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Administração financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1 Administração financeira Créditos Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância Diretor Regional Luiz Francisco de Assis Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Reitor Sidney Zaganin Latorre Diretor de Graduação Eduardo Mazzaferro Ehlers Gerentes de Desenvolvimento Claudio Luiz de Souza Silva Roland Anton Zottele Coordenadora de Desenvolvimento Tecnologias Aplicadas à Educação Regina Helena Ribeiro Coordenador de Operação Educação a Distância Alcir Vilela Junior Professor Autor Clodoir Vieira Revisora Técnica Fátima Guarda Sardeiro Técnica de Desenvolvimento Regina de Freitas Jardim Ferraz Coordenadoras Pedagógicas Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Nivia Pereira Maseri de Moraes Equipe de Design Educacional Adriana Mitiko do Nascimento Takeuti Alexsandra Cristiane Santos da Silva Angélica Lúcia Kanô Cristina Yurie Takahashi Diogo Maxwell Santos Felizardo Elisangela Almeida de Souza Flaviana Neri Francisco Shoiti Tanaka João Francisco Correia de Souza Juliana Quitério Lopez Salvaia Kamila Harumi Sakurai Simões Karen Helena Bueno Lanfranchi Katya Martinez Almeida Lilian Brito Santos Luciana Marcheze Miguel Mariana Valeria Gulin Melcon Mayra Bezerra de Sousa Volpato Mônica Maria Penalber de Menezes Mônica Rodrigues dos Santos Nathalia Barros de Souza Santos Renata Jessica Galdino Sueli Brianezi Carvalho Thiago Martins Navarro Coordenador Multimídia e Audiovisual Adriano Tanganeli Equipe de Design Visual Adriana Matsuda Camila Lazaresko Madrid Danilo Dos Santos Netto Estenio Azevedo Hugo Naoto Inácio de Assis Bento Nehme Karina de Morais Vaz Bonna Lucas Monachesi Rodrigues Marcela Corrente Marcio Rodrigo dos Reis Renan Ferreira Alves Renata Mendes Ribeiro Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti Thamires Lopes de Castro Vandré Luiz dos Santos Victor Giriotas Marçon William Mordoch Equipe de Design Multimídia Cláudia Antônia Guimarães Rett Cristiane Marinho de Souza Eliane Katsumi Gushiken Elina Naomi Sakurabu Emília Correa Abreu Fernando Eduardo Castro da Silva Michel Iuiti Navarro Moreno Renan Carlos Nunes De Souza Rodrigo Benites Gonçalves da Silva Wagner Ferri Administração financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 Objetivos Específicos • Entender as principais aplicações da disciplina, sua importância é relembrar as principais demonstrações financeiras. Temas Introdução 1 Conceitos gerais 2 As origens e aplicações de caixa Considerações finais Referências Clodoir Vieira Administração financeira Aula 01 Professor O papel e o ambiente da administração financeira Administração financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 Introdução As empresas são entidades vivas e em constante evolução. Portanto, não seria de estranhar que o estudo das finanças seja ainda mais dinâmico. Nos últimos anos, temos presenciado importantes mudanças que elevaram o grau de sofisticação da administração financeira, cujo papel é maximizar o valor das organizações através da geração de lucro e caixa. A visão atual da função do administrador financeiro não envolve apenas a tomada de decisão de financiamento e investimentos ou o controle das contas, mas abrange a chamada longevidade dos negócios. Isso quer dizer que o administrador financeiro, apesar de não se envolver com a produção, é uma das peças-chave para a perpetuidade da companhia. A palavra sustentabilidade entrou no jogo. Após a intensificação da globalização, na década de 1990, o fluxo internacional de capitais, de produtos e de serviços tornou-se mais intenso e as empresas ficaram mais vulneráveis às crises e eventos internacionais. Isso fica claro na crise de 2008, que iniciou nos Estados Unidos e contaminou o mundo inteiro, principalmente a Europa. Por esse motivo, a administração financeira torna-se cada vez mais sofisticada, com novos instrumentos e conceitos. Há um aumento da preocupação com a gestão de riscos, que se tornou fundamental no estudo da administração financeira. Novos instrumentos financeiros surgiram, como os derivativos. Importante lembrar que, apesar de o objetivo das empresas ser a produção, sua trajetória financeira pode ser motivo de seu sucesso ou seu fracasso. Casos recentes como o da Sadia, que sofreu grandes perdas financeiras por conta de operações com derivativos, exemplificam a importância de uma boa gestão de riscos. Neste capítulo iremos abordar o conceito de administração financeira, sua importância para a geração de valor nas corporações, retomar os conceitos básicos das demonstrações financeiras e sua relação com as atividades empresariais. 1 Conceitos gerais 1.1 Administração financeira Para compreender a administração financeira e o papel dos profissionais que atuam nessa área, é preciso entender o conceito de finanças. “Podemos definir finanças como a arte e a ciência de administrar fundos” (GITMAN, 2005, p. 4). Ao contrário do que se imagina, os administradores financeiros não atuam apenas em instituições financeiras, mas em empresas e segmentos de todos os tipos e tamanhos. “Já que a maioria das decisões empresariais são tomadas em termos financeiros, o administrador financeiro desempenha um papel crucial na operação da empresa” (GITMAN, 2005, p. 10). Administração financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 No contexto das empresas a administração das finanças busca otimizar o uso dos recursos disponíveis com vista a ampliar a lucratividade e a geração de caixa. Para isso, há uma grande variedade de funções na administração financeira que envolve atividades, como controle de gastos, elaboração de orçamento, gestão de caixa, captação de recursos e decisões de investimentos. Dessa forma, afirma-se que as funções do administrador financeiro concentram-se em três áreas principais: planejamento financeiro (caixa), atividades de investimento (ativo) e atividades de financiamento (passivo e patrimônio líquido). Deve-se, entretanto, frisar que tanto as decisões de investimento quanto de financiamento dependem de um fator: caixa. É a geração de caixa que garante a longevidade da empresa e não a lucratividade. Portanto o caixa é o “calcanhar de Aquiles” de um administrador financeiro. Você entenderá melhor o que estamos explicando quando falarmos de regime de caixa versus regime de competência. 1.2 Planejamento financeiro A principal função do administrador é o planejamento financeiro, que traça o caminho a ser percorrido pela empresa para que seus objetivos sejam atingidos. Podemos ver o planejamento financeiro como um mapa a ser seguido. Ele envolve também o monitoramento de todas as atividades (produção, investimento e financiamento). Ao ter em mãos um planejamento financeiro consistente, a alta direção da empresa tem maior confiança em tomar suas decisões, seja de aumentar ou reduzir a produção, contrair um empréstimo ou realizar um investimento. O processo começa com a elaboração de planos financeiros de longo prazo, ou estratégicos. A estratégia traçada servirá para orientar a formulação de planos e orçamentos de curto prazo. O planejamento financeiro deve ser composto por dois planos essenciais: o planejamento de caixa e o planejamento de resultados. Como falamos, a gestão de caixa é primordial para a perpetuidade da empresa. Dessa forma, o orçamento de caixa é um passo importante. O orçamento de caixa, também denominado de previsão de caixa, é uma demonstração que apresenta as entradas e as saídas de caixa planejadas da empresa, que a utiliza para estimar suas necessidades de caixa no curto prazo, com especial atenção para o planejamento do uso de superávits e a cobertura de déficits. De uma forma geral, o orçamentode caixa deve cobrir o prazo de um ano, dividido em intervalos. Quanto mais estável for o caixa da empresa, maiores podem ser os intervalos do fluxo de caixa. Mas a realidade é outra: a maioria das empresas exibe certas sazonalidades nas suas contas e, por esse motivo, os executivos financeiros acabam por elaborar orçamentos mensais. O planejamento de resultados envolve a projeção das demonstrações da empresa. Tais projeções (receita, custos, despesas, balanço etc.) irão nortear o futuro da empresa no longo prazo e evitar que o administrador seja surpreendido por um descasamento entre recebimentos e pagamentos. Administração financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 Essas funções abarcam todo o balanço patrimonial, assim como a demonstração do resultado do exercício e outros demonstrativos contábeis. Embora essas atividades repousem fortemente em demonstrativos financeiros elaborados com base no regime de competência, seu objetivo fundamental é avaliar o fluxo de caixa da empresa e desenvolver planos que assegurem que os recursos necessários estarão disponíveis para o alcance dos objetivos. (GITMAN, 2005, p. 14) 1.3 Decisões de investimento As atividades de investimento influenciam diretamente o lado esquerdo do balanço patrimonial, ou seja, a composição do ativo (curto ou longo prazo). A busca do administrador financeiro deve ser por obter o nível ótimo e evitar o desequilíbrio entre o curto e o longo prazo. As decisões, portanto, são de aplicações de recursos em ativos temporários ou permanentes. Como exemplo, podemos citar a compra de maquinário, integralização de capital de empresas controladas, aplicações financeiras de curto e longo prazos, nova sede etc. 1.4 Decisões