 
ciências a form atar o uso técnico desta ação. A oralidade e 
a escrita são formas de expressão do pensam ento humano, 
de onde dem andam todo um conteúdo que quando expresso 
deve, com proeminência, alcançar o alvo - o coração do in- 
terlocutor. Daí, a necessidade da expressão com lógica, clare- 
za e inspiração.
D e forma clássica, o discurso em que se aplica a re tó r ic a 
é verbal (oral), mas há, tam bém , e com m uita relevância, o 
discurso escrito e o discurso visual.
Exemplo de retórica no discurso escrito pode ser visto na 
ocasião em que Elias m andou um “r e c a d o d e D e u s ” para o rei 
Jeorão, em 2Reis 21.12.
Exemplo de retórica no discurso visual é quando Ezequiel 
serve de modelo do exílio para a nação, em Ezequiel 12.
Em verdade, a oratória é um dos meios pelos quais se ma- 
nifesta a retórica, mas não o único. Logo, a retórica, como 
m étodo de persuasão, pode se manifestar por todo e qualquer 
meio de comunicação.
E S T U D O S D E T E O L O G I A166
Capítulo 5
ORATÓRIA E A COMUNICAÇÃO
Oratória: “falar em público”.
Comunicação: “processo de transmissão e recepção de 
idéias, informação e mensagens”.
Nos últimos 150 anos, e, de maneira especial, nas duas 
últimas décadas, a redução dos tempos de transmissão da in- 
formação a distância e de acesso a ela é um dos desafios es- 
senciais de nossa sociedade. A atual comunicação entre duas 
pessoas é o resultado de processos múltiplos de expressão, 
desenvolvidos ao longo de séculos.
Os gestos, o desenvolvimento da linguagem e a necessida- 
de de interagir exercem aqui um papel importante. Para al- 
guns, a origem da linguagem resulta de atividades de grupo, 
como o trabalho e a oratória coloquial; ou seja, aquela que pra- 
ticamos em nosso dia a dia. Para outros, a linguagem se desen- 
volveu a partir de sons básicos que acompanhavam os gestos, 
seja por meio do falar em público - apesar do receio que mui- 
tos têm em falar em público; ou por meio do falar escrito.
A retórica - argumentação - neste contexto é tam bém in- 
serida.
E n c i c l o p é d i a
Os povos antigos buscavam meios para registrar a lingua- 
gem oral (oratória cotidiana). No começo, isso se fazia com 
símbolos. A medida que o conhecimento hum ano foi se de- 
senvolvendo, tornou-se necessária a escrita para transm itir 
informação da expressão verbal, ou seja, o falar em público. 
A primeira escrita foi a cuneiforme. Depois, desenvolveram- 
-se elementos ideográficos, nos quais o símbolo representava 
não só o objeto, mas tam bém idéias e qualidades associadas 
a ele. M ais tarde, a escrita cuneiforme incorporou elementos 
fonéticos, isto é, símbolos que representavam determinados 
sons. Somente mais tarde é que vieram as técnicas de como 
falar em público.
O desenvolvimento da civilização e das línguas escritas fez 
surgir também a necessidade de se comunicar a distância, de 
forma regular, a fim de facilitar o comércio entre diferentes na- 
ções e impérios. Com o aparecimento do papel, no século 11, e, 
mais tarde, da imprensa, no século 15, ampliaram-se as possibi- 
lidades de estudo, o que provocou mudanças radicais na forma 
de viver dos povos e na maneira como falar em público.
Nos séculos seguintes, as técnicas eas aplicações da im- 
pressão se desenvolveram, em geral, com grande rapidez, 
mesmo com o medo de falar em público. No século 19, sur- 
giu a fotografia — o cinetoscópio (máquina para projetar 
imagens em movimento) e o cinematógrafo.
U m dos mais espetaculares avanços das comunicações 
— comunicação de dados — produziu-se no campo da tec- 
nologia dos computadores. Os computadores digitais, des-
E s t u d o s d e T e o l o g i a168
VOLUME 3
de seu aparecimento, na década de 40, foram introduzidos 
nos países desenvolvidos em praticam ente todas as áreas da 
sociedade - indústrias, escritórios, hospitais, escolas, trans- 
portes, residências, estabelecimentos comerciais. M ediante a 
utilização das redes de informática e dos dispositivos auxilia- 
res, o usuário de um com putador pode transm itir dados com 
grande rapidez.
Para atender à necessidade de comunicação a distância, 
surgiram os serviços postais, que, no século 20, se fizeram 
acompanhar do telégrafo, do telefone e do rádio. Neste mes- 
mo século, o aparecimento da televisão constituiu um marco 
no campo da transmissão de imagens. O meio televisivo dis- 
seminou a retórica e a oratória (falar em público).
Ao longo da história, os meios de comunicação foram 
avançando, paralelamente à crescente capacidade dos povos, 
para configurar seu m undo físico e, tam bém , para um cres- 
cente grau de interdependência. A revolução das telecomu- 
nicações e da transmissão de dados impeliu o mundo para o 
conceito de “aldeia global”. E o medo de falar em público foi 
vencido pela oratória.
169ESTUDOS DE TEOLOGIA
Capítulo 6
0 PODER DA COMUNICAÇÃO
É cada vez maior o uso dos meios de comunicação com obje- 
tivos educacionais e integração do cidadão à sociedade. O mun- 
do moderno vive sob o domínio da comunicação. Daí, a neces- 
sidade imperiosa que o homem sente de se comunicar. Primeiro, 
pela linguagem falada. Depois, pela linguagem escrita.
A palavra “com unicar” vem do latim communicare, com a 
significação de “tornar comum”. Comunicação é convivência. 
Está na raiz de comunidade. Agrupam ento caracterizado por 
forte coesão, baseada no consenso espontâneo dos indivídu- 
os. Consenso quer dizer “acordo”, “consentim ento”. E essa 
acepção supõe a existência de um fator decisivo na comu- 
nicação hum ana, a compreensão de que ela exige, para que 
se possam colocar em comum idéias, imagens e experiên- 
cias. Isso implica em que transmissor e receptor estejam na 
mesma linguagem. Caso contrário, não se entenderão e não 
haverá compreensão. Assim, comunicação deve levar consigo 
a ideia de compreensão.
Não se admite, pois, o isolamento do hom em moderno, 
pois ele tem necessidade de identificar-se, de transm itir o
e n c i c l o p é d i a
que sente e o que pensa. Consequentem ente, é de im portân- 
cia vital que você, faça valer a sua personalidade por meio de 
uma comunicação inspirada na simpatia e na empatia.
A empatia, segundo o Dicionário Aurélio, é a “tendência 
para sentir o que se sentiría, caso se estivesse na situação e 
circunstâncias experimentadas por outra pessoa”. D e nossa 
parte, complementaríamos dizendo tratar-se da “técnica de 
saber se colocar sem emoções ou sentimentos no lugar de ou- 
tra pessoa, procurando encontrar explicação para as atitudes 
dela que fujam ao senso comum e norm al”.
N a simpatia, existe sempre um sentim ento emocional
muito forte envolvendo o julgam ento, tornando o indivíduo
tendente a ser capcioso. N inguém condenaria friamente a
pessoa que ama. O mesmo pode ser dito em sentido opos-
✓
to, ou seja, sobre a antipatia. E difícil julgar com isenção de 
ânimos a quem sentimos antipatia. Colocada como fiel na 
balança entre um a e outra, a empatia cumpre a finalidade 
de perm itir a análise sem que haja envolvimento emocional. 
