Prévia do material em texto
Texto 1 – SEBER, M. da G. O Contexto Histórico da Psicologia. In: SEBER, M. da G. Psicologia do Pré-Escolar: uma visão construtivista. São Paulo: Moderna, 1995. Considerações gerais Os questionamentos fazem parte da existência humana. Desde a criança até os adultos, o questionar, bem como o seu conteúdo, revela as suas preocupações. Influência das reflexões filosóficas sobre a psicologia Com a o desenvolvimento da consciência de si, o ser humano passa a buscar a entender o mundo. Disto, a filosofia (com suas devidas alterações de significado percorridas ao longo da história e culturas) passa ser uma forma de compreender o universo, e que seu desenvolvimento promove a formação de outras disciplinas, como a psicologia. · FILOSOFIA - PSICOLOGIA “Consta que a palavra psicologia foi usada pela primeira vez no século XVI para designar parte da filosofia que estudava a natureza da "alma" ou do "espírito". À medida que esse ramo da filosofia foi se estendendo, surgiu a necessidade de defini-lo. E, mais ainda, tornou-se importante separar filosofia e psicologia.” (p.2) Assim, a separação dessas duas disciplinas vai se estabelecendo ao longo do tempo. Cada vez mais o estudo da essência dos processos psíquicos no ato de conhecer ficou por parte dos filósofos, já os psicólogos passar a tratar dos mesmos processos, por meio de métodos experimentais, indo além de somente a reflexão – “as investigações dos psicólogos se concentraram nos aspectos observáveis dos fenômenos mentais, provocados mediante a utilização de técnicas apropriadas.” (p.2) A separação dessas disciplinas acentua-se com a criação dos laboratórios experimentais de psicologia, no desenvolvimento de métodos científicos para o estudo do comportamento humano – isso se relaciona com os acontecimentos históricos do séc. XIX, por conta dos progressos, de maneira geral, da ciência e de seus métodos experimentais de análise. No decorrer de sua formação, diversas posições e perspectivas da psicologia se estabelecem (relacionadas com as correntes filosóficas em voga no período) e entram em debate. Dentre as quais, as que mais influenciaram: o racionalismo e o empirismo. Filosofias empiristas e racionalistas Para os empiristas: a partir das percepções sensoriais e experiências do indivíduo, o conteúdo mental é formado. Sendo este conteúdo associado aos poucos e também ligado outros novos. Essas explicações empiristas permitiram a origem de um movimento psicológico denominado de associacionismo, que contribuiu para o maior estabelecimento da psicologia enquanto ciência, distanciando-se ainda mais da filosofia. Diferente destes últimos, os racionalistas defendiam que os indivíduos já nasciam com certas capacidades mentais inatas, como a identificação do rosto humano, distinção de outros objetos físicos e aquisição da linguagem. Capacidades estas manifestadas, de melhor maneira, ao longo da maturação biológica. Em suma, a preocupação dos racionalistas está centrada naquilo que a mente realiza e não no seu conteúdo (preocupação dos empiristas). Influência das pesquisas psicológicas na educação Com a significativa separação da filosofia (final do séc. XIX e início do séc. XX), os conhecimentos psicológicos são levados para a área da educação. O que, em conciliação com os sistemas educativos com as mudanças socioeconômicas, promove o estudo aprofundado sobre as crianças. No período, duas concepções de educação predominavam: uma baseada no empirismo-associacionismo e outra no racionalismo. A primeira devia estar subordinada a certas prioridades, ou seja, educação como um processo através do qual a sociedade dos adultos influi sobre o desenvolvimento infantil, relacionando com os interesses (como os econômicos) destas sociedades – onde os estudos sobre desenvolvimento psicológico são incentivados e justificados (os testes de inteligência, por exemplo). Já na segunda, os estudiosos se preocupam com as necessidades da infância, visualizando a educação infantil como um processo que se efetiva de dentro para fora e utilizando a espontaneidade da criança para a revelação de suas capacidades inatas. Dessa forma, as pesquisas partem de investigações da evolução mental e manifestações psicológicas das crianças. “Para Piaget (1976 a), a influência da psicologia sobro a pedagogia que dela resultou tornou-se mais intensa a partir das pesquisas psicológicas e do desenvolvimento de métodos de observação. Estudos mais profundos sobre a criança provocaram mudança radical de pontos de vista, colocando a psicologia do século XX numa posição diferente daquela do século XIX e, consequentemente, acarretando transformações na área da pedagogia.” (p.9) No desenrolar dos estudos pedagógicos e psicológicos, os estudam passam, cada vez mais, a deixarem de ser realizados somente nos laboratórios para, também, nas salas de aula. Os argumentos: maior adequação das técnicas educativas com o desenvolvimento infantil; facilidade na observação e análise científicas. “Fazendo uma breve retrospectiva, vimos que durante longo período a psicologia foi considerada um ramo da filosofia. Apesar de ter conquistado aos poucos autonomia e de ser considerada ciência, com campo próprio de estudo, suas raízes históricas permeiam constantemente as correntes, embora as conclusões teóricas apresentem inovações. Muitas das divergências atuais refletem, portanto, oposições filosóficas de séculos anteriores.” (p.10)