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Turma – Direito Tributário II – Aula 1 Professora – Deborah Fraga Linshe Gismonti Conteúdo da Aula Conceito e teorias sobre o nascimento; Lançamento: conceito, elementos e natureza jurídica; Princípios específicos do lançamento. 1 - Relação Jurídico Tributária Pode ser assimilada por meio de uma linha do Tempo (retirado do livro do Sabbag) Linha do Tempo HI______FG ______OT _____ CT HI = Hipótese de incidência FG = Fato Gerador OT = Obrigação Tributária CT = Crédito Tributário 1.1 – Hipótese de incidência Representa o momento abstrato, previsto na Lei, suficiente para dar início a relação jurídico – Tributária, definindo-se pela escolha feita pelo legislador de fatos quaisquer que o mesmo entende propenso a ensejar a referida relação. Dessa forma, Hipótese de incidência significa a descrição que a Lei faz de um FATO tributário, que quando ocorrer, fará nascer a obrigação tributária. 1.2 – Fato Gerador - art. 114 ao 118 CTN Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados: I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. É a materialização da HI. Representa, portanto, o momento concreto da realização da HI. A perfeita adequação do fato à hipótese de incidência, fará nascer o liame jurídico obrigacional entre sujeito ativo (fisco – quem pode cobrar) e sujeito passivo (contribuinte – quem deve pagar) Muitos autores acreditam que o artigo 114 do CTN é impreciso, uma vez que estabelece que o fato gerador da obrigação principal é “situação definida em lei como necessário suficiente a sua ocorrência”. Ora, se apenas está definido em lei, a situação não poderia ser denominada de fato. Por isso, afirmam que a previsão abstrata deve ser denominada de hipótese de incidência, pois se refere a algo que pode vir a ocorrer, tendo como consequência a incidência tributária. Daí a famosa terminologia hipótese de incidência O fato Gerador, é de suma importância, pois é neste momento que se define: • Natureza jurídica do tributo; • A lei que será aplicada no momento da cobrança (princípio da irretroatividade), ou seja, mesmo que a alíquota de determinado tributo seja alterada para menor após a ocorrência do FG, a lei (alíquota) que deverá ser aplicada é aquela que estava em vigor no momento do FG. Art. 150, III, ‘a’ CF/88. + = Hipótese de Incidência Fato Gerador Obrigação Tributária Hipótese de incidência Fato Gerador Descrição LEGAL de um fato. É situação descrita na lei, escolhida pelo legislador entre inúmeros fatos do mundo fenomênico. Se materializa com a EFETIVA ocorrência do fato. É a hipótese da lei sendo praticada pelo futuro contribuinte Está no plano abstrato Está no plano concreto Classificação doutrinária/jurisprudencial do Fato Gerador A) FATO GERADOR INSTANTÂNEO É aquele que faz surgir uma obrigação tributária a cada fato gerador praticado. Cada vez que for realizado no mundo real a hipótese definida em lei, implica a realização de um novo fato gerador. Ex.: ISS, ITBI, ICMS. B) FATO GERADOR CONTINUADO Sua realização se dá de forma duradoura, e pode manter-se estável ao longo do tempo, a matéria tributável tende a permanecer, existindo hoje e amanhã, exigindo da lei a definição de uma data para a ocorrência do Fato gerador. Ex.: IPTU, ITR, IPVA – (Você é proprietário o ano inteiro, portanto, a lei precisa estabelecer um dia exato para a ocorrência do fato definido na lei – no caso desses tributos é dia 01/01 de cada ano. C) FATO GERADOR COMPLEXIVO/COMPLEXO Corresponde a uma sucessão de fatos que são reunidos num determinado período de tempo. Leva em consideração uma série de acontecimentos em dado espaço de tempo. Ex.: CSLL e IR. 2. Obrigação Tributária – Art. 113 e seg. CTN Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Conforme estabelece Washington de Barros Monteiro, “Obrigação é uma relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devido pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através do seu patrimônio”. 