Aquele que consegue desenvolver a empatia num nível mais 
elevado que o normal está entre aqueles que m elhor exerces- 
sem determinadas profissões, como psicólogos, psicanalistas, 
pastores, juizes, médicos, professores, entre outras profissões, 
em que a capacidade de julgar, apreciar e tratar o lado social e 
emocional das pessoas é im portante para o seu bom desem- 
penho.
Seja receptivo. Saiba receber críticas ao trilhar ambientes 
hostis. Essa é um a arma im portantíssim a ao orador. Pois, ao
E s t u d o s d e T e o l o g i a172
V O L U M E 3
perceber que o auditório não está correspondendo bem ao 
seu tema, poderá optar por uma nova atitude na exposição 
do pensamento, usando toda sua criatividade, no intuito do 
convencimento, sem se desanimar com a situação.
Seja equilibrado. Os pensamentos devem passar pelo crivo 
da meditação. Prudência, humildade e abalizamento teórico 
produzem o equilíbrio necessário ao orador. E esse equilíbrio 
será m uito útil, principalm ente ao hom em de Deus.
173E S T U D O S D E T E O L O G I A
Capítulo 7
ASPECTOS DA ORATÓRIA
Para que se possa considerar apto para enfrentar um au- 
ditório, o orador precisa, antes de tudo, está afinado com os 
três aspectos primordiais da oratória: discurso, discursador, 
auditório.
O primeiro aspecto, o discurso, refere-se à tom ada de po- 
sição do orador, do conhecimento mais amplo possível sobre 
o assunto a ser abordado e sobre a form a como ele deve abor- 
dar o assunto. A seguir, o aspecto referente ao discursador 
enfoca a pessoa de quem vai falar, relativamente seus atri- 
butos físicos e intelectuais, como, por exemplo, a postura do 
corpo, a colocação da voz, a gesticulação, etc.
Finalm ente, ao auditório, que é a razão prim ordial do ora- 
dor. É o auditório que justifica a existência do orador. Ele é 
o árbitro final.
O discurso
O orador, antes de começar a falar, deve saber o que vai di- 
zer; onde ou em que parte do discurso deve dizê-lo. E como 
haverá de dizê-lo. O primeiro princípio do discurso é ter um
E n c i c l o p é d i a
objetivo bem claro. Q ual é o centro do discurso? Por isso, 
não basta que ele tenha sido bem planejado, bem redigido, 
tem de ser bem emitido. Sabemos que as oportunidades são 
desperdiçadas quando as pessoas têm objetivos indefinidos 
ou confusos. O conteúdo é o mais im portante para que o 
orador possa influenciar os ouvintes. Todos os oradores que 
venceram os concursos de oratória dem onstraram preparo e 
domínio sobre o tema. O orador não deve, nunca, se apre- 
sentar com conhecimento superficial a respeito do assunto. 
Antes, deve estudar, pesquisar, consultar. Deve, sempre, saber 
m uito mais do que precisará para o momento. Essa “sobra” de 
informações lhe dará segurança e credibilidade.
O objetivo de cada discurso está em uma destas cinco ca- 
tegorias:
a) Entreter é levar o ouvinte a descontrair-se; ou seja, 
a descarregar sua tensão, predispondo-o à aprendiza- 
gem.
b) Informar é atingir o domínio cognitivo das pessoas, 
acrescentando-lhes algo que antes era desconhecido.
c) Inspirar é conceber idéias, descobrir expressões e saber 
aproveitar as circunstâncias, surpreendendo os ouvintes 
com o brilhantism o e o imprevisto da força da oratória. 
Esses toques inesperados são efeitos da inspiração que 
os oradores conseguem operar em nosso ânimo.
d) Persuadir é convencer; ou seja, é sujeitar a inteligência 
a reconhecer um a verdade, um fato, fundam entado em 
provas e argumentos.
Es t u d o s d e T e o l o g i a176
V O L U M E 3
e) Comover é mudar a disposição da vontade de um audi- 
tório para que ele experimente os mesmos sentimentos e 
emoções que o orador sente e tenta comunicar-lhe.
Divisões do discurso
Cada discurso, ensino ou pregação deve ter três partes: intro- 
dução, desenvolvimento e conclusão; ou seja, deve ter começo,
A
meio e fim, e, quanto mais simples, melhor. E necessário conca- 
tenar as idéias. Nesse caso, a objetividade é fundamental.
a) Introdução (exórdio)
N a introdução, há dois propósitos: (1) falar ao público so- 
bre a vantagem de ouvir o resto de seu discurso e (2) ante- 
cipar o que virá pela frente. A introdução é o vestíbulo do 
discurso.Ao se por diante do público, e tendo a incumbência 
de falar, é natural que o orador se sinta inibido para começar. 
Alguns gostam de contar um a anedota para se descontrair ou 
mesmo para descontrair o próprio auditório, que, muitas das 
vezes, pode estar tenso, indisposto e até cansado. Os resulta- 
dos favoráveis são imediatos, pois o gracejo exerce a função 
de “quebra-gelo” nas relações humanas.
Pode, tam bém , ser iniciado com um a pergunta, um a afir- 
mação, uma experiência, dependendo do ambiente ou da si- 
tuação. O objetivo é atrair o interesse do seu ouvinte.
b) Desenvolvimento (exposição)
C om entar o assunto apresentado na introdução. Nele, de-
177E S T U D O S D E T E O L O G I A
E n c i c l o p é d i a
ve-se explicar e reforçar o objetivo. Cada argumento deve ser 
apresentado de maneira clara, firme e bem destacada, para 
que os ouvintes possam relacioná-lo com o assunto. Os ar- 
gum entos devem ser numerados e dispostos em sequência 
gramatical, lógica e psicológica. O orador deve m anter seu 
discurso simples, fácil de ser entendido e bem organizado, de 
forma que o ouvinte se recorde do que foi dito.
A exposição é a parte mais difícil do discurso, pois o ora- 
dor precisa fazer m uito exercício m ental para ordenar suas 
idéias. Se as coisas não estiverem bem claras e bem ordenadas 
em sua mente, como poderão ser entendidas pelos ouvintes? 
O orador pode dizer muitas coisas certas e boas, mas será 
necessário ordená-las em sua mente, não só para que tenha 
facilidade de apresentar suas idéias, mas, fundam entalm ente, 
para que seja entendido.
Os argumentos são o arsenal de fogo do orador e podem 
ser apresentados em form a de (a) questionam ento - quando 
o orador faz a pergunta e a responde ou quando ele imagina 
que o ouvinte está perguntando; (b) refutação - quando se 
corrige idéias erradas.
c) Conclusão (peroração)
Conclusão é uma form a de avaliar o conteúdo do discurso. 
E como se fosse uma revisão do discurso. Nela, o orador vai 
dizer aos ouvintes o que eles ganharam em tê-lo ouvido. Seu 
público deve se sentir recompensado por ouvi-lo e, conse- 
quentem ente, deve se sentir interessado, informado, estimu-
ESTUDOS DE TEOLOGIA178
V O L U M E 3
lado, persuadido ou convencido após ouvi-lo. Em seguida, 
peça-lhes para agir ou reagir às suas idéias. U m a prédica sem 
um “apelo” específico é uma oportunidade desperdiçada.
