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SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Editora Brazil Publishing Conselho Editorial Internacional Presidente: Rodrigo Horochovski (UFPR - Brasil) Membros do Conselho: Anita Leocadia Prestes (Instituto Luiz Carlos Prestes - Brasil) Claudia Maria Elisa Romero Vivas (Universidad Del Norte - Colômbia) Fabiana Queiroz (UFLA - Brasil) Hsin-Ying Li (National Taiwan University - China) Ingo Wolfgang Sarlet (PUCRS - Brasil) José Antonio González Lavaut (Universidad de La Habana - Cuba) José Eduardo Souza de Miranda (Centro Universitário Montes Belos - Brasil) Marilia Murata (UFPR - Brasil) Milton Luiz Horn Vieira (UFSC - Brasil) Ruben Sílvio Varela Santos Martins (Universidade de Évora - Portugal) © Editora Brazil Publishing Presidente Executiva: Sandra Heck Rua Padre Germano Mayer, 407 Cristo Rei ‒ Curitiba PR ‒ 80050-270 +55 (41) 3022-6005 www.aeditora.com.br STANLEY SCHETTINO LUCIANO JOSÉ MINETTE VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS autores SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Schettino, Stanley S327s Segurança do trabalho no setor fl orestal / Stanley Schettino, Luciano José Minette, Vinícius Pereira dos Santos – Curitiba: Brazil Publishing, 2019. 196p.: il.; 21cm ISBN 978-65-5016-109-5 1. Segurança do trabalho. 2. Setor fl orestal. 3. Saúde e trabalho. I. Minette, Luciano José. II. Santos, Vinícius Pereira dos. III. Título. CDD 363.11 (22.ed) CDU 331. 823 Comitê Científi co da área Engenharias Presidente: Professor Doutor Marcus Vinicius Girão de Morais (UnB – Engenharia Mecânica) Professor Doutor Bruno Luis Soares Lima (Mackenzie – Engenharia Elétrica) Professor Doutor Paulo César Machado Ferroli (UFSC – Engenharia de Produção) Professor Doutor Alexandre Cardoso (UFU – Engenharia Elétrica) Professora Doutora Ana Cláudia Patrocinio (UFU – Engenharia Elétrica) Professor Doutor Itamar Iliuk (UTFPR – Engenharia Elétrica) Editor Chefe: Sandra Heck Diagramação e Projeto Gráfi co: Brenner Silva Revisão de Texto: Os autores Revisão Editorial: Editora Brazil Publishing DOI: 10.31012/978-65-5016-110-1 Curitiba / Brasil 2019 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) BIBLIOTECÁRIA: MARIA ISABEL SCHIAVON KINASZ, CRB9 / 626 APRESENTAÇÃO Contando com uma área de 528 milhões de hectares de florestas nativas ricas em biodiversidade e quase 8 milhões de hec- tares de reflorestamentos, aliado ao clima e solos favoráveis, o setor florestal brasileiro vem experimentando constante desenvolvimen- to, levando a demandas cada vez maiores por produtos de base florestal. Entretanto, destarte o elevado grau de mecanização das atividades florestais presente nos grandes produtores de madeira, a grande maioria dos pequenos e médios produtores ainda são alta- mente dependentes de mão de obra. Tudo isso diante de um cenário em que as condições de tra- balho são bastante peculiares, o que, invariavelmente leva ao desen- volvimento de doenças relacionadas ao trabalho e exposição a riscos à saúde e a integridade física dos trabalhadores. Disso resulta que o setor florestal apresenta as maiores taxas de acidentes e mortalidade associada ao trabalho no mundo, apesar da introdução da mecaniza- ção de algumas atividades. Embora diversos estudos venham sendo realizados abordando temas como a ergonomia e as condições gerais de segurança no trabalho florestal, faz-se necessário uma abordagem mais específica sobre a segurança do trabalho neste setor. A partir do conhecimento e gestão dos riscos a que estão expostos os trabalhadores florestais, torna-se possível a organiza- ção do trabalho, o dimensionamento de máquinas, ferramentas e postos de trabalho, além da implementação de adequadas medidas de proteção coletivas e individuais. Com essa obra, partindo de ex- tensa vivência prática e acadêmica, os autores se propõem a expor todos os possíveis riscos presentes no ambiente de trabalho flo- restal, bem como as medidas necessárias para seu gerenciamento, tomando por base uma compilação de situações reais e sem deixar de lado o atendimento a legislação pertinente, de forma a contri- buir para a diminuição dos índices de acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais. Espera-se que, com o gerenciamento de todos os riscos, seja possível garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores flo- restais o que, indubitavelmente, reverte-se em melhorias na quali- dade de vida, na manutenção de sua capacidade laboral e em bene- fícios para a sociedade como um todo. Os Autores ABSTRACT Studies on safety and health in forestry work have demon- strated the conditions to which the workers in this sector are ex- posed, revealing the consequences for their health and the changes of the life in the field. The performance of activities subject to cli- matic conditions and factors such as exposure to chemical and bi- ological agents, risk of accidents, pressure to raise yield, efficiency and productivity, increase the physical effort in work performance, reflecting in the increase in the number of accidents, injuries and diseases related to work which invariably leads to a reduction in the capacity for work and the useful life of workers. The understanding of the applicable legislation and the precise identification of the risks to which these workers are ex- posed becomes a fundamental tool for the definition and imple- mentation of measures necessary for the elimination, isolation or mitigation of these risks, in order to contribute to the reduction of the work accidents index and the development of occupation- al diseases in the forestry sector. It is precisely what the authors propose with this work where, in a clear and concise manner, they present all the technical and legal apparatus for the correct man- agement of occupational health and safety in the forestry sector. PALAVRAS-CHAVE CAPÍTULO 1 Introdução Palavras-chave: Setor florestal, trabalho florestal, condições de trabalho, saúde do trabalhador, precarização do trabalho; CAPÍTULO 2 Sobre ccidentes de trabalho Palavras-chave: Acidentes de trabalho, tipos de acidentes, causas de acidentes, comunicação de acidente de trabalho, agentes causa- dores de acidentes; CAPÍTULO 3 Identificação de riscos nas atividades florestais Palavras-chave: Riscos físicos, riscos químicos, riscos biológicos, riscos de acidentes, riscos ergonômicos; CAPÍTULO 4 Gestão dos riscos ocupacionais nas atividades florestais Palavras-chave: Identificação dos riscos, avaliação dos riscos, medidas de controle, monitoramento das ações, gerenciamento dos riscos; CAPÍTULO 5 Sobre normas regulamentadoras Palavras-chave: Legislação, normas regulamentadoras, direitos trabalhistas, deveres patronais, categorização de normas; CAPÍTULO 6 Normas regulamentadoras aplicadas ao setor de produção florestal Palavras-chave: Setor de produção florestal, normas aplicáveis, orientações legais, gestão legal de riscos, conformidade legal; CAPÍTULO 7 Segurança na operação de motosserras Palavras-chave: Motosserras, operação de motosserras, manu- tenção de motosserras, riscos de acidentes com motosserras, EPIs para operação de motosserras; CAPÍTULO 8 Segurança na colheita mecanizada Palavras-chave: Colheita mecanizada, máquina florestal, manu- tenção mecânica florestal, programa de prevenção de riscos am- bientais, laudo técnico das condições ambientais de trabalho; CAPÍTULO 9 Segurança na colheita manual e semimecanizada Palavras-chave: Colheita manual, Colheita semimecanizada, Operador de motosserra, Ajudante florestal, Atividades de colheita CAPÍTULO 10 Segurança na silvicultura Palavras-chave: Silvicultura, atividades silviculturais, tratorista florestal, ajudante de silvicultura, riscos da atividade silvicultural; CAPÍTULO 11 Estudos de casos Palavras-chave: Acidente na derrubada, acidente com máquina, acidente com motosserra, avaliação de acidentes,mapas de riscos; SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ............................................. 13 CAPÍTULO 2 - SOBRE ACIDENTES DE TRABALHO ........ 19 CAPÍTULO 3 - IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS NAS ATIVIDADES FLORESTAIS........................... 29 CAPÍTULO 4 - GESTÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS NAS ATIVIDADES FLORESTAIS ........... 47 CAPÍTULO 5 - SOBRE NORMAS REGULAMENTADORAS ...................................................... 61 CAPÍTULO 6 - NORMAS REGULAMENTADORAS APLICADAS AO SETOR DE PRODUÇÃO FLORESTAL .... 71 CAPÍTULO 7 - SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE MOTOSSERRAS ...................................... 129 CAPÍTULO 8 - SEGURANÇA NA COLHEITA MECANIZADA ................................................ 135 CAPÍTULO 9 - SEGURANÇA NA COLHEITA MANUAL E SEMIMECANIZADA ...................................... 149 CAPÍTULO 10 - SEGURANÇA NA SILVICULTURA .......... 157 CAPÍTULO 11 - ESTUDO DE CASOS ................................ 