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ANÁLISE DE FATORES DO ESTRESSE CRÔNICO DECORRENTE DA COVID-19 EM PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO Edmilson Cunha de Camargo Junior1 Kelen Cristina Monteiro2 Resumo Este artigo objetiva analisar os fatores do estresso crônico durante a pandemia em docentes do Ensino Médio das Escolas particulares de Maringá, com o intuito de entender os impactos causados na vida profissional e pessoal do professor. O método empregado foi à pesquisa bibliográfica sobre estresse crônico relacionado ao método de ensino a distancia, ou ensino remoto, uma vez que os professores muitas vezes se encontram em um ambiente virtual sem os devidos aparatos tecnológicos que garantam o ensino-aprendizado do aluno, assim como, o aumento dos horários de planejamento das aulas para melhor absorção dos conteúdos propostos, acarretando um aumento expressivo na carga de trabalho. Palavras Chaves Estresse crônico, exaustão emocional, somatização. 1 Introdução No período de pandemia, decorrente da COVID-19, diversas medidas estão sendo tomadas a fim de que não haja uma contaminação em massa e uma sobrecarga do sistema de saúde no Brasil. A Covid-19 é uma doença causada pela infecção de um coronavírus (SARS-CoV-2) redescoberto após uma mutação, o que acarretou um surto em Wuhan, China, em dezembro de 2019 e a rápida disseminação aos demais países do mundo, como o Brasil, que teve seu primeiro caso confirmado em São Paulo, em 26 de fevereiro. (GARCIA; SOUZA; 1 Graduando em Psicologia pela UniFamma e Sociologia pela Uninter. E-mail: junior_cunhaa@live.com 2 Graduanda em Psicologia pela UniFamma. E-mail: kelen@ pakita.com.br 2 MAGALHÃES, 2020). Diante disso, diversas medidas foram impostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, para que houvesse a diminuição das taxas de incidência da doença, como, o isolamento social, o distanciamento social, uso constante de álcool em gel a 70%, lavagem das mãos com água e sabão e uso de máscaras. Com a implantação do distanciamento social, as escolas e universidades de ensino tradicional se obrigaram a utilizar-se de metodologias diferentes das habitualmente utilizadas para o ensino à distância (PEDROSA, 2020). A educação superior à distância cresceu exponencialmente no Brasil, visto que é uma modalidade de ensino que permite ao aluno estudar de onde e quando quiser, além de ter um valor mais acessível quando comparado ao ensino presencial (VIANNA; ATAIDE; FERREIRA, 2015). No Brasil, segundo Hasss (2019), ainda existem barreiras consideráveis a serem enfrentadas em termos da educação à distância, dentre os quais podemos destacar a qualidade da educação oferecida, incluindo a prestação do serviço, o acesso e a permanência de estudantes no ensino superior e o uso de tecnologias digitais. No âmbito da qualidade do ensino à distância em tempos de pandemia, os professores muitas vezes se encontram em um ambiente virtual sem os devidos aparatos tecnológicos que garantam o ensino-aprendizado do aluno, assim como, o aumento dos horários de planejamento das aulas para melhor absorção dos conteúdos propostos. Essa dificuldade faz com que os professores estejam integralmente online para auxílio dos alunos, através das ferramentas virtuais que podem gerar um aumento da carga de trabalho (OLIVEIRA; SOUZA, 2020). Com o aumento significativo da carga de trabalho e as dificuldades dos professores tutores no uso de tecnologias e a mudança do ensino tradicional para o ensino remoto, o estresse crônico pode acometer diversos profissionais da área de ensino, além disso, o professor apresenta em suas atividades pedagógicas, um sentimento de desilusão, desencantamento, desmotivação e dificuldades de lidar com as situações requeridas pelo ambiente educacional, como afirma Martins (2007). Segundo Reis (2006), o estresse é um estado geral de tensão fisiológica e mantém relação direta com as demandas do ambiente. Sendo assim, identificar os fatores do estresse crônico, no atual cenário, acometidos pelos professos, é de 3 extrema relevância, uma vez que pode haver manifestações de exaustão emocional e a somatização de outras doenças. Sendo assim, o método empregado para o desenvolvimento dessa pesquisa foi à pesquisa teórica, uma vez que diversos autores já discutem o estresse acometido por professores e suas devidas somatizações, como define Dejour (1994) sobre as três vias de descarga: via psíquica, via motora e via visceral. Por exemplo, para lidar com a hostilidade, o individuo pode produzir fantasias agressivas para descarregar sua tensão, nesse caso via psíquica, além disso, o indivíduo pode utilizar sua musculatura para realizar suas descargas comportamentais, nesse caso via motora, ou até mesmo via sistema nervoso autônomo, via visceral, gerando a somatização. 