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SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Editora Brazil Publishing Conselho Editorial Internacional Presidente: Rodrigo Horochovski (UFPR - Brasil) Membros do Conselho: Anita Leocadia Prestes (Instituto Luiz Carlos Prestes - Brasil) Claudia Maria Elisa Romero Vivas (Universidad Del Norte - Colômbia) Fabiana Queiroz (UFLA - Brasil) Hsin-Ying Li (National Taiwan University - China) Ingo Wolfgang Sarlet (PUCRS - Brasil) José Antonio González Lavaut (Universidad de La Habana - Cuba) José Eduardo Souza de Miranda (Centro Universitário Montes Belos - Brasil) Marilia Murata (UFPR - Brasil) Milton Luiz Horn Vieira (UFSC - Brasil) Ruben Sílvio Varela Santos Martins (Universidade de Évora - Portugal) © Editora Brazil Publishing Presidente Executiva: Sandra Heck Rua Padre Germano Mayer, 407 Cristo Rei ‒ Curitiba PR ‒ 80050-270 +55 (41) 3022-6005 www.aeditora.com.br STANLEY SCHETTINO LUCIANO JOSÉ MINETTE VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS autores SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Schettino, Stanley S327s Segurança do trabalho no setor fl orestal / Stanley Schettino, Luciano José Minette, Vinícius Pereira dos Santos – Curitiba: Brazil Publishing, 2019. 196p.: il.; 21cm ISBN 978-65-5016-109-5 1. Segurança do trabalho. 2. Setor fl orestal. 3. Saúde e trabalho. I. Minette, Luciano José. II. Santos, Vinícius Pereira dos. III. Título. CDD 363.11 (22.ed) CDU 331. 823 Comitê Científi co da área Engenharias Presidente: Professor Doutor Marcus Vinicius Girão de Morais (UnB – Engenharia Mecânica) Professor Doutor Bruno Luis Soares Lima (Mackenzie – Engenharia Elétrica) Professor Doutor Paulo César Machado Ferroli (UFSC – Engenharia de Produção) Professor Doutor Alexandre Cardoso (UFU – Engenharia Elétrica) Professora Doutora Ana Cláudia Patrocinio (UFU – Engenharia Elétrica) Professor Doutor Itamar Iliuk (UTFPR – Engenharia Elétrica) Editor Chefe: Sandra Heck Diagramação e Projeto Gráfi co: Brenner Silva Revisão de Texto: Os autores Revisão Editorial: Editora Brazil Publishing DOI: 10.31012/978-65-5016-110-1 Curitiba / Brasil 2019 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) BIBLIOTECÁRIA: MARIA ISABEL SCHIAVON KINASZ, CRB9 / 626 APRESENTAÇÃO Contando com uma área de 528 milhões de hectares de florestas nativas ricas em biodiversidade e quase 8 milhões de hec- tares de reflorestamentos, aliado ao clima e solos favoráveis, o setor florestal brasileiro vem experimentando constante desenvolvimen- to, levando a demandas cada vez maiores por produtos de base florestal. Entretanto, destarte o elevado grau de mecanização das atividades florestais presente nos grandes produtores de madeira, a grande maioria dos pequenos e médios produtores ainda são alta- mente dependentes de mão de obra. Tudo isso diante de um cenário em que as condições de tra- balho são bastante peculiares, o que, invariavelmente leva ao desen- volvimento de doenças relacionadas ao trabalho e exposição a riscos à saúde e a integridade física dos trabalhadores. Disso resulta que o setor florestal apresenta as maiores taxas de acidentes e mortalidade associada ao trabalho no mundo, apesar da introdução da mecaniza- ção de algumas atividades. Embora diversos estudos venham sendo realizados abordando temas como a ergonomia e as condições gerais de segurança no trabalho florestal, faz-se necessário uma abordagem mais específica sobre a segurança do trabalho neste setor. A partir do conhecimento e gestão dos riscos a que estão expostos os trabalhadores florestais, torna-se possível a organiza- ção do trabalho, o dimensionamento de máquinas, ferramentas e postos de trabalho, além da implementação de adequadas medidas de proteção coletivas e individuais. Com essa obra, partindo de ex- tensa vivência prática e acadêmica, os autores se propõem a expor todos os possíveis riscos presentes no ambiente de trabalho flo- restal, bem como as medidas necessárias para seu gerenciamento, tomando por base uma compilação de situações reais e sem deixar de lado o atendimento a legislação pertinente, de forma a contri- buir para a diminuição dos índices de acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais. Espera-se que, com o gerenciamento de todos os riscos, seja possível garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores flo- restais o que, indubitavelmente, reverte-se em melhorias na quali- dade de vida, na manutenção de sua capacidade laboral e em bene- fícios para a sociedade como um todo. Os Autores ABSTRACT Studies on safety and health in forestry work have demon- strated the conditions to which the workers in this sector are ex- posed, revealing the consequences for their health and the changes of the life in the field. The performance of activities subject to cli- matic conditions and factors such as exposure to chemical and bi- ological agents, risk of accidents, pressure to raise yield, efficiency and productivity, increase the physical effort in work performance, reflecting in the increase in the number of accidents, injuries and diseases related to work which invariably leads to a reduction in the capacity for work and the useful life of workers. The understanding of the applicable legislation and the precise identification of the risks to which these workers are ex- posed becomes a fundamental tool for the definition and imple- mentation of measures necessary for the elimination, isolation or mitigation of these risks, in order to contribute to the reduction of the work accidents index and the development of occupation- al diseases in the forestry sector. It is precisely what the authors propose with this work where, in a clear and concise manner, they present all the technical and legal apparatus for the correct man- agement of occupational health and safety in the forestry sector. PALAVRAS-CHAVE CAPÍTULO 1 Introdução Palavras-chave: Setor florestal, trabalho florestal, condições de trabalho, saúde do trabalhador, precarização do trabalho; CAPÍTULO 2 Sobre ccidentes de trabalho Palavras-chave: Acidentes de trabalho, tipos de acidentes, causas de acidentes, comunicação de acidente de trabalho, agentes causa- dores de acidentes; CAPÍTULO 3 Identificação de riscos nas atividades florestais Palavras-chave: Riscos físicos, riscos químicos, riscos biológicos, riscos de acidentes, riscos ergonômicos; CAPÍTULO 4 Gestão dos riscos ocupacionais nas atividades florestais Palavras-chave: Identificação dos riscos, avaliação dos riscos, medidas de controle, monitoramento das ações, gerenciamento dos riscos; CAPÍTULO 5 Sobre normas regulamentadoras Palavras-chave: Legislação, normas regulamentadoras, direitos trabalhistas, deveres patronais, categorização de normas; CAPÍTULO 6 Normas regulamentadoras aplicadas ao setor de produção florestal Palavras-chave: Setor de produção florestal, normas aplicáveis, orientações legais, gestão legal de riscos, conformidade legal; CAPÍTULO 7 Segurança na operação de motosserras Palavras-chave: Motosserras, operação de motosserras, manu- tenção de motosserras, riscos de acidentes com motosserras, EPIs para operação de motosserras; CAPÍTULO 8 Segurança na colheita mecanizada Palavras-chave: Colheita mecanizada, máquina florestal, manu- tenção mecânica florestal, programa de prevenção de riscos am- bientais, laudo técnico das condições ambientais de trabalho; CAPÍTULO 9 Segurança na colheita manual e semimecanizada Palavras-chave: Colheita manual, Colheita semimecanizada, Operador de motosserra, Ajudante florestal, Atividades de colheita CAPÍTULO 10 Segurança na silvicultura Palavras-chave: Silvicultura, atividades silviculturais, tratorista florestal, ajudante de silvicultura, riscos da atividade silvicultural; CAPÍTULO 11 Estudos de casos Palavras-chave: Acidente na derrubada, acidente com máquina, acidente com motosserra, avaliação de acidentes,mapas de riscos; SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ............................................. 13 CAPÍTULO 2 - SOBRE ACIDENTES DE TRABALHO ........ 19 CAPÍTULO 3 - IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS NAS ATIVIDADES FLORESTAIS........................... 29 CAPÍTULO 4 - GESTÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS NAS ATIVIDADES FLORESTAIS ........... 47 CAPÍTULO 5 - SOBRE NORMAS REGULAMENTADORAS ...................................................... 61 CAPÍTULO 6 - NORMAS REGULAMENTADORAS APLICADAS AO SETOR DE PRODUÇÃO FLORESTAL .... 71 CAPÍTULO 7 - SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE MOTOSSERRAS ...................................... 129 CAPÍTULO 8 - SEGURANÇA NA COLHEITA MECANIZADA ................................................ 135 CAPÍTULO 9 - SEGURANÇA NA COLHEITA MANUAL E SEMIMECANIZADA ...................................... 149 CAPÍTULO 10 - SEGURANÇA NA SILVICULTURA .......... 157 CAPÍTULO 11 - ESTUDO DE CASOS ................................ 167 REFERÊNCIAS .................................................................... 181 ÍNDICE REMISSIVO ........................................................... 191 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO O setor florestal brasileiro tem como seus produtos prin- cipais celulose e papel, painéis de madeira industrializada, carvão vegetal, madeira serrada, lenha, pellets e biomassa para geração de energia. Contando com uma área de 528 milhões de hectares de florestas nativas ricas em biodiversidade e 7,84 milhões de hectares de reflorestamentos (IBÁ, 2017). Aliado ao clima e aos solos fa- voráveis, o setor florestal brasileiro vem experimentando constante desenvolvimento, levando a demandas cada vez maiores por pro- dutos de base florestal. Entretanto, juntamente com o crescimento da produção florestal, tem surgido maior preocupação com os aspectos e impac- tos ambientais e sociais dessas atividades. Essa preocupação está sendo impulsionada pela destruição de florestas tropicais e os con- sequentes efeitos sobre o clima global (ALVES et al., 2009). A competitividade de uma organização não depende ape- nas de fatores econômicos, mas também de uma conduta social- mente valorizada, que garanta a sua legitimidade e sobrevivência no contexto ambiental. Desta forma, as empresas florestais têm buscado assumir posturas socialmente responsáveis, destacando-se a crescente preocupação com o meio ambiente, saúde e segurança de seus trabalhadores, bem como a sua responsabilidade social e ética perante a comunidade onde estão inseridas. Por outro lado, visando suprir os acréscimos de produção da indústria de base florestal e encontrando-se a mesma impos- sibilitada de adquirir novas áreas para plantio, desenvolvem-se as plantações por meio de programas de fomento florestal, arrenda- 14 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS mentos de áreas e parcerias, além de aquisição de madeira no mer- cado, os quais já representam o segundo lugar na matriz de supri- mento da indústria de celulose (FISCHER, 2009). Entretanto, a grande maioria das propriedades rurais no Brasil não está adequa- da aos requisitos exigidos em um processo de certificação, sendo que os principais problemas estão relacionados ao não cumpri- mento de leis e ao direito dos trabalhadores. Esse fato demonstra, claramente, que algumas indústrias de base florestal, mesmo que possuidoras de seu manejo florestal certificado, ainda estão sendo abastecidas com madeira proveniente de áreas onde este cenário vem deixando os trabalhadores expostos à condições inadequadas sob as óticas da legislação trabalhista e previdenciária, de ergono- mia e de saúde e segurança do trabalho. O trabalho florestal possui características peculiares como: acessibilidade e mobilidade restritas, terrenos íngremes, exposição às condições climáticas extremas, ferramentas mal desenvolvidas e consequentemente inadequadas, além da mão de obra pouco qua- lificada. Os trabalhadores florestais se deparam diariamente com diversos fatores que influenciam a sua relação com o trabalho e podem interagir criando riscos para a sua saúde como: horas ex- tras e fadiga; pressão; insatisfação no trabalho, carga mental; sus- cetibilidade e resposta ao estresse; condições ambientais adversas; isolamento; trabalho em turnos entre outros. Fatores psicossociais influenciam ainda, para piorar o cenário em que se encontram. Muitos vivem em áreas rurais e possuem baixo nível de escolari- dade e têm dificuldades para se adaptar às inovações tecnológicas e são pressionados a atingir metas de produção. Esses e outros fa- tores contribuem para o desenvolvimento de doenças relacionadas ao trabalho e riscos à saúde e integridade física dos trabalhadores, decorrentes de acidentes do trabalho. 15 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL A pesquisa a respeito de fatores humanos e condições de trabalho nas empresas florestais tem por objetivo aperfeiçoar métodos e técnicas operacionais, de modo a assegurar condições seguras, confortáveis e saudáveis no ambiente de trabalho. O co- nhecimento dessas condições de vida e busca constante de sua melhoria influencia diretamente a satisfação do trabalhador, le- vando ao aumento da produtividade e da qualidade do trabalho (SANT’ANNA, 1998), além de contribuir para a redução dos ín- dices de acidentes de trabalho. A frequência de dores lombares e tendinites em pessoas que executam o trabalho florestal, tanto em posição sentada como em pé, é fator primordial no absenteísmo repetido e prolongado do trabalhador e dificulta sua reclassificação profissional. A frequência destes distúrbios leva a suspeitar de uma incorreta adaptação das ferramentais, máquinas e equipamentos ao homem, bem como de posturas de trabalho incorretas dos trabalhadores. O planejamento incorreto de um sistema de trabalho, bem como dos equipamentos, ferramentas e meios auxiliares, impõe ao trabalhador solicitações excessivas e desnecessárias, acarretando problemas de lombalgias, de tendinites, de conforto, de fadiga precoce, de produtividade e de incidência de erros na execução do trabalho (IIDA, 2005), bem como contribuem na ocorrência de acidentes de trabalho durante a execução das atividades. De acordo com Zibetti et al. (2006), o setor rural, em que estão inseridos os produtores de madeira, apresenta as maiores taxas de mortalidade associada ao trabalho no mundo, apesar da introdução da mecanização de algumas atividades. A situação do trabalho na silvicultura e colheita de madeira expressa múltiplas características com implicações sobre a saúde e segurança do tra- balhador dentre outras: vulnerabilidade do contrato e do vínculo, fraca ou nenhuma proteção social, baixo nível de renda, exposição às elevadas cargas de trabalho e riscos presentes. 16 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Visando garantir a integridade física e moral dos traba- lhadores entra em cena a segurança do trabalho, que é tutelada por um conjunto de normas e técnicas aplicáveis em vários seto- res. Pode ser entendida como um conjunto de medidas adotadas para proteger o trabalhador em sua integridade e capacidade de trabalho, evitar doenças ocupacionais e minimizar acidentes de trabalho. É definida por normas e leis. No Brasil, compõe-se de normas regulamentadoras, leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil (GOMES, 2012) Segundo a Legislação Brasileira na Norma Regulamentadora NR-17 – Ergonomia, do Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 1990), para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho. As condições de trabalho incluem aspectos relaciona- dos ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mo- biliário, aos equipamentos, às condições ambientaisdo posto de trabalho e à própria organização do trabalho. Por sua vez, a Norma Regulamentadora NR-31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura (BRASIL, 2005), tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compa- tível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da silvi- cultura e exploração florestal com a segurança e saúde do trabalho. Embora exista essa norma específica para o setor florestal, tal fato não desobriga ao cumprimento das demais normas aplicáveis. Ainda assim, a atividade florestal conduzida por empre- sas terceirizadas ou pelo produtor florestal, tende a negligenciar as 17 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Normas Regulamentadoras NR-17 e a NR-31, as quais não estão sendo consideravelmente eficientes para resguardar a segurança e a saúde do trabalhador (DAVID et al., 2014). Complementando, Melo (2013) afirma que os acidentes do trabalho ocorrem por práticas inadequadas no meio ambiente do trabalho, podendo-se mencionar o não atendimento às seguintes diretrizes: • a falta de investimento na prevenção de acidentes por parte das empresas e dos empregadores; • os problemas culturais que ainda influenciam a pos- tura das classes patronal e profissional no que diz res- peito à não priorização da prevenção dos acidentes laborais; • a ineficiência dos poderes públicos quanto ao estabe- lecimento de políticas preventivas e à fiscalização dos ambientes de trabalho; • as máquinas e ferramentas inadequadas por culpa de muitos fabricantes que não cumprem corretamente as normas de segurança e orientações previstas em lei; e • a precariedade das condições de trabalho por conta de práticas equivocadas de flexibilização do Direito do Trabalho, ou seja, a precarização do trabalho. De acordo com Assunção e Câmara (2011), a adoção de medidas preventivas visando resguardar a saúde e a segurança dos trabalhadores, sem dúvida reverte-se em benefícios sociais e eco- nômicos para esses trabalhadores e para a sociedade em geral. CAPÍTULO 2 SOBRE ACIDENTES DE TRABALHO Em comparação com outros setores da economia, as ta- xas de acidentes na atividade florestal, particularmente na colheita de madeira, são extremamente altas, resultando em pesadas perdas para os empregadores e muito sofrimento para os trabalhadores e suas famílias. As atividades desenvolvidas pelos trabalhadores florestais, quando comparadas com as atividades de outros setores, em geral são consideradas pesadas e extenuantes. Trabalhando ao ar livre, o empregado fica exposto às intempéries do clima e suas consequên- cias, sofrendo com o calor ou frio, com a umidade, os ventos etc. Muitas vezes, o local de trabalho fica distante de sua residência, obrigando o trabalhador a dispender tempo e energia no trajeto, correndo o risco de sofrer acidentes. Devido ao isolamento do lo- cal de trabalho, geralmente faltam facilidades para o atendimento médico e de primeiros socorros, o que agrava ainda mais a situação no setor florestal (MEDEIROS; JURADO, 2013). Acidentes de trabalho, conforme a Organização Internacional do Trabalho, citada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT, 2008), são todos os acontecimentos inesperados e imprevistos, incluindo os atos de violência, derivados do trabalho ou com ele relacionados, dos quais resulta uma lesão corporal, uma doença ou a morte, de um ou vários trabalhadores. Em uma visão prevencionista, acidente de trabalho é toda ocorrência, inesperada ou não, que interfere no andamento normal do trabalho e da qual 20 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS resulta lesão no trabalhador e, ou, perda de tempo e, ou, danos ma- teriais, ou os três simultaneamente (GOMES, 2012). Os acidentes do trabalho constituem um problema social e econômico para o país. No setor de saúde, podem ser citadas as despesas do Sistema Único de Saúde (SUS) com o custeio do atendimento médico-hospitalar das vítimas do processo produtivo florestal. Além disso, há que se considerar o custo social, resultado do impacto sobre a saúde e vida do trabalhador, seus familiares e dos grupos populacionais que vivem nos entornos das áreas produ- tivas (ULTRAMARI et al., 2012). O registro de acidentes do trabalho é um importante instrumento com informações de caráter previdenciário, estatís- tico e epidemiológico, oferecendo um respaldo trabalhista e so- cial ao trabalhador formal brasileiro. Contudo, cabe ressaltar que a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é de caráter obriga- tório apenas para os trabalhadores formais. Isso implica na exclusão dos trabalhadores em regimes informais de trabalho, estatutários e autônomos. Além disso, as CAT restringem-se, na maioria das ve- zes, apenas aos casos graves de acidentes, como poli traumatismos e fraturas, não incluindo as doenças relacionadas ao trabalho, com maior dificuldade de estabelecimento do nexo causal. Tem-se como fragilidade a qualidade do registro de informações das CAT, já que notifica apenas os acidentes sofridos por trabalhadores que possuem registro na carteira de trabalho. São necessários o treinamento e a capacitação de toda a rede de serviço associado à notificação dos aci- dentes de trabalho, começando por empregadores e trabalhadores, e também os profissionais de saúde responsáveis pelos diagnósticos dos acidentados (ULTRAMARI et al., 2012). Infelizmente, no Brasil, os acidentes são subnotificados e, quando os dados estão disponíveis, não são desagregados, difi- cultando a análise de acordo com as características da empresa, da 21 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL região do corpo atingida, das operações envolvidas e do perfil do acidentado, sendo essa realidade mais expressiva quando o empre- go é precário (ASSUNÇÃO; CÂMARA, 2011). Em seu estudo, Begnini e Almeida (2015) evidenciam que no Brasil há falta de informações precisas sobre o número de acidentes que ocorrem no exercício do trabalho rural, além de ainda existir o fato de que as subnotificações de acidentes, especialmente no meio rural, são comuns mesmo sendo a CAT uma exigência legal. De acordo com Gomes (2012), a ação de corrigir ou melhorar as questões de risco de um ambiente de trabalho pode ser definida como a busca pela “salubridade ambiental” daquele ambiente de trabalho. Ou seja, as iniciativas da segurança do tra- balho destinam-se ao reconhecimento, avaliação, neutralização e controle dos riscos ambientais potenciais, originados ou existentes no ambiente de trabalho, antes que possam causar doença, com- prometimento da saúde e do bem-estar da pessoa em seu trabalho ou são significantes para causar desconforto entre os membros de uma comunidade de trabalho. Historicamente, no âmbito nacional, o percentual de acidentes relacionados ao grupo de atividades agrícolas, pecuá- rias e silvicultura, varia de 6 a 8% do total registrado no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) (BRASIL, 2014). Neste sentido, cada atividade desenvolvida nas áreas rurais possui poten- cial de riscos de acidentes. Frente a isso, seria ideal que, periodica- mente, tais atividades fossem observadas sob os aspectos da segu- rança e saúde do trabalhador rural e conhecidas as estatísticas para direcionar correção, conscientização, treinamento e procedimentos na execução das tarefas (BEGNINI; ALMEIDA, 2015). Segundo os autores, nas áreas rurais ainda se percebe que muitas vezes a condição de transporte dos trabalhadores e a falta de fiscalização dos órgãos responsáveis tornam os trabalhadores vulneráveis e fa- vorece a ocorrência de acidentes de trajeto e típicos. 22 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Lesões de punho e de mão são predominantes em traba- lhadores rurais, na faixa etária compreendida entre 20 a 29 anos, sendo a maioria das ocorrências em pessoas do sexo masculino ( JAKOBIet al., 2013). Os autores não apresentaram os fatores que ocasionaram as lesões, mas identificaram a incidência de elevadas taxas na silvicultura e na exploração florestal. Essas lesões podem levar a exposição de ossos, tendões, nevos e, ou, vasos sanguíneos, sendo que a reconstrução deve ser feita o mais rápido possível, constituindo-se em grande desafio para os especialistas. Com o avanço tecnológico instalado e o manuseio das tecnologias por parte dos trabalhadores, essas lesões e traumas tem se configurado mais complexas (TEIXEIRA; FREITAS, 2003). Visando identificar a fonte de tantos agravos a segurança do trabalho no setor florestal, o Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais (MPT, 2014), durante um inquérito investigatório, afirmou que a falta de preocupação com a segurança do traba- lho no setor florestal vem contribuindo fortemente para um in- desejável acréscimo nos índices e na gravidade dos acidentes de trabalho nos empreendimentos florestais. Os principais aspectos negativos relatados foram: não fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); não instalação de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); não realização de exames mé- dicos periódicos; falta de materiais de primeiros socorros nas fren- tes de trabalho, bem como de pessoal treinado para sua utilização; falta de treinamento para utilização de motosserras; jornada exces- siva sem contraprestação; levantamento e transporte de cargas com peso excessivo; dentre outras. 23 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL TIPOS DE ACIDENTES DE TRABALHO Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, com o segurado empregado, tra- balhador avulso, bem como com o segurado especial, enquanto no exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou pertur- bação funcional que cause a morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho. Este é o denomi- nado conceito previdenciário, do ponto de vista legal, conforme Brasil (1991). É considerado como acidente do trabalho: • Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho pecu- liar a determinada atividade, constante da relação de que trata o anexo II do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99; • Doença do trabalho, assim entendida ou adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione dire- tamente, desde que constante da relação de que trata o anexo II do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99; • Em caso excepcional, constatando-se que a doen- ça não incluída na relação constante do anexo II do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, resultou de condições espe- ciais em que o trabalho é executado e com ele se rela- ciona diretamente, a Previdência Social (INSS) deve equipará-la a acidente do trabalho. 24 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Equiparam-se também a acidente do trabalho: • Acidente ligado ao trabalho que embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do trabalhador, ou que tenha produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; • Acidente sofrido pelo trabalhador no local e horá- rio de trabalho, em consequência de ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; • Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; • Ato de imprudência, de negligência ou imperícia de terceiro, ou de companheiro de trabalho; • Ato de pessoa privada do uso da razão; • Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior; • Doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; • Acidente sofrido pelo trabalhador, ainda que fora do local e horário de trabalho, na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; na prestação espontânea de qualquer serviço à em- presa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar pro- veito; em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta, dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, inde- pendente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aque- la, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. 25 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • No período destinado à refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológi- cas, no local do trabalho ou durante este, o empregado será considerado no exercício do trabalho. Obs.: Entende-se como percurso o trajeto da residência ou local de refeição para o trabalho ou deste para aqueles, indepen- dentemente do meio de locomoção, sem alteração ou interrupção voluntária do percurso habitualmente realizado pelo trabalhador. Dadas as particularidades do setor e do trabalho florestal, especial atenção deve ser dada ao deslocamento dos trabalhadores desde e até as frentes de trabalho, visto que, na maioria das vezes, são necessários grandes deslocamentos por estradas geralmente em péssimas condições de manutenção. Ainda, outro ponto de atenção refere-se aos veículos de transporte de pessoal e materiais, reforçando que trabalhadores, máquinas, ferramentas e insumos devem ser transportados em compartimentos separados. CAUSAS DE ACIDENTES DE TRABALHO Basicamente, existem três grupos de causas de acidentes de trabalho, descritas a seguir. Entretanto, qualquer que seja a cau- sa, é importante ressaltar que “nem todo acidente é um aciden- te” visto que a perspectiva de acidente pode não ser verdadeira ao considerarmos os riscos de nossas escolhas. Ou seja, em qualquer situação é quase certo de que com uma boa escolha pode evitar a ocorrência dos acidentes. Atos inseguros (inadequados) - são todos os proce- dimentos do homem que contrariem normas de prevenção de acidentes: 26 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Ficar junto ou sob cargas suspensas; • Colocar parte do corpo em lugar perigoso; • Operar máquinas ou equipamentos sem habilitação ou autorização; • Imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga / tenta- tiva de ganhar tempo; • Lubrificar ou ajustar máquinas em movimento; • Improvisação ou mau emprego de ferramentas ma- nuais; • Alterar dispositivos de segurança; • Não uso de EPI´s – Equipamentos de Proteção Individual; • Deixar de seguir as orientações superiores; • Brincadeiras e exibicionismo / excesso de confiança; • Preparo insuficiente para o trabalho. Condições inseguras - são as circunstâncias externas de que dependem as pessoas para realizar seu trabalho que sejam in- compatíveis ou contrárias com as normas de segurança e preven- ção de acidentes: • Áreas insuficientes, corredores obstruídos, arranjo fí- sico mal projetado; • Pisos fracos e irregulares; • Excesso de ruído / iluminação inadequada; • Instalações elétricas impróprias ou com defeitos; • Falta de organização e limpeza; • Ventilação ou exaustão inadequada ou defeituosa; • Localização imprópria das máquinas; • Falta de proteção em partes móveis e de agarramento; • Máquinas apresentando defeitos, desvios ou improvi- sações de processos; 27 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • Proteção insuficiente ou totalmente ausente; • EPI’s impróprios ou com defeitos. Fator pessoal de insegurança - é qualquer fator exter- no que leva o indivíduo à prática do ato inseguro: características físicas e psicológicas (depressão, tensão, excitação, neuroses etc.), social (problemas de relacionamentos, preocupações com neces- sidades sociais, educação, dependências químicas etc.), congênitos ou de formação cultural que alteram o comportamentodo traba- lhador permitindo que cometa atos inseguros. CAPÍTULO 3 IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS NAS ATIVIDADES FLORESTAIS No contexto laboral, o risco pode ser entendido como a possibilidade ou a probabilidade de um trabalhador sofrer uma lesão ou danos à sua integridade física ou psíquica quando exposto ao perigo. Em outras palavras, o risco de acidente pode ser definido como a combinação da probabilidade e da gravidade (consequên- cia) de um determinado evento (perigo) ocorrer. A relação entre perigo e exposição, seja a imediata ou em longo prazo, pode resul- tar em risco para ocorrência de acidentes ou doenças ocupacionais (OIT, 2011). No Brasil, a legislação considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou in- tensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saú- de do trabalhador (BRASIL, 1978). Sob essa ótica, consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom; como agen- tes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão; e, como agentes bio- lógicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. 