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REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA Profª Gildenir Vieira Psicóloga CRP21/00415 Fundamentos Históricos da RN vO primeiro documento conhecido sobre o tratamento de pessoas com lesão cerebral foi egípicio, datado de 2,5 a 3 mil anos atrás. Os relatos sobre as intervenções foram obtidos por Edwin Smith em 1962. vA 1ª e a 2ª Guerra Mundial determinaram o avanço dos princípios da reabilitação cognitiva. Táticas cognitivas eram utilizadas objetivando oferecer assistência na recuperação de combatentes sobreviventes vítimas de ferimentos de guerra. UM POUCO DA HISTÓRIA... Kurt Goldstein (1942) havia refletido sobre abordagens de recuperação ou compensação das funções comprometidas nos sobreviventes da Primeira Guerra Mundial e ressaltou a importância de estratégias cognitivas, embora tivesse utilizado outra nomenclatura para descrevê-las. Alexander Luria (1963) e Oliver Zangwill (1947) desenvolveram o princípio de adaptação funcional, segundo o qual uma função cognitiva preservada pode ser utilizada para compensar outra função comprometida. UM POUCO DA HISTÓRIA... Os trabalhos de Ben-Yishay e Diller, George Prigatano e Bárbara Wilson influenciaram de maneira marcante a moderna reabilitação neuropsicológica, desenvolvendo a abordagem conhecida atualmente como reabilitação neuropsicológica holística. Essa abordagem trabalha com diversos contextos da vida do indivíduo: cognitivo, emocional, comportamental, social, familiar e vocacional. Neuropsicologia üDesde 2004, a Neuropsicologia é reconhecida no Brasil como uma especialidade pelo Conselho Federal de Psicologia. “... Além do diagnóstico, a Neuropsicologia e sua área interligada de Reabilitação Neuropsicológica visam realizar as intervenções necessárias junto ao paciente, para que possa melhorar, compensar, contornar ou adaptar-se às dificuldades...” RESOLUÇÃO CFP Nº 02/2004 Reabilitação Neuropsicológica “Um processo no qual o paciente e seus familiares trabalham em parceria com os profissionais da saúde a fim de possibilitar o alcance do potencial máximo de recuperação, bem como lidar ou conviver melhor com as dificuldades cognitivas, emocionais e sociais resultantes de lesão cerebral ou quadro neurológico.” Bárbara Wilson O que são intervenções neuropsicológicas? Assim, podemos dizer que intervenções neuropsicológicas são os procedimentos e técnicas utilizados na reabilitação neuropsicológica A reabilitação neuropsicológica engloba um conjunto de intervenções voltadas para problemas não apenas cognitivos, mas também emocionais, comportamentais, sociais e familiares. “Conjunto de procedimentos e técnicas que visam promover o restabelecimento do mais alto nível de adaptação física, psicológica e social do indivíduo incapacitado.” (OMS, 2002) REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA • Processo de intervenção com o objetivo de estimular habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais afim de melhorar desempenho, funcionalidade e qualidade de vida. Principal Alvo: redução de queixas e de sofrimento do impacto cognitivo!!!! REABILITAÇÃO NEUROPSIOCLÓGICA NOMENCLATURAS POSSÍVEIS • Reabilitação Neuropsicológica • Habilitação Neuropsicológica • Treinamento Cognitivo • Readaptação Neuropsicológica • Reeducação Neuropsicológica • Estimulação Neuropsicológica • Remediação Cognitiva Abordagens em Reabilitação Compensação Substituição Retreinamento direto Abordagens em Reabilitação Compensação: reorganização da função psicológica de forma a minimizar ou driblar uma deficiência particular. Exemplo: ensinar alguém com hemiplegia direita escrever com a mão esquerda Abordagens em Reabilitação Substituição: forma de “compensação” mais elaborada, com recursos cognitivos próprios do sujeito, por meio do qual se poderia estabelecer um novo método de resposta para substituir o que foi prejudicado de forma irreparável pela lesão cerebral. O novo repertório de resposta pode ser apreendido por meio da reeducação. Ex: leitura labial para deficientes auditivos Abordagens em Reabilitação Retreinamento direto: possibilidade do sujeito recuperar a função perdida. Ex: reaprendizagem de habilidades motoras (pela fisioterapia ou cognitivas (reaprender a ler ou falar em casos de afasia). MODALIDADES DE INTERVENÇÃO NEUROPSICOLÓGICA REABILITAÇÃO Lesão Cerebral Demandas tradicionais HABILITAÇÃO Após a janela ótima de desenvolvimento Nova demanda ESTIMULAÇÃO PRECOCE- INTERVENTIVA Antes ou na janela ótima de desenvolvimento Demanda em mapeamento MODALIDADES DE INTERVENÇÃO NEUROPSICOLÓGICA Quando usar a reabilitação? E a habilitação? E estimulação precoce-interventiva? 