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APELAÇÃO CRIMINAL

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ADRIANO DE OLIVEIRA ROCHA – 20151000135 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - DEPENDÊNCIA - 8º PERÍODO 
DIREITO PENAL – Profº Rodrigo / Profº Daiamy 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIRETO DA 4ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE 
VOLTA REDONDA/RJ. 
 
Processo nº 
 
TADEU, já devidamente qualificado nos autos da AÇÃO 
CRIMINAL em epígrafe, que lhe move a JUSTIÇA PÚBLICA, vem respeitosamente perante Vossa 
Excelência, por meio do seu advogado subscritor, com fundamento no artigo 593, inciso I do 
Código de Processo Penal, interpor tempestivamente 
RECURSO DE APELAÇÃO 
contra a r. sentença de fls., requerendo, desde já, seja o recurso conhecido por este Juízo e, 
consequentemente remetido ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, para 
que dele conheça, dando-lhe provimento. 
Requer, ainda, a concessão dos benefícios da Justiça gratuita, 
tendo em vista ser o Apelante pobre no sentido legal, não podendo arcar com as custas 
processuais sem prejuízo do seu sustento e de sua família. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 Cidade/UF, 10 de novembro de 2020. 
 
Advogado 
OAB 
 
 
 
 
 
ADRIANO DE OLIVEIRA ROCHA – 20151000135 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - DEPENDÊNCIA - 8º PERÍODO 
DIREITO PENAL – Profº Rodrigo / Profº Daiamy 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RAZÕES DE APELAÇÃO 
 
Processo nº: 
Origem: 4ª Vara Criminal da Comarca de Volta Redonda/RJ 
Apelante: TADEU 
Apelado: JUSTIÇA PÚBLICA 
EGRÉGIO TRIBUNAL 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
 
DA ADMISSIBILIDADE 
O presente recurso é cabível vez que investe contra sentença 
condenatória prolatada pelo respeitável Juízo a quo nestes autos de ação criminal. 
 
DA TEMPESTIVIDADE 
Além disso, o presente recurso é tempestivo, vez que o prazo 
para Apelação, conforme a legislação processual vigente, é de 5 (cinco) dias, contados a partir 
da data da intimação da sentença que se deu somente no dia 05 de novembro de 2020. 
Destaca-se que o prazo para interposição se findaria apenas 
no dia 10 de novembro de 2020, tendo sido protocolado dentro do aprazado e, portanto, 
tempestivo o presente recurso. 
 
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
O Recorrente requer a concessão dos benefícios da Justiça 
gratuita, tendo em vista ser pobre no sentido legal, não podendo arcar com as custas processuais 
sem prejuízo do seu sustento e de sua família. 
 
ADRIANO DE OLIVEIRA ROCHA – 20151000135 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - DEPENDÊNCIA - 8º PERÍODO 
DIREITO PENAL – Profº Rodrigo / Profº Daiamy 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA SENTENÇA VERGASTADA 
O Juízo a quo julgou procedente a denúncia, condenando o 
Apelante nas sanções do artigo 168 do Código Penal. 
De acordo com a sentença condenatória, a autoria e a 
materialidade do delito restaram comprovadas pelas provas produzidas. 
Em que pese o conhecimento jurídico do Juízo prolator da 
sentença, vê-se que não decidiu com acerto, fazendo-se necessária a reforma da decisão de 1º 
Grau. É o que se passa a demonstrar. 
 
