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Boa-fé objetiva e deveres anexos violação positiva do contrato

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CAMPUS Campo Grande
CURSO DE DIREITO
DIREITO CIVIL III
ESTUDO DE CASO CONCRETO
Boa-fé objetiva e deveres anexos – violação positiva do contrato
Acórdão 1150970, 00040397520178070001, Relator: ROMEU GONZAGA NEIVA, 7ª Turma Cível, data de julgamento: 13/2/2019, publicado no DJe: 18/2/2019)
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. SEGURO DE AUTOMÓVEL. SINISTRO. CONDUTOR EVENTUAL. DECLARAÇÃO INVERÍDICA NO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO. INTERFERÊNCIA NA CLÁUSULA DO PERFIL. PERDA DO DIREITO À GARANTIA NA OCORRÊNCIA DE SINISTRO. EXEGESE DOS ARTIGOS 765 E 766 DO CÓDIGO CIVIL. RECURSO IMPROVIDO. 1. Ação de obrigação de fazer, pela qual o autor pede a imposição da ré a obrigação de arcar com os custos do conserto do veículo segurado em oficina credenciada em razão de sinistro. 1.1. Sentença pela improcedência do pedido ante a suposta quebra de deveres previstos no contrato de seguro gerando a violação positiva do mesmo. 1.2. Na apelação, o autor reitera a argumentação da inicial e pleiteia a reforma da sentença para acolhimento dos pedidos iniciais. 2. A seguradora, utilizando-se das informações prestadas pelo segurado, como na cláusula de perfil, chega a um valor de prêmio conforme o risco garantido e a classe tarifária enquadrada, de modo que qualquer risco não previsto no contrato desequilibra economicamente o seguro, dado que não foi incluído no cálculo atuarial nem na mutualidade contratual (base econômica do seguro). 3. Dispõe o disposto no artigo 765 do Código Civil, ?O segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e declarações a ele concernentes.? 3.2. De acordo com o artigo 766, ?Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.? 4. A penalidade para o segurado que faz declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta pela seguradora ou na taxa do prêmio, é a perda do direito à garantia na ocorrência do sinistro. 4.1. De acordo com o formulário de regulação do sinistro, o filho do autor, Arlindo Antônio Marques, condutor do veículo no momento do acidente, declarou que o veículo era utilizado 2 vezes por semana e que este o conduzia igualmente por 2 vezes na semana para ida e volta ao trabalho. 4.2. Declarou ainda ser Juscelino Barbosa Marques, pessoa não perfilada no seguro e terceiro alheio à lide, o condutor principal do veículo. 4.3. Todavia, a prova documental coligida aos autos, especialmente o ?questionário de perfil? integrante do procedimento de regulação de sinistro, evidencia que o filho do autor era o principal condutor do veículo, informação omitida na apólice de seguro. 5. O ônus da prova dos fatos constitutivos de seu direito é do autor, à luz do que estabelece o art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil, incumbência que o Autor/Apelante não observou. 5.1.Neste particular, conforme informações constantes dos autos, a ré comprovou o ônus processual que lhe competia, a teor do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. 6. Estando presentes os pressupostos dos artigos 765 e 766 do Código Civil e cotejando-se os parâmetros de interpretação da cláusula de perfil com os fatos ocorridos, não se evidencia, efetivamente, a boa-fé do segurado, devendo ser aplicada, portanto, a penalidade prevista legalmente de perda do direito à indenização securitária. 7. Recurso improvido.
Explique o que é boa-fé objetiva e no que consiste a violação positiva do contrato. Na sua opinião o julgado está correto?
(máximo de 30 linhas)
A boa-fé objetiva prevista no artigo 422 do Código Civil é um dos princípios fundamentais do direito privado, ela assume feição de uma regra ética de conduta e tem algumas funções como fonte de novos deveres de conduta anexos à relação contratual; limitadora dos direitos subjetivos, bem como norma de interpretação (observar a real intenção do contraente) e integração do contrato, dela derivam os chamados deveres anexos ou laterais, entre os quais o dever de informação, colaboração e cooperação. A inobservância desses deveres gera a violação positiva do contrato e sua consequente reparação civil, independente de culpa. 
A violação positiva do contrato além de ser consequência da boa-fé objetiva, também é consequência da visão da obrigação como processo. 
A violação positiva do contrato, apesar de não ser prevista de maneira literal é aceito pela doutrina e jurisprudência, pelo fato de ser uma consequência da boa-fé objetiva, instituto mais que aceito no ordenamento jurídico brasileiro. Como se verá, este instituto é intimamente ligado com a boa-fé objetiva e defende a idéia de que nas obrigações deve haver lealdade entre os contratantes e cooperação, para que a obrigação seja cumprida de forma que os interesses de ambas as partes sejam satisfeitos. Deste conceito de obrigação como processo, surge a violação positiva do contrato como um dever lateral, ou seja, ainda que a prestação principal da obrigação seja satisfeita, os contratantes devem observar outros deveres, que não o principal (a prestação) também está ligado com a idéia de obrigação como processo. Por fim, o terceiro item irá demonstrar como o Poder Judiciário se utiliza do instituto da violação positiva do contrato em suas decisões, demonstrando que por ser considerada como um tipo de inadimplemento, a violação poderá surtir efeitos jurídicos para os contratantes, seja originando o dever de indenizar, seja originando a resolução do contrato. 
Em relação ao julgamento analisando acima está correta a decisão, pois houve uma não observância da boa-fé objetiva e a violação positiva do contrato, que é uma espécie de inadimplemento contratual a imputar responsabilidade contratual objetiva àquele que viola direitos anexos do contrato.
Prova de Direito civil III
Questões discursivas
1)  João recebeu de Carlos um imóvel por meio de doação pura. Há dois anos atrás, em uma discussão, João agrediu violentamente Carlos (agressão física).
Indaga-se:
a) Carlos pode pleitear a revogação da doação hoje? Por quê? (2,0). Fundamente sua resposta.
 Carlos não pode pleitear a revogação da doação por ingratidão, hoje porquê de acordo com o “Art. 559 do C.C. a revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor.” e o fato descrito o correu há dois anos.
2) Flávio adquire de Carlos um veículo usado no valor de R$ 80.000,00, ocorre que poucos dias depois do negócio Flávio descobre que o automóvel tem um defeito gravíssimo no motor que custará uma fortuna para consertar (aproximadamente R$ 10.000,00). Defeito este que já existia antes de sua aquisição. Flávio deseja desfazer o negócio, é possível? Responda de forma fundamentada. 2,0)
Sim é possível desfazer o negócio, pois possui vícios redibitórios, e é uma garantia legal ao comprador que, antes de entrar na posse da coisa, não percebeu seus vícios e defeitos, podendo, por esse motivo, rescindir o contrato ou pedir abatimento do preço. Ao vendedor recai toda a responsabilidade pela venda da coisa defeituosa, ainda que de boa-fé estivesse e desconhecesse o vício. (art. 441, CC)
 
