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Aula 01 - on-line - Efeitos Posse - 2020

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1 
 
 
DIREITO CIVIL IV Professora: Ellen Camila Remedi Pontual 
 
UNIDADE 2 
 
POSSE 
 
CAPÍTULO III 
Dos Efeitos da Posse 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, 
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio 
de ser molestado. 
Como se pode perceber, no caso de ameaça, a ação de interdito 
proibitório visa à proteção do possuidor de perigo iminente. No caso de turbação, 
a ação de manutenção de posse visa a sua preservação. Por fim, no caso de 
esbulho, a ação de reintegração de posse almeja a sua devolução. 
 
Pois bem, três são as situações concretas que possibilitam a propositura 
de três ações correspondentes, apesar da falta de rigidez processual quanto às 
medidas judiciais cabíveis: 
 
- No caso de ameaça à posse (risco de atentado à posse) = caberá ação de 
interdito proibitório. 
- No caso de turbação (atentados fracionados à posse) = caberá ação de 
manutenção de posse. 
- No caso de esbulho (atentado consolidado à posse) = caberá ação de 
reintegração de posse. 
 
Do ponto de vista prático, esclareça-se que, no caso de invasão parcial 
de um terreno, a ação cabível não é a de manutenção de posse, mas a de 
reintegração, conforme o correto entendimento jurisprudencial (nesse sentido, 
ver: TJMG, Agravo 1.0024.05.811922-3/001, Belo Horizonte, Décima Quinta 
 
2 
 
Câmara Cível, Rel. Des. Guilherme Luciano Baeta Nunes, j. 20.07.2006, DJMG 
05.09.2006; TJSP, Agravo de Instrumento 592.232-5/0, São Paulo, Décima 
Câmara de Direito Público, Rel. Teresa Ramos Marques, j. 06.11.2006, v.u., Voto 
5.333). 
De qualquer forma, as diferenças práticas em relação às três ações pouco 
interessam, uma vez que o Art. 554 do CPC consagra a fungibilidade total entre 
as três medidas, nos seguintes termos: “A propositura de uma ação possessória 
em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a 
proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados”. 
Pois bem, é preciso relacionar as ações possessórias à classificação da 
posse quanto ao tempo: 
 
- Se a ameaça, a turbação e o esbulho forem novos, ou seja, tiverem menos de 
um ano e um dia, caberá a ação de força nova: o respectivo interdito possessório 
seguirá o rito especial, cabendo liminar nessa ação. 
- Se a ameaça, a turbação e o esbulho forem velhos, com pelo menos um ano e 
um dia, caberá ação de força velha, que segue o rito ordinário, não cabendo a 
respectiva liminar. 
 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua 
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não 
podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de 
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 
A legítima defesa da posse e o desforço imediato constituem formas de 
autotutela, autodefesa ou de defesa direta, independentemente de ação judicial, 
cabíveis ao possuidor direto ou indireto contra as agressões de terceiro. Nos 
casos de ameaça e turbação, em que o atentado à posse não foi definitivo, cabe 
a legítima defesa. Havendo esbulho, a medida cabível é o desforço imediato, 
visando à retomada do bem esbulhado. Em todas as hipóteses, observe-se que 
 
3 
 
esses institutos de autodefesa apresentam alguns requisitos, que devem ser 
respeitados, para que a atuação seja lícita: 
1.º – A defesa deve ser imediata, ou seja, incontinenti, conclusão a ser retirada 
da análise do caso concreto. A título de exemplo e obviamente, uma defesa 
praticada após um ano e um dia não é imediata, não cabendo a utilização dos 
institutos de proteção própria. Ainda ilustrando, se o possuidor deixa que o 
esbulhador construa uma cerca divisória, pelo menos aparentemente, não tomou 
as medidas imediatas que lhe cabiam. Sobre tal requisito do imediatismo, foi 
aprovado enunciado na V Jornada de Direito Civil, em 2011, propondo uma 
interpretação restritiva do preceito: “No desforço possessório, a expressão 
‘contanto que o faça logo’ deve ser entendida restritivamente, apenas como a 
reação imediata ao fato do esbulho ou da turbação, cabendo ao possuidor 
recorrer à via jurisdicional nas demais hipóteses”. (Enunciado n. 495 do 
CJF/STJ). 
2.º – O possuidor que toma as medidas de autotutela não pode ir além do 
indispensável para a recuperação de sua posse. Deve agir nos limites do 
exercício regular desse direito, servindo como parâmetro o art. 187 do CC, que 
prevê o abuso de direito como ato ilícito. Os parâmetros, portanto, são aqueles 
previstos no dispositivo da codificação: fim social, fim econômico, boa-fé objetiva 
e bons costumes. Devem ser evitados ao máximo os abusos cometidos, sob 
pena de sacrifício dos institutos, o que, aliás, ocorre nas violentas invasões de 
terra que são praticadas no Brasil e as violentas (mais ainda) reprimendas por 
parte dos proprietários e possuidores, o que tem tornado o meio rural brasileiro 
um verdadeiro campo de batalha, habitado por inúmeras milícias armadas. 
3.º – A lei está a autorizar que o possuidor que faz uso da autotutela utilize o 
apoio de empregados ou prepostos. Isso porque o art. 1.210, § 1.º, do CC faz 
menção à força própria, que inclui o auxílio de terceiros, com quem mantém 
vínculos. Sendo reconhecida essa possibilidade, é importante concluir que se o 
preposto, empregado ou serviçal, na defesa dessa posse e seguindo as ordens 
do possuidor, causar danos a outrem, responderá o comitente, empregador ou 
senhorio, nos termos dos arts. 932 e 933 do CC. A responsabilidade do 
possuidor é objetiva (independentemente de culpa), desde que comprovada a 
culpa daquele por quem se é responsável – responsabilidade objetiva indireta ou 
por atos de outrem. 
 
