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Prévia do material em texto

2011
Conservação e Uso 
Do solo
Prof.ª Francieli Stano Torres
Copyright © UNIASSELVI 2011
Elaboração:
Prof.ª Francieli Stano Torres
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
T693c
 Torres, Francieli Stano
 Conservação e uso do solo / Francieli Stano Torres. Indaial 
: UNIASSELVI, 2011.
 
 206 p. : il.
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-420-1
 1. Conservação e uso do solo I. Centro Universitário 
Leonardo da Vinci. Ensino a Distância. II. Título.
 
631.41
III
apresentação
Caro acadêmico!
O solo é um importante recurso natural que desempenha inúmeras 
funções, desde o armazenamento da água e de nutrientes até o suporte 
físico para o desenvolvimento das plantas, sendo considerado base para 
os processos ecológicos. Podemos considerá-lo essencial à vida de todos os 
seres vivos do nosso planeta. Nele desenvolvemos a pecuária, realizamos os 
plantios e as colheitas, construímos nossos lares, entre outras atividades. 
Logo, os diferentes usos que fazemos dos solos nos proporcionam 
alimentos, moradias além de movimentar a economia de um país. Contudo, 
temos que lembrar que ele também é suporte para toda uma teia de 
biodiversidade, que se estabelece tanto acima quanto dentre, e que esse 
recurso natural, quando superexplorado, torna-se frágil. O uso desenfreado 
do solo, intensificado pelo desmatamento, leva à perda da biodiversidade e 
a sua degradação.
A adoção de técnicas agrícolas inadequadas destrói a sua fertilidade, 
reduzindo a produção dos alimentos e, como consequência, surgem inúmeros 
problemas ambientais, sociais e econômicos. De tal forma, conservar, manejar 
e recuperar os solos é fundamental para a qualidade de vida das populações 
e todo o ecossistema. 
Assim, esse Livro de Estudos vem trazer a você o conhecimento sobre 
o processo de formação dos solos, os agentes de sua degradação, quando o 
uso é realizado de forma inadequada, além das técnicas de conservação e 
recuperação, levando em consideração a bacia hidrográfica como unidade 
de planejamento.
Espero que este Caderno possa oferecer parte do conhecimento 
necessário para seu desempenho em sua futura profissão.
Bom estudo! 
Prof.ª Francieli Stano Torres
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – FORMAÇÃO DO SOLO ............................................................................................. 1
TÓPICO 1 – SOLOS COMO RECURSO NATURAL ........................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 CONCEITUAÇÃO DE SOLO ............................................................................................................. 3
3 PEDOLOGIA E EDAFOLOGIA ........................................................................................................ 5
4 SOLOS COMO RECURSO NATURAL ............................................................................................ 7
5 IMPORTÂNCIA DO SOLO................................................................................................................ 9
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 14
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17
TÓPICO 2 – FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE) ...................................................................................... 19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS ...................................................................................... 19
2.1 CLIMA .............................................................................................................................................. 20
2.2 ORGANISMOS VIVOS ................................................................................................................... 21
2.3 ROCHAS ........................................................................................................................................... 23
2.4 RELEVO ............................................................................................................................................ 24
2.5 TEMPO .............................................................................................................................................. 27
3 INTEMPERISMO.................................................................................................................................. 28
3.1 INTEMPERISMO FÍSICO ............................................................................................................... 29
3.2 INTEMPERISMO QUÍMICO ......................................................................................................... 31
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 35
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 37
TÓPICO 3 – ESTRUTURA DOS SOLOS ............................................................................................ 39
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 39
2 COMPOSIÇÃO DO SOLO ................................................................................................................ 39
2.1 PORÇÃO SÓLIDA: OS MINERAIS .............................................................................................. 40
2.2 PORÇÃO SÓLIDA: MATÉRIA ORGÂNICA (M.O.) .................................................................. 42
2.3 A ÁGUA NO SOLO ......................................................................................................................... 43
2.3.1 Solo muito mal drenado (encharcado)................................................................................ 44
2.3.2 Solo mal drenado (úmido) ..................................................................................................... 44
2.3.3 Solo bem drenado (seco) ........................................................................................................ 44
2.4 O AR NO SOLO .............................................................................................................................. 45
3 MORFOLOGIA DO SOLO ................................................................................................................ 46
3.1 ESTRUTURA ................................................................................................................................... 46
3.2 TEXTURA ......................................................................................................................................... 47
3.3 CONSISTÊNCIA .............................................................................................................................. 49
3.4 POROSIDADE .................................................................................................................................. 50
3.5 COR ................................................................................................................................................... 51
4 PERFIL DO SOLO ............................................................................................................................... 51
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 55
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 56
sUmário
VIII
TÓPICO 4 – CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS ................................................................................... 59
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 59
2 HISTÓRICO DA CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS NO BRASIL .............................................. 59
3 IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS ................................................................ 61
4 CLASSIFICAÇÃO ATUAL DOS SOLOS – EMBRAPA 2006 ...................................................... 61
4.1 CLASSES DO 1o NÍVEL CATEGÓRICO (ORDEM) ................................................................... 63
4.2 CLASSES DO 2° NÍVEL CATEGÓRICO (SUBORDENS) ........................................................ 64
4.3 CLASSES DO 3° NÍVEL CATEGÓRICO (GRANDES GRUPOS) ........................................... 64
4.4 CLASSES DO 4° NÍVEL CATEGÓRICO (SUBGRUPOS) .......................................................... 65
4.5 CLASSES DO 5° NÍVEL CATEGÓRICO (FAMÍLIA) ................................................................. 65
4.6 CLASSES DO 6° NÍVEL CATEGÓRICO (SÉRIE) ....................................................................... 65
4.7 REGRAS PARA O USO DA NOMENCLATURA DE 1º, 2º, 3º
 E 4º NÍVEIS CATEGÓRICOS ........................................................................................................ 66
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 68
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 69
UNIDADE 2 – RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE ....................................... 71
TÓPICO 1 – RELAÇÃO SOLO E ÁGUA ............................................................................................. 73
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 73
2 CAMINHOS DA ÁGUA NO SOLO ................................................................................................. 73
2.1 FATORES QUE INFLUENCIAM A INFILTRAÇÃO .................................................................. 75
2.1.1 Cobertura florestal .................................................................................................................. 75
2.2 TOPOGRAFIA ................................................................................................................................. 77
2.3 PRECIPITAÇÃO .............................................................................................................................. 77
2.4 TIPO DE MATERIAL ...................................................................................................................... 77
2.5 OCUPAÇÃO DO SOLO ................................................................................................................. 78
3 DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO SUBSOLO ................................................................................. 78
3.1 INFLUÊNCIA DA POROSIDADE E DA PERMEABILIDADE NA
 DISPONIBILIDADE DE ÁGUA SUBTERRÂNEA ..................................................................... 82
4 CLASSIFICAÇÃO DOS AQUÍFEROS SEGUNDO A GEOLOGIA E
 SUA RELAÇÃO COM POROSIDADE DO SOLO ........................................................................ 85
4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AQUÍFEROS - SEGUNDO A PRESSÃO DA ÁGUA ....................... 86
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 88
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 90
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 91
TÓPICO 2 – RELAÇÃO SOLO E PLANTAS
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93
2 FATORES DO SOLO RELACIONADOS COM O DESENVOLVIMENTO
 DAS PLANTAS .................................................................................................................................... 93
2.1 ESTRUTURA DO SOLO E SUA RELAÇÃO COM AS PLANTAS ........................................... 94
2.2 PERFIL DO SOLO E A RELAÇÃO COM AS PLANTAS ........................................................... 94
2.3 ADENSAMENTO DO SOLO E AS PLANTAS ............................................................................ 95
2.4 POROSIDADE DO SOLO E AS PLANTAS .................................................................................. 97
2.5 MINERAIS DO SOLO E AS PLANTAS ........................................................................................ 98
2.5.1 Elementos de nutrição essenciais para as plantas .............................................................. 99
2.6 ACIDEZ E ALCALINIDADE DO SOLO E AS PLANTAS ......................................................100
2.7 ÁGUA DO SOLO E AS PLANTAS ..............................................................................................101
2.7.1 A influência do nível freático sobre e crescimento radicular .........................................103
2.8 MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO E AS PLANTAS ................................................................104
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................106
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107
IX
TÓPICO 3 – COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO ..................................109
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109
2 CONCEITO E SURGIMENTO DOS AGROTÓXICOS ..............................................................1093 CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS QUANTO AO COMPONENTE QUÍMICO ....111
3.1 GRAU DE PERICULOSIDADE/TOXICIDADE E O MEIO AMBIENTE ...............................113
4 COMPORTAMENTO DE AGROTÓXICOS NO SOLO .............................................................115
4.1 VOLATILIDADE ...........................................................................................................................116
4.2 ADSORÇÃO ...................................................................................................................................117
4.3 LIXIVIAÇÃO ..................................................................................................................................118
4.4 REAÇÕES QUÍMICAS ..................................................................................................................118
4.5 METABOLISMO MICROBIANO ................................................................................................119
4.6 PERSISTÊNCIA NOS SOLOS ......................................................................................................120
5 INFLUÊNCIA DO TIPO DE SOLO NO COMPORTAMENTO DOS AGROTÓXICOS ...121
6 RELAÇÃO ENTRE OS AGROTÓXICOS E A MATA CILIAR .................................................122
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................127
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................129
TÓPICO 4 – QUALIDADE AMBIENTAL DO SOLO .....................................................................131
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131
2 CONCEITO DE QUALIDADE DO SOLO ....................................................................................131
3 INDICADORES DE QUALIDADE DO SOLO .............................................................................132
3.1 INDICADORES FÍSICOS DA QUALIDADE DO SOLO ..........................................................134
3.2 INDICADORES QUÍMICOS DE QUALIDADE DO SOLO .....................................................135
3.3 INDICADORES BIOLÓGICOS DE QUALIDADE DO SOLO ................................................137
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................139
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 140
UNIDADE 3 – DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS ........................................... 141
TÓPICO 1 – RELAÇÃO USO DO SOLO E BACIA HIDROGRÁFICA ..................................... 143
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 143
2 A BACIA HIDROGRÁFICA ............................................................................................................ 143
2.1 A BACIA COMO UNIDADE DE PLANEJAMENTO ............................................................. 148
3 USOS DO SOLO NO BRASIL ........................................................................................................ 149
4 CLASSIFICAÇÃO DA CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS ............................................. 151
4.1 TERRAS PRÓPRIAS PARA TODOS OS USOS ........................................................................ 152
4.2 TERRAS IMPRÓPRIAS PARA O CULTIVO INTENSIVO ..................................................... 153
4.3 TERRAS IMPRÓPRIAS PARA O CULTIVO ............................................................................. 153
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 154
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................157
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................159
TÓPICO 2 – DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS...............................................................161
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161
2 CONCEITO DE EROSÃO E DEGRAÇÃO DOS SOLOS ...........................................................161
3 A SUSCEPTIBILIDADE DOS SOLOS BRASILEIROS AOS PROCESSOS EROSIVOS ....162
4 PRINCIPAIS AGENTES DA EROSÃO .........................................................................................164
5 TIPOS EROSÃO/DEGRADAÇÃO E SEUS IMPACTOS ............................................................166
6 EROSÃO HÍDRICA ...........................................................................................................................169
6.1 TIPOS DE EROSÃO HÍDRICA ....................................................................................................169
6.2 FASES NO PROCESSO DE EROSÃO .........................................................................................172
6.3 FATORES QUE INFLUENCIAM NA EROSÃO HÍDRICA DO SOLO ..................................173
X
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................175
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................178
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................179
TÓPICO 3 – MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS .............................................................181
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................181
2 CONSERVAÇÃO E MANEJO ..........................................................................................................181
3 MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO E MANEJO .............................................................................182
3.1 MÉTODOS EDÁFICOS .................................................................................................................182
3.2 MÉTODOS MECÂNICOS ............................................................................................................185
3.3 MÉTODOS VEGETATIVOS..........................................................................................................187
4 TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO ....................................................................................................189
4.1 IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAFS) ..............................................189
4.2 PLANTIO DE ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS ...................................................................190
4.3 REGENERAÇÃO NATURAL ......................................................................................................191
4.4 IMPLANTAÇÃO DE POLEIROS ARTIFICIAIS ........................................................................192
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................195
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................197
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................199
1
UNIDADE 1
FORMAÇÃO DO SOLO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• conceituar o solo de acordo com as diferentes áreas do conhecimento;
• compreender os solos como recurso natural e como parte integrante e es-
sencial do biótopo;• conhecer as estruturas e a composição dos solos;
• identificar os fatores ativos e passivos do processo de formação dos solos;
• conhecer os diferentes tipos de solos e como se dá sua classificação.
Esta primeira unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um 
deles, você encontrará atividades que contribuirão para fixar os conteúdos 
explorados.
TÓPICO 1 – SOLOS COMO RECURSO NATURAL
TÓPICO 2 – FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE) 
TÓPICO 3 – ESTRUTURA DO SOLO
TÓPICO 4 – CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
SOLOS COMO RECURSO NATURAL
1 INTRODUÇÃO
O solo pode ser considerado um recurso natural da superfície terrestre 
formado por diferentes agregados. Entre esses agregados se encontram poros 
destinados ao armazenamento e fluxo de água e ar, bem como uma diversidade 
de organismos vivos. 
Esse recurso natural desempenha importantes funções, desde o 
armazenamento da água e nutrientes até o suporte físico para o desenvolvimento 
das plantas, sendo a base para os processos ecológicos. Por ser um recurso 
natural, o uso do solo passa a fazer parte do contexto, pois é nele que plantamos 
e cultivamos grande parte dos alimentos, construímos nossos lares, indústrias, 
retiramos minerais, entre outras atividades. 
Contudo, ele é um recurso finito e não renovável, por isso devemos usá-
lo de forma sustentável, para que possa ser sempre produtivo e desenvolver 
suas inúmeras funções. É esse contexto que vamos estudar nesse primeiro tópico 
do Livro de Estudos, ou seja, compreender o solo como um recurso natural, 
diferenciar o trabalho de um edafologista e um pedologista e identificar as 
diferentes funções desempenhadas pelos solos. Primeiramente, conceituaremos 
o que é solo. Você sabe que os conceitos podem variar dependendo da área de 
atuação do profissional ou de acordo com seu uso? Então, vamos conhecer essas 
variações conceituais!
2 CONCEITUAÇÃO DE SOLO
Os solos podem ser definidos como qualquer material que se sobrepõe 
à rocha inalterada. Dentre esses materiais, incluem-se os minerais derivados da 
rocha-mãe, novos minerais formados pelo processo de intemperismo, a matéria 
orgânica vegetal e animal, o ar e a água.
Podemos também definir o solo como corpos naturais constituídos 
por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos e formados 
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
4
por materiais minerais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto 
superficial das extensões continentais do nosso planeta. Contém ainda 
matéria viva e permite o desenvolvimento de plantas na natureza onde 
ocorrem. (EMPRABA, 2006).
Pode-se dizer ainda que o solo é o resultado de algumas transformações 
que ocorrem nas rochas, de forma lenta e ao longo do tempo, sendo que as 
condições climáticas e a presença de seres vivos atuando sobre as rochas são os 
principais responsáveis pela formação do solo.
Os solos, acima de tudo, são recursos naturais e é neles que realizamos 
atividades diversas, nos sustentamos, construímos, plantamos e retiramos 
minerais. Por isso, as definições podem variar, dependendo da área de atuação 
ou do uso do solo. A seguir estão listados alguns exemplos dessas definições, 
segundo as diferentes áreas, conforme Lepsch (2002): 
 Agrônomo: camada superficial de terra arável, possuidora de vida 
microbiana. 
 Arqueólogo: material onde se encontram registros de civilizações e 
organismos fósseis. 
 Ecólogo: porção do ambiente condicionado por organismos vivos e que, 
por sua vez, interagem com esses organismos.
 Engenheiro civil: material escavável, que perde sua resistência quando 
em contato com a água. 
 Engenheiro de minas: o solo é o detrito que cobre rochas ou minerais a 
serem explorados. 
 Engenheiro de obras: parte da matéria-prima para construções de aterros, 
estradas, barragens e açudes.
 Geologia: parte de uma sequência de eventos geológicos, que se torna um 
produto do intemperismo físico-químico das rochas. 
 Fazendeiro: considera o solo como ambiente para as plantas. Ele vive do 
solo e assim é forçado a prestar mais atenção as suas características. 
 Físico: massa de material cujas características mudam em função das 
variações de clima.
 Químico: porção de material sólido que pode ser analisado em todos seus 
constituintes elementares (compostos químicos).
 Pedólogo: camada viva, que recobre a superfície da terra, em evolução 
permanente, por meio da alteração das rochas e de processos pedogenéticos 
comandados por agentes físicos, biológicos e químicos.
TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL
5
IMPORTANT
E
Como requisito básico para maior conhecimento sobre solo, deve-se ter a 
noção do que ele representa, abrangendo nesta noção os pontos de vista do engenheiro, 
do fazendeiro, do pedólogo entre outros. Ao desenvolver esta conceituação, é importante 
levar em consideração as descobertas práticas e científicas do passado.
3 PEDOLOGIA E EDAFOLOGIA 
Você já ouviu falar em Pedologia e Edafologia? Certamente, já ouviu 
dizer que ambas estão relacionadas com o estudo dos solos. Se ambas estudam as 
relações com o solo, você sabe qual a diferença entre elas? O que abrange o estudo 
da edafologia e o estudo da pedologia? Então vamos entender mais a respeito.
Se analisarmos os conceitos de solos, conforme estudados na seção anterior, 
podemos perceber que há diferentes conceituações. Um leva em consideração o solo 
como um corpo natural, ou seja, um produto sintetizado da natureza e submetido 
ao intemperismo. O outro leva em consideração sua aplicação prática e/ou imagina 
o solo como viveiro natural para as plantas. Essas concepções indicam os dois 
caminhos a seguir no estudo dos solos: o do pedologista e o do edafologista. 
O estudo das fases de formação do solo, sua origem, classificação e 
descrição são compreendidas no que se conhece como Pedologia (da palavra 
grega “pedon”, que significa solo ou terra). A Pedologia considera o solo um 
corpo natural e o pedologista o estuda, o examina e o classifica como é encontrado 
no seu ambiente natu ral (Figura 1). Sua descoberta pode ser útil aos engenheiros 
construtores assim como aos agricultores. (BRANDY, 1983; LEPSCH, 2002).
A Edafologia (da palavra grega “edaphos”, que também significa solo ou terra) 
é o estudo do solo do ponto de vista florestal. Considera as diversas propriedades do 
solo na medida em que se relacionam com a produção agrícola ou florestal (Figura 1). 
O edafologista é um homem prático, uma vez que visa à produção de alimentos e de 
fibras como objetivo final. Ao mesmo tempo, precisa ser um cientista para estabelecer 
as razões da variação da produtividade dos solos e desco brir os meios para manter e 
melhorar essa produtividade. (BRANDY, 1983; LEPSCH, 2002). 
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
6
Neste Caderno de Conservação e Uso dos Solos, você perceberá que 
ambas as concepções serão estudadas, uma vez que a Pedologia será utilizada 
na medida em que proporcionamos a compreensão geral dos solos, como são 
encontrados na natureza e como são classificados, enquanto que os estudos das 
características básicas dos solos, sob o ponto de vista físico, químico e biológico, 
contribuem de igual modo para a Edafologia e a Pedologia.
DICAS
Para maior aprofundamento sobre Pedologia e Edafologia, leia o artigo: “História 
da Pedologia: um resgate bibliográfico”. Disponível em: <http://www.ige.unicamp.br/
simposioensino/artigos/029.pdf>.
IMPORTANT
E
A pedologia é o estudo do solo como um corpo natural e a edafologia é o 
estudo do solo considerando suas propriedades para a produção agrícola e florestal.
FIGURA 1 – A) IMAGEM REPRESENTATIVA DE PEDOLOGIA (ESTUDO DO SOLO COMO UM CORPO 
NATURAL); B) IMAGEM REPRESENTATIVA DE EDAFOLOGIA (ESTUDO DO SOLO COMO PRODUÇÃO 
AGRÍCOLA E FLORESTAL)
FONTE: Disponível em: A) <http://www.ceplac.gov.br/restrito/imgNot/200812/_1302_
Pesquisadores%20observam%20solo%20na%20Nova%20Zel%C3%A2ndia.jpg> B) <http://www.
jardimdasideias.com.br/public/userfiles/plantar.jpg> Acesso em: 31 maio 2011.
A B
TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL7
4 SOLOS COMO RECURSO NATURAL
Os solos são considerados recursos naturais uma vez que são usados, 
transformados e fornecerem suporte e alimento para as mais variadas formas de vida. 
Esse recurso natural fornece o substrato para as raízes, retém água o tempo suficiente para 
esta ser utilizada pelas plantas e fixam nutrientes essenciais para a vida – sem os solos, a 
paisagem da Terra seria tão estéril como a de Marte. Os solos são o lar para microrganismos 
que provocam importantes transformações bioquímicas - fixando nitrogênio nas plantas, 
conduzindo à decomposição de matéria orgânica - e para a biodiversidade de animais 
microscópicos, bem como para as minhocas, formigas e outros. 