167 REFERÊNCIAS .................................................................... 181 ÍNDICE REMISSIVO ........................................................... 191 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO O setor florestal brasileiro tem como seus produtos prin- cipais celulose e papel, painéis de madeira industrializada, carvão vegetal, madeira serrada, lenha, pellets e biomassa para geração de energia. Contando com uma área de 528 milhões de hectares de florestas nativas ricas em biodiversidade e 7,84 milhões de hectares de reflorestamentos (IBÁ, 2017). Aliado ao clima e aos solos fa- voráveis, o setor florestal brasileiro vem experimentando constante desenvolvimento, levando a demandas cada vez maiores por pro- dutos de base florestal. Entretanto, juntamente com o crescimento da produção florestal, tem surgido maior preocupação com os aspectos e impac- tos ambientais e sociais dessas atividades. Essa preocupação está sendo impulsionada pela destruição de florestas tropicais e os con- sequentes efeitos sobre o clima global (ALVES et al., 2009). A competitividade de uma organização não depende ape- nas de fatores econômicos, mas também de uma conduta social- mente valorizada, que garanta a sua legitimidade e sobrevivência no contexto ambiental. Desta forma, as empresas florestais têm buscado assumir posturas socialmente responsáveis, destacando-se a crescente preocupação com o meio ambiente, saúde e segurança de seus trabalhadores, bem como a sua responsabilidade social e ética perante a comunidade onde estão inseridas. Por outro lado, visando suprir os acréscimos de produção da indústria de base florestal e encontrando-se a mesma impos- sibilitada de adquirir novas áreas para plantio, desenvolvem-se as plantações por meio de programas de fomento florestal, arrenda- 14 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS mentos de áreas e parcerias, além de aquisição de madeira no mer- cado, os quais já representam o segundo lugar na matriz de supri- mento da indústria de celulose (FISCHER, 2009). Entretanto, a grande maioria das propriedades rurais no Brasil não está adequa- da aos requisitos exigidos em um processo de certificação, sendo que os principais problemas estão relacionados ao não cumpri- mento de leis e ao direito dos trabalhadores. Esse fato demonstra, claramente, que algumas indústrias de base florestal, mesmo que possuidoras de seu manejo florestal certificado, ainda estão sendo abastecidas com madeira proveniente de áreas onde este cenário vem deixando os trabalhadores expostos à condições inadequadas sob as óticas da legislação trabalhista e previdenciária, de ergono- mia e de saúde e segurança do trabalho. O trabalho florestal possui características peculiares como: acessibilidade e mobilidade restritas, terrenos íngremes, exposição às condições climáticas extremas, ferramentas mal desenvolvidas e consequentemente inadequadas, além da mão de obra pouco qua- lificada. Os trabalhadores florestais se deparam diariamente com diversos fatores que influenciam a sua relação com o trabalho e podem interagir criando riscos para a sua saúde como: horas ex- tras e fadiga; pressão; insatisfação no trabalho, carga mental; sus- cetibilidade e resposta ao estresse; condições ambientais adversas; isolamento; trabalho em turnos entre outros. Fatores psicossociais influenciam ainda, para piorar o cenário em que se encontram. Muitos vivem em áreas rurais e possuem baixo nível de escolari- dade e têm dificuldades para se adaptar às inovações tecnológicas e são pressionados a atingir metas de produção. Esses e outros fa- tores contribuem para o desenvolvimento de doenças relacionadas ao trabalho e riscos à saúde e integridade física dos trabalhadores, decorrentes de acidentes do trabalho. 15 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL A pesquisa a respeito de fatores humanos e condições de trabalho nas empresas florestais tem por objetivo aperfeiçoar métodos e técnicas operacionais, de modo a assegurar condições seguras, confortáveis e saudáveis no ambiente de trabalho. O co- nhecimento dessas condições de vida e busca constante de sua melhoria influencia diretamente a satisfação do trabalhador, le- vando ao aumento da produtividade e da qualidade do trabalho (SANT’ANNA, 1998), além de contribuir para a redução dos ín- dices de acidentes de trabalho. A frequência de dores lombares e tendinites em pessoas que executam o trabalho florestal, tanto em posição sentada como em pé, é fator primordial no absenteísmo repetido e prolongado do trabalhador e dificulta sua reclassificação profissional. A frequência destes distúrbios leva a suspeitar de uma incorreta adaptação das ferramentais, máquinas e equipamentos ao homem, bem como de posturas de trabalho incorretas dos trabalhadores. O planejamento incorreto de um sistema de trabalho, bem como dos equipamentos, ferramentas e meios auxiliares, impõe ao trabalhador solicitações excessivas e desnecessárias, acarretando problemas de lombalgias, de tendinites, de conforto, de fadiga precoce, de produtividade e de incidência de erros na execução do trabalho (IIDA, 2005), bem como contribuem na ocorrência de acidentes de trabalho durante a execução das atividades. De acordo com Zibetti et al. (2006), o setor rural, em que estão inseridos os produtores de madeira, apresenta as maiores taxas de mortalidade associada ao trabalho no mundo, apesar da introdução da mecanização de algumas atividades. A situação do trabalho na silvicultura e colheita de madeira expressa múltiplas características com implicações sobre a saúde e segurança do tra- balhador dentre outras: vulnerabilidade do contrato e do vínculo, fraca ou nenhuma proteção social, baixo nível de renda, exposição às elevadas cargas de trabalho e riscos presentes. 16 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Visando garantir a integridade física e moral dos traba- lhadores entra em cena a segurança do trabalho, que é tutelada por um conjunto de normas e técnicas aplicáveis em vários seto- res. Pode ser entendida como um conjunto de medidas adotadas para proteger o trabalhador em sua integridade e capacidade de trabalho, evitar doenças ocupacionais e minimizar acidentes de trabalho. É definida por normas e leis. No Brasil, compõe-se de normas regulamentadoras, leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil (GOMES, 2012) Segundo a Legislação Brasileira na Norma Regulamentadora NR-17 – Ergonomia, do Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 1990), para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho. As condições de trabalho incluem aspectos relaciona- dos ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mo- biliário, aos equipamentos, às condições ambientaisdo posto de trabalho e à própria organização do trabalho. Por sua vez, a Norma Regulamentadora NR-31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura (BRASIL, 2005), tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compa- tível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da silvi- cultura e exploração florestal com a segurança e saúde do trabalho. Embora exista essa norma específica para o setor florestal, tal fato não desobriga ao cumprimento das demais normas aplicáveis. Ainda assim, a atividade florestal conduzida por empre- sas terceirizadas ou pelo produtor florestal, tende a negligenciar as 17 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Normas Regulamentadoras NR-17 e a NR-31, as quais não estão sendo consideravelmente eficientes para resguardar a segurança e a saúde do trabalhador (DAVID et al., 2014). Complementando, Melo (2013) afirma que os acidentes do trabalho ocorrem por práticas inadequadas no meio ambiente do trabalho, podendo-se mencionar o não atendimento às seguintes diretrizes: • a falta de investimento na prevenção de acidentes por parte das empresas e dos empregadores; • os problemas culturais que ainda influenciam a pos- tura das classes patronal e profissional no que diz res- peito à não priorização da prevenção dos acidentes laborais; • a ineficiência dos poderes públicos quanto ao estabe- lecimento de políticas preventivas e à fiscalização dos ambientes de trabalho; • as máquinas e ferramentas inadequadas por culpa de muitos fabricantes que não cumprem corretamente as normas de segurança e orientações previstas em lei; e • a precariedade das condições de trabalho por conta de práticas equivocadas de flexibilização do Direito do Trabalho, ou seja, a precarização do trabalho. De acordo com Assunção e Câmara (2011), a adoção de medidas preventivas visando resguardar a saúde e a segurança dos trabalhadores, sem dúvida reverte-se em benefícios sociais e eco- nômicos para esses trabalhadores e para a sociedade em geral. CAPÍTULO 2 SOBRE ACIDENTES DE TRABALHO Em comparação com outros setores da economia, as ta- xas de acidentes na atividade florestal, particularmente na colheita de madeira, são extremamente altas, resultando em pesadas perdas para os empregadores