3) João comprou um automóvel, com reserva de domínio, com uma entrada e pagamento de 24 prestações. Desempregado, deixou de efetuar o pagamento da última parcela, quando foi interpelado judicialmente pelo vendedor, para constituí-lo em mora e ser possível a execução da cláusula de reserva de domínio, resolvendo o contrato. Com base nesta situação, poderá o vendedor ver o contrato resolvido? (1,0). Fundamente sua resposta. 
Não poderá o vendedor ver o contrato resolvido por conta da teoria do adimplemento substancial, levando em consideração o fato de o comprador terpagado um sinal e as 23 prestações anteriores, restando somente à última prestação pendente.
No caso estudado temos a cláusula de reserva de domínio, onde vendedor mantém o domínio da coisa até que o preço seja pago de forma integral pelo comprador e também analisando o art.475, CC, que autoriza a parte prejudicada pelo inadimplemento a requerer a resolução do contrato, mas faculta-lhe a escolha de outra forma de cumprimento; em ambas as hipóteses caberá o pedido de perdas e danos, mas pela teoria do adimplemento substancial (substancial performance) quando o contrato tiver sido quase todo cumprido, ou a parte não cumprida for insignificante face à parte já cumprida (cumprimento relevante), não se poderá pleitear a resolução do contrato, mas sim a realização plena de seu conteúdo. 
4) Mário é proprietário de uma Brasília 69, mas seu sonho sempre foi ter uma Maverick antigo. Pesquisando na internet ele encontrou um Maverick lindo, com valor seis vezes maior do que o da sua Brasília 69. Em contato com o dono do Maverick, as partes acordaram a troca dos dois veículos e a entrega da diferença substancial em dinheiro por Mário. Qual é a espécie contratual? (2,0). Fundamente sua resposta.
A espécie contratual é de compra e venda, pois o objeto da permuta há de ser dois bens, mas se um dos contraentes der dinheiro ou prestar serviços, não haverá troca, mas compra e venda.
 
5) Cláudio, fiel fervoroso da igreja, resolve doar integralmente todo seu patrimônio para igreja. Tal doação é possível? 1.0). Fundamente sua resposta.
Tal doação não é possível, pois não é permite por lei que o doador disponha de mais e 50% de seu patrimônio no código civil art.549 estabelece, a doação de mais da metade do patrimônio de determinada pessoa é nula.
 É o que se chama doação inoficiosa, e também no código civil Art. 548. Diz ser nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador, e no art., Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima. Então, em resumo a pessoa pode doar metade do seu patrimônio a qualquer um inclusive para a igreja, mas a outra metade não pode ser doada, pois é a legítima.

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