UNI
Você sabia que o solo é assegurado por lei? A Política Nacional de Meio 
Ambiente, Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, visa à sustentabilidade do uso dos recursos 
naturais e ressalta em um dos seus princípios fundamentais a racionalização do uso do solo, 
do subsolo, da água e do ar.
Num contexto ambiental, o solo é a base para os processos ecológicos, 
ou seja, para a biocenose (inter-relação entre os seres vivos). O solo é visto como 
a parte integrante e essencial do biótopo (meio físico onde vivem os seres vivos 
como plantas, animais, microrganismos, definido por fatores como o clima e 
características do substrato). (Figura 2).
No exemplo de uma floresta, o biótopo é a área que contém um tipo de 
solo (com quantidades típicas de minerais e água) e é afetada por um determinado 
clima (umidade, temperatura, grau de luminosidade e outros fatores). Esses 
fatores afetam diretamente a biocenose, e também são por ela influenciados. O 
desenvolvimento de uma floresta, por exemplo, modifica a umidade do ar e a 
temperatura de uma região.
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
8
No contexto socioeconômico, o solo é base da produção alimentar 
destacando o cenário agropecuário no Brasil. Poucos setores da economia 
brasileira têm se desenvolvido tanto como a agricultura. Nesse cenário de 
grande importância para o desenvolvimento de um país, a visão econômica 
ainda é simplista e imediatista, uma vez que extensas áreas sem aptidão para 
a agropecuária foram incorporadas ao processo produtivo de forma acelerada, 
levando a prejuízos ambientais. (LEPSCH, 2002).
De tal forma, esse recurso natural tem limites definidos, assim se pode 
dizer que o limite superior é a biosfera e a atmosfera. Os limites laterais são 
os contatos com corpos d’água superficiais, rochas, gelo, áreas com cobertura 
arenosa como dunas ou praias costeiras e aterros. O limite inferior do solo é difícil 
de ser definido. Em geral, o solo passa gradualmente no seu limite inferior, em 
profundidade, para a rocha dura ou sedimentos que não apresentam sinais da 
influência de atividade biológica. (LEPSCH, 2002). 
FIGURA 2 – O BIÓTOPO (MEIO FÍSICO ONDE VIVEM OS SERES VIVOS) ATUANDO 
SOBRE A BIOCENOSE (INTER-RELAÇÃO ENTRE OS SERES VIVOS)
FONTE: Kiehl (1979)
IMPORTANT
E
O solo está ligado à base da cadeia alimentar e é por meio dele que os produtores 
(plantas) se desenvolvem. Também está ligado aos consumidores, que dependem dos 
produtores, bem como aos decompositores, responsáveis pela reciclagem dos elementos.
TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL
9
5 IMPORTÂNCIA DO SOLO
O solo é sem dúvida, o recurso natural mais importante de um país, pois 
é dele que derivam os produtos alimentares para toda a população humana, bem 
como, para muitas espécies de animais que diretamente se alimentam das plantas 
que deles crescem. (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000).
Nas regiões intertropicais, essa importância é ainda maior, por duas 
razões:
• Nessa região ou zona climática, encontra-se praticamente a maior parte 
dos países em desenvolvimento como o Brasil, cuja economia depende da 
exploração de seus recursos naturais especialmente agrícolas. (Tabela 1).
• Os processos que levam à formação dos solos podem nas zonas intertropicais, 
levar também à formação de importantes recursos minerais (bauxita, carvão 
mineral, ferro, alumínio, chumbo etc).
TABELA 1: DADOS DE ÁREAS UTILIZADAS DE AGRICULTURA, EM HECTARES, NO TERRITÓRIO 
BRASILEIRO
Área agricultável disponível total estimada 152,5 milhões de hectares ou 17,9% do território.
Área agricultável utilizada 62,5 milhões de hectares ou 7,3% do território.
Lavouras permanentes 15 milhões de hectares ou 1,8% do território.
Lavouras temporárias 42,5 milhões de hectares ou 5% do território.
Florestas plantadas 5 milhões de hectares ou 0,6% do território.
Área agricultável disponível não utilizável 90 milhões de hectares ou 10,5% do território.
Pastagem 177 milhões de hectares ou 20,8% do território.
Área de florestas nativas e reservas ambientais 440 milhões de hectares ou 53% do território.
FONTE: IBGE/CONAB. Disponível em: <http://ecen.com/eee74/eee74p/ biocombustiveis_liquidos_
no_brasil.htm>. Acesso em: 20 fev. 2011. Imagem: Disponível em: <http://canoinhasonline.blogspot.
com/2009_11_22_archive.html>. Acesso em: 20 fev. 2011.
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
10
IMPORTANT
E
O solo, por ser um recurso finito e não renovável, pode levar milhares de anos 
para se tornar produtivo, uma vez destruído, na escala de tempo de algumas gerações, 
desaparece para sempre. 
Segundo Hernani et al. (2002), as perdas anuais de solo em áreas ocupadas 
por lavouras e pastagens, no Brasil, são da ordem de 822,7 milhões de toneladas. 
Esses autores estimaram que tais valores estariam associados a uma perda total, 
na propriedade rural, de US$ 2,93 bilhões por ano. Os autores relatam que a 
erosão acarreta ao Brasil um prejuízo total de aproximadamente US$ 4,24 bilhões 
anuais. A relação entre as perdas de solo de acordo com os diferentes usos podem 
ser vistos por meio da Figura 3.
Entretanto, os solos dessas regiões, em geral, são solos velhos, frágeis, 
empobrecidos quimicamente e que se encontram em contínua evolução. 
Esses solos se encontram em estado muito precário, de tal forma que os 
impactos provocados por causas naturais ou por atividades antrópicas 
podem desestabilizar o sistema. O desmatamento, o cultivo da terra, o uso de 
agroquímicos e a exploração de minérios são atividades que, se não forem bem 
conduzidas, por meio de técnicas desenvolvidas com bases científicas, podem 
levar à erosão e contaminação dos solos.
TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL
11
FIGURA 3 – COMPARAÇÃO DA PERDA DE SOLO (QUILOGRAMA POR ANO) EM ÁREAS 
DE FLORESTA, PASTAGEM, PLANTAÇÃO DE CAFÉ E DE ALGODÃO
FONTE: Guerra et al. (1999)
A perda dos solos e o crescimento demográfico, que geram grandes 
pressões para a produção de maior quantidade de alimentos, têm resultado 
no desmatamento de áreas florestadas para a expansão das áreas agricultáveis. 
Contudo, essa é uma ação que não apresenta funcionalidade, uma vez que os solos 
das florestas representam sistemas muito frágeis, que acabam sendo destruídos 
junto com o desmatamento.
UNI
Na Amazônia, por exemplo, a taxa de desmatamento para fins agrícolas é cerca 
de 1,3 milhão de hectares por ano.
Perdas de solo
Mata Solo erodido
4 kg ha ano
700 kg ha ano
1 100 kg ha ano
38 000 kg ha ano
Pastagem
Algodoal
Cafezal
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
12
Agora que analisou a Figura 4, você pode concluir que os solos exercem 
ainda as seguintes funções:
• Alicerce da vida em ecossistemas terrestres.
• Armazenamento e liberação de água para as plantas e animais.
• Reciclagem de nutrientes, fornecendo 15 elementos essenciais à vida das 
plantas (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, boro, cloro, 
cobre, ferro, manganês, molibdênio, níquel, cobalto, zinco).
• Hábitat para a fauna e flora.
• Recarga dos aquíferos.
• Filtro da água melhorando a qualidade.
• Fornecimento de material para construção de estradas, barragens em açudes, 
casas, outros.
O uso adequado dos solos existentes, prevenindo-se sua destruição e 
exaustão é a melhor solução. Nada adianta desmatar extensas áreas de floresta 
nativa, como vem acontecendo na Amazônia, se o solo nãoé adequado para tais 
práticas. Para proteger esse importante recurso natural, existe um conjunto de 
técnicas de manejo que iremos estudar na Unidade 3 desse Livro de Estudos.
Contudo, já se podem identificar até aqui algumas funções importantes 
que o solo desempenha, mas se você pensou que o solo é importante somente 
para a produção de alimentos, convido-o(a) para analisar a Figura 4 e identificar 
que outras funções o solo vem a exercer. 
FIGURA 4 – PRINCIPAIS INTERAÇÕES ENTRE PEDOSFERA (SOLO), BIOSFERA (PLANTAS E ANIMAIS), 
LITOSFERA (ROCHAS), HIDROSFERA (ÁGUA) E ATMOSFERA (AR)
Litosfera
PedosferaHidrosfera
troca de
energia
eva
por
açã
o
eva
por
açã
o
Lixiviação
evaporação
água do solo
drenagem e
escoamento
recarga dos aquíferos cap
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de 
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reciclagem
fotossínteserespiração
fauna e flora
do solo
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fo
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ol
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Atmosfera
Biosfera
FONTE: Planeta Terra (2007). Disponível em: <http://www.yearofplanetearth.org/content/
downloads/portugal/brochura10_web.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2011.
TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL
13
IMPORTANT
E
Os solos desempenham importantes funções, que vão desde o processo de 
produção de alimentos para a manutenção da vida até o fornecimento de hábitat para 
muitas espécies da fauna e da flora e o armazenamento e recarga dos recursos hídricos, dos 
quais todos dependem. 
A vida, o solo, a atmosfera, a água e as geoformas evoluíram em conjunto. 
Nenhum destes elementos seria tal como o conhecemos, sem os outros. Os 
solos que cobrem a superfície terrestre estabelecem a ligação e interagem com a 
atmosfera e condições climáticas, com as águas superficiais e subterrâneas e com 
os ecossistemas. (PLANETA TERRA, 2007).
No caso das ciências do solo, isto significa o apoio a várias atividades, 
incluindo a produção agrícola, a engenharia civil, o fornecimento de água, a 
qualidade da água e do ar, o saneamento e o armazenamento de resíduos, visando 
à utilização sustentável deste sistema finito e frágil.
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
14
CIÊNCIAS DO SOLO E SOCIEDADE 
A utilização e a gestão do território são bem sucedidas quando existe 
compatibilidade com a aptidão dos solos. As colheitas e jardins florescem, 
o gado cresce, as nascentes e poços enchem, as estradas e os edifícios são 
utilizados de forma adequada, os investimentos estão seguros – e a maioria 
das pessoas nem sequer se apercebe disso. Esse sucesso não ocorre se os solos 
forem incapazes de reter água e nutrientes necessários. Neste caso, as colheitas 
falham e o gado adoece; estradas, edifícios, condutas e cabos danificam-se 
em solos instáveis ou com contaminação salina, podendo mesmo algumas 
estruturas ruir catastroficamente. 
Quando existem grandes alterações na utilização do solo e na 
sua gestão, atinge-se uma situação em que as suas aptidões produtivas, 
hidrológicas e ecológicas se perdem – aptidões que consideramos como um 
dado adquirido. Apesar dos enormes sucessos obtidos neste domínio (como 
por exemplo, na aplicação de fertilizantes, na drenagem e na irrigação) 
verificam-se ainda graves desfaçamentos entre a utilização do solo e a sua real 
aptidão. O desafio para as ciências do solo é o de fornecer conhecimento para 
que locais inadequados possam ser evitados ou que possam ser tomadas as 
devidas precauções, de forma a que a estabilidade e as funções essenciais do 
solo sejam garantidas. 
Uma nova perspectiva do planeta Terra tem vindo a ser revelada pelas 
novas tecnologias, que retratam processos e sistemas geológicos nas escalas 
onde realmente acontecem. Sem as limitações associadas a nossa escala física 
e aos nossos cinco sentidos, podemos agora observar e medir desde a escala 
molecular à escala global, em períodos de tempo que vão do nanossegundo 
ao milênio. Estas observações têm sido integradas em modelos de processos 
geológicos, que preveem cenários futuros com base nas atuais tendências e 
nas opções de gestão. Em vez de se confiar no destino, usam-se modelos de 
previsão para suportar decisões e políticas, com potencial para melhorar a 
qualidade do solo, conservar suas funções e proteger a pele da Terra para as 
gerações futuras. 
O conhecimento dos minerais, da estrutura dos solos, dos organismos 
vivos dotações para a proteção à escala microscópica e dos processos físicos, 
químicos e biológicos oferece novas potencialidades interessantes ao nível 
da manipulação e da intervenção – sem grandes alterações no modo como a 
ciência é desenvolvida ou na forma como as decisões são tomadas. O antigo 
cientista do microscópio óptico é o atual cientista do microscópio eletrônico ou 
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 1 | SOLOS COMO RECURSO NATURAL
15
do espectrômetro de massa. Contudo, as políticas baseadas neste novo tipo de 
informação continuam a depender da vontade e consciência individuais, bem 
como da competência das administrações nacionais. O conhecimento atual 
acerca dos sistemas terrestres, que são maiores, mais poderosos e que existem 
há muito mais tempo do que os poucos milênios de duração da civilização 
humana, traz maiores implicações. 
FONTE: SOLO: A PELE DA TERRA. Ciências da Terra para a Sociedade, 2007. Disponível em: <http://
www.yearofplanetearth.org/content/downloads/portugal/brochura10_web.pdf>. Acesso em: 20 
fev. 2011.
16
Neste tópico, você estudou:
• Conceitos de solo: resultado de algumas transformações que ocorrem nas 
rochas; corpos naturais constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, 
formados por materiais minerais e orgânicos e que contêm matéria viva.
• Definições do solo podem variar dependendo da área de atuação ou uso do solo.
• Diferenças entre Pedologia e Edafologia: o primeiro refere-se ao estudo das 
fases de formação do solo, sua origem, classificação e descrição e o segundo é 
o estudo do solo, do ponto de vista florestal. 
• Os solos são recursos naturais: num contexto ambiental, o solo é a base para 
os processos ecológicos e no contexto socioeconômico é base da produção 
alimentar destacando o cenário agropecuário no Brasil.
• O solo está ligado à base da cadeia alimentar e é por meio dele que os 
produtores (plantas) se desenvolvem. Também está ligado aos consumidores, 
que dependem dos produtores, bem como aos decompositores, responsáveis 
pela reciclagem dos elementos.
• Os solos são protegidos por lei (Política Nacional de Meio Ambiente) que 
ressalta em um dos seus princípios fundamentais a racionalização do uso do 
solo, do subsolo, da água e do ar.
• A importância do solo: fornecimento de produtos alimentares para toda a população 
humana; alicerce da vida em ecossistemas terrestres; armazenamento e liberação 
de água para as plantas e animais; fornecimento de quinze elementos essenciais à 
vida das plantas; hábitat para animais, micro-organismos, fungos; abastecimento 
do aquífero freático; filtro da água melhorando a qualidade; fornecimento de 
material para construção de estradas, barragens em açudes e casas.
RESUMO DO TÓPICO 1
17
Caro acadêmico, para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu Livro 
de Estudos. Bom trabalho!
1 Que critérios são adotados para se definir ou conceituar os solos? Como 
você define solo? 
2 Quais as principais interações existentes entre a pedosfera (solo), biosfera 
(plantas e animais), litosfera (rochas), hidrosfera (água) e atmosfera (ar)?
3 O solo é considerado um recurso natural. Fale sobre essa afirmativa. 
4 Na prática, de que forma se dá a aplicação da edafologia e da pedologia? 
Pesquise e explique por meio de exemplos concretos.
AUTOATIVIDADE
18
19
TÓPICO 2
FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE)
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Os solos são formados por um conjunto de agentes atuando sobre a rocha 
matriz, entre esses se encontra a ação do tempo, do clima e do relevo, das plantas 
e animais. Estes fatores são chamados de agentes formadores do solo. De forma 
geral, o processo deformação de solos é chamado de intemperismo, ou seja, 
fenômenos físicos, químicos e biológicos que atuam sobre a rocha e conduzem à 
formação de partículas não consolidadas.
A diversidade de solos encontrados no Brasil, conforme você vai ver no 
último tópico dessa unidade, reflete as variações que ocorrem na natureza dos 
fatores de formação. Ressalta-se que é preciso sobre tudo que a matéria orgânica 
seja misturada com o material mineral para que o solo possa existir de verdade.
Assim, neste tópico, você vai estudar os fatores de formação do solo, sejam 
eles ativos (clima, organismos) quanto passivos (rocha, relevo, tempo), além dos 
agentes físicos e químicos do processo de intemperismo.
2 FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS
Estudos realizados em várias partes do mundo atestam que os diversos 
tipos de solos são controlados por cinco principais fatores (Figura 5): 
FIGURA 5 – FATORES QUE CONTROLAM A FORMAÇÃO DO SOLO
Fatores
ativos
• Clima
• Organismos
Fatores
passivos
• Rochas
• Relevo
• Tempo
FONTE: A autora
O clima e os organismos são os fatores ativos porque durante determinado 
tempo e condições de relevo, agem diretamente sobre as rochas (materiais de origem). 
Já as rochas, o relevo e o tempo são os fatores passivos. Qualquer solo é o resultado 
da ação combinada de todos esses cinco fatores de formação. (LEPSCH, 2002). 
A seguir, será visto como age cada um dos cinco fatores na formação do solo. 
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
20
2.1 CLIMA 
O clima é o fator que geralmente exerce maior influência sobre todos os 
outros fatores que auxiliam na formação dos solos. Os elementos do clima que atuam 
diretamente no intemperismo das rochas são a temperatura, precipitação e a umidade. 
Um material derivado de uma mesma rocha poderá formar solos 
diferentes se decomposto em condições climáticas diferentes. Porém, rochas 
diferentes podem formar solos parecidos em exposição a longo período, em um 
mesmo ambiente climático.
NOTA
Os principais elementos do clima (temperatura, precipitação e umidade) 
regulam o tipo e a intensidade de intemperismo das rochas, o crescimento dos organismos 
e a distinção entre os horizontes pedogenéticos. (LEPSCH, 2002). 
O oxigênio e o gás carbônico dissolvidos na água são os responsáveis pela 
maior parte das reações químicas nos minerais. Portanto, quanto mais quente e 
mais úmido for o clima, mais rápida e intensa será a decomposição das rochas, 
que fornecem materiais muito intemperizados, como solos espessos e com 
abundância de minerais secundários (principalmente argilominerais e óxidos de 
ferro e de alumínio) e pobres em cátions básicos (principalmente cálcio, magnésio 
e potássio). Você pode visualizar a atuação do clima no esquema da Figura 6.
FIGURA 6 – ATUAÇÃO DO CLIMA NA FORMAÇÃO DOS SOLOS
vento
chuva
granizo
gelo
minerais:: nutrientes
íons em solução
óxidos de ferro e alumínio
solo temperado
argila 2:1 argila 1:1
interações químicas
material de origem
solo
tropical
areia
silte
sílica
calor
frio
FONTE: Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/solo/imagens/figura_03.jpg>. Acesso 
em: 20 fev. 2011.
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE)
21
Já no clima árido e/ou muito frio, os solos são normalmente pouco 
espessos, contêm menos argila e mais minerais primários, que pouco ou nada 
foram afetados pelo intemperismo. (LEPSCH, 2002). 
Nos solos de clima quente e úmido (solos tropicais), a grande quantidade 
de chuva faz com que maiores volumes de água se infiltrem, solubilizando e 
arrastando para o nível freático e cursos d'água muitos nutrientes da solução do 
solo, onde as cargas elétricas são neutralizadas conferindo ao solo propriedades 
ácidas. Nestas condições se encontram em exuberantes florestas com árvores 
constantemente verdes, que produzem grandes quantidades de resíduos 
orgânicos, que se decompõem rapidamente. (LEPSCH, 2002). 
UNI
A maior parte dos solos das regiões áridas e semiáridas é neutra ou alcalina, 
enquanto a maioria dos solos em regiões úmidas é ácida.
2.2 ORGANISMOS VIVOS
O solo é habitado por inúmeras espécies, formando um ecossistema. Os 
microrganismos fazem parte do solo de maneira indissociável, sendo responsáveis 
por inúmeras reações bioquímicas relacionadas não só com a transformação da 
matéria orgânica, mas também com o intemperismo das rochas.
Assim, os microrganismos do solo desempenham papel fundamental na 
gênese (formação) do solo e ainda atuam como reguladores de nutrientes, pela 
decomposição da matéria orgânica e ciclagem dos elementos, atuando, portanto, 
como fonte e dreno de nutrientes para o crescimento das plantas. (SILVEIRA; 
FREITAS, 2007).
Os microrganismos do solo (Figura 7), também chamados coletivamente de 
microbiotas, são representados por cinco grandes grupos: bactérias, actinomicetos 
ou actinobactérias, fungos, algas e protozoários. Apesar de constituírem somente 
1 a 4% do carbono total e ocuparem menos de 5% do espaço poroso do solo, a 
diversidade e a quantidade dos microrganismos é bastante elevada. Entretanto, 
como o solo é normalmente um ambiente estressante, limitado por nutrientes, 
somente 15% a 30% das bactérias e 10% dos fungos se encontram em estado 
ativo. Os componentes microbianos vivos do solo são também denominados de 
biomassa microbiana e as bactérias e fungos respondem por cerca de 90% da 
atividade microbiana do solo. (SILVEIRA; FREITAS, 2007).