e muito sofrimento para os trabalhadores e suas famílias. As atividades desenvolvidas pelos trabalhadores florestais, quando comparadas com as atividades de outros setores, em geral são consideradas pesadas e extenuantes. Trabalhando ao ar livre, o empregado fica exposto às intempéries do clima e suas consequên- cias, sofrendo com o calor ou frio, com a umidade, os ventos etc. Muitas vezes, o local de trabalho fica distante de sua residência, obrigando o trabalhador a dispender tempo e energia no trajeto, correndo o risco de sofrer acidentes. Devido ao isolamento do lo- cal de trabalho, geralmente faltam facilidades para o atendimento médico e de primeiros socorros, o que agrava ainda mais a situação no setor florestal (MEDEIROS; JURADO, 2013). Acidentes de trabalho, conforme a Organização Internacional do Trabalho, citada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT, 2008), são todos os acontecimentos inesperados e imprevistos, incluindo os atos de violência, derivados do trabalho ou com ele relacionados, dos quais resulta uma lesão corporal, uma doença ou a morte, de um ou vários trabalhadores. Em uma visão prevencionista, acidente de trabalho é toda ocorrência, inesperada ou não, que interfere no andamento normal do trabalho e da qual 20 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS resulta lesão no trabalhador e, ou, perda de tempo e, ou, danos ma- teriais, ou os três simultaneamente (GOMES, 2012). Os acidentes do trabalho constituem um problema social e econômico para o país. No setor de saúde, podem ser citadas as despesas do Sistema Único de Saúde (SUS) com o custeio do atendimento médico-hospitalar das vítimas do processo produtivo florestal. Além disso, há que se considerar o custo social, resultado do impacto sobre a saúde e vida do trabalhador, seus familiares e dos grupos populacionais que vivem nos entornos das áreas produ- tivas (ULTRAMARI et al., 2012). O registro de acidentes do trabalho é um importante instrumento com informações de caráter previdenciário, estatís- tico e epidemiológico, oferecendo um respaldo trabalhista e so- cial ao trabalhador formal brasileiro. Contudo, cabe ressaltar que a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é de caráter obriga- tório apenas para os trabalhadores formais. Isso implica na exclusão dos trabalhadores em regimes informais de trabalho, estatutários e autônomos. Além disso, as CAT restringem-se, na maioria das ve- zes, apenas aos casos graves de acidentes, como poli traumatismos e fraturas, não incluindo as doenças relacionadas ao trabalho, com maior dificuldade de estabelecimento do nexo causal. Tem-se como fragilidade a qualidade do registro de informações das CAT, já que notifica apenas os acidentes sofridos por trabalhadores que possuem registro na carteira de trabalho. São necessários o treinamento e a capacitação de toda a rede de serviço associado à notificação dos aci- dentes de trabalho, começando por empregadores e trabalhadores, e também os profissionais de saúde responsáveis pelos diagnósticos dos acidentados (ULTRAMARI et al., 2012). Infelizmente, no Brasil, os acidentes são subnotificados e, quando os dados estão disponíveis, não são desagregados, difi- cultando a análise de acordo com as características da empresa, da 21 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL região do corpo atingida, das operações envolvidas e do perfil do acidentado, sendo essa realidade mais expressiva quando o empre- go é precário (ASSUNÇÃO; CÂMARA, 2011). Em seu estudo, Begnini e Almeida (2015) evidenciam que no Brasil há falta de informações precisas sobre o número de acidentes que ocorrem no exercício do trabalho rural, além de ainda existir o fato de que as subnotificações de acidentes, especialmente no meio rural, são comuns mesmo sendo a CAT uma exigência legal. De acordo com Gomes (2012), a ação de corrigir ou melhorar as questões de risco de um ambiente de trabalho pode ser definida como a busca pela “salubridade ambiental” daquele ambiente de trabalho. Ou seja, as iniciativas da segurança do tra- balho destinam-se ao reconhecimento, avaliação, neutralização e controle dos riscos ambientais potenciais, originados ou existentes no ambiente de trabalho, antes que possam causar doença, com- prometimento da saúde e do bem-estar da pessoa em seu trabalho ou são significantes para causar desconforto entre os membros de uma comunidade de trabalho. Historicamente, no âmbito nacional, o percentual de acidentes relacionados ao grupo de atividades agrícolas, pecuá- rias e silvicultura, varia de 6 a 8% do total registrado no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) (BRASIL, 2014). Neste sentido, cada atividade desenvolvida nas áreas rurais possui poten- cial de riscos de acidentes. Frente a isso, seria ideal que, periodica- mente, tais atividades fossem observadas sob os aspectos da segu- rança e saúde do trabalhador rural e conhecidas as estatísticas para direcionar correção, conscientização, treinamento e procedimentos na execução das tarefas (BEGNINI; ALMEIDA, 2015). Segundo os autores, nas áreas rurais ainda se percebe que muitas vezes a condição de transporte dos trabalhadores e a falta de fiscalização dos órgãos responsáveis tornam os trabalhadores vulneráveis e fa- vorece a ocorrência de acidentes de trajeto e típicos. 22 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Lesões de punho e de mão são predominantes em traba- lhadores rurais, na faixa etária compreendida entre 20 a 29 anos, sendo a maioria das ocorrências em pessoas do sexo masculino ( JAKOBIet al., 2013). Os autores não apresentaram os fatores que ocasionaram as lesões, mas identificaram a incidência de elevadas taxas na silvicultura e na exploração florestal. Essas lesões podem levar a exposição de ossos, tendões, nevos e, ou, vasos sanguíneos, sendo que a reconstrução deve ser feita o mais rápido possível, constituindo-se em grande desafio para os especialistas. Com o avanço tecnológico instalado e o manuseio das tecnologias por parte dos trabalhadores, essas lesões e traumas tem se configurado mais complexas (TEIXEIRA; FREITAS, 2003). Visando identificar a fonte de tantos agravos a segurança do trabalho no setor florestal, o Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais (MPT, 2014), durante um inquérito investigatório, afirmou que a falta de preocupação com a segurança do traba- lho no setor florestal vem contribuindo fortemente para um in- desejável acréscimo nos índices e na gravidade dos acidentes de trabalho nos empreendimentos florestais. Os principais aspectos negativos relatados foram: não fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); não instalação de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); não realização de exames mé- dicos periódicos; falta de materiais de primeiros socorros nas fren- tes de trabalho, bem como de pessoal treinado para sua utilização; falta de treinamento para utilização de motosserras; jornada exces- siva sem contraprestação; levantamento e transporte de cargas com peso excessivo; dentre outras. 23 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL TIPOS DE ACIDENTES DE TRABALHO Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, com o segurado empregado, tra- balhador avulso, bem como com o segurado especial, enquanto no exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou pertur- bação funcional que cause a morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho. Este é o denomi- nado conceito previdenciário, do ponto de vista legal, conforme Brasil (1991). É considerado como acidente do trabalho: • Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho pecu- liar a determinada atividade, constante da relação de que trata o anexo II do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99; • Doença do trabalho, assim entendida ou adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione dire- tamente, desde que constante da relação de que trata o anexo II do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99; • Em caso excepcional, constatando-se que a doen- ça não incluída na relação constante do anexo II do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, resultou de condições espe- ciais em que o trabalho é executado e com ele se rela- ciona diretamente, a Previdência Social (INSS) deve equipará-la a acidente do trabalho. 