🤔 MODALIDADES DE INTERVENÇÃO NEUROPSICOLÓGICA REABILITAÇÃO Houve algum marco neurológico e ou psiquiátrico que acarretou diminuição de desempenho e ou de funcionalidade de um ou mais domínios ou subdomínios cognitivos. Geralmente associada a uma lesão ou disfunção cerebral MODALIDADES DE INTERVENÇÃO NEUROPSICOLÓGICA HABILITAÇÃO • O paciente já está em idade mais avançada do que esperada para que uma ou mais habilidades cognitivas se desenvolvesse em seu nível suficiente. • Não está associada a uma perda de desempenho, mas sim ao fato do paciente não ter tido chances, oportunidades de desenvolver uma ou mais habilidades cognitivas. MODALIDADES DE INTERVENÇÃO NEUROPSICOLÓGICA • Antes ou no início da fase em que se espera que uma ou mais habilidades cognitivas fossem se desenvolver tipicamente, estimula-se o indivíduo para auxiliá-lo neste desenvolvimento natural, evitando-se atrasos ou eventuais dificuldades. ESTIMULAÇÃO PRECOCE INTERVENTIVA Classificação Internacional de Funcionalidade - CIF vA atuação interdisciplinar nos programas de RN e funcional tem se pautado também no novo modelo de classificação da saúde e dos estados relacionados com a saúde propostos pela OMS. vA CIF é vastamente utilizada nos centros de reabilitação e enfatiza a importância de considerar o impacto das diversas condições que podem interferir na capacidade funcional do paciente. vNesse modelo, considera-se relevante não apenas a ocorrência de doenças, sintomas, incapacidade e desvantagem do indivíduo, mas também a sua participação em atividades do ambiente. Classificação Internacional de Funcionalidade - CIF Classificação Internacional de Funcionalidade - CIF vATIVIDADE: pode ser conceituada como realização de tarefas diárias vPARTICIPAÇÃO: envolvimento do indivíduo em situações sociais e atividades diárias vFATORES AMBIENTAIS: variáveis externas do ambiente que podem promover ou dificultar o funcionamento e a interação do paciente. Classificação Internacional de Funcionalidade - CIF Condição de Saúde (transtorno ou doença) Atividade: se refere à execução de ações pelo indivíduo. Limitações: são dificuldades que o indivíduo pode encontrar para executar atividades. Estruturas do Corpo: são partes anatômicas incluindo órgãos, membros e componentes. Funções do Corpo: funções fisiológicas dos sistemas corporais, incluindo funções psicológicas. Deficiências: problemas nas estruturas e/ou funções do corpo, tais como uma alteração importante ou perda. Participação: o envolvimento em situações de vida. Restrições: problemas que indivíduo pode ter p/ se envolver em situações da vida. Fatores Contextuais Fatores Ambientais: são externos ao indivíduo e compõe os ambientes físicos e social nos quais as pessoas vivem. O ambiente pode ter: •facilitadores; p.ex, rampas de acesso e leis de inclusão escolar e no trabalho, colegas bem informados. •barreiras; p.ex, somente escadas para acesso, preconceito para com pessoas com deficiências. Fatores pessoais: são caracterísGcas de cada indivíduo e não são codificados pela CIF. Devem ser considerados pelos profissionais da reabilitação. Etapas da Reabilitação 1) Avaliação Neuropsicológica: identificar habilidades e dificuldades cognitivas, emocionais e comportamentais,e compreender o impacto no dia a dia. 2) Planejamento da intervenção com base na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF: funcionalidade e incapacidade. 3) Estabelecimento de metas: irão nortear todo o programa de intervenção. Precisam ser individualizadas, centradas no paciente, definidas em conjunto com a família e outras profissionais, voltadas para melhorar a funcionalidade e qualidade de vida do paciente. 