2 Estresse crônico acometido aos professores Diante do momento atual, diversos professores estão sendo diagnosticados com stress crônico devido a sobre carga de trabalho para se adaptar há um novo modelo de ensino que, apesar de se encontrar em vasta expansão, nem todos os professores se encontravam preparados emocionalmente e profissionalmente para exercer tão função. Segundo Codo (1999), o estresse prolongado pode ou não levar a um desgaste geral do organismo, dependendo da sua intensidade, duração, vulnerabilidade do indivíduo afetado e sua habilidade em administrá-lo. Sendo assim, o estresse é um processo caracterizado por um conjunto de reações, fisiológicas psíquicas e até mesmo comportamentais, de adaptação que o organismo emite quando é exposto a qualquer estímulo, uma forma de adaptação para restabelecer o equilíbrio (PAFARO e MARTINO, 2004; LIPP, 2000). Além disso, a baixa motivação dos alunos e o nível de envolvimento com os estudantes tem fator decisivo para agravar ainda mais o momento de estresse, uma vez que, como afirma Farber (1999), o baixo reconhecimento, tanto profissional como pessoal, é um fator importante para o desenvolvimento de várias síndromes. Outro ponto a ser observado é quanto às responsabilidades e exigências que recaem sobre os educadores, uma transformação do contexto social, o qual tem sido traduzido em uma modificação do papel do professor, como afirma Carlotto (2002): 4 [...] a) evolução e a transformação dos agentes tradicionais de socialização (família, ambiente cotidiano e grupos sociais organizados), que, nos últimos anos, vêm renunciando às responsabilidades que antigamente vinham desempenhando no âmbito educativo, passando a exigir que as instituições escolares assumam esta responsabilidade; b) o papel tradicionalmente designado às instituições escolares, com respeito à transmissão de conhecimentos, viu-se seriamente modificado pelo aparecimento de novos agentes de socialização (meios de comunicação e consumo cultural de massas, etc.), que se converteram em fontes paralelas de informação e cultura; e c) o conflito que se instaura nas instituições quando se pretende definir qual é a função do professor, que valores, dentre os vigentes em nossa sociedade, o professor deve transmitir e quais deve questionar (CARLOTTO, 2002, p. 22). Contudo, estas mudanças trazem aos professores um desafio pessoal, no sentido de responder aos anseios projetados a eles acarretando um desgaste físico- emocional, podendo agregar força ao stress crônico. 3 Desafios do ensino EAD e remoto A implementação da educação a distância no Brasil é marcada pela disseminação do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), um projeto que tem como objetivo levar algum tipo de aprendizagem através da modalidade online. Historicamente, já tínhamos um método de aprendizagem via correios, porém com a popularização da internet, foi desenvolvido um método bem mais prático e acessível. Um ponto muito importante a ser observado é quanto os desafios encontrados pelos docentes para se adaptar a esse modelo de ensino, uma vez que a grande maioria participou apenas do modelo tradicional de ensino, ou seja, indo para a faculdade e recebendoconteúdo de forma presencial, o que os fazem refletir sobre os seus limites e potencialidades para trabalharem nesse modelo de ensino. O primeiro desafio que os professores encontram, ao serem convidados a participar desse modelo de aprendizagem, é já na estruturação do curso, uma vez que não tem o feedback do aluno quanto aos conteúdos produzidos, ou seja, o professor além de produzir o conteúdo, precisar estar atento se criou da forma mais explicativa possível. Outro desafio encontrado é quanto ao tamanho da equipe para a estruturação de um curso, passando desde os professores conteudistas e ministrantes, até a parte de design e impressão do material. Muitas vezes, citado como o professor coletivo, na EaD ele deixa de ser uma entidade individual para ser uma entidade coletiva (BELLONI, 2001) e, também, não está preparado para esse desafio. 