Pedro, no dia de Pentecostes, ao defender a tese de que o 
fenômeno ali verificado não era a embriaguez dos discípulos, 
mas o cum prim ento de profecias, provocou um a necessidade 
angustiante nos ouvintes, que clamaram: “Q ue faremos, va- 
rões irmãos?”. A resposta do apóstolo foi a sua conclusão (At 
2.37,38).
Se a conclusão é um convite teórico, o apelo é um convite 
prático. M as, o orador deve ser breve e educado (não insis- 
tente e constrangedor).
O discursador
O orador é distinguido pela maneira como expressa sua 
emoção. Não se preocupa apenas em transm itir o conteúdo 
de sua comunicação, antes, tem de falar à inteligência, pro- 
vocar a imaginação e despertar sentimentos. O discurso não 
pode ser frio, cheio, apenas, de razão e arte. Tem de ser uma 
expressão real de vida, uma expressão real de experiências 
por ele vividas. O orador, ao falar, precisa vibrar de emoção. 
M uitos falham nessa parte. Não transm item alegria. Não co- 
munica esperança. E não expressam vitória. A retórica sem 
emoção é comida sem tempero.
Por outro lado, não devemos pensar que a eloquência é 
apenas emoção. Não se pode confundir eloquência com altu- 
ra da voz. Por pensarem assim, muitos confundem eloquên-
179E s t u d o s d e T e o l o g i a
En c i c l o p é d i a
cia com gritaria e berros, com tiradas demagógicas, frases de 
efeito, pieguice e um “blá-blá-blá” inconsequente. Um orador 
pode falar bem alto e não ser eloquente.
Também, não devemos confundir eloquência com cho- 
ramingas e lamentações que provocam impacto emocional, 
arrancam lágrimas e arrastam as pessoas a decisões ilusórias. 
A eloquência legítima é incompatível com a demagogia.
O orador deve apresentar um conteúdo que desperte o 
interesse do receptor. A sua codificação deve ser adequada; 
ou seja, proporcional ao nível cultural e à especificidade do 
auditório. O orador deve estar atento, durante o processo de 
comunicação, para verificar se está havendo receptividade. 
Q ualquer sinal de desinteresse ou desatenção deve levar o 
orador a fazer um a avaliação de seu com portam ento, para 
eliminar, em tempo, todas as interferências. As palavras de- 
vem sensibilizar o auditório, por isso, cabe ao orador, con- 
trolar a sua emissão e se certificar de que realmente ela está 
chegando ao destinatário.
Concluímos, então, que há uma íntim a relação entre a elo- 
quência e a comunicação. Assim, não há comunicação se o 
receptor não recebe e não responde à mensagem. Também, 
não há eloquência sem persuasão. A atenção dos assistentes, 
o seu interesse e sua anuência ao apelo do orador são provas 
de sua eloquência; isto é, houve comunicação.
O orador não deve elaborar discursos longos, nem fazer lei- 
turas prolongadas, porque se debilitam em sua própria extensão 
e acabam sempre fatigando o auditório. Sabe-se que discursos
Es t u d o s de T e o l o g i a180
V O L U M E 3
muito longos causam desmotivação nos ouvintes. Portanto, 
procure mostrar suas idéias de forma sucinta e rápida.
Certo palestrante disse: “Serei breve para ser ouvido”.
O orador precisa ter senso de duração: saber o tempo de en- 
trar e sair no assunto. Conhecer a condição física do ouvinte, 
nesse momento, é muito importante, pois, se ele estiver cansa- 
do, não se sentirá estimulado a ouvir o seu sermão ou palestra. 
Como se deve demonstrar equilíbrio quanto ao tempo da fala 
para não ser curto demais ou enfadonho demais? O segredo é 
ter conteúdo e ser breve. Se o orador não tiver conteúdo, pelo 
menos seja breve, senão vai fazer os presentes dispersarem. O 
tempo rege qualquer discurso; ele é marcante em todas as re- 
lações. Procure praticar o poder de síntese. Como disse Lutero, 
ser eloquente é saber se fazer entender. O orador deve saber 
transmitir sua mensagem de maneira clara e convincente e não 
ser cansativo.
Nessa classificação, podemos inserir os pregadores como 
oradores privilegiados, pois, além de todos os requisitos pes- 
soais exigidos pela retórica e pela oratória, eles contam com a 
assistência divina no exercício de sua missão.
Tal assistência é chamada de “unção espiritual”.
O auditório
Geralm ente, o público é formado por pessoas com perfis 
distintos e, por isso, possuem aspectos de percepção, resis- 
tência e análise diferentes. Assim, o que interessa como fonte 
desta análise são as características predom inantes do público
181E S T U D O S D E T E O L O G I A
e n c i c l o p é d i a
em si. As principais características do público são:
Sexo
N a capacidade do entendim ento, homens e mulheres 
são iguais. A diferença reside, basicamente, na forma como 
apresentá-los ao tem a proposto. Estudos recentes reforçam a 
ideia de que homens aceitam m elhor exposições com dados 
lógicos, números e concatenados. Enquanto mulheres, por 
possuírem a sensibilidade e a intuição, em geral, mais desen- 
volvidas, tendem a aceitar argumentos sem a necessidade das 
provas e da maneira como são ordenados.
Idade
O público pode ser dividido em quatro faixas etárias: in- 
fantil (até 12 anos), jovem (entre 12 e 18 anos), adulto (entre 
18 e 70 anos) e idoso (acima de 70 anos). Devemos nos pre- 
parar para reconhecer e a aplicar recursos ao tem a condizen- 
tes com a necessidade de cada uma delas, para obtermos o 
fim desejado.
N íve l sociocultural e intelectual
A Bíblia diz que a humildade precede a honra. M as, não 
devemos ser simplistas, a ponto de desconsiderar as diferen- 
ças entre pessoas que têm formação e convivências diferentes 
em seu cotidiano. Poderemos ter várias situações como um 
rico inculto, um pobre com formação superior,um rico sábio,
E S T U D O S D E T E O L O G I A182
V O L U M E 3
um pobre ignorante, etc. Em nosso caso, igrejas mais ou me- 
nos doutrinadas ou mais ou menos abastadas.
Além de se ter essa percepção sobre a heterogeneidade 
de um público, faz-se necessário, ao orador, considerar as se- 
guintes questões:
• Q uem é o seu público?
• É um público heterogêneo ou homogêneo?
• Q ual é a expectativa do seu público?
• Com o você pode atender a essa expectativa?
• D e quanto tem po você dispõe para transm itir a sua 
mensagem?
183E s t u d o s d e T e o l o g i a
Capítulo 8
0 ORADOR E 0 PÚBLICO
Existem três elementos que se equalizam em discursos, pa- 
lestras e seminários: o orador, com sua bagagem de conhecí- 
mentos, experiências e personalidade; a explanação, com o seu 
conteúdo pertinente; e o auditório, com quem o orador par- 
tilha seus argumentos. O elemento integrador em um espaço 
de comunicação é quem fala. O orador é, portanto, um dos 
principais fatores determinantes do sucesso.
Convencer! Esta é a grande conquista, mas tam bém o 
grande desafio para quem fala em público. M as, por faltar 
muitas vezes a inspiração, os dons, o carisma e o caráter, um 
número grande de oradores não convence. M as, devemos ser 
advertidos de que, por m elhor que seja o orador, é impossível 
agradar todas as pessoas do auditório. H á sempre quem deixa 
o recinto mais cedo, ou que adormeça, ou que não goste da 
forma como decorreu o discurso. Tam bém , devemos ser sa- 
bedores de que, falar em público com o propósito de agradar 
a todas as pessoas, é incorrer num erro.