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
22
FIGURA 7 – DIVERSIDADE DE ORGANISMOS VIVOS NO SOLO
FONTE: Disponível em:<http://marianaideiasforadacaixa.wordpress.com/>. Acesso em: 
20 fev. 2011.
Os microrganismos são responsáveis pelos processos de mineralização, 
representando eles próprios uma quantidade considerável de nutrientes 
potencialmente disponíveis para as plantas. Em condições ideais, a microbiota do 
solo permite que os nutrientes sejam, gradualmente, liberados para a nutrição das 
plantas, sem perdas por lixiviação. A diminuição da microbiota do solo prejudica 
a fixação temporária dos nutrientes, incrementando suas perdas e resultando no 
empobrecimento do solo. (SILVEIRA; FREITAS, 2007).
De uma maneira geral, os microrganismos estão envolvidos em vários 
processos de grande interesse agronômico, particularmente no que se refere 
à agricultura orgânica e à rotação de culturas. Dentre os processos podem ser 
destacados: a) decomposição e ressíntese da matéria orgânica; b) ciclagem 
de nutrientes; c) as transformações bioquímicas específicas (nitrificação, 
desnitrificação, oxidação e redução do enxofre); d) fixação biológica do nitrogênio; 
e) a ação antagônica aos patógenos; f) produção de substâncias promotoras ou 
inibidoras de crescimento, entre outros. (SILVEIRA; FREITAS, 2007).
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE)
23
IMPORTANT
E
Os organismos vivos viabilizam a estabilidade estrutural do solo. Isso acontece 
devido à presença dos microrganismos que provocam a acumulação de matéria orgânica, a 
mistura dos perfis e promovem a ciclagem dos nutrientes no solo.
NOTA
Para se aprofundar mais a respeito dos organismos vivos do solo, sugiro a leitura 
do livro: Microbiota do solo e a qualidade ambiental (SILVEIRA; FREITAS, 2007). Disponível em: 
<http://www.scribd.com/doc/7981055/Livro-Microbiota-Do-Solo-e-Qualidade-Ambiental>.
2.3 ROCHAS
As rochas são consideradas como o material geológico do qual o solo 
é originário, sendo um fator de resistência à formação do mesmo, exercendo 
passividade à ação do clima e dos organismos. A maior ou menor velocidade 
com que o solo se forma depende do tipo de material originário, uma vez que, 
sob condições idênticas de clima, organismos e topografia, certos solos se formam 
mais rápidos do que outros. (LEPSCH, 2002).
O material originário se refere a todo material não consolidado a partir 
do qual o solo se formou. Outro ponto interessante é que os materiais que dão 
origem ao solo podem ser classificados como autóctones, ou seja, originam-
se da ação intempérica junto ao material parental (rocha subjacente). Já os 
materiais que foram conduzidosde outras áreas e que não estão relacionados 
com o embasamento são classificados como alóctones. E, por último, os materiais 
pseudoautóctones são todos aqueles que resultam de um processo de mistura 
dos produtos locais ao longo das encostas. (GUERRA; CUNHA, 2000).
Existe uma grande variedade de rochas (materiais de origem), porém os 
mais comuns podem ser agrupados em quatro categorias: a) materiais derivados de 
rochas claras (ou ácidas), como granitos, gnaisses, xistos e quartzitos; b) materiais 
derivados de rochas ígneas escuras (ou básicas), como basalto, diabásios, gabros 
e anfibolitos; c) materiais derivados de sedimentos consolidados, como arenitos, 
ardósias e rochas calcárias; d) sedimentos inconsolidados, como aluviões recentes, 
dunas de areia, cinzas vulcânicas e depósitos orgânicos. (LEPSCH, 2002).
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
24
O solo que é formado sobre a superfície terrestre origina-se de vários tipos 
diferentes de rochas (Figura 8).
FIGURA 8 – ORIGEM DAS ROCHAS ÍGNEAS, METAMÓRFICAS E SEDIMENTARES
FONTE: Disponível em: <http://www.geocaching.com/seek/cache_details.aspx?guid=
4741e640-949f-44d0-a2ba-f6714595caca>. Acesso em: 20 fev. 2011.
2.4 RELEVO
Existe uma grande diversidade de formas na superfície terrestre que se 
configura em diferentes paisagens caracterizadas pelo relevo. Assim, podemos 
dizer que os conjuntos irregulares que a superfície terrestre apresenta são 
denominados de relevo. (Figura 9). 
O relevo deriva de um processo de configuração superficial da crosta 
terrestre, afetando diretamente o desenvolvimento dos solos. Logo, exerce 
influência sobre a dinâmica da água, erosão, microclimas e, por consequência, na 
temperatura do solo. (GUERRA; CUNHA 2000). 
É a ação do relevo que reflete, de forma direta, na dinâmica das águas, 
seja num sentido vertical através da infiltração, seja no sentido lateral, pelo 
escoamento das águas da chuva, e também nos processos de drenagens do solo, 
e seja no sentido longitudinal, que determina a configuração dos rios no formato 
mais reto (retilíneo), com ilhas no leito (anastomosado) ou curvo (meândrico).
meteorização e erosão
deposição em
oceanos e continentes
soerguimento
aumento de
pressão e temperatura
fusão
arrefecimento
aumento de
pressão e temperatura
soerguimento
soerguimento
litificação
SEDIMENTOS
ROCHAS
SEDIMENTARES
ROCHAS
METAMÓRFICAS
MAGMA
ROCHAS
MAGMÁTICAS
Pr
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TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE)
25
FIGURA 9 – REPRESENTAÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE RELEVO
FONTE: Disponível em: <http://www.pedagogia.com.br/atividade.
php?id=209>. Acesso em: 20 fev. 2011.
De acordo com as características geomorfológicas do relevo, podemos 
encontrar diferentes tipos de solos, assim solos de encostas são diferentes de solos 
das planícies. Devido à topografia, encontramos denominações diferentes para os 
solos: aluviais, coluviais e eluviais. (GUERRA; CUNHA, 2000). 
• Solos aluviais: são solos que foram transportados pela água corrente e 
depositados nas laterais dos rios, formando as planícies aluviais ou diques 
marginais. Os materiais constituintes desses solos são de origem acumulativa 
de resíduos minerais ao longo do tempo, oriundos de regiões de dentro da 
bacia hidrográfica. (Figura 10).
FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO DE SOLOS ALUVIAIS, TRANSPORTADOS 
PELOS RIOS EM BACIA HIDROGRÁFICA
FONTE: Disponível em: <http://geoportal.no.sapo.pt/meio_natural.htm>. 
Acesso em: 20 fev. 2011.
• Solos coluviais: são solos resultantes de fragmentos minerais de rochas 
alteradas, advindas de camadas mais profundas misturadas a partículas de solo 
advindas dos locais de maior elevação (Figura 11). Esses solos são encontrados, 
de forma geral, em locais de terreno com declive. 
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
26
FIGURA 11 – REPRESENTAÇÃO DE SOLO COLUVIAL
FONTE: Disponível em: <http://www.funape.org.br/geomorfologia/cap3/index.php>. 
Acesso em: 20 fev. 2011.
• Solos eluviais: são solos derivados somente do material de origem, ou seja, não 
sofrem influência pelo transporte de material mineral particulado de regiões 
próximas. (Figura 12).
FIGURA 12 – SOLO ELUVIAL, OU SEJA, DE ORIGEM DA ROCHA 
MATRIZ
FONTE: Disponível em: <http://wapedia.mobi/pt/Solo>. 
Acesso em: 20 fev. 2011.
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE)
27
2.5 TEMPO
O estágio inicial da formação do solo pode ser exemplificado como uma 
superfície de um afloramento rochoso, em que musgos e liquens começam a se 
desenvolver sobre uma delgada camada de rocha decomposta. Com o passar 
do tempo, as características desse solo começam a se tornar distintas, em que 
os horizontes vão se espessando e se tornando diferentes, e o solum pode atingir 
alguns metros. Portanto, a característica principal de influência do/pelo tempo é 
a espessura, pois solos jovens são normalmente menos espessos que os velhos.
A exposição do material de origem na superfície terrestre ocorre tanto 
por eventos lentos e contínuos, como pela deposição dinâmica de sedimentos nas 
várzeas dos rios, como por derrame de lavas ou cinzas de erupções vulcânicas ou 
desbarrancamento súbito, que remove todo o regolito de uma encosta íngreme e 
expõe a rocha inalterada subjacente. Estes eventos representam o início do novo 
ciclo de formação do solo (tempo zero). (LEPSCH, 2002). 
Ao ficar exposta na atmosfera, a rocha se intemperiza para se equilibrar 
com as novas condições de organismos vivos e elementos do clima atmosférico, e 
em seguida, as plantas e microrganismos se estabelecem, alimentando-se da água 
armazenada e dos nutrientes liberados pela decomposição dos minerais. Ao longo 
do tempo, outras mudanças vêm a ocorrer como a formação e translocação de argila, 
a remoção de sais minerais e adições de húmus. Essas transformações acorrem para 
haver um novo equilíbrio dinâmico com a natureza, e quando os solos atingem esse 
estado, tornam-se espessos e com horizontes bem definidos (maduros) (Figura 13). 
No início de sua formação são denominados pouco desenvolvidos.
FIGURA 13 – FORMAÇÃO DO SOLO DESDE O TEMPO ZERO ATÉ A MATURAÇÃO
FONTE: Lepsch (2002, p. 65)
O período para que um solo passe do estágio jovem, para o maduro varia 
com o tipo de material de origem, condições de clima e grau de erosão, precisando 
de centenas a muitos milhares de anos para ser completado. 
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
28
UNI
O tempo necessário para a formação da espessura do solo, a partir de um 
material, é assunto de vários estudos. Um estudo feito na Fortaleza de Kamenetz, localizada na 
Ucrânia (construída em 1362 e permanecendo em uso até 1699) verificou a formação de solo. 
O prédio foi abandonado e os blocos de rocha calcária, com que foi construído, começaram a 
se decompor sem a ação do homem. Algumas plantas cresceram formando o solo. Em 1930, 
o cientista Akimtzev investigou o solo formado no topo de uma das torres e comparou com 
os solos da redondeza, derivados também de rochas calcárias. As conclusões do estudo foram 
que os solos da torre eram idênticos aos solos dos arredores do forte e que, supondo-se não 
terem ocorrido depósitos de poeira nesse local, formou-se relativamente rápido, em torno de 
261 anos. Um perfil com profundidade média de 30 cm havia ali se desenvolvido, o que dá uma 
média de 12 cm de solum para cada 100 anos de sua formação. (LEPSCH, 2002). 
3 INTEMPERISMO
O intemperismo é o conjunto de modificações de ordem física 
(desagregação) e química (decomposição) que as rochas sofrem ao surgir na 
superfície da Terra.
Os produtos do intemperismo, rocha alterada e solo, estão sujeitos a 
outros processos, como erosão, transporte e sedimentação, que acabam levando 
à denudação continental, com o consequente aplainamento do relevo. (TOLEDO; 
OLIVEIRA; MELFI, 2000).
IMPORTANT
E
Os fatores controladores do intemperismo são a rocha parental, o clima, o 
relevo, a fauna e flora e o tempo de exposição da rocha aos agentes intempéricos.
A formação do solo (pedogênese) ocorre quando as modificações causadas 
nas rochaspelo intemperismo tornam-se, sobretudo, estruturais, com importante 
reorganização e transferência dos minerais formadores do solo (argilominerais 
e oxi-hidróxidos de ferro e de alumínio) entre os níveis superiores do manto 
de alteração. Posteriormente, entram em ação a fauna e a flora do solo que, ao 
realizarem suas funções vitais, modificam e movimentam grandes volumes de 
material, mantendo o solo aerado e renovado em sua parte exposta. (TOLEDO; 
OLIVEIRA; MELFI, 2000).
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE)
29
Tanto o intemperismo quanto a pedogênese levam à formação de um 
perfil de solo. A estruturação de um perfil ocorre na posição vertical a partir da 
rocha fresca, na base, sobre a qual se formam o saprólito e o solum, que constituem 
juntos, o manto de alteração ou regolito (Figura 24 – Tópico 3), a ser estudado 
com maior aprofundamento no Tópico 3 desta unidade.
Quanto mais afastados se encontram os materiais do perfil em relação à 
rocha parental, mais diferenciados em termos de composição, estrutura e texturas 
eles vão se tornando. A pedogênese e o intemperismo são dependentes do clima e 
do relevo, ocorrendo de maneira distinta nos diferentes estágios morfoclimáticos 
do globo, levando à formação de perfis decompostos de horizontes de diferente 
espessura e composição. (TOLEDO et al., 2000).
O intemperismo é classificado como físico e químico, em função dos 
mecanismos predominantes de atuação.
3.1 INTEMPERISMO FÍSICO
IMPORTANT
E
Os processos intempéricos que atuam como mecanismos modificadores 
das propriedades físicas dos minerais e rochas são denominados de intemperismo físico. 
Este causa a degradação das rochas, separando os grãos minerais antes coesos, e sua 
fragmentação, transformando a rocha inalterada em material descontínuo e friável. (TOLEDO; 
OLIVEIRA; MELFI, 2000).
As rochas têm sua origem em condições extremas de temperatura e 
pressão, em sua maioria e quando expostas à atmosfera, ficam sujeitas às condições 
de umidade, de temperatura, precipitação e de pressão diferentes daquelas de 
origem. (LEPSCH, 2002). 
As variações de temperatura causam a expansão e contração térmica nos 
materiais rochosos, levando à fragmentação dos grãos minerais. Já os minerais com 
diferentes coeficientes de dilatação térmica, comportam-se de forma diferenciada 
às variações de temperatura, provocando o deslocamento relativo entre os 
cristais, rompendo a coesão inicial entre os grãos. Também a mudança periódica 
de umidade pode causar expansão e contração provocando o enfraquecimento e 
fragmentação das rochas. (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000).
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
30
NOTA
Esse mecanismo de expansão e contração dos materiais rochosos é eficiente 
nos desertos, onde a diferença de temperatura entre o dia e a noite é muito acentuada. 
As rochas possuem fissuras que quando preenchidas com água e 
posteriormente congeladas, sofrem um aumento de volume de cerca de 9% 
exercendo pressão nas paredes, causando esforços que terminam por aumentar a 
rede de fraturas e fragmentação da rocha. (Figura 14).
FIGURA 14 – FRAGMENTAÇÃO POR AÇÃO DO GELO. A ÁGUA LÍQUIDA OCUPA AS FISSURAS DA 
ROCHA (A), QUE DEPOIS É CONGELADA, SE EXPANDE E EXERCE PRESSÃO NAS PAREDES DAS 
FISSURAS (B)
FONTE: Toledo; Oliveira; Melfi (2000, p. 141) 
A cristalização de sais dissolvidos nas águas de infiltração tem efeito 
parecido com o congelamento, pois o crescimento desses minerais, também 
favorece a expansão das fissuras e a fragmentação das rochas. Esta cristalização 
pode chegar a exercer pressões enormes sobre as paredes das rochas, devido à 
expansão térmica.
UNI
O intemperismo físico de cristalização é um dos principais problemas que afetam 
os monumentos, em que os sais que se precipitam nas fissuras das rochas são cloretos, sulfatos 
e carbonatos originados da própria alteração intempérica da rocha, que são dissolvidos pelas 
soluções percolantes provenientes das chuvas. Há, atualmente, uma grande preocupação em 
preservar e restaurar monumentos históricos e, por essa razão, esses processos intempéricos 
são intensamente investigados. (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000).
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE)
31
Quando as partes mais profundas dos corpos rochosos ascendem a níveis 
mais superficiais, acontece o alívio da pressão, e os corpos rochosos expandem, 
causando a abertura de fraturas grosseiramente paralelas à superfície ao longo da 
qual a pressão foi aliviada. Estas fraturas recebem o nome de juntas de alívio e 
também fazem parte dos mecanismos do intemperismo físico. (Figura 15).
FIGURA 15 – FORMAÇÃO DAS JUNTAS DE ALÍVIO DEVIDO À EXPANSÃO DO CORPO ROCHOSO 
ONDE TEVE A PRESSÃO DIMINUÍDA PELA EROSÃO DO MATERIAL SOBREPOSTO. ESTAS 
DESCONTINUIDADES SERVEM DE CAMINHOS PARA A PERCOLAÇÃO DAS ÁGUAS, PROMOVENDO 
AS ALTERAÇÕES QUÍMICAS. A) ANTES DA EROSÃO; B) DEPOIS DA EROSÃO
FONTE: Toledo; Oliveira; Melfi. (2000, p.142)
Outro efeito do intemperismo físico é a quebra das rochas pela pressão 
causada devido ao desenvolvimento das raízes das plantas em suas fissuras. 
Portanto, quando as rochas são fragmentadas e, consequentemente, aumentando a 
superfície exposta ao ar e à água, o intemperismo físico abre caminho e facilita o 
intemperismo químico. (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000). 
3.2 INTEMPERISMO QUÍMICO
Quando as rochas afloram à superfície da Terra, seus minerais entram 
em desequilíbrio e, através de uma série de reações químicas, transformam-
se em outros minerais, que por sua vez são mais estáveis neste novo ambiente 
(com pressões e temperaturas baixas e grande concentração de água e oxigênio). 
(TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2000).
IMPORTANT
E
O principal agente do intemperismo químico é a água da chuva, que infiltra e 
percola as rochas. 
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
32
Essa água possui grande concentração de oxigênio (O2), que reage com o 
dióxido de carbono (CO2) atmosférico adquirindo caráter ácido, tornando-se cada 
vez mais ácido quando entra em contato com o solo, pois, a respiração das plantas 
pelas raízes e a oxidação da matéria orgânica enriquecem o ambiente com CO2.
Quando a degradação da matéria orgânica não é completa, vários ácidos 
orgânicos são formados reagindo com as águas percolantes, tornando-as muito 
ácidas e, aumentando seu poder de oxidação dos minerais. (TOLEDO; OLIVEIRA; 
MELFI, 2000).
 
Os constituintes solúveis das rochas intemperizados são transportados pelas 
águas que drenam o perfil de alteração (fase solúvel). Em consequência, o material 
que resta no perfil de alteração (fase residual) torna-se enriquecido nos constituintes 
menos solúveis e estão nos minerais primários residuais, que resistiram à ação 
intempérica e nos minerais secundários que se formaram no perfil. 
UNI
As mudanças climáticas e fenômenos tectônicos colocam em desequilíbrio o 
manto de alteração dos continentes, removendo a vegetação e o tornando vulnerável à 
erosão mecânica. 
As reações do intemperismo químico podem ser representadas pela 
seguinte equação genérica:
Mineral + Solução de alteração → Mineral ll +Solução de lixiviação
Na maioria dos ambientes da superfície terrestre, as águas percolantes 
tem pH entre 5 e 9, onde as principais reações do intemperismo químico são: 
hidratação, dissolução, hidrólise e oxidação. 
A hidrólise é a reação de sais de ácido fraco, como o ácido ortossilícico (H4 
Si O4) e bases fortes, como hidróxido de sódio (NaOH), o hidróxido de potássio 
(KOH), o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e o hidróxido de magnésio (Mg(OH)2).
TÓPICO 2 | FORMAÇÃO (PEDOGÊNESE)
33
FIGURA 16 – ALTERAÇÃO DE UM FELDSPATO. POTÁSSIO EM PRESENÇA DE ÁGUA E ÁCIDO 
CARBÔNICO, COM A ENTRADA DE H+ NA ESTRUTURA DO MINERAL, SUBSTITUINDO K+. O 
POTÁSSIO É ELIMINADO PELA SOLUÇÃO DE LIXIVIAÇÃO E A SÍLICA APENAS PARCIALMENTE. A 
SÍLICA PERSISTENTE REAGE COM O ALUMÍNIO, FORMANDO A CAULINITA
FONTE: Toledo; Oliveira; Melfi. (2000, p.145)
A hidratação dos minerais ocorre pela atração entre os dipolos das 
moléculas de água e as cargas elétricas não neutralizadasdas superfícies dos 
grãos, onde as moléculas de água entram na estrutura mineral, formando um 
novo mineral. (Figura 17).
FIGURA 17 – AS CARGAS ELÉTRICAS INSATURADAS NA SUPERFÍCIE DOS MINERAIS 
INTERAGEM COM AS MOLÉCULAS DE ÁGUA FUNCIONANDO COMO DIPOLOS DEVIDO 
À SUA MORFOLOGIA
FONTE: Toledo; Oliveira; Melfi. (2000, p.145)
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
34
A dissolução é a solubilização completa de alguns minerais, ocorrendo 
com frequência em terrenos calcários, levando à formação de relevos cársticos, 
caracterizados por cavernas e dolinas. Já a oxidação é a reação que acontece com 
transferência de elétrons, modificando o número de elétrons dos minerais envolvidos, 
logo, adquirindo outras propriedades. Por exemplo, podemos observar na figura 18 
um piroxênio transformando-se em goethita através de uma reação de oxidação.
