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MATEMÁTICA FINANCEIRA Dulce Helena Teixeira e Silva 2MATEMÁTICA FINANCEIRA SUMÁRIO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Igor Zattera, Leonardo Ribeiro Revisora Luana Reis INTRODUÇÃO À MATEMÁTICA FINANCEIRA 5 Juro 6 Taxa de Juros 7 Critérios de Capitalização dos Juros 9 Juro Simples 9 Montante e Capital 12 O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO 16 Fatores que influenciam na desvalorização da Moeda 17 Juros Compostos 19 Equivalência Financeira 21 Taxa Proporcional e Taxa Equivalente 22 Valor Futuro 26 Valor Presente 31 TÍTULOS DE CRÉDITO E OPERAÇÕES DE DESCONTO 35 Operações de Desconto 38 Desconto Comercial 39 Desconto Bancário 42 Desconto de Títulos e Taxa de Juros 45 Desconto de uma série de títulos – prazo médio 46 Taxa de Juros Efetiva (Regime Juros Compostos) 48 FLUXOS DE CAIXA 54 Modelo Padrão 55 Fluxos de Caixa Não Convencionais 57 Fluxo de Caixa e o Valor do Dinheiro no Tempo 58 SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS 64 Definições Básicas 65 Sistema de Amortização Constante - SAC 66 Sistema de Amortização Francês – Price ou SAF 67 3MATEMÁTICA FINANCEIRA Apresentação Queridos alunos, sejam muito bem-vindos à disciplina de Matemática Financeira! E por que é importante estudarmos Matemática Financeira? Porque ela faz parte de nosso dia a dia! Você é estudante e muito provavelmente já esteja no mercado de trabalho. Utiliza seu salário para honrar seus compromissos, faz suas economias, planeja seu futuro... Tudo isso envolve os conceitos da matemática financeira. Como decidir qual o melhor investimento para minhas economias? Como saber se a melhor opção é contrair uma dívida ou guardar o recurso para adquirir um bem à vista? Como posso garantir meu futuro financeiro? Qual a melhor maneira de planejar meus gastos? 4MATEMÁTICA FINANCEIRA Nessa disciplina, aprenderemos conceitos ligados a taxas de juros, ao valor do dinheiro no tempo, tipos de operações comumente realizadas no mercado financeiro e tantos outros conceitos que até usamos no nosso dia a dia, mas que, muitas vezes nem percebemos que estamos utilizando a matemática financeira. Espera-se, que ao final dessa disciplina, o aluno seja capaz de: • Interpretar e analisar conhecimentos matemáticos aplicados à área de finanças; • Resolver situações problemas que envolvam raciocínio lógico matemático financeiro; • Conhecer e compreender o valor do dinheiro no tempo; • Sistematizar informações e interpretar resultados financeiros; Nessa apostila você tem a sua disposição conteúdos, exem- plos de exercícios resolvidos, com desenvolvimento dos cálculos, exercícios e algumas dicas que tem como objetivo facilitar seu processo ensino-aprendizagem. Além disso, temos nossas videoaulas, que você pode assistir tantas vezes quantas forem necessárias, participar de nossas tutorias e consultar os materiais complementares disponíveis, que foram preparados no intuito de auxiliá-lo no processo ensino-aprendizagem. Não esqueça também que você tem um canal aberto comigo através do e-mail e pelo fórum de dúvidas da disciplina. Utilize esses canais como nossa sala de aula virtual, questione, envie suas dúvidas, mande quantas mensagens forem necessárias. Meu papel é acompanhar vocês nessa caminhada e coloco-me à disposição. Vamos escrever juntos uma história de sucesso nessa dis- ciplina? Conte inteiramente comigo, assim como eu conto com o comprometimento de cada um de vocês! Não esqueça, cada um é responsável por sua aprendizagem! 5MATEMÁTICA FINANCEIRA INTRODUÇÃO À MATEMÁTICA FINANCEIRA E então, vamos dar início a nossa história? Nesse primeiro capítulo vamos trabalhar conceitos básicos da matemática financeira, começando por juro, taxa de juros e os critérios de capitalização, simples e composto. 6MATEMÁTICA FINANCEIRA Veremos também como calcular montante e capital, o que é muito importante para quem deseja economizar para compra de um bem no futuro, ou uma viagem, enfim, o conceito de “poupar”, não no sentido de caderneta de poupança, mas no sentido de fazer uma reserva financeira, o que está intimamente ligado à realização de sonhos. E quem não tem sonhos? Isso é que o nos move. Então, vamos entrar nesse mundo cheio de cifrões, percentuais, prazos e tabelas e descobrir que ele não tem nada de complicado e é sim, encantador? Juro A matemática financeira trata em essência, do estudo do valor do dinheiro ao longo do tempo. O seu objetivo básico é o de efetuar análises e comparações dos vários f luxos de entrada e saída de dinheiro do caixa verificados em diferentes momentos. Receber uma quantia hoje ou no futuro não são, evidente- mente, a mesma coisa. Em princípio, uma unidade monetária hoje é preferível à mesma unidade monetária disponível amanhã. Postergar uma entrada de caixa (recebimento) por certo tempo envolve um sacrifício, o qual deve ser pago mediante uma re- compensa, definida pelos juros. Dessa forma, são os juros que efetivamente induzem o adiamento do consumo, permitindo a formação de poupanças e de novos investimentos na economia. As taxas de juros devem ser eficientes de maneira a remunerar: 1. O risco envolvido na operação (empréstimo ou aplicação), re- presentado genericamente pela incerteza com relação ao futuro; 2. A perda do poder de compra do capital motivada pela inflação. Inflação é um fenômeno que corrói o capital, determinando um volume cada vez menor de compra com o mesmo montante. Veremos este assunto mais detalhadamente no decorrer da disciplina. 7MATEMÁTICA FINANCEIRA 3. O capital emprestado/aplicado - Os juros devem gerar um lucro (ou ganho) ao proprietário do capital como forma de compensar sua privação por determinado período de tempo. Este ganho é estabelecido basicamente em função das diversas outras oportu- nidades de investimentos e definido por custo de oportunidade. “Assim, Robinson Crusoé não paga dinheiro a ninguém, mas percebe que o custo de colher morangos pode ser considerado como sendo a quantidade de framboesas que ele poderia ter colhido ao mesmo tempo e com o mesmo esforço, ou como sendo do lazer sacrificado em troca dos morangos. Esse sacrifício de fazer outra coisa qualquer é chamado de “custo de oportunidade”. Samuelson (1979,500). A citação acima explica o significado de custo de oportunida- de de uma forma bem lúdica. É um conceito que vem da ciência econômica e não vamos nos ater nele, pois não será objeto de estudo em nossa disciplina. A explicação do conceito visa apenas ilustrar a explicação a ideia do quê a taxa de juros deve remunerar. Taxa de Juros A taxa de juros é o coeficiente que determina o valor do juro, isto é, a remuneração do fator capital utilizado durante certo período de tempo. As taxas de juros se referem sem- pre a uma unidade de tempo (mês, semestre, ano, etc.) e po- dem ser representadas equivalentemente de duas maneiras: taxa percentual e taxa unitária. 8MATEMÁTICA FINANCEIRA A taxa percentual refere-se aos “centos” do capital, ou seja, o valor dos juros para cada centésima parte do capital. Exemplo: um capital de $1.000,00 aplicado a 20% ao ano rende de juro, ao final deste período: Juro = $ 1.000,00100 x 20 = $ 200,00 O capital de $ 1.000,00 tem dez centos. Como cada um deles rende 20, a remuneração total da aplicação no período é, portanto, de $ 200,00. A taxa unitária centra-se na unidade de capital. Reflete o rendimento de cada unidade de capital em certo período de tempo. Exemplo (acima), a taxa percentual de 20% ao ano indica um rendimento de 0,20 (20%/100) por unidade de capital aplicada, ou seja:Juro = $ 1.000,00 x 20 100 Juro = $ 1.000,00 x 0,20 = 200,00 A transformação da taxa percentual em unitária se processa simplesmente pela divisão da notação em percentual por 100. Para a transformação inversa, basta multiplicar a taxa unitária por 100. Exemplos: Taxa Percentual Taxa Unitária 1.5% 0,015 8% 0,08 17% 0,17 86% 0,86 120% 1,20 1.500% 15,00 Nas fórmulas de matemática financeira todos os cálculos são efetuados utilizando-se a taxa unitária de juros. Os enunciados e as respostas dos exercícios a serem resolvidos nesta disciplina serão indicados pela taxa percentual. 9MATEMÁTICA FINANCEIRA Nas fórmulas de matemática financeira, tanto o prazo da operação, como a taxa de juros devem necessariamente estar expressos na mesma unidade de tempo. Por exemplo, admita que um fundo de investimentos esteja oferecendo juros de 2% ao mês e os rendimentos creditados mensalmente. Neste caso, o prazo a que se refere à taxa (mês) e o período de capitalização do fundo (mensal) são coincidentes, atendendo à regra básica. Se uma aplicação foi efetuada pelo prazo de um mês, mas os juros definidos em taxa anual, não há coincidência nos prazos e deve ocorrer necessariamente um “rateio”. É indispensável para o uso das fórmulas financeiras transfor- marem a taxa de juros anual para o intervalo de tempo definido pelo prazo da operação, ou vice-versa, o que for considerado mais apropriado para os cálculos. Somente após a definição do prazo e da taxa de juros na mesma unidade de tempo é que as formulações da matemática financeira podem ser operadas. Os critérios de transformação do prazo e da taxa para a mesma unidade de tempo podem ser efetuados através das re- gras de juros simples (média aritmética) e de juros compostos (média geométrica), dependendo do regime de capitalização definido para a operação. Critérios de Capitalização dos Juros Os critérios (regimes) de capitalização demonstram como os juros são fornecidos e sucessivamente incorporados ao ca- pital no decorrer do tempo. Nesta conceituação podem ser identificados dois regimes de capitalização dos juros: simples (ou linear) e composto (ou exponencial). Juro Simples Juro simples é aquele calculado unicamente sobre o capital inicial da operação (aplicação ou empréstimo), não se registrando juros sobre o saldo dos juros acumulados. 