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UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO – ICSC CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CPC 47 - Receita de Contrato com Cliente Nome: Amanda Fernanda Silva RA: T4718A3 Outubro/ 2020 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO Teoria 4 O foco no contrato (unidade de conta): 4 O monitoramento contínuo dos contratos: 5 Uma estrutura de controles internos num padrão de qualidade considerado, no mínimo, aceitável para os propósitos aos quais se destina: 5 A realização de ajustamentos tempestivos: 5 A qualidade da informação (valor preditivo e confirmatório das demonstrações financeiras): 6 Procedimentos uniformes que permitam a comparabilidade das demonstrações financeiras 6 Estrutura de controles internos: 6 Início de reconhecimento da receita: 7 Ajustamentos contábeis preditivos: 7 Notas explicativas: 8 Custos do contrato 8 Custo incremental para obtenção de contrato 8 Custo para cumprir o contrato 9 Divulgação 9 Prática 10 Como se adequar 11 Conclusão 15 Referência bibliográfica 16 3 INTRODUÇÃO O reconhecimento de receita de contratos com clientes passa a ter uma nova disciplina normativa, baseada na transferência do controle do bem ou serviço prometido, seja essa transferência observada em um momento específico do tempo (at a point in time) ou ao longo do tempo (over time), conforme a satisfação ou não das denominadas “obrigações de performance contratuais”. A manutenção do método de reconhecimento de receita denominado Percentual of Completion – POC (over time) ou adoção do método das chaves (at a point in time), por exemplo, decorrerá de adequadas análises contratuais por parte da administração da companhia. A CVM entende que a determinação de uma política contábil deve estar alinhada ao modelo de negócio (de gestão da companhia e plenamente integrada ao ambiente econômico e ao contexto fático e jurídico da jurisdição onde a entidade opera). Mais ainda, que a qualidade da implementação dessa política contábil escolhida é função de um robusto sistema de controles internos que permita sua operacionalização com integridade, verificabilidade e confiabilidade. Somente assim as demonstrações financeiras produzidas por essa estrutura de controles serão capazes de atingir seu objetivo fundamental, qual seja, o de gerar informações úteis a seus usuários no subsídio a seus processos decisórios. 4 Teoria Em síntese, existem cinco questões centrais para a aplicação do CPC 47 (IFRS 15) às transações de venda de unidades imobiliárias não concluídas realizadas por companhias do setor de incorporação imobiliária são: O foco no contrato (unidade de conta): Esse é o elemento central do CPC 47 (IFRS 15) na relação entre a entidade e o cliente. O contrato é a unidade de conta a ser analisada e acompanhada e sobre o qual recairá a política contábil adotada pela companhia. O monitoramento contínuo dos contratos: É necessário o monitoramento contínuo dos contratos para identificação de quaisquer eventos que indiquem incertezas quanto à entrada de fluxo de caixa para a entidade, possibilitando, assim, os ajustamentos tempestivos necessários nas demonstrações financeiras. Uma estrutura de controles internos num padrão de qualidade considerado, no mínimo, aceitável para os propósitos aos quais se destina: É uma condição “sine qua non” para resguardar a qualidade e integridade das informações contidas nas demonstrações financeiras da entidade, principalmente tratando-se de um modelo sofisticado de reconhecimento de receita ao longo do tempo, 5 para o qual é fundamental a pronta identificação de evidências econômico financeiras que demandem ajustes imediatos no reconhecimento de receitas e custos; A realização de ajustamentos tempestivos: As demonstrações financeiras têm representação fiel quando são capazes de evidenciar, tempestivamente, os atos de gestão praticados pelos administradores no gerenciamento dos recursos a eles disponibilizados. A qualidade da informação (valor preditivo e confirmatório das demonstrações financeiras): As demonstrações financeiras (que inclui as notas explicativas) devem apresentar informações detalhadas das variáveis críticas consideradas em sua preparação de forma a permitir aos tomadores de decisões elaborarem modelagens distintas daquela efetuada pelos administradores. Procedimentos uniformes que permitam a comparabilidade das demonstrações financeiras Nesse contexto, considerando todo o exposto, é necessário o estabelecimento de procedimentos uniformes que permitam a comparabilidade das demonstrações financeiras entre as companhias do setor, bem como o acompanhamento da evolução de cada uma delas ao longo do tempo. 