24 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Equiparam-se também a acidente do trabalho: • Acidente ligado ao trabalho que embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do trabalhador, ou que tenha produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; • Acidente sofrido pelo trabalhador no local e horá- rio de trabalho, em consequência de ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; • Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; • Ato de imprudência, de negligência ou imperícia de terceiro, ou de companheiro de trabalho; • Ato de pessoa privada do uso da razão; • Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior; • Doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; • Acidente sofrido pelo trabalhador, ainda que fora do local e horário de trabalho, na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; na prestação espontânea de qualquer serviço à em- presa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar pro- veito; em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta, dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, inde- pendente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aque- la, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. 25 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • No período destinado à refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológi- cas, no local do trabalho ou durante este, o empregado será considerado no exercício do trabalho. Obs.: Entende-se como percurso o trajeto da residência ou local de refeição para o trabalho ou deste para aqueles, indepen- dentemente do meio de locomoção, sem alteração ou interrupção voluntária do percurso habitualmente realizado pelo trabalhador. Dadas as particularidades do setor e do trabalho florestal, especial atenção deve ser dada ao deslocamento dos trabalhadores desde e até as frentes de trabalho, visto que, na maioria das vezes, são necessários grandes deslocamentos por estradas geralmente em péssimas condições de manutenção. Ainda, outro ponto de atenção refere-se aos veículos de transporte de pessoal e materiais, reforçando que trabalhadores, máquinas, ferramentas e insumos devem ser transportados em compartimentos separados. CAUSAS DE ACIDENTES DE TRABALHO Basicamente, existem três grupos de causas de acidentes de trabalho, descritas a seguir. Entretanto, qualquer que seja a cau- sa, é importante ressaltar que “nem todo acidente é um aciden- te” visto que a perspectiva de acidente pode não ser verdadeira ao considerarmos os riscos de nossas escolhas. Ou seja, em qualquer situação é quase certo de que com uma boa escolha pode evitar a ocorrência dos acidentes. Atos inseguros (inadequados) - são todos os proce- dimentos do homem que contrariem normas de prevenção de acidentes: 26 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS • Ficar junto ou sob cargas suspensas; • Colocar parte do corpo em lugar perigoso; • Operar máquinas ou equipamentos sem habilitação ou autorização; • Imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga / tenta- tiva de ganhar tempo; • Lubrificar ou ajustar máquinas em movimento; • Improvisação ou mau emprego de ferramentas ma- nuais; • Alterar dispositivos de segurança; • Não uso de EPI´s – Equipamentos de Proteção Individual; • Deixar de seguir as orientações superiores; • Brincadeiras e exibicionismo / excesso de confiança; • Preparo insuficiente para o trabalho. Condições inseguras - são as circunstâncias externas de que dependem as pessoas para realizar seu trabalho que sejam in- compatíveis ou contrárias com as normas de segurança e preven- ção de acidentes: • Áreas insuficientes, corredores obstruídos, arranjo fí- sico mal projetado; • Pisos fracos e irregulares; • Excesso de ruído / iluminação inadequada; • Instalações elétricas impróprias ou com defeitos; • Falta de organização e limpeza; • Ventilação ou exaustão inadequada ou defeituosa; • Localização imprópria das máquinas; • Falta de proteção em partes móveis e de agarramento; • Máquinas apresentando defeitos, desvios ou improvi- sações de processos; 27 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL • Proteção insuficiente ou totalmente ausente; • EPI’s impróprios ou com defeitos. Fator pessoal de insegurança - é qualquer fator exter- no que leva o indivíduo à prática do ato inseguro: características físicas e psicológicas (depressão, tensão, excitação, neuroses etc.), social (problemas de relacionamentos, preocupações com neces- sidades sociais, educação, dependências químicas etc.), congênitos ou de formação cultural que alteram o comportamentodo traba- lhador permitindo que cometa atos inseguros. CAPÍTULO 3 IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS NAS ATIVIDADES FLORESTAIS No contexto laboral, o risco pode ser entendido como a possibilidade ou a probabilidade de um trabalhador sofrer uma lesão ou danos à sua integridade física ou psíquica quando exposto ao perigo. Em outras palavras, o risco de acidente pode ser definido como a combinação da probabilidade e da gravidade (consequên- cia) de um determinado evento (perigo) ocorrer. A relação entre perigo e exposição, seja a imediata ou em longo prazo, pode resul- tar em risco para ocorrência de acidentes ou doenças ocupacionais (OIT, 2011). No Brasil, a legislação considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou in- tensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saú- de do trabalhador (BRASIL, 1978). Sob essa ótica, consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom; como agen- tes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão; e, como agentes bio- lógicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. 30 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Entretanto, em uma visão prevencionista, mais dois gru- pos de agentes de risco são adicionados a esse conjunto: os agentes ergonômicos e os de acidentes. São considerados riscos ergonômicos: esforço físico, le- vantamento de peso, postura inadequada, controle rígido de pro- dutividade, situação de estresse, trabalhos em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, im- posição de rotina intensa. Os riscos ergonômicos podem gerar dis- túrbios psicológicos e fisiológicos e provocar sérios danos à saúde do trabalhador porque produzem alterações no organismo e estado emocional, comprometendo sua produtividade, saúde e segurança, tais como: lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomuscu- lares relacionados ao trabalho (LER/DORT), cansaço físico, dores musculares, hipertensão arterial, alteração do sono, diabetes, doen- ças nervosas, taquicardia, doenças do aparelho digestivo (gastrite e úlcera), tensão, ansiedade, problemas de coluna etc. Por sua vez, os riscos de acidentes são quaisquer fatores que coloquem o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade, e seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado etc. Tais acidentes, geralmente, são causados por atos inseguros (ações do homem que contrariem as normas de segurança do trabalho); condições inseguras (relativas ao ambiente de trabalho); e o fator pessoal de insegurança (relativo ao estado emocional do trabalhador, desviando sua atenção). As atividades florestais, na maioria das situações laborais, apresentam riscos ocupacionais influenciados por diversos fatores característicos do setor, tais como: exposição a intempéries e riscos naturais; demanda de esforço físico considerável; posturas inade- quadas; condições ambientais precárias; maquinários, ferramentas 31 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL e equipamentos perigosos; aplicação, manipulação e, ou, exposição a reagentes químicos, dentre outros. De acordo com Vianna et al. (2011), os possíveis agentes de riscos ocupacionais encontrados em um ambiente de trabalho e os prováveis efeitos sobre os trabalha- dores desses ambientes estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1 – Agentes de riscos ocupacionais, suas fontes geradoras e os efeitos ao trabalhador Agentes Fontes Geradoras Efeitos nocivos à saúde Químicos Substâncias, compostos ou produtos que penetram no organismo, por exposição crônica ou acidental, pela via respiratória ou absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Incluem os riscos químicos por explo- sões e incêndios Efeitos de acidentes químicos (explosões, incêndios etc.). Con- taminações químicas com efeitos carcinogênicos, teratogênicos, sis- têmicos (como os neurotóxicos), irritantes, asfixiantes, anestésicos, alérgicos, problemas pulmonares, anemias, danos à medula e ao cé- rebro, diversos tipos de intoxica- ções, leucemia, entre outros. Físicos Temperaturas extremas (calor, frio e umidade). Ruído Eletricidade Pressões anormais Vibrações Radiações ionizantes Radiações não ionizantes Fadiga, gripes, resfriados, desidra- tação, hipertermia, câimbras etc. Redução da capacidade auditiva, surdez, nervosismo (estresse), do- res de cabeça, falta de concentra- ção, aumento do batimento cardí- aco etc. Choques elétricos, inclusive fatais; fontes de incêndios. Afogamentos, distúrbios neuroló- gicos, embolia pulmonar, proble- mas cardiovasculares e psíquicos. Distúrbios osteomusculares, perda de sensibilidade tátil, problemas nas articulações, circulação perifé- rica e rins. Câncer, anemias, cataratas etc. Problemas neurológicos, câncer de pele, vasodilatação, catarata etc. 32 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Biológicos Microorganismos patogêni- cos (bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus etc.) Vetores (mosquitos, ratos, morcegos etc.) Doenças contagiosas diversas (tu- berculose, tétano, malária, febre amarela, tifóide, micoses etc.), in- clusive gripes e resfriados. Doenças contagiosas e feridas por mordidas Ergonômicos Esforços físicos, posturas for- çadas, ritmos excessivos, mo- notonia, turnos de trabalho, movimentos repetitivos, ilu- minação deficiente etc. Cansaço, lombalgia, LER-DORT, fraqueza dos músculos, hiperten- são arterial, diabetes, úlcera, taqui- cardia, problemas na coluna, pro- blemas de visão, dores de cabeça, risco de acidentes etc. Acidentes Acidentes com quedas, veícu- los e máquinas Animais peçonhentos Traumatismos diversos e morte Envenenamento por picada de co- bra, escorpião, aranha etc. Dessa forma, conhecer os riscos ocupacionais a que se expõem os trabalhadores torna-se fundamental para evitar a ocor- rência de danos à saúde ou à integridade física do trabalhador. A Tabela 2 apresenta os principais agentes de riscos ocupacionais identificados, analisados de acordo com as principais atividades florestais desenvolvidas e respectivas condições de trabalho, bem como as medidas preventivas propostas. 