10MATEMÁTICA FINANCEIRA A remuneração pelo capital inicial aplicado é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplicação. O fator de proporcionalidade é a taxa de juros. Fórmula básica para cálculo de juros simples: J = C x i x n Onde: J = Montante de juros (em valores monetários). C = Capital Inicial i = Taxa de juros n = Número de períodos ou tempo Exemplo: Suponha que se tome emprestada a quantia de $1.000,00 pelo prazo de 2 anos e à taxa de 10% aa. (ao ano). Qual será o valor a ser pago como juro, considerando-se o regime de capitalização de juros simples. Capital Inicial (C) = $1.000,00 Taxa de juros (i) = 10% a.a. Número de períodos ou tempo (n) = 2 anos Juros = C . i . n J = 1.000,00 X0,10 X 2 = $200,00 $200,00 é o valor no período de 2 anos. Então o valor ao ano é de $ 100,00. A fórmula de juros simples é básica, tanto para o cálculo dos juros como dos outros valores financeiros mediante simples dedução algébrica: J = C x i x n C = Ji x n i = J C x n n = J C x i 11MATEMÁTICA FINANCEIRA Exemplo: Um negociante tomou um empréstimo pagando uma taxa de juros simples de 6% ao mês durante 9 meses. Ao final deste período, calculou em $ 270.000,00 o total dos juros incorridos na operação. Determinar o valor do empréstimo: Solução: C = ? i = 6% ao mês (0,06) n = 9 meses J = $ 270.000,00 C = Ji x n = 270.000,00 0,06 x 9 = 270.000,00 0,54 = $ 500.000,00 Vamos imaginar agora um empréstimo de $ 1.000,00 pelo prazo de 5 anos, pagando-se juros simples à razão de 10% ao ano. O quadro a seguir ilustra a evolução dessa operação ao período, indicando os vários resultados: Os juros simples, principalmente diante de suas restrições técnicas, têm aplicações práticas bastante limitadas. São raras as operações financeiras e comerciais que formam temporalmente seus montantes de juros segundo o regime de capitalização linear. O uso dos juros simples restringe-se principalmente às operações praticadas no âmbito do curto prazo. No entanto, as operações que adotam juros simples, além Ano Saldo no início de cada ano($) Juros apurados para cada ano($) Saldo devedor ao final de cada ano ($) Crescimento anual do saldo devedor($) Início do 1º ano - - 1.000,00 - Final 1º ano 1.000,00 0,10x1.000,00=100,00 1.100,00 100,00 Final 2º ano 1.100,00 0,10x1.000,00=100,00 1.200,00 100,00 Final 3º ano 1.200,00 0,10x1.000,00=100,00 1.300,00 100,00 Final 4º ano 1.300,00 0,10x1.000,00=100,00 1.400,00 100,00 Final 5º ano 1.400,00 0,10x1.000,00=100,00 1.500.00 100,00 Fonte: Assaf Neto, 2006, pág.4. 12MATEMÁTICA FINANCEIRA de apresentarem geralmente prazos reduzidos, não costumam apurar o seu percentual de custo (ou rentabilidade) por este regime. Os juros simples são utilizados para o cálculo dos valores monetários da operação (encargos a pagarem para empréstimos, e rendimentos financeiros, para aplicações), e não para a apuração do efetivo resultado. Montante e Capital Um determinado capital (C), quando aplicado a uma taxa periódica de juro (J) por determinado tempo, produz um valor acumulado denominado de montante, e identificado em juros simples por M. Em outras palavras, o montante é constituído do capital mais o valor acumulado dos juros, isto é: M = C + J No entanto, sabe-se que: J = C . i . n Substituindo esta expressão básica na fórmula do montante supra, e colocando-se C em evidência: M = C + C . i . n O que resulta em: M = C ( 1 + i x n) Evidentemente, o valor de C desta fórmula pode ser obtido através de simples transformação algébrica: C = M(1 + i x n) A expressão (1 + i x n) é definida como fator de capitali- zação (ou de valor futuro) dos juros simples. Ao multiplicar um capital por este fator, corrige-se o seu valor para uma data futura, determinando o montante. 13MATEMÁTICA FINANCEIRA O inverso, ou seja, 1/(1 + i x n) é denominado de fator de atualização (ou de valor presente). Ao se aplicar o fator sobre um valor expresso em uma data futura, apura-se o seu equi- valente numa data atual. Exemplo 1 - Uma pessoa aplica $ 18.000,00 à taxa de 1,5% ao mês durante 8 meses. Determinar o valor acumulado ao final deste período. Solução: C = $ 18.000,00 i= 1,5% ao mês (ou seja, 0,015) n = 8 meses M = C ( 1 + i x n) M = 18.000,00 (1 + 0,015 x 8) M = 18.000 x 1,12 = $ 20.160,00 Exemplo 2 - Uma dívida de $ 900.000,00 vencerá em 4 me- ses. O credor está oferecendo um desconto de 7% ao mês caso o devedor deseje antecipar o pagamento para hoje. Calcular o valor que o devedor pagaria caso antecipasse a liquidação da dívida. M = $ 900.000,00 n = 4 meses i = 7% ao mês (0,07) C=? C = M(1 + i x n) = 900.000,00 (1 + 0,07 x 4) = 900.000,001,28 = $ 703.125,00 14MATEMÁTICA FINANCEIRA Síntese Nesse primeiro capítulo entramos no mundo da matemática financeira, de mansinho. Vimos o conceito de juros, taxa de juros e que existem dois regimes distintos de capitalização dos juros, o simples e o composto. Vimos também como calcular montante, capital e todas as incógnitas pertinentes à fórmula de juros simples. Vimos também a diferença entre taxa de juro unitária e per- centual. E que não podemos esquecer da regra, sempre que for para colocar em fórmula, utilizamos o modo unitário e não o percentual. Essa unidade é introdutória, no intuito de abordarmos os con- ceitos base da matemática financeira. Aprofundaremos alguns desses conceitos no decorrer de nossa disciplina. Tudo bem até aqui? Não deixe de assistir nossas videoaulas, acompanhar os materiais complementares, participar de nossa tutoria e me contatar sempre que precisar. Estou à disposição!15MATEMÁTICA FINANCEIRA Exercícios 1. Um capital de $ 80.000,00 foi aplicado à taxa de 2,5% ao mês durante um trimes- tre. Pede-se determinar o valor dos juros acumulados neste período em regime de capitalização de juros simples. 2. Um capital de $ 40.000,00 foi aplicado num fundo de investimentos por 1 mês, produzindo um rendimento financeiro de $ 9.680,0. Pede-se apurar a taxa de juros oferecida por esta operação (juros simples). 3. Calcular o montante de um capital de $ 600.000,00 aplicado à taxa de 2,3% ao mês pelo prazo de um ano e 5 meses. 4. Uma pessoa aplicou em uma instituição financeira $ 18.000,00 resgatando $ 21.456,0 quatro meses depois. Calcular a taxa mensal de juros simples auferida nesta aplicação. 5. Se uma pessoa necessitar de $ 100.000,00 daqui a 10 meses, quanto deverá ela de- positar hoje num fundo de investimentos que remunere à taxa linear de 12% ao ano? 16MATEMÁTICA FINANCEIRA O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO O velho ditado que diz “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”, adquire uma grande importância quando aplicado às finanças. Em termos monetários, ele significa que o dinheiro em caixa hoje, vale mais do que no futuro. (Groppelli e Nikbakht ,2002, p.51) Isso significa dizer que o valor do dinheiro muda ao longo do tempo. Basta pensarmos numa situação prática, você prefere ter um real na mão hoje ou recebê-lo daqui a um determinado tempo? O que você pode comprar com R$ 100,00 hoje? E daqui a 30, 60, 90 dias? Daqui a um ano, será que esses R$ 100,00 comprarão a mesma mercadoria? 17MATEMÁTICA FINANCEIRA E se você puder aplicar esse recurso hoje? Quanto você terá daqui a um determinado período? Essas e outras reflexões devem ser feitas tanto pelas pessoas físicas como pelas empresas no momento de efetuar algum investimento e/ou financiamento. O que pode inf luenciar nas decisões? O tempo? A taxa de juros? O risco ou não de contrair uma dívida? O risco ou não de um investimento? Veremos nesse capítulo alguns conceitos que poderão au- xiliar na tomada de decisões no âmbito financeiro. Fatores que influenciam na desvalorização da Moeda Existem três fatores importantes que fazem acontecer a desvalorização do dinheiro ao longo do tempo: 1. Inflação: refere-se ao aumento persistente e generalizado de preços na economia. Quando isso acontece, o poder de compra da moeda diminui, causando sua desvalorização. Se, por exemplo, uma cesta de produtos custa R$ 100 reais em agosto e passa a ser vendida por R$ 150 reais em setembro, verifica-se uma inflação de 50% no mês. 2. Risco: risco está realmente associado à incerteza, variação, insegurança de não saber o que vai acontecer com o retorno de um investimento. Como o futuro é incerto, o risco au- menta com o passar do tempo. A maioria das pessoas deseja evitar o risco, assim, valorizam mais o dinheiro agora do que a promessa de dinheiro futuro. 3. Liquidez: refere-se ao grau de facilidade com que os ativos podem ser convertidos em caixa. Ou seja, eu posso ter pa- trimônio e não ter dinheiro para honrar um compromisso. Isso significa não ter liquidez, não ter dinheiro em caixa – ou “no bolso”, na carteira, numa conta bancária, enfim, o conceito de liquidez está ligado às disponibilidades em moeda corrente. 