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Olívia Lazotti XXVII 1) Caracterizar hipersensibilidade tipo 3 (atenção aos imunocomplexos) Hipersensibilidade mediada por imunocomplexos (tipo III): Anticorpos IgM e IgG específicos para antígenos solúveis no sangue formam complexos com antígenos, e esses imunocomplexos podem se depositar nas paredes dos vasos sanguíneos em vários tecidos, causando inflamação, trombose e lesão tecidual. Doenças causadas por anticorpos Doenças mediadas por anticorpos são decorrentes da ligação de anticorpos a antígenos em determinadas células ou tecidos extracelulares ou, ainda, em consequência da formação de complexos antígeno-anticorpo na circulação com subsequente deposição nas paredes dos vasos. Os anticorpos produzidos contra antígenos celulares ou teciduais causam doenças que afetam especificamente as células ou tecidos onde esses antígenos estão presentes e, desse modo, estas doenças são frequentemente órgão-específicas e não sistêmicas. Ao contrário, as manifestações das doenças causadas por imunocomplexos refletem o local da deposição desses imunocomplexos e não são determinadas pela fonte celular do antígeno. Dessa maneira, as doenças mediadas por imunocomplexos tendem a ser sistêmicas e afetam múltiplos órgãos e tecidos, embora alguns sejam particularmente suscetíveis, como os rins e as articulações. Em situações clínicas, o diagnóstico de doenças causadas por anticorpos ou imunocomplexos geralmente se baseia na demonstração de anticorpos ou de imunocomplexos na circulação ou depositados nos tecidos, além das semelhanças clinicopatológicas com doenças experimentais que se provaram ser mediadas por transferência adotiva de anticorpos. Doenças mediadas por imunocomplexos Os imunocomplexos que causam doença podem ser compostos por anticorpos ligados a autoantígenos ou a antígenos estranhos. À seguir, temos alguns modelos de doenças em animais, causadas por imunocomplexos. Doença do soro Muito do nosso conhecimento atual sobre doenças causadas por imunocomplexos está baseado em análises de modelos experimentais da doença do soro. A imunização de um animal (p. ex.: um coelho) com uma alta dose de um antígeno proteico estranho leva à formação de anticorpos contra o antígeno. Esses anticorpos ligam-se e formam complexos com o antígeno circulante, e os complexos são inicialmente removidos por macrófagos no fígado e no baço. À medida que mais e mais complexos antígeno-anticorpo são formados, alguns deles depositam-se em leitos vasculares. Nesses tecidos, os complexos induzem inflamação rica em neutrófilos pela ativação da via clássica do complemento e pelo acoplamento a receptores Fc em leucócitos. Como os complexos são frequentemente depositados em pequenas artérias, glomérulos renais e sinóvia das articulações, as manifestações clínicas e patológicas mais comuns são vasculite, nefrite e artrite. Os sintomas clínicos são geralmente de curta duração, e as lesões se curam a menos que o antígeno seja injetado novamente. Esse tipo de doença é um exemplo de doença Nessa imagem podemos ver as diferentes formas que os anticorpos podem causam doenças. Anticorpos antitecido/anticélula: os anticorpos podem se ligar especificamente a antígenos teciduais, e os leucócitos recrutados causam lesão tecidual ou os anticorpos podem se ligar às células (nesse exemplo, hemácias circulantes) e promover sua depleção. Imunocomplexos: complexos de anticorpos e antígenos podem ser formados na circulação e se depositar nas paredes dos vasos sanguíneos, onde induzem inflamação. Olívia Lazotti XXVII do soro aguda. Uma doença mais indolente e prolongada, denominada doença do soro crônica, é produzida por meio de múltiplas injeções de antígeno, o que leva à formação de complexos menores que normalmente se depositam nos rins, nas artérias e nos pulmões. Reação de Arthus Uma forma localizada de vasculite experimental mediada por imunocomplexo. Essa reação é induzida pela injeção subcutânea de um antígeno em um animal previamente imunizado ou em um animal que tenha recebido uma injeção intravenosa de anticorpos específicos para o antígeno. Os anticorpos circulantes ligam-se rapidamente ao antígeno injetado e formam imunocomplexos