4 
 
 
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á 
provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de 
alguma das outras por modo vicioso. 
 
O dispositivo trata do possuidor aparente, que manterá a coisa enquanto 
se discute em sede de ação possessória ou petitória quem é o seu possuidor ou 
proprietário de direito. Porém, pelo próprio dispositivo, se for demonstrado que o 
possuidor aparente tem a coisa com um vício, seja objetivo ou subjetivo, poderá 
esta lhe ser retirada. 
 
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, 
contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. 
 
A norma civil abre a possibilidade de o possuidor que sofreu o atentado 
definitivo à posse ingressar com ação de reintegração de posse ou com ação de 
reparação de danos contra o terceiro que estiver com a coisa. 
 
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não 
aparentes, salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio 
serviente, ou daqueles de quem este o houve. 
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos 
percebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem 
ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem 
ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. 
Ilustrando, um locatário está em um imóvel urbano e, no fundo deste, há 
uma mangueira. Enquanto vigente o contrato, o locatário, possuidor de boa-fé 
amparado pelo justo título, terá direito às mangas colhidas, ou seja, percebidas. 
Se o contrato for extinto quando as mangas ainda estiverem verdes (frutos 
pendentes), não poderão ser colhidas, pois são do locador proprietário. Se 
 
5 
 
colhidas ainda verdes, devem ser devolvidas ao último, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos que couberem por este mau colhimento. 
 
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo 
que são separados; os civis reputam-sepercebidos dia por dia. 
 
Ilustrando, a manga é tida como colhida quando separada da mangueira; 
os juros são percebidos nos exatos vencimentos dos rendimentos, como é 
comum em cadernetas de poupança. 
 
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e 
percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o 
momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e 
custeio. 
 
A ilustrar, se um invasor de um imóvel colhe as mangas da mangueira do 
terreno, deverá indenizá-las, mas será ressarcido pelas despesas realizadas 
com a colheita. Por outra via, se deixaram de ser colhidas e, em razão disso, 
vierem a apodrecer, o possuidor também será responsabilizado. 
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da 
coisa, a que não der causa. 
Assim sendo, a responsabilidade do possuidor de boa-fé, quanto à coisa, 
depende da comprovação da culpa em sentido amplo (responsabilidade 
subjetiva). 
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, 
ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando 
ela na posse do reivindicante. 
Por outro lado, a responsabilidade do possuidor de má-fé é objetiva, 
independentemente de culpa, a não ser que prove que a coisa se perderia 
mesmo se estivesse com o reivindicante. O dispositivo acaba prevendo a 
 
6 
 
responsabilidade do possuidor de má-fé mesmo por caso fortuito (evento 
totalmente imprevisível) ou força maior (evento previsível, mas inevitável). 
Para ilustrar, na situação do comodatário (possuidor de boa-fé), este 
somente responderá pela perda da coisa havendo dolo ou culpa. Não pode 
responder, por exemplo, pelo assalto do veículo à mão armada, levando o 
criminoso o bem consigo. Já o criminoso que leva a coisa (possuidor de má fé) 
responde por ela, se for atingida por um objeto em local onde não estaria o 
proprietário ou possuidor. 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias 
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, 
a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o 
direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
Repise-se que, nos termos do art. 96 do CC, as benfeitorias podem ser 
necessárias (as essenciais, pois visam à conservação da coisa principal), úteis 
(aumentam ou facilitam o uso da coisa principal) e voluptuárias (de mero luxo ou 
deleite, pois facilitam a utilidade da coisa principal). 
 Vejamos as três consequências da norma, de forma pontual: 
1ª O possuidor de boa-fé tem direito à indenização por benfeitorias necessárias 
e úteis. Ilustrando, vigente um comodato de um imóvel, o comodatário terá direito 
de indenização pela reforma do telhado (benfeitoria necessária) e pela grade da 
janela (benfeitoria útil). 
2ª O possuidor de boa-fé não indenizado tem direito à retenção dessas 
benfeitorias (necessárias e úteis), o ius retentionis, que persiste até que receba 
o que lhe é devido. 
3ª No tocante às benfeitorias voluptuárias, o possuidor de boa-fé tem direito ao 
seu levantamento, se não forem pagas, desde que isso não gere prejuízo à coisa 
(direito de tolher, ou ius tollendi). Exemplificando, vigente o empréstimo de um 
imóvel, se o comodatário introduziu um telhado na churrasqueira, que pode ser 
removido, não sendo essa benfeitoria paga, poderá levá-la embora, pois a 
retirada não desvaloriza o imóvel. O mesmo raciocínio não vale para uma piscina 
construída no imóvel, pois a sua retirada gerará um prejuízo ao principal. 
 