30 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Entretanto, em uma visão prevencionista, mais dois gru- pos de agentes de risco são adicionados a esse conjunto: os agentes ergonômicos e os de acidentes. São considerados riscos ergonômicos: esforço físico, le- vantamento de peso, postura inadequada, controle rígido de pro- dutividade, situação de estresse, trabalhos em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, im- posição de rotina intensa. Os riscos ergonômicos podem gerar dis- túrbios psicológicos e fisiológicos e provocar sérios danos à saúde do trabalhador porque produzem alterações no organismo e estado emocional, comprometendo sua produtividade, saúde e segurança, tais como: lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomuscu- lares relacionados ao trabalho (LER/DORT), cansaço físico, dores musculares, hipertensão arterial, alteração do sono, diabetes, doen- ças nervosas, taquicardia, doenças do aparelho digestivo (gastrite e úlcera), tensão, ansiedade, problemas de coluna etc. Por sua vez, os riscos de acidentes são quaisquer fatores que coloquem o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade, e seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado etc. Tais acidentes, geralmente, são causados por atos inseguros (ações do homem que contrariem as normas de segurança do trabalho); condições inseguras (relativas ao ambiente de trabalho); e o fator pessoal de insegurança (relativo ao estado emocional do trabalhador, desviando sua atenção). As atividades florestais, na maioria das situações laborais, apresentam riscos ocupacionais influenciados por diversos fatores característicos do setor, tais como: exposição a intempéries e riscos naturais; demanda de esforço físico considerável; posturas inade- quadas; condições ambientais precárias; maquinários, ferramentas 31 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL e equipamentos perigosos; aplicação, manipulação e, ou, exposição a reagentes químicos, dentre outros. De acordo com Vianna et al. (2011), os possíveis agentes de riscos ocupacionais encontrados em um ambiente de trabalho e os prováveis efeitos sobre os trabalha- dores desses ambientes estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1 – Agentes de riscos ocupacionais, suas fontes geradoras e os efeitos ao trabalhador Agentes Fontes Geradoras Efeitos nocivos à saúde Químicos Substâncias, compostos ou produtos que penetram no organismo, por exposição crônica ou acidental, pela via respiratória ou absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Incluem os riscos químicos por explo- sões e incêndios Efeitos de acidentes químicos (explosões, incêndios etc.). Con- taminações químicas com efeitos carcinogênicos, teratogênicos, sis- têmicos (como os neurotóxicos), irritantes, asfixiantes, anestésicos, alérgicos, problemas pulmonares, anemias, danos à medula e ao cé- rebro, diversos tipos de intoxica- ções, leucemia, entre outros. Físicos Temperaturas extremas (calor, frio e umidade). Ruído Eletricidade Pressões anormais Vibrações Radiações ionizantes Radiações não ionizantes Fadiga, gripes, resfriados, desidra- tação, hipertermia, câimbras etc. Redução da capacidade auditiva, surdez, nervosismo (estresse), do- res de cabeça, falta de concentra- ção, aumento do batimento cardí- aco etc. Choques elétricos, inclusive fatais; fontes de incêndios. Afogamentos, distúrbios neuroló- gicos, embolia pulmonar, proble- mas cardiovasculares e psíquicos. Distúrbios osteomusculares, perda de sensibilidade tátil, problemas nas articulações, circulação perifé- rica e rins. Câncer, anemias, cataratas etc. Problemas neurológicos, câncer de pele, vasodilatação, catarata etc. 32 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Biológicos Microorganismos patogêni- cos (bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus etc.) Vetores (mosquitos, ratos, morcegos etc.) Doenças contagiosas diversas (tu- berculose, tétano, malária, febre amarela, tifóide, micoses etc.), in- clusive gripes e resfriados. Doenças contagiosas e feridas por mordidas Ergonômicos Esforços físicos, posturas for- çadas, ritmos excessivos, mo- notonia, turnos de trabalho, movimentos repetitivos, ilu- minação deficiente etc. Cansaço, lombalgia, LER-DORT, fraqueza dos músculos, hiperten- são arterial, diabetes, úlcera, taqui- cardia, problemas na coluna, pro- blemas de visão, dores de cabeça, risco de acidentes etc. Acidentes Acidentes com quedas, veícu- los e máquinas Animais peçonhentos Traumatismos diversos e morte Envenenamento por picada de co- bra, escorpião, aranha etc. Dessa forma, conhecer os riscos ocupacionais a que se expõem os trabalhadores torna-se fundamental para evitar a ocor- rência de danos à saúde ou à integridade física do trabalhador. A Tabela 2 apresenta os principais agentes de riscos ocupacionais identificados, analisados de acordo com as principais atividades florestais desenvolvidas e respectivas condições de trabalho, bem como as medidas preventivas propostas. 33 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Ta be la 2 – A ge nt es d e r isc os o cu pa ci on ai s i de nt ifi ca do s n as at iv id ad es fl or es ta is Pe rig o/ Ri sc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iva s A cid en te d e t râ ns ito A tro pe lam en to Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a de M áq ui na s, Ve ícu lo s e Eq ui pa m en to s Fa lta d e S in ali za çã o Le sã o lev e ( es co ria çõ es ) Tr ein am en to , tra ns po rte d e tra ba lh ad or es em ve ícu lo s ad eq ua do s Le sã o gr av e (fr at ur as , es m ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , q ue im a- du ra s, in to xic aç ão , a fo ga m en to , ó bi to ) D an os m at er iai s A cid en te d ec or re nt e de v e- ge ta çõ es ( cip ós , es pi nh os , ga lh os , f ol ha s, ou tro s) Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d e M áq ui na s e V eíc ul os Fa lta d e c ap ac ita çã o pa ra aex e- cu çã o da at ivi da de Le sõ es le ve s e g ra ve s ( co rte s p ro fu nd os , pe rfu ra çõ es , a ler gi as , i nt ox ica çõ es , i rri - ta çõ es , t or çõ es ) Tr ein am en to , u so d e E PI s A fo ga m en to Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d e M áq ui na s e V eíc ul os Fa lta d e c ap ac ita çã o Le sã o gr av e Ó bi to Tr ein am en to , m an ut en çã o de m áq ui na s e v eíc ul os , s in ali za - çã o C om ba te a In cê nd io s Pe rm an ên cia pr ol on ga da em ár ea co m g as es e/ ou va po re s d a qu eim a Irr ita çã o de vi as re sp ira tó ria s Tr ein am en to , us o de E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s e ad eq ua çã o de fe rra m en ta s, fo rm aç ão d e br ig ad as d e in - cê nd io s In to xic aç ão Pe rm an ên cia em ár ea co m al ta s te m pe ra tu ra s se m o c on su m o su fic ien te d e á gu a D es id ra ta çã o Fa lh a op er ac io na l o u de e qu i- pa m en to s du ra nt e ex tin çã o do in cê nd io o u du ra nt e ev ac ua çã o de ár ea s Q ue im ad ur a l ev e Q ue im ad ur a g ra ve Ó bi to 34 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Pe rig o/ Ri sc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iva s D es m or on am en to , d es ab a- m en to Fa lh a op er ac io na l o u do e qu i- pa m en to du ra nt e co ns tru çã o ou c on se rv aç ão d e bu eir os , v a- let as e ou tra s o br as d e a rte . Re sg at e e m lo ca l c on fin ad o Le sã o lev e / es co ria çõ es Tr ein am en to , us o de E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s Le sã o gr av e (fr at ur as / es m ag am en to / ób ito ) Ex po siç ão so lar Tr ab alh o a c éu ab er to Fa lh a o pe ra cio na l ( pr ot eç ão ) Q ue im ad ur a de 1 º g ra u - lev e (v er m e- lh id ão ) U so d e E PI s, us o de p ro te to r so lar , p au sa s p ar a r eid ra ta çã o In so laç ão Ex po siç ão à um id ad e C on ta to c om á gu a em l oc al úm id o (o rv alh o) , ala ga do o u en ch ar ca do Irr ita çã o cu tâ ne a U so d e E PI s, tre in am en to D er m at ite s G rip e, re sf ria do , s in us ite Ex po siç ão ao fr io Tr ab alh o a c éu ab er to / fa lh a o pe ra cio na l ( pr ot eç ão ) Q ue im ad ur as le ve s ( ve rm elh id ão ) U so d e E PI s, tre in am en to D er m at ite s G rip e, re sf ria do , s in us ite Ex po siç ão a te rre no s ir- re gu lar es (b ur ac os , to co s, ou tro s) Tr ab alh o em re lev o ac id en ta do Fa di ga m us cu lar Tr ein am en to , u so d e E PI s Fa lh a o pe ra cio na l d ur an te d es - lo ca m en to n a ár ea e e xe cu çã o da s a tiv id ad es Le sã o lev e ( es co ria çõ es ) Le sã o gr av e (fr at ur a, co rte s p ro fu nd os , es m ag am en to , a m pu ta çã o) Ó bi to 35 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Pe rig o/ Ri sc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iva s Ex po siç ão à po eir a Re vo lvi m en to d o so lo , tra ns - po rte , lo co m oç ão , e xe cu çã o da s at ivi da de s Irr ita çã o da s v ias re sp ira tó ria s Tr ein am en to , u so d e E PI s Irr ita çã o cu tâ ne a C on ta to C on ju nt ivi te Ex po siç ão à b aix a lu m in o- sid ad e Ilu m in aç ão in efi cie nt e em á re - as d e tra ba lh o (n oi te , d ias n u- bl ad os e es cu ro s, et c.) Fa di ga vi su al, d or es d e c ab eç a Tr ein am en to , us o de E PI s, ad eq ua çã o d a i lu m in aç ão d as m áq ui na s Ex po siç ão à a lta lu m in os i- da de Ilu m in aç ão e xc es siv a (fa ro l o u lu z s ol ar ) Ex ec uç ão d e at ivi da de s d i- ve rsa s M an us eio e l ev an ta m en to , ca rre ga m en to de m an ua l ca rg as Tr ab alh o co m ca rg as Fa di ga m us cu lar Tr ein am en to po stu ra l, gi - ná sti ca lab or al, ad eq ua çã o er go nô m ica d e m óv eis , m á- qu in as e fe rra m en ta s Po stu ra er go no m ica m en te in a- de qu ad a Ex ce ss o de ca rg a Lo m ba lg ias e do re s m us cu lar es D oe nç a o cu pa cio na l Le sã o lev e Le sã o gr av e ( co lu na ) Ex po siç ão a p ro du to s qu í- m ico s Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d e e qu ip am en to s Irr ita çã o cu tâ ne a Tr ein am en to , us o de E PI s, ex am es m éd ico s p er ió di co s D er m at ite In to xic aç ão Irr ita çã o da s m uc os as 36 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Pe rig o/ Ri sc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iva s Ex po siç ão a d es ca rg as a t- m os fé ric as Tr ab alh o a c éu ab er to Fa lh a o pe ra cio na l Le sã o lev e ( qu eim ad ur as le ve s) Tr ein am en to Le sã o gr av e ( qu eim ad ur as ) Ó bi to Ex po siç ão a q ue da d e ga - lh os , t ro nc os , á rv or es , o u- tro s Fa lh a o pe ra cio na l d ur an te d es - lo ca m en to n a ár ea e e xe cu çã o da s a tiv id ad es Le sã o lev e ( es co ria çõ es ) Tr ein am en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s (fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , ó bi to ) Ex po siç ão a vib ra çã o O pe ra çã o de v eíc ul os , m áq ui - na s e eq ui pa m en to s D es co nf or to , in cô m od o Tr ein am en to , us o de E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s D or es m us cu lar es e lo m ba re s Ex po siç ão a im pa ct o Ba tid a da f er ra m en ta e m p e- dr as , t oc os , e tc . D es co nf or to , in cô m od o Tr ein am en to , u so d e E PI s D or es m us cu lar es e lo m ba re s Ex po siç ão a ru íd o Fu nc io na m en to de eq ui pa - m en to s, m áq ui na s e ve ícu lo s D es co nf or to , in cô m od o Tr ein am en to , us o de E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s Pe rd a au di tiv a in du zid a po r ru íd o (P A IR ) Ex po siç ão a g as es d e co m - bu stã o Fu nc io na m en to do m ot or / in ala çã o Irr ita çã o de vi as re sp ira tó ria s Tr ein am en to , u so d e E PI s Ex po siç ão a t em pe ra tu ra s ex tre m as C on ta to co m eq ui pa m en to s, su pe rfí cie s, co m po ne nt es e su bs tâ nc ias q ue nt es Q ue im ad ur a l ev e ( 1º g ra u) U so d e E PI s, us o de p ro te to r so lar , p au sa s p ar a r eid ra ta çã o Q ue im ad ur a g ra ve Ó bi to 37 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Pe rig o/ Ri sc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iva s Ex po siç ão ao he rb ici da , fu ng ici da e in se tic id a Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d e e qu ip am en to s Irr ita çã o de vi as re sp ira tó ria s Tr ein am en to , us o de E PI s, ex am es m éd ico s p er ió di co s Irr ita çã o da s m uc os as In to xic aç ão Irr ita çã o cu tâ ne a D er m at ite s Ex posiç ão à r ad iaç ão n ão io ni za nt e A tiv id ad e d e s ol da Q ue im ad ur a l ev e Tr ein am en to , u so d e E PI s Pe rig o/ R isc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as E xp os iç ão a c ho qu e elé - tri co /p ai né is de fo rç a/ co n- ta to co m eq ui pa m en to s en er gi za do s Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Q ue im ad ur a l ev e Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s Q ue im ad ur a g ra ve . Ó bi to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , ó bi to ) E xp os iç ão a m at er ia l p ar - tic ul ad o da m ad ei ra Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sã o oc ul ar Tr ei na m en to , u so d e E PI s E xp os iç ão à re sin as d e m a- de ira s Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Ir rit aç ão cu tâ ne a Tr ei na m en to , u so d e E PI s D er m at ite s 38 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Pe rig o/ R isc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as E xp os iç ão d e G LP Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Ir rit aç ão d as m uc os as Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sã o gr av e ( In to xi ca çã o) Ó bi to E xp os iç ão a ag en te s b io ló - gi co s ( fu ng os e ba ct ér ia s) Fa lh a op er ac io na l no m an u- se io e c on se rv aç ão d e ali m en - to s D ist úr bi os in te sti na is Tr ei na m en to , u so d e EP Is , ex am es m éd ico s p er ió di co s In to xi ca çã o ali m en ta r E xp os iç ão a líq ui do s qu en te s C on ta to c om e qu ip am en to s e líq ui do s q ue nt es Q ue im ad ur a l ev e ( 1º g ra u) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Q ue im ad ur a g ra ve Ó bi to Ex po siç ão a ar co m pr im id o U til iz aç ão d os b ico s de a r na lim pe za g er al Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s U til iz aç ão d os b ico s de a r na lim pe za g er al Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) E m bo lia E m pr eg o de f er ra m en ta s ab ra siv as Fa lh a O pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to La nç am en to de pa rtí cu las ab ra siv as Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Q ue im ad ur as Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de m áq ui na s e ad eq ua çã o de fe rra m en ta s Le sõ es g ra ve s (q ue im ad ur as , f ra tu ra s, am pu ta çõ es , c or te s p ro fu nd os ) Ó bi to Ig ni çã o de p ro du to s qu í- m ico s e , o u, re síd uo s i nfl a- m áv ei s Ig ni çã o de p ro du to s q uí m ico s/ re síd uo s i nfl am áv ei s Q ue im ad ur a l ev e Tr ei na m en to , u so d e E PI s Q ue im ad ur a g ra ve Ó bi to 39 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Pe rig o/ R isc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as In cê nd io o u ex pl os ão d e ve ícu lo s, m áq ui na s, eq ui - pa m en to s, se de s, ou tro s Ig ni çã o do p ro du to in fla m áv el Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d e m áq ui na s e ve ícu lo s Q ue im ad ur a l ev e Tr ei na m en to , u so d e E PI s Q ue im ad ur a g ra ve Ó bi to D an os m at er ia is M an us ei o de eq ui pa m en to Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) M an us ei o de m at er ia is e fe rra m en ta s co rta nt es e, ou , p er fu ra nt es Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de m áq ui na s e ad eq ua çã o de fe rra m en ta s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) M ov im en ta çã o de m áq ui - na s e ve ícu lo s Fa lh a O pe ra cio na l Fa lh a d a m áq ui na o u ve ícu lo Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s To m ba m en to d a m áq ui na o u ve ícu lo Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) M ov im en to s R ep et iti vo s e E sfo rç o Fí sic o E xe cu çã o da at iv id ad e D or es m us cu lar es e lo m ba re s Tr ei na m en to , gi ná sti ca l a- bo ra l, ro dí zi o de at iv id ad es 40 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Pe rig o/ R isc o M od o de o co rr ên ci a Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as M ov im en ta çã o de m áq ui na s A rra ste d e t or as Fa lh a O pe ra cio na l. Fa lh a n a c om un ica çã o en tre op er ad or e aju da nt e . Fa lh a d e E qu ip am en to (ro m pi m en to d e c ab o de aç o, co rre nt e o u m an gu eir a d a g ar ra ). To m ba m en to d e m áq ui na . Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) M an ejo d e a ni m ai s du ra nt e o ar ra ste A ni m al as su sta do p or m ot iv os di ve rs os (c oi ce , m or di da ) D es lo ca m en to d e t or a d ur an te ar ra ste F alh a O pe ra cio na l Fa lh a d o E qu ip am en to (ro m pi m en to d e c or re nt e) Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de eq ui pa m en to s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Pr en sa m en to p or eq ui pa m en to s Fa lh a o pe ra cio na l F alh a d o eq ui pa m en to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s Fa lh a o pe ra cio na l F alh a d o eq ui pa m en to Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Pi ca da s d e an im ai s pe ço nh en to s M or di da s de a ni m ai s D es lo ca m en to s n a á re a p ar a ex ec uç ão d e a tiv id ad es d ive rsa s Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s Ó bi to 41 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Pe rig o/ R isc o M od o de o co rr ên ci a Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as Q ue da d e e le va çõ es Q ue da d e e le va çõ es Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to, co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Q ue da d e p es so as Fa lh a o pe ra cio na l o u de eq ui pa m en to d ur an te a ex ec uç ão d e t ra ba lh o em alt ur a a cim a d e 2 m et ro s e , o u, no re sg at e e m al tu ra Q ue da d e e sc ad as Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Q ue da d e m at er ia is Q ue da d e e qu ip am en to s Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Q ue da d e m ad ei ra o u de m at er ia is da s c ar ga s d e ve ícu lo s Fa lh a o pe ra cio na l o u do ve ícu lo d ur an te co lo ca çã o e r et ira da d os ca bo s d e am ar ra çã o ou tr an sp or te Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) R es ca ld o de in cê nd io e ex pl os ão Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s, fo rm aç ão d e b rig ad ist as Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , qu ei m ad ur as , i nt ox ica çõ es , ó bi to ) 42 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Pe rig o/ R isc o M od o de o co rr ên ci a Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as R es pi ng o e v az am en to d e ól eo d ie se l, ga so lin a, ól eo lu br ifi ca nt e, so lv en te e de rra m am en to d e g ra xa Fa lh a d e e qu ip am en to Fa lh a o pe ra cio na l d ur an te ab as te cim en to d e v eí cu lo s, m áq ui na s e eq ui pa m en to s Q ue im ad ur a l ev e Tr ei na m en to , u so d e E PI s Ig ni çã o do p ro du to in fla m áv el Q ue im ad ur a g ra ve so br e a p ele 43 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Pe rig o/ R isc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as R ol ag em d e to ra s p or e m - pi lh am en to in ad eq ua do Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) To m ba m en to d e t am bo re s, ga lõ es e bo m bo na s Fa lh a op er ac io na l du ra nt e a m ov im en ta çã o A rm az en am en to in ad eq ua do no d ep ós ito Ir re gu lar id ad e d o te rre no Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , ad eq ua çã o do s d ep ós ito s To m ba m en to o u ca po ta - m en to d e v eí cu lo s Q ue da ( da m áq ui na , m o- to cic let a o u bi cic let a) Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d a m áq ui na o u ve ícu lo Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , us o de v eí cu lo s ad eq ua do s pa ra o t ra ns po rte d e tra ba - lh ad or es Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) D an os m at er ia is D es en vo lv im en to d e do - en ça s c on ta gi os as C on ta to c om s oc or rid os , a ni - m ai s e ri os p elo s t ra ba lh ad or es e b rig ad ist as d e i nc ên di o D oe nç as d iv er sa s U so d e E PI ’s, ex am es m éd i- co s p er ió di co s. 44 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS POSSÍVEIS SINTOMAS OU DANOS DOS AGENTES DE RISCO IDENTIFICADOS Ruído O ruído contínuo ou intermitente, quando presente no ambiente laboral em níveis ou tempos de exposição acima dos indicados na NR 15, ou em pessoas de extrema suscetibilidade, pode causar uma série de distúrbios que se manifestam na forma de cansaço, dores de cabeça aumento da pressão arterial, problemas digestivos, ulcerações e taquicardia. Com o passar dos anos a expo- sição contínua a níveis de ruído acima do recomendado pode levar à perda gradativa da capacidade auditiva para certas frequências sonoras, de forma permanente e irreversível. Já o ruído de impacto pode levar a uma surdez imediata, temporária ou permanente. Vibrações As vibrações de partes localizadas ou de corpo inteiro, de forma frequente e contínua, em trabalhadores expostos a esse agente de risco pode manifestar-se em cansaço, irritação, dores musculares e articulares de membros, dores na coluna vertebral, doenças dos movimentos, artrite, problemas digestivos, desloca- mento de órgãos, lesões ósseas, musculares e circulatórias. Umidade A exposição contínua à umidade tanto de partes do corpo, como do corpo inteiro, leva à predisposição de ocorrência de doen- ças de pele, dificultam a circulação sanguínea, favorecem a ocorrên- cia de doenças respiratórias e ainda facilitam a ocorrência de quedas que levarão a outros tipos de lesões dos funcionários expostos. 45 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Radiações Não Ionizantes As radiações não ionizantes, em contato direto ou indire- to contínuo causam queimaduras, lesões oculares e térmicas, além de alterações de tecidos de órgãos internos. Temperaturas Extremas (Calor e Frio) Podem favorecer a ocorrência de doenças pulmonares, gripes e resfriados, intermação, desidratação e outras, além de queimaduras. Poeiras Oferecem risco de os trabalhadores contraírem doen- ças ligadas ao aparelho respiratório. Algumas atividades, como o transporte de madeira por exemplo, podem acabar gerando uma doença chamada silicose, que é causada pela inalação de partículas de dióxido de silício cristalino, substância encontrada nas rochas da crosta terrestre. Fumos Metálicos A exposição contínua a fumos metálicos pode causar do- ença pulmonar obstrutiva, febre dos fumos metálicos e ainda, into- xicação específica ao metal utilizado na operação de solda. Névoas, Neblinas, Gases e Vapores A exposição a esses agentes de risco pode levar a proble- mas de intoxicação aguda ou crônica, podendo ter ação depressiva do sistema nervoso, levando à ocorrência de vertigens, problemas respiratórios, falta de coordenação motora e desmaios, podendo 46 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS ainda causar lesões dérmicas, taquicardia, asfixia, náuseas, altera- ções dos órgãos internos, problemas gastrintestinais, contrição da garganta, letargia, cefaleia, retenção urinária, anorexia, cólicas ab- dominais, confusão mental, coma e morte. Produtos Químicos O manuseio de produtos contendo substâncias químicas como hidrocarbonetos aromáticos, bem como tintas, óleos, solven- tes, graxas, querosene, detergentes e outros, pode causar lesões na pele, além de favorecer a ocorrência de outras doenças dérmicas e até a intoxicação por algum componente específico dos produtos manuseados, conforme descrito acima. Riscos Biológicos Pode provocar a contaminação direta ou indireta por mi- cro-organismos causadores de doenças infectocontagiosas ou não, como tétano, meningite e verminoses, além de lesões epidérmicas, dentre outras consequências. Riscos ErgonômicosPode provocar o desenvolvimento de lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT), provocando a incapacidade temporária ou perma- nente do trabalhador para o desenvolvimento de suas atividades. CAPÍTULO 4 GESTÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS NAS ATIVIDADES FLORESTAIS Para uma perfeita descrição do sistema de trabalho de qualquer organização, bem como das atividades desempenhadas pelos seus funcionários nos diferentes setores de trabalho, devem ser realizadas inspeções em todas as frentes de trabalho, instalações e seções da organização e entrevistas com os funcionários, encarre- gados e chefias, para que possam ser delineadas as condições gerais de trabalho, as atitudes dos funcionários quanto à prevenção de acidentes e organização e limpeza, seu nível de conhecimento téc- nico-operacional, bem como para se obter uma noção preliminar dos riscos presentes no ambiente laboral, o número de funcionários expostos aos agentes de risco e a noção que os trabalhadores têm em relação aos riscos do seu trabalho. Tudo isso vai de encontro aos pressupostos das Normas Regulamentadoras (NRs), principal- mente na NR 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (BRASIL, 1978). Levantamento qualitativo de riscos O levantamento qualitativo de riscos (ou identificação de riscos) deve ser efetuado através de inspeções em cada fren- te de trabalho ou a cada setor da empresa, buscando-se identi- ficar a existência de agentes de riscos químicos, físicos, bioló- 48 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS gicos, ergonômicos e de acidentes, suas fontes e trajetórias, os Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual existentes e sua eficiência de controle. Levantamento quantitativo de riscos Quando forem identificados agentes de risco passíveis de quantificação, como ruído, temperaturas extremas, ilumina- ção, vibração e exposição a produtos químicos, gases e poeiras, os mesmos devem ser mensurados com a utilização de equipamentos específicos para tal fim, seguindo os procedimentos técnicos para tais determinações quantitativas, utilizando-se também dados de levantamentos anteriores, quando disponíveis. Quando os valores encontrados forem superiores aos níveis de ação estabelecidos nas Normas Regulamentadoras, os mesmos terão prioridade de controle quando da elaboração dos Cronogramas de Implantação de Medidas de Controle de Riscos a serem cumpridos pela organização. Definição do tempo de exposição aos riscos A determinação do tempo de exposição dos funcionários de cada função, ou posto de trabalho, aos agentes de risco iden- tificados deve ser efetuada juntamente com as etapas anteriores, através do acompanhamento do desempenho das atividades la- borais dos trabalhadores, o depoimento pessoal dos mesmos e de suas chefias, quando aplicável. Uma alternativa técnica para esta definição é a realização de um estudo de tempos e movimentos, para cada uma das atividades desempenhadas pelos trabalhadores. 49 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Descrição dos possíveis danos à saúde A determinação dos possíveis danos que podem ser cau- sados pelos agentes de risco à saúde dos trabalhadores pode ser efetuada através de pesquisa bibliográfica e pelo conhecimento técnico dos profissionais envolvidos com a execução do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Esta determinação visa es- clarecer aos funcionários, e a própria organização, a respeito das possibilidades de comprometimento da saúde pela exposição aos agentes de risco, além de subsidiar o planejamento e a determi- nação de procedimentos a serem adotados nos exames realizados dentro do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), bem como auxiliar na caracterização de nexo causal dos agentes de risco e as doenças ocupacionais. Mapeamento de riscos Os mapas de risco deverão ser elaborados a partir das fi- chas de análise de risco funcional e divulgados pela empresa, junto aos funcionários a respeito dos agentes de risco presentes no seu ambiente de trabalho. Vale destacar que a elaboração dos mapas de risco é atribuição da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR, conforme explicitado na NR-31, de acordo com o número de trabalhadores registrados que traba- lham na organização (fazenda ou empresa). 50 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Estabelecimento de medidas de controle de riscos Depois de identificados e avaliados os agentes de risco presentes em cada função, devem ser estabelecidas as medidas de controle de riscos, as quais devem obedecer a uma hierarquia que priorize a adoção, em primeiro lugar, de medidas de ordem geral (ou de proteção coletiva) que eliminem ou reduzam os agentes de risco detectados e, posteriormente, medidas que previnam a liberação e reduzam a concentração de tais agentes no ambiente de trabalho. Caso essas medidas sejam inviáveis tecnicamente, ou mostrem-se insuficientes, ou ainda, estiverem em fase de estudo, planejamento ou implantação, deverão ser adotadas medidas de caráter emergencial, como medidas administrativas e/ou de caráter individual, com fornecimento, treinamento e obrigatoriedade de uso de Equipamentos de Proteção Individual, os quais devem ter o seu fornecimento e uso controlados em fichas específicas. As medidas de controle de riscos a serem implantadas deverão ter sua execução planejada segundo o estabelecimento de um Cronograma de Implantação de Medidas de Controle, no qual estarão discriminadas as medidas necessárias para se controlar os riscos, com programação mensal e previsão anual, atribuindo-se responsabilidades para a sua execução. Avaliação dos EPI’s utilizados e sua adequação dos riscos A verificação dos Equipamentos de Proteção Individual fornecidos e utilizados pelos funcionários de cada função deve ser realizada pela observação das fichas de controle de entrega de EPI’s, e pela observação in loco dos funcionários durante o desem- 51 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL penho das suas atividades. Através dessas constatações, entrevis- tas com os funcionários e o levantamento dos riscos existentes em cada setor de trabalho, deve ser avaliada a eficiência de proteção dos EPI’s fornecidos para cada função, e a sua efetiva utilização pelos funcionários. Caso esses equipamentos não estejam disponíveis ou se- jam inadequados ou ineficientes para o controle dos riscos existen- tes, deverá ser determinada a imediata aquisição e/ou adequação dos mesmos pelo empregador. Como a simples entrega dos EPI’s aos trabalhadores, sem um devido treinamento quanto à sua utilização e, sem a exigência de uso, constitui-se em uma medida de resultado prático e legal ine- ficientes, deverão ser estabelecidos procedimentos específicos para a conscientização dos trabalhadores e chefias para a utilização dos EPI’s, bem como da sua obrigatoriedade e monitoramento de uso. Monitoramento ambiental do ambiente de trabalho O monitoramento quantitativo de agentes de risco pre- sentes no ambiente de trabalho deverá ser realizado logo após a adoção das medidas de controle, quando aplicável, para que se possa caracterizar a eficiência das mesmas, através da redução da intensidade desses agentes. Posteriormente, deverão ser realizados levantamentos anuais visando demonstrar o efetivo controle dos agentes de risco, pela manutenção de sua intensidade a níveis aceitáveis ou pela sua eliminação do ambiente laboral, ou ainda para constatar a necessi- dade de adoção de outras medidas de controle, caso aquelas adota- das não tenham atingido seus objetivos. 52 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Monitoramento biológico A realização dos exames complementares periódicos pe- los trabalhadores, além de atestar a sua condição de saúde, também servirá de parâmetro para a identificação de problemas de exposi- ção a agentes de riscopresentes no ambiente de trabalho que, pela análise do Médico do Trabalho, poderá demonstrar a necessidade de adoção de medidas de controle, as quais deverão ser adotadas em caráter emergencial. Treinamento Para que todos os funcionários tenham pleno conheci- mento dos riscos presentes em cada setor da empresa e as formas de preveni-los, deverá ser estabelecido um programa de treinamen- to, cujos procedimentos adotados deverão ser anotados em fichas individuais de treinamento ou em livro de registro para este fim. Conhecimento dos riscos e formas de prevenção Como a conscientização pessoal é um processo que se efetiva de forma lenta e gradual, deverá ser estabelecido pela em- presa um programa contínuo de treinamento dos funcionários, visando maiores esclarecimentos sobre os riscos presentes no am- biente de trabalho, sua identificação, suas consequências e formas de prevenção. Os funcionários recém-admitidos, e aqueles que venham a assumir uma nova função, de forma definitiva ou não, deverão ter pleno conhecimento dos riscos gerais presentes na empresa e dos 53 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL específicos da função. Para tanto, esses funcionários deverão passar por um treinamento de integração a ser realizado pelos profissio- nais do SESTR, para prestar conhecimentos quanto a: • Conhecimento de Riscos, Formas de Prevenção e Uso de EPI’s. • Procedimentos Técnico-operacionais. Avaliação de condições insalubres e perigosas A caracterização das atividades insalubres e perigosas é um complemento do levantamento de riscos executados duran- te a execução do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PPRA, que visa a identificação dos principais riscos presentes no ambiente de trabalho e a adoção de medidas de controle. A identificação das condições de insalubridade e pericu- losidade, ou a sua ausência, é feita pela análise do PPRA, o qual deve ser elaborado através de inspeções e acompanhamento das atividades de cada função durante o processo normal de produção nos diferentes locais de trabalho onde os funcionários desempe- nham as suas funções, além de entrevistas com os funcionários, encarregados, SESTR e gerências para caracterizar as atividades laborais de cada função. A determinação do tempo de exposição aos agentes de risco deve ser efetuada através de medições durante a execução das diferentes tarefas de cada função, e o depoimento dos funcionários e chefias, quando pertinente, extrapolando-se esse tempo para a carga horária normal da jornada de trabalho. As quantificações dos diferentes agentes de risco devem ser efetuadas com equipamentos apropriados e devidamente calibrados, seguindo adequadas meto- dologias de avaliação. 