O orador deve passar sua visão sobre determ inado assunto, 
mesmo que seja contrário a algumas pessoas que se encon-
E N C I C L O P É D I A
tram no auditório. Tudo é válido para facilitar a compreensão 
do público: recursos audiovisuais, dinâmicas de grupo, depoi- 
m entos pessoais, ampliações de idéias, motivação do público, 
entre muitas outras coisas.
Personalidade do orador
H á fatores da personalidade do orador que devem 
ser dignos de nota, pois são fundamentais para o seu sucesso. 
Podemos denom iná-los de perfis da personalidade: (1) Es- 
p iritua l— nunca é demais iniciar dizendo que o orador tem 
que ser um hom em de fé, pois esse perfil jamais pode faltar 
a qualquer; (2) M oral-— a vida do orador deve sempre falar 
mais algo do que suas palavras; (3) Intelectual — o orador 
deve estar bem ciente de que escolheu um a função intelec- 
tual, que irá trabalhar mais com o cérebro do que com as 
mãos e os braços. Por essa razão, exige-se que o orador seja 
inteligente, am ante dos livros, criativo e culto. Tem de ser 
um a pessoa em dia com o seu tem po - atualizado. 4) Psico- 
lógico — o orador tem de ser um a pessoa equilibrada mental 
e emocionalmente, porque, por suas palavras, vai revelar esse 
equilíbrio. A psicologia da linguagem nos ensina que as pa- 
lavras não são portadoras apenas de idéias, mas de emoções, 
de tem peramento, e revelam motivações até inconscientes. 
As idéias, acompanhadas de emoções (alegria, tristeza, ira, 
amor, medo, coragem), revelam o tem peram ento (agressivo, 
submisso, introverto, extrovertido) e as motivações (cons- 
cientes ou inconscientes). H á oradores que transm item mais
e s t u d o s d e T e o l o g i a186
VOLUME 3
a sua personalidade quando falam do que suas idéias, trans- 
formando o púlpito, a tribuna, às vezes, num divã de psi- 
canálise, trazendo à tona abundantes dados de sua doentia 
personalidade ao invés de ser uma fonte de orientação sadia. 
H á oradores que falam mais de si do que das verdades que os 
ouvintes foram buscar.
Estilo próprio
A palavra “estilo” vem do latim stilus, que era um a haste
pontiaguda, um estilete ou ponteiro de escrever. Os romanos
o usavam para escrever sobre tabuinhas cobertas de cera. A
partir de então, a palavra estilo passou a ter sentido figurado.
O modo de escrever, de falar e a postura física podem indi-
car o estilo de cada um. O orador dem onstra seu estilo pela
*
maneira como se expressa. E comum aos iniciantes imitarem
o estilo de oradores que admiram; prática não recomendável,
porque pode anular-lhes a personalidade. Imaginemos que
*
alguém ouça um orador e o identifique com outro. E aceitá- 
vel que um iniciante apresente alguma característica de um 
orador que admira. Essa admiração pode ser m antida, mas 
o tem po e a experiência contribuirão para tornar o orador 
autêntico, a desenvolver o seu próprio estilo. Esse estilo é a 
maneira de se expressar, na prédica, o seu pensamento. Cada 
um tem características próprias e deve usá-las, para que, no 
púlpito, sua autenticidade não seja apagada.
As características pessoais de expressão são respeitadas por 
Deus, que usa pessoas tais como elas são. O Senhor não usa
187ESTUDOS DE TEOLOGIA
e n c i c l o p é d i a
robôs, mas pessoas de personalidade firme e saudável. Sua 
Palavra é canalizada em nosso ser, e a unção divina flui por 
meio da nossa personalidade. Não confundamos personali- 
dade com individualismo. A individualidade é respeitada e 
necessária, para que a nossa personalidade não seja apagada.
Entretanto, o individualismo não é característica reco- 
mendável, visto ser uma manifestação negativa e egocêntrica 
que rejeita a submissão ao Senhor. Deus não quer que o in- 
dividualismo anule sua Palavra, mas tam bém não deseja que 
percamos a nossa individualidade. “O estilo é o hom em ”, dis- 
se certo escritor. A linguagem, a forma e a expressão podem 
ser desenvolvidas pelo orador, e o resultado será o estilo.
Autoridade
O estilo do orador é percebido pela autoridade espiritual 
que manifesta em suas predicações. A Palavra de Deus deve 
ser falada com autoridade espiritual, a fim de que a prédica 
não seja mera exibição retórica. U m a personalidade fraca ge- 
rará pregação fraca e sem autoridade. O princípio de autori- 
dade que rege o orador reside na sua submissão à Palavra de 
Deus, que é maior que ele. Sua autoridade sobre o auditório é 
tanto maior quanto maior for a autoridade da Palavra divina 
sobre o orador. Paulo dem onstrou autoridade em sua prega- 
ção, conforme está escrito em T ito 2.15.
Sinceridade
A palavra “sincero” é derivada do latim, significando “sem
e s t u d o s d e T e o l o g i a188
V O L U M E 3
cera”. O term o grego significa “testado ao sol”. Os antigos 
produziam um tipo fino de porcelana que, quando exposta 
ao calor do forno, fissuras diminutas apareciam. M ercadores 
desonestos esfregavam cera branca, perolada, por sobre tais 
fissuras, e as peças eram vendidas como sendo íntegras — a 
menos que fossem expostas ao sol. Os mercadores honestos 
marcavam suas peças intactas com as palavras sine cera —
a . sem ceraמ 
Essa é a sinceridade genuína. N ada de máscara, nada 
de hipocrisia. N ada de rachaduras recobertas e escondidas. 
Q uando a verdadeira sinceridade fluí de nossa vida, apro- 
vam-se as coisas. Nós, que nos empenhamos num a busca de 
caráter, devemos perm itir que a sinceridade se torne nosso 
distintivo de excelência.
Com o podemos ver, toda ênfase é colocada na expressão 
da personalidade do orador, que deve sempre se lem brar que 
existem muitos ouvintes atentos, esperando receber alguma 
coisa boa. Tudo que o orador falar hoje poderá ser usado con- 
tra ou a favor dele amanhã. Portanto, palavras não são apenas 
palavras e orador precisa ter responsabilidade, sinceridade e 
princípios éticos para com o público.
Existem cinco regras fundamentais na oratória, estabele- 
cidas por Aristóteles, filósofo grego e grande orador, e muitos 
de seus pensamentos perduram até hoje:
a) O êxito da comunicação depende da sinceridade do 
orador.
b) U m bom orador dem onstra conhecimento.
189E S T U D O S D E T E O L O G I A
E n c i c l o p é d i a
c) A oratória é um meio de comunicação e não de exi- 
bição.
d) O propósito, ao falar, é receber a atenção do público.
e) A eficácia de um discurso depende, em grande parte, da 
naturalidade dos nossos gestos.Postura do orador
A postura pode ajudar ou dificultar a exposição. A expres- 
são é m uito im porte, pois transm ite os sentimentos. Assuma 
um a postura física firme e decidida. Tal posição, inclusive, 
dem onstrará sua confiança em si mesmo e no que pretende 
dizer. O mais im portante é, quando falar, esquecer a avaliação 
alheia e a vaidade própria, concentrando-se na ideia que deve 
transmitir, dando o máximo de si para que essa seja compre- 
endida.
Objetivando capacitar o orador, teceremos somente algu- 
mas considerações sobre a maneira de como se postar e se 
portar diante de um público. Vejamos:
A cabeça
O semblante é a parte mais expressiva de todo o corpo. 