de financiamento Se as decisões de investimento aparecem do lado esquerdo do balanço, as decisões de financiamento encontram-se do lado direito. As atividades de financiamento envolvem o curto e o longo prazo. A busca do administrador é pela composição ideal que represente o menor custo de capital e, para isso, deve avaliar todas as alternativas disponíveis no mercado. Ao contrário do que muitos pensam, nem sempre depender apenas de capital próprio é o ideal para uma empresa. Iremos voltar a esse assunto mais tarde. Dentre as atividades classificadas como financiamento podemos destacar as contas classificáveis no passivo financeiro e no patrimônio líquido, tais como empréstimos bancários, emissão de debêntures, integralização de capital da empresa etc. 1.5 Caixa versus lucro • Lucro: é o que sobra após subtrair do valor da receita todos os custos e despesas necessários para que ocorra. • Caixa: é o que sobra após todos os recebimentos de receitas e pagamentos de custos e despesas. Ao avaliarmos a história de empresas de todos os portes fica claro que a causa da mortalidade ou da perpetuidade dos negócios está relacionada a um fator: a má ou boa gestão do caixa. Lembre-se: caixa é todo dinheiro que entra e sai da empresa como resultado de suas operações. Se a empresa não tem caixa, torna-se inadimplente e precisa ampliar seu endividamento para honrar seus compromissos, decisão nada saudável. Portanto, a função Administração financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 crucial do administrador financeiro é planejar e avaliar financeiramente o negócio como um todo, evitando problemas de caixa. O caixa representa a solvência da empresa. Assim, quando tratamos da função do administrador financeiro, estamos falando de regime de caixa e não do regime de competência. Qual a diferença? • Regime de Caixa No regime de caixa as receitas/despesas são reconhecidas no momento em que ocorrem as entradas/saídas de caixa. O regime de caixa dá uma visão mais realista da empresa, mas lembre-se: sobra/falta de caixa não é sinônimo de lucro/prejuízo. • Regime de Competência É utilizado na contabilidade. Nessa abordagem, que serve de base para a montagem das demonstrações financeiras, as receitas/despesas são reconhecidas no momento em que são fechadas com os compradores/vendedores. Isso significa que não há a necessidade de transação financeira para que sejam reconhecidas. Agora podemos retomar a discussão lucro versus caixa. O lucro é apurado pelo regime de competência e não no regime de caixa. “A maximização do lucro é falha por várias razões: ignora (1) a data da ocorrência dos retornos, (2) o fluxo de caixa disponível aos acionistas e (3) o risco” (GITMAN, 2005, p. 17). Há uma grande diferença entre resultados esperados e a efetividade de tais resultados. Dessa forma, concluímos que o papel do administrador financeiro pode ser resumido em uma frase: maximização do retorno do acionista. 1.6 Revisão de contabilidade Demonstrações Financeiras Para entendermos melhor como o administrador financeiro toma suas decisões e suas consequências na vida das empresas, precisamos compreender as principais demonstrações financeiras. Vale a pena retomarmos alguns conceitos. Recentemente, as normas contábeis brasileiras sofreram profundas transformações, resultado da adoção do International Financial Reporting Standard (IFRS). O IFRS consiste em um conjunto de pronunciamentos de contabilidade produzidos, publicados e revisados por organismos internacionais. A sua adoção visa à padronização das normas em diversos países para facilitar o entendimento financeiro internacional. 1.7 Balanço patrimonial O balanço patrimonial pode ser definido como uma demonstração resumida da posição financeira da empresa durante determinado exercício. Na parte esquerda, é apresentado Administração financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 o ATIVO, ou seja, todos os bens e direitos que a empresa possui. Do lado direito, está o PASSIVO que abrande todas as origens de recursos, ou seja, as obrigações para com terceiros que exigirão ativos para a sua liquidação. Ainda do lado direito está o PATRIMÔNIO LÍQUIDO, composto pelos recursos próprios da empresa. O patrimônio líquido é a diferença entre o ativo e o passivo. Estrutura • ATIVO No ativo de um balanço patrimonial encontram-se todos os investimentos da empresa, naquela data, expressos em valores monetários. Em se tratando de investimentos, pode-se traduzir que o ativo representa as aplicações da empresa que, a qualquer momento, poderão ser realizadas. De acordo com as normas do IFRS, o ATIVO é composto por duas grandes contas: ATIVO CIRCULANTE Aplicações resgatáveis no curto prazo, no curso do exercício. ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Aplicações resgatáveis no longo prazo, no exercício seguinte (após um ano). Disponibilidades Direitos realizáveis após o exercício Direitos realizáveis no exercício Investimentos Aplicações Imobilizado Intangível • PASSIVO No passivo, encontram-se todos os financiamentos da empresa, naquela datas. Em se tratando de financiamentos, pode-se dizer que o passivo representa as dívidas da empresa. Os credores são terceiros, pessoas físicas ou jurídicas que financiam a empresa sem ter participação societária ou acionária, e também os proprietários, aqueles que financiam a empresa e que são seus sócios ou acionistas. O IFRS classifica as contas do passivo da seguinte forma: Administração financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 8 PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE Obrigações e financiamentos para aquisição de direitos do Ativo quando vencerem no exercício seguinte. Obrigações com vencimento de prazo mais longo que o exercício seguinte. • PATRIMÔNIO LÍQUIDO – Financiamentos dos sócios, acionistas, proprietários ◦ Capital Social ◦ Reserva de Capital ◦ Reservas de Lucros ◦ Lucros ou prejuízos acumulados 1.8 Demonstração de resultado do exercício (DRE) A Demonstração de Resultados aborda um resumo dos resultados operacionaisda empresa durante o exercício. Destaca as alterações provocadas no Patrimônio Líquido devido às operações da empresa. Resume o movimento de algumas entradas e saídas de recursos do balanço. Destaca as receitas e despesas da empresa. A DRE mostra como é formado o lucro líquido da empresa. Começando pela receita de vendas e descontando todos os custos – vendas, operacionais, comerciais, depreciação e despesas financeiras –, chegamos no lucro antes do IR e finalmente ao lucro líquido disponível para o acionista. Receita de vendas (-) Custo dos Produtos Vendidos (=) Lucro bruto (-) Desp. operacionais Desp. comerciais Desp. gerais e administrativas (=) Lucro antes dos juros e IR (LAJIRDA = EBITDA) Desp. de depreciação (=) Lucro Operacional (LAJIR - EBIT) (-) Desp. financeiras (=) Lucro líquido antes do IR (LAIR) (-) IR (=) Lucro líquido (-) Dividendos das ações preferenciais (=) Lucro líquido disponível aos acionistas ordinários Administração financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 9 1.9 Demonstração dos Fluxos de Caixa (FC) A Demonstração dos Fluxos de Caixa mostra a movimentação financeira da empresa durante o exercício, ou seja, as fontes e aplicações dos recursos. Através dessa demonstração, é possível saber como os recursos foram gerados e aplicados e, dessa forma, a análise financeira da solidez da companhia é facilitada. O Fluxo de Caixa mostra todas as entradas e saídas, ou seja, tudo que a empresa recebeu ou pagou em um período de tempo que pode ser um mês ou um ano. O fluxo de caixa está diretamente relacionado à produção e à venda dos produtos e serviços da empresa. Atividades Operacionais Lucro líquido do exercício Depreciações e amortizações Valor residual do imobilizado Variações monetárias e cambiais Resultado de equivalência patrimonial Aumento ou redução do Ativo Circulante Operacional Contas a receber Estoques Outros Aumento ou redução do Passivo Circulante Fornecedores Impostos a pagar Salários e encargos Outros Caixa gerado ou absorvido pelas Atividades Operacionais Atividades de Investimentos – Fluxos de caixa associados à compra e à venda tanto de ativos permanentes quanto de participações societárias. Evidentemente, transações de compra resultariam em fluxos de saida de caixa, enquanto transações de venda gerariam fluxos de entrada de caixa. Títulos e valores mobiliários Venda de investimentos ou ativo imobilizado Dividendos recebidos Aquisição de bens imobilizados Caixa gerado ou absorvido pelas Atividades de Investimento Atividades de Financiamento – Fluxos de caixa que resultam de transações de financiamento por dívida e capital próprio; incluem a contratação e a quitação da dívida, a entrada de caixa por venda de ações, assim como o fluxo de saída de caixa para pagar dividendos em dinheiro ou recomprar ações. Pagamento de dividendos ou juros sobre o Capital Próprio Captação de empréstimos e financiamentos Amortização de empréstimos e financiamentos Administração financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 10 Caixa gerado ou absorvido pelas Atividades de Financiamento Geração ou absorção líquida de caixa (+) saldo inicial do caixa (=) saldo final do caixa Como usar a Demonstração dos Fluxos de Caixa A demonstração de fluxos de caixa resume as origens e aplicações de caixa durante um dado período. Ela é desenvolvida usando a demonstração de resultado do exercício, junto com os balanços patrimoniais de início e fim do período. Essa demonstração permite que o administrador financeiro analise as entradas e saídas de recursos na empresa. A demonstração também pode ser usada para avaliar o progresso em direção a metas projetadas, pois pode demonstrar as ineficiências. 