54 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Registro de dados e caracterização de atividades insalubres e perigosas Os dados obtidos nos levantamentos de riscos, bem como os tempos de exposição, a existência de Equipamentos de Proteção Coletiva, o uso de Equipamentos de Proteção Individual e demais fatores relacionados a cada função desempenhada na empresa e que auxiliam na caracterização, ou não, das atividades insalubres e/ ou perigosas deverão estar anotados no PPRA, como Laudos de Caracterização de Atividade Insalubre e Perigosa. Medidas de controle (NR 09) Deverão ser adotadas as medidas necessárias suficientes para a eliminação, a minimização ou o controle dos riscos am- bientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes situações: a. identificação, na fase de antecipação, de risco poten- cial à saúde; b. constatação, na fase de reconhecimento de risco evi- dente à saúde; c. quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valo- res dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes os valores limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Higyenists, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos; 55 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL d. quando, através do controle médico da saúde, ficar ca- racterizado o nexo causal entre danos observados na saúde os trabalhadores e a situação de trabalho a que eles ficam expostos. O estudo, desenvolvimento e implantação de medidas de proteção coletiva deverá obedecer à seguinte hierarquia: a. medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais à saúde; b. medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho; c. medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de trabalho. A implantação de medidas de caráter coletivo deverá ser acompanhada de treinamento dos trabalhadores quanto os proce- dimentos que assegurem a sua eficiência e de informação sobre as eventuais limitações de proteção que ofereçam. Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter com- plementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendo-se à seguinte hierarquia: a. medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho; b. utilização de equipamento de proteção individual - EPI. 56 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Utilização de EPIs A utilização de EPI no âmbito do programa deverá con- siderar as Normas Legais e Administrativas em vigor e envolver no mínimo: a. seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e à atividade exercida, con- siderando-se a eficiência necessária para o controle da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo avaliação do trabalhador usuário; b. programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua correta utilização e orientação sobre as limitações de proteção que o EPI oferece; c. estabelecimento de normas ou procedimento para promover o fornecimento, o uso, a guarda, a higieni- zação, a conservação, a manutenção e a reposição do EPI, visando garantir as condições de proteção origi- nalmente estabelecidas; d. caracterização das funções ou atividades dos trabalha- dores, com a respectiva identificação dos EPI’s utili- zados para os riscos ambientais. Níveis de ação Conforme estabelecido na NR 09, considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico. 57 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Deverão ser objeto de controle sistemático as situações que apresentem exposição ocupacional acima dos níveis de ação, conforme indicado nas alíneas que seguem: a. para agentes químicos, a metade dos limites de ex- posição ocupacional considerados de acordo com a alínea “c” do subitem 9.3.5.1 da NR 09; b. para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), con- forme critério estabelecido na NR 15, Anexo I, item 6.4. Responsabilidades Do empregador: I. Estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA como atividade permanente da empresa ou instituição. II. Informar aos trabalhadores de maneira apropriada e suficiente sobre os riscos ambientais que possam originar-se nos locais de trabalho e sobre os meios disponíveis para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos. Dos trabalhadores: I. Colaborar e participar na implantação e execução do PPRA; II. Seguir as orientações recebidas nos treinamentos ofe- recidos dentro do PPRA; III. Informar ao seu superior hierárquico direto ocorrên- cias que, a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos tra- balhadores. IV. Apresentarpropostas e receber informações e orien- tações a fim de assegurar a proteção aos riscos ambientais identifi- cados na execução do PPRA. 58 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Gerenciamento de riscos Dentre os riscos físicos (ruído, vibração, temperatura, ilu- minação, radiação ionizante e umidade), químicos (poeiras, fumos e gases) e biológicos, a adoção de medidas de ordem geral capazes de conservar o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerân- cia e com a utilização de equipamento de proteção individual, tem o condão de anular os efeitos adversos decorrentes da exposição tais riscos, de acordo com o previsto no PPRA e em conformidade com a NR-15 (BRASIL, 1978). Quanto aos riscos ergonômicos a adoção de postura corporal inadequada, a monotonia/repetitividade do trabalho e a monotonia na execução das atividades rotineiras são os riscos de maior relevância e com menores índices de tolerabilidade. O mes- mo comportamento foi verificado para os riscos de acidentes. De fato, no setor florestal, mormente nas atividades mecanizadas, as doenças ocupacionais vêm ocupando lugar de destaque nas preo- cupações referentes a atividade (TEWARI; DEWANGAN, 2009; SILVA et al., 2013; SILVA et al., 2014; ALMEIDA et al., 2015), sendo um claro demonstrativo de que este grupo de risco apresenta baixa tolerabilidade, com risco substancial, sendo necessárias ações no sentido de reduzir sua incidência sobre os trabalhadores que laboram em tais atividades. Considerar todos s fatores de exposição dos trabalhadores em um sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional é fun- damental para o desenvolvimento de um programa de boas práti- cas e vigilância na saúde do trabalhador, criando-se um ambiente de trabalho seguro (FARIA et al., 2011). Para que seja possível esclarecer a sistemática das etapas a serem cumpridas em um pro- grama como este, é fundamental a caracterização de alguns precei- tos básicos. Em síntese, qualquer programa de saúde ocupacional 59 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL deve ter três objetivos básicos: a eliminação ou redução dos riscos, sempre que possível, a proteção de trabalhadores expostos a riscos associados ao ambiente de trabalho e a promoção de medidas que visem a manter a saúde destes trabalhadores. O gerenciamento de riscos reveste-se de vital importân- cia e configura-se como a principal atividade no que concerne à proteção à saúde de trabalhadores expostos. O objetivo principal desta atividade é reduzir os riscos a níveis insignificantes ou até mesmo negligentes, de maneira que os trabalhadores florestais não sofram os efeitos adversos lesivos à saúde provocados pelo trabalho ou pelo ambiente de trabalho (OJHA; KWATRA, 2011). É im- portante ressaltar que um mapeamento inicial, por mais bem feito e minucioso que seja feito, não consegue representar a realidade de exposição na sua plenitude. Isso significa que a identificação de perigos e avaliação de riscos é uma ação contínua e ininterrupta, na busca da aproximação da realidade operacional em termos de identificação de perigos e riscos presentes na rotina de trabalho. Conhecendo a tolerabilidade de risco é possível identificar as uni- dades, processos, tarefas que requerem atenção no que se refere à adoção de ações para diminuir o risco e trazê-lo para a região de tolerabilidade. Uma vez identificados os principais riscos existentes na atividade florestal, o próximo e fundamental objetivo da análise de riscos que é o entendimento de como eliminar ou controlar estes riscos, evitando danos à saúde dos trabalhadores, ao meio ambien- te e à saúde da população em geral. Tal objetivo pode ser alcançado via medidas de engenharia (projetos de máquinas seguras ou iso- lamento dos riscos), medidas administrativas (treinamentos, sina- lizações e medidas de caráter punitivo) e medidas organizacionais (remediação ou atenuação dos riscos, que pode ser via proteção coletiva, preferencialmente, ou individual, conforme o caso). 60 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Ainda, como consequência da identificação dos riscos ambientais a que estão expostos os trabalhadores, propõe-se a pro- moção de medidas para a manutenção da saúde dos mesmos. Com esse objetivo, a legislação (NR-7) estabelece a implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, que tem como objetivo promover e preservar a saúde dos trabalha- dores (BRASIL, 1978). O PCMSO considera questões relaciona- das tanto ao indivíduo quanto à coletividade. Seu foco é prevenir, rastrear e diagnosticar precocemente os agravos à saúde relaciona- dos ao trabalho, constatando a existência de casos de doenças pro- fissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. Deve entre outros, realizar exames médicos físicos e mentais e avaliações clínicas, a serem especificados de acordo com os riscos aos quais os trabalhadores estiverem expostos. Desta forma, o foco principal da análise de riscos nos lo- cais de trabalho é a prevenção, ou seja, os riscos devem ser elimi- nados sempre que possível e o controle dos riscos existentes deve seguir os padrões de qualidade mais elevados em termos técnicos e gerenciais. Saber reconhecer os riscos do ambiente de trabalho é de extrema importância para o processo que servirá de base para a tomada de decisões quanto às ações de prevenção, controle ou eliminação dos riscos. Reconhecer os riscos significa identificar os fatores ou situações com potencial de danos à saúde dos trabalha- dores ou, em outras palavras, se existe a possibilidade de danos à saúde dos mesmos (SILVA; SILVA, 2012). CAPÍTULO 5 SOBRE NORMAS REGULAMENTADORAS A Constituição da República Federativa do Brasil (CF) assegura, desde sua edição de 1967, a todos os trabalhadores urba- nos e rurais o direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. A Constituição fala em trabalhadores e não empregados. Logo, todos os trabalhadores têm esse direito, independentemente da natureza jurídica da rela- ção de trabalho, posto que, sendo um direito fundamental e social do trabalhador, a norma é de aplicabilidade imediata, (§2º, do Art. 5º da CF). As normas a que se refere a CF estão contidas na Lei nº 6.514, de 22.12.77, que deu nova redação aos Arts. nos 154 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), constan- tes do Capítulo V – Da Medicina e da Segurança no Trabalho, do Título II, da CLT (ZIBETTI et al., 2006). Ainda segundo os autores, os trabalhadores rurais, sem vínculo de emprego, também fazem direito ao meio ambiente de trabalho seguro e sadio, por força dos Arts. 1º, 13 e 17, da Lei nº 5.889/73 (BRASIL, 1973). A responsabilidade pela sua obser- vância recai sobre o empregador rural ou sobre o dono das terras cultivadas, em caso de arrendamento ou parceria rural, na medida em que, conforme previsto no Art. 21 da Convenção nº 155/1981 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), relativa à segu- rança, à saúde dos trabalhadores e ao ambiente de trabalho; e no Art. 12 da Convenção nº 161/1985 da OIT (relativa a serviços de saúde no trabalho), as medidas de segurança e higiene e de acom- 62 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS panhamento da saúde do trabalhador não devem implicar em ne- nhum ônus financeiro para os trabalhadores (FRANCO FILHO; MAZZUOLI, 2016). Não obstante, o despreparo e desfalque quanto à segu- rança no trabalho foi suficiente para que na década de 1970 o país atingisse um dos maiores índices de acidente no trabalho do mun- do. A situação preocupante contribuiu para que os direitos traba- lhistas passassem por avanços importantes no que tange a ampa- ros legais. Dentre a legislação brasileira, destacam-se as Normas Regulamentadoras (NRs), previstas na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), sendo fundamentais para a normatização da segurança e medicina notrabalho, possuindo caráter obrigatório por empresas e empregadores (SOUTO, 2009). No Brasil, a legislação trabalhista exige dos empregadores ou equiparados que seus trabalhadores usem determinados dispo- sitivos para proteção contra possíveis acidentes quando executando suas atividades e alguns requisitos ergonômicos são especificados pela Norma Regulamentadora (NR) 17 para os postos de trabalho. A NR-17 – Ergonomia, do Ministério do Trabalho e Emprego, estabelece parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desem- penho eficiente (BRASIL, 1990). De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego - MTE (MTE, 2015) as Normas Regulamentadoras - NR’s, criadas pela lei n° 6.514 de 1977 e aprovadas pela Portaria n° 3.214 de 08 de junho de 1978, são relativas à segurança e a saúde do trabalho, de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pe- los órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgão dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam em- pregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto de Lei n° 5.452 de 1943 (BRASIL, 1978). 63 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL As NR’s aprovadas de 1978, a partir do Capítulo V, Título II, da CLT, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, eram compostas inicialmente por 28 (vinte e oito) normas, que com o passar da evolução industrial, necessitou de atualização e especificidade, sendo ampliadas e chegando no ano de 2019 com 36 Normas Regulamentadoras em vigor. Vale ressaltar que as NR’s são numeradas de 01 a 37, sendo que a NR 27 foi revogada. A partir da CLT também foram criadas as Normas Regulamentadoras Rurais - NRR’s -, através da Portaria n° 3.067 de 1988, compostas por 05 normas relativas à segurança e higiene do trabalho rural. Estas normas foram revogadas pela Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego n° 191 de 2008, em considera- ção da vigência da Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura (NR 31), aprovada pela Portaria GM n° 86 de 2005 (BRASIL, 2005). Segundo Almeida (2009), as NR’s não se apresentam em forma sequencial, ou dividida em grupos temáticos, elas sim- plesmente atendem a distribuição proposta pela legislação que a fundamentou, podendo apenas ser dividida em cinco grandes grupos: Normas Institucionais, Normas de Programas Gerais, Normas de Programas Específicos, Normas de Agentes de Riscos e Normas Setoriais. Na Tabela 1 são apresentadas as NR’s agrupadas cada qual em seus grupos temáticos, diretrizes e orientações, segundo Almeida (2009), atualizadas para o novo contexto de 2017, onde incluem-se as Normas regulamentadoras 34 e 36 que são conside- radas NR’s de caráter Setoriais, enquanto a NR 35 é considerada Agente de Risco. Para a Organização Internacional do Trabalho – OIT, em sua cartilha intitulada “Cartilha sobre o Trabalho Florestal”, as ati- 64 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS vidades florestais possuem características próprias, distintas de ou- tros setores produtivos com relação ao ambiente de trabalho e suas condições e, em decorrência deste fato, lista as NR’s categorizadas (OIT, 2005) com aplicação direta sobre esse setor produtivo, como demonstrado na Tabela 2. As NR’s são instrumentos legais que estabelecem precei- tos mínimos de segurança nos mais diversos setores produtivos e de serviços. Segundo Almeida (2016), as NR’s tem como objetivo principal a padronização de serviços, a regulamentação de profis- sionais voltados a segurança, treinamento para funcionários em atividade de risco, determinação de benefícios para determinadas profissões e condições de trabalho, mas também tem o papel de conscientização de todos os envolvidos nas atividades profissionais. 65 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Ta be la 1 - A gr up am en to d as N or m as R eg ul am en ta do ra s e m se us g ru po s t em át ic os G ru po D es cr iç ão N R ’s In sti tu cio na l Pa râ m et ro s ge né ric os d e ob se rv ân cia ob rig at ór ia , in de pe nd en te m en te do tip o de em pr es a. N R 0 1 - D isp os içõ es g er ai s; N R 0 2 - I ns pe çã o pr év ia ; N R 0 3 - E m ba rg o ou in te rd iç ão ; N R 2 7 - R eg ist ro p ro fis sio na l d o té cn ico d e s eg ur an ça n o M T E ; N R 2 8 - F isc ali za çã o e p en ali da de s P ro g ra m a s ge ra is Pr og ra m as im pl em en ta - do s pe la em pr es a, te nd o em v ist a a pr ev en çã o e co ns cie nt iz aç ão . N R 0 4 - S ES M T; N R 0 5 - C IP A ; N R 0 6 - E PI ; N R 0 7 - P C M SO ; N R 0 8 - E di fic aç õe s; N R 0 9 - P PR A ; N R 2 4 - C on di çõ es sa ni tá ria s e d e c on fo rto n o lo ca l d e t ra ba lh o; N R 2 6 - S in ali za çã o de se gu ra nç a Pr og ra m as es - pe cífi co s E sta be lec e m ed id as p re - ve nt iv as e em er gê nc ia , em si tu aç õe s d e alt o ris co pa ra p ro te ge r a sa úd e e in - te gr id ad e d o tra ba lh ad or . N R 2 3 - P ro te çã o co nt ra in cê nd io ; N R 2 5 - R es íd uo s i nd us tri ai s 66 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS G ru po D es cr iç ão N R ’s A ge nt es d e r isc o A ge nt es de ris co s e pe rig os n as d iv er sa s at iv - id ad es de se m pe nh ad as pe lo tra ba lh ad or , in di - ca nd o os p ro ce di m en to s ad eq ua do s e p re ve nt iv os . N R 1 0 - I ns ta laç õe s e se rv iço s e m el et ric id ad e; N R 1 1 - T ra ns po rte , m ov im en ta çã o, ar m az en ag em e m an us ei o de m at er ia is; N R 1 2 - M áq ui na s e eq ui pa m en to s; N R 1 3 - C ald ei ra s e va so s d e p re ss ão ; N R 1 4 - F or no s; N R 1 5 - A tiv id ad es e op er aç õe s i ns alu br es ; N R 1 6 - A tiv id ad es e op er aç õe s p er ig os as ; N R 1 7 - E rg on om ia ; N R 1 9 - E xp lo siv os ; N R 2 0 - L íq ui do s c om bu stí ve is e i nfl am áv ei s; N R 2 1 - T ra ba lh o a c éu ab er to ; N R 3 5 - T ra ba lh o em al tu ra * Se to ria is N R 1 8 - C on di çõ es e m ei o am bi en te d o tra ba lh o na in dú str ia d a c on str uç ão ; N R 2 2 - S eg ur an ça e sa úd e o cu pa cio na l n a m in er aç ão ; N R 2 9 - S eg ur an ça e sa úd e d o tra ba lh o po rtu ár io ; N R 3 0 - S eg ur an ça e sa úd e n o tra ba lh o aq ua vi ár io ; N R 3 1 - Se gu ra nç a e sa úd e no t ra ba lh o na a gr icu ltu ra , p ec uá ria , s ilv icu ltu ra , e x- pl or aç ão fl or es ta l e aq ui cu ltu ra ; N R 3 2 - S eg ur an ça e sa úd e n o tra ba lh o em es ta be lec im en to s d e s aú de ; N R 3 3 - S eg ur an ça e sa úd e n o tra ba lh o em es pa ço s c on fin ad os ; N R 3 4 - C on di çõ es e m ei o am bi en te d e t ra ba lh o na in dú str ia d a c on str uç ão n av al; N R 3 6 - Se gu ra nç a e sa úd e no tr ab alh o em e m pr es as d e ab at es e p ro ce ss am en to d e ca rn es e de riv ad os . N R 3 7 - S eg ur an ça e sa úd e e m p lat af or m as d e p et ró leo . Fo nt e: BR A SI L (1 97 8) ; A LM EI D A (2 00 9) . 67 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Ta be la 2 - N orm as R eg ul am en ta do ra s r el ac io na da s p el a O IT (2 00 5) so br e t ra ba lh o flo re st al se pa ra da p or at rib ut os N or m as R eg ul am en ta do ra s d e S eg ur an ça N R 0 1 D isp os içõ es g er ai s N R 0 5 C om iss ão In te rn a d e P re ve nç ão d e A cid en te s ( C IP A ) N R 0 6 E qu ip am en to s d e P ro te çã o In di vi du al (E PI ) N R 0 9 Pr og ra m a d e P re ve nç ão d e R isc os A m bi en ta is (P PR A ) N R 2 3 Pr ot eç ão C on tra In cê nd io s N R 2 6 Si na liz aç ão d e S eg ur an ça N R 3 1 N or m a R eg ul am en ta do ra d e Se gu ra nç a e Sa úd e no T ra ba lh o na A gr icu ltu ra , P ec uá ria , S ilv icu ltu ra , E xp lo ra çã o Fl o- re sta l e A qu icu ltu ra . N R 3 5 Tr ab alh o em A ltu ra N or m as R eg ul am en ta do ra s d e S aú de N R 0 4 Se rv iço s E sp ec ia liz ad os em E ng en ha ria d e S eg ur an ça e em M ed ici na d o Tr ab alh o N R 0 7 Pr og ra m a d e C on tro le M éd ico e Sa úd e O cu pa cio na l N R 1 5 A tiv id ad es e O pe ra çõ es In sa lu br es N R 1 7 E rg on om ia N R 2 4 C on di çõ es S an itá ria s e C on fo rto n os L oc ai s d e T ra ba lh o N R 3 1 Se gu ra nç a e sa úd e n o tra ba lh o na ag ric ul tu ra , p ec uá ria , s ilv icu ltu ra , e xp lo ra çã o flo re sta l e aq ui cu ltu ra ; Fo nt e: O IT (2 00 5) . 68 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS A c at eg or iz aç ão p ro po sta p or A lm ei da (2 00 9) , p er m ite se pa ra r a s N R ’s as q ua is po ss ue m o b- se rv ân cia o br ig at ór ia n o se to r d e P ro du çã o Fl or es ta l, q ue sã o as N or m as In sti tu cio na is (g en ér ica s d e o b- se rv ân cia o br ig at ór ia ), as N or m as d e Pr og ra m as G er ai s, as N or m as d e Pr og ra m as E sp ec ífi co s, N or m as de A ge nt es d e R isc o e a N or m a R eg ul am en ta do ra n º 3 1 (N or m a S et or ia l). Q ua nt o às N R ’s pe rti ne nt es ao s t ra ba lh os si lv icu ltu ra is, P ai va et a l. (2 01 1) es pe cifi ca d ez es se is N R ’s, e a s c at eg or iz am co m o se nd o no rm as G en ér ica s ( G ), E sp ec ífi ca s e str ut ur an te s ( E e) e E sp ec ífi ca s nã o es tru tu ra nt es (E ne ) c om o m os tra do n a T ab ela 3 . Pa ra a e nt id ad e Fo re st St ew ar ds hi p C ou nc il - FS C (2 01 3) , é im po rta nt e qu e os e m pr ee nd i- m en to s fl or es ta is qu e alm eja m a c er tifi ca çã o, cu m pr am c om a le gi sla çã o so br e sa úd e e se gu ra nç a, em es pe cia l a co nt id a na s N R ’s do M in ist ér io d o Tr ab alh o e em pr eg o, se nd o se us p rin cip ai s p on to s c on fe - rid os n a T ab ela 4 . 69 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Ta be la 3 - N or m as p er tin en te s a os tr ab al ho s s ilv ic ul tu ra is N or m a Te m a C la ss e N R 0 1 D isp os içõ es g er ai s G N R 0 5 C om iss ão In te rn a d e P re ve nç ão d e A cid en te s ( C IP A ) G N R 0 6 E qu ip am en to d e P ro te çã o In di vi du al (E PI ) G N R 0 7 Pr og ra m a d e C on tro le M éd ico e Sa úd e O cu pa cio na l ( PC M SO ) E e N R 0 8 E di fic aç õe s G N R 0 9 Pr og ra m a d e P re ve nç ão d e R isc os A m bi en ta is (P PR A ) E e N R 1 1 Tr an sp or te , M ov im en ta çã o, A rm az en ag em e M an us ei o de M at er ia is G N R 1 2 M áq ui na s e eq ui pa m en to s G N R 1 5 A tiv id ad e e o pe ra çõ es in sa lu br es G N R 1 7 E rg on om ia G N R 2 0 Lí qu id os co m bu stí ve is e i nfl am áv ei s G N R 2 1 Tr ab alh o a c éu ab er to G N R 2 3 Pr ot eç ão co nt ra in cê nd io s G N R 2 4 C on di çõ es sa ni tá ria s e d e c on fo rto n os lo ca is de tr ab alh o G N R 2 6 Si na liz aç ão d e s eg ur an ça G N R 3 1 Se gu ra nç a e sa úd e no tr ab alh o na a gr icu ltu ra , p ec uá ria , s ilv icu ltu ra , e xp lo ra çã o flo re sta l e a qu i- cu ltu ra E ne N R 3 5 Tr ab alh o em al tu ra E ne Fo nt e: PA IV A et al . ( 20 11 ). O bs .: G - G en ér ica s; E e - E sp ec ífi ca s e str ut ur an te s; E ne - E sp ec ífi ca s n ão es tru tu ra nt es . 70 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Ta be la 4 - N or m as re gu la m en ta do ra s d e s eg ur an ça p re co ni za da s d e a te nd im en to p el o FS C N or m as R eg ul am en ta do ra s N R 0 1 D isp os içõ es g er ai s N R 0 6 Fo rn ec im en to , s em ô nu s p ar a o tr ab alh ad or , d e E qu ip am en to s d e P ro te çã o In di vi du al – EP I, ad eq ua do s a ca da at iv id ad e; N R 0 5 Im pl em en ta çã o da C om iss ão In te rn a d e P re ve nç ão d e A cid en te s – C IP A ; N R 0 7 E lab or aç ão e im pl em en ta çã o de u m P ro gr am a d e C on tro le M éd ico d a S aú de O cu pa cio na l – P C M SO N R 0 9 E lab or aç ão e im pl em en ta çã o do P lan o de P re ve nç ão d e R isc os A m bi en ta is – PP RA N R 1 7 E rg on om ia N R 3 1 Se gu ra nç a e sa úd e n o tra ba lh o na ag ric ul tu ra , p ec uá ria , s ilv icu ltu ra , e xp lo ra çã o flo re sta l e aq ui cu ltu ra Fo nt e: FS C (2 01 3) CAPÍTULO 6 NORMAS REGULAMENTADORAS APLICADAS AO SETOR DE PRODUÇÃO FLORESTAL Segundo a Organização Internacional do Trabalho – OIT – , o setor rural é uma das atividades de maior índice de aci- dentes no mundo, ao lado da construção civil e mineração (OIT, 2005). Desde 1921, a OIT adota diversas convenções referentes a aspectos das atividades agrícolas, inclusive a segurança e saúde no desenvolvimento do trabalho, sendo o Brasil signatário de tais convenções. O desenvolvimento e a aprovação das NRs foram um importante passo no sentido de adequação da legislação brasileira as convenções da OIT. Nesse sentido, as Normas Regulamentadoras – NRs, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – estabelecem inú- meras orientações obrigatórias, na área da segurança, medicina e meio ambiente do trabalho, para empresas públicas e privadas, órgãos públicos da administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, para todos os trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT (BRASIL, 1978). As NRs são de observância obrigatória dos empregado- res e alertam as empresas quanto aos cuidados e à diligência que se deve ter com seus funcionários, e não as desobrigam do cum- primento das demais regras e disposições vigentes na legislação, abrangendo as convenções e os acordos coletivos de trabalho. 72 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS O não cumprimento das disposições legais e regulamen- tares sobre segurança e medicina do trabalho acarretará ao empre- gador a aplicação das penalidades previstas na legislação pertinen- te, as quais contemplam desde a aplicação de multas até o embargo ou interdição do estabelecimento. Por outro lado, na parte mais fraca da relação, os trabalhadores florestais ficam expostos a riscos de acidentes e desenvolvimento de doenças ocupacionais, capazes de levar a incapacidadetemporária ou permanente. NR 01 – Disposições Gerais A NR 01 trata especificamente da aplicação das Normas Regulamentadoras (NR’s), relativas à segurança e medicina do tra- balho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indi- reta, bem como pelos órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Segundo Farias (2015), o item 1.7 da NR 1, é um dos itens mais importantes, no ponto de vista jurídico e prevencionista, considerando que seu contexto é claro na imposição da obrigação do empregador na elaboração do documento denominado Ordem de Serviço, direcionado aos empregados contendo todas as infor- mações dos riscos ambientais existentes nos locais de trabalho. Outro item de suma importância, o item 1.8, refere-se as obrigações dos empregados no cumprimento das disposições legais, no cumprimento das ordens de serviços emitidas pelo em- pregador e principalmente no uso dos Equipamentos de Proteção Individuais determinados pelo empregador podendo este no caso de recusa do uso dos EPIs e descumprimento das normas de se- 73 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL gurança impostas, estará incorrendo em falta grave e podendo, por isso, ser demitido por justa causa (FARIAS, 2015). NR 04 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) A NR 04 tem como objetivo normatizar as empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam em- pregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT –, a necessidade de manutenção, obrigatoriamente, do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a inte- gridade do trabalhador no local de trabalho. O Quadro I da NR 04, relaciona a Classificação Nacional de Atividade Econômica – CNAE (CONCLA, 2017), que se apresenta na sua versão 2.2, em associação com correspondente Grau de Risco – GR, para fins de dimensionamento do SESMT. O CNAE referente a atividades de Produção Florestal, em espe- cial florestas plantadas possui grau de risco 3. No Quadro II da NR 04 fica estabelecido como deverá ser feito o dimensionamento do SESMT, que leva em consideração ao número de empregados e o graus de risco da atividade econômica, ficando estas obrigadas a preencher os cargos com os seguintes profissionais: Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Auxiliar de Enfermagem do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Médico do Trabalho (BRASIL, 1978). A exemplo de aplicação da NR 04, nos registros do MTE, o Grupo Madeiras S.A., empresa florestal da região do Sul do país, 74 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS representada pela Reflorestadora Araucária (nomes fictícios), pos- sui 11 mil hectares de florestas plantadas, cerca de 1.100 emprega- dos diretos, possui corpo de SESMT formado por 04 Técnicos de Segurança do Trabalho, 01 Engenheiro de Segurança do Trabalho, 01 Auxiliar de Enfermagem do Trabalho e 01 Médico do Trabalho, evidenciando o atendimento da legislação trabalhista na composi- ção do SESMT. Além do dimensionamento do SESMT, a NR 04 pos- sui quadros em seu corpo de texto que pressupõem que o grupo do SESMT atente a instruções adicionais, tais como: Quadro III - Acidentes com Vítima (NBR 14280), Quadro IV – Doenças Ocupacionais, Quadro V – Insalubridade e Quadro VI – Acidentes sem Vítima (ABNT, 2001; BRASIL, 1978). NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) A NR 05 tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível per- manentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Embora tenha sido publicada original- mente em 1978, através da Portaria MTb nº 3.214, sua redação atual se dá pela Portaria SSST nº 08, de 23 de fevereiro de 1999. Sua missão é preservar a saúde e integridade física dos trabalhado- res. Seu papel mais importante é o de estabelecer uma relação de diálogo e conscientização entre os integrantes da empresa, ela deve ser a ponte que liga direção e empregados. De forma criativa e par- ticipativa deve opinar na forma como os trabalhos são realizados, objetivando sempre melhorar as condições de trabalho, visando à 75 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL humanização do trabalho e consequente melhoria nas condições de trabalho. De acordo com esta NR, a formação da CIPA é obrigató- ria para empresas com mais de 50 funcionários (Quadro I da NR 5). Quando a empresa não se enquadrar nas condições previstas no Quadro I da NR 5, ela deve designar um funcionário como res- ponsável pelo cumprimento dos objetivos daquela NR e para esse responsável deverá promover treinamento anual. Os Quadros I e II da NR 05 não fazem menção sobre o dimensionamento da CIPA para o CNAE 02.10-1 (Produção Florestal – Florestas Plantadas), cabendo a observância no inciso 5.6.4: “quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a empresa designará um responsável pelo cumprimento dos objeti- vos desta NR, podendo ser adotados mecanismos de participação dos empregados, através de negociação coletiva”. Entretanto, a NR 31 estabelece a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR –, com seus objetivos, dimensionamento, atribuições e responsabilidades, sen- do que este tema será abordado oportunamente. Para Canto et al. (2007) e Assunção; Câmara (2011) a colheita semimecanizada