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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE FORTALEZA/CE ANA, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), (RG número), (CPF número), (endereço completo com CEP) (Doc1), por seu advogado (instrumento de mandato anexo) (Doc2), (endereço profissional), onde receberá notificações e intimações futuras, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com o fulcro nos arts. 539 e 542 do CPC/2015; e arts. 334, 335, I, 337 e 343, todos do CC/2002, propor: AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO Em face de Cleide, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), (RG número), (CPF número), (endereço completo com CEP) (Doc1), (endereço profissional), onde receberá notificações e intimações futuras, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor: DOS FATOS Ana e Cleide celebrara contrato de compra e venda, tendo por objeto um aparelho de jantar e um faqueiro, ficando ajustado o preço de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais) e definido o foro da comarca da cidade de Fortaleza para dirimir quaisquer conflitos. Ficou acordado, ainda, que o cheque nº 018, da Agência nº 305do Banco MM, emitido por Ana para o pagamento da dívida, seria pós-datado para ser depositado em 40 dias. Ocorre, porém, que, nesse ínterim, Ana ficou desempregada. Decorrido o prazo convencionado, Cleide efetuou a apresentação do cheque, que foi devolvido por insuficiência de fundos. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi compensado pelo mesmo motivo, acarretando a inclusão do nome de Ana nos cadastros de inadimplentes. Passados nove meses, Ana conseguiu um novo emprego e, diante da inércia de Cleide, que permanece de posse do cheque, em cobrar a dívida, procurou-a a fim de quitar o débito. Entretanto, Cleide havia se mudado e Ana não conseguiu informações sobre seu paradeiro, o que inviabilizou o contato pela via postal. realizou contrato verbal de consultoria na área de recursos humanos, com a Requerida ajustando pelos serviços o valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), dos quais R$ 1.000,00 (hum mil reais) foram pagos antecipadamente (Doc3). . Diante do exposto e, sem alternativa, vem a requerente recorrer ao Poder Judiciário, para ver sanada sua dívida para que não venha a ser constituído em mora, sofrendo prejuízos maiores no futuro. DO DIREITO Do pagamento em consignação a) É pressuposto incontestável que ao devedor assiste o direito de solver suas dívidas, sendo para tanto, amparado pelo ordenamento jurídico, que defende, justamente, o adimplemento das obrigações e a boa fé objetiva, mediante disposições do Código Civil, adiante transcritas: Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeito a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação. Para Victor Nunes Carvalho (2014) “A mora do credor ou mora accipiendi, se dá quando este, sem justa causa, se recusa a receber o pagamento do devedor. O credor só tem direito a recusar a prestação oferecida se houver justa causa para tanto. Assim, conclui-se que está em mora o credor se a recusa em receber é injustificada”. Na mesma esteira o autor: (...) pelo princípio da boa-fé objetiva o credor tem o dever anexo de cooperar para que o seu devedor cumpra a prestação. Nesse sentido, quando é o credor que está em mora o que ocorre é uma lesão ao princípio da boa-fé objetiva que deve permear toda e qualquer relação obrigacional. Tal assertiva cabe perfeitamente no caso em análise, pois o autor em momento algum se recusou a efetuar o pagamento ou o questionou, pelo contrário buscou solver-se da dívida de todas as formas a seu alcance. A legislação diz ainda: Art. 334. “Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.” b) O mesmo diploma legal, descreve as hipóteses em que se entende cabível o pagamento em consignação, sendo que o caso em questão adequa-se, plenamente, à previsão do artigo abaixo transcrito: Art. 335, inciso I. A consignação tem lugar: I - “se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma”; Doutrinariamente, assim diz Sílvio de Salvo Venosa1 O pagamento feito pelo devedor não constitui apenas uma manifestação de obrigação, trata-se de um direito seu. Não é do interesse do devedor que a dívida se prolongue além do estipulado. É evidente que isso lhe trará maiores encargos, juros, correção monetária, multa. Assim, o bom pagador desejará pagar na forma contratada. Tanto que a lei lhe confere meios coercitivos para jungir o credor a receber. Na lição do mestre processualista Nelson Rosenvald temos que a consignação em pagamento é: O mecanismo técnico posto à disposição do devedor para efetuar o pagamento, ante o receio de pagar mal. Consignação é uma modalidade que substitui o pagamento propriamente dito. Não é sinônimo de pagamento, mas sim uma forma sub-rogada pela qual o obrigado pode liberar-se antes ou independentemente do fato de haver o credor recebido o pagamento. Da Ação de Consignação Tendo a requerida injustificavelmente se recursado a receber o valor, não resta alternativa ao demandante senão requerer