6 Os tópicos a seguir apresentam os principais pontos (que a CVM julga necessários) para essa uniformização: Estrutura de controles internos: A adoção do método de reconhecimento de receita denominado POC, utilizado, por consequência, para medição de desempenho do negócio e/ou unidades do negócio periodicamente, tem por implicação a necessidade imperativa da existência e pleno funcionamento de sistemas robustos de controles internos, automatização da contabilidade, recrutamento de pessoal qualificado, treinamento e conscientização de pessoal, desenvolvimento e atualização de manuais de políticas e procedimentos, dentre outras medidas necessárias para a adequada medição do desempenho. O Ofício salienta que, conforme previsto na Instrução CVM 308, os auditores independentes devem elaborar relatório circunstanciado sobre os controles internos da companhia e endereçar à Administração e aos órgãos de governança competentes da companhia. Início de reconhecimento da receita: A política contábil de reconhecimento de receita, elaborada e aprovada pela administração da companhia, deve especificar os princípios, as bases, as convenções, as regras e as práticas específicas a serem aplicadas na elaboração e na apresentação de suas demonstrações financeiras. 7 Também deve indicar os fatores técnicos, econômicos, financeiros, legais, entre outros, que deem causa ao início do processo de reconhecimento de receita. Esse momento representa a declaração da companhia, perante terceiros, de seu compromisso quanto ao desenvolvimento efetivo de empreendimento imobiliário. Ajustamentos contábeis preditivos: Para assegurar a manutenção da utilidade das demonstrações financeiras, especialmente em cenário econômico de estresse, é necessário efetuar-se uma análise pormenorizada dos contratos com clientes a fim de identificar incertezas quanto à entrada dos fluxos de caixa futuros para a entidade. Notas explicativas: É importante que as demonstrações financeiras permitam aos seus usuários efetuarem modelagens sobre perspectivas de fluxo de caixa e desempenho futuros conforme seu próprio modelo decisório. É necessário que as entidades apresentem notas explicativas às demonstrações financeiras que contenham as informações mínimas sobre os contratos celebrados que foram avaliados e se qualificaram para o reconhecimento de receita ao longo do tempo (over time) ou se qualificaram para reconhecimentonum momento específico do tempo (at a point in time), além daqueles que porventura ainda não se qualificaram para reconhecimento contábil da receita de acordo com o CPC 47 (IFRS 15), de forma a permitir aos usuários analisar e ajustar as demonstrações financeiras da forma que considerarem mais adequada a seu modelo decisório. 8 Custos do contrato Custo incremental para obtenção de contrato A entidade deve reconhecer como ativo os custos incrementais para obtenção de contrato com cliente, se a entidade espera recuperar esses custos. Custo incremental para obtenção de contrato são os custos em que a entidade incorre para obter o contrato com o cliente que ela não teria incorrido, se o contrato não tivesse sido obtido (por exemplo, comissão de venda). Os custos para obter o contrato, que forem incorridos independentemente da obtenção do contrato, devem ser reconhecidos como despesa quando incorridos, a menos que esses custos sejam expressamente cobráveis do cliente, independentemente da obtenção do contrato. Como expediente prático, a entidade pode reconhecer os custos incrementais para obtenção de contrato como despesa quando incorridos, se o período de amortização do ativo que a entidade teria de outro modo reconhecido for de um ano ou menos. Custo para cumprir o contrato Se os custos incorridos no desempenho do contrato com o cliente não estiverem dentro do alcance de outro pronunciamento (por exemplo, o CPC 16 – Estoques, o CPC 27 – Ativo Imobilizado ou o CPC 04 – Ativo Intangível), a entidade deve reconhecer o ativo a partir dos custos incorridos para cumprir o contrato, somente se esses custos atenderem a todos os critérios a seguir: 9 ● os custos referem-se diretamente ao contrato ou ao contrato previsto que a entidade pode especificamente identificar (por exemplo, custos relativos a serviços a serem prestados de acordo com a renovação de contrato existente ou custos para projetar o ativo a ser transferido, de acordo com contrato específico que ainda não foi aprovado); ● os custos geram ou aumentam recursos da entidade que serão usados para satisfazer (ou para continuar a satisfazer) a obrigações de performance no futuro; e (c) espera-se que os custos sejam recuperados. Divulgação O objetivo dos requisitos de divulgação consiste em que a entidade divulgue informações suficientes para permitir aos usuários de demonstrações contábeis compreender a natureza, o valor, a época e a incerteza de receitas e fluxos de caixa provenientes de contratos com clientes. Para atingir esse objetivo, a entidade deve divulgar informações qualitativas e quantitativas 10 Prática Exemplo Reconhecimento de Receita de acordo com o CPC 47 ● Produto: X; ● Mensalidade: R$100; ● Termo de Contrato: 10 meses; ● Impostos retidos na fonte: ● Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF): 1,5%; fato gerador: emissão da nota fiscal; ● prazo de pagamento: até o dia 20 do mês subsequente; ● Contribuições Sociais Retidas (CSR ou CSRF): ● Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL): 1,0%; ● PIS: 0,65%; ● COFINS: 3,00%. ● Taxa do intermediador de pagamento (ex. operadora de cartão ou boleto): 2,00%. Cliente opta por pagar os 10 meses antecipadamente e a vista no dia 27 de maio.No mesmo dia, você emite uma Nota Fiscal de R$1000 e emite um boleto de R$938,50 (a diferença é referente a impostos retidos na fonte. Entretanto, não se reconhece a receita de R$1000,00 no mês de maio. Pelo contrário, os R$1000 vão para uma conta de passivo chamada Antecipação de Clientes ou Receita Diferida. 