2 As origens e aplicações de caixa Origem – Aumento de Caixa Diminuição do ativo Aumento do passivo Lucro líquido após o IR Depreciação e outros encargos não financeiros Vendas de ações Aplicações – Redução de Caixa Aumento do ativo Diminuição do passivo Prejuízo líquido Dividendos pagos Recompra ou resgate de ações Considerações finais Como identificamos através do material exposto, a administração financeira busca a eficiência das empresas na utilização dos recursos disponíveis. O principal objetivo é a geração de valor ao acionista, a qual não está apenas relacionada ao lucro, mas também à excelência na gestão do caixa. O fluxo de caixa deve ser visto como a alma da empresa e, portanto, uma das grandes preocupações é com a liquidez da empresa. Após a leitura deste capítulo você deve ser capaz de responder: Administração financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 11 • Qual o conceito de administração financeira? • Quais as funções do administrador financeiro? • Qual a diferença de caixa e lucro? • Qual a diferença de regime de caixa para regime de competência? • Quais são e para que servem as três principais demonstrações financeiras? Referências GITMAN, Lawrence J.; MADURA, Jeff. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo: Pearson, 2005. Objetivos Específicos Temas • Entender como as taxas de juros e a inflação influenciam na situação enconomia e financeira da empresa Clodoir Vieira Administração Financeira Aula 02 Professor Principais conceitos financeiros: inflação versus juros e porcentagem. Taxa real versus nominal Introdução 1 Inflação 2 Juros Considerações finais Referências 2 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Introdução Neste capítulo, vamos abordar dois conceitos que são fundamentais para que o administrador financeiro tome decisões sobre o futuro da empresa: inflação e taxa de juros. Como a inflação representa o aumento generalizado dos preços e custos, não é de se estranhar que cada reajuste no valor da mercadoria produzida de uma empresa seja baseado, em parte, nesse indicador. Sim, a inflação tem um impacto forte na atividade empresarial e não somente no bolso do consumidor. Ao mesmo tempo que influencia o orçamento empresarial, a inflação impacta na tomada de decisões de investimento tanto das empresas quanto das pessoas físicas. Lembre-se de que o conceito de inflação está relacionado ao poder de compra da moeda. Portanto, a inflação leva à desvalorização do dinheiro. Quanto maior o aumento generalizado dos preços, menos podemos comprar com a mesma quantidade de dinheiro. Assim, ao decidirmos deixar de adquirir uma mercadoria para investir o dinheiro e adiar nosso consumo de forma a ter mais recursos no futuro, precisamos comparar a rentabilidade recebida com a inflação do período. A pergunta, afinal, é: vale a pena investir? Neste capítulo, vamos aprender a comparar a rentabilidade de um investimento com a inflação acumulada do período e saber o quanto estamos realmente ganhando, ou seja, qual a taxa real de juros. A empresa precisa ser eficiente nessas contas para não recair em erros e é função do administrador financeiro garantir isso! 1 Inflação Comecemos definindo inflação. Segundo um dos maiores autores da macroeconomia moderna, Olivier Blanchard, a inflação pode ser definida como “uma alta continuada no nível de preços. A taxa de inflação é a taxa à qual o nível de preços aumenta” (BLANCHARD, 2001, p. 30). Com base no conceito exposto, vemos que existe um desafio claro: como medir a inflação? Tal cálculo é papel dos chamados índices de preços, que medem o aumento do custo dos produtos para os consumidores. Mas não é qualquer índice de preço que pode ser considerado como índice de inflação. Os índices de preço precisam ser abrangentes o suficiente para evidenciar a retração do valor do dinheiro, ou seja, do poder de compra da população ao redor do mundo. Assim, podemos concluir que os índices de preço que mais bem evidenciam a inflação são os indicadores da evolução do preço ao consumidor. Tais índices envolvem uma gama maior de produtos pesquisados.3 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Ao ler este texto você deve estar se perguntando: por que se preocupar com a inflação? Na realidade, se a inflação fosse pura, ou seja, o aumento dos preços e salários fosse igual para todos, não haveria com que se preocupar. No entanto, esse mundo de inflação pura fica apenas nos livros e teoria. Na prática, vemos no dia a dia que o aumento dos preços afeta determinados setores e outros não. Dessa forma, a inflação impacta a distribuição de renda e os negócios das empresas. Vejamos um exemplo: quando há o aumento dos preços do minério de ferro, as empresas siderúrgicas deparam-se com o incremento de seus custos, mas nem sempre conseguem repassar tais custos aos clientes finais. Tal fato leva à redução da margem de ganho e, por consequência, da lucratividade das empresas. Principais índices de inflação brasileiros Os índices de preços medem a variação de preços, com diferentes finalidades. Alguns são específicos e abrangem determinados segmentos, outros são mais amplos e, portanto, podem ser considerados balizadores da inflação. Vejamos as principais diferenças entre os índices mais usados no Brasil. ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO (IPCA) O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1979. O IPCA, divulgado mensalmente, tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos. O IPCA reflete a variação dos preços pagos pelos consumidores das principais regiões metropolitanas brasileiras. Como indicador de variação de preços, o IPCA tornou-se o índice oficial de inflação do Brasil e, desde junho de 1999, é utilizado pelo Banco Central do Brasil para o acompanhamento dos objetivos estabelecidos no sistema de metas de inflação. Os preços obtidos para o cálculo do índice são os cobrados ao consumidor, para pagamento à vista. Uma pesquisa é realizada, para que seja observada a variação dos preços em determinado mês em estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, domicílios e concessionárias de serviços públicos das áreas de alimentação e bebidas, habitação, vestuário, transportes, saúde, despesas pessoais, educação, entre outras; considerando o custo de vida das famílias que tem entre 1 e 40 salários mínimos. Para isso, são escolhidas 11 capitais: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Brasília, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Goiania. Dessa forma, fica fácil analisar a variação do IPCA em cada capital. 4 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Variações por Regiões e Grupos - fevereiro de 2013 - IPCA Grupos Rio de Janeiro Porto Alegre Belo Horizonte Recife São Paulo Brasília Índice Geral 0,25 0,35 0,84 0,98 0,66 0,77 Alimentação e Bebidas 0,88 1,01 1,65 2,61 1,25 1,84 Habitação -2,04 -3,18 -2,37 -1,88 -2,04 -1,41 Artigos de Residência 0,06 -0,34 0,20 -0,15 1,14 -0,40 Vestuário -0,82 0,00 0,53 0,90 0,84 1,19 Transportes 0,26 1,56 1,57 1,06 0,59 0,75 Saúde e Cuidados Pessoais 0,83 0,40 0,67 0,74 0,64 0,92 Despesas Pessoais 0,26 0,48 1,04 0,09 0,70 0,15 Educação 5,20 3,39 6,69 4,81 6,07 4,99 Comunicação 0,10 0,14 0,18 -0,22 0,05 0,25 Grupos Belém Fortaleza Salvador Curitiba Goiânia Nacional Índice Geral 0,58 0,72 0,67 0,47 0,41 0,60 Alimentação e Bebidas 1,83 1,80 1,97 1,16 1,52 1,45 Habitação -4,68 -1,80 -2,97 -2,48 -3,15 -2,38 Artigos de Residência 0,81 1,01 0,75 1,10 -0,02 0,53 Vestuário 0,62 -0,01 1,05 1,17 0,20 0,55 Transportes 0,78 1,54 0,49 0,55 1,05 0,81 Saúde e Cuidados Pessoais 0,48 0,64 0,54 0,66 0,56 0,65 Despesas Pessoais 0,37 -0,08 0,40 0,76 0,65 0,57 Educação 4,80 0,77 6,19 5,58 5,06 5,40 Comunicação -0,02 0,14 0,28 0,16 0,02 0,10 ÍNDICE GERAL DE PREÇOS – DISPONIBILIDADE INTERNA (IGP-DI) O IGP-DI está estruturado para captar o movimento geral de preços através de pesquisa realizada nas áreas de cobertura de cada componente, durante o mês calendário, isto é, do primeiro ao último dia do mês de referência. Nessa pesquisa, cobre-se todo o processo produtivo, desde preços de matérias-primas agrícolas e industriais, passando pelos preços de produtos intermediários até os de bens e serviços finais. O IGP-DI foi concebido no final dos anos de 1940 para ser uma medida abrangente do movimento de preços, ou seja, que englobasse não apenas diferentes atividades como também etapas distintas do processo produtivo. Assim, ele poderia ser usado como deflator do índice de evolução dos negócios, resultando em um indicador mensal do nível de atividade econômica. O IGP-DI começou a ser divulgado em 1947, embora sua série histórica retroaja a 1944. De início, resultava da média aritmética simples entre o Índice de Preços por Atacado (IPA) e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC). A partir de 1950, passou a contar com mais um componente, o índice de custo da construção (ICC). Hoje, o indicador é obtido pela média aritmética ponderada dos três índices: 60% de IPA, 30% de IPC apurado nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo, e 10% do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Até novembro de 1985, o IGP-DI foi o índice oficial de inflação do Brasil. O período de coleta de dados vai do primeiro ao último dia de cada mês, sendo divulgado no final da primeira quinzena do mês seguinte. 