18MATEMÁTICA FINANCEIRA O tempo é, sem sombra de dúvidas, um fator diretamente proporcional ao valor do dinheiro. Assim, podemos afirmar plenamente que quanto maior o período, maiores serão as inf luências dos agentes externos, ou ainda, as inf luências do macro ambiente em relação ao poder de compra da moeda específica. As decisões financeiras envolvem custos e benefícios que estão espalhados sobre o tempo. Tomadores de decisão financeira, na família e nas empresas, têm todos que avaliarem se investir o dinheiro hoje é justificado pelos benefícios esperados no futuro. Podemos dizer que, diante do cenário econômico brasileiro, já estamos acostumados com a ideia de que o valor do dinheiro muda no tempo. Afinal é muito claro em nosso dia a dia que sempre convivemos com alguma inf lação. Sendo assim, acha- mos natural que ao pedir algum dinheiro emprestado teremos que, em algum momento, devolver a quantia integral acrescida de um determinado valor. Mas se não houvesse inf lação ou variação cambial? Ainda assim ocorreria a mesma coisa, pois, quem empresta dinheiro abre mão do retorno de algo. Da mesma forma poderia consumir no presente ou obter uma renda aplicando o recurso em algum investimento. Por isso, faz jus a uma compensação, que se chama retorno e está diretamente ligada ao risco. Retorno é o ganho ou prejuízo total (incluindo pagamen- tos periódicos recebidos e variação no valor do ativo) ao longo de um período de tempo. Retorno costuma ser expresso em termos percentuais ou em termos absolutos. O retorno está diretamente ligado ao risco, ou seja, quanto maior o risco a se correr num determinado investimento, maior será o retorno exigido pelos investidores ou credores. Um exemplo simples e bem comum no nosso dia a dia. Os 19MATEMÁTICA FINANCEIRA depósitos em poupanças, por alguns ainda chamada de “ca- derneta de poupança” hoje rendem cerca de 0,5% a.m. (até um pouco menos, mas para fins de simplificação didática, vamos trabalhar com esse percentual). Uma pessoa que tenha suas economias nesse tipo de in- vestimento tem um perfil conservador ao extremo, prefere a garantia de um rendimento baixo a correr riscos e assim ter a possibilidade de maior ganho. Perfil ultraconservador é o investidor que prioriza a preservação dos seus recursos acima de tudo. Não assume riscos que possam comprometer seu patrimônio, ainda que a rentabilidade seja abaixo da média. É o que menos tolera perdas e falta de liquidez. Já um investidor que corre grandes riscos, além da possi- bilidade de maiores ganhos, ele também pode correr o risco de vir a perder, inclusive, o capital investido, que é o caso de investimentos em ações, por exemplo. Assim, podemos chamar de capital um valor que foi em- prestado ou aplicado, e de juros a remuneração devida pela utilização do capital. Então a taxa de juros é a proporção entre os juros pagos e o capital. Qualquer investimento ou comprometimento de caixa ra- zoável devem proporcionar um aumento de valor ao longo do tempo. Dada uma quantia de dinheiro que se deseje aplicar, pode-se descobrir quanto tal montante aumentará no futuro, uma vez que a taxa de retorno seja conhecida. Juros Compostos O regime de juros compostos considera que os juros formados em cada período são acrescidos ao capital formando o montante (capital mais juros) do período. Este montante, por sua vez, passará a render juros no período seguinte formando um novo montante (constituído do capital inicial, dos juros acumulados e dos juros sobre os juros formados em períodos anteriores), e assim por diante. 20MATEMÁTICA FINANCEIRA Admitindo-se no exemplo anterior que a dívida de $ 1.000,00 deve ser paga em juros compostos a taxa de 10% ao ano, têm-se os resultados ilustrados no quadro a seguir: Observe que no critério de juros compostos, os juros não incidem unicamente sobre o capital inicial de $ 1.000,00, mas sobre o saldo total existente no início de cada ano. Este saldo incorpora o capital inicial emprestado mais os juros incorridos em períodos anteriores. Ano Saldo no início de cada ano($) Juros apurados para cada ano($) Saldo devedor ao final de cada ano ($) Início do 1º ano - - 1.000,00 Final 1º ano 1.000,00 0,10x1.000,00=100,00 1.100,00 Final 2º ano 1.100,00 0,10x1.100,00=110,00 1.210,00 Final 3º ano 1.210,00 0,10x1.210,00=121,00 1.331,00 Final 4º ano 1.331,00 0,10x1.331,00=133,10 1.464,10 Final 5º ano 1.464,10 0,10x1.464,10=146,40 1.610,51 Fonte: Assaf Neto, 2006, pág.5. 21MATEMÁTICA FINANCEIRA Observe que no critério de juros compostos, os juros não incidem unicamente sobre o capital inicial de $ 1.000,00, mas sobre o saldo total existente no início de cadaano. Este saldo incorpora o capital inicial emprestado mais os juros incorridos em períodos anteriores. O Juro do primeiro ano é produto da incidência da taxa de 10% ao ano sobre o capital emprestado de $ 1.000,00, totalizando $ 100,00, que é o mesmo valor observado no regime de capitalização simples. Assim, para operações que envolvam um só período de incidência de juros (também denominado de período de capitalização), é indiferente o uso de regime de capitalização simples ou composto, pois ambos produzem o mesmo resultado. Voltaremos a tratar de juros compostos no decorrer de nossa disciplina, quando aprofundaremos o assunto. Aqui foi apenas uma introdução ao tema para diferenciar os regimes de capitalização. Equivalência Financeira O problema da equivalência financeira constitui-se no raciocínio básico da matemática financeira. Conceitualmente, dois ou mais capitais representativos de certa data dizem-se equivalentes quando, a uma taxa de juros, produzem resultados iguais numa data comum. Por exemplo, $ 120,00 vencíveis daqui a um ano e $ 100,00, hoje, são equivalentes a uma taxa de juros simples de 20%, uma vez que os $ 100,00 capitalizados, produziriam $ 120,00 dentro de um ano. Ou os $ 120,00, do final do pri- meiro ano, resultariam em $ 100,00, se atualizados para hoje. Ou seja, ambos os capitais produzem, numa data de compa- ração, (data focal) e a uma taxa de 20% ao ano, resultados idênticos. Como chegamos a esses resultados? Utilizando as fórmulas vistas no capítulo anterior. Ou seja: 22MATEMÁTICA FINANCEIRA M = 100,00 x ( 1 + 0,20 x 1) = $ 120,00 C = 120,00/ (1 + 0,20 x1 ) = $ 100,00 Exemplo: Determinar se $ 438.080,00 vencíveis daqui a 8 meses é equivalente a se receber hoje $ 296.000,00, admitindo uma taxa de juros simples de 6% ao mês. Solução: C = 438.080,00 / (1+0,06 x 8) = 296.000,00 Os capitais são equivalentes à taxa de 6% ao mês. Portanto, a esta taxa de juros é indiferente receber $ 296.000,00 hoje ou 438.080,00 daqui a 8 meses. Na questão de equivalência financeira, em juros simples, é importante ressaltar que os prazos não podem ser desmem- brados (fracionados) sob pena de alterar os resultados. Em outras palavras, dois capitais equivalentes, ao fracionar seus prazos, deixam de produzir o mesmo resultado na data focal pelo critério de juros simples. Vimos como os capitais se equivalem. Vejamos agora, como as taxas se equivalem, ou seja, num regime de juros simples, 1% ao mês e 12% ao ano eu posso dizer que são taxas equivalentes, certo? E num regime de juros compostos, onde não é uma progressão linear, como eu faço para calcular as taxas equivalentes? Vamos ver? Taxa Proporcional e Taxa Equivalente Para se compreender mais claramente o significado destas taxas deve-se reconhecer que toda operação envolve dois pra- zos: (1) o prazo a que se refere à taxa de juros; e (2) o prazo de capitalização (ocorrência) dos juros. Ilustrativamente, admita um empréstimo bancário a uma taxa (custo) nominal de 24% ao ano. O prazo a que se refere especificamente a taxa de juros é anual. A seguir, deve-se 23MATEMÁTICA FINANCEIRA identificar a periodicidade de ocorrência dos juros. Ao se esta- belecer que os encargos incidirão sobre o principal somente ao final de cada ano, os dois prazos considerados são coincidentes. O crédito direto ao consumidor promovido pelas financeiras é outro exemplo de operação com prazos iguais. Caracteristica- mente, a taxa cobrada é definida ao mês e os juros capitalizados também mensalmente. Mas em inúmeras outras operações esses prazos não são coincidentes. O juro pode ser capitalizado em prazo inferior ao da taxa, devendo-se nessa situação, ter definido como o prazo da taxa será rateado ao período de capitalização. Por exemplo, uma aplicação em títulos de renda fixa que pague aos aplicadores uma taxa de juros de 6% ao ano, a qual é agregada (capitalizada) ao principal todo o mês através de um percentual proporcional de 0,5%. Tem-se aqui dois prazos, o prazo da taxa: ano e o prazo de capitalização: mês. É necessário, para o uso das fórmulas de matemáti- ca financeira, expressar estes prazos diferentes na mesma base de tempo. Ou transforma-se o prazo específico da taxa para o de capitalização ou, de maneira inversa, o período de capitalização passa a ser expresso na unidade de tempo da taxa de juros. No regime de juros simples, diante de sua própria natureza linear, essa transformação é processada pela taxa proporcional de juros também denominada taxa linear ou nominal. Essa taxa proporcional é obtida da divisão entre a taxa de juros considerada na operação e o número de vezes em que ocorrerão os juros (quantidade de períodos de capitalização). Por exemplo, para uma taxa de juros de 18% ao ano, se a capitalização for definida mensalmente (ocorrerão 12 vezes juros no período de um ano), o percentual de juros que incidirá sobre o capital a cada mês será: 24MATEMÁTICA FINANCEIRA Taxa Proporcional = 18%12 = 1,5% ao mês (a.m.) A aplicação de taxas proporcionais é muito difundida, principalmente em operações de curto e curtíssimo prazo, tais como: cálculo de juros de mora, descontos bancários, créditos de curtíssimo prazo, apuração de saldo devedor de conta cor- rente bancária, etc. As taxas de juros simples se dizem equivalentes quando, aplicadas a um mesmo capital e pelo mesmo intervalo de tempo, produzem o mesmo volume linear de juros. Por exemplo, em regime de juro simples, um capital de $ 500.000,00, se aplicado a 2,5% ao mês ou 15% ao semestre pelo prazo de um ano, produz o mesmo montante linear de juros, isto é: Juro = 2,5% a.m. = $ 500.000,00 x 0,025 x 12 = $ 150.000,00 Juro = 15% a.s. = $ 500.000,00 x 0,15 x 2 = $ 150.000,00 Os juros produzidos pelas duas taxas lineares são iguais, logo são definidas como equivalentes. No regime de juros simples, taxas proporcionais (nominais ou lineares) e taxas equivalentes são consideradas a mesma coisa, sendo indiferente a classificação de duas taxas. A taxa de 2,5% está relacionada ao período de um mês, e a de 15% a seis meses. Logo: 1 6 = 2,5 15 Observando-se essa igualdade, tem-se que as grandezas são proporcionais, pois o produto dos meios é igual ao produto dos extremos, isto é: 6 x 2,5 = 1 x 15 15 = 15 E se estivermos trabalhando no regime de capitalização de juros compostos, como saber se as taxas são equivalentes? 