que são depositados nas paredes de pequenos vasos no local da injeção. Essa deposição dá origem a uma vasculite cutânea local, com trombose dos vasos afetados, levando à necrose tecidual. A relevância clínica da reação de Arthus é limitada; raramente, um indivíduo que recebeu uma dose de reforço de uma vacina pode desenvolver inflamação no local da injeção em decorrência do acúmulo local de imunocomplexos, como em uma reação de Arthus. Patogênese da doença mediada por imunocomplexos A quantidade de imunocomplexos depositados nos tecidos é determinada pela natureza dos complexos e pelas características dos vasos sanguíneos. Os complexos antígeno-anticorpo são gerados durante as respostas imunes normais, mas somente causam doença quando são produzidos em quantidades excessivas, não são eficientemente removidos e se depositam nos tecidos. Pequenos complexos não são normalmente fagocitados e tendem a se depositar nos vasos em maior proporção do que os grandes complexos, geralmente removidos pelos fagócitos. Os complexos contendo antígenos catiônicos ligam-se avidamente a componentes negativamente carregados das membranas basais dos vasos sanguíneos e dos glomérulos renais. Tais complexos geralmente produzem lesão tecidual grave e de longa duração. Os capilares dos glomérulos renais e da sinóvia são locais onde o plasma é ultrafiltrado (para formar a urina e o líquido sinovial, respectivamente), passando a alta pressão através de membranas basais especializadas, sendo que essas localizações estão entre os sítios mais comuns de deposição de imunocomplexos. No entanto, os imunocomplexos podem se depositar nos pequenos vasos de praticamente qualquer tecido. Depósitos de anticorpo e de complemento podem ser detectados nos vasos e, se o antígeno for conhecido, também é possível identificar as moléculas de antígeno nos depósitos. Os imunocomplexos depositados nas paredes dos vasos e nos tecidos ativam os leucócitos e mastócitos que secretam citocinas e mediadores vasoativos. Esses mediadores podem ampliar a deposição dos imunocomplexos nas paredes dos vasos pelo aumento da permeabilidade vascular e do fluxo sanguíneo. O principal mecanismo de lesão tecidual nas doenças causadas por imunocomplexos é a inflamação no interior das paredes dos vasos sanguíneos, resultando em ativação do complemento e ligação de receptores Fc presentes nos leucócitos aos anticorpos dos complexos depositados. Esse é o mesmo mecanismo que causa lesão na doença do soro, descrita anteriormente. Muitas doenças imunológicas sistêmicas em seres humanos são causadas pela deposição de imunocomplexos nos vasos sanguíneos. O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune na qual complexos constituídos de antígenos nucleares e anticorpos depositam-se nos vasos sanguíneos dos glomérulos renais, pele e muitos outros tecidos. Em um tipo de vasculite mediada por imunocomplexos envolvendo artérias musculares de calibre médio chamada poliarterite nodosa, os complexos são constituídos de antígenos virais e anticorpos e a doença é uma complicação tardia da infeção viral, frequentemente associada ao vírus da hepatite B. Esse também é o mecanismo de uma doença chamada glomerulonefrite pós-estreptocócica, que se desenvolve em casos raros após a infeção estreptocócica e é causada por complexos de antígenos estreptocócicos e anticorpos que se depositam nos Olívia Lazotti XXVII glomérulos renais. Em algumas formas de glomerulonefrite, os imunocomplexos não são detectados na circulação, levando ao postulado de que os antígenos são inicialmente fixados no rim e os complexos se formam localmente. 