FIGURA 18 – ALTERAÇÃO POR MEIO DE UMA REAÇÃO DE OXIDAÇÃO DE UM 
MINERAL DE FE2+ (FERRO FERROSO) RESULTANDO EM FE3+ (FERRO FÉRRICO), 
RESULTANDO NO MINERAL GOETHITA
FONTE: Toledo; Oliveira; Melfi. (2000, p.147)
35
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você estudou que:
• Os solos no processo de formação são controlados por cinco principais fatores: 
ativos (clima e organismos) e passivos (rocha, relevo e tempo).
• Os principais elementos do clima (temperatura e umidade) regulam o tipo e 
a intensidade de intemperismo das rochas, o crescimento dos organismos e, a 
distinção entre os horizontes pedogenéticos.
• Os organismos auxiliam no processo de decomposição e formação da matéria 
orgânica do solo.
• Os materiais que dão origem ao solo podem ser classificados como autóctones 
(originam-se da ação do intemperismo do material parental - rocha 
subjacente); alóctones (materiais que foram conduzidos de outras áreas) e; 
pseudoautóctones (resultam de um processo de mistura dos produtos locais 
ao longo das encostas).
• As rochas (materiais de origem) podem ser agrupadas em quatro categorias: a) 
materiais derivados de rochas claras; b) materiais derivados de rochas ígneas 
escuras; c) materiais derivados de sedimentos consolidados; d) sedimentos 
inconsolidados.
• A partir da lixiviação, da erosão e da cobertura vegetal, o relevo afeta o 
desenvolvimento do solo. Além do mais, devido à topografia, encontramos 
denominações diferentes para os solos: aluviais, coluviais e eluviais. 
• O período para que um solo passe do estágio jovem para o maduro varia com 
o tipo de material de origem, condições de clima e grau de erosão.
• Intemperismo é o conjunto de modificações de ordem física (desagregação) e 
química (decomposição) que as rochas sofrem ao surgirem na superfície da Terra.
• Os produtos do intemperismo, rocha alterada e solo, estão sujeitos a outros 
processos, como erosão, transporte e sedimentação.
• O intemperismo é classificado como físico e químico, em função dos 
mecanismos predominantes de atuação.
• Os processos intempéricos que atuam como mecanismos modificadores das 
propriedades físicas dos minerais e rochas (morfologia, resistência, textura, 
entre outros) são denominados de intemperismo físico.
36
• O principal agente do intemperismo químico é a água da chuva, que infiltra e 
percola as rochas.
• As principais reações do intemperismo químico são: hidratação, dissolução, 
hidrólise e oxidação.
37
Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda-as em seu Livro de 
Estudos. Bom trabalho!
1 Complete a frase a seguir com relação aos cinco fatores de formação do solo: 
O ________________ e os _________________ são os fatores ativos porque 
durante determinado tempo e condições de relevo agem diretamente sobre as 
rochas. Já as ________________, o _____________ e o ________________ são os 
fatores passivos. 
2 Descreva que características possuem solos formados em clima árido e em 
clima tropical.
3 Quais funções são desempenhadas pelos microrganismos no solo?
4 Com relação à atuação dos microrganismos no solo, sabe-se que eles 
estão envolvidos em vários processos de grande interesse agronômico, 
particularmente no que se refere à agricultura orgânica e à rotação de 
culturas. Que ações são desempenhadas por esses microrganismos? Coloque 
V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas:
( ) Decomposição e ressíntese da matéria orgânica.
( ) Ciclagem de nutrientes. 
( ) Transformações bioquímicas específicas.
( ) Fixação química do nitrogênio. 
( ) Produção de substâncias promotoras ou inibidoras de crescimento.
5 Existe uma grande variedade de rochas, porém as mais comuns podem ser 
agrupadas em quatro categorias. Quais são? Dê exemplos.
6 Diferencie os solos aluviais, eluviais e coluviais.
7 Que produtos são formados pelo intemperismo?
8 O que é intemperismo físico? 
9 Quais são as principais reações do intemperismo químico?
AUTOATIVIDADE
38
39
TÓPICO 3
ESTRUTURA DOS SOLOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A estrutura do solo refere-se à forma de como suas partículas estão 
agrupadas e organizadas em agregados e é o tipo de agregado que irá determinar 
o tipo de estrutura do solo. Entretanto, é importante conhecer a estrutura que os 
solos possuem uma vez que uma série de fatores age sobre eles. O suprimento 
de água, a aeração, a atividade microbiana, a disponibilidade de nutrientes e a 
penetração de raízes, dentre outros, são afetados pela estrutura dos solos. 
Dessa forma, podemos perceber que a estrutura do solo tem relação direta 
com a qualidade dos mesmos, além do mais, uma estrutura adequada permite 
uma melhor produção agrícola.
Assim, neste tópico você vai estudar que o solo é composto por uma 
parte orgânica, advinda da ação de agentes decompositores de restos de plantas 
e animais; uma parte sólida advinda dos minerais e; uma parte gasosa. Também 
vamos conhecer suas características morfológicas como cor, textura, estrutura, 
consistência e porosidade e seus horizontes (O, A, A1 ou E, B, C e R) que formam 
o chamado perfil do solo. 
2 COMPOSIÇÃO DO SOLO 
O solo é formado por constituintes nos três estados físicos da matéria: 
sólido, líquido e gasoso. A porção sólida é formada por matéria inorgânica 
(minerais – resultantes da decomposição de rochas) e matéria orgânica (resíduos 
de plantas e animais em diferentes estágios de decomposição, e organismos vivos 
e em atividade). A fase líquida é constituída pela água no solo, sais em dissolução 
e matéria coloidal em suspensão. Já a porção gasosa é o ar, apresentando diferença 
na proporção percentual de seus constituintes em relação ao ar atmosférico 
(KIEHL, 1979). Tanto o ar como água preenchem os espaços porosos (vazios) 
entre os materiais sólidos (orgânicos e inorgânicos). (LEPSCH, 2002).
Os constituintes do solo apresentam-se geralmente em um estágio 
adiantado de subdivisão, muito bem misturados que se torna difícil uma 
separação eficiente. (BRANDY, 1983). Assim, a proporção volumétrica média do 
solo superficial (horizonte A), quando em boas condições para o desenvolvimento 
das plantas, está demonstrada na Figura 19. A maior ou menor quantidade desses 
40
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
elementos depende, diretamente, de condições climáticas, principalmente do 
fator "pluviosidade". (LEPSCH, 2002).
FIGURA 19 – ESQUEMA DA COMPOSIÇÃO DO SOLO SUPERFICIAL QUANDO EM 
BOAS CONDIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DAS PLANTAS. O VOLUME DE AR 
E ÁGUA DOS POROS SÃO EXTREMAMENTE VARIÁVEIS COM FORTE INFLUÊNCIA 
NA ADEQUAÇÃO DO CRESCIMENTO DE PLANTAS
FONTE: A autora
2.1 PORÇÃO SÓLIDA: OS MINERAIS
As partículas que constituem os componentes minerais do solo têm 
sua origem na intemperização das rochas. São compostas de fragmentos de 
rochas, de minerais primários (geralmente de tamanhos maiores), e de minerais 
secundários, com menores dimensões (KIEHL, 1979). Os fragmentos de rocha 
são remanescentes de rochas maciças da qual se formam por intemperismo. 
(BRANDY, 1983).
As partículas minerais do solo são classificadas pela sua origem, pela 
composição e pelo tamanho. Em relação àorigem são classificadas em dois tipos: 
a) remanescentes da rocha que dão origem ao solo (denominados minerais 
primários ou minerais originais); 
b) produtos secundários, decompostos e/ou recompostos depois da 
intemperização dos minerais da rocha-mãe (denominados minerais secundários 
ou pedogênicos). 
Os minerais primários existem na maioria dos solos, e são os componentes 
das rochas mais resistentes ao intemperismo químico, permanecendo mais tempo 
no solo e mantendo sua composição original, mas podendo fragmentar-se pela 
ação do intemperismo físico.
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS SOLOS
41
NOTA
Geralmente, os minerais primários (maiores de 2 milímetros de diâmetro) 
dominam as frações maiores do solo. (LEPSCH, 2002). 
TABELA 2 – TAMANHO DA FRAÇÃO E COMPOSIÇÃO DOMINANTE (MINERAIS PRIMÁRIOS 
OU SECUNDÁRIOS)
FONTE: A autora
A argila é formada pela alteração de certas rochas, como as que contêm 
feldspato, podendo ser encontrada próxima de rios, muitas vezes formando 
barrancos nas margens. Possui grande atividade química devido ao pequeno 
tamanho de suas partículas, o que faz com que tenham propriedades coloidais.
NOTA
A mais importante propriedade coloidal da argila é a afinidade pela água e por 
elementos químicos nela dissolvidos. (LEPSCH, 2002).
O silte é qualquer fragmento de mineral ou rocha menor do que areia fina 
e maior do que argila. É formado por partículas com diâmetros compreendidos 
entre 0,002 mm e 0,05 mm.
A areia é um material de origem mineral finamente dividido em grânulos, 
composta basicamente de dióxido de silício, com 0,05 a 2 mm. Forma-se à superfície 
da Terra pela fragmentação das rochas por erosão, por ação do vento ou da água.
42
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
O tamanho das partículas tem influência direta nas propriedades físicas 
e químicas do solo. Normalmente, as partículas menores são as mais ativas, por 
isso, a proporção dos componentes de tamanho menor (argila e silte) e maior 
(areia e cascalho), juntamente com seu arranjo em agregados, irá determinar 
no solo algumas características importantes, como tamanho e quantidade de 
poros, permeabilidade à água, grau de plasticidade, pegajosidade, facilidade de 
trabalhos com máquinas e resistência à erosão. (LEPSCH, 2002). 
2.2 PORÇÃO SÓLIDA: MATÉRIA ORGÂNICA (M.O.)
A matéria orgânica é um conjunto de resíduos animais e plantas 
parcialmente decomposto e sintetizado e/ou que está em contínua decomposição 
resultante dos microrganismos no solo (BRANDY, 1983). A matéria orgânica tem 
sua origem no solo, a partir da contínua decomposição de restos de animais, de 
micro-organismos e parte de plantas (folhas, raízes, caules, frutos, flores), bem 
como de excreções animais e da meso e macro fauna. (LEPSCH, 2002).
Os compostos orgânicos transformam-se em húmus, na presença de 
oxigênio (meio aeróbio) que é a mineralização de matéria orgânica, ficando, assim, 
disponível no solo. A composição do húmus é consequência do clima da região, 
das características do solo, da vegetação e das atividades dos microrganismos. 
Já em meio anaeróbio (sem oxigênio), geralmente quando a decomposição 
acontece em solos encharcados, a natureza da matéria orgânica possui aspectos 
diferenciados, resultando na denominada turfa. (BRANDY, 1983).
Os processos envolvidos na formação dessas matérias orgânicas se dão 
através do ciclo de carbono ou ciclo da vida. As plantas assimilam o dióxido 
de carbono (CO2), transformando-o, com o auxílio da água e de nutrientes que 
extraem do solo, em compostos de carbono (fotossíntese). (LEPSCH, 2002). 
IMPORTANT
E
A matéria orgânica é muito importante para o solo, do ponto de vista da formação 
de agregados (cimentação), melhorando as características físicas como: permeabilidade, 
porosidade e retenção de água. 
Outra função importante diz respeito aos microrganismos do solo, para 
os quais os materiais orgânicos servem de fonte de alimento. Muitos desses 
microrganismos desempenham papel importante referente à nutrição das 
plantas. (LEPSCH, 2002). Veja na figura 20 quais funções a matéria orgânica pode 
desempenhar.
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS SOLOS
43
FIGURA 20 – FUNÇÕES DA MATÉRIA ORGÂNICA
Propicia a diversidade
microbiológica do solo
Fonte de energia
a microbiota
Segura a umidade
do solo
Fonte de nitrogênio
para as plantas
Melhora a textura
do solo
Auxilia no crescimento
das plantas
Funções da M.O
Permite a infiltração da
água para o aquífero
freático
Aumenta a quantidade
de absorção da água
Libera fósforo e
enxofre
Aumenta a porosidade
do solo
FONTE: A autora
2.3 A ÁGUA NO SOLO
A maioria dos solos possui a capacidade de reter e armazenar a água 
infiltrada por um determinado tempo. (LEPSCH, 2002). Contudo, nem toda a água 
que chega ao solo é armazenada e se torna disponível às plantas, porque parte da 
água das chuvas percola pelo perfil e alcança as camadas mais profundas, tornando-
se inacessível às raízes das plantas. A água que permanece nas camadas superiores 
pode sofrer evaporação ou ser transpirada pelas plantas (Figura 21). (KIEHL, 1979).
FIGURA 21 – CICLO HIDROLÓGICO
FONTE: Karmann (2000, p. 115)
44
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
De acordo com o conteúdo e da natureza da retenção de água, o solo pode 
se encontrar em três estados de umidade: muito mal drenado (encharcado), mal 
drenado (úmido) e bem drenado (seco). (LEPSCH, 2002). 
2.3.1 Solo muito mal drenado (encharcado)
Os solos muito mal drenados ou encharcados possuem todos os poros 
preenchidos com água, sendo que a parte gasosa (ar) é praticamente ausente. Com 
o encharcamento total do solo, a água drena para as camadas ou horizontes mais 
baixos, juntando-se ao aquífero freático, dando origem às nascentes. (LEPSCH, 2002).
NOTA
Nos solos que ficam permanentemente encharcados, a matéria orgânica tem 
decomposição lenta, formando as chamadas turfeiras. (LEPSCH, 2002). 
2.3.2 Solo mal drenado (úmido)
Os solos mal drenados ou úmidos são caracterizados pela água infiltrada 
nos microporos, sendo que o ar se encontra também presente nos chamados 
acroporos. Os poros menores funcionam como finos tubos chamados capilares. 
O líquido contido nesses é chamado água capilar, ficando retido no solo com 
tal força, que fica mantido por mais tempo nos poros. Contudo, as plantas 
ainda conseguem extrair parte dessa água, e em função disso, a água extraída é 
denominada água disponível. (LEPSCH, 2002). 
Nem todos os solos têm a mesma capacidade de armazenar a água. Varia 
muito em função da quantidade de matéria orgânica das características, da 
textura, tipo de argila e estrutura do solo. (LEPSCH, 2002). 
2.3.3 Solo bem drenado (seco)
O solo bem drenado ou seco é caracterizado por conter água, mas em 
forma de películas externas finas, localizadas ao redor das partículas de solo. 
Geralmente, essa água é retida com tal força que as raízes não conseguem extraí-
la para o uso das plantas, sendo considerado então, um solo seco. A água contida 
no solo bem drenado ou seco é denominada higroscópica. (LEPSCH, 2002). 
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS SOLOS
45
IMPORTANT
E
A água do solo contém pequenas e variáveis quantidades de sais minerais, 
oxigênio e gás carbônico, formando uma solução conhecida como solução do solo (LEPSCH, 
2002). A quantidade e o tipo de elementos dissolvidos nessa solução dependem da origem do 
solo e que servem como reservatórios de nutrientes às plantas. (BRANDY, 1983). 
2.4 O AR NO SOLO 
Os solos são formados por uma parte gasosa representada por 25%. Esse ar 
está situado nos poros, que se encontra livre ou em pequenas bolhas dissolvidas 
na água. De tal forma, podemos dizer que existe uma relação dinâmica entre as 
fases líquidas e gasosas do solo. (LEPSCH, 2002). 
O ar do solo possui diferentes teores e composição de gases em relação 
ao ar atmosférico, contendo maior proporção de gás carbônico (CO2) e menor 
de oxigênio (O2) e variando a composição devido à interação dinâmica com a 
fase sólida. Os fatores que influenciam estas diferenças de teor e composição são 
apresentadosna Figura 22. (BRANDY, 1983). 
FIGURA 22 – FATORES QUE INFLUENCIAM O TEOR E A COMPOSIÇÃO DO AR NO SOLO
Teor e
concentração
do Ar do solo
Respiração das
raízes das
plantas Diferença na
dissolução dos
gases na água
Ausência de
fotossíntese
Tipos de
plantas
Estações do
ano
Características
do solo
Atividades
do solo
Profundidade
do solo
Concentração
de água
Trocas de
materiais com
a atmosfera
FONTE: A autora
46
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
Os microrganismos no solo dependem das condições de aeração do solo, 
e na presença abundante de oxigênio, os microrganismos participam ativamente 
nas transformações da matéria orgânica, liberando nutrientes para as plantas.
IMPORTANT
E
O solo é um meio biologicamente ativo, onde as plantas, os micróbios e 
pequenos animais respiram, consomem oxigênio e liberam gás carbônico. 
3 MORFOLOGIA DO SOLO 
A morfologia do solo pode ser observada por meio da sua aparência 
no meio ambiente, podendo ser descrita conforme as características visíveis e 
perceptíveis sem qualquer equipamento específico. O conjunto de características 
morfológicas constitui a base fundamental para a identificação do solo, que 
deverá ser completada com as análises de laboratório. (LEPSCH, 2002). 
A descrição morfológica do solo é a primeira etapa a ser realizada antes de 
estudos analíticos específicos, pois as características e a disposição dos horizontes 
são o resultado da ação dos processos de formação do solo. (KIEHL, 1979).
NOTA
As principais características observadas na descrição morfológica são: estruturas, 
textura, consistência, porosidade e cor. Veja suas características a seguir.
3.1 ESTRUTURA 
A estrutura refere-se ao tamanho, forma e aspecto do solo, no qual se 
encontram formas diversas. Essas formas se dão pela aglomeração das partículas 
de areia, silte e argila, formando os agregados de solo. (LEPSCH, 2002). Veja na 
figura a seguir as formas estruturais dos solos.
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS SOLOS
47
FIGURA 23 – OS VÁRIOS TIPOS DE ESTRUTURA QUE OS SOLOS PODEM APRESENTAR 
E A INFLUÊNCIA NO FLUXO DE ÁGUA DENTRO DOS MESMOS
FONTE: Adaptada de Brandy; Weill (2002)
Para reconhecer a estrutura do solo, retira-se um bloco (torrão), que possa 
ser mantido na palma da mão e selecionam-se, com os dedos, os agregados do 
solo e verifica-se se estão ligados uns aos outros de forma natural. Depois de 
separados, verificam-se sua forma, tamanho e grau de desenvolvimento dentro e 
entre os agregados. (LEPSCH, 2002).
NOTA
A aderência entre os agregados é provocada por substâncias que têm 
propriedades de ligá-las umas às outras, sendo produtos de origem orgânica principalmente.
3.2 TEXTURA 
Sabemos que o solo é constituído por um conjunto de partículas individuais 
que estão interligadas, e de tamanhos variados. Algumas podem ser observadas 
a olho nu, outras podem ser observadas com auxílio de lentes, enquanto outras 
somente com microscópios. (LEPSCH, 2002). 
Essas partículas são classificadas segundo seu tamanho conforme a Tabela 
2 do item 2.1 (Porção sólida: os minerais).
48
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
IMPORTANT
E
O termo textura ou granulometria refere-se à proporção relativa das frações 
areia, silte e argila do solo.
De acordo com a EMBRAPA (2006), os solos são agrupados em três classes 
de textura:
• Solos de textura arenosa (solos leves) - Possuem teores de areia superiores a 
70% e o de argila inferior a 15%; são permeáveis, leves, de baixa capacidade de 
retenção de água e de baixo teor de matéria orgânica. Também são altamente 
susceptíveis à erosão, necessitando de cuidados especiais na reposição de 
matéria orgânica, no preparo do solo e nas práticas conservacionistas. São 
limitantes ao método de irrigação por sulcos, devido à baixa capacidade de 
retenção de água o que ocasiona uma alta taxa de infiltração de água no solo e 
consequentemente elevadas perdas por percolação. 
• Solos de textura média (solos médios) - São solos que apresentam certo 
equilíbrio entre os teores de areia, silte e argila. Normalmente, apresentam boa 
drenagem, boa capacidade de retenção de água e índice médio de erodibilidade. 
Portanto, não necessitam de cuidados especiais, adequando-se a todos os 
métodos de irrigação.
• Solos de textura argilosa (solos pesados) - São solos com teores de argila 
superiores a 35%. Possuem baixa permeabilidade e alta capacidade de retenção 
de água. Esses solos apresentam maior força de coesão entre as partículas, o que 
além de dificultar a penetração, facilita a aderência do solo aos implementos, 
dificultando os trabalhos de mecanização. Embora sejam mais resistentes à erosão, 
são altamente susceptíveis à compactação, o que merece cuidados especiais no 
seu preparo, principalmente no que diz respeito ao teor de umidade, no qual o 
solo deve estar com consistência friável. Apresentam restrições para o uso da 
irrigação por aspersão quando a velocidade de infiltração básica for muito baixa.