25MATEMÁTICA FINANCEIRA Ao se tratar de juros simples, foi comentado que a taxa equi- valente é a própria taxa proporcional da operação. O conceito enunciado de taxa equivalente permanece válido para o regime de juros compostos diferenciando-se, no entanto, a fórmula de cálculo da taxa de juros. Por se tratar de capitalização exponencial, a expressão da taxa equivalente composta é a média geométrica da taxa de juros do período inteiro, isto é: iq = q√1 + i -1 Onde: i = taxa q = número de períodos de capitalização Exemplo: Qual é a taxa equivalente composta mensal de 10,3826% ao semestre? i6 = 6√1 + 0,103826 -1 = 0,0166 x100 = 1,66% 26MATEMÁTICA FINANCEIRA Para calcular a raiz 6ª de 1,103826 na hp12c 1. Pressione 1,103826 e, em seguida, ENTER. 2. Pressione 6, [1/x] e, em seguida, [yx]. 3. Resposta = 1,016599 Para dar continuidade ao estudo de taxas equivalentes, é importante entendermos também o conceito de valor futuro. O que é isso? Digamos que é o “pássaro voando” que falamos lá no início de nosso capítulo. Vamos ver? Valor Futuro O valor futuro, como o próprio nome diz, é o valor que se terá no futuro. Por exemplo, se aplicarmos hoje uma quantia de capital a uma determinada taxa de juros por um período predeterminado, como poderemos saber o montante em capital que teremos ao final do período contratado? Uma das formas é pela fórmula matemática: VF = VP (1+i)n Onde: VF = Valor Futuro para o período; VP = Investimento ou aplicação inicial; i = taxa de juro (no período); n = número de períodos.Obs: Encontraremos a abreviação de valor futuro como VF e também como FV, que é a abreviatura da sigla em Inglês (Future Value). Nas teclas da calculadora financeira hp12C, todas as siglas estão em inglês. Para que vocês de acostumem com ambas as nomenclaturas, encontradas na literatura, aqui em nossa disciplina, por vezes utilizarei em português e por vezes em inglês. 27MATEMÁTICA FINANCEIRA Exemplo: Qual será o valor futuro de um investimento feito hoje no valor de R$ 1.000,00 capitalizado a uma taxa de 8,0% a.a. daqui a um ano? VF = VP ( 1 + i)n = 1.000 (1+0,08)1 = R$ 1.080,00 E se o prazo fosse de 2 anos? Qual será o valor futuro de um investimento feito hoje no valor de R$ 1.000,00 capitalizado a uma taxa de 8,0% a.a. daqui a 2 anos? VF = VP ( 1 + i)n = 1.000 (1+0,08)2 = R$ 1.166,40. E se o prazo fosse de 3 anos? Qual será o valor futuro de um investimento feito hoje no valor de R$ 1.000,00 capitalizado a uma taxa de 8,0% a.a. daqui a 3 anos? VF = VP ( 1 + i)n = 1.000 (1+0,08)3 = R$ 1.259,71 E voltando ao conceito de taxas equivalentes, utilizando-se a fórmula de valor futuro, pode-se observar que, para um mesmo capital e prazo de aplicação, é indiferente (equivalente) o rendimento de 1,66% ao mês ou 10,3826% ao semestre. Ilustrativamente, um capital de $ 100.000,00 aplicado por dois anos produz: Para i = 1,66% e n = 24 meses: VF = PV ( 1 + i)n VF=100.000,00(1+0,0166)24 = $ 148.457,63 Para i = 10,3826% e n = 4 semestres VF= PV ( 1 + i)n VF = 100.000,00 (1 + 0,103826)4 = $ 148.457,61* *É normal diferenças mínimas nos resultados, nesse caso de 0,02 centavos. Isso ocorre em razão de arredondamentos e de número de casas decimais. Importante! A taxa está em percentual, e deve ser dividida por 100 (unitária) para colocar na fórmula! Se tiver dúvidas, reveja a primeira unidade. 28MATEMÁTICA FINANCEIRA Outra forma de calcular Valor Futuro, de forma bem mais simples, é pela calculadora hp12C. Essa ferramenta é a “melhor amiga” de quem trabalha com finanças. Aliada ao conhecimento, claro, esse é o carro chefe de qualquer gestor financeiro de sucesso. E como realizar esse cálculo pela hp 12C? Primeiramente temos que ter em mente, que essa calculadora difere das demais calculadoras pela forma de introduzir os dados nela, ao se fazer uma operação matemática de qualquer natureza. Então se eu quero somar 2+2, na hp 12C eu primeiramente insiro o número 2, digito ENTER, novamente o 2, e então a tecla +. Aparecerá no visor o número 4. Vamos “brincar um pouquinho com a nossa nova amiga” e assim pegar “intimidade” com ela? Digamos que eu queira multiplicar 10 X 312? 1. Eu digito 10 ENTER 2. Depois 312 3. E então a tecla X 4. Aparecerá no visor 3.120 Seguindo nosso exemplo anterior, agora fazendo os mesmos cálculos pela hp12C: 29MATEMÁTICA FINANCEIRA Qual será o valor futuro de um investimento feito hoje no valor de R$ 1.000,00 capitalizado a uma taxa de 8,0% a.a. daqui a um ano? Eu digito 1.000 e a tecla CHS e depois a tecla PV (infor- mo à hp que esse é o valor que estou investindo, ou seja, meu Valor Presente (Present Value, em inglês). A tecla CHS muda o sinal, pois indica que estou desembolsando esse valor; Digito 1 e a tecla n (informo à hp que é pelo prazo de 1 período); Digito 8 e a tecla i (informo à hp que a taxa nesse período é de 8%); E aperto a tecla FV que é Valor Futuro a informação que eu quero. Aparecerá no visor o valor de 1.080,00, que é meu valor futuro. E se o prazo fosse de 2 anos? Qual será o valor futuro de um investimento feito hoje no valor de R$ 1.000,00 capitalizado a uma taxa de 8,0% a.a. daqui a 2 anos? Eu digito 1.000 e a tecla CHS e depois a tecla PV (infor- mo à hp que esse é o valor que estou investindo, ou seja, meu Valor Presente (Present Value, em inglês). A tecla CHS muda o sinal, pois indica que estou desembolsando esse valor; Digito 2 e a tecla n (informo à hp que é pelo prazo de 2 períodos); Digito 8 e a tecla i (informo à hp que a taxa nesse período é de 8%); E aperto a tecla FV que é Valor Futuro a informação que eu quero. Aparecerá no visor o valor de 1.166,40 que é meu valor futuro. E se o prazo fosse de 3 anos? Lembrando que aqui estamos trabalhando com juros compostos. A hp12C é programada para cálculo de juros compostos! 30MATEMÁTICA FINANCEIRA Qual será o valor futuro de um investimento feito hoje no valor de R$ 1.000,00 capitalizado a uma taxa de 8,0% a.a. daqui a 3 anos? Eu digito 1.000 e a tecla CHS e depois a tecla PV (infor- mo à hp que esse é o valor que estou investindo, ou seja, meu Valor Presente (Present Value, em inglês). A tecla CHS muda o sinal, pois indica que estou desembolsando esse valor. Digito 3 e a tecla n (informo à hp que é pelo prazo de 3 períodos). Digito 8 e a tecla i (informo à hp que a taxa nesse período é de 8%). E aperto a tecla FV que é Valor Futuro a informação que eu quero. Aparecerá no visor o valor de 1.259,71 que é meu valor futuro. Atenção, tem um vídeo na sessão de materiais complementares exclusivo sobre hp12C. Lá eu apresentarei outros exemplos e também dicas de como limpar dados que podem ficar acumulados na memória da calculadora e com isso influenciar no resultado. Vem comigo? 31MATEMÁTICA FINANCEIRA E se eu soubesse o Valor Futuro, o prazo, a taxa, e quisesse saber o Valor Presente? Valor Presente Valor presente é o valor atual de um pagamento futuro, descontado a uma taxa de juros apropriada. Conforme fala- mos no início desse capítulo, o que eu posso comprar hoje com $ 1.000,00 não é o mesmo que poderei comprar daqui a 12 meses, por exemplo. Então, quando eu atualizo esses $ 1.000,00 a valores de hoje, utilizando uma taxa de juros, eu estou “trazendo a valor presente”. E como podemos fazer isso? Pode ser pela fórmula matemática: VP = VF(1+i)n Onde: VP = Valor Presente; VF = Valor Futuro; i = taxa de juros n = prazo ou períodos. Exemplo: Qual o valor que devo aplicar hoje para ter um montante total, em 3 anos, de R$ 1.259,71, sabendo que a taxa de remuneração do capital é de 8% ao ano? VP = VF(1+i)n = 1.259,71 (1+0,8)3 = 1.000,00* *Pode dar diferença de centavos, isso acontece em razão de arredondamentos e números de casas decimais utilizadas nos cálculos. Explicarei melhor isso em nossa videoaula! 32MATEMÁTICA FINANCEIRA E pela hp 12C, como podemos calcular o Valor Presente? Eu digito 1.259,71 e tecla FV (informo à hp que esse é o valor que eu quero ter no futuro), Digito 3 e a tecla n (informo à hp que é pelo prazo de 3 períodos); Digito 8 e a tecla i (informo à hp que a taxa nesse período é de 8%); E aperto a tecla PV que é Valor Presente, a informação que eu quero. Aparecerá no visor o valor de 1.000,00 que é o valor que tenho que investir hoje. Ele aparece com sinal negativo porque é desembolso, mesmo que seja para depositar num banco, por exemplo, estou investindo esse recurso. Os conceitos de Valor Presente e Valor Futuro, são conceitos muito importantes para na matemática financeira e utilizaremos também quando tratarmos de f luxo de caixa, descontos de títulos e outros conteúdos no decorrer de nossa disciplina. São conceitos a serem trabalhados também em outras disciplinas ligadas a finanças, como adminis- tração financeira e outras. Em razão disso, serão bastante trabalhados nessa disciplina. 