2) Caracterizar a glomerulonefrite pós estreptocócica (ver tratamento – específicopara síndrome nefrítica) Robbins e Clínica médica Geralmente aparece de 10 dias após uma faringite, e 1 a 4 semanas após a infecção estreptocócica da pele (impetigo). As infecções de pele estão comumente associadas à superpopulação e a uma higiene pobre. Epidemiologia: Entre as glomerulonefrítes agudas, a pós estreptocócica é a mais comum, sendo um distúrbio razoavelmente comum pelo mundo. Acomete principalmente crianças, com pico de incidência na faixa de 6 a 10 anos e discreto predomínio no sexo masculino. Adultos em todas as idades podem ser afetados, mas raramente são acometidos após os 40 anos. O uso frequente de antibióticos tem diminuído a incidência dessa doença. Etiologia e Patogenia: Somente certas linhagens do grupo A de estreptococos β-hemolíticos são nefritogênicos, com mais de 90% dos casos trilhados pelos tipos 12, 4 e 1, que podem ser identificados pela tipagem da proteína M da parede celular. A glomerulonefrite pós-estreptocócica é uma doença mediada imunologicamente. O período de latência entre a infecção e o início da nefrite é compatível com o tempo requerido para a produção de anticorpos e para a formação de complexos imunológicos. Titulações elevadas de anticorpos contra um ou mais antígenos estreptocócicos estão presentes na grande maioria dos pacientes. Os níveis do complemento no soro são baixos, compatíveis com a ativação do sistema complemento e o consumo de componentes do complemento. Existem depósitos imunológicos granulares nos glomérulos, provando o mecanismo mediado por complexos imunológicos. O componente antigênico estreptocócico responsável pela reação imunológica evitou sua identificação durante anos. Diversos antígenos catiônicos, incluindo um receptor estreptocócico de plasmina associado à nefrite (NAPlr), único para as linhagens nefritogênicas de estreptococos, podem ser encontrados nos glomérulos afetados. Outras evidências sugerem que a exotoxina piogênica estreptocócica B (SpeB) e seu precursor zimogênico (zSpeB), outra proteína que funciona como um receptor de plasmina, são os principais determinantes antigênicos na maioria dos casos de glomerulonefrite pós-estreptocócica. Não se sabe se estes representam antígenos plantados na MBG (membrana basal glomerular), ou partes dos complexos imunológicos circulantes, ou ambos. As proteínas da MBG alteradas pelas enzimas estreptocócicas também foram implicadas como antígenos. Morfologia: O quadro diagnóstico clássico é de um glomérulo aumentado e hipercelular. A hipercelularidade é causada por: (1) infiltração por leucócitos, tanto neutrófilos quanto monócitos; (2) proliferação de células endoteliais e mesangiais; (3) em casos graves pela formação de crescentes: A formação de crescentes ocorre após citocinas e fatores de crescimento atravessarem a membrana basal gromerular para iniciar a proliferação das células epiteliais parietais. Pequenas fissuras na membrana basal glomerular ocorrem secundária à lesão de oxidantes e proteases dos neutrófilos e macrófagos, permitindo assim, que o macrófago, ao entrar no espaço de Bowman, possa se proliferar. A proliferação e a infiltração de leucócitos são difusas, isto é, envolvem todos os lóbulos de todos os glomérulos. Há também um inchaço das células endoteliais e a combinação da proliferação, do inchaço e da infiltração leucocítica oblitera os lúmens capilares. Pode haver um edema intersticial e inflamação, e os túbulos frequentemente contêm grumos de células vermelhas. Por microscopia de fluorescência, existem depósitos granulares de IgG, IgM e C3 no mesângio e ao longo da MBG. Embora os depósitos de complexos imunológicos estejam quase universalmente presentes, eles são frequentemente focais e esparsos. Os achados da microscopia eletrônica característicos são depósitos eletrondensos, discretos e amorfos no lado epitelial da membrana, tendo frequentemente a aparência de “protuberâncias”, presumivelmente representando os complexos antígeno-anticorpo na superfície das células Olívia Lazotti XXVII epiteliais. Os depósitos subendoteliais e intramembranosos também são comumente observados, e os depósitos mesangiais podem estar presentes. Curso clínico: Dos indivíduos infectados por espreptococos, apenas 15% apresentam a doença, embora muitos casos sejam subclínicos e de resolução espontânea. Quadro clínico clássico: Hematúria macroscópica Edema Hipertensão Sinais de hipervolemia No entanto, o espectro de apresentação inclui desde quadros clínicos menos graves até a insuficencia renal grave. Criança jovem: Desenvolve abruptamente mal-estar, febre, náusea, oligúria e hematúria (urina esfumaçada ou com cor de coca-cola) de 1 a 2 semanas após a recuperação de um mal de garganta. Os pacientes têm grumos de células vermelhas