No campo, podemos identificar a textura do solo da seguinte forma: 
umedeça uma pequena amostra de solo e trabalhe-a entre os dedos. Depois 
de suficientemente amassada, procurar sentir, com o tato, essa massa úmida. 
Nas amostras em que predomina a argila, você terá impressão de suavidade e 
pegajosidade, formando pequenos rolos que poderão ser dobrados em argolas. 
No caso da predominância de areia, a sensação é de aspereza, o material parece 
uma pasta sem consistência. Quando o predomínio for o silte, a sensação é 
"sedosa" (semelhante a talco). (LEPSCH, 2002). Outra forma de identificação da 
textura é através de análise laboratorial. 
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS SOLOS
49
3.3 CONSISTÊNCIA
O termo consistência refere-se ao grau de resistência e plasticidade do 
solo. Esses dependem das ligações internas entre as partículas do solo. Os solos 
ditos coesivos possuem uma consistência plástica entre certos teores limites de 
umidade. Abaixo destes teores eles apresentam uma consistência sólida e acima 
uma consistência líquida. Pode-se ainda distinguir entre os estados de consistência 
plástica e sólida, uma consistência semissólida.
Os teores de umidade correspondentes aos limites de consistência entre 
sólido e semissólido; semissólido e plástico; e plástico e líquido são definidos 
como limite de contração (LC), limite de plasticidade (LP) e limite de liquidez 
(LL) (Figura 24).
FIGURA 24 – RELAÇÃO ENTRE A VARIAÇÃO DE VOLUME E TEOR DE UNIDADE NA 
DETERMINAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DO SOLO
FONTE: Disponível em: <http://www.ufsm.br/engcivil/Material_Didatico/TRP1003_
mecanica_dos_solos/unidade_4.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2011.
De modo geral, a consistência do solo está diretamente ligada ao maior 
ou menor grau de adesão entre as partículas de areia, silte ou argila, fazendo com 
que os solos sejam mais macios ou mais duros.
NOTA
A consistência varia em função das características e do tipo de horizonte, tais 
como textura, estrutura, agentes cimentantes e pelo teor de umidade. 
Teor de umidade (w%)
Estado
líquido
Estado
plásticoVa
ria
çã
o 
de
 v
ol
um
e 
(∆
V)
Estado
semi-sólido
Estado
sólido
Vf
Vi
V0
Sr < 100%
0 LC LP LL
Sr = 100%
50
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
Na prática, podemos observar se um torrão de solo úmido pode ser 
friável, quando se desfaz sob uma pressão entre o indicador e o polegar; firme, 
quando se desfaz sob uma pressão moderada; e muito firme, quando dificilmente 
é esmagável. (LEPSCH, 2002). 
3.4 POROSIDADE
O espaço poroso de um solo é a porção ocupada pelo ar e pela água e o 
tamanho deste espaço é determinado pela distribuição das partículas sólidas. Se 
as partículas permanecem em contato, como nas areias ou subsolos compactos, 
a porosidade total é reduzida; se distribuídos em agregados porosos, como 
solos com elevada concentração de matéria orgânica, os espaços porosos serão 
elevados. (BRANDY, 1983).
IMPORTANT
E
Dependendo das condições do solo, existem diferenças no total de espaço dos 
poros. Alguns dos fatores que exercem influência no total de espaço dos poros são: otipo 
de estrutura das partículas, a profundidade do perfil, o manuseio do solo e quantidade de 
matéria orgânica.
Quanto ao tamanho dos poros, há dois tipos específicos de espaços 
porosos: macroporos e microporos. Embora não exista uma nítida linha de 
demarcação, os macroporos possibilitam o movimento livre do ar e da água de 
percolação. Já nos microporos o movimento do ar é difícil, enquanto o da água 
fica restrito principalmente à capilaridade. (BRANDY, 1983). 
Num solo arenoso, apesar de sua reduzida porosidade, a movimentação 
do ar e da água é rápida, porque tem a predominância dos macroporos. Os solos 
de textura fina têm movimentação lenta de gases e água, apesar da quantidade 
extraordinariamente grande do total de espaços porosos. Neste caso, os microporos 
se mantêm, muitas vezes, cheios de água. A aeração do subsolo é frequentemente 
inadequada para assegurar desenvolvimento satisfatório das raízes e da atividade 
microbiana. Assim, o fator importante a considerar é o tamanho de cada espaço 
de poro, de preferência ao seu volume conjunto. 
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS SOLOS
51
3.5 COR 
A cor do solo é uma característica de fácil visualização. Solos com alto 
teor de matéria orgânica geralmente apresentam coloração escura, já solos 
vermelhos correspondem a solos bem drenados e alto teor de óxido de ferro; os 
solos de cor cinza com pequenas manchas indicam excesso de água no perfil. As 
diferentes tonalidades de solo são importantes para a identificação e delimitação 
dos horizontes. (LEPSCH, 2002). 
UNI
Para visualizar a tabela de Munsell acesse o site: www.pedologiafacil.com.br/
enquetes/enq43.php
A cor do solo é descrita comparando um fragmento ou torrão de um 
determinado horizonte com uma escala padronizada (tabela Munsell) que 
contém em torno de 170 pequenos retângulos com colorações diversas, arranjadas 
sistematicamente num livro de folhas destacáveis. (LEPSCH, 2002). 
Quando identificar a cor característica do torrão na tabela Munsell, 
anotam-se os três elementos básicos que compõem uma determinada cor: 
Matiz - cor "pura" ou fundamental de arco-íris.
Valor - medida do grau de claridade da luz ou tons de cinza presentes (entre 
branco e preto) variando de 0 (para o preto absoluto) a 10 (para o branco puro). 
Croma - proporção da mistura da cor fundamental com a tonalidade de cinza, 
também variando de 0 a 10. (LEPSCH, 2002). 
4 PERFIL DO SOLO 
O perfil do solo é formado pela ação do intemperismo, ou seja, ao longo 
do tempo a ação física, química e biologia sobre a rocha foram camadas ou 
horizontes de solo em sentido vertical. Essas camadas ou horizontes possuem 
características diferentes que em conjunto, formam o chamado perfil do solo. O 
perfil do solo pode ser visto quando o solo é escavado ou quando sofre cortes 
para a abertura de estradas. 
O perfil de um solo completo e bem desenvolvido possui, basicamente, 
cinco tipos de camadas ou horizontes que costumam ser chamados de "horizontes 
principais" e são, convencionalmente, identificados pelas letras maiúsculas O, A, 
A1 ou E, B, C (ou saprólito) e R (rocha). (TOLEDO et al., 2000). Você pode ver esse 
perfil com seus horizontes ou camadas por meio da Figura 25. 
52
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
FIGURA 25 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DOS HORIZONTES DO SOLO (O, A, E, 
B, C E R)
FONTE: Adaptado de Toledo; Oliveira; Melfi (2000)
Horizonte O: é composto principalmente por serapilheira (restos de 
folhas, troncos, animais) que recobre o solo. É bem visível em áreas com cobertura 
florestal, pois apresenta coloração escura devido à concentração de matéria 
orgânica (cerca de 20%).
Horizonte A: é a camada rica em minerais, fruto da alteração das rochas 
(argilas, areias, cascalhos) e por matéria orgânica (húmus), localizado próximo à 
superfície. Devido ao acúmulo de matéria orgânica em decomposição, apresenta 
a coloração escura. Além do mais, é caracterizado por grande atividade biológica. 
Para o cultivo agrícola, esse horizonte é revolvido (arado) a uma profundidade de 
até 30 cm, sendo incorporado com o horizonte O, formando o solo agrícola. 
Horizonte A1 ou E: esse horizonte é caracterizado pela transição entre os 
horizontes A e B, logo, apresenta uma coloração mais clara, pois ocorrem perdas 
de materiais que são translocados para o horizonte B. O algarismo arábico A1 
indica uma subdivisão dentro do horizonte principal no caso A. 
Horizonte B: é a camada mineral situada abaixo do horizonte A1 ou E, 
caracterizada por menor concentração de matéria orgânica do que o horizonte A. 
É definido como aquele que apresenta maior definição de cor e estrutura. Possui 
acúmulo e materiais translocados dos horizontes superiores, pela infiltração de 
água, que ficam retidos nas camadas mais profundas, formando esses horizontes 
de acumulação. Também é considerada a camada onde o material mineral 
está muito alterado, sendo que alguns minerais mais resistentes também são 
encontrados, como grãos de quartzo.
Horizonte C: é a camada que normalmente, corresponde ao soprólito, 
isto é, rocha ainda pouco alterada pelos processos de formação do solo, ou seja, 
com material não consolidado. Essa camada foi pouco afetada pelos processos 
de formação do solo.
TÓPICO 3 | ESTRUTURA DOS SOLOS
53
Horizonte R: é a camada mineral de material consolidado, que constitui 
substrato rochoso contínuo ou praticamente contínuo. A descontinuidade pode 
ocorrer devido a poucas e estreitas fendas no material de origem.
NOTA
É considerado como solum o conjunto dos horizontes O, A, E e B onde se 
encontra maior concentração de minerais disponíveis às plantas. Já os horizontes C e R são 
considerados subsolo. 
O perfil do solo é uma característica de grande importância utilizada para 
a classificação dos solos, conforme você vai estudar no próximo tópico dessa 
unidade. Para se determinar o perfil é realizada a abertura de trincheiras no solo, 
com um metro quadrado de largura e em média 2 a 3 metros de profundidade, 
dependendo do tipo de solo (Figura 26).
FIGURA 26 – TRINCHEIRA PARA IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL DO SOLO
FONTE: Disponível em: <http://www.cnps.embrapa.br/sibcti/fotos/caracterizacao.htm>. 
Acesso em: 20 fev. 2011.
Outra forma de se coletar dados do perfil do solo é por meio do uso de 
trado (instrumento de aço de grande espessura em forma de espiral, que possui 
a extremidade inferior pontiaguda). Ao girar, o trado consegue perfurar o solo, 
assim, retira-se camadas de 20 em 20 cm até cerca de um metro ou mais de 
profundidade e monta-se o perfil com o solo tradado (Figura 27).
54
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
FIGURA 27 – USO DE TRADO NA COLETA DO PERFIL DO SOLO
FONTE: Acervo da autora 
55
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você estudou que:
• O solo é formado por constituintes nos três estados físicos da matéria: sólido, 
líquido e gasoso.
• A porção sólida é formada por matéria inorgânica (minerais) e matéria orgânica; 
a fase líquida é constituída pela água no solo, sais em dissolução e matéria 
coloidal em suspensão e; a porção gasosa é constituída pelo ar atmosférico.
• As partículas minerais do solo são classificadas pela sua origem, pela 
composição e pelo tamanho em minerais primários e minerais secundários.
• A matéria orgânica é muito importante para o solo, melhorando as características 
físicas como: permeabilidade, porosidade e retenção de água.
• O solo pode se encontrar em três estados de umidade: muito mal drenado 
(encharcado), mal drenado (úmido) e bem drenado (seco) de acordo com o 
conteúdo e da natureza da retenção de água.
• As principais características observadas na descrição morfológica são: cor, 
estruturas, textura, consistência e porosidade. 
• As tonalidades de solo são muito importantes para a identificação e delimitação 
dos horizontes.
• O termo textura refere-se à proporção relativa das frações areia, silte e argila 
em um material do solo, onde um horizonte é constituído, geralmente, pela 
combinação dessas três frações. 
• A estrutura refere-se ao tamanho,forma e aspecto do solo, possuindo formas 
diversas (granular, prismático, maciço, grau simples, bloco e lâmina).
• A consistência pode variar em função das características e do tipo de horizonte, 
tais como textura, estrutura, agentes cimentantes e pelo teor de umidade.
• Os poros do solo podem ser denominados de acordo com o tamanho em 
macroporos e microporos.
• O perfil de um solo é formado por cinco tipos de horizontes ou camadas, que 
costumam ser chamados de "horizontes principais" e são, convencionalmente, 
identificados pelas letras maiúsculas O, A, A1 ou E, B, C e R (rocha).
• Para se determinar o perfil do solo é realizada a abertura de trincheiras no solo 
ou utilizado trado.
56
Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu Livro 
de Estudos. Bom trabalho!
1 Com relação à composição do solo, quais são os três estados físicos da matéria 
de que é composto e qual a proporção volumétrica média no solo superficial, 
quando em boas condições para o desenvolvimento de uma planta? 
2 Complete o quadro a seguir com as características do tamanho da fração e 
diga se a composição é dominante de minerais primários ou secundários.
AUTOATIVIDADE
NOME COMUM TAMANHO DA FRAÇÃO COMPOSIÇÃO DOMINANTE
Pedra 
Cascalho
Areias
Silte
Argila
3 Com relação à matéria orgânica do solo, complete as lacunas da frase a 
seguir:
A matéria orgânica é um conjunto de resíduos de _____________e ____________ 
parcialmente decompostos e sintetizados e/ou que está em contínua decomposição 
resultante dos ________________________ no _________________.
4 A matéria orgânica é muito importante para o solo, do ponto de vista da 
formação de agregados. Que características físicas são melhoradas no solo 
com a presença da matéria orgânica? Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Permeabilidade e porosidade. 
b) ( ) Permeabilidade e acidez.
c) ( ) Acidez e retenção de água.
d) ( ) Permeabilidade e alcalinidade.
5 Quais são as principais características observadas utilizadas para a descrição 
morfológica de um solo? 
6 Quais são os seis tipos de estrutura que os solos podem apresentar e qual 
sua influência com relação ao fluxo de água dentro dos mesmos?
57
7 O perfil de um solo completo e bem desenvolvido possui, basicamente, 
cinco tipos de horizontes ou camadas (O, A, A1 ou E, B, C e R). 
58
59
TÓPICO 4
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos é um referencial taxonômico 
para uso de pesquisadores, técnicos, professores, estudantes e profissionais 
envolvidos na pesquisa de solos. 
O atual sistema publicado pela Embrapa Solos é resultante de 
aperfeiçoamentos contínuos ao longo de várias gerações de estudiosos da Ciência 
do Solo no Brasil, sintetizando, no estágio atual, a experiência e resultados de 
pesquisa de campo e laboratórios nas linhas de morfologia, física, química e 
mineralogia de solos. É o produto de uma parceria bem sucedida entre a Embrapa 
Solos e instituições nacionais de ensino, pesquisa e planejamento. 
Então, agora que você já estudou a estrutura dos solos e como se dá sua 
formação (pedogênese), chegou o momento de conhecermos um pouco de sua 
taxonomia, ou seja, o estudo da classificação dos solos. Para isso, vamos iniciar 
com o histórico da classificação, para entender como tudo começou. Veremos a 
importância de classificarmos os solos e finalmente os diferentes níveis categóricos 
da classificação.
2 HISTÓRICO DA CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS NO 
BRASIL
A primeira classificação de solos no Brasil, baseada em conceitos 
essencialmente Pedológicos, iniciou em 1947, após a criação da Comissão de Solos 
do Ministério da Agricultura, precursora do atual Centro Nacional de Pesquisa 
de Solos da EMBRAPA, seguindo o objetivo de realizar o inventário nacional dos 
solos brasileiros.
O primeiro Estado brasileiro a ser inventariado foi o do Rio de Janeiro 
em 1958, seguido pelo de São Paulo em 1960. O referencial utilizado para a 
classificação dos solos na época era baseado em Baldwing, Kellog e Thorp em 
1938 e em Thorp e Smith em 1949. 
60
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
Logo que iniciaram os inventários, perceberam inadequação daqueles 
sistemas na identificação de solos, uma vez que os solos encontrados não se 
ajustavam ao conceito central de algumas daquelas classes ou porque não era 
encontrada qualquer característica que correspondia ao conceito das classes 
contidas naqueles referenciais. 
O avanço dos conhecimentos adquiridos dos solos brasileiros e a 
inexistência de uma taxonomia adequada e hierarquizada aumentaram a demanda 
por um sistema de classificação que permitisse identificar os solos desde classes 
mais gerais até repartições mais específicas.
Este desafio foi assumido pelo então Serviço Nacional de Levantamento e 
Conservação do Solo (SNLCS) da EMBRAPA, sucessor da Comissão de Solos que, 
em 1978, organizou uma Comissão de Classificação e produziu um documento 
preliminar. A partir desse documento foi instituído o projeto “Desenvolvimento 
do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.
Anos depois, o Projeto de Desenvolvimento do Sistema Brasileiro de 
Classificação de Solos que havia praticamente parado, retorna em 1995 sob nova 
estratégia de ação, destacando-se a abertura para a participação ativa e contínua 
da comunidade de pedólogos brasileiros por meio do Comitê Executivo, do 
Comitê Assessor Nacional e dos Comitês Regionais.
O avanço apresentado foi muito significativo a ponto de no Congresso de 
Solos de Brasília, em 1999, ter sido apresentado o Sistema Brasileiro de Classificação 
de Solos (SiBCS) (EMBRAPA, 1999), texto considerado como suficientemente 
elaborado para ser divulgado para toda a comunidade de pedólogos.
Esse foi um momento histórico, pois esta publicação constitui, na realidade, 
o primeiro Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SBCS) oficialmente 
publicado.
O Sistema foi testado por meio de viagens de correlação e classificação de 
solos, excursões técnicas de congressos de solos, e também nos levantamentos 
pedológicos executados em várias regiões do Brasil.
Os estudos e verificações de campo mostraram que o SiBCS deu resultados 
práticos, porém necessitava de revisão e aperfeiçoamento contínuo com base nos 
dados existentes e em novos trabalhos mais detalhados executados por diversas 
instituições nacionais públicas e privadas conforme se vai conhecendo melhor 
o país. Tanto é que o Novo Sistema de Classificação de Solos foi publicado pela 
EMBRAPA em 2006. 
TÓPICO 4 | CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
61
3 IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
A classificação de solos tem aplicações práticas principalmente em 
levantamentos de solos, constituindo a fonte permanente de conhecimento para 
este ramo de atividade técnica. Além dos levantamentos, a classificação é útil 
para referenciar, precisamente, pontos de amostragem de solos, rochas, plantas, 
materiais genéticos, facilitando a extrapolação de resultados experimentais de 
manejo, conservação e fertilidade de solos. (EMBRAPA, 1999).
A classificação do solo em pontos de amostragem, associada ao 
georreferenciamento (latitude, longitude e altitude), é uma ferramenta poderosa 
para o conhecimento de segmentos da paisagem ou do território como um todo, 
constituindo uma informação indispensável na estruturação de bases de dados e 
para o Sistema de Informação Geográfica (SIGs) para fins de estudos ambientais. 
(EMBRAPA, 1999).
Nesta linha de organização, interpretação e integração da informação, a 
classificação de solos, do ponto de vista do planejamento territorial, desempenha 
importante papel na segmentação de paisagens. Com essas informações é 
possível identificar áreas de maior potencial para fins de utilização e ocupação 
e áreas impróprias ou não recomendadas, contribuindo desta forma para a 
preservação ambiental e uso adequado de ecossistemas, dos quais o solo é um 
componente básico.
4 CLASSIFICAÇÃOATUAL DOS SOLOS – EMBRAPA 2006
O sistema atual de classificação dos solos – EMBRAPA 2006 - classifica 
todos os solos do território nacional em níveis categóricos, sendo que cada nível 
é formado por um conjunto de classes. 
As características ou propriedades usadas para a definição de um nível 
categórico são propriedades dos solos que possam ser identificadas no campo ou 
que possam ser inferidas de outras propriedades que são reconhecidas no campo 
ou a partir de conhecimentos da ciência do solo e de outras disciplinas correlatas. 
As características diferenciais para os níveis categóricos mais elevados 
da classificação de solos devem ser propriedades que resultam diretamente dos 
processos de formação do solo ou que afetam, diretamente, a formação do mesmo, 
porque estas propriedades apresentam um maior número de características 
acessórias.
62
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
Os níveis categóricos aplicados para o Sistema Brasileiro de Classificação 
dos solos são seis: 
• 1o nível: Ordens
• 2o nível: Subordens
• 3o nível: Grandes Grupos
• 4o nível: Subgrupos
• 5o nível: Famílias
• 6o nível: Séries
Na nova classificação geral do sistema, vamos ter 13 classes no nível 
de Ordem (1o nível categórico), 44 classes no nível de Subordem (2o nível), 150 
classes no nível de Grande Grupo (3º nível) e 580 classes no nível de Subgrupo 
(4º nível). No 5º e 6º níveis, Família e Série, respectivamente, o número de classes 
é imprevisível no momento, dependendo da intensidade de levantamentos 
semidetalhados e detalhados que venham a ser executados nos anos futuros. 
(EMBRAPA, 2006).
IMPORTANT
E
Como você já deve ter percebido, são centenas de tipos de solos agrupados 
de acordo com seu nível de classificação. No entanto, como nosso objetivo é compreender 
o processo de gênese, uso e conservação dos solos, então não iremos nos aprofundar nas 
terminologias acima do segundo nível categórico. Mas ressalto que é muito importante 
diferenciarmos as características que definem os seis níveis categóricos.