33MATEMÁTICA FINANCEIRA Síntese O Valor do Dinheiro no Tempo – vimos que não pode- mos comparar valores em dinheiro em diferentes períodos de tempo, apenas pelos seus valores de face. Para uma correta comparação, a matemática financeira nos traz os conceitos de valor futuro e valor presente, onde levamos em consideração taxas de juros para realizar esses comparativos. Essa taxa de juros pode ser o índice de inf lação, o cresci- mento do PIB, taxas de investimentos tantos outros indicadores, pertinentes aos valores a serem comparados. Paralelo a isso, vimos como dois capitais podem ser equivalentes em dados períodos de tempoe como as taxas se equivalem entre si, se capitalizadas em prazos diferentes. Aqui é importante frisar as diferenças entre os tipos de capitalização, se regime de juros simples ou compostos. Vimos também que em todo investimento há um certo nível de Risco e que o Retorno poderá ser maior ou menor de acordo com o risco que estivermos dispostos a correr. Es- tou disposto a correr esse risco? Ou prefiro dar prioridade à segurança e assim auferir menores retornos? Nesse capítulo começamos também a trabalhar com a cal- culadora financeira hp12C. Lembrem que ela é diferente das demais calculadoras pela forma de inserção dos dados, mas não é difícil, é apenas uma questão de hábito. E em contrapartida é um facilitador para execução de cálculos que exigem fórmulas (algumas delas mirabolantes) e que em apenas alguns cliques a hp12C nos fornece o resultado. Os conteúdos vistos nesse capítulo servirão de base para muitos outros conteúdos que veremos ao longo de nossa dis- ciplina, por isso é importante que sejam fixados. Assista nossas videoaulas, faça os exercícios propostos, utilize os canais de comunicação disponíveis para tirar dúvidas. Eu estou à disposição! 34MATEMÁTICA FINANCEIRA Exercícios 1. Qual o Valor Futuro de uma aplicação realizada hoje, no valor de R$ 10.000,00, pelo prazo de 6 meses, com uma taxa de 0,9% a.m.? 2. Marta aplicou R$ 60.000,00 pelo prazo de 1 ano a uma taxa de 9,9% ao semestre. Já Sara optou por aplicar a mesma quantia a uma taxa de 20,78% a.a., também por um ano. Em ambos o regime de capitalização foi de juros compostos. Qual o valor final que cada uma delas obteve ao final de um ano? 3. Calcular o montante de uma aplicação financeira de R$ 80.000,00 a uma taxa de 0,8% a.m. pelo prazo de 2 anos (24 meses). Capitalização de juros compostos. 4. Marta aplicou R$ 60.000,00 pelo prazo de 1 ano a uma taxa de 9,9% ao semestre. Já Sara optou por aplicar a mesma quantia a uma taxa de 20,78% a.a., também por um ano. Em ambos o regime de capitalização foi de juros compostos. Qual o valor final que cada uma delas obteve ao final de um ano? 5. Qual o valor presente de uma aplicação que promete o montante de R$ 18.032,10 num prazo de 6 meses e uma taxa de juros de 1,5% a.m? 35MATEMÁTICA FINANCEIRA TÍTULOS DE CRÉDITO E OPERAÇÕES DE DESCONTO É comum, nas transações financeiras e comerciais do dia a dia, ouvirmos falar em operações de crédito. Mas o que é um “título de crédito”? Se uma pessoa deve uma quantia em dinheiro numa data futura, é normal que entregue ao credor um título de crédito, que é o comprovante dessa dívida. 36MATEMÁTICA FINANCEIRA Então, títulos de crédito são papéis representativos de uma obrigação e emitidos em conformidade com a legislação especifica de cada tipo ou espécie. Ou, em outras palavras, são documentos comprobatórios de uma obrigação ou dívida futura. Os títulos de crédito mais comuns no mercado brasileiro são: a. Nota promissória; b. Duplicata; c. Letra de Câmbio a. A nota promissória é um comprovante de aplicação de um ca- pital com vencimento predeterminado. É um título muito usado entre pessoas ou entre pessoas físicas e instituição financeira. b. A duplicata é um título emitido por uma pessoa jurídica contra seu cliente (pessoa física ou jurídica), para a qual ela vendeu mercadorias a prazo ou prestou serviços a serem pagos no futuro, segundo um contrato. c. A letra de câmbio, assim como a nota promissória, é um comprovante de uma aplicação de capital com vencimento predeterminado; porém é um título ao portador, emitido exclusivamente por uma instituição financeira. E o famoso e velho conhecido cheque pré-datado, moeda de troca amplamente utilizada no Brasil, é um título de crédito? De acordo com o Banco Central (2017), um dos ór- gãos supervisores da Sistema Financeiro Nacional, o che- que é uma ordem de pagamento à vista, ou seja, é um do- cumento por meio do qual o cliente ordena que o banco retire dinheiro de sua conta imediatamente e pague a pessoa nele indicada. O pagamento de um cheque se dá no dia de sua apresentação ao banco (ordem à vista), mesmo que nele esteja indicada uma data futura (pré-datado). Se houver fundos, o cheque, mesmo pré-datado, é pago. 37MATEMÁTICA FINANCEIRA O cheque, assim como os títulos de crédito, é um papel representativo de uma obrigação. Então ele pode ser considerado um título de crédito? Os autores que abordam o assunto divergem, alguns dizem que sim, outros dizem que não. Podemos dizer, que “culturalmente” o cheque é um título de crédito, dada sua ampla utilização nas transações comer- ciais no Brasil. As instituições financeiras, que são regidas sob as normas do Sistema Financeiro Nacional, supervisionadas pelo Banco Central do Brasil, fazem operações com cheques pré-datados, ou seja, ele pode não ser um título de crédito pela legislação, mas de fato, ele acaba sendo. E com certeza está entre os mais utilizados para operações de desconto, a qual veremos a seguir. Aqui em nossa disciplina, trabalharemos o conceito de desconto de títulos de crédito de forma ampla, independentemente do tipo de “papel” que venha ser utilizado. Ou seja, em nossos exercícios, aparecerão exemplos de operações de descontos com títulos que são levados às instituições financeiras a fim de que sejam antecipados aos seus portadores. Esses títulos de crédito poderão ser tanto duplicatas como cheques, mas o a modalidade do título (“papel”) utilizado não influencia no cálculo. Entendido? Falarei mais sobre o assunto em nossa videoaula. 38MATEMÁTICA FINANCEIRA Operações de Desconto É uma operação que consiste em efetuar o resgate de um título antes do seu vencimento, na qual o detentor do título tem um abatimento sobre o valor nominal de face pela antecipação. No meio comercial é uma operação que visa obtenção de recur- sos de curto prazo (capital de giro) destinados à manutenção das atividades da empresa. Desconto é a quantia a ser abatida do valor nominal de um título, ou seja, é a diferença entre o valor nominal e o valor atual. O mercado financeiro e comercial apresenta uma nomen- clatura específica para designar as operações de desconto, apresentada a seguir: • Valor de face, ou valor nominal, valor de resgate ou Valor Futuro (VF): é o valor que será pago na data do vencimento. Por exemplo, você faz uma compra no valor de R$ 500,00 e a empresa emite um boleto bancário para pagamento em 30 dias. O valor de face desse boleto, sobre o qual a empresa emite uma duplicata (título de crédito) será de R$ 500,00. • Valor Atual (VA) ou valor liquido: valor atualizado do título subtraído do desconto, tarifas e impostos. Ou seja, no exemplo acima, o emissor do título (o vendedor da mercadoria) leva à instituição financeira esse título para desconto. Ou seja, ele precisa do recurso agora, não poderá esperar os 30 dias para recebe-lo. A instituição financeira, mediante suas regras de crédito, antecipará o valor ao seu cliente, porém o valor a ser creditado a ele não será R$ 500,00. Desse valor de face, serão abatidos os juros, tarifas cobradas pela instituição e impostos. O valor líquido a ser creditado será menor do que o valor de face, tendo em vista esses encargos legais. • Desconto (D): valor do abatimento sobre o valor nominal (ou de face). É o somatório dos encargos abatidos na ope- ração de desconto. 39MATEMÁTICA FINANCEIRA • Taxa de desconto (i): taxa de desconto da operação. É taxa utilizada pela instituição financeira para realizar a operação. Essa taxa geralmente é expressa ao mês e a mais utilizada no mercado financeiro é a taxa de juros simples1. • Período de antecipação (n): tempo de antecipação do título. É o período a decorrer até o vencimento. Por exemplo, se a venda foi feita para 30 dias e de imediato o emissor do título solicita antecipação via operação de desconto, o prazo será de 30 dias. No entanto, se ele não fizer isso de imediato, mas decorridos15 dias ele precisa de capital de giro para sua empresa e solicita antecipação do referido título, o prazo da operação de desconto será de 15 dias, pois é o número de dias que falta para o vencimento do referido título. • Tarifas bancárias: são as tarifas cobradas pelas instituições financeiras para a prestação do serviço ao cliente. Cada ins- tituição tem suas regras, mas no geral há tarifas de abertura 1 Veremos no decorrer desse capítulo mais detalhes sobre taxas em operações de desconto. de crédito (TAC), tarifas por título descontado, etc. • Imposto sobre as operações financeiras (IOF): incide sobre o valor atual do título (A) nas operações de crédito, con- forme a alíquota de 0,0041% ao dia para pessoas jurídicas e 0,0082% ao dia para pessoas físicas.2 Desconto Comercial Chamamos de desconto comercial as operações realiza- das com base nos juros simples, produzido pelo valor nominal do título no período de tempo correspondente à taxa fixada. É uma das operações mais utilizadas no mercado financeiro brasileiro, principalmente em operações de crédito bancário e comercial a curto prazo. d = N.i.n 2 Conforme o Decreto n. 6.306, de 14.12.2007, a base de cálculo do IOF nas operações de desconto é o valor líquido obtido, cuja alíquota é de 0,0041% ao dia para pessoa jurídica e, conforme o Decreto n. 8.392 de 2015, de 0,0082% ao dia para pessoa física. 40MATEMÁTICA FINANCEIRA Onde: d = valor do desconto comercial n = tempo N = valor nominal do título ou valor futuro i = taxa de desconto A = valor atual comercial ou valor descontado Vejamos um exemplo prático: Exemplo: Um título de R$ 6.000,00 vai ser descontado a taxa de 2,1% ao mês (a.m.). Faltando 45 dias para o vencimento do título, pede-se: a. O valor do desconto comercial; b. O valor atual comercial. Resolução: N = 6.000,00 n = 45 dias i = 2,1% a.m*. 