Funciona como uma tela, onde as imagens do nosso interior 
são apresentadas em todas as dimensões. Trabalha, também, 
como identificador de coerência e sinceridade das palavras. 
Deve dem onstrar exatamente aquilo que se está dizendo.
A boca
E s t u d o s d e T e o l o g i a190
V O L U M E 3
A boca comunica quando fala, tanto quando cala. E ela 
que determ ina a simpatia do semblante.
A importância do sorriso
O sorriso poderá quebrar barreiras aparentem ente in- 
transponíveis. Desarm a adversário, conquista inimigos, muda
A
opinião, abre vontades e corações. E um elemento especial na 
comunicação e deve ser largamente utilizado.
Comunicação visual
Os olhos possuem im portância mais evidenciada na ex- 
pressão verbal. Falar olhando fixamente para um a pessoa 
entre várias pode parecer que está se referindo a ela. O lhar 
insistentem ente, deixará o ouvinte pouco à vontade, descon- 
certado. O extremo tam bém deve ser evitado, se m anter os 
olhos voltados ao teto, ao chão, às paredes, pode parecer medo 
de encarar o público ou desrespeito para com os mesmos.
Roupas e acessórios
O orador, entre outros cuidados, deve evitar roupas ber- 
rantes, transparentes, amassadas ou em desalinho. Excesso 
de bijuterias e de maquiagem deve ser evitado pelas mulhe- 
res. Barba por fazer, gravata torta, cabelo em desalinho, pelos 
homens. Evite qualquer exagero que possa distrair a platéia.
Voz, dicção,pronúncia
A voz é a ligação entre o orador, suas idéias e os ouvintes.
191e s t u d o s d e T e o l o g i a
E n c i c l o p é d i a
E o cartão de visita do orador. A voz projeta para o ambien- 
te a personalidade do comunicador. G rande parte da força 
daquilo que dizemos está na maneira como dizemos. Os ou- 
vintes podem reagir mais ao modo como o orador faz do que 
àquilo que ele diz. As pessoas nos julgam pelo m odo como 
falamos. N em todos os oradores que venceram os concursos 
possuíam voz bonita, que pudessem servir de exemplo estéti- 
co, mas todos, sem exceção, dem onstraram personalidade na 
maneira de se expressar.
Independentem ente da qualidade estética da voz, o ora- 
dor deve falar com firmeza e dem onstrar personalidade na 
maneira de se expressar. Com a voz, ele informa, sugestiona, 
persuade, fascina ou desencanta os ouvintes. Voz de qualida- 
de transmite: segurança, credibilidade, sentim ento e emoção. 
Para educar a voz, o orador precisa perceber sua “fraqueza” 
específica, que pode ser uma voz fraca, rouca, fanha, estri- 
dente, infantilizada, arrastada, efeminada ou ríspida. Esses 
problemas podem passar uma imagem errônea do orador, 
levando-o a ser considerado tímido, m onótono, desajustado, 
impaciente ou autoritário.
Andamento e ritmo
Este elemento está associado à quão rapidam ente o orador 
articula as palavras e sons, ou seja, sua dicção. A intensidade 
é a força com que o som é produzido. O nível da intensidade 
vocal deve variar conforme o lugar. A voz do orador deve ser 
ouvida em todo o ambiente. Não fale forte demais o tempo
E S T U D O S D E T E O L O G I A192
V O L U M E 3
todo. Poderá irritar os ouvintes ou passar a ideia de que é 
agressivo. Não deve falar fraco demais o tem po todo. As pes- 
soas não ouvirão e deixarão de prestar atenção. Intensidade 
excessivamente forte ou fraca provoca m onotonia. Voz baixa 
usada conscientemente, colocada em m om entos im portan- 
tes, chama a atenção dos ouvintes.
Ênfase
Este elemento diz respeito à tonicidade de suas palavras 
e sílabas. E necessário que as pessoas consigam captar re- 
almente sua intenção. Existe uma parte da oração (ou do 
contexto) que, quando enfatizada, melhora a representação 
da sua ideia. A ênfase da voz, quando usada de form a apro- 
priada, transm ite ao ouvinte a ideia exata do que se deseja 
comunicar. M uitos discursos são interpretados erroneamente 
porque o orador não coloca ênfase sem suas palavras e deixa 
a interpretação a critério do ouvinte.
Pausa
Pequena parada, antes ou depois de um ponto relevante, é 
um dos mais im portantes recursos da voz. A pausa dá tempo 
ao público para refletir e compreender m elhor a mensagem 
e tem po ao orador para olhar para a platéia. C ria expectati- 
vas nos ouvintes. Permite o controle da respiração. As pau- 
sas oferecem oportunidade de ganhar domínio sobre si nos 
pontos difíceis do discurso. Pausa não é silêncio sem signi- 
ficado. Às vezes, o silêncio pode ser mais eficaz do que as
193e s t u d o s d e T e o l o g i a
En c i c l o p é d i a
palavras. U m a pausa curta pode parecer um longo período 
para o orador, mas, para o ouvinte, é uma oportunidade de 
absorver a informação ou acordar, caso tenha adormecido. 
Bem aplicada, mexerá com os sentim entos dos ouvintes. O 
silêncio planejado é mais eloquente do que as palavras soltas 
sem sentido.
O orador deve evitar pausas longas demais, m ui- 
tas pausas ou, então, não fazer pausa nenhum a. D uran te 
a pausa, o orador deve continuar olhando para os ouvin- 
tes. Pausar antes de um a ideia im portan te gera expectati- 
va. Pausar depois, oferece a oportunidade de refletir.
A pausa dram ática, isto é, pausa mais longa, deve ser 
usada em declarações m uito significativas, vindo depois de 
um a declaração enfática. A pós a pausa, o orador deve dizer 
as palavras com mais ênfase e energia, o que evidenciará 
aos ouvintes que não se perdeu ou esqueceu algo, que usou 
conscientem ente o recurso da pausa.
Volume
Este elemento está associado à modulação do discurso. 
Caso sua apresentação dure mais de três minutos, é necessá- 
rio modular o volume vocal. Lem bre-se, sempre, de que a sua 
voz deve ser ouvida por todo o auditório. Convém distinguir 
eloquência (arte de pregar) de estridência (arte de gritar).
O orador deve usar voz condicionada, isto é, adequada ao 
tam anho do auditório, porque não é gritando que se conven- 
ce ou se persuade. Não é necessário que o orador eleve a voz
ESTUDOS DE TEOLOGIA194
V O L U M E 3
diante de um pequeno número de pessoas. A voz deve ser 
ouvida por todos sem ser alteada.
Ao discursar, verifique se a últim a pessoa do auditório 
está ouvindo bem, e regule sua voz por essa pessoa. Jamais 
fale dirigindo-se somente aos mais próximos, pois isso o im- 
pede de se comunicar com as demais pessoas presentes. Não 
fale olhando para baixo, mas fale olhando em direção aos que 
estão ouvindo, nas últimas poltronas A voz será agradável se 
o orador evitar a m onotonia, procurando im prim ir um colo- 
rido especial à exposição. A inflexão, modulação ou tom de 
voz, deve acompanhar as palavras. Sentindo as palavras, o 
orador saberá dizê-las expressivamente.