5 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados ÍNDICE GERAL DE PREÇOS DO MERCADO (IGP-M) O IGP-M tem a mesma composição e estrutura do IGP-DI. Seu diferencial é o período de coleta de dados, que vai do dia 21 de um mês até o dia 20 do mês seguinte. Foi criado em 1989, por encomenda da Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima) e outras instituições do mercado financeiro à FGV para atender à necessidade do mercado financeiro de acompanhar a evolução e a tendência do índice de preços em prazo menor. O IGP-M é elaborado para contratos do mercado financeiro e usado para reajuste de contratos como aluguel e prestação de serviços. ÍNDICE DE PREÇO AO CONSUMIDOR DA FIPE (IPC-FIPE) Esse é um dos índices de preços mais antigos do Brasil. O Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo é o mais tradicional indicador da evolução do custo de vida das famílias paulistanas e um dos mais antigos do Brasil. Começou a ser calculado em janeiro de 1939 pela Divisão de Estatística e Documentação da Prefeitura do Município de São Paulo. Em 1968, a responsabilidade do cálculo foi transferida para o Instituto de Pesquisas Econômicas da USP e, posteriormente em 1973, com a criação da FIPE, para essa instituição. Mede o custo de vida da família paulistana durante o mês (do primeiro ao último dia de cada mês). A cesta básica considerada a partir de janeiro de 1994 é de 1 a 20 salários mínimos. Originalmente, denominava-se Índice Ponderado de Custo de Vida da Classe Operária na Cidade de São Paulo. Em 1972, a denominação do índice foi alterada para Índice de Preços ao Consumidor (Custo de Vida) da Classe de Renda Familiar Modal no Município de São Paulo. Como calcular índices de inflação O número-índice pode ser definido como medida estatística utilizada para comparar grupos de variáveis relacionadas entre si e permite estabelecer comparações entre as variações ocorridas nos indicadores ao longo do tempo. O número-índice é utilizado em diversas áreas, tais como em demografia, economia e finanças. Quando o número-índice é empregado para medir a variação do nível de preços de produtos e serviços específicos, chama-se índice de preços. O cálculo do número-índice é relativamente simples e dado pela seguinte fórmula: In = (1 + Δn) X In-1 In = índice do períodode referência; Δn = variação do período de referência (em percentual); In-1 = índice do período anterior ao de referência. 6 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Analisando a fórmula, parece que esse cálculo é bastante complicado, mas não é. Vejamos um exemplo prático. Utilizaremos, nesse caso, dados reais divulgados pelo IBGE (série histórica do IPCA). Os dados da tabela utilizada como exemplo abrangem o número- índice de cada mês do ano (janeiro a dezembro) e a variação do índice no mês, em três meses, seis meses e no ano. Ano Mês Número Índice (Dez 93 = 100) Variação (%) No Mês 3 Meses 6 Meses No Ano 12 Meses 1994 Jan 141,31 41,31 162,13 533,33 41,31 2693,84 Fev 198,22 40,27 171,24 568,17 98,22 3035,71 Mar 282,96 42,75 182,96 602,93 182,96 3417,39 Abr 403,73 42,68 185,71 648,92 303,73 3828,49 Mai 581,49 44,03 193,36 695,71 481,49 4331,19 Jun 857,29 47,43 202,97 757,29 757,29 4922,6 Jul 915,93 6,84 126,87 548,17 815,93 4005,08 Ago 932,97 1,86 60,44 370,67 832,97 3044,89 Set 947,24 1,53 10,49 234,76 847,24 2253,15 Out 972,06 2,62 6,13 140,77 872,06 1703,17 Nov 999,37 2,81 7,12 71,86 899,37 1267,54 Dez 1016,46 1,71 7,31 18,57 916,46 916,46 A série parte do princípio de que o número-índice do mês de dezembro de 1993 corresponde a 100. A variação em percentuais no mês de janeiro de 1994 foi de 41,31%. Com essas duas informações e através da aplicação da fórmula, podemos chegar ao índice de janeiro. Confira: IPCA de janeiro = (1 + Δn) x IPCA de dezembro IPCA de janeiro = (1+0,4131) x 100 IPCA de janeiro = 141,31 Sabendo que o índice de janeiro é 141,31 e que a variação mensal de fevereiro é 40,27%, obtemos o índice de fevereiro: IPCA de fevereiro = (1+ 0,4027) X 141,31 = 198,22 Treine os próximos meses calculando da mesma forma anterior e obterá os números da primeira coluna. Repare que essa série de dados é real, ou seja, você está calculando como o próprio IBGE! 7 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cálculo da variação dos níveis de preços Existem diversos métodos e critérios para cálculo da variação dos níveis de preços CÁLCULO COM AS VARIAÇÕES MÉDIAS DOS PREÇOS Para calcular as variações médias dos preços do ano de 1994, podemos fazer uma média aritmética simples, com coleta de preços no final de cada mês: Assim, a inflação média de 1994 é dada da seguinte forma: 41,31+40,27 +42,75+42,68+44,03+47,43+6,84+1,86+1,53+2,62+2,81+1,71 12 Variação média do IPCA de 1994 é igual a 22,98%. CÁLCULO DA INFLAÇÃO ACUMULADA Para calcular a inflação acumulada de um período é preciso acumular as variações mês a mês da seguinte forma: [(1+0,4131)x(1+0,4027)x(1+0,4275)x(1+0,4268)x(1+0,4403)x(1+0,4743)x(1+0,0684)x (1+0,0153)x(1+0,0262)x(1+0,0281)x(1,0171)x(1+0,0186)] – 1 = 10,1643 10,1643 -1 = 9,1643 9,1643 X 100 = 916,43% Isso significa que ocorreu uma alta de 916,43% nos preços durante o ano de 1994. Imagine o cenário negativo para o empresário que se deparou com uma forte alta de seus custos e não conseguiu repassar esse aumento para os seus clientes. Uma forma mais fácil de calcular a inflação acumulada é através do número-índice, veja: Dividimos o índice de dezembro de 1994 pelo índice de dezembro de 1993. Depois subtraímos 1 e multiplicamos por 100. 1.016,46 -1 x 100 = 916,46 A pequena variação que aparece de um cálculo para o outro está relacionada às decisões de arredondamento dos números-índices mês a mês. Quanto mais casas usarmos no cálculo, maior a precisão. Vamos adotar como padrão neste livro o uso de quatro casas decimais. É importante notar que arredondamos para cima números acima de 5 (inclusive) e para baixo números abaixo de 5. 8 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 Juros Para entendermos a importância dos juros na vida econômica, precisamos pensar nos motivos que levam as pessoas a pouparem. Quando alguém poupa está deixando de consumir agora para consumir no futuro. Para que haja poupança, é preciso que haja um estímulo. Caso contrário, não haveria motivo que me levasse a abrir mão de algo que quero hoje para guardar dinheiro e comprar depois. Esse estímulo é dado pelos juros. De uma forma bem simples, os livros e estudiosos de matemática financeira definem juro como a remuneração do capital. Olhando por essa ótica, podemos perceber que, quanto maior for a taxa de juros para um dado investimento, mais as pessoas estarão dispostas a poupar/aplicar seus recursos ao invés de consumir. Já aqueles que precisarão tomar empréstimos para investir em determinada atividade, pensarão duas vezes antes de recorrer a uma linha de crédito. Fica claro, assim, a importância da taxa de juros no comportamento da economia. Quanto maior o risco que a atividade de uma empresa apresenta, maior a taxa de juros cobrada pelo sistema financeiro na hora de conceder um empréstimo. Assim, é muito mais fácil que o banco financie e cobre juros menores de uma empresa como a Vale, por exemplo, do que de uma empresa nova ou que apresente problemas financeiros. Baseado nessa visão, o governo, através do Banco Central (BACEN), utiliza a taxa de juro como instrumento de política econômica e monetária para controlar o nível de propensão ao consumo e incentivar a poupança. A cada 45 dias, o colegiado do BACEN reúne-se para definir se será necessário elevar ou reduzir a taxa básica de juros brasileira, denominada de SELIC – taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais. Uma importante variável que irá influenciar o percentual cobrado de juros é a inflação. Não adianta para a instituição financeira cobrar 5% de juros anuais, se o IPCA estiver a 7% ao ano. Quando o banco receber o dinheiro do empréstimo, ele valerá menos do que quando foi concedido, mesmo que o cliente esteja pagando os juros combinados! A partir da taxa básica determinada pelo BACEN, o sistema financeiro adiciona outras variáveis que irão compor as taxas oferecidas aos seus clientes, como o cheque especial, crédito imobiliário ou financiamento de um veículo. Esses outros componentes aumentam a taxa ao consumidor final e basicamente estão relacionados à incerteza e aos custos da operação. Quando falamos de incerteza, referimo-nos àquela palavra mágica que baliza qualquer operação financeira: risco. Quanto maior o risco, maior a taxa de juros. Ora, se você tem aquele cunhado “caloteiro” que pede dinheiro emprestado e nunca paga, nem pela maior taxa de juros do mundo você irá emprestar. Mas existe alguém disposto a correr o risco de não receber se ele assinar um contrato em que se compromete a pagar uma taxa condizente com seu perfil de risco. 