UNI
Para maior aprofundamento e conhecimento da classificação dos solos, 
sugerimos a leitura do livro: Sistemas de classificação dos solos. (EMBRAPA, 2006).
TÓPICO 4 | CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
63
4.1 CLASSES DO 1o NÍVEL CATEGÓRICO (ORDEM) 
O nível definido como ordem corresponde ao nível mais genérico de 
classificação, distinguindo as grandes classes de solos.
As diversas classes nesse 1° nível categórico são separadas pela presença 
ou ausência de determinados atributos, horizontes diagnósticos ou propriedades 
que são passí veis de serem identificadas no campo mostrando diferenças no 
tipo e grau de desenvolvimento dos processos que atuaram na formação do 
solo. Assim, a separação das classes no 1o nível categórico teve como base os 
sinais deixados no solo, pela atuação de um conjunto de processos que foram 
considerados dominantes no desenvolvimento do solo. 
Assim, as propriedade para determiná-los foram: 
• diferenciá-Ios entre solos minerais e orgânicos; 
• indicar seu potencial de modificação quando drenados e/ou cultivados; 
• prever ou identificar a qualidade do substrato mineral e; 
• selecionar características diferenciais que mudem pouco ou muito lentamente 
com o uso e manejo.
No quadro 1, você pode conhecer as 13 classes de solos do nível categórico 
denominado ordem, bem como seus termos de conotação que os auxiliarão na 
memorização do significado das diferentes classes de solo.
QUADRO 1 – NOMENCLATURA DAS TREZE (13) CLASSES DE SOLOS QUE COMPREENDEM O 
PRIMEIRO NÍVEL CATEGÓRICO (ORDEM) E SEUS RESPECTIVOS SIGNIFICADOS
Classes Termo de conotação/memorização Definição
ARGISSOLOS “Argila” = acumulação de argila.
Solos com horizonte B desenvolvido e 
argiloso.
CAMBISSOLOS “Cambiare” = trocar ou mudar.
Solos com horizonte B incipiente, ou 
seja, pouco desenvolvido.
CHERNOSSOLOS “Cherno” = preto ou rico em bases.
Solos escuros, ricos em bases e matéria 
orgânica.
ESPODOSSOLOS “Spodos” = cinza vegetal. Solos desenvolvidos e com presença de húmus ácido.
GLEISSOLOS “Glei” = horizonte glei.
Solos com horizonte glei, ou seja, 
resultante de processo de redução do 
ferro devido efeito de flutuação do lenço 
freático, apresentando coloração cinzenta.
LATOSSOLOS “Lat” = material muito alterado.
Solos mais antigos, resultado de 
intemperismo intenso.
64
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
4.2 CLASSES DO 2° NÍVEL CATEGÓRICO (SUBORDENS) 
Para a definição das classes do 2º nível categórico, foram analisadas 
algumas propriedades ou características diferenciadas, tais como: 
a) o processo de formação do solo (conjunto de fatores ou um fator dominante);
b) a presença ou ausência de diferenciação de horizontes e seu grau de 
profundidade;
c) a presença de propriedades da formação solo (tipo de rocha, porção orgânica, 
porosidade, saturação) que sejam extremamen te importantes para o 
desenvolvimento das plantas e/ou para usos não agrícolas) ou;
d) as propriedades ou características que se destacam dentro das classes do 1º 
nível categórico.
4.3 CLASSES DO 3° NÍVEL CATEGÓRICO (GRANDES 
GRUPOS) 
Para a definição das classes do 3º nível categórico, foram analisadas 
algumas propriedades ou características diferenciadas, tais como: 
a) tipo e arranjamento dos horizontes; 
b) atividade da argila (movimentação); condição de saturação do solo por bases 
ou por alumínio, ou por sódio e/ou a presença de sais solúveis; 
LUVISSOLOS “Luere” = iluvial.
Solos ricos em bases e acumulação 
de argila, apresentando coloração 
vermelho-amarelo.
NEOSSOLOS “Neo” = novo. Solos pouco desenvolvidos, encontrados em margens de rios.
NITOSSOLOS “Nitidus” = brilhante. Solos que correspondem à terra roxa estruturada, vermelho-escuros.
ORGANOSSOLOS “Organo” = orgânico. Solos orgânicos ou turfosos (solos de turfeiras).
PLANOSSOLOS “Planus” = horizonte B plântico.
Solos com grande contraste textural 
devido à concentração intensa de argila 
no horizonte superficial.
PLINTOSSOLOS “Plinthus” = horizonte plíntico.
Solos com horizontes acinzentados e com 
pontos (mosqueados) avermelhados.
VERTISSOLOS “Vertere” = inverter. Solos com propriedades provenientes de argilas expansíveis (movimentação).
FONTE: Adaptado de EMBRAPA (2006)
TÓPICO 4 | CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
65
4.4 CLASSES DO 4° NÍVEL CATEGÓRICO (SUBGRUPOS) 
Para a definição das classes do 4º nível categórico, foram analisadas 
algumas propriedades ou características diferenciadas, tais como: 
a) área geográfica, mas apresenta a organização de horizontes e sinais dos 
processos pedogenéticos; 
b) atributos que os definem como intermediários para ou tras classes no 1°, 2° ou 
3° níveis categóricos; 
c) representa os solos com características únicas. 
4.5 CLASSES DO 5° NÍVEL CATEGÓRICO (FAMÍLIA) 
O 5° nível categórico do sistema de classificação está em discussão e 
deverá ser definido com base em características e propriedades morfológicas, 
físicas, químicas e mineralógicas importantes para uso e manejo dos solos. 
Os critérios recomendados devem ser testados nas distintas classes 
de solos, verificando metodologias apropriadas e respostas em termos de 
importâncias agronômica, geotécnica e para fins diversos. Este é um campo que 
deve ser estimulado nas ações de pesquisas nas instituições diversas. 
4.6 CLASSES DO 6° NÍVEL CATEGÓRICO (SÉRIE) 
O 6° nível categórico correspondendo o nível mais detalhado, contudo, 
está também em discussão e deverá ser a categoria mais homogênea do sistema, 
correspondendo ao nível de "série de solos", para ser utilizada em levantamentos 
detalhados. É importante que as características diferenciais utilizadas sejam 
identificadas quanto a sua variabilidade espacial. 
A definição de classes neste nível deverá ter por base características 
diretamente relacionadas com o crescimento de plantas, principalmente no que 
concerne ao desenvolvimento do sistema radicular, relações solo-água-planta e 
propriedades importantes nas inter-relações para fins de engenharia, geotecnia 
e ambientais. 
c)presença de horizontes ou propriedades que restringem o desenvolvimento 
das raízes e afetam o livre movimento da água no solo. 
66
UNIDADE 1 | FORMAÇÃO DO SOLO
Para textos corridos de livros, artigos em revistas, tabelas e semelhantes, 
o 1º e 2º níveis categóricos podem ser escritos apenas com as primeiras letras 
maiúsculas. Ex.: Neossolos Ta Eutróficos vertissólicos (Figura 28).
QUADRO 2 – EXEMPLO DA NOMENCLATURA DE UM TIPO DE SOLO USANDO OS QUATRO 
NÍVEIS CATEGÓRICOS
1º e 2º níveis categóricos (em 
maiúsculo)
3º nível categórico (inicial 
maiúscula)
4º nível categórico (inicial 
minúscula)
NEOSSOLOS FLÚVICOS Ta Eutróficos vertissólicos
FONTE: A autora
4.7 REGRAS PARA O USO DA NOMENCLATURA DE 1º, 
2º, 3º E 4º NÍVEIS CATEGÓRICOS
Em fichas de descrição morfológica de perfis de solos e nas legendas de 
mapas, as classes de 1° e 2° níveis categóricos devem ser escritas com todas as 
letras maiúsculas e as classes de 3° nível categórico (grandes grupos) apenas com a 
primeira letra maiúscula, e no 4° nível categórico (subgrupos) os nomes devem ser 
escritos em letras minúsculas (EMBRAPA, 1999). Veja um exemplo no Quadro 2.
Para os nomes das classes do 6° nível categórico deverão ser utilizados 
nomes próprios, geralmente referenciados a lugares onde a série foi reconhecida 
e descrita pela primeira vez, desta maneira evitando-se o emprego de um nome 
descritivo, o que levaria uma grande dificuldade de distinção em relação às famílias. 
TÓPICO 4 | CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
67
FIGURA 28 – PERFIL DE UM NEOSSOLO FLÚVICO TA EUTRÓFICO
FONTE: Disponível em: <http://www.leonamsouza.com.br>. Acesso 
em: 20 fev. 2011.
68
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você estudou:
• O histórico de classificação dos solos no Brasil, que iniciou em 1947, após a 
criação da Comissão de Solos do Ministério da Agricultura, precursora do 
atual Centro Nacional de Pesquisa de Solos da EMBRAPA.
• O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) foi oficialmente publicado 
pela EMBRAPA em 1999.
• Os estudos e verificações de campo mostraram que o SiBCS deu resultados 
práticos, porém necessitava de revisão e aperfeiçoamento contínuo. Um Novo 
Sistema de Classificação de Solos foi publicado pela EMBRAPA em 2006. 
• A classificação de solos é um referencial importante do ponto de vista do 
planejamento territorial contribuindo para a preservação ambiental e uso 
adequado de ecossistemas, dos quais o solo é um componente básico.
• O sistema atual de classificação dos solos classifica todos os solos do território 
nacional em níveis categóricos: 1º nível: Ordens; 2º nível: Subordens; 3º nível: 
Grandes Grupos; 4º nível: Subgrupos; 5º nível: Famílias; 6º nível: Séries.
• O primeiro nível categórico denominado Ordem é formado por 13 classes de 
solos.
• A nomenclatura dos solos segue algumas regras de acordo com o nível 
categórico.
69
AUTOATIVIDADE
Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu Livro 
de Estudos. Bom trabalho!
1 Com relação à importância do Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos, 
classifique as afirmativas a seguir com V para as verdadeiras e F para as falsas:
( ) A classificação é útil para referenciar, precisamente, pontos de amostragem 
de solos, rochas, plantas e materiais genéticos.
( ) Tem importância para a definição do uso, manejo, conservação e fertilidade 
de solos.
( ) É uma ferramenta poderosa para o conhecimento de segmentos da 
paisagem ou do território como um todo.
( ) É importante apenas para pesquisadores que buscam compreender a 
diversidade biológica do solo.
( ) É uma ferramenta informativa, mas não serve para planejamento ambiental.
2 De acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos, os solos são 
classificados em seis níveis categóricos: como são denominados? E quantas 
classes cada um possui?
1o nível: ____________________ Nº de classes: _____________________
2o nível: ____________________ Nº de classes: _____________________
3o nível: ____________________ Nº de classes: _____________________
4o nível: ____________________ Nº de classes: _____________________
5o nível: ____________________ Nº de classes: _____________________
6o nível: ____________________ Nº de classes: _____________________
3 Que propriedade ou características foram fundamentais no levantamento 
dos solos para a classificação do 1º nível categórico?
4 Cite a nomenclatura adotada para as treze (13) classes de solos que 
compreendem ao primeiro nível categórico e seus respectivos significados.
5 Que regras são aplicadas na nomenclatura de um tipo de solo com até quatro 
níveis categóricos? Dê um exemplo.
70
71
UNIDADE 2
RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A 
QUALIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• conhecer o caminho da água no subsolo por meio da infiltração;
• identificar e compreender os fatores que influenciam a infiltração, tais 
como cobertura florestal, topografia, precipitação, tipo de material e ocu-
pação do solo;
• conhecer os diferentes tipos de aquíferos e sua relação com porosidade do 
solo;
• identificar os fatores do solo relacionados com o desenvolvimento das 
plantas;
• classificar os tipos de agrotóxicos e conhecer seu comportamento e trans-
porte no solo;
• conhecer os indicadores e atributos que definem a qualidade do solo para 
a compreensão do equilíbrio necessário entre as condicionantes químicas, 
físicas e biológicas dos solos.
Esta segunda unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um 
deles, você encontrará atividades que contribuirão para fixar os conteúdos 
explorados.
TÓPICO 1 – RELAÇÃO SOLO E ÁGUA
TÓPICO 2 – RELAÇÃO SOLO E PLANTA
TÓPICO 3 – COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO
TÓPICO 4 – QUALIDADE AMBIENTAL DO SOLO
72
73
TÓPICO 1
RELAÇÃO SOLO E ÁGUA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A água é a substância mais abundante na superfície do planeta, participando 
dos processos modeladores da paisagem pela dissolução de materiais formando 
o solo, além de participar no transporte de partículas. A relação da água com o 
solo vai além do processo modelador da paisagem e formador do próprio solo. 
Podemos dizer que a água no solo pode assumir dois importantes papéis: infiltrar 
profundamente, abastecendo e formando os corpos de águas subterrâneas, 
também chamadas de aquíferos freáticos ou; ficar retida nos poros do solo nos 
horizontes mais superficiais que são liberadas para as plantas absorverem no 
processo de crescimento, carreando os sais minerais. 
Contudo, para que a infiltração ocorra, depende de fatores essenciais, que 
estão relacionados à cobertura da superfície, à topografia, à precipitação, ao tipo 
de material e à ocupação do solo. Esses devem atender a características específicas 
para a formação das águas subterrâneas que irão originar os aquíferos freáticos.
Então, Caro acadêmico, neste primeiro tópico na Unidade 2, você vai 
estudar a relação água e solo no sentido de compreender o caminho da água no 
solo, sua distribuição e relação com a porosidade até a formação dos aquíferos 
freáticos. 
2 CAMINHOS DA ÁGUA NO SOLO
A água, uma vez que atinge o solo, pode percorrer dois caminhos. O primeiro 
é a chamada infiltração que depende principalmente das características do material de 
cobertura da superfície, ou seja, se o solo se encontra coberto por vegetação ou desnudo. 
A água de infiltração, guiada pela força gravitacional, tende a preencher os vazios no 
subsolo, seguindo em profundidade, onde irá abastecer e formar os aquíferos freáticos 
ou as chamadas águas de subsolo ou subterrâneas. (KARMANN, 2000).
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
74
NOTA
Todas as águas que ocupam vazios em formações rochosas ou aderidas às 
partículas de solo são classificadas como águas de subsolo ou subterrâneas.
A segunda possibilidade ocorre quando a capacidade de absorção de 
água pela superfície é superada e o excesso iniciao escoamento superficial, 
impulsionado pela gravidade para as partes mais baixas do relevo. O escoamento 
superficial inicia-se por meio de pequenos filetes que se formam na superfície do 
solo, e convergem para os córregos e rios, contribuindo com a rede de drenagem. 
O escoamento superficial, com raras exceções, tem como destino final os oceanos, 
uma vez que os rios deságuam neles. (KARMANN, 2000).
A quantidade de água no solo depende de uma característica muito 
importante, chamada de capacidade de campo, que corresponde ao volume de 
água absorvido pelo solo, antes de atingir a saturação, e que não sofre movimento 
para níveis inferiores. Este parâmetro influencia diretamente a infiltração, pois 
representa um volume de água que participa do solo, mas que não contribui 
com a recarga da água subterrânea, sendo aproveitada somente pela vegetação. 
(RICKLEFS, 2003).
NOTA
A quantidade de água retida contra a gravidade pelas forças de atração maiores 
que 0,1 atmosfera (atm) é chamada de capacidade de campo do solo. (RICKLEFS, 2003). 
Você deve estar se perguntando: O que isso significa? Para ter noção, a força equivalente a 
0,1 atm pode elevar uma coluna de água a aproximadamente 1 metro de altura.
IMPORTANT
E
A infiltração é o processo mais importante de recarga da água no subsolo. É o 
processo pelo qual a água se infiltra nas camadas superficiais do solo e se desloca pela ação 
da gravidade até a camada impermeável, formando o aquífero freático. 
TÓPICO 1 | RELAÇÃO SOLO E ÁGUA
75
IMPORTANT
E
O volume e a velocidade de infiltração dependem de vários fatores, tais como: 
cobertura florestal, topografia, precipitação, tipo de rocha e ocupação do solo. São esses 
fatores que vamos ver a seguir.
2.1 FATORES QUE INFLUENCIAM A INFILTRAÇÃO
2.1.1 Cobertura florestal
A presença da vegetação na superfície auxilia no aumento da capacidade 
de infiltração da água no solo e reduz o escoamento superficial, favorecendo o 
abastecimento do aquífero freático (GUERRA; CUNHA, 2000; LIMA; ZAKIA, 
2000). A cobertura florestal também exerce importante função no retardamento 
de parte da água que atinge o solo, por meio da interceptação das folhas, 
reduzindo a energia cinética das gotas de chuva. O excesso de água passa então, a 
ser lentamente liberado para a superfície do solo por gotejamento, evitando assim 
a compactação e erosão do solo. (BIGARELLA et al., 1994; LIMA; ZAKIA, 2000). 
Você pode observar a influência da cobertura florestal no processo de infiltração 
observando a figura a seguir.
FIGURA 29 – RELAÇÃO DE INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO EM LOCAL COM 
COBERTURA FLORESTAL E SEM COBERTURA FLORESTAL
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
76
A formação de matéria orgânica por meio das partes das plantas também 
desempenha importante função no processo de infiltração da água, uma vez que 
contribui para a estabilidade e teor de agregados dos solos (GUERRA; CUNHA, 
2000) além de atuarem como filtro de substâncias tóxicas. (LIMA; ZAKIA, 2000). 
Em uma pesquisa, a retenção da água no solo da bacia hidrográfica 
do Córrego Palmital, Jaboticabal/SP, mostrou que os valores médios da 
permeabilidade identificados nos solos foram de 94,81mm/h por hectare em 
floresta (mata), 8,99 mm/h por hectare em pastagem e 36,01 mm/h por hectare em 
agricultura (cana-de-açúcar). Considerando que deveria se infiltrar no solo pelo 
menos 20% da água que se precipita sobre a bacia e que as perdas de água em 
florestas é padrão, o volume total estimado para compen sar a perda que ocorre 
em excesso nas áreas de pastagem e agricultura é de 12,21 milhões de m³/ano. 
Com esses dados, constatou-se que o reflorestamento nativo compensatório para 
reter aquele volume de perda de água deve contemplar uma área de 942,73 ha, ou 
seja, 8,87 % da área da bacia. (BORGES et al., 2005).
IMPORTANT
E
Você deve ter percebido que as florestas são extremamente importantes para 
o processo de infiltração. Assim também se fazem as matas ciliares, vegetação vinculada à 
dinâmica fluvial, ou seja, à beira de rios, lagos e nascentes que exercem papel fundamental no 
processo de infiltração da água no solo e ainda contribuem para a estabilização das margens dos 
rios e produção de água nas nascentes. 
FONTE: Adaptado de: <http://www2.agua.org.br/protecao-mananciais/
conteudos/113/manejo-de-solo.aspx>. Acesso em: 20 fev. 2011.
TÓPICO 1 | RELAÇÃO SOLO E ÁGUA
77
2.2 TOPOGRAFIA 
A forma do relevo é outro fator que interfere na infiltração. Assim, em 
áreas que apresentam declives acentuados ou íngremes, ocorre o escoamento 
superficial direto, diminuindo a infiltração. Superfícies suavemente onduladas 
permitem o escoamento superficial menos veloz, aumentando a possibilidade de 
infiltração. (KARMANN, 2000).
DICAS
Para aprofundarmos o assunto, recomendo a leitura do livro Manejo ecológico 
do solo, da Ana Primavesi. Esta é uma das leituras obrigatórias da disciplina de Conservação 
e Uso do Solo.
Abaixo um breve resumo do que trata este livro:
“Este livro contem a resposta a inúmeros problemas que surgem diariamente, como: mau 
aproveitamento dos adubos, efeito cada vez mais pronunciado da seca, deficiências e 
doenças de toda espécie, mas de controle difícil, compactações e adensamentos do solo, 
encrostamento da superfície do solo após as chuvas, erosão cada vez mais pronunciada, 
enchentes, mas também a germinação muito deficiente de sementes etc”
Boa Leitura!
2.3 PRECIPITAÇÃO 
A forma de como a precipitação total é distribuída ao longo do ano é um 
fator decisivo no volume de recarga da água subterrânea, em qualquer tipo de 
terreno. Chuvas regularmente distribuídas ao longo do tempo promovem uma 
infiltração maior, pois desta maneira, a velocidade de infiltração acompanha o 
volume de precipitação. Ao contrário, chuvas torrenciais favorecem o escoamento 
superficial direto, pois a taxa de infiltração é inferior ao grande volume de água 
precipitada em curto intervalo de tempo. (KARMANN, 2000). 
2.4 TIPO DE MATERIAL
A infiltração é favorecida pela presença de materiais porosos e permeáveis, 
como solos e sedimentos arenosos. Rochas expostas muito fraturadas ou porosas 
também permitem a infiltração de águas superficiais. Por outro lado, materiais 
argilosos e rochas cristalinas pouco fraturadas, como por exemplo, as rochas 
metamórficas (granitos e gnaisses), são desfavoráveis à infiltração. Espessas 
coberturas de solo exercem um importante papel no controle da infiltração, 
retendo temporariamente parte da água de infiltração que posteriormente é 
liberada lentamente para a rocha subjacente. (KARMANN, 2000). 