Velocidade
Com certeza, você, amado leitor, já ouviu alguém falar sem 
pontos ou sem vírgulas. Parece uma m etralhadora, suprim in- 
do as mentes dos ouvintes, pois ninguém é capaz de enten- 
der frases pronunciadas com tal velocidade. Por outro lado, 
há tam bém os que falam tão devagar que o ouvinte acaba 
ficando aflito e impaciente. A modulação de voz deve estar 
de acordo com o tem a da palestra e com o preparo dos ouvin- 
tes. Q uanto mais difícil for o assunto da palestra, ou quanto 
maior for o despreparo da platéia, mais lento deve ser o dis- 
curso. A alternância de volume e velocidade da voz acarreta 
boa impressão na platéia, desde que se m antenham requisitosde boa pronúncia.
Não fale muito depressa. Será difícil entendê-lo, porque
195e s t u d o s d e T e o l o g i a
E n c i c l o p é d i a
vai atropelar as palavras ou comer sílabas (sons). Poderá pas- 
sar a mensagem de que está ansioso. O orador deve sentir a 
velocidade ideal para poder articular, de forma clara, os sons. 
Não fale m uito devagar. Oradores lentos na fala entediam os 
ouvintes. Fale no ritm o certo.
Pronúncia
Para ser mais bem compreendido e aum entar a credibi- 
lidade, um a boa pronúncia é indispensável. Pronunciando 
todos os sons corretamente, a mensagem será compreendida 
m elhor pelos ouvintes e haverá maior valorização da imagem 
de quem fala. Entre os sons mais negligenciados, estão os 
“erres” finais e os “is” intermediários (pegá - pegar; jardine- 
ro - jardineiro), além do deslocamento de algumas palavras 
(pra - para; tam ém - também) e do deslocamento de letras 
(cardeneta - caderneta; estrupo - estupro).
A providência é uma autoanálise para identificar suas 
imperfeições, mas jamais perder a naturalidade em situações 
intermediárias desta aprendizagem. M esm o estando bem 
preparado, a improvisação, em alguns m om entos, é funda- 
m ental e necessária. O ato de falar em público é algo im - 
previsível. Portanto, em algumas situações, o orador terá de 
exercitar e desenvolver a habilidade da flexibilidade.
Vocabulário
*
E a quantidade e a qualidade de palavras conhecidas pelo 
orador, que hão de facilitar a desenvoltura, a clareza e o suces-
E s t u d o s d e T e o l o g i a196
VOLUME 3
so de um pronunciam ento, da expressão de idéias, da articu- 
lação do raciocínio em frases. U m bom vocabulário tem que 
estar isento do excesso de termos pobres e vulgares, como pa- 
lavrões e gírias. Tam bém , não se recomenda um vocabulário 
repleto de palavras difíceis e quase sempre incompreensíveis. 
O orador deve evitar, ainda, o vocabulário específico da sua 
profissão diante de pessoas não familiarizadas com esse tipo 
de linguagem. A amplitude desse repertório é conquistada 
com m uita leitura e testes de substituição de palavras de um 
texto por sinônimos.
Assim, o orador desenvolverá um vocabulário simples, 
objetivo e suficiente para identificar todas as suas idéias e 
pensamentos.
O desenvolvimento de um bom vocabulário
Devemos procurar ler bons livros, revistas, jornais, entre 
outros textos, com um a caneta e um pedaço de papel em mão. 
O mesmo é válido ao ouvirmos um a palestra-aula.Toda pala- 
vra desconhecida ou de significado incorreto deve ser anota- 
da para posterior consulta em um dicionário. Pesquise, então, 
essas palavras, anotando seus significados. C onstrua algumas 
frases usando a nova palavra com seu(s) significado(s). Apli- 
que, de forma adequada e coerente, a nova palavra em suas 
conversas e escritos. Não se esqueça de que toda nova ideia e 
sua expressão só se estabelecem com a prática. Assim, irá in- 
tegrando, definitivamente, novas palavras ao seu vocabulário. 
O utros pontos a serem evitados são:
197E S T U D O S D E T E O L O G I A
ENCICLOPÉDI A
Gírias
Seu uso exagerado dem onstra pobreza de vocabulário, 
mas, se o orador a utiliza dem onstrando que o faz conscien- 
tem ente, pode servir como um meio de aproximação sua com 
o público.
Termos incomuns
Bem compreendidos apenas por platéias cultas, difíceis de 
serem encontradas. As palavras simples são preferíveis pela 
forma mais direta com que representam as idéias, sendo bem 
aceitas por qualquer tipo de público.
Termos técnicos
Em um grupo homogêneo de pessoas de um a mesma pro- 
fissão ou classe, o uso de termos técnicos próprios desse gru- 
po é normal. Fora desse contexto, o orador deve explicar todo 
term o técnico que julgou necessário utilizar, pois, de outra 
forma, cometería uma desconsideração para com o público, 
que não é obrigado a conhecer aquele termo.
Chavões efrasesprosaicas
Tudo, neste m undo que conhecemos, se desgasta, inclusive 
as palavras. O orador deve evitar chavões e frases vulgares, a 
menos que a sua interpretação possa, ao m ostrar um ângulo 
novo de visão desses termos, im prim ir nova vida e instigar a 
reflexão de quem ouve.
Es t u d o s d e T e o l o g i a198
V O L U M E 3
Tiques e maneirismos
São sílabas, palavras e até frases inteiras que destroem óti- 
mas oportunidades de se utilizar as pausas. Alguns exemplos: 
ne , ta , ta entendendo? , entendeu? , haaa! , huummm! 
são ruídos mais típicos de quem não sabe que palavras usar 
ou de quem term ina uma frase com tom de voz não con- 
clusivo e acaba se perdendo no discurso. Representam vícios 
de comunicação que devem ser combatidos com atenção e 
afinco.
Gramática
Um erro gramatical, dependendo de sua gravidade, poderá 
atrapalhar a sua fala em seu conteúdo e destruir a imagem 
que deseja demonstrar. Cuide da gramática. Toda gramática 
precisa ser correta, mas, principalmente, faça um a revisão de 
concordância e conjugação de verbos. Para não com eter erros 
infantis ou até mesmo vulgares, exemplo: “Conheci uma jo- 
vem e nunca vi alguém como-ela . Lem bre-se de que a leitura 
é um a excelente fonte de aprendizado. O pte sempre por ler 
algo edificante que trará tam bém outros tipos de conheci- 
mento.
Naturalidade
Não estimule seu nervosismo. Ao se aproximar sua hora 
de falar, domine a ânsia (roer unhas, cruzar e descruzar per- 
nas e braços, andar de um lado para o outro ou ter outras 
atitudes), que só serve para aum entar o nervosismo. Im ponha
199E S T U D O S D E T E O L O G I A
E n c i c l o p é d i a
uma atitude serena ao seu corpo, pois, mesmo que pareça 
forçada no início, você verá um sadio reflexo de sua atitude 
serena quando em itir as primeiras palavras.
Procure reproduzir a espontaneidade da fala praticada dia 
a dia jun to aos amigos e familiares. Ser natural não significa 
ser despreocupado e negligente, de modo a gerar desconfian-
A
ça. E preciso entender a diferença de quem está na frente 
da platéia, disposto à comunicação cotidiana (concordância, 
plural, conjugação verbal) e o público. Os defeitos de estilo 
e as incorreções de linguagem precisam ser combatidos com 
estudo, experiência, disciplina e trabalho persistente.