PRELIMINARMENTE 
DO NÃO OFERECIMENTO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO 
Ab initio, Excelências, observemos do tipo penal no qual fora 
incurso o Recorrido, in verbis: 
 Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Considerando que o Recorrente fora incurso no tipo penal do 
caput das iras do art. 168 do CP, temos que as penas cominadas para o fato ilícito é são reclusão 
e multa, sendo a mínima de 1 (um) ano, e a máxima de 4 (quatro) anos. 
Em análise ao texto legal, detrai-se que a suspensão 
condicional do processo é um instituto que permite a extinção da punibilidade sem a aplicação 
da pena, desde que cumpridos os seus requisitos durante o período de prova, que varia de 2 
(dois) a 4 (quatro) anos. 
De acordo com o art. 89 da Lei nº 9.099/1995, o sursis 
processual aplica-se aos crimes os quais a pena mínima for igual ou inferior a um ano, o que se 
aplicaria perfeitamente no caso em tela, uma vez que o Recorrente não possui antecedentes 
e/ou está sendo processado por outras condutas ilícitas. 
Inclusive, os requisitos da suspensão condicional da pena, 
ora previstos no art. 77 do Código Penal, se encaixam perfeitamente na realidade do Recorrente, 
vejamos: 
 
ADRIANO DE OLIVEIRA ROCHA – 20151000135 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - DEPENDÊNCIA - 8º PERÍODO 
DIREITO PENAL – Profº Rodrigo / Profº Daiamy 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I) o acusado não pode ser reincidente em crime doloso; 
II) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem 
como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; 
III) não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 do Código Penal. 
Não obstante a isso, verifica-se que o Recorrente é pessoa 
idônea, não possui passagens e/ou antecedentes criminais e, ademais, o ato descrito pela 
denúncia não fora cometido mediante violência ou ameaça. 
Apesar de todas as condições favoráveis ao Peticionário, o 
ilmo. Parquet, como um algoz que ceifa a vida de um inocente, decidiu rasgar o Código de 
Processo Penal e simplesmente deixou de oferecer a Suspensão Condicional do Processo, a que 
fazia jus. 
De acordo com a doutrina e o entendimento jurisprudencial 
pátrio, a ausência de oferecimento da suspensão condicional do processo – quando faz jus o 
acusado – conduz a nulidade do processo por violação aos princípios constitucionais do 
contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal. 
APELAÇÃO CRIMINAL. LESÕES CORPORAIS. ART. 129, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. NÃO 
OFERECIMENTO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. NULIDADE. A 
AUSÊNCIA DE OFERECIMENTO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO, 
QUANDO A ELA FAZIA JUS O RÉU, CONDUZ À NULIDADE DO PROCESSO POR VIOLAÇÃO 
AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA E DO 
DEVIDO PROCESSO LEGAL. SENTENÇA ANULADA PARA OPORTUNIZAR O 
OFERECIMENTO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO AO ACUSADO. (Recurso 
Crime Nº 71008031981, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Keila 
Lisiane Kloeckner Catta-Preta, Julgado em 28/01/2019). 
(TJ-RS - RC: 71008031981 RS, Relator: Keila Lisiane Kloeckner Catta-Preta, Data de 
Julgamento: 28/01/2019, Turma Recursal Criminal, Data de Publicação: Diário da 
Justiça do dia 07/02/2019, grifei). 
Desta feita, tendo em vista a irreparável nulidade que se 
impõe ao processo, requer seja anulada a r. Sentença prolatada pelo Juízo de piso, com o retorno 
dos autos ao Juízo a quo, para se oportunizar ao Recorrente o oferecimento da suspensão 
condicional do processo. 
 
 
 
