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TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS Fatores responsáveis pelo grande número de intoxicações por medicamentos •Grande número de especialidades; •Facilidade de aquisição; •Uso inadequado (auto-medicação); •Erros de prescrição; •Propaganda da indústria farmacêutica; •Falência do sistema de saúde; •Escassez de programas educativos. •Polifarmácia. DROGA: matéria prima de origem vegetal, mineral ou animal, que contém um ou mais fármacos; FÁRMACO: Substância de estrutura química definida, capaz de modificar um sistema biológico em pequenas quantidades; MEDICAMENTO: Contém um ou mais fármacos, com esquema terapêutico definido. EAM: Resposta biológica não desejável relacionada à administração de um fármaco; RAM*: Resposta biológica não desejável relacionada à administração de um fármaco em sua dose terapêutica; EFEITO TÓXICO: EAM relacionado com o aumento da dose. Intensificação do efeito farmacológico responsável pelo efeito terapêutico ou não. - Monitorização terapêutica -Melhorar a resposta terapêutica do medicamento; -Prevenir intoxicações por medicamentos com baixo índice terapêutico; -Fator patológico associado (Insuficiência renal, cardíaca, hepática...) -Gravidez; -*Exige conhecimentos obre a farmacocinética do medicamento ( Distribuição, meia-vida, eliminação...). -Análises de urgência e emergência: -Acidentes (crianças1-4anos) -> Antibióticos analgésicos; -Tentativas de suicídio (Mulheres, 20-29anos) -> Psicotrópicos. PSICOFARMACOS: - SNC e SNP. ANTICONVULSIVANTES: 1) Fenitoína e Carbamazepina: •Ligam-se aos canais de Na+ dos tecidos nervoso e cardíaco: Inibição da despolarização; •↓ da motilidade intestinal (Efeito anticolinérgico*); •ligadas à proteínas plasmáticas ( hipoalbuminemia; competição com outros fármacos). CARACTERÍSTICAS GERAIS: •Metabolização hepática: Indução enzimática, ou↓ sua ação; *A carbamazepina potencializa a biotransformação da fenitoína • Re-circulação entero-hepática. INTOXICAÇÃO POR AGUDA POR FENITOÍNA: • Sintomas: náuseas, nistagmo, ataxia, turvação visual, diplopia e letargia; • Síndrome de hipersensibilidade ao anticonvulsivante (AHS): -Reação idiossincrática -2.3-4.5/10.000 dos usuários de fenitoína -Sintomas: rash cutâneo, eosinofilia eartralgias •Tratamento suportivo. INTOXICAÇÃO AGUDA POR CARBAMAZEPINA: • Sintomas: neurológicos (sonolência e coma), cardiológicos (taquicardia) e anticolinérgicos (midríase, redução do peristaltismo intestinal); •Tratamento: Suportivo *Avaliar o uso de carvão ativado devido o efeito anticolinérgico. 2) Barbitúricos: • Fenobarbital: anticonvulsivante; •Tiopental e Pentobarbital: sedativo-hipnótico; • Toxicodinâmica: Interage com o receptor GABAA, abrindo canais de cloreto; • lipofilicidade; • Metabolismo hepático (Drogas de curta e longa duração); •Indutores hepáticos, interferindo no seu próprio metabolismo; número de metabólitos ativos*–níveis plasmáticos podem não corresponder aos efeitos clínicos. •Sintomas: Grau variado de depressão do SNC, podendo ocorrer efeito paradoxal (depressão de centros inibitórios); Colapso cardiovascular: Depressão miocárdica direta e vasodilatação periférica (perda do tônus simpático central); Depressão respiratória grave: Hipóxia e acidose respiratória (narcose); pode causar pneumonia aspirativa. 