o depósito do seu equivalente em juízo, na forma prevista pelos artigos 890 e 892 do Código de Processo Civil. A) De acordo com Art. 890 do Código de Processo Civil, no que concerne à possibilidade da presente ação: Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. § 1º- Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor ou terceiro optar pelo depósito da quantia devida, em estabelecimento bancário oficial, onde houver, situado no lugar do pagamento, em conta com correção monetária, cientificando-se o credor por carta ou aviso de recepção, assinado o prazo de dez dias para a manifestação da recusa. § 2º- Decorrido o prazo para efeito referido no parágrafo anterior, sem a manifestação de recusa, reputar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. § 3º- Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, o devedor ou terceiro poderá propor, dentro de trinta dias, a ação de consignação em pagamento, instruindo a inicial com a prova do depósito e da *recusa. § 4º- Não proposta a ação no prazo do parágrafo anterior ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante.” B) No caso em tela, combinando as disposições do diploma processual com as de direito material, acima descritas, outra não pode ser a conclusão, senão a procedência da presente Ação de Consignação, proposta em razão da recusa injustificada do credor em receber o pagamento pelo serviço prestado, havendo de outro lado, o direito do devedor de adimplir sua obrigação, sendo certo, portanto, que para caracterizar-se o efeito de pagamento busca-se a tutela judicial, mediante a consignação da quantia devida. A ação de consignação em pagamento recebe o seguinte conceito da doutrina civilista:Ação de consignação em pagamento é aquela que a lei concede ao devedor para exercitar o seu direito de pagar a divida, sempre que, por qualquer razão surjam obstáculos ao exercício desse direito. Não só quando há recusa injustificada do credor em receber senão, ainda, quando devedor não sabe a quem pagar validamente. A consignação, ou seja, o depósito judicial objeto da dívida, feito nos casos legais, vale como pagamento. (J.M. de Carvalho Santos e José de Aguiar Dias) A Jurisprudência: AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - PRESSUPOSTOS DE CONSTITUIÇÃO E DE DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO - EXISTÊNCIA - EXTINÇÃO DO FEITO - SENTENÇA CASSADA.-A ação de consignação em pagamento tem como objetivo a liberação do devedor das consequências da mora, com a extinção da obrigação pelos depósitos efetuados no curso da demanda, nos termos do artigo 890 do CPC e dos artigos 334 e 335 do CC. -O depósito do valor em contento é pressuposto essencial para o desenvolvimento válido e regular do processamento da ação de consignação em pagamento, consoante as regras do art. 337 do CC e art. 893 e seguintes do CPC, restando certo que se é suficiente ou não para quitar a obrigação, a questão se resolve com o mérito.(TJ-MG - AC: 10024122883341001 MG , Relator: Wanderley Paiva, Data de Julgamento: 26/06/2014, Câmaras Cíveis / 11ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 30/06/2014) No Superior Tribunal de Justiça: Na consignação em pagamento, o depósito tem força de pagamento, e a ação tem por finalidade ver atendido o direito material do devedor de liberar-se da obrigação e de obter quitação, por isso o provimento jurisdicional terá caráter eminentemente declaratório de que o depósito oferecido liberou o autor da obrigação, relativa à relação jurídica material. (REsp 886.⁷⁵⁷ RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em ¹⁵ , DJ ²⁶ , p. 214) Dos Efeitos da Consignação Atentando-se para as disposições do Código Civil, Art. 337, e, bem como, para as do Código Buzaid , Art 891, caput, no intuito de se verificar os efeitos necessários da presente ação. Art. 337: “O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente. Art. 540. “Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente”. Dessa forma, como se verifica, o depósito tem o condão de liberar o devedor da dívida e demais riscos, como se houvesse pago o valor devido diretamente ao credor. DOS PEDIDOS Assim sendo, requer que V. Exa.: I- Citação pelo correio da REQUERIDA, por meio de seu representante legal, no endereço indicado, para contestar, querendo, a presente ação, sob pena de confissão e revelia; II- Proceda com a expedição da guia de depósito no valor R$ 3.500,00 , já atualizados e acrescidos de juros legais, a ser efetivado no prazo de 05 (cinco) dias contados do deferimento. III- Ao final, que se julgue procedente a ação e extinta a obrigação, condenando a REQUERIDA nas custas e honorários do advogado. IV- Provar o alegado mediante prova documental, testemunhal, depoimento pessoal e demais meios de prova em Direito admitidos. Dá-se à causa o valor de R$ 3500,00 (Três mil e quinhentos reais). Nesses termos, Pede e espera deferimento. Fortaleza, (dia), (mês), (ano). Advogado OAB/CE (número) Rol de Documentos Doc 1 – Comprovante de endereço Doc 2 – Procuração Ad Judicia Doc 3 – Recibo
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