ADRIANO DE OLIVEIRA ROCHA – 20151000135 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - DEPENDÊNCIA - 8º PERÍODO 
DIREITO PENAL – Profº Rodrigo / Profº Daiamy 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DO CERCEAMENTO DE DEFESA 
Antes de se adentrar no mérito, Excelências, é imprescindível 
apontar a limitação na produção de provas do Recorrente, quando seu direito lídimo de oitiva 
das testemunhas arroladas fora caçado pelo Juízo de piso, sem qualquer justificativa aparente. 
De fato, tal ilegalidade acabou por prejudicar o mesmo em 
relação ao seu objetivo processual, ou seja, criou obstáculo instransponível para sua defesa, 
gerando o cerceamento de sua defesa que - imperativo mencionar – acarreta a nulidade do ato 
e de todos os que seguiram, eis que feriu um dos princípios mais comezinhos da Carta Magna, 
qual seja o devido processo legal. 
Não obstante, a ampla defesa e o contraditório foram 
violados quando do indeferimento do pedido de oitiva das únicas testemunhas que poderiam 
comprovar, fatalmente, a ausência de dolo do Recorrente que, consequentemente, é requisito 
intrínseco para a configuração do crime de apropriação indébita. 
Neste sentido verte o entendimento jurisprudencial 
contemporâneo, senão vejamos: 
APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO. PRELIMINAR DE NULIDADE. 
INDEFERIMENTO INDEVIDO DE OITIVA DE TESTEMUNHAS DE DEFESA. CERCEAMENTODE DEFESA. PRELIMINAR ACOLHIDA. Não tendo o apelante participado da produção 
antecipada de provas e indevidamente indeferido o seu pedido de oitiva e reinquirição 
de testemunhas, tem-se violado o princípio do devido processo legal e seus corolários 
(ampla defesa e contraditório), constituindo causa de nulidade absoluta, devendo ser 
anulado o feito a partir da audiência de instrução e julgamento. PEDIDO PARA 
AGUARDAR O JULGAMENTO EM LIBERDADE. PREJUDICADO. Encontrando-se o réu 
solto, resta prejudicado o pedido para aguardar o julgamento em liberdade. 
FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA DA CONDENAÇÃO. RECONHECIMENTO DE NULIDADE 
ABSOLUTA DE OFÍCIO. A sentença condenatória fustigada está eivada de nulidade 
absoluta, que deve ser analisada de ofício, uma vez que a fundamentação da 
condenação de ambos os apelantes, conforme exigido pelo art. 93, inciso IX, da Carta 
da Republica, foi genérica. PRESCRIÇÃO RETROATIVA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. 
Transcorrido desde o último marco interruptivo válido, consistente no recebimento da 
denúncia, lapso temporal suficiente ao reconhecimento da prescrição retroativa pelas 
penas concretizadas na sentença anulada, cujo patamar não poderá ser superado, em 
homenagem ao princípio da non reformatio in pejus indireta, é de rigor a declaração da 
extinção da punibilidade de ambos os apelantes, de ofício, em razão da ocorrência da 
prescrição retroativa. RECURSOS CONHECIDOS E PROVIDO O 2º APELO. De ofício, 
decretada a nulidade da sentença E reconhecida a prescrição retroativa para ambos os 
apelantes. 
(TJ-GO - APR: 56922320098090071, Relator: DES. CARMECY ROSA MARIA A. DE 
OLIVEIRA, Data de Julgamento: 03/04/2018, 2A CAMARA CRIMINAL, Data de 
Publicação: DJ 2503 de 11/05/2018, grifei). 
 
ADRIANO DE OLIVEIRA ROCHA – 20151000135 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - DEPENDÊNCIA - 8º PERÍODO 
DIREITO PENAL – Profº Rodrigo / Profº Daiamy 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isto posto, pugna pela desconstituição de todos os atos 
realizados, até o momento da oitiva, para que se retorne o feito ao Juízo de piso para 
reinquirição das testemunhas, com a decretação de NULIDADE da r. Sentença ora vergastada. 
 