é realizada sem o uso de máquinas e equipamentos adequados, sobretudo em propriedades rurais onde a atividade é terceirizada ou realizada por conta do produtor flo- restal fomentado, o qual é inexperiente na atividade. Isso mostra uma forma de se negligenciar a aplicação da NR 05, devido a in- formalidade dos contratos de serviço e pelo tempo de colheita ser temporário, o que contribui para a geração de acidentes de trabalho em suas mais variadas formas. Esses acidentes ocorrem, em parte, devido a não realização de treinamento do funcionário em relação ao uso dos equipamentos e aos procedimentos que devem ser fei- tos na realização da atividade, negligenciando a NR 5, que dispõe 76 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS sobre prevenção de acidentes através de treinamento e conscienti- zação (FREITAS, 2016). A CIPA deve participar das ações dos programas ocupa- cionais, como consta no item 7.4.6.2 da NR 07: “o relatório anual do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional deverá ser apresentado e discutido na CIPA, quando existente na empre- sa, de acordo com a NR 05, sendo sua cópia anexada ao livro de atas daquela Comissão”. Assim como na NR 09 o item 9.2.2.1: o documento base do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e suas alterações e complementações deverão ser apresentados e discutidos na CIPA, quando existente na empresa, de acordo com a NR 05, sendo sua cópia anexada ao livro de atas dessa Comissão”. NR 06 – Equipamento de Proteção Individual (EPI) A NR-06 obriga as empresas e os empregadores a fornecer aos empregados, gratuitamente, o EPI adequado ao risco, em per- feito estado de conservação e funcionamento, além de estabelecer responsabilidades aos trabalhadores quanto a seu uso e conservação. Os EPI’s devem ser adequados tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e o equipamento usado em uma atividade/operação, níveis de exposição a certo agente de ris- co e a atividade exercida, levando em conta a eficiência para o controle da exposição ao risco e o conforto do trabalhador na correta utilização dos EPI’s e orientados sobre suas limitações (MANFREDINI et al., 2011). Segundo Paiva et al. (2015), no que se refere à utilização de EPI por parte dos trabalhadores florestais, há grande dificulda-77 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL de de conscientização e cumprimento de exigências operacionais, além de existir, ainda, um descrédito quanto aos perigos associados às atividades florestais, conforme orienta a NR 31. Ao avaliar o fornecimento e utilização de EPI’s por traba- lhadores florestais em propriedades rurais, SCHETTINO (2016) identificou que os principais desvios encontrados, por parte dos empregadores ou equiparados, foram referentes ao não forneci- mento de EPIs adequados as peculiaridades das atividades desen- volvidas (45,2% dos casos); a não exigência do uso (51,6% dos casos); o não fornecimento ao trabalhador de EPI aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho (58,1% dos casos); a falta de treinamento e orientação aos trabalhadores sobre o correto uso, guarda e conservação (83,9% dos casos); e a falta de registro do fornecimento, quando este ocor- reu (71,0% dos casos). No mesmo estudo, por parte dos trabalhadores florestais, a grande desconformidade foi, nos casos em que o EPI foi forne- cido, a sua incorreta ou não utilização, fato verificado em 83,9% dos casos. De acordo com Carrion; Carrion (2015), vale ressal- tar o enunciado da alínea “b” do parágrafo único do Art. 158 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): “Parágrafo único – Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: […] b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa”. Desta forma, quando o empregador ou equiparado notar que seu trabalhador não usa o EPI fornecido, poderá dispensá-lo por justa causa, ficando a seu cargo, antes disso, advertir ou suspen- der o trabalhador que não usar o EPI. Os EPIs se tornaram o maior aliado dos profissionais que estão expostos constantemente a situações de riscos no ambiente de trabalho, caso dos trabalhadores florestais. De maneira geral, a uti- 78 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS lização dos equipamentos de proteção individual gera uma série de benefícios ao trabalhador e aos empregadores. Por um lado, os em- pregadores ou equiparados se beneficiam na diminuição dos riscos de acidente de trabalho e afastamentos que demandam, na maioria das vezes, um custo bem maior que o de um EPI. A ausência do trabalhador traz outros prejuízos, como a substituição do emprega- do afastado, quebras na produção e geração de passivos trabalhistas. Paiva et al. (2015), ao avaliarem a ocorrência de ganhos sociais decorrentes da certificação florestal em empresas florestais, concluíram que no que se refere à utilização de EPI por parte dos trabalhadores florestais, há grande dificuldade de conscientização e cumprimento de exigências operacionais, além de existir, ainda, um descrédito quanto aos perigos associados às atividades flores- tais. Os autores afirmam, ainda, que este fato é recorrente no setor florestal brasileiro. Por outro lado, ao avaliarem a ocorrência de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais em trabalhadores rurais, Alves; Guimarães (2012) relataram que, dentre outros motivos, em rela- ção aos EPIs, mesmo sendo de utilização obrigatória, nem todos os trabalhadores o utilizavam e nem sempre eram oferecidos, ocor- rendo, muitas vezes, a improvisação, contribuindo para o agravo das ocorrências. Corroborando tais resultados, Menegat; Fontana (2010) concluíram que os EPIs que protegem o trabalhador contra os riscos ocupacionais são usados parcialmente ou negligenciados pelos trabalhadores e, ou, empregadores, configurando a presença de risco de lesões por acidentes ou adoecimento 79 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL NR 07 – Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) Esta NR estabelece a obrigatoriedade de elaboração e im- plementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. Todas as empresas, independentemente do número de empregados ou do grau de risco de sua atividade, estão obrigadas a elaborar e implementar o PCMSO, que deve ser planejado e im- plantado com base nos riscos à saúde dos trabalhadores. Entre suas diretrizes, uma das mais importantes é aquela que estabelece que o PCMSO deve considerar as questões incidentes tanto sobre o in- divíduo como sobre a coletividade de trabalhadores, privilegiando o instrumental clínico-epidemiológico. A norma estabelece ainda, o prazo e a periodicidade para a realização das avaliações clínicas, assim como define os critérios para a execução e interpretação dos exames médicos complementares (os indicadores biológicos). A partir do reconhecimento dos riscos, deve ser estabe- lecido um conjunto de exames clínicos e complementares especí- ficos para cada grupo de trabalhadores da empresa, utilizando-se de conhecimentos científicos atualizados e em conformidade com a boa prática médica. Assim, o nível de complexidade do PCMSO depende basicamente dos riscos existentes em cada empresa, das exigências físicas e psíquicas das atividades desenvolvidas e das características biopsicofisiológicas do conjunto dos trabalhadores (BRASIL, 1978). Através da realização de exames médicos (determinados a partir do PPRA e de acordo com a exposição aos riscos ocupa- 80 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS cionais existentes no local de trabalho), tem caráter de prevenção, mapeamento precoce e diagnóstico dos agravos a saúde dos traba- lhadores, além da constatação dos casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. O PCMSO determina quem deverá ser submetido aos exames médicos, quais exames deverão ser realizados, sua periodici- dade e a forma de interpretação dos resultados. Os exames prescritos pelo PCMSO são classificados como: exames médicos admissionais; exames médicos periódicos; exames de retorno ao trabalho; exames para mudança de função na empresa; e exames demissionais. Para Camisassa (2015), a própria NR 07 deixa claro que o PCMSO é parte de um programa mais amplo na área da saúde ocupacional que deve existir na empresa, e estar articulado com as demais NR’s, dentre elas a NR 09, que trata da elaboração do PPRA. No PPRA deve constar a identificação dos riscos químicos, físicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho. Além des- ses riscos previamente identificados no PPRA, o PCMSO tam- bém deve considerar outros fatores de adoecimento, como riscos ergonômicos e de acidentes, e também a análise das matérias-pri- mas e dos produtos finais, informações administrativas e técnicas sobre o processo, bem como todas as evidências teóricas e práticas de possibilidade de agravos à saúde dos trabalhadores envolvidos. Em um estudo para analisar o absenteísmo em trabalha- dores rurais de uma empresa florestal no município de Curvelo- MG, Simões (2010) constatou que o acompanhamento interno da saúde dos trabalhadores é feito por meio de assistência dire- ta, realizada através de exames ocupacionais e eventuais e pela execução de ações de prevenção e promoção da saúde conforme planejamento anual do PCMSO. Ainda segundo a pesquisa, as informações constantes nos mesmos, como causa referida, tempo de afastamento, local de atendimento e data, alimentam o históri- 81 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL co do trabalhador em uma planilha de eletrônica e no prontuário, permitindo que as políticas e ações de saúde seja direcionadas efe- tivamente para combater os maiores agentes causais. NR 09 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) Esta NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e im- plementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente contro- le da ocorrência de riscosambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. Ao regulamentar o PPRA, os legisladores brasileiros bus- caram, como objetivo maior, a preservação da saúde e da integri- dade dos trabalhadores, por meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais (principalmente físicos, químicos e biológicos) existentes ou que venham a existir no am- biente de trabalho. De acordo com item 9.3.1 desta NR, o PPRA deve pos- suir as seguintes etapas: • Antecipação e reconhecimento dos riscos; • Estabelecimento de propriedades e metas da avalia- ção e controle; • Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores; • Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; 82 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Monitoramento da exposição aos riscos; • Registro e divulgação dos dados. Segundo Lancman et al. (2003), a possibilidade de prever um perigo e, ou, a probabilidade de sua concretização em perdas e danos (ações implícitas no conceito de risco), aliada à dimensão quantitativa do risco que pode ser objeto de ações, podem levar os profissionais da área de segurança e saúde do trabalhador a en- contrar mecanismos para avaliar potenciais de perdas e danos nas diferentes atividades laborais, com objetivo de prevenir, controlar, minimizar e impedir sua concretização em acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Em geral, as grandes empresas de base florestal brasileiras, detentoras de certificações ambientais e sociais, possuem PPRA’s bem elaborados e implementados, em conformidade com o dis- posto nessa NR. Entretanto, em propriedades rurais esse quadro é bastante diferente, chegando a 74% de descumprimento, con- forme constatado por Schettino (2016) em seu estudo. Trata-se de uma constatação extremamente preocupante e capaz de gerar graves prejuízos tanto aos trabalhadores quanto aos empregadores e equiparados. Estes podem sofrer sanções por parte do MTE, res- ponder a procedimentos criminais e de indenização civil, período em que acumulam vultuosos passivos trabalhistas. Com relação aos trabalhadores, sua saúde e integridade física podem ficar desneces- sariamente expostas, sujeitando-os a iminentes riscos de acidentes e desenvolvimento de doenças ocupacionais. Para Rocha; Glina (2000), o PPRA é um avanço na con- dução do gerenciamento preventivo dos riscos ambientais. A pre- sença de produtos ou agentes no local de trabalho não significa obrigatoriamente que existe perigo para à saúde. Está sim, na de- pendência da combinação de diversas condições como, a natureza 83 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL do produto, sua concentração, o tempo e a intensidade de exposi- ção (PATNAIK, 2002). Ainda, a percepção do risco entre os trabalhadores é uma das mais relevantes formas de prevenção de acidentes, além de ser fonte de informação para planejamento de programas, ações e mudanças. Deve ser ressaltada a importância do conhecimento que os trabalhadores possuem do próprio ambiente laboral. Com a compreensão de que em conjunto serão estabelecidas as estratégias individuais e coletivas a fim de prevenir e minimizar as situações de risco a que estão submetidos (PERES, 2003). Mattos et al. (2003), observaram ser importante executar a análise da visão ambiental, com seus riscos inerentes às ativida- des. Deve ser incentivada a realização de programas de educação e capacitação desses trabalhadores para que sejam agentes multipli- cadores de técnicas e informações entre os demais. E, finalmente, a NR-09 também preconiza a divulgação dos resultados da análise de riscos a todos os trabalhadores para definir prioridades de ação. Por fim, Granemann (2010) destaca como vantagens da elaboração e implementação do PPRA conforme preconiza a NR- 09 os seguintes aspectos: prevenção de acidentes de trabalho; re- dução de perdas de material e de pessoal; otimização dos custos; redução dos gastos com saúde; e aumento da qualidade, produtivi- dade e competitividade; dentre outras. NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem re- ferências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção 84 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e es- tabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doen- ças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importa- ção, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto nas demais NR’s, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis. A NR 12 e seus 12 anexos trazem informações comple- mentares sobre a segurança no trabalho em máquinas e equipa- mentos. Em atendimento aos quesitos de segurança no setor de Produção Florestal, são caracterizados como imprescindíveis na execução das tarefas a orientação contida, principalmente, nos se- guintes anexos: • Anexo II – Conteúdo programático da capacitação; • Anexo IV – Glossário; • Anexo V – Motosserras; e • Anexo XI – Máquinas e implementos para uso agrí- cola e florestal É extremamente importante ressaltar que as motosserras, por seus aspectos ambientais e de segurança do trabalho (ver capí- tulo específico sobre operação segura de motosserras), mereceram um destaque especial dentro da NR 12. Trata-se da máquina res- ponsável pelo maior número de acidentes no setor florestal e, por essa razão, para sua correta utilização, essa NR estabelece alguns dispositivos mínimos de segurança, que devem estar presentes em todas as motosserras, quais sejam: • freio manual ou automático de corrente; • pino pega-corrente; • protetor da mão direita; 85 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • protetor da mão esquerda; e • trava de segurança do acelerador. Tais dispositivos visam proteger os trabalhadores das consequências causadas pelos acidentes mais comuns, tais como a quebra da corrente da motosserra ou o rebote, situação opera- cional muito comum durante sua operação e que ocorre quando se usa a ponta do sabre e somente alguns dos dentes cortadores penetram na madeira, fazendo com que a corrente agarre-se fa- cilmente a esta. O contato com a ponta da barra pode em alguns casos causar uma reação reversa muito rápida, impulsionando a barra para cima e para trás em direção ao operador. A retenção da corrente na parte superior da barra, pode empurrar rapidamente a barra contra o operador. Neste momento, a motosserra dá o golpe de rebote, que em alta velocidade (20 m/s) não pode ser evitado (HASELGRUBER; GRIEFFENHAGEN, 1989). Especificamente, o Anexo XI da NR 12 trata sobre a se- gurança em máquinas e implementos para uso agrícola e florestal, estabelecendo diretrizes para a operação e manutenção segura de tais máquinas. É importante ressaltar que esse anexo se aplica às fases de projeto, fabricação, importação, comercialização, exposi- ção e cessão a qualquer título de máquinas estacionárias ou não, e implementos para uso agrícola e florestal, e ainda a máquinas e equipamentos de armazenagem e secagem e seus transportadores, tais como silos e secadores. Ainda, determina que as proteções, dispositivos e sistemas de segurança previstos neste Anexo devem integrar as máquinas desde a sua fabricação, não podendo ser con- siderados itens opcionais para quaisquer fins. Além da segurança na utilização em máquinas e equipa- mentos, outro fator importante a ser mencionado e que esta NR aborda é em relação ao treinamento dos profissionais. Os empre- 86 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS gadores devem estar atentos com relação a capacitação, pois os procedimentos de operação,manutenção, inspeção e demais in- tervenções em máquinas e equipamentos devem ser realizados por trabalhadores habilitados, qualificados, capacitados ou autorizados para este fim (CAMISASSA, 2015). A capacitação deve ser providenciada pelo empregador e compatível com as respectivas funções, devendo abordar os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos e as medidas de proteção existentes e necessárias. Segundo a NR 12, são requi- sitos da capacitação: • Ocorra antes que o trabalhador assume a função; • Ser realizado pelo empregador, sem ônus para o tra- balhador; • Ter carga horária mínima que garanta aos trabalhado- res executarem suas atividades com segurança, sendo distribuída em no máximo oito horas diárias, durante o horário normal de trabalho; • Ser ministrada por trabalhadores ou profissionais qualificados para esse fim, com supervisão de profis- sional legalmente habilitado; • Material de capacitação deve ser escrito ou audiovisu- al fornecido aos participantes, em linguagem adequa- da aos trabalhadores; • Todo material produzido na capacitação como lista de presença, certificados, currículo dos ministrantes e avaliação dos capacitados devem estar arquivados para eventuais fiscalizações; Ainda, a NR 12, em seu Anexo V, estabelece que os em- pregadores devem promover, a todos os operadores de motosserra e similares, treinamento para utilização segura da máquina, com 87 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL carga horária mínima de oito horas e conforme conteúdo progra- mático relativo à utilização constante do manual de instruções. Com relação as zonas de perigo das máquinas e equipa- mentos devem possuir sistemas de segurança caracterizados por proteções fixas, proteções móveis e dispositivos de segurança inter- ligados, que garantam a proteção à saúde à integridade física dos trabalhadores. O objetivo dos sistemas de segurança é impedir o acesso do operador à zona de perigo das máquinas. NR 15 – Atividades e Operações Insalubres A NR 15 categoriza as atividades laborativas e conside- ra como atividades ou operações insalubres as atividades que se desenvolvam acima dos limites de tolerância para os riscos am- bientais previstos em seus anexos, sendo estas comprovadas por laudos de inspeção do local de trabalho, levando em consideração a natureza e tempo de exposição ao agente. É importante destacar que a NR15 está intimamente li- gada à NR9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, pois, enquanto esta define, entre outras informações, quais os agentes ambientais presentes no ambiente de trabalho, aquela estabelece, para cada agente apresentado, os critérios de caracterização de insa- lubridade nas atividades que expõem os trabalhadores a tais agen- tes e respectivos limites de tolerância, quando aplicáveis. Temos, portanto, que cada anexo da NR15 corresponde a um agente am- biental identificado na NR 09 (CAMISASSA, 2015). A execução de trabalho em condições insalubres, assegu- ram ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o sa- lário mínimo da região, equivalentes não acumuláveis da ordem de: 88 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • 40% para insalubridade de grau máximo; • 20% para insalubridade de grau médio; e • 10% para insalubridade de grau mínimo. Cita-se ainda no Item 15.3 da NR 15: “No caso de inci- dência de mais de um fator de insalubridade, será apenas conside- rado o graus mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa”. Para efeito de aplicação desta NR sobre as atividades florestais, destacam-se as condições insalubres do Anexo n.º 1 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente; Anexo n.º 3 – Limites de tolerância para exposição ao calor; e Anexo n.º 8 – Vibrações. Anexo nº 1 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente Este Anexo preconiza que o nível de ruído equivalente para oito horas de exposição não supere 85 decibéis (dB), medindo os níveis de ruído com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação “A” e circuito de resposta lenta (SLOW), devendo as leituras serem feitas próximos ao ouvi- do do trabalhador. Acima de 80 decibéis, já se tornam obrigatórias a adoção de ações para atenuar a exposição ao ruído. O ruído é uma mistura complexa de diversas vibrações, sendo mensurado em uma escala logarítmica conhecida como de- cibel, ou ainda, é um estímulo auditivo que não contém informa- ções úteis para a tarefa que se está executando no momento (IIDA; GUIMARÃES, 2016). 89 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Os operadores de máquinas, quando expostos a níveis de ruído elevados, podem ter perda auditiva que, no início, é apenas temporária, podendo gerar a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR), que é um dano permanente e irreparável, além de pertur- bações do estado de alerta e sono (KROEMER; GRANDJEAN, 2005). Além disso, segundo Santos et al. (2014), afirmam que ele- vados níveis de ruído podem ocasionar a redução ou a perda de audição do trabalhador, reduzindo o conforto e o rendimento do conjunto homem-máquina. Outros fatores extra-auditivos são destacados por Saliba (2014), provocados pela exposição contínua ao ruído como: irrita- bilidade, ansiedade, nervosismo, vertigens, aumento da frequên- cia e profundidade respiratória, aceleração do pulso, elevação da pressão arterial, contração dos vasos sanguíneos, insônia, redução da libido, aumento do tônus muscular, dificuldade de repouso do corpo, espasmos musculares e outros. Estudos conduzidos por Massa et al. (2012) compro- vam que além da perda auditiva, a exposição prolongada ao ruído pode causar alterações cardiovasculares, psicológicas e respirató- rias, distúrbios do sono, disfunções no sistema imunológico, irri- tabilidade e fadiga, além de diminuir o desempenho do trabalha- dor nas suas funções, aumentando a possibilidade de ocorrerem acidentes de trabalho. Diversos estudos têm demonstrado que a exposição ao ruído nas atividades florestais é um fator de grande relevância no planejamento e implementação de programas de saúde ocupacio- nal. Sasaki et al. (2014), realizaram estudos de avaliação ergonô- mica de pulverizadores costais utilizados no setor florestal, em que constataram que os pulverizadores pneumáticos e termonebuli- zadores apresentaram níveis de ruído médio da ordem de 99,97 dB(A) e 94,33 dB(A), respectivamente. Para esses níveis de ruído, 90 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS somente é permitida a utilização (tempo de exposição) sem prote- ção individual em intervalos de tempos que variam de 1 e 2 horas diárias, respectivamente para cada equipamento avaliado. Minette et al (2007) avaliando o posto de trabalho de ope- radores de skidder e carregadores florestais, concluíram que estas máquinas geram bastante desconforto, devido aos níveis de ruído estarem acima do limite de ação recomendado por essa NR. Estudos realizados por Fiedler et al. (2012) encontraram para as atividades de roçada e desgalhamento semimecanizado, nível de ruído acima do permitido por essa NR, justificado pelo uso de máquinas movi- das a motor de “dois tempos” que apresentam um acentuado nível de ruído quando o equipamento é submetido a aceleração, sendo necessário o uso de EPI como os abafadores de ruído, para evitar o detrimento à audição podendo chegar a surdez ocupacional. Os prejuízos provocados pela Perda Auditiva Induzida pelo Ruído - PAIR podem ser agravados pela interação com ou- tros agentes nocivos à saúde humana, como a vibração (provoca- da por máquinas de uso florestal como motosserras) ou produtos químicos. Fato este registrado por Guida et al. (2010), quando foi constatado que, entre trabalhadores expostos apenas a ruído, o re- gistro de PAIR foi de 42,5% e, entre trabalhadores expostos a ruí- do e agroquímicos, a ocorrência de PAIR passou para 60%. Anexo n.º 3 – Limites de tolerância para exposiçãoao calor Esse anexo trata da sobrecarga térmica à qual os trabalha- dores podem estar expostos em suas atividades laborais, estabele- cendo os limites de tolerância para exposição ao calor. A sobrecar- 91 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL ga térmica corresponde à carga de calor e resulta da combinação dos seguintes fatores: • Calor metabólico: resultante da atividade física, seja ela leve, moderada ou pesada. Esse valor é obtido por meio das tabelas constantes na própria NR15; • Fatores ambientais: temperatura do ar, umidade, velo- cidade do ar e calor radiante. A contribuição dos fato- res ambientais à sobrecarga térmica é obtida a partir do cálculo de um índice chamado Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo - IBUTG; • Vestimentas exigidas para o trabalho. Com relação ao IBUTG, esse índice considera a contri- buição dos fatores ambientais à sobrecarga térmica e é obtido a partir de medições de temperatura realizadas por três tipos de ter- mômetros: termômetro de bulbo úmido natural (tbn); termômetro de globo (tg); e termômetro de bulbo seco (termômetro de mercú- rio comum, tbs). Todos os termômetros medem a temperatura do ar. A diferença entre eles é que sua leitura é afetada por diferentes parâmetros ambientais. As medições de temperatura devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida, sendo que no momento da medição esses três termôme- tros devem ficar em um mesmo plano horizontal. A equação para o cálculo do IBUTG varia em função da presença ou não de carga solar no ambiente, da seguinte forma: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg (para ambientes internos ou externos sem carga solar) IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg (para ambientes ex- ternos com carga solar) 92 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Em que: tbn = temperatura de bulbo úmido natural; tg = temperatura de globo; tbs = temperatura de bulbo seco. Mediante os resultados obtidos pelas equações, o limite de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho inter- mitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço (por hora), deverá ser definido como apresentado na Tabela 1, situação típica do trabalho florestal. A classificação da atividade como leve, moderada ou pesada é determinada pela taxa metabólica consumida por hora trabalhada (Kcal/h) de acordo com a Tabela 2. Tabela 1 - Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho em relação ao tipo de atividade, em função do IBUTG calculado Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho (por hora) Tipo de atividade Leve Moderada Pesada Trabalho contínuo Até 30 Até 26,7 Até 25,0 45 minutos de trabalho 15 minutos de descanso 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9 30 minutos de trabalho 30 minutos de descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15 minutos de trabalho 45 minutos descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Não é permitido o trabalho, sem a adoção de medidas adequadas de controle Acima de 32,2 Acima de 31,1 Acima de 30,0 Fonte: Anexo nº 3 da NR 15 (BRASIL, 1978) 93 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Tabela 2 - Taxas de metabolismo por tipo de atividade Tipo de atividade Kcal/h SENTADO EM REPOUSO 100 TRABALHO LEVE Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia). 125 Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir) 150 De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços. 150 TRABALHO MODERADO Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. 180 De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimenta- ção. 175 De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movi- mentação. 220 Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar 300 TRABALHO PESADO Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remo- ção com pá). 440 Trabalho fatigante 550 Fonte: Anexo Nº 3 da NR 15 (BRASIL1978) Quando os trabalhadores estão inseridos em ambientes com sobrecarga térmica, neste caso o calor, seu organismo tenta se adaptar ao meio em que se encontra, mantendo a temperatura interna. Para isso, utiliza funções termorreguladoras, que coman- dam a redução ou o aumento das perdas de calor pelo organis- mo por meio de alguns mecanismos de controle (GOSLING; ARAÚJO, 2008). Segundo Vilela et al. (2005), sob condições de calor excessivo, ocorre a sudorese (perda de líquidos pela pele), um dos mecanismos fundamentais para a regulação da tempera- tura interna do corpo, que ocorre por meio da evaporação. Neste 94 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS caso, com a evaporação do suor, o corpo perde calor para o meio ambiente. Caso a sudorese e a vasodilatação periférica não sejam suficientes para manter a temperatura interna do corpo em torno de 37ºC poderá haver consequências perigosas para o organismo, como a desidratação, câimbras de calor, desmaios e choque tér- mico (SALIBA, 2000). Couto (1996) acrescenta que o trabalho em condições climáticas desfavoráveis produz extenuação física e nervosa, diminuição do rendimento e aumento nos erros e riscos de acidentes no trabalho. A adequada temperatura do ambiente de trabalho é essen- cial para garantir o bem-estar, a segurança e o conforto dos trabalha- dores. O trabalho em temperaturas acima de 30 ºC aumenta o risco de danos à saúde do trabalhador, as pausas se tornam mais frequen- tes e necessariamente maiores, o grau de concentração diminui e a frequência de erros e acidentes tende a aumentar significativamente. Nessas condições, deverá ser reduzido o tempo de permanência do trabalhador no local quente, o qual deverá ser alternado com um período de descanso e reidratação (COUTO, 2002). De acordo com Seixas (1991), o trabalho realizado no setor florestal é considerado como uma das mais difíceis ocupa- ções, sendo que, exceto os trabalhos em viveiros de produção de mudas, a maior parte das atividades florestais podem ser classi- ficadas como moderadamente pesadas a pesadas. Destarte esse cenário, os conceitos de ergonomia e saúde ocupacional têm sido usualmente ignorados, de acordo com resultados encontrados por Fiedler et al. (2011). Apud et al. (1999) afirmam que sobrecargas físicas du- rante a jornada de trabalho são capazes de produzir enfermidades no organismo dos trabalhadores, levando a perdas de rendimento, afastamentos e até mesmo a invalidez permanente. A elevada carga física de trabalho a que são submetidos os trabalhadores florestais quando desempenhando suas atividades, 95 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL permite afirmar que as atividades florestais sujeitam os trabalhado- res a situações de penosidade. Face a isso, torna-se necessário a re- organização do trabalho e a determinação de pausas para descanso para todas as atividades. Essas pausas devem ser adequadamente distribuídas durante a jornada de trabalho, pois elas representam um auxílio ao mecanismo fisiológico de compensação e recupera- ção do trabalhador, evitando a fadiga (MINETTE, 1996). O fato de não serem estabelecidas pausas para descanso obriga aos trabalhadores um aumento do esforço para desempenhar suas tarefas, levando o indivíduo a tomar outras posturas que po- dem desencadear as lesões musculoesqueléticas ou até mesmo aos acidentes de trabalho. De acordo com Luce (2013), o trabalho a ritmos/intensidade mais elevados leva ao esgotamento prematuro da corporeidade viva do trabalhador e que a exigência de mais-trabalho ao trabalhador, mediante procedimentos extensivos ou intensivos, ao provocar fadiga e esgotamento têm nos acidentes de trabalho e nas doenças ocupacionais um de seus indicadores mais representativos. Anexo n.