3) BENZODIAZEPÍNICOS: •Diversos usos terapêuticos: anticonvulsivantes, sedativos, ansiolíticos, insônia... •lipossolúveis, podendo se acumular no tecido adiposo e cérebro. Forte ligação a proteínas plasmáticas. •Fármacos de meia-vida curta, intermediária e lenta; - Absorção via TGI - Distribuição: [plasmática] máx. = 40 min a 2,5 hrs. Biotrasnformação: no fígado, P450 (oxidação) -> subprodutos ativos e inativos. Conjugação glicurônica -> subprodutos inativos. -Toxicidade: Sítio de ação: SNC -> potencializam a inibição neural mediada pelo ácido aminobutirico (GABA) -> aumenta a frequência de abertura dos canais de cloro -> Intoxicação grave e letal (raras), Efeitos colaterais (sedação, letargia, interferência com o tempo de reação e coordenação motora -> risco para as atividades que envolvem precisão e rapidez de reflexos. •Toxicodinâmica: se liga à receptores GABAA, afinidade pelo GABA e abrindo os canais de cloreto; •Ampla faixa terapêutica (seguro). •Sintomas: Intoxicações graves causam depressão respiratória (narcose); Midazolam: excitação paradoxal (crianças, idosos,indivíduos com histórico de abuso de álcool). •“Antídoto”: Flumazenil Antagonista específico para receptores GABAA benzodiazepínicos. Indicações: Teste de confirmação da intoxicação (Pode desencadear síndrome de abstinência e convulsões em pacientes com tolerância farmacológica à BZD). - Interações: Depressores do SNC (álcool, barbitúricos, opioides...) ->potencializam os efeitos no SNC - Inibidores enzimáticos: P450 -> eritromicina – bloqueadores dos canais de cálcio - Indutores enzimáticos: aumenta eliminação dos benzodiazepínicos -> diminui efeitos. •Tratamento: Descontaminação em caso de ingestão: não induzir o vômito, carvão ativado, lavagem gástrica. Tratamento de suporte: fluidos endovenosos, manter equilíbrio hidroeletrolítico. 4) ANTIDEPRESSIVOS TRICICLICOS: •↓custo e ampla indicação terapêutica: dores crônicas, enurese em crianças, profilaxia de enxaqueca; •↓índice terapêutico, incidência de óbito (cardiotoxicidade); •Absorção lenta e irregular no TGI devido ação anticolinérgica; • Metabolização hepática, baixa taxa de recirculação entero-hepática. •Toxicodinâmica: 1. Bloqueio dos receptores de dopamina e inibição da receptação de noradrenalina e serotonina; 2. Antagonismo competitivo dos receptores muscarínicos (bradicardia),alfa-adrenérgicos(hipotensão)edehistamina; 3. Inibição dos canais de Na+ cardíacos, retardo na condução cardíaca. •Sintomas: 1° fase: Manifestações anticolinérgicas*–mucosas secas, visão turva, taquicardia, midríase, convulsões tônico- clônicas, delírios, retenção urinária; •Óbito: taquicardia, retardo na condução elétrica 2°fase: Coma, depressão respiratória e hipotensão; 3°fase: retorno da síndrome anticolinérgica. •Tratamento: - Carvão ativado em dose única até 2hs após a ingestão maciça; *Avaliar o uso de carvão ativado devido o efeito anticolinérgico. - Arritimias cardíacas: Bicarbonato de sódio— O aumento ph sanguíneo e o aumento Na+sérico, revertendo a inibição dos canais de Na+. O aumento do pH também favorece a excreção do fármaco. 5) ANTIDEPRESSIVOS ISRS: • Mais seguros que ADT (maior índice terapêutico); •Ampla indicação terapêutica: depressão, síndrome do pânico, TOC e obesidade; •Fluoxetina: metabólito ativo*(norfluoxetina) -> Inibe a receptação de serotonina e algumas enzimas do citocromo P450; •Sintomas: Citalopram: Sedação e cardiotoxicidade; - Geral: -Leves: distúrbios TGI, disfunção sexual e cefaleia; -Grave: Síndrome serotoninérgica–superestimulação dos receptores serotoninérgicos centrais e periféricos. • Síndrome Serotoninérgica: rigidez muscular, hiperemia e morte. •Tratamento: - Carvão ativado em dose única até 2hs após a ingestão maciça; - Síndrome serotoninérgica: Resfriamento corporal e uso de benzodiazepínicos para tratamento da rigidez muscular. 