2.1 Elementos da Obrigação Tributária: o Sujeito Ativo (art. 119 e 120), o Sujeito Passivo (art.121 a 123), o objeto – Obrigação Tributária (art. 113) o causa (arts. 114 e 115). Linha do Tempo HI_________FG_________OT________ Execução Fiscal 2.2. Espécies de Obrigação Tributária Obrigação de DAR. Art. 113 – Engloba o pagamento do tributo + penalidade. Se divide em: 1 - Obrigação principal surge com o Fato Gerador. E o que é o FG? É a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. – Art. 114 CTN – É a ocorrência do fato previsto na norma. Dessa forma, a obrigação principal tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, conforme estabelece o art. 113 parágrafo primeiro do código tributário Nacional. Art. 113 § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. Obs: em Direito Tributário, tanto um crédito quantos respectivos juros e multas são considerados obrigações principais, pois o enquadramento da obrigação tributária como principal depende exclusivamente do seu conteúdo pecuniário. 2 – Obrigação acessória - tem por objeto prestações positivas e negativas, previstas no interesse da arrecadação, na fiscalização dos tributos. Trata-se de obrigação de FAZER, NÃO FAZER e TOLERAR. Art. 113, §2 CTN. Está sempre no interesse da arrecadação. Também são chamados de deveres instrumentais. § 2º A obrigaçãoacessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Depende de lei Está prevista na legislação (sentido amplo) Obrigação de dar Obrigação de fazer / não fazer Visa o pagamento Função fiscal / arrecadatória Pagar tributo Emitir nota fiscal Ex: todas as declarações são acessórias; escrituração de livros fiscais; emissão de nota fiscal; cadastro de contribuintes.... ATENÇÃO: O §3 do art. 113 CTN estabelece que ao você descumprir uma obrigação acessória, há a sujeição a uma penalidade e esta converte-se em obrigação principal. A obrigação acessória não desaparece, mas o sujeito fica obrigada a esta e a penalidade que é principal. As obrigações são autônomas Ex: Mesmo que você seja isento de algum tributo, há obrigação de declarar – Art. 175, §Ú CTN. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. OBS: O fato gerador da obrigação acessória está previsto na legislação aplicável – é a legislação em sentido amplo. Significa dizer que não apenas a lei é responsável por discorrer sobe obrigações acessórias. Outros atos normativos poderão estabelecer a prática ou a abstenção de atos. Obs: Fato gerador da obrigação Acessória O CTN define, em seu art. 115, o fato gerador da obrigação acessória, como qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Nesses casos, podemos exemplificar com a legislação do imposto de renda, que estabelece, que no dia 31 de dezembro de determinado ano, quem teve a posse ou a propriedade, de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total ou superior a R$ 300.000, é obrigado a entregar declaração de imposto de renda. Assim, a situação descrita, impõe a prática de um fato que não se caracteriza como obrigação principal, Configurando, portanto, fato gerador de obrigação tributária acessória. 3 . Crédito Tributário – Art. 139 e seg. CTN. Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Segundo a teoria adotada no Código Tributário Nacional, quando verificado no mundo dos fatos a situação definida em lei como fato gerador do tributo, nasce a obrigação tributária. Tal obrigação consiste num vínculo jurídico transitório entre o sujeito ativo (credor), o sujeito passivo (devedor), e tem por objeto uma prestação em dinheiro. Para muitos, se já há credor e devedor, já há crédito, de forma que o nascimento do crédito tributário seria concomitante o surgimento da obrigação tributária. Ocorrido o fato gerador, é necessário definir: a) o montante do tributo ou penalidade, b) o devedor, c) o prazo para pagamento, de forma a conferir exigibilidade a obrigação. Sendo assim, nasce a exigência de um procedimento oficial (formal-vinculado), consistente em declarar formalmente a ocorrência do fato gerador, definir os elementos materiais da obrigação surgida (alíquota e base de cálculo), calcular o montante devido, identificar respectivo sujeito passivo, com a finalidade de possibilitar que contra este seja feita cobrança do tributo ou da penalidade pecuniária. Todo esse procedimento é denominado de lançamento conforme se pode extrair do artigo 142 do CTN Assim, o crédito tributário representa o momento da exigibilidade da relação jurídico- tributária e o seu nascimento ocorre com o lançamento. Art. 142 CTN Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a cabível aplicação da penalidade. Linha do Tempo HI______FG______OT______ Lançamento ____ CT Com efeito, o lançamento é o instrumento que confere a exigibilidade à obrigação tributária, quantificando-a e qualificando-a. Com a formalização do lançamento, não há mais obrigação tributária e sim crédito, que é a obrigação tornada líquida e certa. Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem. Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. Assim temos: O crédito tributário representa o direito do sujeito ativo de exigir o cumprimento do dever patrimonial ou não patrimonial do sujeito passivo (obrigação tributária). A obrigação tributária nasce de forma automática e infalível em face da prática do fato gerador. Com o crédito tributário, por sua vez, não acontece o mesmo. É um poder dever que depende de constituição, isto é, deve ser formalizado em linguagem, ser constituído. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA CRÉDITO TRIBUTÁRIO Nasce com a pratica do FG Nasce com o lançamento Nasce de forma Automática – Obrigação ex lege Não é automático. Depende de constituição - Autoridade Fazendária, sob pena de responsabilidade funcional Logo, vê-se que este último (crédito tributário) se afigura como a obrigação tributária tornada líquida e certa por intermédio do lançamento. Antes da constituição (lançamento) não há que se falar em crédito tributário. Teremos a ocorrência do fato gerador e a identificação de todos os elementos da relação jurídica tributária (sujeito passivo, sujeito ativo e objeto). Assim, formalizar o crédito tributário em linguagem é precisamente identificar o fato gerador e os elementos da relação jurídica tributária. Só depois do lançamento o valor poderá ser cobrado. Por isso os doutrinadores falam que só aqui a obrigação será líquida. Importante observar, que a produção dessa linguagem e a formalização do crédito tributário podem ser feitas pela Administração Tributária (lançamento tributário), mas também pelo contribuinte (sujeito passivo, através do lançamento por homologação, por exemplo – ele não lança. Ele constitui o crédito, mas quem lança ainda é a Administração). 3.1 - LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO – Art. 142 CTN Segundo disposição legal, o lançamento: • Verifica a ocorrência do fato gerador; • Identifica a matéria tributável (base de cálculo); • Apura o valor devido; • Identifica sujeito passivo; • Aplica penalidade (multa/juros). a) Localização no Procedimento De Cobrança Fato gerador – Obrigação tributária – Constituição do crédito tributário por meio da prática do lançamento – Linha do Tempo Acima. b) Conceito de lançamento – ART. 142, CTN É a constituição do crédito tributário pela Administração Pública. Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Entende –se que o lançamento é um procedimento administrativo (está assim na lei) tendente a verificar a ocorrência do fato gerador. Apesar da divergência. c) Natureza Jurídica: Qual a natureza do lançamento? Para muitos, o lançamento tem natureza declaratória.OBS1.: Outras teorias sobre a natureza jurídica do lançamento. a) Natureza declaratória, já dito acima. É o entendimento majoritário nos concursos. b) Natureza constitutiva: constitui o crédito tributário. (STJ, REsp. 250.306-DF). c) Natureza mista: defendido por boa parte da doutrina. O lançamento é primeiramente declaratório da obrigação e constitutivo do crédito. Aqui, o lançamento declara uma obrigação e constitui o crédito – STJ. Assim temos: (Ricardo Alexandre) Hipótese de Incidência + Fato Gerador = Obrigação Tributária + Lançamento = Crédito Tributário c) Competência para lançar Consta do artigo 142 do CTN que a competência para o lançamento é da autoridade administrativa. O código não define qual autoridade possui poder legal para faze-lo, deixando para a lei de cada ente político a incumbência de faze -lo. Na esfera federal, a título de exemplo, a Lei 10.593 de 2002, em seu art. 6, I, “a”, não atribuiu, em caráter privativo, Aos ocupantes de cargo de auditor Fiscal da Receita Federa, a competência para constituir, mediante lançamento o CT. Tal competência é indelegável e insuscetível de avocação. OBS: O Lançamento é atividade privativa da autoridade administrativa, vinculado e para alguns autores, como Ricardo Alexandre, tem natureza mista. Exceção: S. 436, STJ: a entrega de declaração pelo contribuinte, reconhecendo o débito fiscal, constitui o crédito tributário, dispensando qualquer outra providencia por parte do