DO MÉRITO 
DA ATIPICIDADE DA CONDUTA 
Conforme foi amplamente debatido no corpo dos autos, 
inclusive o que se demonstra com o interregno entre a data combinada para a devolução do 
automóvel e a verossimilhança dos fatos trazidos pelo Recorrente, ainda que debilitado da prova 
testemunhal, em nenhum momento o Recorrente demonstrou o dolo em se apropriar do 
veículo. 
Ora, Excelências, é cediço que para a configuração do tipo 
penal do art. 168, é requisito fundamental o ânimo volitivo para se apropriar do bem alheio, o 
que não ocorreu no caso em tela. 
Segundo a melhor doutrina, apropriação indébita somente 
ocorre quando há o dolo pré-existente, ou seja, deveria o agente antever a possibilidade de 
obter vantagem, ao passe em que pediu emprestado o veículo, fazendo com que a vítima 
vivencie realidade inexistente, ludibriando sua boa-fé. 
O que ocorreu, fatidicamente, fora um contratempo, que 
impediu que a devolução ocorresse no dia tratado mas, de qualquer sorte, o veículo fora 
devolvido em perfeitas condições a “vítima”, antes mesmo do recebimento da Denúncia. 
Ademais, não seria comum um empréstimo de veículo, 
verbal, sem remuneração, para alguém desconhecido da “vítima”. Ora, é evidente que não 
houve, em momento algum, a intenção do agente, ora Peticionário, em se apropriar do 
automóvel de seu próprio vizinho, é indubio. 
Neste ensejo, vejamos o entendimento jurisprudencial de 
um caso semelhante, ipsi verbis: 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. SERRALHEIRO. CONFECÇÃO DE 
PORTÃO METÁLICO RESIDENCIAL. CONTRATO VERBAL. NÃO REALIZAÇÃO DO SERVIÇO 
E NEGATIVA EM DEVOLVER O DINHEIRO RECEBIDO COMO ENTRADA. AUSÊNCIA DE 
DOLO. FATO ATÍPICO. ILÍCITO CIVIL. ABSOLVIÇÃO. RECURSO PROVIDO. 
1. Não há dúvidas de que o acusado, no exercício da profissão de serralheiro, recebeu 
dinheiro como entrada para aquisição do material para confecção de um portão 
metálico para a residência da vítima, não entregando o produto, nem devolvendo o 
numerário. 
 
ADRIANO DE OLIVEIRA ROCHA – 20151000135 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - DEPENDÊNCIA - 8º PERÍODO 
DIREITO PENAL – Profº Rodrigo / Profº Daiamy 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. O contrato entabulado entre as partes foi verbal. 
3. Haja vista a fragmentariedade do Direito Penal, e o princípio da intervenção mínima, 
não se pode acolher a diretiva de se caracterizar como apropriação indébita o 
comportamento do réu. 
4. Se ilícito há, pertence ele a esfera civil, onde a perlenga deve ser resolvida. Precedente 
(STF, AP 480, Min. AYRES BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CEZAR PELUSO, Tribunal 
Pleno, julgado em 11-3-2010, DJe-173 DIVULG 16-09-2010 PUBLIC 17-09-2010 EMENT 
VOL-02415-01 PP-00065). 
5. Recurso provido. Réu absolvido. 
Acórdão n.498867, 20090110671043APR, Relator: SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS, 
Revisor: JOÃO TIMÓTEO DE OLIVEIRA, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 
14/04/2011, Publicado no DJE: 29/04/2011. Pág.: 186. 
Outro fato importante que, não se sabe o porquê, mas fora 
completamente atropelado e esquecido pelo nobre Julgador de 1ª Instância, se dá pelo fato do 
bem ter sido restituído antes mesmo do oferecimento da denúncia. 
Ora, onde se encontra o liame subjetivo no caso em tela para 
se configurar um crime de apropriação indébita, quando, voluntariamente, antes de qualquer 
imposição ou notificação, o agente promove a devolução do bem? 
Pois bem, Eméritos Julgadores, não há o que se falar em 
crime de apropriação indébito no caso em tela mas, por amor ao debate, debrucemo-nos em 
mais um entendimento jurisprudencial, que ora segue colacionado: 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS PARA TRANCAMENTO DE AÇÃO. 
PACIENTE DENUNCIADA PELA PRÁTICA DO CRIME CAPITULADO NO ART. 168 DO 
CÓDIGO PENAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA E ATIPICIDADE DO FATO. 
DEVOLUÇÃO DO BEM ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DO DOLO, 
ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. ORDEM CONCEDIDA. DECISÃO UNÂNIME. 1. A 
paciente foi denunciada pela suposta prática do delito de apropriação indébita. 2. A 
requerente efetuou a restituição do bem apropriado indevidamente antes do 
recebimento da denúncia. 3. O trancamento da ação penal só é possível quando, prima 
facie, sem efetuar-se exame aprofundado das provas, fica evidenciada a atipicidade do 
fato, a total ausência de indícios de autoria e materialidade ou, ainda, ser hipótese de 
extinção da punibilidade. 4. A restituição do bem, antes do recebimento da denúncia, 
descaracteriza o delito de apropriação indébita, assim, face à ausência do dolo, 
elemento subjetivo do tipo, tem-se a atipicidade do fato descrito na denúncia. 5. 
Descaracterização do crime de apropriação indébita em face da inexistência do animus 
rem sibi habendi. 6. Ordem concedida. Decisão por unanimidade. 
(TJ-PE - HC: 3967317 PE, Relator: José Viana Ulisses Filho, Data de Julgamento: 
07/10/2015, 1ª Câmara Regional de Caruaru - 1ª Turma, Data de Publicação: 
23/10/2015, grifei). 
 