º 8 – Vibrações O objetivo do Anexo n.º 8 da NR 15 é o de estabele- cer critérios para caracterização da condição de trabalho insa- lubre decorrente da exposição às Vibrações de Mãos e Braços - VMB e Vibraçõesde Corpo Inteiro - VCI, sendo a forma de avaliação quantitativa destes valores estabelecida pelas Normas de Higiene Ocupacional - NHO da Fundação Jorge Duprat e Figueiredo – FUNDACENTRO (FUNDACENTRO, 2013a; FUNDACENTRO, 2013b). A OIT, em sua Convenção n.º 148, estabeleceu que: “o termo ‘vibração’ compreende toda vibração transmitida ao orga- 96 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS nismo humano por estruturas sólidas e que seja nociva à saúde ou contenha qualquer outro tipo de perigo” (OIT, 1977) Caracteriza-se a condição insalubre caso seja superado o limite de exposição ocupacional diária a VMB correspondente a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m/s2. Por sua vez, caracteriza-se a condição insalubre caso sejam superados quaisquer dos limites de exposição ocupacional diária a VCI o valor da aceleração resultante de exposição norma- lizada (aren) de 1,1 m/s2 ou o valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75. A vibração relacionada ao trabalho constitui-se em um im- portante fator de risco à saúde e pode levar a sérias consequências ao organismo. Ela resulta de uma ou mais fontes emissoras de vibração mecânica que incidem no organismo (SEBASTIÃO et al., 2007) que, no caso das máquinas florestais, são decorrentes do funciona- mento do motor, dos deslocamentos sobre pisos irregulares e da própria operação. Diferente dos outros agentes, onde o trabalhador é exposto aos riscos, quando o tema são as vibrações, caracteristica- mente deve haver o contato entre o trabalhador e o equipamento/ máquina que transmita a vibração. No entanto, mesmo as exposições intermitentes podem trazer danos (SALIBA, 2016). As vibrações mecânicas originadas tanto no funciona- mento da máquina quanto pela rugosidade da superfície de deslo- camento se tornam problemáticas quando a frequência de partes do corpo humano (por exemplo, o tronco vibra a uma frequência de 4 a 8 Hz), acaba se aproximando a da máquina (1-7 Hz), o que pode elevar as chances de problemas de saúde no operador (ZEHSAZ et al., 2011). As consequências da exposição repetida e prolongada a vibrações de corpo inteiro incluem alterações degenerativas da co- luna vertebral que podem causar dores lombares, hérnias e distúr- bios degenerativos nos discos lombares, além de outros distúrbios musculoesqueléticos (SHERWIN et al., 2004). 97 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Os operadores de máquinas agrícolas e florestais são fre- quentemente expostos a altos níveis de vibrações de corpo inteiro durante o desenvolvimento de suas atividades e, por isso, são acome- tidos por distúrbios na coluna vertebral e vários outros tipos de do- enças. A origem desses problemas dificilmente pode ser eliminada, devido à conhecida dinâmica da interação máquina-solo-operador. Projetistas de máquinas vem adotando muitas técnicas diferentes, a fim de minimizar as vibrações que, a partir do solo, surgem até o corpo humano. No entanto, as atividades em campo podem ter lugar em cenários muito diferentes: rugosidade e inclinação do solo, tipo e velocidade da máquina, presença de pneus ou de esteiras, manuten- ção das máquinas, dispositivos para tarefas específicas (ex.: o cabeço- te harvester, motosserras) etc. Além disso, a influência de tais fatores na saúde humana ainda não é bem compreendida e, portanto, não é fácil limitar a quantidade de vibrações agindo sobre as variáveis de projeto (SERVADIO; BELFIORE, 2013). NR 17 – Ergonomia Esta norma regulamentadora visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às caracte- rísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcio- nar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (BRASIL, 1990). Segundo Camisassa (2015), para efeito da NR 17, a orga- nização do trabalho deve levar em consideração, no mínimo alguns fatores como: • Normas de produção - regras da empresa; • Modo operatório - como as atividades que devem ser executadas; 98 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Exigência de tempo - metas de produção; • Determinação do controle de tempo - relacionada às atividades que envolvem às subtarefas; • Ritmo de trabalho - pode ser livre ou imposta; e • Conteúdo das tarefas - relacionado ao modo de como o trabalhador percebe o seu trabalho. Segundo a autora, estudos mostram que as características psicofisiológicas dizem respeito a todo conhecimento referente ao funcionamento do ser humano. As principais características psico- fisiológicas do ser humano são: • Sinais de estresse quando tem sua performance ava- liada por meio de metas de desempenho; • Prefere impor seu próprio ritmo de trabalho, incomo- da-se com tarefas com tempo de execução reduzido; • Apresenta uma tendência a acelerar seu ritmo de tra- balho quando motivado pecuniariamente ou por ou- tros meios; • Prefere escolher livremente sua postura no posto de trabalho; O setor florestal brasileiro vem ao longo dos anos sendo um dos mais problemáticos nos aspectos de segurança do trabalho. As atividades em boa parte das vezes são pesadas, perigosas e de- pendem de altos níveis de atenção e treinamento. Neste aspecto, a ergonomia, importante área da segurança do trabalho, como uma ciência multidisciplinar que visa a melhoria da saúde, do bem-es- tar, do conforto, da saúde e da segurança do trabalhador, tem trazi- do uma colaboração enorme aos sistemas de produção (FIEDLER et al., 2007). A preocupação atual com a associação entre o ambiente laboral e as condições ambientais básicas reflete na qualidade de 99 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL vida do trabalhador (MILARÉ, 2015). A ergonomia se destaca nas práticas de planejamento, monitoramento e controle da qua- lidade de vida como uma ciência interdisciplinar que compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho com o objetivo prático de adaptar o posto de trabalho, os instrumentos, as máquinas, os ho- rários e o meio ambiente às exigências do ser humano, propiciando uma facilidade do trabalho e um maior rendimento e eficiência do esforço humano como consequência (GRANDJEAN, 1982). Essa ciência apoia-se em dados sistemáticos, fazendo uso de métodos científicos para se chegar à adaptação do trabalho ao ser humano que o realiza, ou seja, visa sempre a melhoria das con- dições de segurança, saúde, conforto, bem-estar e eficiência do ser humano (IIDA, 2005). Os objetivos principais dos estudos em ergonomia são o conhecimento das capacidades e dos limites de produção dos tra- balhadores, bem como a recíproca adaptação entre o ser humano e o seu local de trabalho, levando-o a um melhor preparo, treina- mento e uma especialização, adequando-o a métodos, técnicas e sistemas de trabalho, bem como às condições do local (SILVA et al., 2009). Apesar dos avanços nas últimas décadas, a contribuição da ergonomia para a melhoria das condições de trabalho do ser humano no setor florestal ainda tem sido modesta, pois as pes- quisas ainda são muito voltadas para os aspectos de otimização do trabalho, redução de custos, produtividade e rendimentos de máquinas e equipamentos no trabalho. O conhecimento das limi- tações do principal responsável pelo processo de produção ainda é pouco considerado para a obtenção da harmonia no sistema, pro- porcionando um trabalho confortável, mantendo a saúde e o bem- -estar e levando, consequentemente, ao aumento de rendimento, à diminuição dos riscos de acidentes e melhoria da qualidade do 100 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS trabalho (ANDERSON, 2012). Ainda, segundo o autor, o estudo dos fatores humanos no trabalho consiste em um levantamento do trabalhador na empresa. O conhecimento desses fatores é de fun- damental importância para que a área de trabalho, o seu arranjo, as máquinas, equipamentos e ferramentas sejam bem adaptados às capacidades psicofisiológicas, antropométricase biomecânicas do ser humano. Ao contrário das grandes empresas de base florestal, as atividades de florestais em propriedades rurais são, em sua grande maioria, realizadas de forma manual ou semimecanizada, dadas as condições de topografia dos terrenos e de fatores econômicos, ambientais e sociais (REIS et al., 1996). Essas atividades apresen- tam uma série de problemas ergonômicos, que se não forem cor- rigidos ou prevenidos poderão acarretar danos à saúde, bem como afetar a satisfação e o bem-estar dos trabalhadores. Os principais problemas são: elevada carga de trabalho físico, elevado ruído, alta vibração, alta exigência de forças, posturas forçadas, falta de pausas e repetitividade dos movimentos (SCHETTINO et al., 2014). Macedo (2012) explica que a execução de tarefas monó- tonas e repetitivas do trabalho moderno, associada à alta produ- tividade, pode levar o trabalhador a sofrimentos psíquicos e so- máticos. Esses e outros motivos fazem com que empresas incre- mentem, aos planejamentos operacionais, medidas para mitigar causas de acidentes em suas atividades. Com isso, dois aspectos são elementares para a segurança e saúde no trabalho, sendo eles a ergonomia, definida como o estudo da interação entre trabalha- dor, máquina e ferramentas, bem como seu bem-estar na execu- ção da atividade (GRANDJEAN, 1982). O segundo corresponde à segurança e saúde ocupacional, que atribui, ao trabalho, práticas de prevenção e contenção a acidentes, bem-estar e salubridade (MACEDO, 2012). 101 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às ca- racterísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao emprega- dor realizar a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora. Para Camisassa (2015) a AET é uma abordagem meto- dológica proposta pela ergonomia, que realiza uma avaliação de- talhada e minuciosa das tarefas, modos operatórios, comparação entre o trabalho real e o prescrito, variabilidade do contexto do trabalho, bem como dos instrumentos utilizados. Mediante cons- tatação de risco ergonômico, deverão ser apresentadas propostas para melhoria da execução das tarefas. A ergonomia é de suma importância para a realização das tarefas no setor de produção florestal, devendo seus gestores fazerem uso constante desta ferramenta, não só em atendimento à legislação pertinente, como também na minimização do absen- teísmo, diminuição de gastos com recontratações e melhoria das condições de saúde dos colaboradores, o que reflete positivamente na satisfação com o labor e produtividade. NR 21 – Trabalho a Céu Aberto Como os trabalhos florestais são realizados, em sua gran- de maioria, durante o dia e a céu aberto, a NR-21 estabelece cri- térios mínimos para a proteção dos trabalhadores contra os efei- tos indesejáveis da exposição a insolação e demais intempéries. É importante ressaltar que o termo “a céu aberto”, corresponde aos trabalhos efetuados em ambientes externos, sem coberturas para proteção do trabalhador, sob influência dos fatores climáticos na- turais. Especificamente, a NR-21 estabelece que, nos trabalhos re- 102 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS alizados a céu aberto, é obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos, capazes de proteger os trabalhadores contra intem- péries. Ainda, preconiza que serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes. A exposição à radiação ultravioleta sem proteção adequa- da é cancerígena à pele, está associada a diversas neoplasias cutâ- neas, pode causar depressão imunológica, além de lesões oculares. Na pele os efeitos mais notados em pouco tempo são o eritema ou queimadura solar, o bronzeamento ou melanogênese e a indução à imunossupressão (FRANCO et al., 2016). A longo prazo podem ocorrer efeitos relacionados ao fotoenvelhecimento e à fotocarci- nogênese (OKUNO; VILELA, 2005). Menegat e Fontana (2010) afirmam que as radiações solares podem ser consideradas um importante agravante para a saúde dos trabalhadores rurais, sendo necessário usar cremes ou loções com filtro solar, chapéu de palha, roupas compridas e óculos escuros; evitar os horários de pico solar, entre as dez da manhã e as três da tarde. Afirmam ainda os autores, que o fato é que os trabalhadores exercem suas atividades durante o dia e têm uma carga horária longa, em função do grande volume de trabalho, o que facilita sua exposição e os danos, considerando-se que os mes- mos não se protegem adequadamente dos riscos do sol e do calor excessivo. O baixo percentual de empregadores ou equiparados que fornecem EPIs aos trabalhadores florestais contribui sobremaneira para a elevação dos agravos a saúde destes quando expostos aos efeitos deletérios das radiações solares e das altas temperaturas. Com relação a exposição ao frio, analisando pelo enfo- que geográfico, pode-se caracterizar que o Brasil apenas raramente apresenta situações que exponham os trabalhadores a frio intenso. Para Brevigliero et al. (2008), a exposição ocupacional ao frio in- 103 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL tenso não chega a constituir problema sério no Brasil. Isto porque as condições meteorológicas naturais definem apenas algumas re- giões do Sul como sujeitas a baixas temperaturas. Ainda assim, tais condições se evidenciam de forma sazonal, quase que ocasional- mente em alguns dias do inverno, concentradas em alguns locais com maiores altitudes e latitudes, o que não é o caso das regiões objeto deste estudo. NR 23 – Proteção contra Incêndios Esta norma preconiza que todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios, em conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis. É importante que essa norma não se refere às técnicas de prevenção e combate a incêndios (de competência do Corpo de Bombeiros Militar de cada Estado); mas única e exclusivamente a proteção dos trabalha- dores em caso de incêndios ocorridos nos locais de trabalho. A norma não é detalhada sobre quais informações devem ser fornecidas aos trabalhadores, porém dispõe que, como quesito mínimo, o empregador deverá informar sobre: • Utilização dos equipamentos de combate ao incêndio; • Procedimentos de evacuação dos locais de trabalho com segurança; e • Dispositivos de alarme existentes. No caso das atividades florestais, os dois tipos de incên- dios mais comuns são os incêndios florestais (na vegetação arbórea) e em máquinas e equipamentos. Em ambos os casos, o desejável é a implementação de brigadas de incêndios. De acordo com a norma ABNT NBR 14276:2006, uma brigada de incêndio é um grupo 104 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS organizado de pessoas, preferencialmente voluntárias ou indicadas, treinadas e capacitadas para atuar na prevenção e no combate ao princípio de incêndio, abandono de área e primeiros socorros, den- tro de uma área pré-estabelecida na planta (ABNT, 2006). O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio – estabelece que a segurança da briga- da é ponto central para o sucesso das operações de combate aos incêndios florestais. O primeiro princípio básico é a obediência à estrutura hierárquica estabelecida que deverá ser conhecida e res- peitada por todos. O segundo é a certeza da compreensão e o cum- primento das estratégias e táticas de combate definidas. Obedecer a estes dois princípios básicos é o primeiro passo para garantir a segurança nas operações de combate (ICMBio, 2010). Além disso, durante o período de contratação, o brigadista deverá participar de treinamentos periódicos, zelar pelo uso e boas condições das ferra- mentas, equipamento e do Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e pela manutenção do preparo físico. O acúmulode experi- ências locais nos combates pode, e deve, traduzir-se na criação de normas de segurança específicas. Porém, existem algumas normas que se aplicam independentemente do local. Dez normas de segu- rança gerais: 1. Manter-se informado sobre as condições de clima e de previsões meteorológicas. 2. Manter-se sempre informado do comportamento do incêndio, observar pessoalmente ou empregar um as- sistente capacitado. 3. Basear qualquer ação contra o incêndio segundo o comportamento atual dele. 4. Manter rotas de escape para todo o pessoal e fazê-lo conhecê-las. 105 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 5. Manter um posto de observação quando houver a possibilidade de perigo. 6. Manter-se alerta e calmo, pensar claramente e atuar com decisão e energia. 7. Manter comunicação com o pessoal, chefes e forças de apoio. 8. Dar instruções claras e estar certo de que essas foram entendidas. 9. Manter controle do pessoal todo o tempo, por exem- plo, comando de enumerar os membros da brigada. 10. Combater o fogo com agressividade, porém, manter a calma acima de tudo, por exemplo, a manutenção da distância de segurança nos deslocamentos e na aber- tura de linha NR 26 – Sinalização de Segurança Esta norma trata especificamente sobre a sinalização de segurança dos ambientes de trabalho, com o objetivo principal de indicar e advertir acerca dos riscos existentes, e tendo como obje- tivos secundários: identificar os equipamentos de segurança, de- limitar áreas, identificar tubulações empregadas para a condução de líquidos e gases e advertir contra riscos, devendo atender ao disposto nas normas técnicas oficiais. O item da 26.2.4 desta norma determina que os trabalha- dores devem receber o treinamento: • para compreender a rotulagem preventiva e a ficha com dados de segurança do produto químico; e • sobre os perigos, riscos, medidas preventivas para o uso seguro e procedimentos para atuação em situa- ções de emergência com o produto químico. 106 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Segundo Harstela (1987), somente os dispositivos de se- gurança da máquina e o uso de equipamentos de proteção indivi- dual não são suficientes para garantir a segurança do trabalhador do setor florestal, sendo também considerados itens essenciais à segurança no trabalho florestal o treinamento e a formação dos operadores, observância a distância segura entre um operador o outro, disponibilidade de material de primeiro socorros, uso de meios de comunicação eficientes na floresta e, principalmente, a sinalização nos limites e proximidades do talhão de corte. Ainda, há que se considerar que a sinalização de seguran- ça é um dos itens que deve ser atendidos no checklist das Análises Preliminares de Riscos – APR´s. Em estudos sobre APR das prin- cipais atividades de extração florestal com cabos aéreos no municí- pio de Tunas do Paraná, constatou que a sinalização de segurança é fundamental e presente na manutenção do ambiente de trabalho seguro, possibilitando aos trabalhadores agirem de forma proativa nas questões de segurança. NR 28 – Fiscalização e Penalidades Esta norma trata especificamente sobre os procedimen- tos de fiscalização no cumprimento das disposições legais e regu- lamentares sobre a segurança e saúde do trabalhador, podendo o agente de inspeção do trabalho fazer uso de meios audiovisuais, necessários à comprovação da infração, devendo este lavrar auto de infração à vista de descumprimento das leis, normas e acordos coletivos de trabalho. As multas previstas na NR 28, quando são infringidos itens da Portaria n° 3.214 (BRASIL, 1978) e tendo percorrido toda tra- jetória institucional, à ser convertida em valores financeiros, variam 107 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL de R$ 402,22 a R$ 6.708,08 por item descumprido, de acordo com a gravidade da situação encontrada, a existência de reincidência e o porte da empresa associado ao número de empregados. Observa-se também que esta norma permite a conces- são de prazos para a regularização de algumas exigência de Saúde e Segurança do Trabalho – SST–, dentro de critérios definidos, bem como estabelece os procedimentos necessários para embargo e interdição. Esta norma trata brevemente sobre casos de embar- go e interdição, sobre situações de risco grave e iminente à saúde ou integridade física do trabalhador, com base em critérios técni- cos, à interdição do estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargo parcial ou total da frente de trabalho (ARAÚJO, 2010). Marangon (2014), analisando resultados de auditorias de certificação de florestas plantadas no Brasil, concluiu que ocorreu uma maciça migração do número de não conformidades ambien- tais para o setor trabalhista, reflexo do número reduzido de fiscali- zações e das terceirizações, sendo essa última ainda mal interpre- tada pelas empresas do setor florestal, transferindo suas responsa- bilidades a empresas terceirizadas. O resumo público de auditoria anual realizado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola - IMAFLORA (IMAFLORA, 2017) – em uma empresa de base florestal no ano de 2016, mostrou inúmeras não conformidades passíveis de penalidades pelo descumprimento de requisitos míni- mos contidos na NR 31 como: • Reutilização de EPI’s contaminados na aplicação de herbicidas; • Objetos de uso pessoal acondicionados no mesmo lo- cal de uso de herbicidas; 108 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Máquinas sem a devida manutenção preventiva; • Programa de redução de ruídos parcialmente execu- tado pela empresa; Observa-se em muitos trabalhos que algumas não con- formidades podem ser facilmente corrigidas e são, em muitos ca- sos, correções de baixo custo financeiro. Essa norma regulamenta aos Auditores Fiscais do Trabalho a notificarem tais não conformi- dades, podendo as empresas corrigirem as não conformidades no prazo de 60 dias, como consta o item 28.1.4.1, podendo este prazo ser estendido em até 120 dias, condicionadas a prévia negociação entre o notificado (VIEGAS, 2016). Para Vieira (2013), grande parte das empresas de explora- ção florestal, cumprem os requisitos mínimos exigidos pela NR 31, sendo que em seus estudos, foram levantados 125 itens dos quais apenas 11 itens não estavam em conformidade, o que representa menos de 10% dos itens. Segundo autor, o fato de maior relevân- cia se deu com relação as adequações dos 11 itens não conformes, o que custaria, caso fossem implantados pela empresa, um valor aproximado, na época da avaliação de R$ 2.201,00, sendo que este valor poderia ter atingido proporções maiores caso fossem apli- cados as penalidades previstas pela NR 28, um montante de R$ 23.643,71 estimados em multas para os itens não conformes. NR 31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária silvicultura, exploração florestal e aquicultura Esta NR estabelece as obrigações, competências e res- ponsabilidades tanto do empregador quanto do empregado rural. 109 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Faz também o detalhamento de todas as questões relacionadas à segurança e saúde nesta área. Instrui também na criação de sis- temas e comissões responsáveis pelo planejamento, emprego e manutenção dos quesitos segurança e saúde do trabalhador rural (BRASIL, 2005). Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG, a NR 31 é considerada um instrumento avançado se comparado com outras normas existentes, a qual tem grande importância para a fiscalização da segurança do trabalho no meio rural e principalmente a do setor florestal. Dessa forma, a NR 31 visa a melhoria das condições de segurança e saúde no meio ambiente a partir do planejamento compatibilizado com o desenvolvimento das atividades. Deste ponto em diante, serão destacados os itens da NR 31 que impactam diretamente o trabalho florestal. Item 31.3 – Disposições gerais- obrigações e competências – das responsabilidades As disposições gerais deste item permitem inferir que cabe ao empregador: garantir boas condições de trabalho, higiene e conforto; realizar avaliações dos riscos e, a partir disto, promover medidas de proteção e prevenção de riscos do ambiente de traba- lho; assegurar que sejam fornecidas aos trabalhadores instruções compreensíveis, orientações e supervisões referentes à segurança e saúde; entre outros. Porém, observação da real condição dos tra- balhadores florestais em campo conduz ao entendimento de que existe claro descaso com o trabalhador florestal, não considerando que a condição social local, de maneira ampla, limita ao trabalha- 110 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS dor pouca instrução educacional, e o acesso às informações, quan- do permitido e, ou, existente, passa a ser falho. As condições e o ambiente de trabalho na colheita flores- tal têm aspectos particulares, pois os locais de trabalho são tempo- rários e os trabalhadores atuam expostos a condições climáticas ad- versas, que aumentam o risco de acidentes. De acordo com Canto et al. (2007), além da pouca experiência dos produtores rurais na área de silvicultura, deve-se considerar que em áreas florestais de pequena escala os riscos de acidentes tendem a ser altos devido a equipamentos inadequados e à falta de mecanismos de segurança, trabalhadores desqualificados e inexperientes e desconhecimento sobre os riscos inerentes à atividade. Ainda, os autores destacam que o emprego de pessoas despreparadas, além de ser um problema social dado ao risco de acidentes, compromete também os aspectos econômicos da atividade, pois os recursos humanos devidamente capacitados são fatores decisivos no aumento da produtividade. Minette et al. (2015), ao analisarem algumas atividades florestais, concluíram que o ambiente de trabalho proporcionava, por suas particularidades, elevados riscos de lesões musculoesque- léticas e de acidentes, principalmente em função da necessidade de o trabalhador se deslocar e transportar cargas em terrenos com declividade acentuada, favorecendo o surgimento de dores mus- culares causadas por posturas forçadas inadequadas ou ferimentos por quedas. Item 31.5 - Gestão de segurança, saúde e meio ambiente de trabalho rural Este item da norma preceitua que os empregadores rurais ou equiparados devem implementar ações de segurança e saúde 111 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL que visem a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do tra- balho na unidade de produção rural, atendendo a seguinte ordem de prioridade: a) eliminação de riscos através da substituição ou adequação dos processos produtivos, máquinas e equipamentos; b) adoção de medidas de proteção coletiva para controle dos riscos na fonte; c) adoção de medidas de proteção pessoal. Com efeito, o empregado, ao colocar à disposição de ou- trem a sua força de trabalho, tem como correspondência inúmeros direitos, além do pagamento de salários. E um deles, dos mais im- portantes, é a prestação dos serviços em local salubre e com ade- quadas condições ambientais, a fim de que possa manter suas ap- tidões física e mental necessárias ao desempenho das funções para as quais foi contratado. A adoção de medidas de avaliação e gestão dos riscos am- bientais tem por objetivo a preservação da saúde e da integridade física dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência dos riscos ambien- tais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recur- sos naturais (BRASIL, 1978). Por sua vez, com relação a organização do trabalho, é ne- cessário aos empregadores ou equiparados investir na ampliação da satisfação e motivação no ambiente de trabalho, na integração organizacional como fato, na tecnologia e nos recursos voltados às metas de produção, na produtividade e no comprometimento em substituição à lealdade (KANAN; ARRUDA, 2013). Afirmam ainda os autores ser indubitável que todos estes fatores favorecem a qualidade de produtos e serviços e apontam para a exigência de am- bientes de trabalho mais agradáveis e seguros, ainda que, não raro, a razão que orienta os empregadores nesse sentido seja a expectativa de maior produtividade e, consequentemente, maior lucro. De fato, 112 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Chiavenato (2013) afirma que as teorizações das diversas correntes administrativas acerca da organização do trabalho encontram-se ainda bastante centradas no aumento da produtividade e eficiência da organização, permanecendo o trabalhador em segundo plano, embora, nem sempre, essa condição seja explicitada. Em outra vertente, partindo do pressuposto que a for- mação em segurança é essencial para a aquisição de mais conhe- cimento, e também para uma reflexão sobre atitudes e comporta- mentos seguros e inseguros praticados no local de trabalho, pre- parar os trabalhadores para saberem agir seja qual for a situação em que estejam envolvidos pode fazer toda a diferença em uma situação real de risco. Dessa forma, a falta de campanhas educa- tivas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais pode ser um fator contributivo para aumento da frequência e gravidade dos acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais no setor florestal. Ainda, a ausência ou a precariedade do PCMSO, que é parte integrante de uma série de iniciativas com caráter preventivo a serem implementadas pelos empregadores no âmbito da saúde dos trabalhadores, constitui-se em um sério agravo a saúde destes. De acordo com Stürmer (2016), é necessário que, na elaboração e na execução desse programa, o empregador ou equiparado enfatize questões incidentes sobre o indivíduo e sobre a coletividade de tra- balhadores, privilegiando o instrumental clínico-epidemiológico na abordagem da relação entre sua saúde e o trabalho, possibili- tando assim a prevenção, o rastreamento e o diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. Por fim, outro importante aspecto refere-se a comunica- ção de acidentes por parte dos empregadores ou equiparados. No Brasil, acidentes de trabalho devem ser comunicados imediata- 113 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL mente após sua ocorrência, por meio da emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), que deve ser encaminhada ao acidentado, ao hospital, ao sindicato da categoria corresponden- te, ao Sistema Único de Saúde (SUS), à Previdência Social e ao Ministério do Trabalho. Com a subnotificação dos acidentes de trabalho, como consequência da não emissão da CAT, tem-se a perda de direitos previdenciários dos trabalhadores (auxílios aci- dente e doença e aposentadoria por invalidez), bem como um au- mento de custos para os empregadores (inclusive com a possibili- dade de geração de passivos trabalhistas). A subnotificação é um importante agravante do conhe- cimento da real prevalência dos acidentes de trabalho, fator que pode refletir a atitude de desconhecimento ou de menor atenção dos profissionais quanto à gravidade dos acidentes. De acordo com Marziale (2003), constitui-se uma grande barreira para se enten- der os riscos e os fatores associados com a exposição ocupacional, pois é através do número de notificações que será possível se diag- nosticar a gravidade do problema e planejar medidas específicas de prevenção em cada ambiente de trabalho. O meio ambiente laboral há de ser assegurado, segundo Mancuso (1996), de três maneiras: a) em uma instância primá- ria, pelo próprio trabalhador, quando ele mesmo obtém e maneja os instrumentos adequados à sua atividade, organiza seu local de trabalho, enfim, provê por conta própria os meios pelosquais pre- tende levar a bom termo seu empreendimento; b) em um outro plano, a implementação do adequado meio ambiente de trabalho passa a depender de atividade alheia, seja o empregador ou equi- parado que, auferindo a vantagem do negócio deve arcar com o ônus correspondente (os chamados custos sociais da mão de obra), seja o próprio o Sindicato, enquanto entidade encarregada da de- fesa e representação institucional de uma certa categoria laboral, 114 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS seja, enfim, o Estado-fiscalizador, através de seus órgãos voltados à segurança e higiene do trabalho; c) em uma instância substitutiva ou supletiva, o meio ambiente laboral haverá de ser assegurado, impositivamente, pela Justiça do Trabalho, quando, no exercício da jurisdição coletiva em sentido largo, ou ainda no âmbito de seu poder normativo, estabelece novas condições para o exercício do trabalho de certas categorias. Vale destacar que as diversas legislações nacionais e in- ternacionais, e demais normas que tutelam o trabalhador, também devem ser instrumentos de transformações e conscientizações no que tange à prevenção e segurança no sentido de evitar acidentes e doenças do trabalho e dar um salto positivo na qualidade de vida de toda