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DP III (questões resolvidas)

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01 Q1142563 Direito Penal Crimes contra a vida 
 
Mário, após ingerir bebida alcoólica em uma festa, agrediu um casal de namorados, 
o que resultou na morte do rapaz, devido à gravidade das lesões. A moça sofreu 
lesões leves. 
 
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir. 
 
Se, após a apuração dos fatos, a morte do rapaz caracterizar homicídio simples 
doloso, a conduta de Mário não será classificada como crime hediondo. 
 
a) CERTO 
b) ERRADA 
 
Comentário: ​Se, após a apuração dos fatos, a morte do rapaz caracterizar 
homicídio simples doloso, a conduta de Mário não será classificada como 
crime hediondo. 
Homicídio Simples --> Matar alguém --> No GERAL NÃO É HEDIONDO. 
Exceção é quando praticadas ações de grupo de extermínio. 
 
Art. 1º. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos 
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - 
Código Penal, consumados ou tentados: I - homicídio (art. 121), 
quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda 
que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, 2º, I, 
II, III, IV e V); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994) 
 
Pela redação extrai-se o seguinte: 
1º) O homicídio simples é crime hediondo quando praticado em atividade 
típica de grupo de extermínio, mesmo que por um único executor. 
2º) O homicídio qualificado sempre será hediondo. 
03 Q1134195 Direito Penal Crimes contra a vida 
 
O atual Código de Direito Penal, recepcionado pela Constituição de 1988, inicia a 
Parte Especial tratando dos crimes contra a pessoa. Sobre eles, assinale a 
alternativa incorreta. 
 
a) Também é crime se a lesão corporal for praticada contra ascendente, 
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou 
tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade 
b) Trata-se de homicídio qualificado aquele cometido contra a mulher por razões 
da condição do sexo feminino 
c) É crime o aborto de feto com anencefalia 
d) É crime contra a pessoa praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia 
grave de que está contaminado, ato capaz de produzir contágio 
e) É crime abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou 
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos 
resultantes do abandono 
 
Comentário: ​O aborto é legal nas seguintes hipóteses, que funcionam como 
causa de exclusão da ilicitude: 
a) Necessário ou terapêutico: se não há outro meio de salvar a vida da 
gestante; 
Somente o médico pode realizar. 
Não precisa de qualquer autorização judicial. 
b) No caso de gravidez resultante de estupro: se a gravidez resulta de estupro 
e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de 
seu representante legal. 
c) ADPF nº 54. STF: aborto em caso de anencefalia do feto. 
Dignidade da pessoa humana; autodeterminação da mulher; 
Não depende de autorização judicial. 
d) Lei 9.434/97: morte por cessação da atividade cerebral. 
 
04 Q1103357 Direito Penal Tipicidade 
 
João ministra veneno a Maria, em dose apta a causar-lhe a morte, pois ela iria 
informar à autoridade policial que João havia mantido relação sexual incestuosa e 
consentida com a filha dele, de 16 anos. Antes que o resultado se efetive, João 
socorre Maria, levando-a a um pronto- -socorro. Lá, o médico de plantão deixa de 
atender Maria, sob a única razão de estar almoçando. Maria, que seria salva caso o 
médico interviesse, morre. Diante desse cenário, que admite múltiplas qualificações 
jurídicas, assinale a alternativa que melhor se adeque à espécie. 
 
a) João cometeu homicídio; o médico cometeu lesão corporal seguida de morte. 
b) João cometeu homicídio qualificado; o médico cometeu omissão de 
socorro com pena triplicada pelo resultado morte. 
c) João será beneficiado pelo arrependimento posterior e não sofrerá qualquer 
reprimenda penal; o médico cometeu homicídio culposo, na modalidade 
negligência. 
d) João cometeu lesão corporal seguida de morte; o médico cometeu omissão 
de socorro em concurso com homicídio culposo, na modalidade negligência. 
e) João cometeu homicídio duplamente qualificado; o médico cometeu omissão 
de socorro, com a pena duplicada pelo resultado morte. 
 
Comentário: ​João executa o crime de homicídio qualificado pelo emprego de 
veneno. 
Haveria o arrependimento eficaz se o resultado "morte da vítima" fosse 
evitado em decorrência do arrependimento, e João responderia apenas pelos 
atos já praticados. 
Entretanto, por não ser possível evitar o resultado, João responde por 
homicídio qualificado. 
Também é possível analisar a questão através da teoria da causalidade 
adequada, que leva em consideração as causas supervenientes (absoluta ou 
relativamente independente). 
A superveniência de causa relativamente independente exclui a 
imputação quando por si só produza o resultado, mas no caso da questão não 
foi apenas a omissão do médico que produziu o resultado, mas também a 
conduta de João. 
Omissão de socorro 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem 
risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa 
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou 
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão 
resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a 
morte. 
 
05 Q1082513 Direito Penal Tipicidade 
 
No dia 3 de junho de 2019, Vitor, revoltado com a intenção de sua companheira 
Rosa de terminar o relacionamento, faz um grande buraco no quintal da residência e 
surpreende sua companheira com um forte golpe de pá na sua cabeça. Em seguida, 
apesar de saber que aquele golpe não seria suficiente para causar a morte de Rosa, 
a joga no interior do buraco, com a intenção de persistir nos golpes, causar sua 
morte e, em seguida, esconder o corpo. Ocorre que Rosa começa a chorar e 
implora para que Vitor pense na filha do casal. Vitor, então, cessa sua conduta, 
ajuda Rosa a sair do buraco e permite que ela vá se limpar, ocasião em que a vítima 
pula pela janela do banheiro e informa os fatos a policiais militares que passavam 
pela localidade. É constatada a existência de lesões de natureza leve na vítima. 
 