5 Além disso, existe o desafio encontrado pelos professores, principalmente no ensino remoto, onde além de ministrar à aula em horário estabelecido pela instituição, os professores precisam realizar planejamentos das aulas para melhor absorção dos conteúdos propostos, ficando assim, várias hora trabalhando. Essa dificuldade faz com que os professores estejam integralmente online para auxílio dos alunos, através das ferramentas virtuais que podem gerar um aumento da carga de trabalho (OLIVEIRA; SOUZA, 2020). Entretanto, um desafio muito comum encontrado é quanto aos aparatos tecnológicos os quais os professores têm acesso para levar um ensino de qualidade aos seus alunos. Algumas poucas escolas, principalmente particulares, fizeram um aporte tecnológico para os professores, porém não é a situação da maioria, onde praticamente todos tiveram que adquirir um notebook ou desktop de qualidade para preparar e ministrar suas aulas, tudo com suporte financeiro próprio, sem contar com a questão da internet que precisou ser melhorada para ter uma boa conexão durante as aulas. 4 Análise dos Resultados Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos pela elaboração do referencial teórico. 4.1 Fatores que acometem o estresse Como discutimos em outra seção, o estresse é um estados geral de tensão fisiológica, o qual mantem uma relação direta com as demandas do ambiente. Nesse projeto, podemos notar que não é um fator apenas que acomete o estresse nos professores, mas vários, como a falta de aparato tecnológico, a alta carga de trabalho, uma vez que precisam oferecer um suporte ao alunos, mesmo muitas vezes não tendo, a baixa motivação dos alunos em participar das aulas e realizar as atividades, entre outras. 4.2 A pandemia durante o ano letivo versus a vida pessoal do professor Diante do contexto atual, toda a categoria estudantil, estudantes e professores, precisaram continuar seus trabalhos de suas casas, o que gerou uma espécie de simbiose entre o profissional e o pessoal. Além disso, no ensino remoto, o professor ministra suas aulas ao vivo, no horário normal da grade, contudo, o professor 6 precisa planejar essas aulas de forma estratégica, o que difere do modelo presencial, e o que acarreta mais horas trabalhadas pelo professor. Contudo, mesmo estando no seu ambiente familiar, o professora acaba que não consegue viver o momento familiar, outra precisa preparar, ministrar e auxiliar suas aulas e alunos. 4.3O estresse crônico pós-pandemia Muitos autores e estudiosos contextualizam o estresse acometido por professores antes e durante a pandemia, contudo, é extremamente importante pensar nas ações do estresse no pós-pandemia, uma vez a junto ao estresse, pode haver a somatização de vários sintomas, como definiu Dejour (1994), sobre as três vias de descarga: via psíquica, via motora e via visceral, o que tona o acompanhamento psicológico inerente a vida do professor nesse momento. Considerações Finais Sendo assim, a Covid-19 está tem causado impactos na educação dos estudantes e na vida profissional e pessoal dos professores, o qual não se sabe se será possíveis reverterem. Entretanto, chegou-se ao cerne da questão quanto aos professores, onde apresentam em suas atividades pedagógicas, um sentimento de desilusão, desencantamento, desmotivação e dificuldades de lidar com as situações requeridas pelo ambiente educacional, uma vez que o baixo reconhecimento, tanto profissional como pessoal, é um fator importante para o desenvolvimento de várias síndromes. Nesse sentido, torna-se pertinente discutir e ouvir opiniões dos docentes sobre a covid-19, para que os profissionais não sejam prejudicados, sendo realizados acompanhamentos psicológicos para que todos possam continuar trabalhando durante o período em que não podem sair de casa. Referências BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. Campinas: Autores Associados, 2001. 7 CARLOTTO, M. S. A síndrome de Burnout e o trabalho docente. Psicologia em estudo, Maringá, v. 7, n. 1, p. 21-29, jan./jun. 2002a. CODO, W. Educação: carinho e trabalho. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. FARBER, B. 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