11 Conforme o serviço é prestado nos próximos 10 meses, reconhece-se a receita. Mensalmente, abate-se (débito) R$100 dessa mesma conta e credita-se a conta de Receitas. Conceitualmente, o mais coerente seria emitir Notas Fiscais de R$100 ao longo de cada mês de prestação de serviço. No entanto, compradores solicitam Nota Fiscal para realizar o pagamento. Dessa forma, a maioria das empresas emitiria uma NF de R$1.000 no momento da venda. Note que não é necessário se ter uma Nota Fiscal para realizar um pagamento pois um contrato formalizando a antecipação de pagamento bastaria. Como se adequar Entradas contábeis do lado do prestador do serviço ● 27 de maio (venda): emissão da Nota Fiscal (R$1000,00), envio do Boleto (R$938,50) e fatura (R$1000,00); ● 5 de junho (pagamento): ● Entrada contábil 1: ● Débito Caixa: R$938,50; ● Débito Impostos a Recuperar (IR): R$15,00; ● Débito Impostos a Recuperar (CSLL): R$10,00; ● Débito Impostos a Recuperar (PIS): R$30,00; ● Débito Impostos a Recuperar (COFINS): R$6,50; ● Crédito Adiantamento de Clientes: R$1000,00. ● Entrada contábil 2: 12 ● Débito Despesa Financeira: R$18,77 (R$938,50 * 2,00%); ● Crédito Caixa: R$18,77. Note que preferi separar o evento deste dia em 2 entradas contábeis para facilitar o entendimento. Entretanto, também poderíamos fazer uma única entrada refletindo o que efetivamente entra no caixa (e estará em seu extrato bancário): ● Débito Caixa: R$919,73; ● Débito Impostos a Recuperar (IR): R$15,00; ● Débito Impostos a Recuperar (CSLL): R$10,00; ● Débito Impostos a Recuperar (PIS): R$30,00; ● Débito Impostos a Recuperar (COFINS): R$6,50; ● Débito Despesa Financeira: R$18,77 (R$938,50 * 2,00%); ● Crédito Adiantamento de Clientes: R$1000,00. ● No fim de maio: abate-se o imposto retido na fonte dos impostos a pagar: ● Débito Impostos a Pagar (IRRF): R$15,00; ● Crédito Impostos a Recuperar (IRRF): R$15,00. ● A cada mês de prestação de serviço: ● Débito Adiantamento de Clientes: R$100,00; ● Crédito Receita SaaS: R$100,00. No fim de junho: abate-se o imposto retido na fonte dos impostos a pagar (CSR). A diferença entre as datas de abatimento de CSR e do IRRF se dá porque o fato gerador desses impostos é diferente. Para o IRRF, é a emissão da NF. Para a CSR, é o pagamento: ● Entrada contábil 1: ● Débito Impostos a Pagar (CSLL): R$10,00; 13 ● Crédito Impostos a Recuperar (CSLL): R$10,00. ● Entrada contábil 2: ● Débito Impostos a Pagar (PIS): R$30,00; ● Crédito Impostos a Recuperar (PIS): R$30,00. ● Entrada contábil 3: ● Débito Impostos a Pagar (COFINS): R$6,50; ● Crédito Impostos a Recuperar (COFINS): R$6,50. As entradas do lado do tomador do serviço ● 5 de junho (pagamento): ● Débito Adiantamento a Fornecedor: R$1000,00; ● Crédito Impostos Retidos a Pagar (IRRF): R$15,00; ● Crédito Impostos Retidos a Pagar (CSLL): R$10,00; ● Crédito Impostos Retidos a Pagar (PIS): R$30,00; ● Crédito Impostos Retidos a Pagar (COFINS): R$6,50; ● Crédito Caixa: R$938,50. ● A cada mês de prestação de serviço: ● Débito Despesa SaaS: R$100,00; ● Crédito Adiantamento a Fornecedor: R$100,00. ● 20 de junho (prazo para o pagamento da DARF IRRF): ● Débito Impostos Retidos a Pagar (IRRF): R$15; ● Crédito Caixa:R$15. ● 20 de julho (prazo para o pagamento da DARF CSR): ● Débito Impostos Retidos a Pagar (CSLL): R$10,00; ● Débito Impostos Retidos a Pagar (PIS): R$30,00; 14 ● Débito Impostos Retidos a Pagar (COFINS): R$6,50; ● Crédito caixa: R$46.5. Note que, se o tomador de serviço não recolher os impostos retidos, o fisco pode cobrar o prestador de serviço. Assim, o prestador precavido solicita de seus clienteso comprovante de pagamento dos impostos retidos na fonte mensalmente. Especificamente, são 2 DARFs, 1 para o IRRF e outro para as CSRF. 15 Conclusão Essa norma contábil trouxe mudanças significativas para o reconhecimento das receitas em diversos segmentos empresariais, de forma que a alteração teve forte impacto sobre os demonstrativos contábeis e muitas dúvidas no aspecto tributário. A mudança teve por objetivo estabelecer os princípios para que as empresas apresentassem informações úteis aos usuários de demonstrações contábeis no que diz respeito aos valores à época e às incertezas relacionadas ao recebimento de fluxos de caixa provenientes dos contratos firmados com os seus clientes. 16 Referência bibliográfica COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 47-RECEITA DE CONTRATO COM CLIENTE, disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/527_CPC_47_Rev%2014.pdf 17
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