a sociedade. Talvez por questões culturais, ainda persistem visões distorcidas e alguns ranços, em relação às normas e incon- formidades que possam trazer prejuízos à saúde e segurança no trabalho (GEREMIA, 2011). Item 31.10 – Ergonomia Sem desobrigar os empregadores ou equiparados ao cum- primento da NR-17 (Ergonomia), este item da NR-31 preconiza, especificamente, que o empregador rural ou equiparado deve ado- tar princípios ergonômicos que visem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar melhorias nas condições de conforto e segurança no trabalho. Estudos diversos têm evidenciado ser a ergonomia um fator negligenciado pelos empregadores ou equiparados no traba- lho florestal, o que pode representar um grave fator de risco ao desenvolvimento de distúrbios osteomusculares nos trabalhadores 115 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL florestais. Tal constatação se deve ao fato de que, em grande parte das pequenas e médias empresas florestais, o trabalho é realizado de forma manual ou semimecanizada. Estes sistemas de trabalho apresentam levantamento e transporte manual de carga em quantidades questionáveis sob a ótica dos limites recomendados por diferentes normas nacionais e internacionais, muitas vezes associado a posturas inadequadas e a características peculiares como: acessibilidade e mobilidade restri- tas; terrenos íngremes; exposição às condições climáticas extremas; ferramentas mal desenvolvidas e, consequentemente, inadequadas; e mão de obra pouco qualificada. Esses e outros fatores contribuem para que tais atividades apresentam elevados dispêndio energético, repetitividade e índices de acidentes de trabalho, além da possibi- lidade do desenvolvimento de distúrbios osteomusculares (SILVA et al., 2008; FIEDLER et al., 2011; GALEAZZI et al., 2012). Outro fator relevante e que, também, apresenta grande re- corrência no setor florestal diz respeito a máquinas, equipamentos, implementos, mobiliários e ferramentas. Em virtude dos elevados custos de aquisição e manutenção das máquinas específicas para a atividade florestal, a utilização de máquinas adaptadas, principal- mente a partir de tratores agrícolas, tem sido a alternativa utilizada por pequenos produtores florestais para as etapas mecanizadas de seus sistemas de trabalho semimecanizados. Entretanto, de acordo com Rozin et al. (2010), durante a operação dessas máquinas adaptadas, o operador fica exposto a fa- tores ambientais que influenciam diretamente em seu rendimento e na sua saúde e segurança, como, por exemplo, a posição do corpo no acesso as cabines e no posto de trabalho, posição de comandos e alavancas; condições climáticas, como as temperaturas extremas, radiação solar, problemas de ventilação e umidade; nível de inten- sidade sonora produzida pelo motor e ou transmissão da máquina; 116 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS partículas suspensas no ar como poeiras e gases de escapamento; vibração do assento causada pela máquina e pelas irregularidades do terreno. Todos esses fatores são contrários ao princípio básico da Ergonomia, qual seja o de adaptar o trabalho ao ser humano (IIDA, 2005). Ainda, ao estabelecer itens relativos a necessidade de pau- sas nos trabalhos em pé e naqueles que exigem sobrecarga muscu- lar, a norma busca tutelar sobre a carga física de trabalho. Ao rea- lizar suas atividades manualmente, em terrenos acidentados, carga física de trabalho e as posturas desconfortáveis podem se apresen- tar como um problema ergonômico, representando um dos prin- cipais fatores de risco de lesões para os trabalhadores florestais. O aparecimento de sintomas de fadiga por sobrecarga física depende do esforço desenvolvido, da duração do trabalho e das condições individuais, como estados de saúde, nutrição e condicionamento decorrente da prática da atividade (FIEDLER et al., 2011). À me- dida que aumenta a fadiga, reduz-se o ritmo de trabalho, atenção e rapidez de raciocínio, tornando o trabalhador menos produtivo e mais sujeito a erros e acidentes (IIDA, 2005). Item 31.11 – Ferramentas manuais A utilização de ferramentas inadequadas, bem como a falta de treinamento para seu uso e a sua guarda de maneira ina- propriada, tem sido importantes causas de acidentes de trabalho no meio rural. Teixeira e Freitas (2003), em seu estudo abrangendo acidentes no trabalho rural, no Estado de São Paulo, em um perí- odo de dois anos, mostraram que dos 51.644 acidentes de trabalho registrados, 49,9% aconteceram devido as ferramentas de trabalho. Estimativas indicam que para cada 5.000 acidentes de trabalho 117 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL que as ferramentas manuais causam, uma pessoa perde a vida devi- do a golpes violentos e 950 indivíduos permanecem incapacitados parcialmente, diminuindo a movimentação das mãos ou ocasio- nando a perda de dedos (ALMEIDA, 1995). Sobre ferramentas manuais, há ainda que se considerar a real possibilidade de uso daquelas mal dimensionadas ser capaz de gerar diversos constrangimentos aos trabalhadores, que incidem desde insatisfação e desconforto até patologias graves que acome- tem os membros superiores. Os problemas mais recorrentes das fer- ramentas manuais estão relacionados à inadequação de dimensio- namento, forma, peso, textura e estabilidade (PASCHOARELLI et al., 2010). Item 31.12.38 – Dispositivo de segurança nas motosserras O corte com motosserra permite produtividade individu- al relativamente elevada, com baixo investimento inicial, poden- do essa máquina ser utilizada, inclusive, em locais de topografia acidentada e, por tais razões, tem seu uso amplamente difundido no setor florestal brasileiro. Entretanto, trata-se de uma máqui- na extremamente perigosa e que apresenta riscos inerentes tanto a si própria quanto a sua operação, chegando ao ponto de ser a única máquina utilizada no setor florestal que necessita de regis- tro e porte junto ao Governo Federal, no caso, junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), por exigência da Lei Federal nº 9.605, de 12 de feve- reiro de 1998 e seu Decreto Regulamentador nº 3.179, de 21 de setembro de 1999. 118 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Ao realizarem um estudo no Estado de Minas Gerais, envolvendo trabalhadores florestais em atividades de corte ma- nual, Sant’ana e Malinovski (2002) apontaram que a maioria dos acidentes acontece no momento da derrubada com motosserra. Apesar de terem recebido treinamento formal, 19,5% dos entre- vistados pelos autores negaram experiênciacom o uso da máqui- na, e 44,8% deles já haviam sofrido pelo menos um acidente de trabalho. Em outra vertente, muitos acidentes com motosserras acontecem pela falta de qualificação e profissionalização adequada dos trabalhadores, visto que o conhecimento para o exercício da função é repassado por um colega de trabalho ou por instrutores não devidamente treinados e, ou, qualificados (VIANNA et al., 2008; NOGUEIRA et al., 2010). Dada a importância do tema, o próximo capítulo é intei- ramente dedicado à operação segura de motosserras. Item 31.15 – Acessos e vias de circulação Com o distanciamento do trabalhador florestal do seu lo- cal de trabalho surge a necessidade do deslocamento ou transporte diário destes trabalhadores até as frentes de trabalho, bem como são necessários deslocamentos internos nas propriedades rurais durante as operações de colheita, além do transporte do produto final, no caso a madeira, até as unidades consumidoras ou pátios de estocagem intermediária. Na grande maioria dos casos em geral, todo esse deslocamento se dá através de estradas rurais. De acordo com o DEINFRA-SC (2000), estrada rural é aquela sem urbani- zação nas margens, não pavimentada, fora de áreas urbanizadas e com função determinante de interligação. 119 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Os itens de segurança exigidos por este item da NR-31 visam, em especial, garantir um transporte seguro e eficaz dos tra- balhadores e da produção, bem como o deslocamento do maqui- nário nas áreas de produção florestal. De acordo com Jaarsma et al. (2011), um projeto de engenharia de baixo custo para reduzir a velocidade em áreas rurais, apresentou efeitos estatisticamente significativos na Holanda. De acordo com os autores, a melhoria da sinalização e a instalação de lombadas e elevação da via nos cru- zamentos perigosos propiciaram uma redução de 24% no número de colisões em geral e 44% nas colisões ocorridas em cruzamentos nas estradas rurais. Dessa forma, os produtores florestais, ao negligenciarem a aplicação dos requisitos do item 31.15 da NR-31, acabam por negligenciar também a segurança do tráfego, dos passageiros e pedestres (recordando que estes são, em sua grande maioria, os trabalhadores florestais) e dos produtos a serem transportados, contribuindo para o acréscimo dos riscos a que estão expostos os trabalhadores, bem como de sua gravidade, em caso de ocorrência de acidentes. Ainda, há que se considerar que as estradas em má conservação podem contribuir para diminuição da produtividade das atividades de colheita e transporte de madeira, indiretamente, para o aumento dos custos de produção. Essa situação parece ser recorrente no setor florestal. Ao analisar um programa privado de fomento florestal no Estado de Minas Gerais, Jardim (2015) concluiu que as estradas foram pla- nejadas em função da conformação do relevo, o que muitas vezes não permitiu a otimização da rede viária. Além disso, o excesso de curvas e as condições de trafegabilidade das estradas potencializa- vam a ocorrência de acidentes, aumentava a distância de extração e transporte e limitava o tamanho ou a utilização efetiva da capaci- dade de transporte dos caminhões. 120 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Item 31.16 – Transporte de trabalhadores O transporte dos trabalhadores florestais segue uma série de regras rígidas, recebendo atenção especial dos órgãos de fiscaliza- ção, em virtude do caráter precário de suas atividades. Por exemplo, em Minas Gerais a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas, através da Resolução nº 13, de 30 abril de 2009, disciplina a emissão de autorização para o transporte intermunicipal de traba- lhadores rurais neste Estado, além de impor uma série de exigências (MINAS GERAIS, 2009). Da mesma forma, a União e os demais Estados da Federação também tutelam este tema. Nessa mesma direção, o item 31.16 da NR-31 visa ofe- recer garantias mínimas de segurança aos trabalhadores rurais du- rante seus deslocamentos na ida e retorno do trabalho, bem como nos deslocamentos internos nas propriedades rurais durante o de- senvolvimento de suas atividades. A legislação brasileira preconiza que o empregador deve fornecer vale transporte aos seus empregados que contemple a uti- lização efetiva em despesas de deslocamento residência-trabalho e vice-versa, sendo permitido também ao empregador fornecer o transporte em veículos adequados ao transporte coletivo para o deslocamento integral de seus trabalhadores, conteúdo estabelecido pela Lei nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985 (BRASIL, 1985). Em geral, excluídos os grandes produtores florestais, ob- serva-se que o transporte de pessoal é realizado de forma impro- visada, não sendo incomum verificar os trabalhadores sendo trans- portados nas carrocerias dos caminhões destinados ao transporte de madeira ou de caminhões leves destinados ao apoio a colheita. Em todos esses casos os trabalhadores florestais são, comumente, transportados juntamente com motosserras, combustíveis, peças e outros materiais. 121 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Item 31.17 – Transporte de cargas O transporte manual de cargas é uma das formas de tra- balho mais antiga e comum, sendo responsável por um grande nú- mero de lesões e acidentes do trabalho. No setor florestal brasilei- ro, principalmente em pequenos e médios produtores de madeira, isso não é diferente. O carregamento e descarregamento manual de madeira na maioria das vezes se constitui de operações peri- gosas, pesadas e exaustivas. As atividades exigem que o trabalho seja executado em posições desconfortáveis durante a jornada de trabalho com o manuseio de cargas elevadas. Este fato pode causar dores musculares, cansaço físico, além de elevado risco de aciden- tes (FIEDLER et al., 2015). De fato, Schettino et al. (2015), em seus estudos, concluíram que o fato dos trabalhadores permanece- rem em posturas assimétricas de tronco e utilizarem em excesso os membros superiores para manusear e transportar materiais foram os responsáveis pela alta incidência de lombalgias e lesões às arti- culações dos trabalhadores. A movimentação manual de cargas implica um elevado esforço físico por parte do trabalhador, que a nível biológico se tra- duz em uma compressão dos vasos sanguíneos e do tecido muscu- lar, havendo por isso uma diminuição dos níveis de oxigénio, uma vez que há uma diminuição do fluxo sanguíneo que o transporta, conduzindo a um estado de fadiga. Esse estado conduz à redu- ção da capacidade do homem para o trabalho causando déficits no nível da eficiência de trabalho, destreza e atenção, o que pode originar acidentes de trabalho (IIDA, 2005). Ainda há que se observar a presença de trabalhadores so- bre a carga, durante a operação de carregamento. Em se tratando de carregamento manual, existe sempre um ou mais trabalhadores sobre a carga para receber o torete entregue pelo trabalhador que 122 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS está no nível do piso e posicioná-lo sobre a carga. Dois aspectos devem ser considerados nessa situação: o piso extremamente irre- gular onde esse trabalhador executa suas atividades (sobre os tore- tes), com consequente risco de queda em mesmo nível, e a altura do caminhão e da carga, com iminente risco de queda em altura. Dessa forma, a falta de medidas de segurança para que tais situações sejam evitadas são um importante agravante para a ocor- rência de acidentes, visto as estatísticas demonstrarem que, anual- mente, cerca de 15% dos pacientes que são admitidos em centros especializados no atendimento a traumatizados sofreram quedas em mesmo nível (PARREIRA et al., 2010); e, segundo dados do MTE, 40% dos acidentes de trabalho no Brasil estão relacionados a quedas de trabalhadores em altura (BRASIL, 2014). Item 31.19 – Fatores climáticos e topográficos Embora, de modo geral, a totalidade das atividades flores-tais sejam suspensas na ocorrência de condições climáticas adver- sas capazes de comprometer a segurança dos trabalhadores (chuvas e ventos, principalmente), esse fato se dá por iniciativa própria de grande parte dos trabalhadores, dado o baixo percentual daqueles que receberam alguma orientação relativa ao tema por parte dos empregadores ou equiparados. Entretanto, sob o aspecto do esforço físico do trabalhador florestal, a questão da organização do trabalho mostra-se um tema bastante preocupante. Decorre que a maioria das áreas disponíveis para plantios florestais em pequenas e médias propriedades são de áreas acidentadas, com baixo índice de mecanização. O deslo- camento dos trabalhadores em áreas acidentadas, o alto desgaste físico das operações, o perigo de acidentes e o baixo índice de con- 123 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL forto térmico têm como consequência problemas de sobrecarga física e metabólica dos trabalhadores. Assim, como forma de evitar a sobrecarga física, mental e metabólica dos trabalhadores, a reorganização do trabalho, quer seja com a implementação de pausas para descanso e reidratação, quer seja ao evitar os horários mais propensos aos maiores desgas- tes ou mesmo com a revisão ou eliminação das metas de produção, pode contribuir positivamente neste sentido. De fato, Minette et al. (2015) ao avaliarem a carga física de trabalho imposta aos tra- balhadores florestais em regiões montanhosas, concluíram que as pausas, embora necessárias naquele caso, não ocorriam devido à organização do trabalho em metas, o que induzia o trabalhador a cumprir sua tarefa rapidamente para ser logo liberado, prejudi- cando o mecanismo de recuperação de fadiga e oferecendo riscos à sua saúde. Item 31.20 – Medidas de proteção pessoal De acordo com o MTE, todo funcionário que trabalha em ambiente de risco tem o direito do uso de EPI, que tem como objetivo a garantia da saúde e da segurança do trabalhador em seu ambiente de trabalho. Esses equipamentos, além de estarem em perfeitas condições de uso, também devem ser fornecidos gratuitamente pelas empresas, além de prover aos trabalhadores treinamento e orientação para a correta utilização e conservação (BRASIL, 1978). Destarte a obrigatoriedade legal e a necessidade de ga- rantia da saúde e da integridade física dos trabalhadores, diver- sos estudo demonstram que o uso dos EPIs é negligenciado no meio rural, principalmente em se tratando de pequenos e médios 124 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS produtores, qualquer que seja seu ramo de atividade (CASTRO; CONFALONIERI, 2005). No setor florestal este cenário não é diferente. Canto et al. (2007), ao avaliarem condições de segurança do trabalho na colheita em áreas de fomento florestal, concluíram que em 23,0% dos casos em que a colheita era terceirizada e em 62,1% daqueles em que a colheita era realizada pelos próprios pro- dutores não utilizavam nenhum EPI, sendo que em todos os casos os trabalhadores não dispunham de todos os EPIs necessários as atividades que desenvolviam. Trata-se, portanto, de um problema estrutural do setor agroflorestal. Item 31.23 – Áreas de vivência O item 31.23 da NR-31 traz importantes determinações relacionadas à implementação de áreas de vivência em ambientes de trabalho rural. A referida norma regulamentadora tem como objetivo principal fazer valer o princípio universal da dignidade da pessoa humana. As várias determinações nela contidas visam me- lhorar as condições de meio ambiente de trabalho rural, com con- sequente proteção da saúde e segurança dos trabalhadores rurais. Apesar da evolução tecnológica nas atividades rurais no Brasil, as condições de meio ambiente de trabalho rural ainda são precárias em inúmeras situações. Ainda são encontrados casos em que acampamentos precários e improvisados, com barracas de lonas plásticas pretas, são instalados para abrigar trabalhadores, sem as mínimas condições sanitárias, com falta de água potável, entre outras irregularidades. Nas frentes de trabalho ainda são comuns condições inaceitáveis, sem espaço higiênico para refei- ções, sem instalações sanitárias, ou ainda sem abrigos para as si- tuações de intempéries. 125 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Visando garantir condições de dignidade aos trabalhado- res, os locais para refeição devem ter boas condições de higiene e conforto, água limpa para higienização, mesas, depósitos de resí- duos sólidos, entre outras determinações. Para as frentes de tra- balho são exigidos abrigos que protejam os trabalhadores de in- tempéries durante as refeições. Quanto às instalações sanitárias, segundo determina esta norma, devem ter portas de acesso que impeçam o devassamento e ser construídas de modo a manter o resguardo conveniente, serem separadas por sexo, estarem situadas em locais de fácil e seguro acesso, disporem de água limpa e papel higiênico. Todos esses são requisitos mínimos, o que não impede que o empregador ou equiparado, disponibilize condições que per- mitam qualidade superior ao exigido na norma regulamentadora, no meio ambiente de trabalho que gerenciem garantindo, assim, a qualidade de vida dos trabalhadores. Por outro lado, os produtores florestais ao negligencia- rem tais requisitos mínimos, contribuem para uma deterioração do ambiente de trabalho e, consequentemente, uma degradação da qualidade de vida dos trabalhadores, que são fatores para o surgi- mento de condições inseguras (risco de acidentes) e para o desen- volvimento de doenças ocupacionais, componentes que concorrem para a precarização do trabalho nas atividades florestais. NR 35 – TRABALHO EM ALTURA Uma das principais causas de acidentes de trabalho graves e fatais se deve a eventos envolvendo quedas de trabalhadores. Os riscos de queda em trabalhos em altura existem em vários ramos de atividades e em diversos tipos de tarefas. Por isso, a criação de normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho tor- 126 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS naram-se um importante instrumento de referência para todos os ramos de atividade para garantir o trabalho seguro. Considera-se trabalho em altura, atividades executadas a um nível de 2 metros de um nível inferior e que neste haja o risco a queda. Esta é uma rotina para diversos trabalhadores em diferentes setores de atividades econômicas. O principal ris- co inerente ao trabalho em altura é a possibilidade de queda. Estatísticas indicam que acidentes relacionados ao trabalho em altura, em especial decorrente de quedas de nível, são representa- tivos e frequentemente citados como uma das principais causas de lesões ocupacionais fatais. A Norma Regulamentadora nº 35 (NR-35) preenche uma lacuna, pois as medidas de proteção contra queda eram previstas apenas em normas específicas de segmentos econômicos, como a construção e a indústria naval. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com a nova norma, as obrigações agora al- cançam todas as empresas, incluindo diversos setores industriais e segmentos como o de telecomunicações e energia elétrica, etc. Segundo o Ministério do Trabalho (BRASIL, 2012), a principal obrigação do empregador prevista na NR-35 é de imple- mentar em sua empresa a gestão do trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a adoção de medidas para evitar a ocorrência ou minimizar as consequências dos acidentes em altura. Essa gestão envolve, além das medidas técnicas, como a análise de risco da atividade, a implementação de um programa de capa- citação. Já por parte dos trabalhadores, a principal obrigação é de colaborar com o empregador na aplicação dessas medidas. O princípio adotado na NR-35 trata o trabalho em altura como atividade que deve ser planejada, evitando-se a exposição do trabalhador ao risco através da adoção de medidas que eliminem perigos de queda ou medidas que minimizem as suas consequên-127 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL cias quando o risco não puder ser evitado. Esta norma propõe a utilização dos preceitos da antecipação dos riscos para a implan- tação de medidas adequadas, pela utilização de metodologias de análise de risco (AR) e de instrumentos como as Permissões de Trabalho (PT), conforme as situações de trabalho, para que o mes- mo se realize com a máxima segurança. Com suas particularidades, o setor florestal sempre lidou com árvores nativas de grande porte, cujos frutos e se- mentes constituíram base para reprodução por meio de mudas e, ainda, fonte de renda para comunidades extrativistas loca- lizadas em áreas remotas de trechos de Floresta Amazônica e Mata Atlântica. Estes usos primários geraram a demanda por colheita em altura em um contexto de trabalhadores com baixos índices de renda e escolaridade. Consequentemente, a escalada sem qualquer proteção ou em condições precárias se populari- zou, gerando altos índices de acidentes. A escalada em florestas nativas ganhou investimentos em segurança quando a demanda veio de instituições públicas de pes- quisa e privadas de prestação de serviços, pela necessidade de cole- ta de material botânico ou genético, ou da realização de inventários florestais para planos de manejo. Soma-se, ainda, a popularização do turismo ecológico. Adaptaram-se, assim, técnicas de atividades esportivas como a escalada e práticas seguras aplicadas na área de Construção Civil, gerando avanços em segurança, porém não necessariamen- te soluções, visto se tratar de adaptações nem sempre adequadas ao contexto. O alcance não atingiu e não atinge ainda muitas das comunidades anteriormente citadas, onde a visibilidade e grau de instrução são reduzidos. O avanço real em segurança e conscientização veio como consequência do crescimento e modernização do setor de flores- 128 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS tas plantadas. A produção otimizada por melhoramento genético originou vastos plantios de clones, principalmente de espécies do gênero Eucalyptus, com altura em torno de 30 m e demanda por coleta manual de sementes para propagação controlada. O fato de as grandes empresas a que esta realidade se aplica estarem sub- metidas a padrões internacionais de certificação, qualidade e se- gurança levou ao investimento em treinamentos, procedimentos e técnicas que alinhassem produtividade e o cumprimento da Lei. Por fim, registra-se também o alto nível de exigência no que tange ao trabalho em altura para manejo de florestas ur- banas, que inclui podas, cortes, avaliação de árvores de risco e cabeamentos, atividades em geral realizadas por profissionais de companhias elétricas, telefônicas ou de órgãos públicos, mas as- sessorados pela área técnica florestal. Devido a alta visibilidade e impacto socioeconômico de tais atividades, o investimento em segurança foi proporcional. A criação de um instrumento normativo não significa contemplar todas as situações existentes na realidade fática. No mundo do trabalho existem realidades complexas e dinâmicas e uma nova Norma Regulamentadora para trabalhos em altura pre- cisaria contemplar a mais variada gama de atividades. Foi o que se buscou com a NR-35, concebida como norma geral, a ser comple- mentada por Anexos específicos por atividades e, principalmente, aplicada por profissionais que analisem bem o contexto da ativida- de que realizam. CAPÍTULO 7 SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE MOTOSSERRAS Apesar de sua grande utilidade, a motosserra, quando uti- lizada de forma incorreta e sem as manutenções adequadas, tor- na-se muito perigosa, sendo um dos principais causadores de aci- dentes no setor florestal, muitos dos quais de elevada gravidade e até mesmo fatais. Para que isso não aconteça e o trabalhador possa desenvolver suas atividades sem nenhum perigo, ele deve utilizar todos os EPIs recomendados e a motosserra deve ser usada cor- retamente, sempre de acordo com as instruções do fabricante e as medidas preventivas recomendadas. Dentre os principais riscos de acidentes decorrentes da utilização da motosserra, destacam-se: • Contatos com a corrente durante a partida, o trans- porte da motosserra em funcionamento de um local para outro, e a manutenção e limpeza da motosserra. • Projeção de partículas (cavacos, terra, estilhaços de pedras, galhos, etc.) durante o corte das árvores e das toras, capazes de provocar graves acidentes no motosserrista. • Vibrações produzidas pelo motor e pela corrente da motosserra, as quais, transmitidas pelas mãos e pelos braços, podem ocasionar graves danos fisiológicos ao motosserrista. • Ruído excessivo, capaz de provocar a surdez do ope- rador, conforme o grau de exposição diária do mesmo. 130 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Quebra da corrente resultante do desgaste dos rebites ou da ruptura dos elos de união, provocando lesões no operador quando não protegido adequadamente. • Temperatura elevada do escapamento, capaz de provo- car queimaduras nas mãos ou nos braços do operador. REGRAS BÁSICAS DE SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE MOTOSSERRAS Manutenção e Conservação Para que o trabalho com motosserras seja executado com maior segurança e eficiência, algumas recomendações devem ser observadas, tais como: • Durante as atividades de corte, procurar aumentar a frequência de lubrificação da corrente, principalmen- te quando se tratar de madeira seca ou muito dura. • Fazer a lubrificação dos rolamentos da ponta do sa- bre (quando existir) sempre no mesmo momento do reabastecimento do tanque de combustível. Lembrar de utilizar graxa de boa qualidade, a base de Lítio, própria para rolamentos. • Ajustar periodicamente a tensão da corrente, espe- cialmente durante prolongados períodos de corte. • Lembrar-se de manter a tensão da corrente sempre de acordo com as recomendações do fabricante. Nunca a deixar frouxa. • Sempre que limar os cortadores da corrente, procurar fazê-lo de dentro para fora e vice-versa, mantendo-os 131 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL do mesmo tamanho e limando o tempo necessário para remoção de qualquer sinal de abrasão ou danos existentes na placa superior ou lateral dos mesmos. • Caso algum elo da corrente quebre no alojamento do rebite, deverá ser prontamente substituído o elo de li- gação danificado. Lembrar-se de usar luvas e óculos de proteção durante a operação. Medidas Gerais de Segurança Para evitar ou minimizar os riscos de acidentes ocasiona- dos pela utilização da motosserra durante a execução dos trabalhos florestais, algumas medidas gerais de segurança devem ser adota- das, conforme se segue: • Cada operador de motosserra deve levar consigo um apito, celular, rádio transmissor ou semelhante, para avisar sempre que necessite apoio caso haja alguma emergência. Jamais utilizar a motosserra sem ter a possibilidade de pedir ajuda em caso de acidente. • Evitar trabalhar sob condições meteorológicas adver- sas tais como nevoeiro, chuva e ventos fortes. Trabalhar com mau tempo é cansativo e pode ocasionar situa- ções perigosas como, por exemplo, solo escorregadio, influência do vento da direção da derrubada, etc. • Manter o combustível em depósito e local adequado, próximo da área de trabalho, onde não haja risco de acidentes ou de contaminação ambiental. • Antes de dar a partida na motosserra, verificar se a mesma se encontra em perfeitas condições de uso. • Antes de iniciar o corte, verificar a direção de queda das árvores, retirando no momento todos os arbustos 132 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS e outros obstáculos existentes em sua volta. Não se esquecer de observar se existe alguma pessoa na área de alcance das árvores. • Caso seja necessário caminhar em direção a árvores mais distantes para efetuar o corte, procurar desligar o motor da motosserra e transportá-la sempre com o sabre voltado para frente.• Durante a execução dos trabalhos, manter-se sem- pre ao lado da motosserra e nunca diretamente atrás da mesma. • Procurar lembrar que as equipes devem trabalhar a uma distância entre si de, no mínimo, duas vezes e meia a altura aproximada da árvore a ser cortada. • Antes de efetuar o corte, verificar a direção de queda natural da árvore. Pode ser necessário derrubá-la des- sa forma. • Nunca fazer o corte com a ponta do sabre ou acima do nível dos ombros. Em caso de rebote, utilizar ime- diatamente o freio da corrente. • Tomar bastante cuidado com os galhos ou toras de árvores quando estiverem sendo cortadas. Lembrar- se de observar as recomendações técnicas de corte du- rante a execução dos trabalhos. • Durante o desgalhamento, permanecer ao lado da ár- vore e nunca sobre o tronco da mesma. • É impossível controlar uma motosserra com apenas uma mão. Para operar, deve-ser agarrar firmemente a motosserra com as duas mãos nos punhos. Nunca usar uma motosserra empunhando-a com apenas uma das mãos. 133 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Como Prevenir o Rebote da Motosserra Rebote é o golpe de retrocesso que se produz quando a ponta do sabre toca um objeto (galho, ramo) durante o corte, ou quando se tenta penetrar na madeira com a ponta superior do sa- bre. Isso ocorre porque o dente de corte da corrente fica em uma posição inclinada e tende a dar uma mordida maior na madeira do que pode cortar. Não podendo penetrar na madeira ou cortar o ga- lho ou ramo quando a motosserra está em alta rotação, ocorre en- tão a reação contrária, que é o rebote. Esse tipo de contato provoca um golpe de rebote instantâneo para cima e para trás na direção do operador, que pode levá-lo à perda do controle da motosserra e provocar sérias lesões. Para evitar os danos deste contragolpe (rebote), as motos- serras vêm obrigatoriamente equipadas com uma alavanca de freio de segurança (freio manual da corrente), que durante a operação de corte deve estar sempre destravada (puxada para trás) e prepa- rada para qualquer imprevisto. Nunca se deve confiar exclusivamente nos dispositivos de segurança que a motosserra possui. O operador deve tomar uma sé- rie de precauções durante o trabalho para prevenir acidentes. Com um conhecimento básico das razões do golpe de rebote pode-se eliminar o elemento surpresa que causa acidentes. A motosserra deve ser sempre segurada com as duas mãos e com os polegares cruzados durante a operação. Quando a motosserra é segura com firmeza, reduz-se a possibilidade do golpe de rebote e se mantém o controle do equipamento. Para minimizar sua ocorrência, tenha certeza de que a área de trabalho esteja livre de obstáculos e obstruções. Não permi- ta que a ponta do sabre tome contato com outros objetos enquanto usar a motosserra. Colocar-se sempre em posição equilibrada e não 134 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS cortar nada que esteja acima da altura dos ombros. Também devem ser respeitadas as instruções sobre manutenção, pois uma corrente mal afiada ou frouxa aumenta o perigo do rebote. Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para Operação de Motosserras Em quaisquer circunstâncias de utilização da motosserra deverão ser utilizados os EPIs indicados. O EPI não elimina os riscos de lesões, mas reduz consideravelmente seus efeitos em caso de acidente. O EPI para motosserrista é composto de proteções para a cabeça, para o tronco e para os pés e mãos. A roupa utilizada pelo operador deve assentar de forma justa (sem folgas), mas não deve limitar os movimentos. Não de- vem ser usados agasalhos, joias ou outras peças de vestuário que possam ficar presos na motosserra, na vegetação ou nos ramos. Os cabelos compridos devem presos (lenço, touca, capacete, etc.). São necessários os seguintes EPIs para a operação de motosserras: capacete de segurança completo (com protetor facial e auricular), óculos de proteção, traje de segurança composto por calça e jaqueta com capas de material anticorte para proteção do tronco, calça de proteção específica para motosserristas com várias camadas de material anticorte, botas de segurança com proteção anticorte na lingueta e biqueira reforçada de aço, e luvas de vaqueta especialmente confeccionadas para operação de motosserras. CAPÍTULO 8 SEGURANÇA NA COLHEITA MECANIZADA Dentre as diversas atividades necessárias a produção de madeira, a colheita é a etapa mais importante economicamente, visto sua grande representatividade na composição do custo fi- nal do produto, podendo, juntamente com o transporte, chegar a até 50% dos custos da madeira posto indústria (MACHADO; LOPES, 2000). A mecanização da colheita florestal no Brasil visa aumen- tar a produtividade do sistema de colheita, diminuir os custos de produção e a dependência de mão de obra e, na grande maioria das vezes, se dá a partir de máquinas importadas e com elevados custos de aquisição e manutenção, nem sempre acessíveis a todas as empresas e, muito menos, aos pequenos produtores de madeira. Estes fatores de ordem financeira tem levado a indústria mecâ- nica nacional a desenvolver, adaptar e testar diversos modelos de máquinas com princípios diferentes, quer seja a partir de tratores agrícolas ou de máquinas desenvolvidas para a construção civil, dentre outras; e essa tem sido a alternativa encontrada por em- presas florestais de pequeno e médio portes, além de produtores de madeira independentes ou vinculados a empresas por meio de contratos de fomento florestal, para a mecanização de suas ativida- des de colheita de madeira. De acordo com Rozin et al. (2010), durante a operação dessas máquinas adaptadas, o operador fica exposto a fatores am- bientais que influenciam diretamente em seu rendimento e na sua 136 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS saúde e segurança, como, por exemplo, a posição do corpo no acesso as cabines e no posto de trabalho, posição de comandos e alavan- cas; condições climáticas, como as temperaturas extremas, radiação solar, problemas de ventilação e umidade; nível de intensidade so- nora produzida pelo motor e ou transmissão da máquina; partícu- las suspensas no ar como poeiras e gases de escapamento; vibração do assento causada pela máquina e pelas irregularidades do terreno. Adicionalmente, tem-se os riscos de acidentes causados por falhas de operação e, ou manutenção das máquinas e implementos. Visando regulamentar tais questões relativas a segurança do trabalho, a NR 31 possui um capítulo inteiramente dedicado a segurança no trabalho em máquinas e implementos (item 31.12 da referida norma). Vale ressaltar que tais regulamentos não desobri- ga a observância do disposto na NR 12, específica para segurança em máquinas e equipamentos, mas sim atua de forma a comple- mentar os itens de segurança considerando as especificidades do trabalho no setor florestal. Como princípios gerais, a NR 31 estabelece que as má- quinas e implementos devem ser utilizados segundo as especifica- ções técnicas do fabricante e dentro dos limites operacionais e res- trições por ele indicados e operados por trabalhadores capacitados, qualificados ou habilitados para tais funções. Ainda, estabelece que o empregador ou equiparado se responsabilizará pela capacitação dos trabalhadores visando ao manuseio e à operação segura de má- quinas e implementos, de forma compatível com suas funções e atividades. Além de determinar o conteúdo programático mínimo dos treinamentos, fica estabelecido que a parte prática da capaci- tação pode ser realizada na máquina que o trabalhador irá operar e deve ter carga horária mínima de doze horas, ser supervisionada e documentada. 137 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Ainda, as atividades de manutenção e ajuste devem ser feitas por trabalhadores qualificados ou capacitados, com as má- quinas paradas e observância das recomendações constantes dos manuais ou instruções de operaçãoe manutenção seguras. A seguir, considerando as principais atividades desem- penhadas pelos trabalhadores envolvidos na colheita florestal me- canizada, será apresentado um guia com o objetivo de orientar e esclarecer os trabalhadores sobre os riscos de acidentes e do desen- volvimento de doenças profissionais, bem como as medidas pre- ventivas adotadas para reduzir ou neutralizar a ação dos agentes ambientais, quando presentes, bem como seus deveres e obrigações. Tais informações foram obtidas a partir da realização de PPRAs e LTCATs (Programas de Prevenção de Riscos Ambientais e Laudos Técnicos de Condições Ambientais de Trabalho, respecti- vamente), elaborados pelos autores em diversas empresas florestais do Brasil. Para as demais funções não contempladas a seguir, são válidas as instruções gerais aplicáveis as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores florestais. Cabe ressaltar que as orientações aqui contidas não esgo- tam o assunto sobre prevenção de acidentes, devendo ser observa- das todas as instruções existentes, ainda que verbais, em especial as normas e regulamentos estabelecidos pelo empregador ou equipa- rado, e aquelas contidas nos manuais das máquinas, equipamentos e ferramentas. Além disso, cabe ao trabalhador cumprir as disposi- ções legais e regulamentares sobre segurança e saúde do trabalho, constituindo ato faltoso a recusa injustificada e o não cumprimen- to das mesmas. 138 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Operador de Máquina Florestal Descrição da atividade: • Operar harverster, máquina de pneus ou esteiras, equipada com um cabeçote que derruba as árvores, desgalha, descasca e realiza o traçamento das mesmas no interior dos talhões. Também pode processar ár- vores derrubadas por motosserras e arrastadas para a margem das estradas. Realizam a substituição de sa- bres e correntes do conjunto de corte do cabeçote. • Operar feller buncher, máquina de pneus ou esteira, utilizada para a derrubada das árvores e formação de pilhas dessas no interior dos talhões. • Operar forwarder, máquina de pneus que efetua o carregamento da madeira cortada no interior dos ta- lhões e seu transporte até a margem das estradas, com descarregamento em pilhas de madeira ou diretamen- te sobre caminhões. • Operar skidder ou clambunck skidder, máquinas de pneus ou esteiras que efetuam o arraste de árvores in- teiras desde o interior dos talhões até a margem das estradas ou outros locais de processamento. • Operar escavadeira hidráulica, máquina geralmente de esteiras com uma garra acoplada, utilizada geral- mente para o carregamento das toras nos caminhões. Também pode vir acoplada com conjunto traça- dor (juntamente com a garra, denominada “Garra Traçadora”) ou com uma mesa slacher (também para o traçamento de madeira). • Operar outras máquinas específicas para alguma eta- pa da colheita de madeira, como slingshot, cabos aé- 139 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL reos com cabeçote harvester acoplado ou carregadores frontais em máquinas de pneus, dentre outras. • Em alguns casos, realizam pequenos reparos de ma- nutenção, como a substituição de mangueiras hidráu- licas ou outros pequenos componentes. Agentes de risco associados a atividade: • Ergonômicos. • Ruído. • Vibração. • Exposição a gases de combustão. • Exposição a temperaturas extremas. • Exposição solar. • Exposição a dias frios. • Exposição a queda de galho, troncos e árvores. • Impactos. • Cortes. • Animais peçonhentos. • Quedas de mesmo e diferente nível. • Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as frentes de trabalho. Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató- rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no PPRA/LTCAT: • Capacete. • Luva de vaqueta ou raspa. • Creme protetor solar. • Creme de proteção contra graxas e óleos. • Capa de Chuva. • Coturno de segurança com biqueira de aço ou calçado 140 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS de segurança com biqueira de aço juntamente com perneira de couro. • Protetor auricular tipo concha. • Óculos de Proteção. Como forma de complementar as ações relativas a segu- rança do trabalho, todos os operadores de máquina da colheita flo- restal mecanizada deverão observar: • Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer irregularidade capaz de expor qualquer membro da equipe a risco de acidentes. • Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos de saúde e segurança do trabalho. • Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú- vidas, não executar a atividade, consultando o superior. • Caso a área a ser trabalhada tenha outras máquinas e pessoas, manter uma distância mínima de duas árvores. • Manter uma distância de 15 metros das outras má- quinas. • Verificar a localização do motorista do caminhão du- rante o carregamento. • Ao empilhar as toras, evitar terrenos com declive, evi- tar pilhas altas e tomar os cuidados necessários para estas não rolarem. • Ao carregar caminhões, não passar com a carga sus- pensa sobre a cabine do mesmo ou sobre a máquina. • Manter uma distância de 50 metros das outras má- quinas (aproximadamente duas vezes o comprimento das árvores que estão sendo arrastadas). • Não utilizar ar comprimido para limpeza pessoal. 141 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • Estudar a topografia do terreno antes de iniciar os trabalhos, observando erosões, ladeiras, rios e estradas dento dos talhões. • Na derrubada, observar a bifurcação das árvores, co- pas, galhos enroscados e árvores mortas. • Manter a atenção redobrada em área próxima a redes elétricas. • Observar o caminho de fuga antes de efetuar os cortes. • Procurar atender a manutenção periódica do equi- pamento, evitando a emissão excessiva de gases da combustão. • Realizar inspeção das máquinas e equipamentos antes do iniciar os trabalhos, verificando se estão em boas condições. • Não utilizar máquinas, equipamentos ou ferramentas sem o uso dos EPIs e EPCs obrigatórios. • Manter o local de trabalho sempre limpo e organizado. • Realizar pausas para descanso e alongamento, princi- palmente da região das costas, pernas, ombros e braços. • Observar com atenção a presença de buracos ou la- deiras dentro dos talhões. • Ao levantar peso flexione as pernas, não a coluna. • Estar atento a animais peçonhentos. • Realizar os exames médicos quando solicitados. • Participar de treinamentos quando solicitados. • Respeitar a sinalização de segurança. • Utilize os EPIs designados para sua função, manten- do a guarda e conservação sempre. • Trabalhar com atenção, SEMPRE. • Manter atenção especial em relação aos atos insegu- ros, pois são responsáveis pela maioria dos acidentes. 142 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Mecânico de Máquina Florestal (ou Assistente ou Auxiliar de Manutenção Mecânica) Descrição da atividade: • Realizar as atividades referentes a manutenção mecâ- nica, elétrica, hidráulica, de motores ou automação de todas as máquinas e equipamentos da colheita flores- tal, orientando, facilitando e disponibilizando recur- sos para que as atividades sejam executadas de manei- ra eficaz e segura. Contribuir para a disponibilidade dos equipamentos visando alcançar os resultados com baixo custo e elevada eficiência. • Prestar assistência técnica e operacional na realização de manutenções preventivas, preditivas e corretivas de máquinas, motores e equipamentos mecânicos, con- tribuindo para a continuidade operacional, visando a máxima disponibilidade mecânica, desempenho e preservação do recurso. Agentes de risco associados a atividade: • Ergonômicos. • Ruído. • Vibração. • Exposição a umidade. • Exposição solar. • Exposição a dias frios. • Exposição a produtos químicos, fumos metálicos e hidrocarbonetos aromáticos. • Cortes. • Choques elétricos. 143 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • Quedas de mesmo e diferente nível. •Animais peçonhentos. • Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as frentes de trabalho. Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató- rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no PPRA/LTCAT: • Capacete. • Protetor auricular tipo concha. • Protetor facial em acrílico. • Óculos de proteção. • Calçado de segurança com biqueira de aço. • Creme protetor solar. • Luva de vaqueta. • Luva nitrílica. • Creme de proteção para graxas, óleos e solventes. • Capa de chuva. • Máscara de soldador. • Avental de raspa de couro com mangote. • Perneira de raspa de couro. • Protetor respiratório para vapores orgânicos. • Protetor respiratório para fumos metálicos. Como forma de complementar as ações relativas a segu- rança do trabalho, todos os mecânicos e auxiliares de manutenção envolvidos na colheita florestal mecanizada deverão observar: • Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer irregularidade capaz de expor qualquer membro da equipe a risco de acidentes. • Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos de saúde e segurança do trabalho. 144 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú- vidas, não executar a atividade, consultando o superior. • Não utilizar ar comprimido para limpeza pessoal • Não permitir que pessoas não autorizadas manuseiem ou utilizem os equipamentos e ferramentas para os serviços de manutenção e reparo. • Não utilizar equipamentos ou ferramentas sem o uso dos EPIs e EPCs obrigatórios. • Não executar os serviços de manutenção e reparo pró- ximos a produtos inflamáveis. • Para executar de trabalhos de solda ou com esmeri- lhadeira, sempre observar a localização ou posição de um extintor. • Observar os riscos de intoxicação com produtos químicos e fumaça tóxicos (ex: soldas, escapamento, mangueiras com vazamentos e outros). • Manter o local de trabalho sempre limpo e organizado. • Verificar as condições das instalações elétricas e o de- vido e aterramento dos equipamentos energizados. • Testar as ferramentas e equipamentos e executar os movimentos dos serviços antes do acionamento destes. • Desenergizar os equipamentos para sua manutenção e troca de ferramentas. • Observar a vida útil dos discos abrasivos e utilizar ape- nas os específicos para cada equipamento e serviço. • Não abastecer ou realizar qualquer reparo em gerado- res, motores e outros equipamentos em funcionamento. • Realizar pausas para descanso e alongamento, princi- palmente da região das costas, pernas, ombros e braços. • Ao levantar peso flexionar as pernas, não a coluna. • Estar atento a animais peçonhentos. 145 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • Realizar os exames médicos quando solicitados. • Participar de treinamentos quando solicitados. • Respeitar a sinalização de segurança. • Utilizar os EPIs designados para sua função, manten- do a guarda e conservação sempre. • Trabalhar com atenção, SEMPRE. • Manter atenção especial em relação aos atos insegu- ros, pois são responsáveis pela maioria dos acidentes • Somente realizar trabalhos com eletricidade se ti- ver treinamento e capacitação específicos, bem como autorização. Motorista de Caminhão Comboio (ou Abastecedor ou Lubrificador Florestal) Descrição da atividade: • Dirigir caminhões comboio, conservando os equi- pamentos sob sua responsabilidade, respeitando o Código de Trânsito e praticando as regras e políticas de segurança e meio ambiente. Abastecer as máquinas florestais e lubrificar seus componentes mecânicos, vi- sando o perfeito funcionamento dos mesmos. • Desmontar partes de máquinas, soltando parafusos, porcas, borboletas e outros, esgotando lubrificante usado, examinando as condições gerais da máquina e adicionando o novo. Observar manutenção preven- tiva de máquinas, anotando dados quanto a durabi- lidade dos lubrificantes e utilização das máquinas. Controlar estoque de lubrificantes e solicitar compra 146 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS nas necessidades. Executar outras atividades correla- tas e inerentes ao cargo. Agentes de risco associados a atividade: • Ergonômicos. • Ruído. • Vibração. • Exposição a umidade. • Exposição solar. • Exposição a dias frios. • Exposição a produtos químicos através de hidrocar- bonetos aromáticos. • Cortes. • Quedas de mesmo e diferente nível. • Animais peçonhentos. • Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as frentes de trabalho. Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató- rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no PPRA/LTCAT: • Capacete. • Protetor auricular tipo concha. • Óculos de proteção. • Proteção para os pés. • Calçado de segurança com biqueira de aço. • Creme protetor solar. • Luva de vaqueta. • Luva nitrílica. • Creme de proteção para graxas, óleos e solventes. • Capa de chuva. • Protetor respiratório para vapores orgânicos. 147 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Como forma de complementar as ações relativas a segu- rança do trabalho, todos os motoristas de caminhão comboio (ou denomiações similares) envolvidos na colheita florestal mecaniza- da deverão observar: • Realizar o curso MOPP – Movimentação e Operação de Produtos Perigosos, bem como suas reciclagens obrigatórias • Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer irregularidade capaz de expor qualquer membro da equipe a risco de acidentes. • Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos de saúde e segurança do trabalho. • Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú- vidas, não executar a atividade, consultando o superior. • Não utilizar ar comprimido para limpeza pessoal. • No momento do abastecimento e lubrificação, isolar com cones e placas de segurança tanto o caminhão quanto a máquina a ser abastecida. • No momento do abastecimento, fazer o aterramento da estrutura do caminhão. • Não permitir que pessoas não autorizadas manuseiem ou utilizem os equipamentos e ferramentas para os serviços de manutenção e reparo. • Não utilizar equipamentos ou ferramentas sem o uso dos EPIs e EPCs obrigatórios. • Não executar os serviços de manutenção e reparo pró- ximos a produtos inflamáveis. • Observar os riscos de intoxicação com produtos quí- micos e fumaça tóxicos. • Manter o local de trabalho sempre limpo e organizado 148 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Testar as ferramentas e equipamentos e executar os movimentos dos serviços antes do acionamento destes. • Desenergizar os equipamentos para sua manutenção e troca de ferramentas. • Não abastecer ou realizar qualquer reparo em gerado- res, motores e outros equipamentos em funcionamento. • Manter materiais fluidos estocados em contenção e com o devido isolamento. • Realizar pausas para descanso e alongamento, princi- palmente da região das costas, pernas, ombros e braços. • Ao levantar peso flexionar as pernas, não a coluna. • Estar atento a animais peçonhentos. • Realizar os exames médicos quando solicitados. • Participar de treinamentos quando solicitados. • Respeitar a sinalização de segurança. • Utilizar os EPIs designados para sua função, manten- do a guarda e conservação sempre. • Trabalhar com atenção, SEMPRE. • Manter atenção especial em relação aos atos insegu- ros, pois são responsáveis pela maioria dos acidentes • Somente realizar trabalhos com eletricidade se ti- ver treinamento e capacitação específicos, bem como autorização. CAPÍTULO 9 SEGURANÇA NA COLHEITA MANUAL E SEMIMECANIZADA A colheita semimecanizada é caracterizada pela utilização da motosserra, além de empregar tratores agrícolas adaptados, auto carregáveis, mini skidder, tração animal e intensiva mão de obra. Não é utilizada em larga escala, sendo viável apenas para pequenos e médios produtores florestais (fomentados ou independentes) ou em situações onde a utilização de máquinas com elevados custos de aquisição, operação emanutenção não é viável para esses produ- tores florestais, dada a escassez de recursos financeiros. A colheita manual, por sua vez, é aquela realizada sem a utilização de qualquer máquina, onde todas as atividades são realizadas única e exclusivamente com a utilização da força hu- mana de trabalho. Por exemplo: o corte realizado com machado, a extração via tombamento manual e o carregamento dos cami- nhões igualmente manual. Esse sistema, atualmente, encontra-se em desuso no Brasil, sendo restrito a áreas bastante reduzidas e em condições excepcionais. Esse cenário, em que a força humana é imprescindível, principalmente em terrenos com elevadas declividades e outras dificuldades operacionais, submete os trabalhadores a situações diárias de elevados dispêndio energético, repetitividade e índices elevados de acidentes de trabalho, além da possibilidade do desen- volvimento de distúrbios osteomusculares. Sob essa ótica, destaca-se a colheita da madeira (manual ou semimecanizada) em todas as suas etapas, desde a derrubada das árvores até o carregamento dos caminhões. Trata-se de ativi- 150 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS dade realizada por trabalhadores florestais, homens em sua grande maioria, que apresenta elevado grau de repetitividade, além de le- vantamento e transporte manual de carga em quantidades questio- náveis sob a ótica dos limites recomendados por diferentes normas nacionais e internacionais. Essas condições a que os trabalhadores estão expostos poderão comprometer sua produtividade, causar desconforto e aumentar os riscos de danos à saúde. Os distúrbios do sistema osteomuscular são frequentes em trabalhadores florestais e causam transtornos tanto para esses trabalhadores como para a sociedade. A maioria dos transtornos osteomusculares que ocorrem no local de trabalho envolve lesões por esforço excessivo. A incidência de diferentes lesões de nature- za osteomuscular tem sido causada por negligência nas posturas e manipulação de cargas excessivas durante a jornada de trabalho, diminuindo a produtividade, aumentando o absenteísmo e dimi- nuindo a qualidade de vida dos trabalhadores envolvidos. Dependendo da maneira como as atividades florestais são executadas, os trabalhadores, muitas vezes, levantam e transpor- tam cargas com pesos acima dos limites toleráveis, além de reali- zarem essa movimentação de modo incorreto e de forma contínua durante vários anos. Quando um trabalhador adota uma postura forçada por períodos prolongados, existe o risco eminente de uma sobrecarga mecânica, que pode desencadear quadros álgicos e de- sequilíbrios de força, colocando em risco a sua integridade física e psíquica (KISNER; COLBY, 1998) A seguir, considerando as principais atividades desempe- nhadas pelos trabalhadores envolvidos nas atividades de colheita manual ou semimecanizada, será apresentado um guia com o obje- tivo de orientar e esclarecer os trabalhadores sobre os riscos de aci- dentes e do desenvolvimento de doenças profissionais, as medidas preventivas adotadas para reduzir ou neutralizar a ação dos agentes ambientais, quando presentes, bem como seus deveres e obrigações. 151 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Tais informações foram obtidas a partir da realização de PPRAs e LTCATs (Programas de Prevenção de Riscos Ambientais e Laudos Técnicos de Condições Ambientais de Trabalho, respecti- vamente), elaborados pelos autores em diversas empresas florestais do Brasil. Para as demais funções não contempladas a seguir, são válidas as instruções gerais aplicáveis as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores florestais Operador de Motosserra (ou Motosserrista) Descrição da atividade: • Extraem madeira, identificando áreas de extração, derrubando árvores mapeadas ou selecionadas, clas- sificando as toras conforme diâmetro e comprimento pré-estabelecidos e separando madeira de acordo com sua utilização. • Realiza derrubada das árvores, rebaixamento de tocos, desgalhamento e traçamento de toretes. • Abastecimento e manutenção básica da motosserra. Agentes de risco associados a atividade: • Ergonômicos. • Ruído. • Vibração. • Exposição a umidade. • Exposição solar. • Exposição a dias frios. • Exposição a produtos químicos através de hidrocar- bonetos aromáticos. • Cortes. 152 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Quedas de mesmo nível. • Animais peçonhentos. • Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as frentes de trabalho. Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató- rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no PPRA/LTCAT: • Capacete. • Protetor auricular tipo concha. • Óculos de proteção. • Viseira de proteção. • Calçado de segurança com biqueira de aço. • Creme protetor solar. • Luva para motosserrista. • Calça para motosserrista. • Creme de proteção para graxas, óleos e solventes (para as mãos). • Capa de chuva. Como forma de complementar as ações relativas a segu- rança do trabalho, todos os operadores motosserra deverão observar: • Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer irregularidade capaz de expor qualquer membro da equipe a risco de acidentes. • Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos de saúde e segurança do trabalho. • Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dúvidas, não executar a atividade, consultando o superior. • Utilizar as placas de sinalização de CUIDADO DERRUBADA DE ÁRVORES nos dois sentidos da estrada ou carreador. 153 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • Durante atividade manter distância de segurança dos demais motosserristas e ajudantes. • Realizar inspeção nas ferramentas antes do iniciar os trabalhos, verificando se estão em boas condições. • Realizar pausas para descanso e alongamento, princi- palmente da região das costas, pernas, ombros e braços. • Ao levantar peso, flexionar as pernas, não a coluna. • Estar atento a animais peçonhentos • Manter limpo e organizado seu local de trabalho e áreas comuns • Realizar os exames médicos quando solicitados. • Participar de treinamentos quando solicitados. • Respeitar a sinalização de segurança. • Utilizar os EPIs designados para a função, mantendo a guarda e conservação dos mesmos. • Trabalhar com atenção, SEMPRE. • Ter atenção especial em relação aos atos inseguros, pois são responsáveis pela maioria dos acidentes. • Não utilizar a motosserra para quaisquer outras fi- nalidades que não sejam o abate e processamento de árvores. • Não realizar trabalhos de manutenção com a motos- serra em funcionamento. 154 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Ajudante de Colheita (ou Ajudante Florestal, ou Auxiliar Florestal, ou Trabalhador Florestal de Colheita ou outra denominação similar) Descrição da atividade: • Manusear, carregar, engatar, transpassar e retirar correntes ou cabos para o engate das árvores ou pi- lhas de toretes. • Puxar o cabo de aço dentro das áreas de refloresta- mento para o arraste. • Realizar o desgalhamento de árvores utilizando ma- chadinha ou foice. • Realizar o enleiramento manual de toretes ou de ga- lhadas. • Movimentar toretes de madeira manualmente ou com machadinha. • Cortar madeiras e galhos com machadinha. • Realizar roçadas manuais. • Realizar carregamento manual de toretes em carretas acopladas em tratores agrícolas ou em caminhões. • Combater incêndios florestais, quando de sua ocor- rência. Agentes de risco associados a atividade: • Ergonômicos. • Ruído. • Exposição a umidade. • Exposição solar. • Exposição a dias frios. • Cortes. 155 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • Quedas de mesmo nível. • Animais peçonhentos. • Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as frentes de trabalho. Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató- rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no PPRA/LTCAT: • Capacete. • Protetor auricular tipoconcha. • Óculos de proteção. • Calçado de segurança com biqueira de aço. • Creme protetor solar. • Creme de proteção para graxas, óleos e solventes (para as mãos). • Capa de chuva. • Luva de vaqueta. • Perneira de segurança. Como forma de complementar as ações relativas a segu- rança do trabalho, todos os ajudantes da colheita semimecanizada deverão observar: • Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer irregularidade capaz de expor qualquer membro da equipe a risco de acidentes. • Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos de saúde e segurança do trabalho. • Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú- vidas, não executar a atividade, consultando o superior. 156 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Durante atividade manter distância de segurança dos motosserristas. • Realizar inspeção nas ferramentas antes do iniciar os trabalhos, verificando se estão em boas condições. • Realizar pausas para descanso e alongamento, princi- palmente da região das costas, pernas, ombros e braços. • Ao levantar peso, flexionar as pernas, não a coluna. • Estar atento a animais peçonhentos • Manter limpo e organizado seu local de trabalho e áreas comuns • Realizar os exames médicos quando solicitados. • Participar de treinamentos quando solicitados. • Respeitar a sinalização de segurança. • Utilizar os EPIs designados para a função, mantendo a guarda e conservação dos mesmos. • Trabalhar com atenção, SEMPRE. • Ter atenção especial em relação aos atos inseguros, pois são responsáveis pela maioria dos acidentes. CAPÍTULO 10 SEGURANÇA NA SILVICULTURA As atividades silviculturais são entendidas como aquelas responsáveis pelo preparo do solo, plantio e manutenção da área plantada até a idade adulta (em geral, variando de sete a vinte anos, de acordo com a espécie plantada e o regime de manejo adotado), quando as árvores são colhidas. Em geral, envolvem o preparo do solo, plantio, irrigações, fertilizações, combate à matocompetição e às formigas, além do manejo das florestas (podas, desbrotas e desramas, dentre outras). A silvicultura pode ser uma atividade perigosa. É ainda mais perigosa quando as atividades são realizadas por trabalhado- res autônomos ou trabalhadores temporários, em vez de empresas profissionais. Se a silvicultura é um meio de subsistência, nem os proprietários e nem os seus funcionários podem dar-se ao luxo de desperdiçar um dia de trabalho, mesmo por ferimentos leves. Todos devem se certificar de que todas as pessoas, que trabalham desempenhando as atividades, têm a formação e as competências necessárias para realizarem o mesmo. É importante lembrar que ações negligentes de qualquer parte podem comprometer a segu- rança de todos, empregadores, trabalhadores e, eventualmente, a de terceiros (público em geral) (COMISSÃO EUROPEIA, 2015). A seguir, considerando as principais atividades desempe- nhadas pelos trabalhadores envolvidos nas atividades de silvicultu- ra, será apresentado um guia com o objetivo de orientar e esclare- cer os trabalhadores sobre os riscos de acidentes e do desenvolvi- 158 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS mento de doenças profissionais, bem como as medidas preventivas adotadas para reduzir ou neutralizar a ação dos agentes ambientais, quando presentes, bem como seus deveres e obrigações. Tais infor- mações foram obtidas a partir da realização de PPRAs e LTCATs (Programas de Prevenção de Riscos Ambientais e Laudos Técnicos de Condições Ambientais de Trabalho, respectivamente), elabora- dos pelos autores em diversas empresas florestais do Brasil. Para as demais funções não contempladas a seguir, são válidas as instru- ções gerais aplicáveis as atividades desenvolvidas pelos trabalhado- res florestais. Tratorista Descrição da atividade: • Condução do trator na aplicação de herbicida com pulverizador em barra, com implementos como plan- tadeira semimecanizada, aplicador de herbicida e in- seticidas, subsolador, enxada rotativa, roçadeira, carre- tas, tanques de água, dentre outros. • Transporte de insumos, produtos químicos, combus- tíveis, mudas de árvores exóticas e nativas. • Verificação dos equipamentos do trator. • Abastecimento de água do tanque podendo ser atra- vés de lagos, rios e córregos. • Preparação de calda para aplicação de produtos quí- micos. • Pequenos reparos no trator e nos implementos como troca de lâmpadas, mangueiras, regulagem bicos dos pulverizadoras, substituição de pneus furados. 