9 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Além desses três componentes listados (Selic, risco e inflação), outras questões são levadas em consideração na hora de o banco definir a taxa de juros que será cobrada, tais como: custos da operação, impostos e compulsórios – reserva obrigatória recolhida dos depósitos bancários, conforme percentual fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Portanto, há uma grande diferença entre o custo de captação (Selic) do dinheiro e o valor repassado aos clientes. Essa diferença é chamada de spread bancário. A título de curiosidade, apresentamos aqui a composição do spread bancário brasileiro em 2008, segundo o Banco Central. Note que o maior percentual do spread bancário está relacionado ao risco, evidenciado pela inadimplência, com o percentual de 33/6%. Enquanto que os demais ficam com: Custo Administrativo 11,8; Margem Líquida, Erros e Omissões 29,4%; Custo de Direcionamento Compulsorio 1,9% e Impostos 23,3%. Fonte: Banco central No nosso estudo vamos simplificar a realidade e, portanto, vamos pensar na taxa de juros como um todo. A única diferenciaçãoque faremos é entre os juros nominais e reais (descontados a inflação). Quando a taxa bruta de juro é maior do que a taxa de inflação do período de capitalização, diz-se que a taxa de juro real é positiva; caso contrário, é negativa (perdemos dinheiro). Mas como calcular a inflação real? Não, não é simplesmente diminuir a taxa de inflação da taxa nominal; ao contrário, não podemos de forma alguma fazer isso. Vejamos a fórmula de cálculo da taxa real de juros ir = (1+ie) - 1 (1+ D) 10 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Onde: ir = taxa de juros real; ie = taxa efetiva do período; D = deflator (taxa de inflação do período). Para facilitar o entendimento, façamos um cálculo! Exemplo: Suponha que você tenha investido seu dinheiro no banco a uma taxa efetiva de 17% ao ano (a.a). Durante o ano em que o investimento foi feito, a inflação acumulada somou 13%. Qual a taxa real? Aplicando a fórmula... ir = (1+0,17) - 1 (1+ 0,13) ir = 0,0354 Multiplicando por 100, achamos 3,54%. Assim, ao invés de ter valorizado seu investimento em 17%, na realidade você obteve uma renda real de 3,54% Porcentagem e taxa de juros Como você deve ter observado nos exercícios anteriores, a taxa é expressa geralmente em porcentagem. A palavra porcentagem, ou percentagem (per + cento + agem), representa uma fração por cento (cem) de qualquer coisa mensurável. Um valor que represente “dez por cento” de um número qualquer pode ser escrito da seguinte forma: 10%. Na forma fracionária, seria escrito como: 10/100. A fração mostra que o número 10 está sendo dividido por 100. Então, seria o mesmo que escrever na forma unitária: 0,1. As taxas de juros são expressas em unidades de tempo: ao mês (a.m.), ao trimestre (a.t.), ao semestre (a.s.), ao ano (a.a.) etc. Porém, as mais comuns são ao mês e ao ano. Em cálculos de juros, deve ser utilizada a forma unitária. Portanto, o número deve ser dividido por 100, transformando-o na forma unitária antes de efetuar o cálculo. E, se o cálculo referir-se à obtenção da taxa de juro, o resultado deve ser multiplicado por 100, para ser expresso em “por cento”. 11 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Observação: quando utilizamos as teclas financeiras da HP 12C, a taxa de juros não será dividida por 100, pois a calculadora já fará esse cálculo por nós. Principais conceitos empregados nas operações financeiras Para continuarmos nosso estudo sobre os juros, precisamos explicar o significado de alguns termos utilizados em uma operação financeira. Capital ou principal: corresponde ao empréstimo cedido ao tomador sem os juros. Também refere-se ao valor do dinheiro aplicado em determinada operação de investimento. Prazo: é o espaço de tempo da operação. Amortização: pode ocorrer de uma única vez, ao final do prazo da operação, ou em parcelas intermediárias. No momento em que o tomador devolve o capital parcialmente, ocorre a amortização do empréstimo. Quando devolve integralmente, ocorre a liquidação. Taxa de juro: é o percentual que se aplica ao capital, para determinar o valor do juro. Forma de pagamento de juros: determina como os juros serão pagos e sua periodicidade. Período de capitalização: é o espaço de tempo em que o capital rende juro, ao fim do qual é pago ou integrado ao capital, para gerar novo juro. Nas operações de desconto, o juro é pago no início da operação. Juro comercial versus juro exato O juro comercial é calculado com taxa expressa em porcentagem, com base em ano comercial convencionado de 360 dias. Por essa forma de expressão, a taxa anual refere-se à taxa do período de 360 dias, a taxa semestral à do período de 180 dias, a taxa mensal à do período de 30 dias, e assim por diante. Geralmente, as taxas de juros praticadas no mercado financeiro referem-se ao ano comercial. O juro exato é calculado considerando o ano civil de 365 dias e de 366 dias em anos bissextos. Considerações finais Conforme pudemos perceber neste capítulo, as atividades empresariais são influenciadas pela inflação e o pagamento de juros. Portanto essas duas variáveis não 12 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados podem passar despercebidas pelos administradores financeiros. Ao contrário, suas decisões de investimento/financiamento levam bastante em conta tanto o cenário inflacionário quanto as taxas de juros correntes. A inflação influencia a formação das taxas de juros do mercado. Para sabermos se uma decisão de investimento é positiva, precisamos levar em conta a desvalorização do dinheiro no tempo, ou seja, calcular a taxa de juros real. Os percentuais cobrados pelo sistema financeiro são influenciados pelo risco da operação. Quanto pior a capacidade de pagamento de uma empresa, mais caro será obter um empréstimo. Após a leitura deste capítulo você deve ser capaz de: • calcular os índices de preço; • saber o conceito de inflação e sua influência nas atividades empresariais; • calcular a variação média dos índices; • encontrar a inflação acumulada; • calcular a taxa de juros nominal; • saber definir spread bancário. Referências BRANCO, Anísio Costa Castelo. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Cengage Learning, 2005. E.book. GIMENES, Cristiano Marchi. Matemática financeira com HP 12C e Excel: uma abordagem descomplicada. São Paulo: Pearson, 2006. CASTANHEIRA, Nelson Pereira; MACEDO, Luis Roberto Dias de. Matemática financeira Aplicada. São Paulo: Pearson, 2008. Objetivos Específicos Temas • Saber calcular, na prática, o ganho de capital ou a despesa com financiamento em determinadas situações. Entender qual é a melhor decisão para a empresa Clodoir Vieira Administração Financeira Aula 03 Professor Juros simples e compostos Introdução 1 Capitalização 2 Juros simples 3 Juros compostos 4 Como calcular Considerações finais Referências 2 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Introdução Após entender o conceito de inflação e juros, passaremos a aprender a utilizar as ferramentas da matemática financeira para entender o valor do dinheiro no tempo. A matemática financeira é o ramo da matemática que estuda o valor do dinheiro e é empregada em operações financeiras, tais como empréstimo, financiamento, aplicação e investimento e seu principal objetivo é permitir a análise e comparação de tais operações, auxiliando-nos na tomada de decisão quanto às mesmas. Para montarmos as fórmulas utilizadas na capitalização simples (juros simples) e na capitalização composta (juros compostos), assim como nos cálculos da prestação, sistemas de amortização e operações de descontos. Capital (C): Capital é a quantidade de dinheiro que será transacionada. Juro (J): É a remuneração pelo uso do capital por certo intervalo de tempo. É a compensação financeira para o agente econômico que emprestou os recursos privando-se, portanto, de utilizá-lo para outra finalidade. Prazo ( “n” ou “t”): É o intervalo de tempo de duração da operação. Montante (M): É a soma do CAPITAL aplicado no início da operação financeira aos juros acumulados durante o prazo da operação. Taxa de juros (i): É a porcentagem do capital que será paga a título de juros, após um determinado tempo. A taxa de juros sempre é referida a um período de tempo, denominado periodicidade. Normalmente, é abreviado conforme tabela abaixo: ao dia a.d. ao mês a.m. ao bimestre a.n. ao trimestre a.t. ao quadrimestre a.q. ao semestre a.s. ao ano a.a. 3 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Desenvolvimento 1 Capitalização É o processo de incorporação do juro ao capital. Chamamos de regime ou sistema de capitalização a forma como vamos realizar esse processo de incorporação. sistema de capitalizaçãosimples: também chamado de juros simples; sistema de capitalização composta: também chamado de juros compostos. 2 Juros simples No sistema de capitalização simples, o juro de qualquer período é constante e sempre calculado sobre o capital ( C ) inicial. Exemplo 1: Se aplicarmos um CAPITAL de R$ 100,00 a uma taxa de juros simples de 5% ao mês, durante 3 meses, quanto iremos receber de juros? Vamos calcular No primeiro mês, vamos receber 5% sobre os R$ 100,00. Assim: Juros iguais a 100 X 0,05= 5 No segundo mês, vamos receber 5% sobre os R$ 100,00. Assim: Juros iguais a 100X 0,05= 5 No terceiro mês, vamos receber 5% sobre os R$ 100,00. Assim: Juros iguais a 100X 0,05= 5 No total receberemos de juros: 5 + 5 + 5 = 15 O valor do resgate, portanto, será o valor investido, R$ 100, mais os juros totais recebidos, R$ 15,00. Assim, concluímos que receberemos R$ 115,00. 