Considerando apenas as informações expostas, a conduta de Vitor configura: 
 
a) tentativa de homicídio qualificado por ser contra a mulher, por condição do 
sexo feminino; 
b) lesão corporal qualificada por ser contra companheira, em razão do 
arrependimento eficaz; 
c) lesão corporal qualificada por ser contra companheira, em razão da 
desistência voluntária; 
d) fato atípico, em razão do arrependimento eficaz; 
e) fato atípico, em razão da desistência voluntária. 
Comentário: ​Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução 
ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já 
praticados. 
Não descaracteriza a voluntariedade o fato de outra pessoa convencer o 
autor da desistência, nem do arrependimento eficaz. 
 
VOLUNTÁRIO, ESPONTÂNEO, INVOLUNTÁRIO E MOTIVAÇÃO 
 
Comum à desistênciavoluntária e ao arrependimento eficaz é o elemento 
subjetivo da voluntariedade. Voluntário é aquilo que se faz por vontade própria, sem 
coação (moral ou física) de ninguém. Isto é, o agente, de modo próprio (livre 
vontade) deixa de praticar o delito, fazendo não produzir o resultado outrora 
esperado. 
Todavia, não se exige que a desistência seja espontânea. “Espontânea 
ocorre quando a ideia inicial parte do próprio agente, e voluntária é a desistência 
sem coação moral ou física, mesmo que a ideia inicial tenha partido de outrem, ou 
mesmo resultado de pedido da própria vítima” (BITENCOURT, 2007, p. 403/404). 
“Por conseguinte, se o agente desiste ou se arrepende por sugestão ou conselho de 
terceiro, subsistem a desistência voluntária e o arrependimento eficaz” (CAPEZ, 
2007, p. 250). 
 
Violência Doméstica 
 
129 § 9 Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, 
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, 
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
 
07 Q1092930 Direito Penal Crimes contra a vida 
 
Caio é professor de educação física do Estado e dá aula de natação em um clube 
estadual. Ao nadar em uma das piscinas do clube, Caio notou um defeito no ralo. 
Decidido a se livrar da colega de profissão, recentemente contratada para 
substituí-lo em algumas aulas, ele não informa a administração do clube sobre o 
defeito detectado, além de alterar a potência da exaustão do ralo. No dia seguinte, 
quando já finalizadas todas as aulas, ele propõe à colega a brincadeira da caça ao 
tesouro, que consiste em localizar e pegar objetos no chão da piscina. Caio diz à 
colega que vence quem pegar maior quantidade de pedras e as despeja na piscina, 
em local próximo ao ralo. Antes que a colega pudesse colocar a touca na cabeça, 
Caio pula na piscina. Com receio de perder a brincadeira, ela imediatamente pula 
atrás. Caio vê a colega aproximar o corpo rente ao chão. Passados alguns 
segundos, ele percebe que a colega mexe o corpo freneticamente. Ao mergulhar, 
Caio confirma que os cabelos de sua colega estão presos ao ralo, impedindo-a de 
emergir. Caio, por minutos, assiste ao desespero da colega, sem nada fazer. 
Depois, arrependido, decide agir, tentando, a todo custo, soltá-la do ralo. A colega, 
contudo, veio a óbito. Diante da situação hipotética, assinale a alternativa correta. 
 
a) Caio praticou crime de homicídio culposo, pois, ao não avisar a administração 
do clube sobre o defeito detectado no ralo, no dia anterior, agiu com 
negligência. 
b) Caio não praticou qualquer crime contra a vida em detrimento da colega, 
visto que o resultado morte, ainda que desejado por ele, não era previsível e 
tampouco controlável. 
c) Caio praticou o crime de homicídio qualificado, por motivo torpe, não 
incidindo o instituto do arrependimento eficaz. 
d) Caio praticou crime de feminicídio e, diante do arrependimento, terá sua pena 
diminuída de 1 a 2/3. 
e) Caio, se condenado, como efeito automático da condenação, perderá a 
função de professor público. 
 
Comentário:​ Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: 
 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
(natureza subjetiva) 
 (homicídio mercenário) 
II - por motivo fútil (natureza subjetiva) 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;(natureza 
objetiva) 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso 
que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;(natureza objetiva) 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime:(natureza subjetiva) 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:(natureza 
objetiva-feminicídio) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos e , integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função 
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:(natureza 
subjetiva-homicídio funcional) 
 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
QUALIFICADORA DE NATUREZA SUBJETIVA 
 
Está relacionado com os motivos determinantes do crime 
 
QUALIFICADORA DE NATUREZA OBJETIVA 
 
Está relacionado ao modo e meio de execução do crime. 
 
OBSERVAÇÃO 
 
Conforme o caso mencionado acima Caio tinha o dolo direto de matar sua 
colega ou seja animus necandi e com isso já descarta a hipótese de homicídio 
culposo. 
Não cabe o instituto do arrependimento eficaz pois houve o resultado morte e sendo 
assim configurando o homicídio consumado,para que possa fala em arrependimento 
eficaz o agente tem que impedir que o resultado se produza. 
 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução 
ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já 
praticados. 
 
Não ocorreu o feminicídio pois em momento algum Caio quis matar sua 
colega em razão da condição de sexo feminino,podemos falar que se trata de 
femicídio. 
Caio não irá perder o seu cargo de forma automática pois a perda do 
cargo,emprego ou função pública como efeito secundário somente constitui efeito 
automático na lei de tortura e organização criminosa.

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