33 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Ta be la 2 – A ge nt es d e r isc os o cu pa ci on ai s i de nt ifi ca do s n as at iv id ad es fl or es ta is Pe rig o/ Ri sc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iva s A cid en te d e t râ ns ito A tro pe lam en to Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a de M áq ui na s, Ve ícu lo s e Eq ui pa m en to s Fa lta d e S in ali za çã o Le sã o lev e ( es co ria çõ es ) Tr ein am en to , tra ns po rte d e tra ba lh ad or es em ve ícu lo s ad eq ua do s Le sã o gr av e (fr at ur as , es m ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , q ue im a- du ra s, in to xic aç ão , a fo ga m en to , ó bi to ) D an os m at er iai s A cid en te d ec or re nt e de v e- ge ta çõ es ( cip ós , es pi nh os , ga lh os , f ol ha s, ou tro s) Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d e M áq ui na s e V eíc ul os Fa lta d e c ap ac ita çã o pa ra aex e- cu çã o da at ivi da de Le sõ es le ve s e g ra ve s ( co rte s p ro fu nd os , pe rfu ra çõ es , a ler gi as , i nt ox ica çõ es , i rri - ta çõ es , t or çõ es ) Tr ein am en to , u so d e E PI s A fo ga m en to Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d e M áq ui na s e V eíc ul os Fa lta d e c ap ac ita çã o Le sã o gr av e Ó bi to Tr ein am en to , m an ut en çã o de m áq ui na s e v eíc ul os , s in ali za - çã o C om ba te a In cê nd io s Pe rm an ên cia pr ol on ga da em ár ea co m g as es e/ ou va po re s d a qu eim a Irr ita çã o de vi as re sp ira tó ria s Tr ein am en to , us o de E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s e ad eq ua çã o de fe rra m en ta s, fo rm aç ão d e br ig ad as d e in - cê nd io s In to xic aç ão Pe rm an ên cia em ár ea co m al ta s te m pe ra tu ra s se m o c on su m o su fic ien te d e á gu a D es id ra ta çã o Fa lh a op er ac io na l o u de e qu i- pa m en to s du ra nt e ex tin çã o do in cê nd io o u du ra nt e ev ac ua çã o de ár ea s Q ue im ad ur a l ev e Q ue im ad ur a g ra ve Ó bi to 34 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Pe rig o/ Ri sc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iva s D es m or on am en to , d es ab a- m en to Fa lh a op er ac io na l o u do e qu i- pa m en to du ra nt e co ns tru çã o ou c on se rv aç ão d e bu eir os , v a- let as e ou tra s o br as d e a rte . Re sg at e e m lo ca l c on fin ad o Le sã o lev e / es co ria çõ es Tr ein am en to , us o de E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s Le sã o gr av e (fr at ur as / es m ag am en to / ób ito ) Ex po siç ão so lar Tr ab alh o a c éu ab er to Fa lh a o pe ra cio na l ( pr ot eç ão ) Q ue im ad ur a de 1 º g ra u - lev e (v er m e- lh id ão ) U so d e E PI s, us o de p ro te to r so lar , p au sa s p ar a r eid ra ta çã o In so laç ão Ex po siç ão à um id ad e C on ta to c om á gu a em l oc al úm id o (o rv alh o) , ala ga do o u en ch ar ca do Irr ita çã o cu tâ ne a U so d e E PI s, tre in am en to D er m at ite s G rip e, re sf ria do , s in us ite Ex po siç ão ao fr io Tr ab alh o a c éu ab er to / fa lh a o pe ra cio na l ( pr ot eç ão ) Q ue im ad ur as le ve s ( ve rm elh id ão ) U so d e E PI s, tre in am en to D er m at ite s G rip e, re sf ria do , s in us ite Ex po siç ão a te rre no s ir- re gu lar es (b ur ac os , to co s, ou tro s) Tr ab alh o em re lev o ac id en ta do Fa di ga m us cu lar Tr ein am en to , u so d e E PI s Fa lh a o pe ra cio na l d ur an te d es - lo ca m en to n a ár ea e e xe cu çã o da s a tiv id ad es Le sã o lev e ( es co ria çõ es ) Le sã o gr av e (fr at ur a, co rte s p ro fu nd os , es m ag am en to , a m pu ta çã o) Ó bi to 35 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Pe rig o/ Ri sc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iva s Ex po siç ão à po eir a Re vo lvi m en to d o so lo , tra ns - po rte , lo co m oç ão , e xe cu çã o da s at ivi da de s Irr ita çã o da s v ias re sp ira tó ria s Tr ein am en to , u so d e E PI s Irr ita çã o cu tâ ne a C on ta to C on ju nt ivi te Ex po siç ão à b aix a lu m in o- sid ad e Ilu m in aç ão in efi cie nt e em á re - as d e tra ba lh o (n oi te , d ias n u- bl ad os e es cu ro s, et c.) Fa di ga vi su al, d or es d e c ab eç a Tr ein am en to , us o de E PI s, ad eq ua çã o d a i lu m in aç ão d as m áq ui na s Ex po siç ão à a lta lu m in os i- da de Ilu m in aç ão e xc es siv a (fa ro l o u lu z s ol ar ) Ex ec uç ão d e at ivi da de s d i- ve rsa s M an us eio e l ev an ta m en to , ca rre ga m en to de m an ua l ca rg as Tr ab alh o co m ca rg as Fa di ga m us cu lar Tr ein am en to po stu ra l, gi - ná sti ca lab or al, ad eq ua çã o er go nô m ica d e m óv eis , m á- qu in as e fe rra m en ta s Po stu ra er go no m ica m en te in a- de qu ad a Ex ce ss o de ca rg a Lo m ba lg ias e do re s m us cu lar es D oe nç a o cu pa cio na l Le sã o lev e Le sã o gr av e ( co lu na ) Ex po siç ão a p ro du to s qu í- m ico s Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d e e qu ip am en to s Irr ita çã o cu tâ ne a Tr ein am en to , us o de E PI s, ex am es m éd ico s p er ió di co s D er m at ite In to xic aç ão Irr ita çã o da s m uc os as 36 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Pe rig o/ Ri sc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iva s Ex po siç ão a d es ca rg as a t- m os fé ric as Tr ab alh o a c éu ab er to Fa lh a o pe ra cio na l Le sã o lev e ( qu eim ad ur as le ve s) Tr ein am en to Le sã o gr av e ( qu eim ad ur as ) Ó bi to Ex po siç ão a q ue da d e ga - lh os , t ro nc os , á rv or es , o u- tro s Fa lh a o pe ra cio na l d ur an te d es - lo ca m en to n a ár ea e e xe cu çã o da s a tiv id ad es Le sã o lev e ( es co ria çõ es ) Tr ein am en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s (fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , ó bi to ) Ex po siç ão a vib ra çã o O pe ra çã o de v eíc ul os , m áq ui - na s e eq ui pa m en to s D es co nf or to , in cô m od o Tr ein am en to , us o de E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s D or es m us cu lar es e lo m ba re s Ex po siç ão a im pa ct o Ba tid a da f er ra m en ta e m p e- dr as , t oc os , e tc . D es co nf or to , in cô m od o Tr ein am en to , u so d e E PI s D or es m us cu lar es e lo m ba re s Ex po siç ão a ru íd o Fu nc io na m en to de eq ui pa - m en to s, m áq ui na s e ve ícu lo s D es co nf or to , in cô m od o Tr ein am en to , us o de E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s Pe rd a au di tiv a in du zid a po r ru íd o (P A IR ) Ex po siç ão a g as es d e co m - bu stã o Fu nc io na m en to do m ot or / in ala çã o Irr ita çã o de vi as re sp ira tó ria s Tr ein am en to , u so d e E PI s Ex po siç ão a t em pe ra tu ra s ex tre m as C on ta to co m eq ui pa m en to s, su pe rfí cie s, co m po ne nt es e su bs tâ nc ias q ue nt es Q ue im ad ur a l ev e ( 1º g ra u) U so d e E PI s, us o de p ro te to r so lar , p au sa s p ar a r eid ra ta çã o Q ue im ad ur a g ra ve Ó bi to 37 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Pe rig o/ Ri sc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iva s Ex po siç ão ao he rb ici da , fu ng ici da e in se tic id a Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d e e qu ip am en to s Irr ita çã o de vi as re sp ira tó ria s Tr ein am en to , us o de E PI s, ex am es m éd ico s p er ió di co s Irr ita çã o da s m uc os as In to xic aç ão Irr ita çã o cu tâ ne a D er m at ite s Ex posiç ão à r ad iaç ão n ão io ni za nt e A tiv id ad e d e s ol da Q ue im ad ur a l ev e Tr ein am en to , u so d e E PI s Pe rig o/ R isc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as E xp os iç ão a c ho qu e elé - tri co /p ai né is de fo rç a/ co n- ta to co m eq ui pa m en to s en er gi za do s Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Q