2,1 100 = 0,021 *Importante atentar para o fato que a taxa está em percentual, deve ser dividida por 100 para ser colocada na fórmula. Neste caso, temos o prazo em dias e a taxa em mês, temos também que colocar ambas no mesmo prazo, ou tudo em dias ou tudo em meses. Se for colocar a taxa para dias, teremos: 0,2130 = 0,0007 Se for colocar o prazo para meses, teremos n = 1,5, pois 45 dias é igual a um mês e meio (utilizamos o mês comercial que é 30 dias). A = N - d d = N – A N = A + d A = N ( 1- i . n) 41MATEMÁTICA FINANCEIRA a. Sabemos que: d = N . i . n Logo: d = 6.000 x 0,0007 x 45 = 189,00, isto é, o desconto co- mercial é de R$ 189,00. b. E também sabemos que: A = N – d A = 6.000,00 – 189,00 = 5.811,00. Ou seja, o valor atual comercial é de R$ 5.811,00* *Para fins de simplificação didática, utilizamos aqui somente a taxa de juros, sem incidência de impostos e tarifas. Faremos exercícios mais completos no decorrer desse assunto, mas é importante que, nesse primeiro momento, você apenas entenda como se dá a operação de desconto. O cálculo poderia ser feito, também, mantendo a taxa ao mês (a.m.) e passando o prazo para mês também, que seria 1,5, ou seja, um mês e meio (45 dias). Então: d = N.i.n = 6.000,00 x 0,021 x 1,5 = 189,00 isto é, o des- conto comercial é de R$ 189,00. Obs: O desconto comercial só deve ser empregado para períodos curtos, pois para prazos longos, o valor do desconto pode ultrapassar o valor nominal do título 42MATEMÁTICA FINANCEIRA Desconto Bancário O desconto bancário é o mesmo desconto comercial ou por fora e é uma das operações de desconto mais utilizadas no mercado brasileiro, principalmente em operações de crédito bancário e comercial a curto prazo (desconto de duplicatas, cheque pré-datado e notas promissórias). A forma de cálculo é exatamente a mesma do desconto comercial, pois é um desconto comercial. O que diferencia é a “linguagem bancária”, onde veremos termos como TAC, Desconto de Duplicatas, Valor líquido, tarifas por título des- contado, etc. Essas operações devem ser de curto prazo, pois a combina- ção das elevadas taxas de juros ainda praticadas na economia brasileira e prazos mais longos podem inviabilizar a operação e fazer que o valor do desconto seja muito elevado, a ponto de superar o valor do próprio título. No regime de juros simples, para que as operações de desconto comerciais sejam viáveis, é necessário que n.i < 1. Por se tratar de uma operação de crédito, com a garantia de um título, é comum, além do desconto, haver a incidência de outras duas despesas: a. As tarifas bancárias, que podem ser um valor fixo ou per- centual do valor nominal do(s) titulo(s). As condições, valores e percentuais dessas tarifas irão variar de ban- co para banco e dependem também do cliente. As tari- fas mais comuns são: taxa de abertura de crédito (TAC), taxa de confecção de crédito (TCC) tarifa de serviços bancários (TSB); b. IOF à alíquota de 0,0041%a.d. sobre os créditos (alíquota para pessoa jurídica) colocados à disposição do tomador de empréstimos, ou, seja, sobre o valor atual do título. 43MATEMÁTICA FINANCEIRA Exemplos 01: uma empresa descontou hoje uma dupli- cata de R$ 1.520, com vencimento para 36 dias, por meio de desconto comercial simples à taxa de 3,6% a.m. Na operação foi cobrado IOF de 0,0041%a.d. e tarifa de serviços bancários (TSB) de 0,5% do valor nominal. Determine: a. O valor do desconto, do imposto e da tarifa bancária. b. O valor líquido recebido pela empresa. c. O custo financeiro mensal. Resolução: • Se a taxa é de 3,6% a.m. então, 3,6/30 = 0,12 ao dia. Para colocar na fórmula, dividimos por 100= 0,12/100 = 0,0012 a.d. • Para o IOF, da mesma forma, está em percentual, dividimos por 100 para colocar na fórmula: 0,0041/100 = 0,000041 a.d. • E o mesmo racional para tarifa bancária, 0,5% = 0,5/100 = 0,005. a. O valor do desconto: d=N.i.n = 1.520,00 x 0,0012 x 36 = 65,66 O valor do imposto: 1.520,00 x 0,000041 x 36 = 2,24 O valor da tarifa bancária; 1.520,00 x 0,005 = 7,60 b. Valor líquido recebido pela empresa: 1.520,00 – (65,66 + 2,24 + 7,60) = 1.444,50 c. O custo financeiro mensal: 75,50 / 36 = 2,097 é o custo financeiro total ao dia, em moeda corrente. Pode-se arre- dondar para R$ 2,10 ao dia. 2,10 x 30 = 63,00 é o custo financeiro em moeda cor- rente em 30 dias, que representa um custo de 4,14% a.m. (63,00/1.520,00=0,04144 x 100 = 4,14% a.m.). 44MATEMÁTICA FINANCEIRA Exemplo 02: uma empresa realizou uma operação de des- conto comercial simples de duplicata à taxa de desconto de 3,75%a.m., pelo prazo de 38 dias. O valor nominal da duplicata é de R$ 18.500,00. Considerando que a alíquota de IOF é de 0,0041%a.d. e que a TAC cobrada foi de R$ 150,00, determine: a. O valor do desconto; b. O valor do imposto sobre operações financeiras (IOF); c. O valor líquido recebido pela empresa. • Se a taxa é de 3,75% a.m. então, 3,75/30 = 0,1250 ao dia. Para colocar na fórmula, dividimos por 100= 0,1250/100 = 0,001250 a.d. • Para o IOF, da mesma forma, está em percentual, dividimos por 100 para colocar na fórmula: 0,0041/100 = 0,000041 a.d. a. O valor do desconto: d=N.i.n = 18.500,00 x 0,001250 x 38 = 878,75 O valor do imposto: 18.500,00 x 0,000041 x 38 = 28,82 O valor da tarifa bancária: R$ 150,00 b. Valor líquido recebido pela empresa: 18.500,00 – (878,75 + 28,82 + 150,00) = 17.442,43 c. O custo financeiro mensal: (878,75 + 28,82 + 150,00) = 1.057,57 é o custo financeiro total em moeda corrente em 38 dias. Então 1.057/38 = 27,83 ao dia x 30 = 834,92 é o custo finan- ceiro em moeda corrente em 30 dias, que representa um custo de 4,52% a.m. (834,92/18.500,00=0,0452 x 100 = 4,52% a.m.). 45MATEMÁTICA FINANCEIRA Continuação do exemplo 2: E seu eu tivesse esse mesmo exercício, porém eu quisesse saber o custo financeiro em per- centual cobrado pela operação de desconto. Digamos que fui ao banco com uma duplicata no valor de R$ 18.500,00 com vencimento para 38 dias e o gerente me disse que o valor líquido a ser creditado em minha contaseria de R$ 17.442,43. Quero saber o meu custo financeiro total nessa operação. Ora, se eu sei que d = N . i. n Eu tenho que d é o valor do desconto, ou seja: R$ 18.500,00 – 17.442,43 = 1.057,57 Logo: d = N . i. n 1.057,57 = 18.500,00 x i x 38 1.057,57 = 703.000,00 i 1.057,57 / 703.000,00 = i i = 0,001503 a.d (atentem que o prazo está em dias, então a taxa também está em dias) i a.m = 0,001503 x 30 = 0,0451 = 4,51% a.m. Esse mesmo racional pode ser utilizado para calcular prazo, valor nominal, enfim qualquer uma das incógnitas da fórmula. Desconto de Títulos e Taxa de Juros Até agora vínhamos trabalhando com apenas um título nas operações de desconto. No entanto, no mercado financeiro, o mais usual é que os clientes descontem uma série de títulos. A empresa efetua diversas vendas a clientes diferentes e emite boletos para que os mesmos efetuem os pagamentos em prazos diversos. Na eventual necessidade de antecipar esses recursos, a em- presa solicita à instituição financeira uma antecipação desses créditos, numa operação chama de desconto de duplicatas. Dentre os títulos as serem descontados, teremos valores e prazos diferentes. Chamamos o conjunto desses títulos para operação de desconto de borderô. 46MATEMÁTICA FINANCEIRA Desconto de uma série de títulos – prazo médio Exemplo: Uma empresa apresentou a um banco o seguinte borderô de duplicatas para desconto: Supondo que o banco cobre uma taxa de desconto co- mercial simples de 4,3% a.m., que a alíquota de IOF seja de 0,0041%a.d. e que a instituição financeira cobrou uma TAC de 0,5% do valor nominal de cada título, determine: a. O prazo médio entre as quatro duplicatas; b. O valor do desconto; c. O valor do IOF pago na operação; d. O valor liberado à empresa (valor líquido). a. Prazo Médio (ñ) = Pelo fato de estarem envolvidos diversos títulos com diferentes prazos de desconto, o prazo médio tem que ser calculado de forma ponderada. Ou seja, cada título tem seu valor ponderado pelo número de dias de antecipação. Prazo médio (ñ) = (5.500,00x26)+(12.720,00x32)+(18.450,00 x49)+(29.380,00x55)5.500,00+12.720,00x32+18.450,00+29.380,00 = 3.069.990,00 66.050,00 = 46,48 Ou seja, o prazo médio desse borderô de desconto é de 46,48 dias ou 46,48/30 = 1,55 meses. b. Valor do Desconto = Para cálculo do desconto, utilizaremos a mesma fórmula que vínhamos utilizando para cálculo do desconto de apenas um título, porém o cálculo deve ser feito individualmente em cada um dos títulos, visto que são valores e prazos diferentes. Atenção! Os prazos estão em dias e a taxa em mês. Temos que passar a taxa para dias ou o prazo para mês. Borderô de Duplicatas Duplicata Valor nominal Prazo (n) A R$ 5.500,00 26 dias B R$ 12.720,00 32 dias C R$ 18.450,00 49 dias D R$ 29.380,00 55 dias 47MATEMÁTICA FINANCEIRA Para calcular a taxa ao dia, como estamos trabalhando com juros simples, basta dividir a taxa ao mês por 30 (trabalhamos com o mês comercial, que é de 30 dias, para simplificar). Taxa ao mês = 4,3% = 4,3 / 30 = 0,1433% ao dia (a.d.). Taxa ao dia = 0,1433% = 0,1433 / 100 = 0,001433 (sempre dividir por 100 para colocar na fórmula). c. Cálculo do IOF: temos apenas que dividir o percentual ao dia por 100 para efetuar a multiplicação direta pelo valor e pelo prazo em dias. d. Valor líquido a ser creditado para o cliente será o valor nominal do título menos o valor do desconto, IOF e TAC (está no enunciado que há uma TAC – Tarifa de Abertura de Crédito de 0,5% sobre o valor nominal dos títulos). Acompanhe os cálculos na planilha a seguir: *O prazo médio é ponderado e foi calculado acima. Veja que de um valor inicial (valor nominal N) de R$ 66.050,00, que a empresa teria a receber num prazo médio de 40 dias, ela recebe um valor líquido (valor presente ou valor atual A) de R$ 61.194,60. Borderô de Duplicatas Duplicata Valor nominal (R$) Prazo (dias) b) Valor do desconto (N.i.n) c) Valor IOF 0,0041% a.d. Valor TAC 0,5% d)Valor líquido A 5.500,00 26 5.500 x 0,001433 x 26 = 204,92 5.500 x 0,000041 x 26 = 5,86 5.500 