7 
 
Somente as piscinas removíveis podem ser retiradas, como aquelas de plástico 
para brincadeira das crianças. 
 Cumpre destacar que, no tocante à locação de imóvel urbano, há regras 
específicas relativas às benfeitorias previstas nos arts. 35 e 36 da Lei 
8.245/1991. De início, dispõe o art. 35 da Lei de Locação que, salvo expressa 
disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo 
locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, estas 
desde que autorizadas, são indenizáveis e permitem o direito de retenção. As 
benfeitorias voluptuárias não são indenizáveis, podendo ser levantadas pelo 
locatário, finda a locação, desde que a sua retirada não afete a estrutura e a 
substância do imóvel (art. 36 da Lei 8.245/1991). 
Percebe-se que a primeira regra quanto ao locatório é de ordem privada, 
pois tal disposição pode ser deliberada de modo diverso no contrato de locação, 
renunciando o locatário a tais benfeitorias, segundo previsão do próprio art. 35 
da Lei 8.245/1991. No mesmo sentido, a Súmula 335 do STJ reconhece a 
possibilidade de renúncia a tais benfeitorias na locação. Porém, repise-se que 
se a renúncia às benfeitorias necessárias constar em contrato de adesão, a 
cláusula de renúncia será nula, o que é aplicação do art. 424 do CC, dispositivo 
pelo qual, nos contratos de adesão, serão nulas de pleno direito as cláusulas 
que implicam a renúncia antecipada do aderente a um direito resultante da 
natureza do negócio (Enunciado n. 433 do CJF/STJ, da V Jornada de Direito 
Civil, de 2011). 
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias 
necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem 
o de levantar as voluptuárias. 
O possuidor de má-fé não tem qualquer direito de retenção ou de 
levantamento. Com relação à indenização, assiste-lhe somente direito quanto às 
benfeitorias necessárias. 
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao 
ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. 
 
8 
 
 O comando possibilita, portanto, que as benfeitorias necessárias a que 
teria direito o possuidor de má-fé sejam compensadas com os danos sofridos 
pelo reivindicante, hipótese de compensação legal, pela reciprocidade de 
dívidas. Entretanto, se a benfeitoria não mais existia quando a coisa se perdeu, 
não há que se falar em compensação e muito menos em indenização. A norma 
está inspirada na vedação do enriquecimento sem causa. 
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de 
má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor 
de boa-fé indenizará pelo valor atual. 
A norma acaba dando tratamento diferenciado em relação aos 
possuidores de boa e má-fé, o que motivou críticas doutrinárias no passado, 
particularmente de Clóvis Beviláqua. De qualquer modo, o tratamento 
diferenciado deve ser observado e também tem a sua razão de ser. Ilustrando, 
o proprietário que ingressou com a ação de reintegração de posse contra o 
comodatário (possuidor de boa-fé) indenizará este pelo valor atual das 
benfeitorias necessárias e úteis. Se a ação possessória foi proposta contra o 
invasor do imóvel (possuidor de má-fé), o autor poderá optar entre pagar o valor 
atual ou o de custo, aquilo que lhe for mais interessante. 
CAPÍTULO IV 
Da Perda da Posse 
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do 
possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. 
Em suma, cessando os atributos relativos à propriedade, cessa a posse, 
que é perdida, extinta. O art. 520 do CC/1916, ao contrário, previa 
expressamente os casos de perda da posse, que nos servem como exemplos 
ilustrativos (rol numerus apertus): 
- Pelo abandono da coisa (derrelição), fazendo surgir a coisa abandonada (res 
derelictae). 
- Pela tradição, entrega da coisa, que pode ser real, simbólica ou ficta. 
- Pela perda ou destruição da coisa possuída. 
 
9 
 
- Se a coisa for colocada fora do comércio, isto é, se for tratada como bem 
inalienável (inconsutibilidade jurídica – art. 86 do CC). 
- Pela posse de outrem, ainda que contra a vontade do possuidor, se este 
não foi mantido, ou reintegrado à posse, em tempo competente. 
- Peloconstituto possessório ou cláusula constituti, hipótese em que a pessoa 
possuía o bem em nome próprio e passa a possuir em nome alheio (forma 
de aquisição e perda da posse, ao mesmo tempo). 
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o 
esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando 
recuperá-la, é violentamente repelido. 
A norma mantém relação com a boa-fé objetiva, particularmente com a 
perda de um direito ou de posição jurídica pelo seu não exercício no tempo 
(supressio). Isso porque o possuidor que não toma as medidas cabíveis ao ter 
conhecimento do esbulho não pode, após isso, insurgir-se contra o ato de 
terceiro. A lei acaba por presumir que a sua posse está perdida, admitindo-se, 
obviamente, prova em contrário.

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