ue im ad ur a l ev e Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s Q ue im ad ur a g ra ve . Ó bi to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , ó bi to ) E xp os iç ão a m at er ia l p ar - tic ul ad o da m ad ei ra Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sã o oc ul ar Tr ei na m en to , u so d e E PI s E xp os iç ão à re sin as d e m a- de ira s Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Ir rit aç ão cu tâ ne a Tr ei na m en to , u so d e E PI s D er m at ite s 38 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Pe rig o/ R isc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as E xp os iç ão d e G LP Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Ir rit aç ão d as m uc os as Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sã o gr av e ( In to xi ca çã o) Ó bi to E xp os iç ão a ag en te s b io ló - gi co s ( fu ng os e ba ct ér ia s) Fa lh a op er ac io na l no m an u- se io e c on se rv aç ão d e ali m en - to s D ist úr bi os in te sti na is Tr ei na m en to , u so d e EP Is , ex am es m éd ico s p er ió di co s In to xi ca çã o ali m en ta r E xp os iç ão a líq ui do s qu en te s C on ta to c om e qu ip am en to s e líq ui do s q ue nt es Q ue im ad ur a l ev e ( 1º g ra u) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Q ue im ad ur a g ra ve Ó bi to Ex po siç ão a ar co m pr im id o U til iz aç ão d os b ico s de a r na lim pe za g er al Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s U til iz aç ão d os b ico s de a r na lim pe za g er al Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) E m bo lia E m pr eg o de f er ra m en ta s ab ra siv as Fa lh a O pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to La nç am en to de pa rtí cu las ab ra siv as Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Q ue im ad ur as Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de m áq ui na s e ad eq ua çã o de fe rra m en ta s Le sõ es g ra ve s (q ue im ad ur as , f ra tu ra s, am pu ta çõ es , c or te s p ro fu nd os ) Ó bi to Ig ni çã o de p ro du to s qu í- m ico s e , o u, re síd uo s i nfl a- m áv ei s Ig ni çã o de p ro du to s q uí m ico s/ re síd uo s i nfl am áv ei s Q ue im ad ur a l ev e Tr ei na m en to , u so d e E PI s Q ue im ad ur a g ra ve Ó bi to 39 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Pe rig o/ R isc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as In cê nd io o u ex pl os ão d e ve ícu lo s, m áq ui na s, eq ui - pa m en to s, se de s, ou tro s Ig ni çã o do p ro du to in fla m áv el Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d e m áq ui na s e ve ícu lo s Q ue im ad ur a l ev e Tr ei na m en to , u so d e E PI s Q ue im ad ur a g ra ve Ó bi to D an os m at er ia is M an us ei o de eq ui pa m en to Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) M an us ei o de m at er ia is e fe rra m en ta s co rta nt es e, ou , p er fu ra nt es Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de m áq ui na s e ad eq ua çã o de fe rra m en ta s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) M ov im en ta çã o de m áq ui - na s e ve ícu lo s Fa lh a O pe ra cio na l Fa lh a d a m áq ui na o u ve ícu lo Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s To m ba m en to d a m áq ui na o u ve ícu lo Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) M ov im en to s R ep et iti vo s e E sfo rç o Fí sic o E xe cu çã o da at iv id ad e D or es m us cu lar es e lo m ba re s Tr ei na m en to , gi ná sti ca l a- bo ra l, ro dí zi o de at iv id ad es 40 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Pe rig o/ R isc o M od o de o co rr ên ci a Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as M ov im en ta çã o de m áq ui na s A rra ste d e t or as Fa lh a O pe ra cio na l. Fa lh a n a c om un ica çã o en tre op er ad or e aju da nt e . Fa lh a d e E qu ip am en to (ro m pi m en to d e c ab o de aç o, co rre nt e o u m an gu eir a d a g ar ra ). To m ba m en to d e m áq ui na . Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) M an ejo d e a ni m ai s du ra nt e o ar ra ste A ni m al as su sta do p or m ot iv os di ve rs os (c oi ce , m or di da ) D es lo ca m en to d e t or a d ur an te ar ra ste F alh a O pe ra cio na l Fa lh a d o E qu ip am en to (ro m pi m en to d e c or re nt e) Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , m an ut en çã o de eq ui pa m en to s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Pr en sa m en to p or eq ui pa m en to s Fa lh a o pe ra cio na l F alh a d o eq ui pa m en to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s, m an ut en çã o de m áq ui na s e eq ui pa m en to s Fa lh a o pe ra cio na l F alh a d o eq ui pa m en to Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Pi ca da s d e an im ai s pe ço nh en to s M or di da s de a ni m ai s D es lo ca m en to s n a á re a p ar a ex ec uç ão d e a tiv id ad es d ive rsa s Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s Ó bi to 41 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Pe rig o/ R isc o M od o de o co rr ên ci a Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as Q ue da d e e le va çõ es Q ue da d e e le va çõ es Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to, co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Q ue da d e p es so as Fa lh a o pe ra cio na l o u de eq ui pa m en to d ur an te a ex ec uç ão d e t ra ba lh o em alt ur a a cim a d e 2 m et ro s e , o u, no re sg at e e m al tu ra Q ue da d e e sc ad as Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Q ue da d e m at er ia is Q ue da d e e qu ip am en to s Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Q ue da d e m ad ei ra o u de m at er ia is da s c ar ga s d e ve ícu lo s Fa lh a o pe ra cio na l o u do ve ícu lo d ur an te co lo ca çã o e r et ira da d os ca bo s d e am ar ra çã o ou tr an sp or te Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) R es ca ld o de in cê nd io e ex pl os ão Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s, fo rm aç ão d e b rig ad ist as Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , qu ei m ad ur as , i nt ox ica çõ es , ó bi to ) 42 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Pe rig o/ R isc o M od o de o co rr ên ci a Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as R es pi ng o e v az am en to d e ól eo d ie se l, ga so lin a, ól eo lu br ifi ca nt e, so lv en te e de rra m am en to d e g ra xa Fa lh a d e e qu ip am en to Fa lh a o pe ra cio na l d ur an te ab as te cim en to d e v eí cu lo s, m áq ui na s e eq ui pa m en to s Q ue im ad ur a l ev e Tr ei na m en to , u so d e E PI s Ig ni çã o do p ro du to in fla m áv el Q ue im ad ur a g ra ve so br e a p ele 43 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Pe rig o/ R isc o M od o de o co rrê nc ia Im pa ct o / D an o M ed id as p re ve nt iv as R ol ag em d e to ra s p or e m - pi lh am en to in ad eq ua do Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e E PI s Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d o eq ui pa m en to Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) To m ba m en to d e t am bo re s, ga lõ es e bo m bo na s Fa lh a op er ac io na l du ra nt e a m ov im en ta çã o A rm az en am en to in ad eq ua do no d ep ós ito Ir re gu lar id ad e d o te rre no Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , ad eq ua çã o do s d ep ós ito s To m ba m en to o u ca po ta - m en to d e v eí cu lo s Q ue da ( da m áq ui na , m o- to cic let a o u bi cic let a) Fa lh a o pe ra cio na l Fa lh a d a m áq ui na o u ve ícu lo Le sã o le ve (e sc or iaç õe s) Tr ei na m en to , u so d e EP Is , us o de v eí cu lo s ad eq ua do s pa ra o t ra ns po rte d e tra ba - lh ad or es Le sõ es g ra ve s ( fr at ur as , e sm ag am en to , co rte s p ro fu nd os , a m pu ta çõ es , ó bi to ) D an os m at er ia is D es en vo lv im en to d e do - en ça s c on ta gi os as C on ta to c om s oc or rid os , a ni - m ai s e ri os p elo s t ra ba lh ad or es e b rig ad ist as d e i nc ên di o D oe nç as d iv er sa s U so d e E PI ’s, ex am es m éd i- co s p er ió di co s. 44 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS POSSÍVEIS SINTOMAS OU DANOS DOS AGENTES DE RISCO IDENTIFICADOS Ruído O ruído contínuo ou intermitente, quando presente no ambiente laboral em níveis ou tempos de exposição acima dos indicados na NR 15, ou em pessoas de extrema suscetibilidade, pode causar uma série de distúrbios que se manifestam na forma de cansaço, dores de cabeça aumento da pressão arterial, problemas digestivos, ulcerações e taquicardia. Com o passar dos anos a expo- sição contínua a níveis de ruído acima do recomendado pode levar à perda gradativa da capacidade auditiva para certas frequências sonoras, de forma permanente e irreversível. Já o ruído de impacto pode levar a uma surdez imediata, temporária ou permanente. Vibrações As vibrações de partes localizadas ou de corpo inteiro, de forma frequente e contínua, em trabalhadores expostos a esse agente de risco pode manifestar-se em cansaço, irritação, dores musculares e articulares de membros, dores na coluna vertebral, doenças dos movimentos, artrite, problemas digestivos, desloca- mento de órgãos, lesões ósseas, musculares e circulatórias. Umidade A exposição contínua à umidade tanto de partes do corpo, como do corpo inteiro, leva à predisposição de ocorrência de doen- ças de pele, dificultam a circulação sanguínea, favorecem a ocorrên- cia de doenças respiratórias e ainda facilitam a ocorrência de quedas que levarão a outros tipos de lesões dos funcionários expostos. 