Somente se é natural e emocionante se demonstram os do- 
m inar o assunto tratado e ter sempre mais informações do 
que será necessário repassar. Leitura, estudo, pesquisa, obser- 
vação ativa e pessoal colaboram com essa proposta. Q uan- 
to mais espontânea for a sua maneira de se comunicar, mais 
confiança você sentirá e mais respeito e admiração terá do 
público. Tenha em m ente que, se a sua comunicação apre- 
sentar erros técnicos, mas preservar a naturalidade, poderá 
conquistar credibilidade. Entretanto, dificilmente acredita- 
rão em suas palavras se você for artificial.
Uso do microfone
Seja qual for o modelo, a posição ideal para falar são 10 
cm da boca, abaixo, na direção do queixo. Não se deve olhar 
para o microfone, exceto nos primeiros segundos da fala para 
posicionamento, ou na eventualidade de ter que virar o corpo
e s t u d o s d e T e o l o g i a200
V O L U M E 3
para enxergar uma parte lateral da sua platéia.
Os de pedestais são flexíveis, se seguro com a mão deve ser 
posicionado com a distância já referida e deixá-lo descansado 
junto com o braço em m om entos breves de intervalo, sempre 
cuidando para que o trem er do corpo e os gestos não afastem 
o microfone da boca e, dessa forma, não perca a qualidade de 
som. Com o microfone de lapela, o orarador tem mais liber- 
dade. M as, deve ter cuidado, porque esse tipo de microfone 
capta tudo o que se fala, até mesmo comentários paralelos.
Atitudes desaconselháveis ao orador
Não se trata de um a passarela por onde desfilam somente 
os mais formosos e elegantes, mas, temos de convir, que a 
expressão física do orador o ajuda no desempenho de seu 
discurso. Vejamos:
• Tiques, cacoetes com mãos, braços, pernas, pés, olhos, 
cabeça e sobrancelhas.
• Excesso ou falta de gestos. Colocar as mãos nosbolsos, 
costas ou na frente do corpo.
• Segurar o pulso. A brir m uito as pernas quando parado. 
Cruzar os braços.
• Cruzar as pernas em pé.
• Tocar o nariz, pescoço e orelha, várias vezes.
■ Falar e ficar se movimentando nervosamente de um 
lado para o outro.
• Para falar, pare e olhe para a platéia, fale, depois se mo- 
vimente.
201E s t u d o s d e t e o l o g i a
En c i c l o p é d i a
• Apoiar-se sobre uma das pernas (postura deselegan- 
te).
• Passar imagem de arrogante (cabeça e tórax muito er- 
guidos).
■ Passar imagem de excesso de humildade (cabeça baixa, 
ombros caídos).
Falar com fisionomia rígida ou desanimada.
D ar as costas para a audiência enquanto fala.
Ficar parado num ponto por m uito tempo.
Ficar com uma ou as duas mãos na cintura.
Apoiar-se em mesas, cadeiras, tribuna e parede.
O lhar fixo para um ponto: pessoa, chão, teto.
Balançar para os lados ou para frente.
Coçar-se. Assoar o nariz.
Ficar pendendo para um lado.
Dram atização teatral: gestos m uito largos ou senti- 
mentais.
Ficar arrum ando o cabelo.
Tentar esconder a folha de apoio para leitura.
Pigarrear para melhorar a voz. Lubrifique as cordas vo- 
cais bebendo água.
A rrum ar a roupa. Exemplos: colocar a camisa para 
dentro da calça, afrouxar ou ajustar a gravata.
M anias, vícios. Exemplos: tirar e colocar os óculos vá- 
rias vezes. M anipular objetos, como canetas, anel, gra- 
vata, pulseiras. Colocar a haste dos óculos ou caneta na 
boca.
Es t u d o s d e t e o l o g i a202
VOLUME 3
• Andar: não ande rápido ou lento demais, dem onstrará 
nervosismo ou entediará a platéia.
Falar é reger uma orquestra. O orador é o maestro. Os 
ouvintes são os instrum entos musicais e, ambos, devem estar 
atentos à comunicação e bem afinados.
203E S T U D O S D E T E O L O G I A
Capítulo 9
0 MEDO DE FALAR EM PÚBLICO
Certa vez, alguém disse: “O cérebro humano é uma coisa
fantástica. Começa a funcionar no momento em que nasce-
mos e não para até que precisemos falar em público”. O medo
é o grande vilão de quem deseja falar em público e surge mes-
mo entre os mais experientes profissionais. Pressionados pelo
medo, ou pelo verdadeiro pavor, as pessoas desacreditam de
suas qualidades de comunicadores e evitam todas as oportu-
nidades para falar diante de grupos, seja grande ou pequeno.
O medo, como toda e qualquer emoção, age como uma lupa
que aumenta ou diminui as coisas ao nosso redor, dando-lhes
aspecto grandioso ou insignificante. “O que ouvimos de outra
pessoa pode ou não nos parecer verdadeiro, mas, o que ouvimos
de nós mesmos - nossas próprias idéias e emoções - sempre 
*
nos parece”. E natural e legítimo desejar que, quando falarmos
em público, esta apresentação seja acompanhada e apreciada
por todos; que consigamos expor, de forma inteligente e coe-
rente, o assunto tratado; que possamos ter nosso esforço lau-
*
reado com o sucesso e o sentimento de realização. E evidente 
que nenhum de nós visa o fracasso, a passar uma imagem ne- 
gativa diante do público e, depois, se sentir um perdedor. Ora,
E n c i c l o p é d i a
se o fato de não nos sairmos bem numa apresentação pode, de 
alguma forma, nos trazer prejuízo, a possibilidade de que isso 
ocorra provocará o medo.
Possuímos, em nosso íntimo, dois oradores, norm alm ente 
distinguidos, coexistindo ao mesmo tempo: um orador real e 
outro imaginário. O orador real é a imagem que, verdadei- 
ramente, transmitimos; uma composição arquitetada e cons- 
truída a partir de nossas virtudes e defeitos visíveis. O rador 
imaginário é a imagem que pensamos transm itir aos ouvin- 
tes. Isso se desenvolve durante a nossa “formação”, quando 
recebemos elogios e críticas; comentários construtivos ou 
destrutivos à nossa personalidade, e, conforme a procedên- 
cia dos mesmos e a nossa predisposição, vai-se acumulando 
em nosso interior tais elementos. Esses fatores isolados ou 
mesclados participarão da construção de uma autoimagem 
inventada como se fosse a verdadeira, mas que, geralmente, 
não é. O medo surge de um a diferença negativa entre o ora- 
dor real e o orador imaginado. Este é um dos fatores mais 
comuns da falta de confiança nas possibilidades de sucesso 
para se expressar em público. D e nada adiantará a alguém 
aprender todas as técnicas de boa expressão oral se continuar 
m antendo, em relação a si mesmo, um a falsa imagem, seja no 
sentido negativo ou positivo.
Não eliminamos totalm ente o medo. O que precisa ser 
combatido é o medo excessivo. Oradores experientes contro- 
lam o medo. Sempre haverá algo desconhecido que nos deixa 
com receio. Isso é positivo, porque nos m antém atentos. Um a
e s t u d o s d e T e o l o g i a206
V O L U M E 3
pessoa totalm ente segura correrá o risco de se tornar negli- 
gente. Excesso de confiança pode deixar um a pessoa arro- 
gante. Trabalhe para controlar o medo, não para eliminá-lo. 
Descubra suas virtudes atuais e as potencialm ente próximas 
e as desenvolva. Acredite em você.