na urina, proteinúria leve (geralmente menos de 1 g/dia), edema periorbital e hipertensão leve a moderada. Mais de 95% das crianças afetadas eventualmente se recuperam totalmente com uma terapia conservativa objetivando a manutenção do balanço de sódio e água. Uma pequena minoria de crianças (talvez menos de 1%) não melhora, se tornando gravemente oligúricas e desenvolvendo uma forma rapidamente progressiva de glomerulonefrite. Alguns dos pacientes podem sofrer progressão lenta para a glomerulonefrite crônica com ou sem recorrência de um quadro nefrítico ativo. A pesada proteinúria prolongada e persistente e a TFG anormal marcam os pacientes com um prognóstico desfavorável. Adultos: O início provavelmente é atípico, com uma aparência súbita de hipertensão e edema, frequentemente com elevação do NUS (nitrogênio uréico sanguíneo). Durante epidemia causada por infecções estreptocócicas nefritogênicas, a glomerulonefrite pode ser assintomática, descoberta somente na busca pela hematúria microscópica. Em adultos a doença é menos benigna. Embora o prognóstico geral seja bom, apenas em 60% dos casos esporádicos, os pacientes se recuperam prontamente. No restante as lesões glomerulares não se resolvem rapidamente, como manifestado por proteinúria persistente, hematúria e hipertensão. Em alguns destes pacientes, as lesões eventualmente desaparecem totalmente, mas outros desenvolvem glomerulonefrite crônica. Alguns pacientes desenvolverão uma síndrome de glomerulonefrite de progressão rápida. A recidiva é extremamente rara. A resolução espontânea é habitual, e geralmente rápida, com retorno da diurese em 1 a 2 semanas e da creatinina sérica em 4 semanas, além da normalização da pressão arterial. A hematúria pode demorar de 3 a 6 meses para desaparecer, enquanto a proteinúria regride a menos que 1g/dia em 2 a 3 meses. Achados laboratoriais: Elevações das titulações dos anticorpos antiestreptocócicos e um declínio na concentração sérica de C3 e outros componentes da cascata do complemento. O sedimento urinário mostra leucocitúria estéril, hematúria dismórfica e cilindros, além de proteínuria (inferior a 3g/dia) e a creatinina sérica geralmente pouco aumentada. Cerca de 80% dos pacientes apresenta elevação de marcadores imunológicos de infecção estreptocócica, como o anticorpo antiestreptolisina O (ASLO). A fase aguda cursa com hipocomplementemia, devido redução do C3, que normaliza após 2 meses. Diagnóstico: Evidência clínica de infecção recente Exame de urina tipicamente mostrando eritrócitos dismórficos, cilindros hemáticos, proteinúria, leucócitos e células tubulares renais Geralmente, hipocomplementemia Olívia Lazotti XXVII Só devemos fazer biópsia renal na criança nos casos com história familiar de nefropatia, elevação progressiva de creatininca sérica, proteinúria nefrótica ou hematúria macroscópica prinlongadas e persistência de hipertensão arterial. Tratamento – síndrome nefrítica: O protótipo da síndrome nefrítica é a glomerulonefrite pós-estreptocócica. Tratamento de síndrome nefrítica sem complicações (em caso de diagnóstico presuntivode glomerulonefrite pós- estreptocócica): Dieta hipossódica e repouso enquanto houver expansão do volume hídrico corporal. Sintomáticos: diuréticos, anti-hipertensivos. Imunossupressão: na maioria das vezes não é necessário; apenas nos raros casos com oligúria prolongada, proteinúria nefrótica com hipoalbuminemia ou insuficiência renal rapidamente progressiva, com crescentes glomerulares à biópsia renal, pode haver indicação (que não é formal) de uso de imunossupressores. 3) Diferenciar síndrome nefrítica e síndrome nefrótica (diferença clínica e laboratorial – não ver fisiopato) Clínica Médica SÍNDROME NEFRÍTICA: Manifestação das glomerulonefrites caracterizada pela presença de hematúria e hipertensão arterial e, por vezes, edema. Nesse grupo encontramos, entre outras patologias, a nefropatia da IgA, glomerulonefrite membrano-proliferativa (GNMP) e as vasculites ANCA-relacionadas. Nos casos em que ocorre rápida perda de função renal estamos diante da glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRP), que requer rápido diagnóstico e tratamento para evitar perda permanente da função renal. Clínica: A síndrome nefrítica clássica tem início repentino (dias/semanas) sendo que a principal causa é a glomerulonefrite pós-estreptocócica. Independente da origem, o quadro básico é caracterizado por hematúria, proteinúria leve (não-nefrótica, ou seja, menor que 3,5g/24h) e oligúria (400 ml/dia de urina) SÍNDROME NEFRÓTICA: A síndrome nefrótica é definida como a associação entre essas quatro anomalias: proteinúria maciça, hipoalbuminemia, edema generalizado e hipercolesterolemia/hipertrigliceridemia. Na síndrome nefrótica, o distúrbio básico é a proteinúria (>3,5 g/dia). Consequentemente, a concentração plasmática de proteínas, particularmente a de albumina, se reduz (hipoalbuminemia), contribuindo à formação de edema generalizado devido à queda da pressão oncótica do plasma (na maioria dos pacientes ocorre também retenção primária de sódio pelos rins. A hipooncoticidade plasmática, por sua vez, estimula a biossíntese de proteínas pelo fígado, o que evidentemente atenua a hipoproteinemia, mas provoca um aumento paralelo da síntese de lipoproteínas e, consequentemente, uma elevação da taxa plasmática de colesterol (hipercolesterolemia) e/ou triglicerídeos (hipertrigliceridemia). Clínica: A síndrome nefrótica pode ser causada por diversas doenças que acometem os rins. É caracterizada por proteinúria maciça (superior a 3,5g/ 24 horas), com tendência a edema, hipoalbuminemia (albumina sérica inferior a 3,4g/dl) e hiperlipidemia. Manifestações laboratoriais: Olívia Lazotti XXVII 4) Diferenciar emergência e urgência hipertensiva Urgência hipertensiva: A urgência hipertensiva é condição clínica, sem risco de vida iminente e sem comprometimento de órgão-alvo, na qual a pressão arterial diastólica encontra-se acima de 120 mmHg. Deve ser reduzida em algumas horas ou até em alguns dias com medicação oral. Emergência hipertensiva: A emergência hipertensiva é caracterizada por uma elevação crítica da PA acompanhada de sinais que indicam comprometimento agudo de órgão-alvo em progressão como acidente vascular cerebral, edema agudo, infarto agudo e dissecção aórtica. Estes casos devem ser tratados com medicamento parenteral e em ambiente hospitalar. A droga de escolha é o Nitroprussiato de Sódio Caderno da Atenção Básica de HAS O conceito de crise hipertensiva, uma situação em que se atribuía riscos imediatos ante a elevação da pressão arterial, derivou da constatação de acentuadas elevações da pressão arterial na vigência de catástrofes clínicas, como o acidente vascular encefálico e infarto do miocárdio. Entretanto, há evidências de que em muitas dessas situações a causalidade seja reversa, onde a elevação da PA decorre de potentes estímulos hipertensores gerados em decorrência do órgão em sofrimento. Há poucas situações em que elevações abruptas da pressão arterial podem provocar dano orgânico em curto prazo. As mais conhecidas são a hipertensão acelerada-maligna e a encefalopatia hipertensiva. Em outras situações, a elevação acentuada da PA parece contribuir para a exacerbação de condições clínicas. Não há valores pressóricos fixos que, acompanhados das situações listadas, constituam um delimitador diagnóstico. De acordo com dados experimentais e experiência clínica mais antiga costuma-se apontar 130 mmHg de pressão diastólica como um valor de referência, sem esquecer que a situação clínica é mais importante para o diagnóstico do que a cifra tensional. Muitos pacientes que têm a PA reduzida rapidamente em salas de emergência não têm emergência ou urgência hipertensivas, pois não apresentam qualquer das manifestações do Quadro 16. Provavelmente nesta situação, o que ocorre são casos de hipertensão não controlada. A conduta mais adequada é recomendar correta avaliação ambulatorial. Em alguns casos pode se iniciar ou corrigir o tratamento anti-hipertensivo em uso, com fármacos por via oral, mantendo-se observação por breves períodos em casos suspeitos de anormalidades subclínicas. Na presença de PA muito elevada, acompanhada de sintomas, há necessidade de uma adequada avaliação clínica, incluindo exame físico detalhado e fundoscopia de olho. Nas emergências hipertensivas recomenda-se controlar a pressão mais rapidamente, enquanto nas urgências