x 0,005 =27,50 5.500,00 – (204,92 + 5,86 +27,50) = 5.261,72 B 12.720,00 32 12.720 x 0,001433 x 32 = 583,29 12.720 x 0,000041 x 32= 16,69 12.720 x 0,005=63,60 12.720,00 – (583,29 + 16,69 + 63,60) = 12.056,42 C 18.450,00 49 18.450 x 0,001433 x 49 = 1.295,50 18.450 x 0,000041 x 49 = 37,06 18.450 x 0,005 = 92,25 18.450,00 -(1.295,50 + 37,06 + 92,25) = 17.025,19 D 29.380,00 55 29.380 x 0,001433 x 55 = 2.315,58 29.380 x 0,000041 x 55 = 66,25 29.380 x 0,005 = 146,90 29.380,00– (2.315,58+ 66,25+ 146,90) = 26.851,27 Total 66.050,00 Prazo médio*= 46,48 dias R$ 4.399,29 R$ 125,86 R$ 330,25 R$ 61.194,60 48MATEMÁTICA FINANCEIRA A diferença é o valor do desconto, o custo que a empresa arca, para poder ter o valor disponível antes do vencimento e fazer uso imediato esse recurso para cumprir outros compromissos. Temos que d = N – A d = 66.050,00 – 61.194,60 = 4.855,40 é o custo financeiro da operação, em valores monetários. E percentualmente, quanto isso representa para a empresa? A taxa aplicada pelo banco para operação de desconto foi de 4,3% a.m., correto? Mas será que, se considerarmos todos os custos da operação e o fato desses juros serem pagos ante- cipadamente (o cliente já recebe o valor líquido de todos os custos), não chegaríamos a uma taxa deferente de 4,3%? Essa taxa é chamada de taxa efetiva e representa a taxa final da operação, aquela que o cliente acará, somando-se todos os custos da operação. Chamamos de taxa nominal aquela que é aplicada à ope- ração, num regime de juros simples ou composto. Como estamos aqui trabalhando somente com juros sim- ples, o cálculo da taxa efetiva pode ser feito através da fórmula: i = dA x ñ Logo: i = 4.855,4061.194,60 x 46,48 = 0,0017 = 0,17% a.d x 30 dias = 5,10% a.m. Em nosso exemplo, a taxa nominal foi de 4,3% a.m., mas a taxa efetiva foi de 5,10% a.m. Taxa de Juros Efetiva (Regime Juros Compostos) É a taxa de juros obtida dos valores monetários, inicial e final da operação. Uma taxa é efetiva quando o valor inicial 49MATEMÁTICA FINANCEIRA tomado como base de cálculo não representa o valor efetiva- mente recebido ou desembolsado. Isso acontece em razão de existirem obrigações, taxas, impostos ou comissões que comprometem os rendimentos e oneram os pagamentos de juros. Ela está presente também em casos onde o período de capitalização é inferior ao período fornecido pela taxa nominal. A taxa efetiva de juros é a taxa dos juros apurada durante todo o prazo n, sendo formada exponencialmente através dos períodos de capitalização. Ou seja, taxa efetiva é o processo de formação dos juros pelo regime de juros compostos ao longo dos períodos de capitalização. É obtida pela seguinte expressão: Taxa Efetiva (if) = (1 + i)q – 1 Onde: q = número de períodos de capitalização do juros. Por exemplo, uma taxa de 3,8% ao mês determina um montante efetivo de juros de 56,45% ao ano, ou seja: Taxa Efetiva (if) = ( 1 + 0,038)12 – 1= 56,44% Quando se diz, por outro lado, que a taxa de juros é no- minal, geralmente é admitido que o prazo de capitalização dos juros (ou seja, período de formação e incorporação dos juros ao principal) não é o mesmo daquele definido para a taxa de juros. Por exemplo, seja a taxa nominal de juros de 36% ao ano capitalizada mensalmente. Os prazos não são coincidentes. O prazo de capitalização é de um mês e o prazo a que se refere a taxa de juros é igual a um ano (12 meses). Assim, 36% ao ano representa uma taxa nominal de juros, expressa para um período inteiro, a qual deve ser atribuída ao período de capitalização. Quando se trata de taxa nominal, é co- mum admitir-se que a capitalização ocorre por juros proporcionais 50MATEMÁTICA FINANCEIRA simples. Assim, no exemplo, a taxa por período de capitalização é de 36%/12 = 3% ao mês (taxa proporcional ou linear). Ao secapitalizar esta taxa nominal mensal (3%) apura-se uma taxa efetiva de juros superior àquela declarada para a operação. Baseando-se nos dados do exemplo ilustrativo acima, tem-se: • Taxa nominal da operação para o período = 36% ao ano. • Taxa proporcional simples (taxa definida para o período de capitalização) = 3% ao mês. • Taxa efetiva de juros: (if) = (1 + i)q – 1 = (1 + 0,03)12-1 = 42,57% Observe que é bem superior aos 36% ao ano, devido à capitalização mensal, ou seja, o que comumente chamamos de “ juros sobre juros”, que nada mais é do que o regime de capitalização composto. Logo, ao se dizer que os juros anuais são se 36%, mas ca- pitalizados mensalmente, apura-se que a taxa efetiva de juros é de 42,57% ao ano. Para que 36% ao ano fosse considerada a taxa efetiva, a formação mensal dos juros deveria ser feita a partir da taxa equivalente composta, ou seja: Taxa equivalente mensal de 36% ao ano: iq = √1+i -1 = √1+0,36 -1 = 2,6% ao mês. Ao se capitalizar exponencialmente esta taxa de juros equi- valente mensal, chega-se, evidentemente, aos 36% ao ano: (if) = ( 1 + i)q – 1 = (1 + 0,026)12 - 1 = 36% ao ano. 51MATEMÁTICA FINANCEIRA Exemplo: um empréstimo no valor de $ 12.000,00 é efe- tuado pelo prazo de um ano à taxa nominal (linear) de juros de 32% ao ano, capitalizados trimestralmente. Pede-se determinar o montante (valor futuro) e o custo efetivo do empréstimo. Solução: • Taxa nominal (linear) i = 32% a.a. • Descapitalização proporcional i =32%/4 =8% a.t. • Montante*? *Como temos capitalização trimestral e a taxa foi dada ao ano, sabemos que trata-se de juros compostos. Então para calcular o montante vamos utilizar a fórmula de valor futuro: FV = PV ( 1 + i)n = 11.000,00 (1 + 0,08)4 = $ 14.965,38 Taxa efetiva? (if) = ( 1 + i)q – 1 = (1 + 0,08)4 -1 = 36,0% ao ano. 52MATEMÁTICA FINANCEIRA Síntese Chegamos ao final do terceiro capítulo, tudo bem até aqui? Esse capítulo foi dedicado a operações de desconto de títulos, um tipo de captação de recursos a curto prazo amplamente utilizado no mercado financeiro brasileiro, e como essas operação são realizadas em instituições financeiras de todo o país. Vimos também como os encargos financeiros e o fato dessas operações se caracterizarem pelo pagamento antecipado de juros, inf luenciam na taxa de juros final, que é a taxa efetiva da operação. Assim, estamos aprofundando nosso estudo na disciplina e já podendo relacionar os conteúdos vistos ao nosso cotidiano. Eis a importância da matemática financeira para nossa vida. Assista as nossas videoaulas, explore os materiais complementa- res, participe das tutorias e envie mensagens sempre que tiver dúvidas. Não esqueça, você é responsável por sua aprendizagem! E agora, vamos praticar? 53MATEMÁTICA FINANCEIRA Exercícios 1. Comprei um produto para pagar em 90 dias, mas 60 dias antes do vencimento optei por antecipar a dívida. O ven- dedor concedeu-me um desconto comercial de 3,0% a.m. pelo pagamento antecipado. Sabendo-se que o valor nominal (valor futuro) do título é de R$ 1.800,00, qual o valor que eu pagarei por ele hoje (valor atual)? 2. Sabendo que um banco cobra uma taxa de desconto comercial de 5,5% ao mês, calcule o valor do desconto e o valor líquido de um título com as seguintes características: Prazo de antecipação = 45 dias, Valor nominal do crédito = R$ 3 400,00. Valor do IOF = 0,0041% a.d. Valor da tarifa bancária = 0,48% sobre o valor nominal. 3. (BB 2010 – Cesgranrio). Um título com valor de face de R$ 1.000,00, faltando 3 meses para seu vencimento, é descontado em um banco que utiliza taxa de desconto bancário, ou seja, taxa de desconto simples “por fora”, de 5% ao mês. O valor 4. Calcule a taxa efetiva anual de juros compostos às seguintes taxas: a. 18% ao ano com capitalização semestral b. 18% ao ano com capitalização trimestral c. 18% ao ano com capitalização bimestral d. 18% ao ano com capitalização mensal e. 18% ao ano com capitalização diária 5. Sabendo que um banco cobra uma taxa de desconto comercial de 3,4% ao mês, calcule o valor do desconto e o valor líquido de um título com as seguintes características: Prazo de antecipação = 82 dias Valor nominal do crédito = R$ 6.200,00. Valor do IOF = 0,0041% a.d. Valor da tarifa bancária = 0,7% sobre o valor nominal. presente (valor atual) do título, em reais, é: a. 860,00 b. 850,00 c. 840,00 d. 830,00 e. 820,00 54MATEMÁTICA FINANCEIRA FLUXOS DE CAIXA A matemática financeira se preocupa com o estudo das várias relações dos movimentos monetários que se estabelecem em distintos momentos no tempo. Estes movimentos monetários são identificados temporalmente através de um conjunto de entradas e saídas de caixa definido como fluxo de caixa. Um fluxo de caixa representa uma série de pagamentos ou de recebimentos que se estima ocorrer em determinado intervalo de tempo. 