ADRIANO DE OLIVEIRA ROCHA – 20151000135 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - DEPENDÊNCIA - 8º PERÍODO 
DIREITO PENAL – Profº Rodrigo / Profº Daiamy 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como no caso paradigma acima transcrito, a restituição do 
bem, antes do recebimento da denúncia, descaracteriza o delito de apropriação indébita, assim, 
face à ausência do dolo, elemento subjetivo do tipo, tem-se a atipicidade do fato. 
Dessa forma, tendo em vista que inexiste no caso em tela o 
dolo pré-existente do Recorrente em obter vantagem ilícita, imperativa se faz a ABSOLVIÇÃO 
DO RÉU em virtude da ATIPICIDADE DA CONDUTA, conforme art. 386, III, do CPP. 
 
DA CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE DE PENA 
Por mero amor ao debate, acaso estes Eméritos Julgadores 
não reconheçam a atipicidade da conduta, ora notada no capítulo acima, há de se impor a 
circunstância atenuante de pena, ora prevista no art. 65 do CP, ipsis litteris: 
Art. 65 - São circunstâncias quesempre atenuam a pena: 
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) 
anos, na data da sentença; 
Sendo assim, tendo em vista que, a data dos fatos, o agente, 
ora Recorrente, tinha 20 (vinte) anos de idade, há de se impor a presente circunstância 
atenuante, no cálculo da distinta e improvável pena. 
 
DA CONVERSÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS 
Em atenção ao texto do art. 44 do CP, no qual o legislador 
prevê a possibilidade da conversão da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de 
direitos, imperativo afirmar que o Recorrente faz jus a tal direito, eis que preenche todos os 
requisitos para tal, quais sejam: 
a) a pena privativa de liberdade não seja superior a 4 anos, nem o crime tenha sido 
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa; 
b) o acusado não seja reincidente em crime doloso; 
c) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado 
possibilitem essa substituição. 
Portanto, em observância à natureza do delito imposto sobre 
as costas do Recorrente, observamos o atendimento a todos os requisitos para a conversão da 
PPL para PRD. 
 
ADRIANO DE OLIVEIRA ROCHA – 20151000135 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - DEPENDÊNCIA - 8º PERÍODO 
DIREITO PENAL – Profº Rodrigo / Profº Daiamy 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isto posto, no caso da eventual condenação recair sobre os 
ombros do Peticionário, ora Recorrente, requer seja concedido o direito de conversão de pena, 
previsto no art. 44 do CP. 
 
DOS PEDIDOS 
 
Requer-se, portanto, seja o presente recurso CONHECIDO e 
PROVIDO para o fim de absolver-se o réu, com base no artigo 386, incisos III ou VII, do Código 
de Processo Penal. 
 
Aguarda provimento do recurso, estabelecendo-se, assim, a 
mais precisa JUSTIÇA! 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 Cidade/UF, 10 de novembro de 2020. 
 
Advogado 
OAB

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