fisco. O STJ entende que o mero reconhecimento do crédito já constitui o crédito, sem necessidade de nenhuma providência do fisco, desafiando o entendimento da jurisprudência e doutrina, de que a constituição de crédito somente pode ocorrer por atividade privativa da Administração. Atividade Vinculada, conforme manda o art. 142 CTN Assim, o lançamento corresponde a um ato administrativo vinculado. Portanto, o lançamento não se sujeita a critérios de conveniência e oportunidade. A autoridade administrativa é sempre obrigada por lei a realizar o lançamento. OBS2: Notificação do Lançamento O lançamento só se considera perfeito e acabado com a notificação do sujeito passivo dentro do prazo decadencial (5 anos). A forma de notificação do lançamento varia de tributo pra tributo. Ex: S 397 STJ – Notificação do lançamento no IPTU – O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê ao seu endereço. A fazenda só precisa comprovar o envio e não o recebimento. OBS3: O lançamento reporta-se a fata do FG e a legislação que será utilizada, será a que estiver em vigor na data do FG. Art. 144 CTN Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. O Lançamento É realizado em determinado momento na linha do tempo, mas sempre com os olhos voltados para instante passado, que é a ocorrência do fato gerador da respectiva obrigação. Com base nesse entendimento, algumas provas considerando correta a assertiva, que estabelece que o lançamento possuir efeitos ex tunc (retroativos). Nestes casos, as bancas querem afirmar simplesmente que o lançamento sempre se refere evento passado, retroagindo no tempo para constituir crédito decorrente de obrigação surgida em momento pretérito. No entanto, caso a obrigação tributária seja relativa à penalidade pecuniária, multa, aplica-se ao lançamento a lei mais favorável ao infrator, dentre aquelas que tiveram vigência entre a data do fato gerador e a data de lançamento. d) Princípios aplicáveis ao lançamento Recente Informativo – 588 STJ – O IPVA é lançado de ofício no início de cada exercício e constituído definitivamente com a cientificação do contribuinte para o recolhimento da exação, o qual pode ser realizado por qualquer meio idôneo, como o envio de carnê ou a publicação de calendário de pagamento, com instruções para sua efetivação. A Notificação do contribuinte para recolhimento do IPVA perfectibiliza a constituição definitiva do CT, iniciando-se o prazo prescricional para a execução fiscal no dia seguinte à data estipulada para o vencimento da exação. ü PRIVATIVIDADE: - O art. 142, CTN fala em Privatividade da autoridade administrativa. O dispositivo refere-se a privatividade de constituição do crédito pelo lançamento. Ou seja, apenas a Administração lança. O contribuinte não pode lançar. Isso não significa que somente ela pode constituir o crédito tributário. O lançamento sim é só dela. O lançamento é uma modalidade de constituição do crédito tributário e essa modalidade é privativa da Administração. Assim, temos: Constituição do Crédito pode ser: 1 – Lançamento (privativo da Administração Pública) 2 – Reconhecimento do Sujeito passivo O STJ tem considerado plenamente válidas as diversas previsões legais de que a elaboração de determinada declaração tributária em que o sujeito passivo informe um débito e não o pague importa, por si só, a constituição do crédito tributário, independentemente de qualquer outra providência de Administração. Destaca-se que apesar de o lançamento ser ato privativo da Autoridade Fazendária – REGRA, o STJ tem temperado essa regra e estabelecido 2 hipóteses nas quais haverá o lançamento por autoridade judiciaria: a) ITCD – quando estivermos diante de um inventário pelo rito convencional – Há: Fase de Avaliação (avaliação judicial dos bens) e fase de homologação de cálculo. O próprio juiz calcula e diz o valor devido. A fazenda Estadual só poderá cobrar o ITCD depois de homologado pelo juiz) b) discussão na justiça do trabalho: Na reclamação trabalhista, o juiz, se houver, calcula a contribuição previdenciária devida. Para muitos, esse cálculo seria lançamento feito pelo judiciário. A fazenda não gosta muito desse entendimento, pois ela não participa da reclamação trabalhista e muitas vezes não concorda com o valor. ü VINCULAÇÃO A LEI – art. 142, §Ú – Lançamento é ato vinculado. Não há margem de discricionariedade Art. 142, Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. ü IRRETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA – art. 144 – o lançamento rege-se pela lei em vigor no momento da ocorrência do FG, mesmo que essa lei tenha sido revogada ou modificada. Trata-se da ultratividade da lei tributária. Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Ex: ITCDM = falecimento em 2000- Lei X 4%______Inventário_____ homologação de cálculo – lançamento Lei Y – 2% Qual alíquota aplicar? Aplica-se a alíquota de 4%, mesmo que na data da homologaçãoo esteja em vigor lei com alíquota menor. Súmula 112 do STF: “O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão”. OBS1: Esse art. 144 caput, somente se aplicada quanto aos aspectos internos do lançamento, que são aqueles relacionados ao FG (base de cálculo, alíquota, sujeito passivo...). Quanto aos demais aspectos, o CTN tem outra regra,que é §1 do art. 144. Esse dispositivo trata de aspectos formais, aspectos procedimentais do lançamento (critérios de apuração, maiores poderes de investigação da fazenda...), neste caso, aplica-se a lei que estiver em vigor na data do lançamento. Art. 144, § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. Ex. CPMF = art. 11, §3 da lei 9.311/96 – Vedava que se utilizasse os dados da CPMF para lançamento de outro tributo. Veio a Lei 10.174/01 e alterou a redação deste parágrafo e passou a permitir a utilização de tais dados para, por exemplo, lançar IR. Em um caso concreto, a fazenda lançou IR de 1999 e 2000, com base nessa lei de 2001 (ou seja, aplicou-a imediatamente). O STJ entendeu que era válido, pois a lei trata de procedimento e este retroage. ü IRREVISIBIDADE DO LANÇAMENTO A regra é a de que após o contribuinte ser notificado do lançamento, não há como altera- lo. Exceção: Uma vez notificado o sujeito passivo, a fazenda só pode rever o lançamento em uma das 3 hipóteses: Art. 145 CTN 1 – Impugnação do sujeito passivo – PAT/PAF – Proc. Adm. Tributário/Fiscal - É a defesa ou reclamação apresentada na órbita administrativa, instaurando-se a fase litigiosa/contenciosa do procedimento, nos casos em que o sujeito passivo discorde total ou parcialmente do lançamento anteriormente efetuado. Está previsto nos arts. 14 ao 17 do DL 70.235/72. Lembrando que mesmo no processo administrativo há contraditório e ampla defesa. Art. 5, LV CF/88. Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. 2 – Recurso de ofício - É conhecido em processo civil como remessa necessária. Trata-se da previsão de rejulgamento de uma decisão de primeira instância, na órbita administrativa, que tenha trazido situação desfavorável a fazenda. Ex. Desoneração do tributo Veja o art. 34, I e II do DL 70.235/72: Art. 34. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício sempre que a decisão: I - exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda; II - deixar de aplicar pena de perda de mercadorias ou outros bens cominada à infração denunciada na formalização da exigência 3 – Iniciativa de oficio da autoridade adm., nos casos do art. 149 - Comtempla em seus incisos, uma lista taxativa de hipóteses nas quais os lançamentos poderão ser revistos, no poder-dever de autotutela da administração, desde que o crédito não esteja extinto pela decadência – art. 149, P.Ú. Art. 149 Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Trata de situações nas quais, o administrador está autorizado por lei a rever o lançamento e efetiva-lo de ofício quanto um ato do sujeito passivo, art. 149, viole a lei. Dessa forma, o art. 145, III é a única hipótese não litigiosa de alteração de lançamento. Atenção: O procedimento de lançamento pode ser dividido em duas fases: a) Oficiosa: que se encerra com a notificação; e b) Contenciosa: que pode ser instaurada com a impugnação por parte do sujeito passivo. É na segunda fase que se verifica o contraditório (diferido). O objetivo do sujeito passivo com a impugnação é desconstituir ou alterar o lançamento realizado. O pedido é dirigido ao órgão de "jurisdição" administrativa responsável pela análise da legalidade do procedimento (na esfera federal, as Delegacias da Receita Federal de julgamento -DR)). O acatamento total ou parcial da impugnação formulada terá como consequência a anulação (ou alteração) do lançamento realizado
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