4 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Note que calculamos três vezes a incidência da taxa no capital, ou seja, repetimos a operação três vezes porque o n era igual a 3. Mas seria muito complicado fazer esse cálculo se o “n” fosse muito grande, não é verdade? Poderíamos então pensar, para calcular o valor do juro no sistema de capitalização simples, que precisamos multiplicar a taxa pelo capital quantas vezes o “n” mandar... Assim, J = C.i.n J = juro C= capital n = período Vamos aplicar a fórmula com os dados do exercício anterior... J = 100 x 0,05 x 3 = 15 Continuando no mesmo raciocínio, temos que o montante, ou seja, o valor que iremos receber após a aplicação, será igual ao capital que investimos mais os juros recebidos. Assim, M = C + J M = montante C = capital J = juros Vamos aplicar a fórmula com os dados do exercício anterior... M = 100 + 15 = 115 Pensando mais uma vez.... Se o M = C+J e J= C.i.n, posso chegar a conclusão de que: M = C + (C.i.n) ou colocando em evidência 5 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados M = C (1+in) O fator “(1 + i . n)” é chamado de fator de acumulação de capital para juros simples. Portanto, o montante de uma operação financeira que utiliza o regime de capitalização simples será igual à multiplicação do CAPITAL (C) pelo fator de acumulação de capital para juros simples (1 + i . n). Confirmando a conta... M = 100. (1+0,05.3) Cuidado com a matemática! Precisamos, primeiramente, resolver a multiplicação dentro dos parênteses, depois somar e, por último, realizar a multiplicação. Assim, M = 100. (1+0,15) = 115 IMPORTANTE: Para calcular os juros totais que a aplicação financeira rendeu, tivemos que converter 1 ano em 12 meses, que era a PERIODICIDADE da taxa. Portanto, A UNIDADE DE TEMPO DO PRAZO DA OPERAÇÃO DEVERÁ SER SEMPRE IGUAL À PERIODICIDADE DA TAXA DE JUROS, pois “n” É O NÚMERO DE PERÍODOS DA TAXA DE JUROS CONTIDOS NO PRAZO DA APLICAÇÃO! Outras fórmulas: Das duas equações que deduzimos, conseguimos calcular qualquer variável necessária: C = M (1 +i.n) I = M/C – 1 n n = M/C – 1 i 3 Juros Compostos No sistema de capitalização composta, o juro de qualquer período é calculado sobre o valor do montante (M) do período anterior. 6 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Exemplo 2 - Se aplicarmos um CAPITAL de R$ 100,00 a uma taxa de juros composta de 5% ao mês, durante 3 meses, quanto iremos receber de juros? Vamos calcular: No primeiro mês, vamos receber 5% sobre os R$ 100,00. Assim: Juros iguais a 100X 0,05= 5 No segundo mês, vamos receber 5% sobre os R$ 105,00. Assim: Juros iguais a 105X 0,05= 5,25 No terceiro mês, vamos receber 5% sobre os R$ 110,25. Assim: Juros iguais a 110,25X 0,05= 5,51 No total receberemos de juros: 5 + 5,25 + 5,51 = 15,76 O valor do resgate, portanto, será o valor investido, R$ 100, mais os juros totais recebidos, R$ 15,76. Assim, concluímos que receberemos R$ 115,76. Note que na capitalização composta, o valor dos juros recebidos no período é maior do que o valor que obtivemos nos juros simples. Logo, podemos concluir que: M1 = C . (1 + i) o “n” não é necessário, pois a capitalização é efetuada a cada “1” período. M2 = M1 . (1 + i) ou seja, M2 = C (1 + i) . (1 + i), ou seja, M2 = C . (1 + i)² M3 = M2 . (1 + i) ou seja, M3 = C (1 + i)² . (1 + i) ou seja, M3 = C . (1 + i)³ Assim, a fórmula para o cálculo do montante no enésimo período é dada por: M = C . (1 + i)n A fórmula dos juros compostos acumulados ao final do prazo é obtida a partir da fórmula geral de juros, conforme segue: J = M – C J = C . (1 + i)n - C 7 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Colocando “C” em evidência, obtemos: J = C . [ (1 + i)n - 1] O fator “(1 + i)n” é chamado de FATOR DE ACUMULAÇÃO DO CAPITAL para JUROS COMPOSTOS, ou ainda FATOR DE CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA. Perceba que tanto no regime de juros simples como no regime de juros compostos, o montante é dado pelo produto do capital pelo respectivo fator de acumulação. Das fórmulas apresentadas, podemos derivá-las para encontrar as outras variáveis: C = M (1+i)n i = ( √( )) 𝑛 = 𝑙𝑛 (𝐹𝑉/𝑃𝑉) ln(1 + 𝑖) Na HP 12 C, utilizamos as teclas financeiras que ficam na primeira fileira do lado esquerdo da calculadora, conforme a figura abaixo: Primeiro passo: limpe a memória de sua calculadora, apertando f CLX. Segundo passo: vamos adaptar as contas para juros compostos, para isso aperte STO EEX. Após apertar essas duas teclas, você pode verificar que vai aparecer um c no canto direito do painel da calculadora. 8 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Terceiro passo: inserir os dados: C = PV M = FV i = i (colocamos a forma em percentuais e não em decimais!) n = n Utilizando os dados do exemplo, vamos calcular o montante na HP. 100 PV 5i 3n FV Note que o resultado que aparece é negativo (-115,76). Isso acontece porque a HP 12C trabalha com o conceito de fluxo de caixa, ou seja, um dos dois (FV ou PV) deverá ser negativo e o outro positivo. Este é um simples ponto de vista. Se você investiu $100, quer dizer que saiu do seu bolso, o PV é negativo e quando receber de volta terá o FV positivo. O contrário também é verdadeiro. Ao final, na hora de apresentar o resultado, ignore o sinal negativo. Mas cuidado! Atente para esse conceito, quando precisar calcular a taxa de juros ou o prazo. Um dos dois (PV ou FV) precisará ter o sinal trocado. 4 Como calcular Para que esses conceitos fiquem mais claros, vamos resolver juntos alguns exercícios que envolvem a capitalização simples e a capitalização composta. Exemplos de cálculo de juros simples Exemplo 1 Calcular o montante produzido por um capital de R$ 6.000,00, aplicado a uma taxa de juros de 8% aa., pelo prazo de 2 anos. Resolução: M = ? – É o que o problema me pede 9 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados C = R$ 6.000,00 i = 8% aa = 0,08 aa. n = 2 anos Como a periodicidade do prazo e da taxa são iguais, podemos utilizar diretamente n = 2. Assim, passamos a aplicar a fórmula: J = C.i.n J = R$ 6.000,00 x 0,08 x 2 J = R$ 960,00 M = C + J M = R$ 6.000,00 + R$ 960,00 M = R$ 6.960,00 Também podemos aplicar a fórmula do montante diretamente: M = C (1 + i . n) M = R$ 6.000,00 (1 + 0,08 x 2) M = R$ 6.000,00 x 1,16 M = R$ 6.960,00 Exemplo 2 Um capital no valor de R$ 120,00, aplicado a juros simples a uma taxa de 3,6% a.m., atinge, em 20 dias, um montante de: Note que o período (n) do empréstimo é diferente do período da taxa de juros, portanto precisamos tornar os dois iguais. Como o mês (juros comercial) é de 30 dias, temosque o n deve ser dado por 20/30, assim n passa a ser 0,6667. Estamos usando quatro casas decimais para que o cálculo se torne mais exato. Aplicando a fórmula dada, temos: M = C (1+ i.n) M = 120 (1+ 0,036.0,06667) = 122,90 ou R$ 122,88 (quando empregamos quatro casas após a vírgula) 10 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Exemplo 3 Calcular o montante produzido por um capital igual a R$ 20.000,00 durante 3 anos, considerando o regime de juros simples e uma taxa de 5% a.t. A unidade de medida de tempo do prazo é anual e a taxa é trimestral. Portanto, para calcularmos os juros é necessário que adotemos a mesma unidade de tempo para a taxa de juros e para o prazo. Assim, convertendo o prazo para trimestres, temos que n = 12, pois, se 1 ano = 4 trimestres, 3 anos = 12 trimestres (4 trimestres vezes 3 anos). C = 20.000 n = 12 i = 0,05 M = ? Aplicando a fórmula, temos: M = 20.000 (1 + 0,05x12) = 32.000 Exemplo 4 Em quanto tempo um capital, aplicado à taxa de 2,50% a.m., rende juros simples equivalentes a 2/5 do seu valor? Como não temos o capital, precisamos fixar o valor. Portanto, vamos adotar R$ 100,00, de forma a facilitar nosso cálculo. Se o capital é 100, o valor dos juros é igual a 100 X 2/5, ou seja, é igual a 40,00. Com base nesses valores, conseguimos calcular o tempo... J = C.i.n 40 = 100.0,025.n 40= 2,5 n Passamos o 2,5 que está multiplicando para o outro lado, dividindo. Assim, n = 40/2,5 n = 16 meses. 11 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Exemplo 5 Uma loja oferece um fogão por R$ 2.000,00 à vista ou 20% do valor à vista de entra e mais um pagamento de R$ 1.700,00 após 6 meses. A taxa de juros simples cobrada financiamento é igual a: Vamos avaliar a situação. Onde está o capital e onde estão o montante e os juros? Se a loja cobra 2.000 pelo fogão, presumimos que esse seja o capital, pois aquisições à vista não há incidência de taxa de juros! E o montante? Ora, se a loja cobra 20% do valor à vista mais 1.700 após 6 mes presumimos que há incidência de juros! Temos que a parcela inicial equivale a R$ 400,00, ou 20% do valor total (R$ 2.000). Ap seis meses, a pessoa paga R$ 1.700. Assim, o valor final que a pessoa irá pagar no valor do fogão é de R$ 2.100. Esse é montante! Assim, temos que: 2.100 = 2000 (1+i.6) Passamos os 2000 que estão multiplicando para o outro lado, desta vez dividindo... 2.100/2000 = (1 + i.6) 1,05 = 1 + i.6 Passamos o 1 que está somando, para o outro lado, reduzindo... 