45 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Radiações Não Ionizantes As radiações não ionizantes, em contato direto ou indire- to contínuo causam queimaduras, lesões oculares e térmicas, além de alterações de tecidos de órgãos internos. Temperaturas Extremas (Calor e Frio) Podem favorecer a ocorrência de doenças pulmonares, gripes e resfriados, intermação, desidratação e outras, além de queimaduras. Poeiras Oferecem risco de os trabalhadores contraírem doen- ças ligadas ao aparelho respiratório. Algumas atividades, como o transporte de madeira por exemplo, podem acabar gerando uma doença chamada silicose, que é causada pela inalação de partículas de dióxido de silício cristalino, substância encontrada nas rochas da crosta terrestre. Fumos Metálicos A exposição contínua a fumos metálicos pode causar do- ença pulmonar obstrutiva, febre dos fumos metálicos e ainda, into- xicação específica ao metal utilizado na operação de solda. Névoas, Neblinas, Gases e Vapores A exposição a esses agentes de risco pode levar a proble- mas de intoxicação aguda ou crônica, podendo ter ação depressiva do sistema nervoso, levando à ocorrência de vertigens, problemas respiratórios, falta de coordenação motora e desmaios, podendo 46 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS ainda causar lesões dérmicas, taquicardia, asfixia, náuseas, altera- ções dos órgãos internos, problemas gastrintestinais, contrição da garganta, letargia, cefaleia, retenção urinária, anorexia, cólicas ab- dominais, confusão mental, coma e morte. Produtos Químicos O manuseio de produtos contendo substâncias químicas como hidrocarbonetos aromáticos, bem como tintas, óleos, solven- tes, graxas, querosene, detergentes e outros, pode causar lesões na pele, além de favorecer a ocorrência de outras doenças dérmicas e até a intoxicação por algum componente específico dos produtos manuseados, conforme descrito acima. Riscos Biológicos Pode provocar a contaminação direta ou indireta por mi- cro-organismos causadores de doenças infectocontagiosas ou não, como tétano, meningite e verminoses, além de lesões epidérmicas, dentre outras consequências. Riscos ErgonômicosPode provocar o desenvolvimento de lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT), provocando a incapacidade temporária ou perma- nente do trabalhador para o desenvolvimento de suas atividades. CAPÍTULO 4 GESTÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS NAS ATIVIDADES FLORESTAIS Para uma perfeita descrição do sistema de trabalho de qualquer organização, bem como das atividades desempenhadas pelos seus funcionários nos diferentes setores de trabalho, devem ser realizadas inspeções em todas as frentes de trabalho, instalações e seções da organização e entrevistas com os funcionários, encarre- gados e chefias, para que possam ser delineadas as condições gerais de trabalho, as atitudes dos funcionários quanto à prevenção de acidentes e organização e limpeza, seu nível de conhecimento téc- nico-operacional, bem como para se obter uma noção preliminar dos riscos presentes no ambiente laboral, o número de funcionários expostos aos agentes de risco e a noção que os trabalhadores têm em relação aos riscos do seu trabalho. Tudo isso vai de encontro aos pressupostos das Normas Regulamentadoras (NRs), principal- mente na NR 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (BRASIL, 1978). Levantamento qualitativo de riscos O levantamento qualitativo de riscos (ou identificação de riscos) deve ser efetuado através de inspeções em cada fren- te de trabalho ou a cada setor da empresa, buscando-se identi- ficar a existência de agentes de riscos químicos, físicos, bioló- 48 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS gicos, ergonômicos e de acidentes, suas fontes e trajetórias, os Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual existentes e sua eficiência de controle. Levantamento quantitativo de riscos Quando forem identificados agentes de risco passíveis de quantificação, como ruído, temperaturas extremas, ilumina- ção, vibração e exposição a produtos químicos, gases e poeiras, os mesmos devem ser mensurados com a utilização de equipamentos específicos para tal fim, seguindo os procedimentos técnicos para tais determinações quantitativas, utilizando-se também dados de levantamentos anteriores, quando disponíveis. Quando os valores encontrados forem superiores aos níveis de ação estabelecidos nas Normas Regulamentadoras, os mesmos terão prioridade de controle quando da elaboração dos Cronogramas de Implantação de Medidas de Controle de Riscos a serem cumpridos pela organização. Definição do tempo de exposição aos riscos A determinação do tempo de exposição dos funcionários de cada função, ou posto de trabalho, aos agentes de risco iden- tificados deve ser efetuada juntamente com as etapas anteriores, através do acompanhamento do desempenho das atividades la- borais dos trabalhadores, o depoimento pessoal dos mesmos e de suas chefias, quando aplicável. Uma alternativa técnica para esta definição é a realização de um estudo de tempos e movimentos, para cada uma das atividades desempenhadas pelos trabalhadores. 49 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Descrição dos possíveis danos à saúde A determinação dos possíveis danos que podem ser cau- sados pelos agentes de risco à saúde dos trabalhadores pode ser efetuada através de pesquisa bibliográfica e pelo conhecimento técnico dos profissionais envolvidos com a execução do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Esta determinação visa es- clarecer aos funcionários, e a própria organização, a respeito das possibilidades de comprometimento da saúde pela exposição aos agentes de risco, além de subsidiar o planejamento e a determi- nação de procedimentos a serem adotados nos exames realizados dentro do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), bem como auxiliar na caracterização de nexo causal dos agentes de risco e as doenças ocupacionais. Mapeamento de riscos Os mapas de risco deverão ser elaborados a partir das fi- chas de análise de risco funcional e divulgados pela empresa, junto aos funcionários a respeito dos agentes de risco presentes no seu ambiente de trabalho. Vale destacar que a elaboração dos mapas de risco é atribuição da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR, conforme explicitado na NR-31, de acordo com o número de trabalhadores registrados que traba- lham na organização (fazenda ou empresa). 50 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Estabelecimento de medidas de controle de riscos Depois de identificados e avaliados os agentes de risco presentes em cada função, devem ser estabelecidas as medidas de controle de riscos, as quais devem obedecer a uma hierarquia que priorize a adoção, em primeiro lugar, de medidas de ordem geral (ou de proteção coletiva) que eliminem ou reduzam os agentes de risco detectados e, posteriormente, medidas que previnam a liberação e reduzam a concentração de tais agentes no ambiente de trabalho. Caso essas medidas sejam inviáveis tecnicamente, ou mostrem-se insuficientes, ou ainda, estiverem em fase de estudo, planejamento ou implantação, deverão ser adotadas medidas de caráter emergencial, como medidas administrativas e/ou de caráter individual, com fornecimento, treinamento e obrigatoriedade de uso de Equipamentos de Proteção Individual, os quais devem ter o seu fornecimento e uso controlados em fichas específicas. As medidas de controle de riscos a serem implantadas deverão ter sua execução planejada segundo o estabelecimento de um Cronograma de Implantação de Medidas de Controle, no qual estarão discriminadas as medidas necessárias para se controlar os riscos, com programação mensal e previsão anual, atribuindo-se responsabilidades para a sua execução. Avaliação dos EPI’s utilizados e sua adequação dos riscos A verificação dos Equipamentos de Proteção Individual fornecidos e utilizados pelos funcionários de cada função deve ser realizada pela observação das fichas de controle de entrega de EPI’s, e pela observação in loco dos funcionários durante o desem- 51 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL penho das suas atividades. Através dessas constatações, entrevis- tas com os funcionários e o levantamento dos riscos existentes em cada setor de trabalho, deve