55MATEMÁTICA FINANCEIRA É bastante comum, na prática, defrontar-se com operações financeiras que se representam por um fluxo de caixa. Por exem- plo, empréstimos e financiamentos de diferentes tipos costumam envolver uma sequência de desembolsos periódicos de caixa. De maneira idêntica, têm-se os f luxos de pagamentos/ recebimentos de aluguéis, de prestações oriundas de com- pra a prazo, de investimentos empresariais, de dividendos etc. O termo f luxo de caixa está bastante ligado ao mundo empresarial. Mas nós temos também os nossos “f luxos de caixas pessoais”. Todos nós, que fazemos parte da população economi- camente ativa, temos as entradas de recursos, represen- tadas pelo recebimento de salário, pró labore, participação nos lucros e outros. E temos também as saídas de dinheiro, que são nossos compromissos a pagar, como aluguel, pres- tação do carro, da casa, faculdade, academia, compras no supermercado, etc. Saber controlar as entradas e saídas de recursos é fundamen- tal para a saúde financeira da empresa e de nossa vida pessoal. Gastar menos do que se ganha é a chave para se evitar dívidas que comprometam totalmente a renda pessoal ou o faturamento de uma empresa. Em alguns casos esse comprometimento pode ultrapassar o valor das receitas, gerando mais encargos, mais dívidas, contas em atraso e etc. E a matemática financeira é uma ferramenta que vem para nos mostrar como gerir essas entradas e saídas, denominadas f luxos de caixa. Os f luxos de caixas podem ser verificados das mais va- riadas formas e tipos em termos de períodos de ocorrência, de periodicidade, de duração e de valores. Vejamos agora as similaridades e diferenças entre eles. Modelo Padrão O modelo padrão de um fluxo de caixa é verificado quando os termos de uma sucessão de pagamentos ou recebimentos 56MATEMÁTICA FINANCEIRA apresentam, ao mesmo tempo, as seguintes classificações: a. Postecipados – indicam que os fluxos de pagamentos ou recebimentos começam a ocorrer ao final do primeiro in- tervalo de tempo. b. Limitados – o prazo total do fluxo de caixa é conhecido a priori, sendo finito o número de termos (pagamentos e recebimentos). c. Constantes – indica que os valores dos termos que compõem o fluxo de caixa são iguais entre si. d. Periódicos – é quando os intervalos entre os termos do fluxo são idênticos entre si (o tempo entre um fluxo e outro é constante). Graficamente, o f luxo de caixa padrão (uniforme) é repre- sentado da seguinte forma: Observe que a estrutura desse f luxo obedece à classifica- ção-padrão: • A PMT (parcela) ocorre em n = 1, postecipado. • A diferença entre a data de um termo e outro é constante: periódico; • O prazo do fluxo é preestabelecido (fixo), apresentando n períodos, limitado ou finito. • Os valores da PMT (parcelas) são uniformes (iguais), cons- tantes. 1 PMT t = 0 n = 5 (número de parcelas) PMT PMT PMT PMT 2 3 4 5 57MATEMÁTICA FINANCEIRA Fluxos de Caixa Não Convencionais Os f luxos de caixa não convencionais são os f luxos de caixa que não obedecem ao modelo padrão, ou seja, podem ter diversasentradas e saídas ao longo do tempo, não obedecendo à uniformidade no que se refere a períodos de tempo, valores e/ou prazos. Vejamos algumas das características desses f luxos de caixa: Período de Ocorrência Quanto ao período de ocorrência, o f luxo de caixa pode ser identificado como postecipado (modelo padrão), antecipado e diferido. O f luxo de caixa antecipado indica que uma série de va- lores começa a ocorrer antes do final do primeiro período. Por exemplo, um aluguel pago no início do período de competência (geralmente no início do mês) enquadra-se como um f luxo de caixa antecipado por um período (mês). Se dois aluguéis forem adiantados ao locador, a antecipação é de dois períodos, e assim por diante. O f luxo de caixa diferido indica que os termos da série começam a ocorrer após o final de um intervalo de tempo, in- dicando consequentemente uma carência até a data do primeiro pagamento. Se os pagamentos começarem a ocorrer ao final do primeiro intervalo de tempo, teremos uma carência de um período. Se ocorrer ao final do segundo intervalo, significa uma carência de dois períodos, e assim sucessivamente. Periodicidade A periodicidade ref lete os intervalos de tempo em que os f luxos de caixa ocorrem, se esses intervalos forem sempre iguais, diz-se que os f luxos são periódicos, enquadrando-se no modelo padrão anteriormente apresentado. 58MATEMÁTICA FINANCEIRA Se, por outro lado, os termos se verificarem em intervalos irregulares (diferentes entre si), tem-se o que se denomina de fluxos de caixa não periódicos. Ou seja, os intervalos de tempo não são constantes, podendo o primeiro pagamento ocorrer em 30 dias, o segundo em 90 dias, ou seja, 3 períodos após o primeiro e o terceiro em 60 dias, ou seja, 2 períodos após o segundo, e assim sucessivamente. Não há uniformidade entre um período de pagamento e outro. Duração A duração de um f luxo de caixa pode ser finita, carac- terística do modelo padrão, ou indeterminada (indefinida), quando o prazo não é conhecido previamente. As séries indeterminadas encontram aplicações práticas principalmente em avaliações de imóveis efetuadas com base nos rendimentos de aluguéis, na apuração do preço de mercado de uma ação a partir do f luxo previsto de dividendos, etc. Valores No que se refere aos valores, os termos de caixa podem ser constantes, se os f luxos de caixa apresentarem-se sempre iguais (modelo padrão), ou variáveis, se os f luxos não forem sempre iguais entre si. Quando os pagamentos são variáveis, como o próprio nome diz, não há constância entre os pagamentos, ou seja, os valores dos f luxos de caixa não são iguais. Fluxo de Caixa e o Valor do Dinheiro no Tempo Vimos que o f luxo de caixa é de grande utilidade para as operações da matemática financeira, permitindo que se visualize no tempo o que ocorre com o capital. A represen- tação gráfica de um f luxo de caixa pode ser representado da seguinte forma: 59MATEMÁTICA FINANCEIRA A linha horizontal registra a escala de tempo, ou seja, o horizonte financeiro da operação. O ponto zero indica o mo- mento inicial, e os demais pontos representam os períodos de tempo (datas). As setas para cima da linha do tempo ref letem as entradas (ou recebimentos) de dinheiro, e as setas para baixo da linha indicam saídas (ou aplicações) de dinheiro. Esse é o esquema básico de um f luxo de caixa. Vimos que ele pode ser padrão ou não convencional. No modelo padrão, termos prazos predeterminados, períodos de pagamentos e valores uniformes ao longo do tempo. Já nos não convencionais, haverá variabilidades nos valores dos pagamentos, ou nos períodos ou até mesmo em ambos. O que pode acontecer também é de que não tenhamos conheci- mento do tempo de recebimentos ou pagamentos do f luxo de caixa, caracterizando-o por indeterminado. Fluxo de caixa de uma empresa é a movimentação de di- nheiro dentro de uma empresa. Caixa é dinheiro. Fluxo é movi- mento, circulação. O fluxo de caixa é como o sangue que corre nas veias da empresa, é a circulação de recursos financeiros que faz a empresa operar e funcionar. É o que mostra que a empresa está viva e operando. Os fluxos de caixa devem ser o principal foco do gestor financeiro, tanto na gestão do dia a dia quanto no planejamento e nas decisões de prazos mais longos. 1 2 3 4 5 7 n 6 (Período / Tempo) Entradas / Receitas Saídas / Despesas 60MATEMÁTICA FINANCEIRA Podemos separar os f luxos de caixa de uma empresa pelos seus diversos objetivos, destinos ou procedências: • Fluxos de caixa das operações - venda e produção de bens ou serviços; • Fluxos de caixa de investimento - compra e venda de ativos imobilizados; • Fluxos de caixa de financiamento - transações financeiras, inclui cap. próprio e terceiros; • Fluxos de caixa para os credores - pagamento de juros e principal de dívidas; • Fluxos de caixa para os sócios - pagamento de dividendos para os sócios; • Fluxos de caixa das operações internacionais; • Fluxo de caixa livre - é o resultado líquido, após pagamento de taxas, impostos, demais custos, disponível para os investidores. Quando temos uma projeção de uma série de recebimentos, ou seja, um f luxo de caixa projetado, podemos dizer também que esses são valores futuros a receber. Podemos então descontar esses f luxos de caixa a receber a uma taxa de juros X e assim trazer esses f luxos a valores presentes. Isso também é aplicável a amortizações de empréstimos, pois se temos uma parcela a pagar dentro de 90 dias, por exem- plo, e queremos quitá-la antecipadamente, temos que trazer o valor futuro a valor presente e teremos o desconto concedi- do pela antecipação. Em nosso próximo capítulo trataremos de amortizações de empréstimos e então veremos como isso funciona. Vejamos um exemplo prático de f luxos de caixa a receber, trazidos a valores presentes: Exemplo: Uma academia apresenta um resultado projetado para seus investidores (fluxo de caixa líquido), depois de descon- tados taxas e impostos, de $100 mil no final do primeiro ano, $110 mil no final do segundo, $121 mil no final do terceiro e 61MATEMÁTICA FINANCEIRA finalmente $133,1 mil no final do quarto ano. Considere que ao final do quarto ano, a academia poderá ser revendida por $250 mil e hoje pode ser adquirida hoje por $350 mil. Consi- derando uma taxa de desconto de 8% ao ano, calcule o valor presente desses f luxos de caixa a receber: Solução: No último f luxo de caixa, somamos o valor terminal, ou seja, o valor pelo qual a academia poderá ser vendida. Trazendo cada valor futuro a valor presente: VP = VF(1+i)n VP = 100.000(1+0,08)1 = R$ 92.592,60 VP = 110.000(1+0,08)2 = 94.307,27 VP = 121.000(1+0,08)3 = 96.053,70 VP = 383.100(1+0,08)4 = 281.589,94 O somatório desses f luxos de caixa trazidos a valores pre- sentes, será o valor presente do investimento. VP do Investimento = 92.592,60 + 94.307,27 + 96.053,70 + 281.589,94 = 564.543,51 Chamamos de VPL – Valor Presente Líquido o valor presente menos o investimento inicial: VPL = 564.543,51 – 350.000,00 = 214.543,51 Nessa disciplina vamos no ater apenas no valor presente dos f luxos de caixa. A informação do Valor Presente Líquido é apenas ilustrativa. Em nossa videoaula explicarei o passo a passo para fazer esse exercício pela hp12C. 100.000 -350.000 110.000 121.000 383.100 t = 0 t = 1 t = 2 t = 3 t = 4 n = 5 (número de parcelas) 62MATEMÁTICA FINANCEIRA Síntese Nosso capítulo 4 tratou de f luxos de caixa, que servem tanto para a empresa quanto para pessoas físicas. Vimos também que existem os f luxos de caixa padrão e os não convencionais, os quais não apresentam uniformidade exibida no modelo padrão. E mais uma vez pudemos voltar ao conceito de valor do dinheiro no tempo, quando tratamos de valores a receber através dos f luxos de caixa, que nada mais são do que os valores futuros. E o seu f luxo de caixa, a sua vida financeira particular, você consegue esquematizar um fluxo
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