6) ANTIPSICOTICOS: • Primeira geração: Ação sobre os sintomas cognitivos. Exs: Clorpromazina e Haloperidol; •Segunda geração: Ação sobre os sintomas cognitivos e negativos. Exs:Risperidona e Clozapina; • Brasil: Neurolépticos de primeira geração, aumenta toxicidade. - Metabolismo de primeira passagem altamente heterogêneo= variedade da concentração plasmática de pacientes -> intoxicações com doses terapêuticas; • Geração de metabólitos clinicamente ativos; • Meia vida longa: demora o aparecimento dos sintomas da intoxicação. • Toxicodinâmica: -Bloqueio dos receptores D2, como da atividade da Achnavianigro- estriatal; -Bloqueio de receptores de acetilcolina periféricos e centrais; -Bloqueio alfa-adrenérgico periférico. Sintomas: -Bloqueiodos receptores D2– sintomas extrapiramidais; -Bloqueio de receptores de acetilcolina periféricos e centrais cardiotoxicidade, visão borrada, retenção urinária; -Bloqueio alfa-adrenérgico periférico–hipotensão. SÍNDROMENEUROLÉPTICAMALIGNA •Síndrome de deficiência aguda de dopamina–bloqueio dos receptores dopaminérgicos dos gânglios da base. •Idiossíncratica(Não relacionada à dose)–antip.de primeira geração; •Sintomas: rigidezmuscular(rabdomiólise),hipertermia(desidratação),taquicardia,hipertensão. •Alta Mortalidade(20-30%;10%). •Tratamento da intoxicação por antipsicóticos: - Distonia:Biperideno(Antídoto)–redução temporária da rigidez muscular;- SNM: Hidratação, compressas geladas e relaxantes musculares (benzodiazepínicos,dantrolene),alcalinização urinária (mioglobinúria), bloqueio neuromuscular da placa motora (casos graves). 7) LÍTIO: (Estabilizador de humor) • Mecanismo de ação: 1. inibição da liberação de catecolaminas, 2 .Aceleração da destruição pré-sináptica de catecolaminas, 3.↓sensibilidade dos receptores de catecolaminas pós-sinápticos. *CompetiçãocomNa+,K+,Ca+2eMg+2; • Absorção hematoencefálica lenta:~24hs; •Excreção renal(95%); •Faixa terapêutica estreita: Monitorização terapêutica. Alta % intoxicação crônica. Toxicodinâmica: -Aumento natriurese com perda adicional de água, aumenta a reabsorção de Li+no túbulo renal=desidratação; - SNC:neurotoxicidade. •Sintomas: - Intoxicação crônica: Sintomas neurológicos– tremores, fasciculação, confusão mental e coma; - Intoxicação aguda: Comumente apenas sintomas TGI.*↓absorção; -Intoxicação crônica agudizada: Sintomas neurológicos e TGI. A gravidade depende do nível sérico pré-existente. •Tratamento: Não é indicado carvão ativado; Evitar diurese forçada.* Adepleção de Na+ e água. Reabsorção de Li+; Hemodiálise: >2.5mEg/L(crônica) e >4mEq/L (aguda) ou disfunção renal. 8) DIGITÁLICOS: •Cardiotônicos; •Importância clínica: intoxicação crônica*; •Fatores predisponentes:Idade,isquemia miocárdica, hipocalemia e hipocalcemia; •Sintomas da intoxicação: Cardíacos (taquicardia), vômitos, vertigem, turvação visual; •Tratamento: Suportivo e imunoterapia. 9) FERRO: - incidência em crianças e gestantes(*proteção do feto); •Década de 80(EUA): 30% dos óbitos infantis devido intoxicação acidental; •Nas intoxicações, a absorção independe do receptor: Absorção passiva a favor do gradiente de concentração +↓permeabilidadedamucosa. •Estimavadadosagemingerida: Ex: Criança de 10kg ingeriu 15 comprimidos de 300mg de sulfato ferroso hidratado, que contém 20% de ferro elemento. - Dose por comprimido: 300mgx20%= 60mg de ferro elemento -Dose total ingerida: 15 comprimidosx 60mg= 900mg - Dose por kg de peso corporal: 900/10= 90mg/Kg Intoxicação grave: 60 a 150 mg/Kg •Toxicodinâmica: - Geração de Radicais livres - Necrose de coagulação: Intestino, fígado e coração– sangramentos e agregação plaquetária. •Fases da intoxicação: -> FASE I (30m–6hs): -Efeitos agudos no TGI: Náusea, dor abdominal, diarréia, vômitos; -Intoxicações leves a moderadas geralmente não progridem além dessa fase -> FASE II (6-24hs): -“Falsa melhora”: Redistribuição do ferro para o sistema retículo endotelial e para os hepatócitos; -Fraqueza inespecífica. -> FASE III (24-48hs): -Choque circulatório: 1.