ser avaliada a eficiência de proteção dos EPI’s fornecidos para cada função, e a sua efetiva utilização pelos funcionários. Caso esses equipamentos não estejam disponíveis ou se- jam inadequados ou ineficientes para o controle dos riscos existen- tes, deverá ser determinada a imediata aquisição e/ou adequação dos mesmos pelo empregador. Como a simples entrega dos EPI’s aos trabalhadores, sem um devido treinamento quanto à sua utilização e, sem a exigência de uso, constitui-se em uma medida de resultado prático e legal ine- ficientes, deverão ser estabelecidos procedimentos específicos para a conscientização dos trabalhadores e chefias para a utilização dos EPI’s, bem como da sua obrigatoriedade e monitoramento de uso. Monitoramento ambiental do ambiente de trabalho O monitoramento quantitativo de agentes de risco pre- sentes no ambiente de trabalho deverá ser realizado logo após a adoção das medidas de controle, quando aplicável, para que se possa caracterizar a eficiência das mesmas, através da redução da intensidade desses agentes. Posteriormente, deverão ser realizados levantamentos anuais visando demonstrar o efetivo controle dos agentes de risco, pela manutenção de sua intensidade a níveis aceitáveis ou pela sua eliminação do ambiente laboral, ou ainda para constatar a necessi- dade de adoção de outras medidas de controle, caso aquelas adota- das não tenham atingido seus objetivos. 52 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Monitoramento biológico A realização dos exames complementares periódicos pe- los trabalhadores, além de atestar a sua condição de saúde, também servirá de parâmetro para a identificação de problemas de exposi- ção a agentes de riscopresentes no ambiente de trabalho que, pela análise do Médico do Trabalho, poderá demonstrar a necessidade de adoção de medidas de controle, as quais deverão ser adotadas em caráter emergencial. Treinamento Para que todos os funcionários tenham pleno conheci- mento dos riscos presentes em cada setor da empresa e as formas de preveni-los, deverá ser estabelecido um programa de treinamen- to, cujos procedimentos adotados deverão ser anotados em fichas individuais de treinamento ou em livro de registro para este fim. Conhecimento dos riscos e formas de prevenção Como a conscientização pessoal é um processo que se efetiva de forma lenta e gradual, deverá ser estabelecido pela em- presa um programa contínuo de treinamento dos funcionários, visando maiores esclarecimentos sobre os riscos presentes no am- biente de trabalho, sua identificação, suas consequências e formas de prevenção. Os funcionários recém-admitidos, e aqueles que venham a assumir uma nova função, de forma definitiva ou não, deverão ter pleno conhecimento dos riscos gerais presentes na empresa e dos 53 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL específicos da função. Para tanto, esses funcionários deverão passar por um treinamento de integração a ser realizado pelos profissio- nais do SESTR, para prestar conhecimentos quanto a: • Conhecimento de Riscos, Formas de Prevenção e Uso de EPI’s. • Procedimentos Técnico-operacionais. Avaliação de condições insalubres e perigosas A caracterização das atividades insalubres e perigosas é um complemento do levantamento de riscos executados duran- te a execução do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PPRA, que visa a identificação dos principais riscos presentes no ambiente de trabalho e a adoção de medidas de controle. A identificação das condições de insalubridade e pericu- losidade, ou a sua ausência, é feita pela análise do PPRA, o qual deve ser elaborado através de inspeções e acompanhamento das atividades de cada função durante o processo normal de produção nos diferentes locais de trabalho onde os funcionários desempe- nham as suas funções, além de entrevistas com os funcionários, encarregados, SESTR e gerências para caracterizar as atividades laborais de cada função. A determinação do tempo de exposição aos agentes de risco deve ser efetuada através de medições durante a execução das diferentes tarefas de cada função, e o depoimento dos funcionários e chefias, quando pertinente, extrapolando-se esse tempo para a carga horária normal da jornada de trabalho. As quantificações dos diferentes agentes de risco devem ser efetuadas com equipamentos apropriados e devidamente calibrados, seguindo adequadas meto- dologias de avaliação. 54 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Registro de dados e caracterização de atividades insalubres e perigosas Os dados obtidos nos levantamentos de riscos, bem como os tempos de exposição, a existência de Equipamentos de Proteção Coletiva, o uso de Equipamentos de Proteção Individual e demais fatores relacionados a cada função desempenhada na empresa e que auxiliam na caracterização, ou não, das atividades insalubres e/ ou perigosas deverão estar anotados no PPRA, como Laudos de Caracterização de Atividade Insalubre e Perigosa. Medidas de controle (NR 09) Deverão ser adotadas as medidas necessárias suficientes para a eliminação, a minimização ou o controle dos riscos am- bientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes situações: a. identificação, na fase de antecipação, de risco poten- cial à saúde; b. constatação, na fase de reconhecimento de risco evi- dente à saúde; c. quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valo- res dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes os valores limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Higyenists, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos; 55 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL d. quando, através do controle médico da saúde, ficar ca- racterizado o nexo causal entre danos observados na saúde os trabalhadores e a situação de trabalho a que eles ficam expostos. O estudo, desenvolvimento e implantação de medidas de proteção coletiva deverá obedecer à seguinte hierarquia: a. medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais à saúde; b. medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho; c. medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de trabalho. A implantação de medidas de caráter coletivo deverá ser acompanhada de treinamento dos trabalhadores quanto os proce- dimentos que assegurem a sua eficiência e de informação sobre as eventuais limitações de proteção que ofereçam. Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter com- plementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendo-se à seguinte hierarquia: a. medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho; b. utilização de equipamento de proteção individual - EPI. 56 STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS Utilização de EPIs A utilização de EPI no âmbito do programa deverá con- siderar as Normas Legais e Administrativas em vigor e envolver no mínimo: a. seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e à atividade exercida, con- siderando-se a eficiência necessária para o controle da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo avaliação do trabalhador usuário; b. programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua correta utilização e orientação sobre as limitações de proteção que o EPI oferece; c. estabelecimento de normas ou procedimento para promover o fornecimento, o uso, a guarda, a higieni- zação, a conservação, a manutenção e a reposição do EPI, visando garantir as condições de proteção origi- nalmente estabelecidas; d. caracterização das funções ou atividades dos trabalha- dores, com a respectiva identificação dos EPI’s utili- zados para os riscos ambientais. Níveis de ação Conforme estabelecido na NR 09, considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico. 57 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL Deverão ser objeto de controle sistemático as situações que apresentem exposição ocupacional acima dos níveis de ação, conforme indicado nas alíneas que seguem: a. para agentes químicos, a metade dos limites de ex- posição ocupacional considerados de acordo com a alínea “c” do subitem 9.3.5.1 da NR 09; b. para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), con- forme critério estabelecido na NR 15, Anexo I, item 6.4. Responsabilidades Do empregador: I. Estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA como atividade permanente da empresa ou instituição. II. Informar aos trabalhadores de maneira apropriada e suficiente sobre os riscos ambientais que possam originar-se nos locais de trabalho e sobre os meios disponíveis para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos. Dos trabalhadores: I. Colaborar e participar na implantação e execução do PPRA; II. Seguir as orientações recebidas nos treinamentos ofe- recidos dentro do PPRA; III. Informar ao seu superior hierárquico direto ocorrên- cias que, a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos tra- balhadores. IV. Apresentar
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