1,05 – 1 = i.6 0,05 = i.6 Passamos o 6 dividindo e temos que i = 0,00833. Ao multiplicarmos por 100, temos a taxa em percentuais – 0,833%. da no nas es, ós o 12 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Exemplos de cálculo de juros compostos Exemplo 1 Calcular o montante produzido por um capital de R$ 6.000,00, aplicado a uma taxa de juros de 8% a.a., pelo prazo de 2 anos. Resolução M = 6000 (1+0,08)2 = 6998,4 Na HP 6000 PV 2 n 8 i FV - 6.998,40 Exemplo 2 Um capital de R$ 100.000,00, aplicado a juros compostos, capitalizados mensalmente durante 8 meses, elevou-se a R$ 170.000,00. A taxa de juros que remunerou esse capital, ao mês, é de? i = i = ( √( )) i =8√ ou 1,7 1/8 -1 i = 0,06859 X 100 i = 6,86% Na HP 12 C 170.000 CHS FV 100.000 PV 8 N I 6,86% 13 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Exemplo 3 Qual é o valor que devo aplicar hoje, a uma taxa de juros compostos de 3,50% a.m. e capitalizados bimestralmente, para obter R$ 22.410,00 de juros ao final de 1 ano e 4 meses? Note que o tempo é anual e a taxa de juros é mensal, assim precisamos transformar o tempo em meses: 1 ano é igual a 12 meses. Nesse caso, ainda temos mais 4 meses. Assim, n= 16 meses. C = 22.410 (1+ 0,035)16 C = 12.923,98 Na HP 12 C 22410 FV 16 n 3,5 i PV 12.923,98 Exemplo 4 Qual a quantia que deve ser aplicada a uma taxa de juros compostos de 2,50% ao mês, capitalizadas mensalmente, para gerar o montante de R$ 13.257,10 ao final de 1,5 ano? C = ? n = 1,5 anos = 18 meses i = 2,5% a.m = 0,025 a.m. M = R$ 13.257,10 C = R$ 13.257,10 ( 1 + 0,025)18 C = R$ 8.500,00 Na HP 12 C 14 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 13.257 FV 2,5 i 18 n PV 8.4999,94 Exemplo 5 Seu cunhado pega emprestado de você o valor de R$ 20.000, para pagar juros compostos de 20% ao ano. Ele ficará com o dinheiro por um semestre. No meio do caminho, ele decide repassar o recurso a juros simples, com a mesma taxa no mesmo período. Quanto ele “perderá”? Lembre-se: 1 semestre = meio ano, ou seja, 0,5. Empréstimo a juros compostos M = 20.000 (1+0,2)0,5 = 21.908,90 Empréstimo a juros simples M = 20.000 (1+0,2.0,5) = 22.000 Note que seu cunhado ganhou dinheiro. Sempre que o prazo de uma operação ficar abaixo de 1, os juros simples renderão mais que os juros compostos. Considerações finais Neste capítulo aprendemos as diferenças entre a capitalização simples e a capitalização composta e como calcular as duas. Esse conhecimento é de extrema importância não só para o administrador financeiro mas para qualquer cidadão que toma empréstimos ou realiza operações de investimento. Após a leitura deste capítulo você deve ser capaz de: resolver operações que envolvam capitalização simples; resolver operações que envolvam capitalização composta. 15 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Referências BRANCO, Anísio Costa Castelo. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Cengage Learning, 2005. E.book. GIMENES, Cristiano Marchi. Matemática financeira com HP 12C e Excel: uma abordagem descomplicada. São Paulo: Pearson, 2006. CASTANHEIRA, Nelson Pereira; MACEDO, Luis Roberto Dias de. Matemática financeira Aplicada. São Paulo: Pearson, 2008. Objetivos Específicos Temas • Saber como fazer conversão de taxas Clodoir Vieira Administração Financeira Aula 04 Professor Taxas equivalentes, nominais e efetivas Introdução 1 Taxas proporcionais 2 Taxas equivalentes 3 Taxas nominais e efetivas Considerações finais Referências marcella.rmaiolino Pencil 2 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Introdução Até agora calculamos os exercícios fazendo a conversão do tempo para que fique na mesma periodicidade da taxa. Neste capítulo veremos como converter as taxas em juros simples e em juros compostos e as diferenças entre taxas nominais e efetivas. Tal conhecimento é importante para que entendamos como funcionam algumas operações no mercado financeiro e quais juros verdadeiramente incidirão sobre os empréstimos que vamos obter. 1 Taxas proporcionais As taxas proporcionais pertencem ao sistema de capitalização simples. São denominadas, assim, duas ou mais taxas expressas em unidades de tempo diferentes, que produzem uma mesma taxa, quando calculadas no mesmo período. Como obter? As taxas proporcionais são obtidas multiplicando ou dividindo de acordo com a unidade de tempo. Podemos fazer isso porque estamos trabalhando com juros lineares: J = C.i.n C . i1 . n = C . i2 . n Exemplos 1% ao dia = 30% ao mês = 60% ao bimestre = 120% ao quadrimestre = 180% ao semestre = 360% ao ano. Da mesma forma... 20% ao ano = 10% ao semestre = 5% ao trimestre. Vamos resolver um exercício juntos? As taxas de juros ao semestre, proporcionais às taxas de 30%a.t., 40%a.b., 36%a.q. e 24%a.m. no regime de capitalização simples, são respectivamente: Um semestre é igual a dois trimestres. Portanto a.s. = 2x 30% = 60% Um semestre é igual a três bimestres. Portanto a.s. = 3x40% = 120% Umsemestre é igual a 1,5 quadrimestre. Portanto a.s. = 1,5 x 36 = 54% Um semestre é igual a seis meses. Portanto a.s. é igual a 6x24 = 144% 3 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 Taxas equivalentes As taxas equivalentes pertencem ao sistema de capitalização composta. São denominadas assim duas ou mais taxas expressas em unidades de tempo diferentes, que produzem uma mesma taxa, quando calculadas no mesmo período. Como obter? As taxas equivalentes NÃO PODEM ser obtidas multiplicando ou dividindo de acordo com a unidade de tempo, pois NÃO estamos trabalhando com juros lineares. Dessa forma, precisamos utilizar a fórmula abaixo para obtê-las: √ ou melhor iq = (1+i)1/q - 1 Exemplos 1. A taxa mensal equivalente à taxa anual de 12% é igual a... Sabemos que um ano é igual a 12 meses. Então... im = (1 + ia)1/12 – 1 im = (1+0,12) 1/12 – 1 im = 0,009488 ou 0,949% ao mês 2. A taxa anual equivalente a uma taxa diária de 0,05% é igual a... Aqui temos uma situação diferente! id = (1+ia)1/360 – 1 Como temos o ia e queremos saber o id, precisamos mexer nessa equação, que ficará da seguinte forma: ia = (1+id)360 -1 ia = (1+ 0,0005)360 – 1 = 0,1972 ou 19,72% ao ano. 4 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Para entender melhor como obtemos o número que deve entrar como expoente, precisamos ter em mente que: 1 ano = 2 semestres = 3 quadrimestres = 4 trimestres = 6 bimestres = 12 meses = 360 dias 1 dia = 1/30 meses = 1/60 bimestres = 1/90 trimestres = 1/120 quadrimestres = 1/180 semestres = 1/360 anos 1 mês = 1/12 anos = 1/6 semestres = 1/4 quadrimestres = 1/3 trimestres = 1/2 bimestres = 30 dias. Vamos resolver exercícios juntos? As taxas de juros ao semestre, equivalentes às taxas de 30%a.t., 40%a.b., 36%a.q. e 24%a.m. no regime de capitalização composta, são respectivamente: Um semestre é igual a dois trimestres. Portanto as = (1+it)2 - 1= (1 +0,3)2 -1 = 0,69 ou 69% Um semestre é igual a três bimestres. Portanto as = (1+ib)3 - 1= (1 +0,4)3 -1 = 1,744 ou 174% Um semestre é igual a 1,5 quatrimestre. Portanto as = (1+iq)1,5 - 1= (1 +0,36)1,5 -1 = 0,58602 = 58,6% Um semestre é igual a seis meses. Portanto as = (1+im)6 - 1= (1 +0,24)6 -1 = 2,6352 = 263,52% As taxas de juros ao mês, equivalentes às taxas de 30%a.t., 40%a.b., 36%a.q. e 24%a.a. no regime de capitalização composta, são respectivamente: 5 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Um mês é igual a 1/3 trimestre Portanto am = (1+it)1/3 - 1= (1 +0,3)1/3 -1 = 0,0914 ou 9,14% Um mês é igual a 1/2 bimestre Portanto am = (1+ib)1/2 - 1= (1 +0,4)1/2 -1 = 0,1832 = 18,32 Um mês é igual a 1/4 quadrimestre Portanto am = (1+iq)1/4 - 1= (1 +0,36)1/4 -1 = 0,0799 = 7,99% Um mês é igual a 1/12 ano Portanto am = (1+ia)1/12 - 1= (1 +0,24)1/12 -1 = 0,01809 = 1,81% 3 Taxas nominais e efetivas Taxa nominal é a taxa de juros contratada em uma operação financeira. Serve apenas como uma taxa de referência, através da qual INICIAMOS A ANÁLISE DA CAPITALIZAÇÃO OU DESCAPITALIZAÇÃO, independentemente do regime utilizado. Taxa efetiva é a taxa produzida pela capitalização da taxa nominal. É a taxa verdadeiramente paga por uma aplicação ou utilizada em um desconto. Exemplo: No REGIME DE JUROS SIMPLES, uma taxa nominal de 1% ao mês, aplicada sobre um capital pelo prazo de um ano, equivale a uma taxa efetiva de 12% ao ano. Nesse regime, para um mesmo prazo, taxas nominais e efetivas são iguais. Por exemplo: 6 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Uma aplicação de R$ 1.000,00, com remuneração de 1% a.m., juros simples, por um ano, produz juros de R$ 120,00. Já no REGIME DE JUROS COMPOSTOS e considerando o exemplo anterior, uma taxa nominal de 12% ao ano, CAPITALIZADA MENSALMENTE, equivale a uma taxa efetiva de 12,6825% ao ano, produzindo juros aproximados de R$ 126,83. Nesse regime, para um mesmo prazo, taxas nominais e efetivas são diferentes. Como calculamos isso? Primeiro dividimos a taxa nominal por 12 meses. Temos o resultado de 1% ao mês. Depois vamos encontrar a taxa anual equivalente a 1% ao mês ia = (1+im)12 -1 ia = (1,01)12 – 1 = 0,12683 ou 12,683%. Assim, para C = 1.000 , temos M = 1.000 x (1+0,12683)1 = 1126,83 J = M – C 1.126,83 – 1.000 = 126,83 Vamos resolver exercícios juntos? 1 - Quanto pagarei de juros em um financiamento de R$ 50 mil com taxa nominal de 10% ao ano, capitalizados diariamente? Primeiro dividimos a taxa nominal por 360 dias. Temos o resultado de 0,000278 ou 0,027778% ao dia. Depois vamos encontrar a taxa anual equivalente a 0,027778% ao dia. ia = (1+id)360 -1 ia = (1,000278)360 – 1 = 0,105156 ou 10,516% Assim, para C = 50.000, temos M = 50.000 x (1+0, 105156)1 = 55.257,78 J = M – C 7 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados J = 55.257,78 – 50.000 Pagarei 5.257,78 2 - Você pegou um empréstimo de R$ 6.000 a uma taxa nominal de 30% ao ano, capitalizada semestralmente. Quanto pagará de juros? Primeiro dividimos a taxa nominal por 2 semestres. Temos o resultado de 15% ao semestre. Depois vamos encontrar a taxa anual equivalente a 15% ao semestre . ia = (1+is)2 -1 ia = (1,15)2 – 1 = 0,3225 = 32,25% ao semestre Assim, para C = 6.000, temos M = 6.000 x (1+0,3225)1 = 7935 J = M – C 7935-6000 =1935 3 – Qual será a taxa nominal de uma operação de duração de 1 ano, em que a pessoa pegou emprestado o valor de R$ 8.000 e pagou um juros de R$ 800. (Considere capitalização mensal.) Nesse exercício, faremos o processo inverso! Primeiro, vamos encontrar a taxa efetiva desse empréstimo, através da fórmula dos juros compostos. O montante é o capital (empréstimo) somado ao juros pagos, ou seja, 8.000 + 800 = 8.800. Assim, temos: i = ( √( )) i = ( √( )) 8 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados i = 0,10 ou 10% ao ano Agora vamos encontrar a taxa mensal equivalente a 10% ao ano. im = (1+ia)1/12 -1 im = (1+0,10)1/12 -1 im = 0,007974 ou 0,7974% ao mês A taxa nominal anual será a taxa mensal nominal multiplicada por 12 = 9,57% ao mês. Considerações finais Neste capítulo aprendemos os conceitos e as diferenças das taxas proporcionais, taxas equivalentes, taxas nominais e efetivas. Realizamos uma série de cálculos para entender como chegamos aos resultados finais. Após a leitura deste capítulo você deve ser capaz de: comparar taxas; converter taxas proporcionais e equivalentes; transformar taxas nominais em efetivas. Referências BRANCO, Anísio Costa Castelo. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Cengage Learning, 2005. E.book. GIMENES, Cristiano Marchi. Matemática financeira com HP 12C e Excel: uma abordagem descomplicada. São Paulo: Pearson, 2006. CASTANHEIRA, Nelson Pereira; MACEDO, Luis Roberto Dias de. Matemática financeira Aplicada. São Paulo: Pearson, 2008. Objetivos Específicos Temas • Aprender a calcular na prática e entender quando vale a pena antecipar os pagamentos ou obter crédito através das operações de descontos Clodoir Vieira Administração Financeira Aula 05 Professor Descontos: comercial, bancário e racional Introdução 1 Desconto Considerações finais Referências 2 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Introdução Quando uma empresa ou nós mesmos fazemos um financiamento de longo prazo, muitas vezes conseguimos dinheiro o suficiente para pagar o valor do empréstimo restante de uma vez só. Porém, se a instituição financeira não descontasse os juros que incidiria sobre o valor, com certeza tal operação não valeria a pena. Assim, decidiríamosaplicar o dinheiro disponível e pagar as prestações do empréstimo como acordado. Na prática, as operações de antecipação de pagamentos devem vir com um desconto sobre o que seria pago a prazo. Veremos como calcular esses descontos neste capítulo. 1 Desconto A operação de desconto consiste em antecipar o recebimento que um credor teria no futuro mediante a “retirada” dos juros relativos ao prazo da antecipação. As operações mais comuns de desconto são aquelas em que as empresas se utilizam dos chamados títulos de crédito para antecipar um recebimento futuro. Os títulos de crédito são instrumentos financeiros usados para a formalização de dívidas pagas no futuro e formalizadas em prazo previamente estipulado. Esses ativos financeiros, por serem endossáveis, possibilitam que os credores possam vendê-los por um valor à vista menor que o recebimento futuro. Tal operação é denominada de desconto de títulos. 1.1 Títulos • Letra de câmbio • Fatura • Duplicata • Nota promissória • Debêntures Por exemplo, uma empresa recebeu uma duplicata de seu cliente no valor de R$ 5.000 para dois meses. Essa empresa pode ir ao banco trocar a duplicata e receber um valor hoje, menor que os R$ 5.000 a receber. A diferença é relativa aos juros cobrados pelo banco. O valor pago pelo banco na data do desconto é chamado de VALOR ATUAL (Va) ou VALOR DESCONTADO, resultado do VALOR NOMINAL (N), ou VALOR DE FACE ou VALOR FUTURO (VF) menos o DESCONTO (D), ou seja: Va = N - D 3 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados As formas mais usuais de desconto são o desconto bancário ou comercial simples (por fora) e o desconto racional simples (por dentro). Também existem os descontos compostos: desconto bancário composto (não utilizado no Brasil) e desconto racional composto (utilizado nas operações financeiras de longo prazo). Vejamos as diferenças: 1.2 Desconto comercial (bancário) simples ou por fora É amplamente adotado no Brasil. Nessa operação temos os juros que seriam produzidos pelo VALOR NOMINAL (N) se ele fosse aplicado pelo prazo de antecipação, à taxa de desconto dada. Portanto, considerando que o VALOR NOMINAL é o CAPITAL que produzirá os juros, obtemos as seguintes fórmulas: M = N (1 + i . n) O desconto será dado por: D = N . i . n O Valor Atual, ou seja, o valor recebido pelo comerciante ao descontar a duplicada será igual a: Va = N – D, Assim, concluímos que: Va = N – N . i , n Colocando “N” em evidência, obtemos que: Va = N (1 – i . n) Nomenclatura utilizada N = valor nominal (capital); n = número de termos ou número de parcelas ou número de prestações; i = taxa de juros; M = montante, valor futuro ou valor final (VF); D = desconto; Va = valor atual. 4 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Exemplo1: Um comerciante possui uma nota promissória com valor nominal de R$ 440,00 que vencerá em 2 meses. Entretanto, como ele necessita de recursos imediatamente, decide antecipá-la em um banco. O valor que o comerciante receberá será igual ao VALOR ATUAL (Va) da nota promissória. Considerando que a taxa de juros adotada pelo banco seja de 5% a.m., temos que: M = N (1 + i . n) M = R$ 440,00 (1 + 0,05 x 2) M = R$ 440,00 x 1,10 M = R$ 484,00 Ora, se consideramos que o VALOR NOMINAL aplicado a juros simples de 5% a.m. produzirá um montante de R$ 484,00, concluímos que a diferença entre eles, ou seja, R$ 44,00, é o DESCONTO COMERCIAL SIMPLES. Outra forma de calcularmos o desconto deriva da seguinte fórmula: Va = N (1 – i . n) Va = R$ 440,00 (1 – 0,05 x 2) Va = R$ 440,00 x 0,90 Va = R$ 396,00 Como D = N – Va, logo: D = R$ 440,00 – R$ 396,00 D = R$ 44,00 Exemplo 2 Um comerciante decide descontar em um banco um título de valor nominal igual a R$ 5.000,00, com vencimento para 180 dias. Para esse tipo de operação, o título sofrerá um desconto comercial simples de 9% ao trimestre. Portanto, o valor do desconto e o valor atual serão: Lembre-se 180 dias = 6 meses = 2 trimestres M = N (1 + i . n) 5 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados M = 5.000 (1 + 0,09.2) M = 5.900 Se considerarmos que o VALOR NOMINAL aplicado a juros simples de 9% a.t. produzirá um montante de R$ 5.900, concluímos que a diferença entre eles, ou seja, R$ 900,00, é o DESCONTO COMERCIAL SIMPLES O valor atual é N – D. Assim: Va = 5.000 – 900 = 4.100 1.3 Desconto racional simples ou por dentro No Desconto Racional Simples, o VALOR ATUAL (Va) corresponde a um CAPITAL (C) aplicado a juros simples, pelo prazo de antecipação, e o VALOR NOMINAL (N) corresponde ao MONTANTE (M) produzido por essa aplicação. Considerando que a fórmula do montante a juros simples é M = C (1 + i . n), e, considerando que M = N e Va = C, temos: N = Va (1 + i . n) Logo, o VALOR ATUAL (Va) será: Va = N (1 + i . n) Como vimos anteriormente, Va = N – D. Logo, concluímos que: D = N – Va Exemplo 1 Um comerciante possui uma nota promissória com valor nominal de R$ 440,00 que vencerá em 2 meses. Entretanto, como ele necessita de recursos imediatamente, decide antecipá-la em um banco. O valor que o comerciante receberá será igual ao VALOR ATUAL (Va) da nota promissória. Considerando que a taxa de juros adotada pelo banco seja de 5% a.m., temos que: 6 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados N = R$ 440,00 I = 5% AM. n = 2 meses Va = N (1 + i . n) Va = 440,00 (1 + 0,05 x 2) Va = 440,00 1,10 Va = R$ 400,00 Portanto, o DESCONTO RACIONAL SIMPLES é: D = N – Va D = R$ 440,00 – R$ 400,00 D = R$ 40,00 Exemplo 2 Um comerciante decide descontar em um banco um título de valor nominal igual a R$ 5.000,00, com vencimento para 180 dias. Para esse tipo de operação, o título sofrerá um desconto racional simples de 9% a.t. Portanto, o valor do desconto e o valor atual serão... Lembre-se 180 dias = 6 meses = 2 trimestres Va = N (1 + i . n) Va = 5000 (1 + 0,09 . 2) Va = 4,237,29 Portanto, o DESCONTO RACIONAL SIMPLES é: D = N – Va D = R$ 5.000 – R$ 4237 = 762,71 D = R$ 40,00 7 Administração Financeira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1.4 Diferenças Para entender a diferença entre as nomenclaturas, imaginemos os descontos simples como o sendo um ser humano, em que a parte COMERCIAL é o corpo, que se vê e está POR FORA, enquanto o cérebro, que é o raciocínio, o RACIONAL, não se vê e está POR DENTRO. Seguindo esse raciocínio, basta lembramos que, no DESCONTO RACIONAL, os juros são produzidos por um VALOR ATUAL que desconhecemos. Já no DESCONTO COMERCIAL, os juros são produzidos pelo VALOR NOMINAL, que conhecemos. Costuma-se diferenciar os tipos de descontos utilizando “Drs” para DESCONTO RACIONAL SIMPLES e “Dcs” para DESCONTO COMERCIAL SIMPLES, assim como para as demais variáveis. 1.5 Desconto racional composto ou por dentro No Desconto Racional Composto, “por dentro”, é calculada a diferença entre o valor futuro de um título e o seu valor atual, determinado com base no regime de capitalização composta; portanto de aplicação generalizada. o VALOR ATUAL (Va) corresponde a um CAPITAL (C) aplicado a juros simples, pelo prazo de antecipação, e o VALOR NOMINAL (N) corresponde ao MONTANTE (M) produzido por essa aplicação. O desconto é a diferença entre o valor futuro de um título e o seu valor atual, calculado com base no regime de capitalização composta, como segue: D = N – Va = N – N (1+i) n ou D = N (1+i) n - 1 (1+i) n Exemplo 1 Um comerciante possui uma nota promissória com valor nominal de
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