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
78
2.5 OCUPAÇÃO DO SOLO 
O avanço da urbanização e o desmatamento das florestas influenciam 
significativamente a quantidade de água infiltrada em adensamentos 
populacionais e zonas de intenso uso agropecuário. Nas áreas urbanas, as 
construções e a pavimentação impedem a infiltração, causando efeitos catastróficos 
devido ao aumento do escoamento superficial e redução na recarga da água 
subterrânea. Nas áreas rurais, a infiltração sofre redução pelo desmatamento em 
geral, pela exposição de vertentes por meio de plantações sem terraceamento, 
e pela compactação dos solos causada pelo pisoteamento de animais, como em 
extensivas áreas de criação de gado. (KARMANN, 2000). 
NOTA
A ocupação do solo em grandes centros urbanos pode gerar recarga significativa 
de água subterrânea por vazamentos da rede de abastecimento.
3 DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO SUBSOLO 
A água no subsolo e seu movimento dependem de vários fatores 
atuando de forma conjunta, dentre esses fatores estão, a força gravitacional, as 
características dos solos, sedimentos e rochas e a força de atração molecular e 
tensão superficial. 
A atração molecular age quando moléculas de água se aderem ou ficam 
presas na superfície da argila (entorno da partícula de argila). Isso acontece por 
meio da atração de cargas opostas, uma vez que tanto a partícula de argila quanto 
a moléculade água possuem cargas que permitem essa atração. Este fenômeno, 
também dito como adsorção da água à partícula de argila, ocorre principalmente 
nos primeiros metros de profundidade, sendo o solo rico em argila e mineral. 
Devido ao efeito de tensão superficial a água no subsolo pode ter 
movimento ascendente (contra a gravidade) por capilaridade. A adsorção de água 
em argila, minerais e nos capilares dificulta seu movimento nas proximidades 
da superfície, reduzindo assim sua evaporação e infiltração. Assim, conforme 
o tamanho do poro, a água pode ser: higroscópica (adsorvida) e praticamente 
imóvel; capilar quando sofre ação da tensão superficial movendo-se lentamente 
ou; gravitacional (livre) em poros maiores, que permitem movimento mais 
rápido. (KARMANN, 2000).
TÓPICO 1 | RELAÇÃO SOLO E ÁGUA
79
IMPORTANT
E
No subsolo, existem três situações de movimentação da água: adsorvida ou 
higroscópica (presa à partícula de argila ou mineral), capilar (movimenta-se lentamente 
pelas franjas capilares, ver Figura 30) ou gravitacional (movimenta-se rapidamente para as 
profundidades do subsolo). 
FIGURA 30 – DETALHE DA FRANJA CAPILAR NO PROCESSO DE INFILTRAÇÃO DA 
ÁGUA NO SOLO
FONTE: Disponível em: <http://ga.water.usgs.gov/edu/watercycleportuguese.html>. 
Acesso em: 20 fev. 2011.
O limite inferior da percolação ou deslocamento de água é dado quando 
as rochas não admitem mais espaços abertos (poros). Esta profundidade atinge 
um máximo de 10.000 metros, dependendo da situação topográfica e do tipo de 
rocha. Pode-se imaginar então que toda água de infiltração tende a atingir este 
limite inferior, sofrendo um represamento onde todos os espaços abertos em 
direção à superfície são preenchidos. Estabelece-se assim uma zona onde todos 
os poros estão cheios de água, denominada zona saturada ou freática (Figura 
31). Acima desse nível, os espaços vazios estão parcialmente preenchidos por 
água, contendo também ar, definindo a zona não saturada, também chamada 
de zona de aeração. O limite entre estas duas zonas é uma importante superfície 
denominada superfície freática ou nível da água subterrânea (Figura 31). 
(KARMANN, 2000).
Precipitação
Zona do solo
Franja capilar
Zo
na
 n
ão
sa
tu
ra
da
Zona
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
80
UNI
A superfície freática ou nível da água subterrânea pode ser facilmente 
identificado na prática, ao se perfurarem poços, nos quais a altura da água marca a posição 
do nível da água. 
FIGURA 31 – DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO SUBSOLO
FONTE: Karmann (2000, p. 120)
O nível freático acompanha aproximadamente as irregularidades da 
superfície do terreno, o que pode ser visualizado pelo traçado de sua superfície 
(Figura 32). A profundidade do nível freático se dá em função da quantidade de 
recarga e dos materiais do subsolo. Em áreas úmidas, com alta pluviosidade, tende 
a ser mais raso, enquanto em ambientes áridos, como nos cerrados, desertos e 
savanas, tende a ser profundo. De modo geral, é mais profundo nas cabeceiras de 
divisores topográficos (divisores de águas em bacia hidrográfica – a ser estudada 
na Unidade 3) e mais raso nos fundos de vales. (KARMANN, 2000). 
TÓPICO 1 | RELAÇÃO SOLO E ÁGUA
81
FIGURA 32 – NÍVEL FREÁTICO E DIREÇÃO DO FLUXO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA
FONTE: Karmann (2000, p. 120)
IMPORTANT
E
O nível freático quando em contato com a superfície do terreno passa a aflorar, 
gerando nascentes, córregos ou rios. Os rios cuja vazão aumenta para jusante (abaixo) são 
chamados de rios efluentes, que são alimentados pela água subterrânea, situação típica de 
regiões úmidas. Ao contrário, nos rios influentes a vazão diminui a jusante, como consequência 
da recarga da água subterrânea pelo escoamento superficial. Nestes casos, a água do rio 
infiltra-se para o nível freático e o rio poderá secar se o nível for rebaixado, abandonando o 
leito do rio, como é comum em áreas semiáridas ou áridas. (KARMANN, 2000). 
NOTA
Você já deve ter ouvido falar em salinização do solo. A evaporação intensa e a 
pouca precipitação podem levar a um processo de inversão sazonal da infiltração, quando uma 
parte da água subterrânea tem movimento ascendente por capilaridade, atravessando a zona 
não saturada para alimentar a evaporação na superfície do solo. Este processo é responsável 
pela mineralização dos horizontes superficiais do solo. Os sais dissolvidos na água subterrânea 
acabam precipitando e cimentando os grãos do solo, salinizado. O solo fica endurecido pela 
precipitação de carbonato de cálcio pelas águas ascendentes em áreas semiáridas a áridas. 
(KARMANN, 2000).
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
82
3.1 INFLUÊNCIA DA POROSIDADE E DA PERMEABILIDADE 
NA DISPONIBILIDADE DE ÁGUA SUBTERRÂNEA 
A porosidade é uma propriedade física definida pela relação do volume 
de poros e o volume total de certo material. Existem dois tipos fundamentais de 
porosidade nos materiais: primária e secundária. 
A porosidade primária é gerada juntamente com o sedimento ou rocha, 
sendo caracterizada nas rochas sedimentares pelos espaços entre os grãos 
(porosidade intergranular). Nos materiais sedimentares, o tamanho e forma das 
partículas e a presença de cimentação influencia a porosidade. (KARMANN, 2000). 
A porosidade secundária, por sua vez, se desenvolve após a formação 
das rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares, por fratura ou falha (Figura 33) 
durante sua deformação (porosidade de fraturas). Um tipo especial de porosidade 
secundária se desenvolve em rochas solúveis, como calcário e mármores, por 
meio da criação de vazios por dissolução (porosidade de conduto ou cártica). 
(KARMANN, 2000).
FIGURA 33 – TIPOS DE FALHAS OU FRATURAS EM ROCHAS
FONTE: Adaptado de Machado e Silva (2000, p. 415)
Para você visualizar melhor os tipos de porosidade e onde ocorrem, 
observe a Figura 34 a seguir. Note que a porosidade intergranular ocorre em 
materiais como arenitos (rochas sedimentares constituídas por areias aglutinadas), 
colúvios (material proveniente de locais topograficamente mais elevados, 
que são transportados por meio de escoamento superficial e depositados em 
situação morfológica apropriada) e aluviões (depósitos sedimentares formados 
por materiais em geral grosseiros transportados por águas correntes de rios e 
ribeirões). 
TÓPICO 1 | RELAÇÃO SOLO E ÁGUA
83
FIGURA 34 – TIPOS DE POROSIDADE CONFORME DIFERENTES MATERIAIS EM UMA SEÇÃO 
GEOLÓGICA
FONTE: Karmann (2000, p. 121) 
Já a porosidade de fratura ocorre em material proveniente do basalto 
(rocha ígnea proveniente da ação vulcânica), granito (rocha ígnea composta 
essencialmente por minerais como quartzo, feldspatos e micas) e gnaisse (rocha 
de origem metamórfica, resultante da deformação de sedimentos como granitos). 
A porosidade de condutos ocorre em materiais como calcário e o mármore 
(rochas sedimentares que contêm minerais com quantidades acima de 30% de 
carbonato de cálcio).
Perceba que, o principal fator que determina a disponibilidade de água 
subterrânea não é a quantidade de água que os materiais armazenam, mas a 
sua capacidade em permitir o fluxo de água através dos poros. Para que essa 
condução aconteça é necessário conhecer a permeabilidade dos materiais.
IMPORTANT
E
A propriedade de os materiais conduzirem água é chamada de permeabilidade, 
que depende do tamanho dos poros e da conexão entre eles. 
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
84
Um sedimento argiloso, por exemplo, apesar de possuir alta porosidade 
(Tabela 3, Figura 35), é praticamente impermeável, pois os poros são muito 
pequenos e a água fica presa por adsorção. Por outro lado, derrames basálticos, 
onde a rocha em si não tem porosidade alguma, mas possui abundantes fraturas 
abertas e interconectadas podem apresentar alta permeabilidade devido ao tipo 
de porosidade. (KARMANN, 2000).
TABELA 3 – TAMANHO DAS PARTÍCULAS (MILÍMETROS), PERMEABILIDADE E POROSIDADE 
(PORCENTAGEM) DE DIFERENTES MATERIAIS
Material Tamanho das partículas (mm) PermeabilidadePorosidade (%)
Silte e argila 0,05 a 0,006 Baixa a muito baixa 50 a 60
Areia fina 0,3 Alta a média 42
Areia grossa 1 a 2 Alta 37,4
Cascalho > 2 a 20 Muito Alta 35,2
FONTE: Adaptado de: Karmann (2000)
FIGURA 35 – ESTRUTURA DO PORO CORRELACIONADA À PERMEABILIDADE
FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_SqCRr_AlJtM/SgTJRpdeESI/
AAAAAAAAAQU/zXA5NLlFm_k/s320/119>. Acesso em: 20 fev. 2011.
NOTA
Quanto maior o tamanho da partícula, maior é a permeabilidade, porém menor 
será a porosidade. Isso se dá devido ao tamanho das partículas, que quanto maior forem, menor 
será a quantidade de água aderida no entorno, fazendo com que a água se infiltre rapidamente. 
TÓPICO 1 | RELAÇÃO SOLO E ÁGUA
85
Como você pode perceber, a porosidade e a permeabilidade influenciam 
na disponibilidade de água subterrânea. Essa disponibilidade está diretamente 
relacionada com a formação de aquíferos, que são considerados reservatórios de 
águas subterrâneas. A seguir, você vai conhecer as características desses reservatórios 
que se classificam em aquíferos livres, suspensos, confinados e artesianos.
4 CLASSIFICAÇÃO DOS AQUÍFEROS SEGUNDO A 
GEOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM POROSIDADE DO 
SOLO
Conforme a ANA (Agência Nacional de Água) há três tipos fundamentais 
de aquíferos e que estão estritamente relacionados com a porosidade: aquíferos 
porosos (porosidade intergranular ou granular), aquífero fraturado ou fissurado 
(fraturas) e aquíferos castiços (condutos). 
Os aquíferos porosos podem ser exemplificados pelos arenitos, ou seja, 
ocorrem em solos arenosos. Constituem os mais importantes aquíferos, pelo 
grande volume de água que armazenam, e por sua ocorrência em grandes áreas. 
Estes aquíferos ocorrem nas bacias sedimentares (depressões da superfície 
terrestre onde ocorre deposição natural de sedimentos, em algumas situações 
materiais vulcânicos) e em todas as várzeas onde se acumularam sedimentos 
arenosos. Uma particularidade deste tipo de aquífero é sua porosidade quase 
sempre homogeneamente distribuída, permitindo que a água flua para qualquer 
direção, em função tão somente dos diferenciais de pressão hidrostática ali 
existente. Poços perfurados nestes aquíferos podem fornecer até 500 metros 
cúbicos por hora de água de boa qualidade. (PEDROSA; CAETANO, 2002).
Os aquíferos de fraturas ocorrem em rochas ígneas e metamórficas. A 
capacidade destas rochas em acumularem água está relacionada à quantidade 
de fraturas, suas aberturas e intercomunicação. No Brasil a importância destes 
aquíferos está muito mais em sua localização geográfica, do que na quantidade 
de água que armazenam. Poços perfurados nestas rochas fornecem poucos 
metros cúbicos de água por hora. Um caso particular de aquífero fraturado é 
representado pelos derrames de rochas ígneas vulcânicas basálticas, das grandes 
bacias sedimentares brasileiras. Estas rochas, apesar de ígneas, são capazes de 
fornecer volumes de água até dez vezes maiores do que a maioria das rochas 
ígneas e metamórficas. (PEDROSA; CAETANO, 2002).
NOTA
Importante ressaltar que o fluxo de água somente se instala quando as fraturas 
que compõem o sistema estão interconectadas. (KARMANN, 2000).
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
86
Os aquíferos cársticos são formados em rochas carbonáticas. Constituem 
um tipo peculiar de aquífero fraturado, onde as fraturas, devido à dissolução do 
carbonato pela água, podem produzir aberturas muito grandes, criando, neste 
caso, verdadeiros rios subterrâneos. É comum em regiões com grutas calcárias, 
ocorrendo em várias partes do Brasil. (PEDROSA; CAETANO, 2002).
4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AQUÍFEROS - SEGUNDO A 
PRESSÃO DA ÁGUA
Aquíferos livres são aqueles cujo topo é demarcado pelo nível freático, estando 
em contato com a atmosfera. Normalmente ocorrem a profundidades de alguns metros 
a poucas dezenas de metros da superfície. (KARMANN, 2000). São os aquíferos mais 
comuns e mais explorados pela população e os que apresentam maiores problemas 
de contaminação. Dentre esse, existe ainda o denominado aquífero suspenso, que é 
aquífero livre formado sobre uma camada impermeável ou semipermeável que nem 
armazena nem transmite água. (PEDROSA; CAETANO, 2002).
Aquíferos confinados ocorrem quando a água subterrânea está confinada 
entre duas unidades pouco permeáveis ou impermeáveis. Representam situações mais 
profundas, a dezenas, várias centenas ou até milhares de metros de profundidade, 
onde a água está sob ação da pressão não somente atmosférica, mas também de toda 
a coluna de água localizada no estrato permeável. (KARMANN, 2000). 
Os aquíferos confinados dão origem ao fenômeno artesiano, responsável 
por poços jorrantes, chamados de artesianos. Você deve se perguntar como se 
formam os aquíferos artesianos? Então, a água penetra no aquífero confinado 
em direção a profundidades, onde sofre a pressão hidrostática da coluna de água 
entre a zona de recarga e um ponto em profundidade. Quando um poço perfura 
esse aquífero, a água sobe pressionada por esta pressão hidrostática, jorrando 
naturalmente. (KARMANN, 2000).
NOTA
Pressão hidrostática é a pressão exercida por uma coluna líquida sobre uma 
superfície. 
A formação deste tipo de aquífero requer as seguintes condições: uma 
sequência de camadas inclinadas, onde pelo menos uma camada permeável 
se encontre entre camadas impermeáveis e uma situação geométrica em que a 
camada permeável intercepte a superfície, permitindo a recarga de água nesta 
camada. (KARMANN, 2000). 
TÓPICO 1 | RELAÇÃO SOLO E ÁGUA
87
Nesta condição, podemos diferenciar os poços artesianos jorrantes dos 
poços não artesianos, observando a Figura 36.
FIGURA 36 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE AQUÍFERO CONFINADO (POÇO ARTESIANO 
JORRANTE E POÇO NÃO ARTESIANO), AQUÍFERO LIVRE E O MAPEAMENTO DO NÍVEL 
POTENCIOMÉTRICO
FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-agua/
imagens/aquifero-guarani-25.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2011.
Os poços artesianos jorrantes, ao serem perfurados, junto ao aquífero 
confinado, jorram água fortemente devido à pressão hidrostática exercida no 
ponto de perfuração, ou seja, ponto esse localizado abaixo do chamado nível 
potenciométrico. Já os poços não artesianos, apesar de serem também perfurados 
no ponto onde se encontra o aquífero confinado, não jorram água uma vez que o 
ponto perfurado encontra-se na mesma altura do nível potenciométrico. Isso faz 
com que os caracterize como poço não artesiano.
NOTA
Nível potenciométrico é determinado como a altura do nível da água no poço. 
Essa altura sofre um desnível crescente quanto mais afastado for do local de recarga da 
água (cabeceiras ou topos de morro). Quanto maior o desnível, maior será a pressão sobre 
o aquífero confinado, e quando perfurado faz com que a água jorre.
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
88
LEITURA COMPLEMENTAR
AQUÍFERO GUARANI
O mais precioso bem da humanidade 
encontrou nos subterrâneos do Brasil, Argentina, 
Uruguai e Paraguai o seu maior reservatório. O 
Aquífero Guarani é a principal reserva subterrânea 
de água doce da América do Sul e um dos maiores 
sistemas aquíferos do mundo, ocupando uma área 
total de 1,2 milhões de km² na Bacia do Paraná e 
parte da Bacia do Chaco-Paraná. 
Oitocentos e quarenta mil quilômetros 
quadrados do reservatório estendem-se pelo 
Brasil (840.000 Km²), 58.500 Km² estão no 
Paraguai, 58.500 Km² no Uruguai e 255.000 
Km² na Argentina, A maior ocorrência do Aquífero Guarani se dá em território 
brasileiro (2/3 da área total) abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, 
Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O Aquífero Guarani, denominação do geólogo uruguaio Danilo Anton 
em memória do povo indígena da região, tem uma área de recarga de 150.000 
Km² e é constituído pelos sedimentos arenosos da Formação Piramboia na Base 
(Formação Buena Vista na Argentina e Uruguai) e arenitos Botucatu no topo 
(Missiones no Paraguai, Tacuarembó no Uruguai e na Argentina).O Aquífero Guarani constitui-se em uma importante reserva estratégica 
para o abastecimento da população, para o desenvolvimento das atividades 
econômicas e do lazer. Sua recarga natural anual (principalmente pelas chuvas) 
é de 160 Km³/ano, sendo que desta, 40 Km³/ano constitui o potencial explorável 
sem riscos para o sistema aquífero. As águas em geral são de boa qualidade para 
o abastecimento público e outros usos, sendo que em sua porção confinada, os 
poços têm cerca de 1.500 m de profundidade e podem produzir vazões superiores 
a 700 m³/h. 
No Estado de São Paulo, o Guarani é explorado por mais de 1000 poços 
e ocorre numa faixa no sentido sudoeste-nordeste. Sua área de recarga ocupa 
cerca de 17.000 Km² onde se encontra a maior parte dos poços. Esta área é a mais 
vulnerável e deve ser objeto de programas de planejamento e gestão ambiental 
permanentes para se evitar a contaminação da água subterrânea e sobre-
exploração do aquífero com o consequente rebaixamento do aquífero freático e o 
impacto nos corpos d'água superficiais.
TÓPICO 1 | RELAÇÃO SOLO E ÁGUA
89
1 Além do Guarani, sob a superfície de São Paulo, há outro reservatório, chamado 
Aquífero Bauru, que se formou mais tarde. Ele é muito menor, mas tem capacidade 
suficiente para suprir as necessidades de fazendas e pequenas cidades.
2 O líquido escorre muito devagar pelos poros da pedra e leva décadas para 
caminhar algumas centenas de metros. Enquanto desce, ele é filtrado. Quando 
chega aqui está limpinho.
3 Nas margens do aquífero, a erosão expõe pedaços do arenito. São os chamados 
afloramentos. É por aqui que a chuva entra e também por onde a contaminação 
pode acontecer.
4 A cada 100 metros de profundidade, a temperatura do solo sobe 3 graus Celsius. 
Assim, a água lá do fundo fica aquecida. Neste ponto ela está a 50 graus.
 
FONTE: Disponível em: <http://www.riosvivos.org.br/Canal/Aquifero+Guarani/278>. Acesso em: 
20 fev. 2011.
90
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você estudou que:
• A água pode percorrer dois caminhos no solo: infiltrar ou escoar superficialmente. 
• A água de infiltração irá abastecer e formar os aquíferos freáticos ou as 
chamadas águas de subsolo ou subterrâneas.
• O volume e a velocidade de infiltração dependem de vários fatores: cobertura 
florestal, topografia, precipitação, tipo de rocha e ocupação do solo. 