Alguns motivos que fazem as pessoas sentirem medo de 
falar para um público:
• Perfeccionismo; não se perm itir errar: a dor que associa 
à possível autoimagem machucada trava o corpo e o 
cérebro; barreiras verbais e não verbais.
• Instabilidade emocional.
• Cobranças internas e externas; perceber-se trajado ina- 
dequadam ente e carente de material audiovisual apro- 
priado; acreditar-se não ser extrovertido e expressivo o 
suficiente.
• Inexperiência na função.
• Apresentações anteriores frustrantes.
• M edo da responsabilidade proveniente do sucesso.
• Falta de prática, de conhecimentos, de habilidades e de 
atitudes necessárias à comunicação eficaz.
Principais características da presença do medo:
• Sentir-se deslocado, sem graça, não à vontade.
.Transpirar demasiadamente ״
M ״ udança da cor do rosto: ficar pálido, branco ou ver- 
melho — garganta seca ou excesso de saliva.
• Não saber como e onde posicionar as próprias mãos.
• A ausência de movimentos: quando existe espaço para 
movimentar-se à vontade.
207E s t u d o s d e T e o l o g i a
E N C I C L O P É D I A
• Sorrir demasiadamente ou semblante m uito fechado.
• Perder a sequência de idéias: ocorrência do “branco”.
• Auto-avaliação imprecisa: devido à decodificação ine- 
xata das manifestações do auditório.
• M anifestar impaciência, pressa na abordagem do as- 
sunto.
• Insistir na sensação de não estar agradando o auditório: 
subestimar-se; ter receio dos olhares dos ouvintes.
• Voz embargada: rouquidão, pronúncia inadequada das 
palavras.
M י ediante manifestações contrárias à sua opinião, sen- 
te-se inferior, pois perde a base de sustentação — o 
próprio auditório.
M ״ onólogo interno: “Não levo jeito para a coisa”; “Não é 
o meu ponto forte”; “Q ue tal em outra oportunidade”; 
“Posso cometer um a gafe”; “Pode ocorrer um branco
Para superar esses obstáculos, diversas medidas podem ser 
tomadas. Citaremos algumas dicas úteis que podem ajudar a 
eliminar o medo de falar em público:
• Fortaleça sua autoestima: se está sendo requisitado 
para falar em público, é porque você é adequado para 
tal situação. Prove isso com partilhando seus conheci- 
m entos com as pessoas.
• Aprenda a ser paciente: quando você fala em público, 
consequentemente se expõe ao julgamento das pessoas. 
Por isso, não se desmotive antes de se falar, desconfiando
Es t u d o s de t e o l o g i a208
VOLUME 3
do julgamento alheio. Todos aqueles que fazem apresen- 
tação sentem um friozinho na barriga. Então, não decla- 
re a si mesmo que vai fracassar só porque está receoso, 
até os mais experientes palestrantes ficam com um pou- 
co de nervosismo; o medo nada mais é do que uma visão 
distorcida da realidade interna e externa e que bloqueia 
a expressão integral do indivíduo.
• Descubra e faça uma lista com seus medos. Depois, en- 
frente cada um, até erradicá-los de sua vida por com- 
pleto.
• Sempre planeje, organize e treine o que vai citar.
209e s t u d o s de T e o l o g i a
Capítulo 10
FIGURAS DE LINGUAGEM
As figuras de linguagemsão recursos utilizados para am- 
pliar a expressividade da mensagem por meio de construções 
incomuns.
Figuras de palavras
Comparação
Com o o próprio nome sugere, é o conjunto de dois ele- 
mentos do mesmo universo (comparação simples) ou de uni- 
versos diferentes (comparação símile): “Aquele carro é veloz 
como um avião” (simples); “naquela loja, todos trabalham 
como loucos” (símile).
Metáfora
A
E uma comparação direta, sem conectivo, em que se esta- 
belece uma relação de semelhança entre termos. Afirm a que 
uma coisa é outra diferente: “Porque o Senhor é um sol e um 
escudo” (SI 84.11).
Sinestesia
Figura que resulta da fusão dos sentidos: “Ela cantava com 
sua voz doce” (fusão entre audição e paladar).
E n c i c l o p é d i a
Antonomásia
A
E a substituição do nome próprio de um indivíduo por 
suas qualidades, ações, ou pelo seu título: “Tu és o Cristo 
[Messias], o Filho do Deus vivo” (M t 16.16). Ver, também, 
Isaías 9.6.
Onomatopéia
A
E a reprodução de sons por meio de palavras. “N a- 
quele silêncio sepulcral ouvia-se somente o tique-taque do 
relogio .
Metonímia
A
E a substituição de um termo por outro, existindo en- 
tre eles uma noção de semelhança: “Gosto de ler M ateus” (o 
evangelho de Mateus). H á vários tipos de metonímia, como, por 
exemplo, o autor pela obra, o produto pela origem, a causa pelo 
efeito, entre muitos outros.
Figuras de pensamento
Antítese
Indica uma ideia de oposição: “O calor de seu olhar rom- 
pia o frio de meu coração”. Ver tam bém o texto de D eutero- 
nômio 30.15.
Paradoxo
Apesar de ser confundido com antítese, o paradoxo indica 
idéias contraditórias: “A nossa liberdade é o que nos prende”
ESTUDOS DE TEOLOGIA212
VOLUME 3
Hipérbole
Indica um exagero: “Todas as noites faço nadar a m inha 
cama, molho meu leito com as minhas lágrimas” (SI 6.6).
Prosopopeia
D á qualidades humanas a seres inanimados: “Os céus pro- 
clamam a glória de D eus” (SI 19.1).
Eufemismo
E um abrandam ento dado à frase: “O nobre deputado está 
faltando com a verdade [m entindo]”.
Gradação
Consiste em palavras em sequência, sinônimas ou não, que 
intensificam uma mesma ideia: “Ele chegou, parou, olhou, 
analisou e perguntou”.
Lítotes
Afirmação pela negação do contrário: “Não esmagará a 
cana quebrada, nem apagará pavio que fumega” (Is 42.3).
Figuras de construção
Polissíndeto
*
E a repetição de conjunções aditivas com o intuito de en- 
fatizar as ações, dando-lhes continuidade: “Corria e saltava e 
beijava o ar”.
213ESTUDOS DE TEOLOGIA
E N C I C L O P É D I A
Assíndeto
Ao contrário do polissíndeto, é a ausência das conjunções 
aditivas: “Corria, pulava, saltava, beijava o ar”.
Elipse
Ocorre quando um termo da ação foi subentendido: “So- 
bre a mesa o com putador”, (estava o computador).
Zeugma
É um caso específico de elipse. Ocorre quando há omissão 
de um term o já utilizado: “Com prei um carro e m inha irmã, 
um a m oto” (comprou um a moto).
Hipérbato ou inversão
O corre quando há inversão da ordem direta das frases: 
“As esposas am am seus m aridos. A m am os seus m aridos 
as esposas”.
Pleonasmo
*
E a repetição de um term o ou de uma ideia com o intuito 
de enfatizá-lo(a): “Vi com meus próprios olhos”.
ESTUDOS DE TEOLOGIA214
VOLUME 3
Conclusão
Em oratória, não devemos buscar fórmulas, mas princípios 
adaptáveis à nossa estrutura pessoal. Deverão ser praticados 
conscientemente até constituir-se em hábitos e, portanto, 
perfeitam ente integrados à nossa maneira de ser. Com o já 
foi dito.
215Es t u d o s de T e o l o g i a
En c i c l o p é d i a
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_ ✓ _
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