↓volume por sangramentos, vômitos e diarréia; 2.Inibição da conversão do fibrinogênio em fibrina; -Choque cardiogênico: necrose miocárdica; -Acidose metabólica: 1. Aumento síntesedeácidosorgânicos; 2.Choque. -> FASE IV (48-96hs): -Hepatotoxicidade: radicais livres; -Segunda principal causa de morte; -Complicações: obstruções e estenose no TGI •Tratamento: Indução de vômitos e lavagem gástrica; Desferroxamina(até24hs); Drágeas de sulfato ferroso; Remoção endoscópica; Gastrostomia(bezoar). 10) PARACETAMOL: •Poucos efeitos colaterais (doses terapêuticas); • segurança em crianças <6anos: 1.↓P450; restauração do GSH; •Metabolização hepática:*Uso de álcool, drogas e doença hepática prévia podem afetar sua eliminação/toxicidade. •Tratamento: - Antídoto: N-acetilcisteína(NAC -Fluimucil®) - NAC: Reação com metabólito tóxico (N-acetil-p-benzoquinonaimina) Estimula produção de glutationa(GSH) *Indicações: 1.Avaliação do nível sérico de paracetamol e possibilidade de hepatotoxicidade (NomogramadeRumack-Matthew); 2.Ingestão de doses potencialmente tóxicas; 3.Ausência de informação a respeito da quantidade ingerida. * Maior eficácia se administrado entre 8 e 10 horas após a ingestão. 11) SALICILATOS: Mecanismo de ação: inativação reversível da Cox, inibição da síntese de PG. - Atividade plaquetária. - Toxicocinética: absorção -> difusão passiva -> estômago e ID. Distribuição: todos os tecidos, associação com lipoproteínas. -Excreção: dependente de pH e da dose. Urina alcalina (pH)= 80% salicilato livre Urina ácida (pH)= 10% salicilato livre Quantidade > Dose > Excreção do fármaco livre •Toxicodinâmica: - Desacoplamento da fosforilação oxidativa: Aumento do metabolismo anaeróbio e aumento do lactato; - Acidose metabólica: Aumento de lactato+ Aumento da droga circulante* •Sintomas: Hiperventilação; Irritação TGI; ↓acuidade auditiva: Ação tóxica sobre o labirinto. Toxicidade: efeitos gastrointestinais-> inibição de prostaglandinas moduladoras da secreção gástrica e produção de muco. - Efeitos renais: alteração: edema, redução da eficácia de esquemas anti-hipertensivos, hepatomegalia, anorexia, náuseas... -Efeitos respiratórios: indução da fosforilação oxidativa ->Aumenta o consumo de oxigênio Hiperventilação (alcalose respiratório), mecanismo de compensação (Aumenta excreção renal de bicarbonato) - Inibição enzimática do ciclo de Krebs, e metilação de aminoácidos. EFEITOS NO SANGUE: Anemia aplastica, trombocitopenia, agregação plaquetária. 1)Iinibição do TxA2 (80mg/dia): vasoconstritor e agregante plaquetário, aumenta de doses de AAS. 2)Inibição PGI2 (8mg/dia): vasodilatador e anticoagulante e antiagregante plaquetário, diminuição de doses de AAS, terapia antitrombótica preventiva. •Tratamento: Suporte; Infusão venosa de bicarbonato de sódio: Correção da acidose e eliminação da droga. -Diagnóstico: Nomograma de DONE Intoxicação aguda: [salicilato] no soro e tempo Intoxicação crônica: apresentação clínica inespecífica: confusão, desidratação, acidose metabólica.
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