hipertensivas o controle pode ser gradual, num período de até 24 horas. Idealmente, os pacientes em emergência hipertensiva devem ser encaminhados para internação em unidade de tratamento intensivo com monitorização da PA e do eletrocardiograma. A urgência hipertensiva pode ser tratada com a instituição de tratamento medicamentoso convencional. Pode ser utilizado captopril, propranolol ou clonidina oral. A furosemida ainda é empregada para tratamento de emergências e urgências hipertensivas, mas só deve ser usada na concomitância de edema agudo de pulmão; em outras situações, pode causar imprevisível queda de pressão arterial. Olívia Lazotti XXVII 5) Ver o sistema imune da criança - porque a criança é tão suscetível à IVAS As infecções de vias aéreas são as principais causas de hospitalizações nos primeiros anos de vida, principalmente quando as doenças respiratórias estão associadas aos quadros de pneumonia. São responsáveis por mais de 20% da taxa de mortalidade em crianças de menores de cinco anos. O principal responsável por esses casos, em lactentes, é o Pneumococo, seguido de outros agentes etiológicos como Staphylococcus aureus, Moraxella catarrhalis, Haemophilus, Vírus Sincicial Respiratório (VRS), e outros. Infecções respiratórias em lactentes: Os lactentes possuem particularidades anatômicas e fisiológicas do trato respiratório que os predispõem a infecções respiratórias com maior frequência, quando comparamos com crianças maiores, e podem desenvolver quadros de insuficiência respiratória. Particularidades anatômicas e fisiológicas dos lactentes: 1. Os lactentes até os seis meses possuem respiração nasal. Dessa forma, qualquer condição que acarreta obstrução das vias aéreas superiores dificultam a entrada de ar para os pulmões. 2. O fato de respirarem mais rápido naturalmente e possuírem musculatura respiratória menos desenvolvida predispõem com maior frequência a fadiga respiratória. 3. As vias aéreas dos lactentes são menores e mais curtas. Dessa forma, patologias respiratórias que reduzem o diâmetro das vias aéreas, mesmo que minimamente, estão relacionadas a um aumento do trabalho respiratório e da resistência ao fluxo de ar. 4. A língua dos lactentes é maior e ocupa uma maior parte da cavidade oral, em comparação com crianças maiores. Isso significa que, caso ocorra perda do tônus muscular e queda de língua, ocorre obstrução grave de via aérea em lactentes. 5. As crianças possuem a laringe em formato de funil,diferente dos adolescentes e adultos, que possuem a laringe em formato cilíndrico. Em quadros de laringites agudas, ocorre um aumento importante da resistência ao fluxo de ar nesta região e, pode ocorrer insuficiência respiratória aguda, 6. A epiglote dos lactentes é mais longa, flácida e possui formato de “U” ou “V”. Nesse sentido, o formato da epiglote, juntamente com a projeção da região posterior da língua, ocorre um estreitamento da retrofaringe e a resistência ao fluxo de ar fica aumentada. Quadros de epiglotite, que cursam com edema e inflamação dessa região, favorecem a instalação de insuficiência respiratória aguda e grave. 7. A composição cartilaginosa dos ossos e a musculatura respiratória pouco desenvolvida resulta em uma caixa torácica mais complacente nos lactentes. Dessa forma, eles necessitam realizar um maior esforço respiratório, para gerar volume corrente adequado. 8. Os RN e lactentes possuem os arcos costais mais horizontais e a caixa torácica arredondada. Esses aspectos dificultam a dinâmica respiratória devido a menor elevação das costelas durante a contração da musculatura intercostal. 9. O posicionamento do diafragma também possui inserção mais alta e mais horizontal. Nesse sentido, a movimentação da musculatura diafragmática é mais limitada e a expansibilidade da caixa torácica não ocorre como em adultos. 10. A taxa metabólica é maior em lactentes e, consequentemente, o consumo de oxigênio também. Entretanto, estão mais susceptíveis a desenvolverem hipóxia e hipoxemia, uma vez que a capacidade residual funcional é menor, bem como as reservas de oxigênio. https://pebmed.com.br/atividades-fisicas-ajudam-no-tratamento-de-doencas-respiratorias/
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