4) Estratégias e técnicas: para alcançar as metas. O Processo de Estabelecimento de Metas em Reabilitação Neuropsicológica • Muitos centros de reabilitação utilizam o Sistema SMART no estabelecimento de metas; • SMART é uma palavra inglesa que significa inteligente ou esperto, e é utilizada como um acróstico, cujas letras formam os pressupostos para uma “meta inteligente”. O Processo de Estabelecimento de Metas em Reabilitação Neuropsicológica As metas devem ser: • S – específicas (Specific) • M – mensuráveis (Measurable) • A – alcançáveis (Achievable) • R – relevantes (Relevant) • T – tempo determinado (Timed) O Processo de Estabelecimento de Metas em Reabilitação Neuropsicológica METAS : S– específicas (Specific) • Expressa claramente o resultado almejado, enquanto uma meta inespecífica é ampla e apenas indica a área de intervenção. Exemplo: “diminuir o impacto das dificuldades de memória no dia a dia” • Permite que todos os envolvidos compreendam aonde se pretende chegar. • Dão pistas para o reabilitador sobre as estratégias a serem utilizadas para alcançá-la. O Processo de Estabelecimento de Metas em Reabilitação Neuropsicológica METAS : M – mensuráveis (Measurable) • Deve permitir que todos os envolvidos consigam identificar o cumprimento ou não de um determinado objetivo. • É importante discutir com os familiares e pacientes antes de iniciar o tratamento: como saberemos se alcançamos ou não as metas? • Assim, é possível identificar o que cada um está esperando e adequar possíveis vieses nas expectativas. • Busca-se propor formas claras de medir os resultados como: medir a diminuição do tempo; aumento do número de acertos para realizar determinada tarefa; diminuição de determinados comportamentos. O Processo de Estabelecimento de Metas em Reabilitação Neuropsicológica METAS: A – alcançáveis (Achievable) • Estabelecer uma meta que esteja fora do alcance (muito ambiciosa) trará frustrações aos envolvidos no processo. • A determinação de quão realista e alcançável é uma meta está mas mãos do reabilitador que irá julgar se as metas são inalcançáveis baseado no seus conhecimentos sobre a condição do paciente; seu prognóstico; experiência clínica; investigação das potencialidades cognitivas do indivíduo e avaliação das condições psicológicas, ambientais e sociais naquele momento. • Elaborar metas a serem conquistadas a curto prazo é aconselhável, pois facilitam o monitoramento do alcance da meta e o ajuste das metas posteriores. O Processo de Estabelecimento de Metas em Reabilitação Neuropsicológica METAS: R – relevantes (Relevant) • Deve-se partir das demandas, necessidades e desejos para estabecê-las. • É uma negociação entre os envolvidos no processo. • É também papel do reabilitador propor ajustes. O Processo de Estabelecimento de Metas em Reabilitação Neuropsicológica METAS: T – tempo determinado (Timed) • Podem ser estabelecer para cumprimento a curto e longo prazo. • Metas a longo prazo – são menos específicas e representam um resultado almejado que envolve etapas para ser cumprido. • Metas a curto prazo – são mais específicas e possibilitam mensuração e monitoramento. • Determinar um tempo para alcançar as metas é fundamental. O Processo de Estabelecimento de Metas em Reabilitação Neuropsicológica Para cada queixa, definir metas de longo prazo. Para cada meta de longo prazo estabelecer metas de curto prazo com data de inicio e previsa ̃o de termino incluindo numero de sessões. Estratégias e técnicas de intervença ̃o neuropsicológica utilizadas para cada meta de curto prazo. Resultado da Intervença ̃o: especificar se a meta de curto prazo foi atingida, parcialmente atingida ou na ̃o atingida e justificativa. EXEMPLOS DE ESTRATÉGIAS METAS ESTRATÉGIAS Aumentar a capacidade de organização para entrega de tarefas de casa Treino Cognitivo Melhorar habilidade de organização e planejamento Modificação do ambiente com organização de rotina e inclusão do calendário Orientar os pais sobre como ajudar o filho Psicoeducação Treino Parental PLANEJAMENTO DE METAS QUEIXAS METAS DE LONGO PRAZO METAS DE CURTO PRAZO ESTRATÉGIAS
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