159 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Agentes de risco associados a atividade: • Ergonômicos. • Ruído. • Vibração. • Produtos químicos através de herbicidas, inseticidas e formicidas, além dos hidrocarbonetos aromáticos. • Exposição a umidade. • Exposição solar. • Exposição a dias frios. • Cortes. • Quedas de mesmo nível. • Animais peçonhentos. • Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as frentes de trabalho. Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató- rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no PPRA/LTCAT: • Capacete. • Protetor auricular tipo concha. • Óculos de proteção. • Calçado de segurança com biqueira de aço. • Creme protetor solar. • Creme protetor para pele contra graxas e óleos. • Touca árabe (ou boné tipo árabe). • Luva de vaqueta. • Luva nitrílica. • Capa de chuva. • Perneira de proteção. • Proteção para corpo durante aplicação de herbicida - conjunto hidro-repelente. • Respirador com filtro químico para vapores orgânicos. 160 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Como forma de complementar as ações relativas a segu- rança do trabalho, todos os tratoristas deverão observar: • Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer irregularidade capaz de expor qualquer membro da equipe a risco de acidentes. • Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos de saúde e segurança do trabalho. • Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú- vidas, não executar a atividade, consultando o superior. • Manter a atenção redobrada em áreas próximas a re- des elétricas. • Observar com atenção a presença de buracos, pedras ou outros obstáculos dentro dos talhões. • Realizar inspeção nas ferramentas antes do iniciar os trabalhos, verificando se estão em boas condições. • Não utilizar ar comprimido para limpeza pessoal. • Não utilizar ferramentas e equipamentos sem a utili- zação dos EPIs e EPCs obrigatórios. • Realizar pausas para descanso e alongamento, princi- palmente da região das costas, pernas, ombros e braços. • Ao levantar peso, flexionar as pernas, não a coluna. • Estar atento a animais peçonhentos • Manter limpo e organizado seu local de trabalho e áreas comuns • Realizar os exames médicos quando solicitados. • Participar de treinamentos quando solicitados. • Respeitar a sinalização de segurança. • Utilizar os EPIs designados para a função, mantendo a guarda e conservação dos mesmos. • Não utilizar os equipamentos de combate a incêndios para outros fins que não o especificado. 161 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • Trabalhar com atenção, SEMPRE. • Ter atenção especial em relação aos atos inseguros, pois são responsáveis pela maioria dos acidentes. Auxiliar Florestal (ou Trabalhador Florestal da Silvicultura, ou Ajudante Florestal ou outra denominação similar) Descrição da atividade: • Atuar nas atividades de produção de mudas em vi- veiros. • Realizar o enleiramento manual de galhadas e outros resíduos. • Efetuar o alinhamento e marcação para plantio. • Realizar o coveamento manual (com enxadão) ou se- mimecanizado para o plantio. • Fazer o plantio e replantio de mudas. • Fazer o coroamento das mudas e árvores jovens. • Realizar a poda e desgalhamento de árvores. • Realizar a adubação manual de mudas. • Confeccionar aceiros manualmente. • Construir e desmanchar cercas. • Classificar e carregar de mudas. • Realizar roçadas manuais ou semimecanizadas.• Combater incêndios florestais, quando de sua ocor- rência. Agentes de risco associados a atividade: • Ergonômicos. • Ruído. 162 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Vibração. • Exposição a umidade. • Exposição solar. • Exposição a dias frios. • Cortes. • Quedas de mesmo nível. • Animais peçonhentos. • Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as frentes de trabalho. Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató- rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no PPRA/LTCAT: • Capacete. • Protetor auricular tipo concha. • Óculos de proteção. • Calçado de segurança com biqueira de aço. • Creme protetor solar. • Creme de proteção para graxas, óleos e solventes (para as mãos). • Capa de chuva. • Luva de vaqueta. • Touca árabe (ou boné tipo árabe). • Perneira de segurança. Como forma de complementar as ações relativas a segu- rança do trabalho, todos os trabalhadores florestais quando desen- volvendo as atividades de silvicultura deverão observar: • Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer irregularidade capaz de expor qualquer membro da equipe a risco de acidentes. 163 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos de saúde e segurança do trabalho. • Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú- vidas, não executar a atividade, consultando o superior. • Manter a atenção redobrada em áreas próximas a re- des elétricas. • Observar com atenção a presença de buracos, pedras ou outros obstáculos dentro dos talhões. • Realizar inspeção nas ferramentas antes do iniciar os trabalhos, verificando se estão em boas condições. • Realizar pausas para descanso e alongamento, princi- palmente da região das costas, pernas, ombros e braços. • Ao levantar peso, flexionar as pernas, não a coluna. • Estar atento a animais peçonhentos • Manter limpo e organizado seu local de trabalho e áreas comuns • Realizar os exames médicos quando solicitados. • Participar de treinamentos quando solicitados. • Respeitar a sinalização de segurança. • Utilizar os EPIs designados para a função, mantendo a guarda e conservação dos mesmos. • Não utilizar os equipamentos de combate a incêndios para outros fins que não o especificado. • Trabalhar com atenção, SEMPRE. • Ter atenção especial em relação aos atos inseguros, pois são responsáveis pela maioria dos acidentes. 164 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Aplicador de Defensivos (Auxiliar Florestal ou Trabalhador Florestal da Silvicultura, ou Ajudante Florestal ou outra denominação similar) Descrição da atividade: • Manuseio e aplicação de produtos químicos (herbici- das, fungicidas, inseticidas e outros). Agentes de risco associados a atividade: • Ergonômicos. • Ruído. • Vibração. • Produtos químicos através de herbicidas, inseticidas e formicidas, além dos hidrocarbonetos aromáticos. • Exposição a umidade. • Exposição solar. • Exposição a dias frios. • Cortes. • Quedas de mesmo nível. • Animais peçonhentos. • Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as frentes de trabalho. Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató- rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no PPRA/LTCAT: • Capacete. • Protetor auricular tipo concha. • Óculos de proteção. • Calçado de segurança com biqueira de aço. 165 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • Creme protetor solar. • Creme protetor para pele contra graxas e óleos. • Touca árabe (ou boné tipo árabe). • Luva de vaqueta. • Luva nitrílica. • Capa de chuva. • Perneira de proteção. • Proteção para corpo durante aplicação de herbicida - conjunto hidro-repelente. • Respirador com filtro químico para vapores orgânicos. Como forma de complementar as ações relativas a segu- rança do trabalho, todos os trabalhadores florestais ao lidar com defensivos e outros produtos químicos, deverão observar: • Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer irregularidade capaz de expor qualquer membro da equipe a risco de acidentes. • Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos de saúde e segurança do trabalho. • Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú- vidas, não executar a atividade, consultando o superior. • Observar com atenção a presença de buracos, pedras ou outros obstáculos dentro dos talhões. • Realizar inspeção nas ferramentas antes do iniciar os trabalhos, verificando se estão em boas condições. • Não utilizar ferramentas e equipamentos sem a utili- zação dos EPIs e EPCs obrigatórios. • Observar com atenção a presença de buracos ou ou- tros obstáculos no interior das áreas de plantio. • Realizar pausas para descanso e alongamento, princi- palmente da região das costas, pernas, ombros e braços. 166 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Ao levantar peso, flexionar as pernas, não a coluna. • Estar atento a animais peçonhentos • Manter limpo e organizado seu local de trabalho e áreas comuns • Realizar os exames médicos quando solicitados. • Participar de treinamentos quando solicitados. • Respeitar a sinalização de segurança. • Utilizar os EPIs designados para a função, mantendo a guarda e conservação dos mesmos. • Não utilizar os equipamentos de combate a incêndios para outros fins que não o especificado. • Trabalhar com atenção, SEMPRE. • Ter atenção especial em relação aos atos inseguros, pois são responsáveis pela maioria dos acidentes. CAPÍTULO 11 ESTUDO DE CASOS CASO 1 - Acidente na Derrubada com Motosserra Em uma área com plantio de pinus, extremamente decli- vosa, o motosserrista estava derrubando e após terminar o corte de abate, a árvore que ele havia cortado puxou uma árvore seca/morta que estava atrás dele, puxando-a para cima dele e atingindo sua cabeça violentamente. Com o impacto ele foi arremessado a seis metros de distância e seus EPI’s ficaram danificados. O mesmo foi encontrado por um colega que deduziu que havia acontecido algo devido ao silêncio da motosserra. Ao avistar o motosserrista caí- do foi socorrê-lo e notou que estava sangrando pelo nariz, porém estava acordado e meio atordoado pela batida. O funcionário foi atendido pelos brigadistas e transportado para o hospital da cidade mais próxima (cerca de 40 Km) e, de lá, para outro em uma cidade com mais recursos. Neste hospital, obteve atendimento médico e foi constado um traumatismo intracraniano. O que deveria ter feito o motosserrista? Devia ter efetuado uma simples avaliação dos riscos para determinar o que pode acontecer e se transformar em acidente, uma vez que: • o terreno irregular (declividade acentuada) pode difi- cultar o direcionamento da queda das árvores durante o abate; • a presença de árvores mortas (em pé) pode represen- tar um risco para a operação e para o motosserrista; 168 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • a presença de galhos e cipós nas copas das árvores pode dificultar o abate e a queda das árvores. Qual é a probabilidade de isto acontecer? Elevada, considerando que: • a floresta não foi manejada e não foi realizada a roça- da pré-corte para limpeza de cipós e sub-bosque; • o elevado número de árvores mortas (em pé) presen- tas no povoamento; • a elevada declividade do terreno; • a falta de planejamento da derrubada pelos encarre- gados e pelo motosserrista; • o excesso de confiança do motosserrista. Quais são as possíveis consequências (gravidade)? • lesões, morte. Se o motosserrista tivesse avaliado a situação previamen- te, o que devia ter feito para reduzir o risco? Deveria: • ter pedido a orientação do seu encarregado; • ter realizado uma Análise Prévia de Risco (APR) em conjunto com outros motosserristas, visando identifi- car os riscos presentes e as ações para minimizá-los; • ter solicitado a retirada das árvores mortas através de cabos de aço acoplados a tratores posicionados na margem das estradas; • terse recusado a derrubar em locais com elevado risco para sua segurança e integridade física. Observação: Neste caso, nota-se claramente que o mo- tosserrista teve sua vida preservada, apesar da gravidade do ocor- rido, graças a efetividade dos EPI’s utilizados (principalmente o capacete), conforme registros abaixo: 169 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Fonte: Stanley Schettino (acervo pessoal). CASO 2 - Acidente no Traçamento Mecanizado de Madeira O Operador de Máquina de Colheita estava realizando os trabalhos de traçamento de madeiras no estaleiro, utilizando uma máquina de esteiras com um cabeçote processador acoplado. Para facilitar e aumentar a produção, o operador acionou o botão que libera o tracionamento do fuste através dos rolos para realizar a medição do comprimento e diâmetro da tora para, ao fi nal do comprimento desejado, realizar o traçamento da mesma. Após fa- zer este processo o operador informou que o botão fi cou acionado, não parando de tracionar o fuste e empurrando a árvore para dentro da máquina, vindo a quebrar o vidro da mesma e, somente parando após o desligamento da máquina. Ao fi m, constatou-se somente um pequeno arranhão na perna do operador e danos materiais na máquina, não sendo necessário o afastamento do operador. O que deveria ter feito o operador? Devia ter efetuado uma simples avaliação dos riscos para determinar o que pode acontecer e se transformar em acidente, uma vez que: 170 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • se o posicionamento das árvores a serem processadas estava correto; • a máquina já vinha apresentando sinais de falha me- cânica; • as manutenções preventivas e preditivas foram reali- zadas na máquina conforme o plano de manutenção estabelecido pelo fabricante. Qual é a probabilidade de isto acontecer? Elevada, considerando que: • nunca se deve acionar o comando de tracionamento dos fustes com o cabeçote virado para a máquina; • os fustes estavam posicionados de modo incorreto para o processamento; • o operador deveria ter reposicionado a máquina para trabalhar em condição segura. Quais são as possíveis consequências (gravidade)? • danos materiais de grande monta, lesões, morte. Se o operador da máquina tivesse avaliado a situação pre- viamente, o que devia ter feito para reduzir o risco? Deveria: • ter solicitado a equipe de extração para reposicionar os fustes a serem processados; • ter realizado uma Análise Prévia de Risco (APR) em conjunto com outros operadores, visando identificar os riscos presentes e as ações para minimizá-los; • ter solicitado a equipe de manutenção mecânica uma inspeção prévia da máquina e do equipamento visan- do identificar possíveis falhas mecânicas; • ter se recusado a processar fustes em situações com elevado risco para sua segurança e integridade física. 171 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Obs.: A seguir, o registro do acidente: Fonte: Stanley Schettino (acervo pessoal). CASO 3 - Investigação de Acidentes com Motosserra Situação e Histórico Em uma dada empresa fl orestal, pequena produtora de papel e celulose, existiam aproximadamente 25 Operadores de Motosserra realizando a colheita de pinus, consistindo nas ativi- dades de derrubada, desgalhamento e traçamento dos fustes. Em dado período, entre dezembro de um ano e fevereiro do ano se- guinte, ocorreram três acidentes com alguma gravidade envolven- do esses operadores, conforme descrito a seguir: • Dia 21/12 - Operador S. S. P. N. - estava desgalhando uma árvore já derrubada com a motosserra e, ao cortar um dos galhos, a corrente da motosserra arremessou a ponta do galho contra sua própria perna direita, vindo a perfurá-la. • Dia 13/01 - Operador E. A. - estava desgalhando a árvore já derrubada em um terreno irregular e, ao 172 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS cortar um dos galhos, a árvore rolou rapidamente em sua direção, empurrando a motosserra contra seu pé esquerdo, que foi atingindo pela corrente da motos- serra em funcionamento, momento em que sofreu um profundo corte nessa parte do corpo. • Dia 13/02 - Operador O. T. S. - estava desgalhando uma árvore após a derrubada e, ao cortar um galho com a motosserra, a mesma deu um rebote e veio a atingir seu pé esquerdo, cortando-o através da bota de motosserrista. Objetivo Investigação das potenciais causas de repetidos acidentes ocorridos na operação de corte e desgalhamento com motosserras. Possíveis Causas Levantadas 1. Necessidade de Reciclagem de Treinamentos de Operação de Motosserra De acordo com o pressuposto no artigo 31.12.39 da NR- 31, os empregadores ou equiparados devem promover à todos os operadores de motosserra, motopoda e similares, treinamento para utilização segura da máquina, com carga horária mínima de oito horas e conforme conteúdo programático relativo à utilização constante do manual de instruções. Todos os Operadores de Motosserra pertencentes aos quadros da empresa possuíam o referido treinamento, comprova- dos através de certificados. Entretanto, após verificação documental, foi constatado que alguns operadores haviam realizado os treinamentos há 05, 173 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 06, 08 e até 12 anos. Em verifi cação pessoal juntamente com esses Operadores, verifi cou-se que as metodologias de operação destes treinamentos estavam bastante defasadas e não condiziam com a realidade operacional daquele momento. Ações Propostas: Realizar a reciclagem de treinamento de operação de motosserras para todos os Motosserristas, iniciando por aqueles com treinamentos mais antigos. 2. Falhas de Manutenção e Regulagens das Motosserras No mês anterior a ocorrência do primeiro acidente, ha- viam sido adquiridas motosserras novas para substituição daquelas antigas que atingiram o limite de vida útil. No mês de dezembro do ano em questão, cerca de 75% das motosserras eram novas (com menos de 01 mês de uso), as quais, teoricamente, não tinham gran- des possibilidades de apresentar falhas mecânicas. Entretanto, foram verifi cadas em campo duas situações que poderiam acarretar riscos potenciais de acidentes: a) Motosserras trabalhando com as guias rebaixadas – As guias de profundidade das correntes das motosserras são as partes que fazem com que a mesma “corra” por dentro do sabre, conforme ilustrado na fi gura a seguir: Deve-se manter todas as guias de profundidade, tanto dos cortadores do lado esquerdo como os do lado direito, calibradas, 174 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS mantendo seu desenho próximo ao original, arredondando a ponta quadrada provocada pela lima chata. Isso, além de ajudar a evitar o corte inclinado, preservará a “aerodinâmica” da corrente e diminui- rá a possibilidade de rebote. O trabalho com as guias rebaixadas provoca um excesso de velocidade da corrente o que, também, afeta sua estabilidade, aumenta a possibilidade de arremesso de galhos e a possibilidade de rebotes. b) Motosserras com rotação de trabalho excessivamente elevada – De acordo com recomendações do fabricante, as motos- serras devem trabalhar com rotação de 12.800 a 13.000 rpm. Foram encontradas motosserras com até 15.000 rpm em operação. O trabalho com as motosserras com rotações excessi- vas, além de ocasionar desgaste prematuro das parte internas do motor, provoca um excesso de velocidade da corrente, afeta sua estabilidade, aumenta a possibilidade de arremesso de galhos e a possibilidade de rebotes. Ações Propostas: Treinamento sobre regras básicas de ma- nutenção de motosserras (principalmente com relação a rotação dos motores e calibração de guias de profundidade) para os Líderes e Encarregados de Colheita, para que possam estar monitorando esses itens de segurança. 3. Falta de Resistência dos EPI’s Utilizados pelos Motosserristas De acordo com o artigo 31.20.1 da NR-31, é obrigatório o fornecimento aostrabalhadores, gratuitamente, de equipamen- tos de proteção individual (EPI), ...; já o artigo 31.20.1.1 preconiza que os equipamentos de proteção individual devem ser adequados aos riscos e mantidos em perfeito estado de conservação e funcio- 175 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL namento. Por sua vez, os artigos 31.20.1.2 e 31.20.1.3 afi rmam que o empregador deve exigir que os trabalhadores utilizem os EPI’s e fornecerem a orientação aos empregados quanto ao uso dos EPI’s. Verifi cou-se, em campo, que todos os Operadores de Motosserra possuíam os EPI’s necessários ao desempenho de suas atividades, que os mesmos estavam orientados quanto ao correto uso dos mesmos e que os Técnicos de Segurança constantemente estavam fi scalizando e exigindo o uso dos EPI’s. Entretanto, ao analisar o último acidente ocorrido, verifi - cou-se que o calçado de segurança utilizado pelo Motosserrista não teve a atuação desejada. Apesar de o mesmo possuir biqueira de aço e proteção de metatarso, esta última não resistiu ao impacto sofrido, fazendo com que houvesse danos (ferimentos) ao Motosserrista. Foi constatado que o material utilizado para a proteção do metatarso no calçado de segurança tratava-se de uma liga de plástico (ou algum material semelhante) e que a mesma se esfa- celou, quando deveria (teoricamente) ter suportado o impacto. A seguir, é apresentada a foto do calçado que estava sendo utilizado pelo Motosserrista no último acidente: Fonte: Stanley Schettino (acervo pessoal). 176 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Ações Propostas: Verificar com o fornecedor dos EPI’s e representantes dos fabricantes a possibilidade do teste de botinas de segurança confeccionadas com materiais mais resistentes. 4. Derrubada/Desgalhamento Próximo a Áreas de Reservas e Estradas Quando as árvores a serem derrubadas e desgalhadas en- contram-se próximas às áreas de reservas e estradas (com barran- cos), ocorre uma dificuldade na operação de desgalhamento devido as árvores caírem sobre outras e mesmo sobre os barrancos das estradas, ficando os galhos nas partes inferiores dos troncos. Ações Propostas: Orientar os motosserristas para, nestes casos, somente desgalharem as árvores após o arraste das mesmas para os estaleiros. 5. Necessidade de Ajustes Operacionais O sistema de colheita semimecanizado adotado pela em- presa previa, em regra, 01 Operador de Motosserra realizando a derrubada e desgalhamento para cada trator de arraste. Entretanto, foi verificado que, em inúmeras situações, torna-se necessário que 01 Operador de Motosserra realize a derrubada e desgalhamento para 02 tratores de arraste. Essa condição operacional é verificada quando ocorre quebra de motosserras ou falta de Motosserristas ao trabalho. Quando isso ocorre, torna-se necessário imprimir um ritmo acelerado de trabalho, o vem a acarretar desgaste físico ao Motosserrista e, consequentemente, um maior risco de ocorrên- cia de acidentes. A situação é agravada em situações operacionais onde, devido à idade dos povoamentos, as árvores possuem um maior percentual de galhos. Ações Propostas: Realizar um levantamento do dimensio- namento das frentes de colheita e efetuar os ajustes necessários. 177 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL CASO 4 - Mapas de Riscos para Máquinas da Colheita Mecanizada Conforme a Portaria nº 05, de 17 de agosto de 1992, do Ministério do Trabalho e Emprego, a elaboração do Mapa de Riscos é obrigatória para empresas com grau de risco e número de empregados que exijam a constituição de uma CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. O Mapa de Riscos é a representação gráfica dos riscos de acidentes nos diversos locais de trabalho, inerentes ou não ao pro- cesso produtivo, devendo ser afixado em locais acessíveis e de fácil visualização no ambiente de trabalho, com a finalidade de infor- mar e orientar todos os que ali atuam e outros que, eventualmente, transitem pelo local. No Mapa de Riscos, os círculos de cores e tamanhos diferentes mostram os locais e os fatores que podem gerar situações de perigo em função da presença de agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. O mapeamento possibilita o desenvolvimento de uma atitude mais cautelosa por parte dos trabalhadores diante dos perigos identificados e grafica- mente sinalizados. Desse modo, contribui com a eliminação e/ou controle dos riscos detectados (SEGPLAN-GO, 2018). A seguir são apresentados modelos de mapas de riscos para algumas máquinas utilizadas na colheita mecanizada (desen- volvidos pelos autores), com o intuito de: a) Reunir informações suficientes para o estabelecimento de um diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho com essas máquinas; b)Possibilitar a troca e divulgação de informações entre os operadores e mecânicos, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais. 178 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS MAPA DE RISCOS NR5, PORTARIA 3214 DE 08/06/78 E PORTARIA 25 DE 29/12/94 CIPATR - GESTÃO 2019/2021 FELLER-BUNCHER GRUPO I - RISCOS FÍSICOS RUÍDO . MOTOR DO EQUIPAMENTO VIBRAÇÕES . OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO GRUPO IV - RISCOS ERGONOMICOS TRABALHO EM TURNO E NOTURNO . OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO MINISTÉRIO DO TRABALHO TABELA 01 - RISCOS AMBIENTAIS GRUPO I RÍSCOS FÍSICOS RÍSCOS QUÍMICOS GRUPO II RÍSCOS BIOLÓGICOS RÍSCOS ERGONÔMICOS GRUPO IVGRUPO III GRUPO V RISCOS ACIDENTES TABELA DE GRAVIDADE TIPO DE RISCO SIMBOLO GRANDE MÉDIO PEQUENO GRUPO V - RISCOS ACIDENTES QUEDA . Subir e descer da cabina da máquina. INCÊNDIO . Alta temperatura / acúmulo de folhas e galhos / vazamento de óleo QUEIMADURA . Contato com partes quentes do motor durante a inspeção diária GARRA TRAÇADORA TOMBAMENTO . Posicionamento inadequado da máquina dentro do talhão (áreas acidentadas) CHOQUE ELÉTRICO . Derrubada próximo a rede elétrica MOVIMENTOS REPETITIVOS . Manuseio dos comandos Fonte: Stanley Schettino (acervo próprio) MAPA DE RISCOS NR5, PORTARIA 3214 DE 08/06/78 E PORTARIA 25 DE 29/12/94 CIPATR - GESTÃO 2019/2021 SKIDDER GRUPO I - RISCOS FÍSICOS RUÍDO . MOTOR DO EQUIPAMENTO VIBRAÇÕES . OPERAÇÃO DE EQUIPAMENTO GRUPO IV - RISCOS ERGONOMICOS TRABALHO EM TURNO E NOTURNO . OPERAÇÃO DE EQUIPAMENTO MINISTÉRIO DO TRABALHO TABELA 01 - RISCOS AMBIENTAIS GRUPO I RÍSCOS FÍSICOS RÍSCOS QUÍMICOS GRUPO II RÍSCOS BIOLÓGICOS RÍSCOS ERGONÔMICOS GRUPO IVGRUPO III GRUPO V RISCOS ACIDENTES TABELA DE GRAVIDADE TIPO DE RISCO SIMBOLO GRANDE MÉDIO PEQUENO GRUPO V - RISCOS ACIDENTES QUEDA . Subir e descer da máquina QUEIMADURA . Inspeção ( radiador) GARRA TRAÇADORA TOMBAMENTO . Descida em locais acidentados MOVIMENTOS REPETITIVOS . Manuseio dos comandos Fonte: Stanley Schettino (acervo próprio) 179 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL MAPA DE RISCOS NR5, PORTARIA 3214 DE 08/06/78 E PORTARIA 25 DE 29/12/94 CIPATR - GESTÃO 2019/2021 HARVESTER GRUPO I - RISCOS FÍSICOS RUÍDO . MOTOR DO EQUIPAMENTO VIBRAÇÕES . OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO GRUPO IV - RISCOS ERGONOMICOS TRABALHO EM TURNO E NOTURNO . OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO MINISTÉRIO DO TRABALHO TABELA 01 - RISCOS AMBIENTAIS GRUPO I RÍSCOS FÍSICOS RÍSCOS QUÍMICOS GRUPO II RÍSCOS BIOLÓGICOS RÍSCOS ERGONÔMICOS GRUPO IVGRUPO III GRUPO V RISCOS ACIDENTES TABELA DE GRAVIDADE TIPO DE RISCO SIMBOLO GRANDE MÉDIO PEQUENO GRUPO V - RISCOS ACIDENTES QUEDA . Subir e descer da máquina ( compartimento motor; degraus escada) e gavetas ferramentas CORTE . Troca de corrente ( conjunto de corte) e sabre QUEIMADURA . Inspeção (radiador) MOVIMENTO REPETITIVO . Manuseio dos comandos Fonte: Stanley Schettino (acervo próprio) MAPA DE RISCOS NR5, PORTARIA 3214 DE 08/06/78 E PORTARIA 25 DE 29/12/94 CIPATR - GESTÃO 2019/2021 FORWARDER GRUPO I - RISCOS FÍSICOS RUÍDO . MOTOR DO EQUIPAMENTO VIBRAÇÕES . OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTOGRUPO IV - RISCOS ERGONOMICOS TRABALHO EM TURNO E NOTURNO . OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO MINISTÉRIO DO TRABALHO TABELA 01 - RISCOS AMBIENTAIS GRUPO I RÍSCOS FÍSICOS RÍSCOS QUÍMICOS GRUPO II RÍSCOS BIOLÓGICOS RÍSCOS ERGONÔMICOS GRUPO IVGRUPO III GRUPO V RISCOS ACIDENTES TABELA DE GRAVIDADE TIPO DE RISCO SIMBOLO GRANDE MÉDIO PEQUENO GRUPO V - RISCOS ACIDENTES QUEDA . Subir e descer da máquina ( compartimento motor; degraus escada) e gavetas ferramentas QUEIMADURA . Inspeção (radiador) TOMBAMENTO . Posicionamento errado da máquina dentro do talhão MOVIMENTOS REPETITIVOS . Manuseio dos comandos CHOQUE ELÉTRICO . Extração próximo a rede elétrica Fonte: Stanley Schettino (acervo próprio) REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. L. Um estudo sobre a teoria geral de sistema na gestão de segurança e saúde ocupacional em empresas construtoras certificadas em OHSAS 18001. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Gradua- ção em Engenharia Civil, 2009. ALMEIDA, S.F.; ABRAHÃO, R.F.; TERESO, M.J.A. 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ÍNDICE REMISSIVO A Acidentes de Trabalho 9 Agentes causadores de acidentes 9 Avaliação de acidentes 10 Avaliação dos riscos 9, 81 C Causas de acidentes 9 Condições de trabalho 9, 186 G Gerenciamento dos riscos 9 Gestão legal de riscos 9 I Identificação dos riscos 9 M Mapas de riscos 10 Medidas de controle 9, 54 Monitoramento das ações 9 N Normas aplicáveis 9 Normas Regulamentadoras 9, 17, 47, 48, 62, 63, 65, 67, 70, 71, 72, 182 O Orientações legais 9 R Riscos biológicos 9 Riscos de acidentes 9, 10 Riscos ergonômicos 9 192 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Riscos físicos 9 Riscos Químicos 9 S Saúde do trabalhador 9 T Tipos de acidentes 9 trabalho florestal 5, 14, 15, 25, 67, 92, 106, 109, 114, 183, 187, 190 SOBRE OS AUTORES Stanley Schettino Professor Adjunto na UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais/Instituto de Ciências Agrárias. Engenheiro Florestal (Universidade Federal de Viçosa - 1992), Doutor em Ciências Florestais (Universidade Federal de Viçosa - 2016), MBA em Gestão Empresarial (Fundação Getúlio Vargas - 2002), Engenheiro de Segurança do Trabalho (PUC-PR - 2010). Possui grande experiência na área Engenharia Florestal, com ênfase em Colheita Mecanizada de plantios de reflorestamento, Planejamento Florestal e Programas de Gestão de Qualidade, Meio Ambiente e Saúde e Segurança do Trabalho, além de participação em processos de certificação florestal. Atualmente leciona, dentre outras, a disci- plina Segurança do Trabalho Florestal para o curso de graduação em Engenharia Florestal da UFMG. É professor permanente no Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da UFMG. Luciano José Minette Engenheiro Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (1984), Mestre em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (1987) e Doutor em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (1995). Possui especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela FUMEC (2002). Atualmente, é Professor Associado IV da Universidade Federal de Viçosa e integrante da Universidade Federal do Espírito Santo. Coordenador do curso de Especialização Lato-Sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho, da Universidade Federal de Viçosa. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Segurança do 194 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Trabalho e Ergonomia, atuando principalmente nos seguintes te- mas: ergonomia, colheita florestal, transporte florestal e segurança do trabalho. Vinícius Pereira dos Santos Doutor em Ciências Florestais pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES, mestrado em Produção Vegetal pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Graduação em Engenharia Agronômica pelo Centro de Ciências Agrárias da UFES (2009), pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho (2013) pela Universidade Cândido Mendes e Técnico Agrícola formado pela Escola Agrotécnica Federal de Colatina (1998/2000), atual IFES Campus Itapina. Trabalhou como Técnico Agrícola pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF) na função de Inspetor Fitossanitário. Tem experiência na área de Agronomia, atuando principalmente nos seguintes temas: inclusão digital, educação ambiental, legislação e fiscalização am- biental, plano de manejo, agroecologia, extensão rural e segurança do trabalho. Formato: 14,8x21 Tipologia: Adobe Caslon Pro Papel: Pólen 80g /m2 (miolo) Cartão Supremo 250g / m2 2019 Curitiba/Paraná Não encontrando nossos títulos na rede de livrarias conveniadas e informadas em nosso site contactar a Editora Brazil Publishing: Tel: (41) 3022-6005 www.aeditora.com.br aeditora@aeditora.com.br