• A cobertura florestal exerce papel fundamental no processo de infiltração da 
água no solo: contribuem para a estabilização das margens dos rios, produção 
de água nas nascentes, controle de erosão, produção de matéria orgânica, filtro 
para substâncias tóxicas, redução do escoamento superficial, favorecendo o 
abastecimento do aquífero freático, entre outros.
• No subsolo, existem três situações de movimentação da água: adsorvida ou 
higroscópica capilar e gravitacional. 
• O limite inferior ao deslocamento de água é dado quando as rochas não admitem 
mais espaços abertos (poros). Logo, temos uma zona onde todos os poros estão 
cheios de água, denominada zona saturada ou freática. Acima desse nível, os 
espaços vazios estão parcialmente preenchidos por água, contendo também ar, 
definindo a zona não saturada. 
• O limite entre estas duas zonas é uma importante superfície denominada 
superfície freática ou nível da água subterrânea.
• O tipo de porosidade e a permeabilidade influenciam na disponibilidade de 
água subterrânea.
• Existem dois tipos fundamentais de porosidade nos materiais: primária 
e secundária. Na porosidade primária temos a chamada porosidade 
intergranular. Na porosidade secundária temos as chamadas porosidade de 
fraturas e porosidade de conduto ou cártica.
• A propriedade dos materiais conduzirem água é chamada de permeabilidade, 
que depende do tamanho dos poros e da conexão entre eles. 
• Existem três tipos fundamentais de aquíferos e que estão estritamente 
relacionados com a porosidade: aquíferos porosos (porosidade intergranular 
ou granular), aquífero fraturado ou fissurado (fraturas) e aquíferos castiços 
(condutos). Esses aquíferos podem ser de forma livre, suspensos e confinados 
(artesianos).
91
AUTOATIVIDADE
Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda-as em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 Discorra a respeito dos caminhos que a água pode percorrer no solo.
2 Elenque todos os fatores que estão relacionados com o processo de infiltração 
da água no solo e fale de seu papel/função nesse processo.
3 O que é água higroscópica, capilar e gravitacional? Qual sua relação com a 
movimentação da água no solo?
4 Caracterize uma zona saturada e uma não saturada do solo.
5 Diga quais são os tipos de porosidade que existem no solo e sua relação com 
as falhas e fraturas das rochas.
6 Como são classificados os aquíferos freáticos? Descreva cada um deles.
92
93
TÓPICO 2
RELAÇÃO SOLO E PLANTAS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O solo é a base para o desenvolvimento de inúmeras espécies de plantas. 
Suas características físicas, químicas e biológicas são terminantes na colonização 
de uma ou de outra espécie. Assim, a capacidade de retenção hídrica condicionada 
muitas vezes pela matéria orgânica, a troca de cátions, a estrutura, a porosidade, os 
teores sais e minerais dos solos, a densidade, o perfil do solo, a temperatura, a acidez 
ou alcalinidade facilitam ou impedem plantas e animais (estes notadamente de vida 
subterrânea) de colonizarem determinadas áreas. (GUERRA; CUNHA, 2000). 
Assim, podemos dizer que o desenvolvimento de uma planta no solo, 
além dos fatores genéticos e climáticos, depende da bioestrutura do solo e dos 
fatores que dali resulta, como um abastecimento adequado de água e ar, a fácil 
disponibilidade de nutrientes e ausência de substâncias tóxicas (como você vai 
estudar no próximo tópico dessa unidade).
Então, convido você para entender uma pouco mais dos fatores do solo 
que influenciam a vida das plantas e viajar no substrato das raízes.
2 FATORES DO SOLO RELACIONADOS COM O 
DESENVOLVIMENTO DAS PLANTAS
De uma forma geral, as plantas dependem de uma série de fatores 
relacionados às características dos solos para seu desenvolvimento. São essenciais. 
(KIEHL, 1979; PRIMAVESI, 2002):
1) As propriedades físicas do solo especialmente sua estrutura.
2) As propriedades químicas do solo, ou seja, de sua riqueza ou pobreza em 
nutrientes e fatores tóxicos.
3) A umidade do solo, influindo tanto nos períodos de seca quanto em excesso 
de água.
4) A matéria orgânica do solo.
5) O clima, incluindo temperaturas e precipitações. 
6) O uso do solo, que influi especialmente pelas técnicas agrícolas empregadas e 
que compactam ou afrouxam o solo.
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
94
2.1 ESTRUTURA DO SOLO E SUA RELAÇÃO COM AS 
PLANTAS
A estrutura do solo é de grande importância para a vida das plantas. A 
penetração e distribuição das raízes no solo são variáveis, segundo a estrutura 
que ele apresenta. Assim, de acordo com o tipo de solo, existem diferentes formas 
das raízes se distribuírem. Em solos de extrema falta de agregação, as raízes 
ao encontrar resistência em penetrar no sentido vertical, passam a penetrar na 
posição horizontal. 
As raízes removem do solo o oxigênio, a água e os nutrientes. Sabe-se 
da importância dos nutrientes para a subsistência das plantas, mas, se o solo não 
for bem estruturado, faltarão água, oxigênio e nutrientes, mesmo que estejam em 
quantidades suficientes, serão inoperantes. 
IMPORTANT
E
A estrutura do solo atua como importante fator na aeração, garantindo um fluxo 
de oxigênio capaz de contrabalancear o excesso de gás carbônico do ar do solo, eliminado 
pelas raízes e microrganismos. (KIEHL, 1979). 
Os adubos orgânicos, como o esterco animal curtido, o composto e outros, 
têm demonstrado efeitos diretos e indiretos na estruturação do solo: diretamente, 
na formação de agregados, pela ação cimentante do húmus e; indiretamente, com 
o aumento da produtividade, resultando maior quantidadede matéria orgânica 
retornável ao solo. Ainda como consequência de uma melhor estruturação, tem-
se maior resistência do solo às perdas por erosão, graças aos agregados que se 
formam e à maior capacidade de infiltração das águas das chuvas, diminuindo o 
deflúvio superficial. (KIEHL, 1979).
2.2 PERFIL DO SOLO E A RELAÇÃO COM AS PLANTAS
As características físicas, químicas e biológicas de um perfil estão 
diretamente relacionadas com a vida da planta. Assim, o crescimento das raízes, 
o suprimento de nutrientes às plantas, a capacidade de armazenamento de água, 
a aeração, são exemplos de características e propriedades apresentadas por um 
perfil de solo e que definem o valor agrícola do solo. (KIEHL, 1979).
Os horizontes superiores são os mais trabalhados pelo agricultor. A 
calagem, o preparo do solo feito pelas arações e gradagens, a semeadura, as 
fertilizações nos cultivos, são operações agrícolas realizadas nos horizontes 
TÓPICO 2 | RELAÇÃO SOLO E PLANTAS
95
superficiais. É neles, igualmente, que se irá encontrar a maior quantidade de 
raízes das plantas, pois essa zona do perfil é, geralmente, a mais rica em matéria 
orgânica e nutrientes minerais, além de possuir maior capacidade de retenção de 
água. (KIEHL, 1979).
NOTA
Geralmente 65% das raízes das plantas herbáceas se encontram na camada 
superficial. Com a profundidade do perfil do solo, diminui a abundância das raízes. 
(PRIMAVESI, 2002).
Os horizontes inferiores também influem na fertilidade e produtividade 
do solo, são menos sujeitos a alterações, geralmente menos férteis e, quando 
compactados influem na drenagem e aeração do perfil. O horizonte inferior de 
um solo pode contribuir, em certos casos, favoravelmente para a fertilidade do 
solo pela sua composição química. (KIEHL, 1979). 
2.3 ADENSAMENTO DO SOLO E AS PLANTAS
O adensamento do solo e o confinamento das raízes das plantas à camada 
superficial são comuns em solos agrícolas. O solo adensado oferece um ambiente 
péssimo para as raízes das plantas que, na impossibilidade de se expandir, pode 
levar à mortalidade do indivíduo, uma vez que a compactação gera deficiência de 
água, ar e nutrientes para os mesmos.
NOTA
Adensamento é a compactação por entupimento dos poros do solo, 
desfavorecendo o crescimento radicular das plantas.
A Figura 37 reúne vários fatores que influem sobre a raiz e seu crescimento 
em solo adensado.
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
96
FIGURA 37 – O EFEITO DO ADENSAMENTO DO SOLO SOBRE AS CONDIÇÕES DE 
CRESCIMENTO DE UMA PLANTA
Solo
adensado
Falta de
oxigênio
Absorção deficiente,
unidades portadoras
não são oxidadas
Metabolismo
diminui, há
pouca energia
Raiz enfraquece
absorve menosRaiz cresce menos,
explora espaço 
menor
Falta água
a planta
Respiração
acelerada, gasto
maior de produtos
fotossintetizados Safra pequena,
de qualidade
inferior
Planta mal
nutrida,
fotossintetizada
menos
FONTE: Adaptado de Primavesi (2002)
Observando-se a figura anterior, poderia ser dito que um ou outro fator 
seria mais decisivo. Contudo, no processo de desenvolvimento da vida não 
existem fatores que ocorrem de forma isolada, mas somente fatores interligados, 
provocando um à modificação do outro, de modo que a maior densidade 
do solo promova automaticamente a menor difusão de oxigênio, a menor 
disponibilidade de água, o menor desenvolvimento radicular e finalmente uma 
colheita reduzida.
NOTA
A taxa de oxigênio no solo depende intimamente de sua densidade. A razão 
é que, durante o processo de adensamento, os primeiros poros a desaparecer são os 
macroporos, que justamente servem à ventilação.
TÓPICO 2 | RELAÇÃO SOLO E PLANTAS
97
O manejo inadequado do solo pode ser esquematizado conforme a Figura 
38, mostrando que, com a perda do estado afofada do solo seguido da formação 
de adensamento, o desenvolvimento radicular se torna cada vez menor, podendo 
produzir somente plantas pequenas de pouco valor econômico.
FIGURA 38 – ESQUEMA DO EFEITO DE ADENSAMENTO DO SOLO SOBRE O 
DESENVOLVIMENTO RADICULAR E A PRODUÇÃO DE PLANTAS
FONTE: Primavesi (2002, p. 66)
IMPORTANT
E
A raiz é a base para que a planta possa produzir. Em solo adensado, onde seu 
desenvolvimento é reduzido, não consegue absorver a água e os nutrientes que a parte 
aérea necessita para poder produzir.
2.4 POROSIDADE DO SOLO E AS PLANTAS
O solo ideal tem sido referido como aquele que apresenta 50% de 
macroporosidade e 50% de microporosidade. Considerando, porém, que as raízes 
podem se desenvolver com porosidade de aeração acima de 10% e que o conteúdo 
de água armazenada deve ser em maior quantidade que a de ar, o solo ideal passa 
a ser o que apresenta um terço de macroporos para dois terços de microporos. Tais 
solos garantiriam suficiente aeração, permeabilidade e capacidade de retenção de 
água; consequentemente, boas colheitas. 
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
98
NOTA
A aeração ótima do solo está situada entre 20 e 30%, correspondendo a 
agregados com diâmetros médios entre 2 e 3 mm. (KIEHL, 1979). 
2.5 MINERAIS DO SOLO E AS PLANTAS
O fornecimento de nutrientes, retidos pelos minerais de argila às raízes 
das plantas ou aos microrganismos do solo, pode-se dar de duas maneiras: 
a) indiretamente, por permuta de catiônicos com a solução do solo, podendo 
estes entrar em contato com as superfícies de adsorção das raízes, realizando 
nova troca, isto é, as raízes cedendo hidrogênios e adsorvendo cátions; 
b) diretamente, quando ocorre um contato dos pelos absorventes com as 
superfícies dos minerais de argila, havendo uma troca de hidrogênios por parte 
da planta com cátions adsorvidos nos coloides inorgânicos do solo. (BRANDY, 
1983). 
Os minerais primários do solo, pelo processo de intemperização, liberam 
nutrientes para as raízes das plantas, dando formação, também, aos minerais de 
argila; o processo, no entanto, é na natureza lento para garantir um crescimento 
rápido e vigoroso.
IMPORTANT
E
A fração coloidal do solo, representada pela matéria orgânica e pelas argilas, 
é que armazena os nutrientes formando uma reserva que será fornecida às plantas, até 
certo ponto, de acordo com suas necessidades. É também o complexo coloidal que retém 
nutrientes em uma forma adsorvida e não lixiviável pelas águas das chuvas evitando perdas 
por percolação. (BRANDY, 1983). 
No mais, solos pobres de coloides, em clima úmido, possuem poucos 
nutrientes disponíveis às culturas, necessitando receber fertilizantes em 
quantidade, qualidade e tempo oportunos. (BRANDY, 1983). 
TÓPICO 2 | RELAÇÃO SOLO E PLANTAS
99
2.5.1 Elementos de nutrição essenciais para as plantas
Os elementos de nutrição essenciais devem estar presentes para as plantas 
nas formas usáveis e nas concentrações ótimas para o seu crescimento. Para tal, 
as plantas obtêm esses elementos do ar (mediante fotossíntese), da água do solo 
ou dos minerais do solo (Quadro 3).
QUADRO 3 – ELEMENTOS DE NUTRIÇÃO ESSENCIAIS E SUAS FONTES
Elementos essenciais usados em maior quantidade Elementos essenciais usados em menor quantidade
Fonte principal: ar e água Fonte: minerais do solo Fonte: minerais do solo
Carbono Nitrogênio Ferro Cobre
Hidrogênio Fósforo Manganês Zinco
Oxigênio Potássio Boro Cloro
Cálcio Molibdênio Cobalto 
Magnésio
Enxofre
FONTE: Brandy (1983, p. 24)
De acordo com a necessidade das plantas, os elementos essenciais de nutrição 
podem ser classificados em MACRONUTRIENTES e MICRONUTRIENTES.
MACRONUTRIENTES: Dos quatro elementos essenciais obtidos dos 
minerais do solo pelas plantas, seis (6) são utilizados em quantidades relativamente 
grandes, assim, são denominados macronutrientes. São eles: nitrogênio, fósforo, 
potássio, cálcio, magnésio e enxofre. O crescimento das plantas poderá ser 
retardado caso faltem esses elementos no solo, isso porque sua assimilação se 
processa de forma lenta ou porque não estão adequadamente balanceados em 
relação aos outros nutrientes. (BRANDY, 1983).
NOTA
Macronutrientes são elementos nutritivos necessáriosà planta em maiores 
quantidades.
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
100
IMPORTANT
E
O fósforo, o nitrogênio e o potássio são geralmente fornecidos ao solo por 
meio das fezes de animais (estrume) ou por fertilizantes comerciais. Já o cálcio e o magnésio 
são adicionados aos solos quando ácidos na forma de calcário, para controlar o pH do solo. 
O enxofre, além de existir nas águas de rios é adicionado aos solos como ingredientes de 
alguns fertilizantes. (BRANDY, 1983).
MICRONUTRIENTES: Os outros elementos (ferro, manganês, cobre, 
zinco, boro, molibdênio, cloro e cobalto) são utilizados pelas plantas em 
quantidade muito pequena, por isso, se justifica a designação de micronutrientes. 
(BRANDY, 1983).
NOTA
Micronutrientes são elementos nutritivos necessários à planta em quantidades 
reduzidas.
IMPORTANT
E
A disponibilidade dos micronutrientes é problemática geralmente em três tipos 
de solos: arenosos, orgânicos e muito alcalinos. Isso é consequência das quantidades 
relativamente pequenas de micronutrientes em areais e em solos orgânicos e a reduzida 
capacidade de assimilação na maioria desses elementos sob condições de elevada 
alcalinidade. (BRANDY, 1983).
2.6 ACIDEZ E ALCALINIDADE DO SOLO E AS PLANTAS
A reação química do solo é um importante fator na produção agrícola, 
influenciando na disponibilidade de nutrientes às raízes das plantas, propiciando 
condições favoráveis ou de toxidez; concorre, igualmente, para favorecer o 
desenvolvimento de microrganismos que operam transformações úteis para 
melhorar as condições do solo, como também pode concorrer para dar meio 
propício a microrganismos causadores de doenças às plantas. (KIEHL, 1979). 
TÓPICO 2 | RELAÇÃO SOLO E PLANTAS
101
Assim, os solos que têm o pH entre 5,8 e 7,5 tendem ser livres de problemas 
do ponto de vista do crescimento de plantas. Abaixo de pH 5, haverá deficiência 
de elementos como o cálcio (Ca), magnésio (Mg), o fósforo (P), o molibdênio 
(Mo), boro (B) ou toxidez de alumínio (AI), manganês (Mn), zinco (Zn) e outros 
metais pesados, devido às suas maiores solubilidades. A presença de pH entre 
8,0 e 8,5 indica a ocorrência de carbonato de cálcio e/ou magnésio livres e baixas 
disponibilidades dos elementos fósforo (P), manganês (Mn), zinco (Zn) e cobre 
(Cu). (KIEHL, 1979). 
2.7 ÁGUA DO SOLO E AS PLANTAS
O efeito primário do adensamento e compactação sobre o crescimento das 
plantas pode ser associado diretamente com a água disponível. O segundo efeito 
é a condição do solo criado pelo uso de maquinaria para seu preparo. O terceiro 
é a falta aguda de oxigênio no solo explorado.
IMPORTANT
E
As condições normalmente encontradas, num solo agrícola, são: 
1 Uma crosta superficial que impede a infiltração da água pluvial, provocando seu 
escorrimento e com isso a erosão. 
2 Uma camada solta logo abaixo, de 6 a 8 cm de espessura. 
3 Abaixo desta encontra-se uma camada adensada cuja espessura oscila entre 6 e 15 cm e 
com grau de densidade diferente, geralmente constituindo uma barreira de efeito variável 
à penetração radicular. 
A habilidade das plantas de poder crescer em solo bem drenado (seco) 
ou mal drenado (úmido) depende do potencial radicular. Porém, crescer em 
camadas bem drenadas, superaquecidas pela incidência direta do sol, planta 
alguma consegue. 
A crosta impede a infiltração de água, mas é bom condutor de calor, de 
modo que cria uma camada de aproximadamente 5 cm completamente seca e 
quente durante o dia. Logo abaixo, segue-se uma camada bem arejada e fofa, onde 
a raiz consegue se desenvolver, local esse onde já existe o suficiente de umidade 
para o crescimento radicular. E mais abaixo segue uma camada adensada, 
barrando o desenvolvimento normal das raízes. (Figura 39).
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
102
FIGURA 39 – EFEITO DA CROSTA SUPERFICIAL SOBRE O DESENVOLVIMENTO 
RADICULAR
FONTE: Primavesi (2002, p. 55)
Sabe-se que a raiz varia de forma e tamanho segundo a umidade do solo, 
que pode ser consequência do clima. (Figura 40).
FIGURA 40 – INFILTRAÇÃO E EFEITO DO ADENSAMENTO DO SOLO SOBRE O 
DESENVOLVIMENTO RADICULAR E A MUDANÇA NA RAIZ
FONTE: Primavesi (2002, p. 57)
Verifica-se que a infiltração diminui à medida que o solo mostra 
adensamentos e crostas superficiais (Figura 40), de modo que finalmente se 
instala uma vegetação xerófita (planta que tolera condição seca).
TÓPICO 2 | RELAÇÃO SOLO E PLANTAS
103
NOTA
A água é tanto mais essencial na vida das plantas quando se considera que entre 
85 e 95% da planta são água e que não existe absorção das plantas sem que as substâncias, 
minerais e orgânicas, sejam dissolvidas em água. (PRIMAVESI, 2002).
2.7.1 A influência do nível freático sobre e crescimento 
radicular
Tanto um nível freático muito profundo como um muito superficial 
podem constituir limitações para o crescimento radicular. (Figura 41).
FIGURA 41 – INFLUÊNCIA DAS OSCILAÇÕES DO NÍVEL FREÁTICO SOBRE O 
CRESCIMENTO RADICULAR
Percebe-se ainda, por meio da Figura 40, que a raiz, à procura de água, 
consegue enraizar o solo até profundidades consideráveis, de modo que a 
existência de raízes em maior profundidade indica uma infiltração boa. Quando, 
porém, o solo tiver um nível maior de nutrientes, as raízes conseguem nutrir-
se com maior facilidade e não penetram tão profundo no solo, uma vez que o 
gasto de água depende, também, da nutrição vegetal. Em clima seco, onde a 
quantidade de água não é o suficiente para percolar todo perfil do solo, as raízes 
permanecem na camada superficial, indicando assim até onde ocorre a infiltração. 
Quando, porém, o desenvolvimento radicular permanece superficial por causa 
de adensamentos, o aspecto é outro. (PRIMAVESI, 2002).
FONTE: Primavesi (2002, p. 60)
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
104
Se o nível freático é baixo, a falta de água é aparente e as raízes concentram-
se mais profundas no solo, buscando a captação da água. Mas se o nível freático 
é muito superficial, como ocorre em muitos solos da Amazônia e em partes do 
Nordeste, limita igualmente a penetração radicular. Na floresta em geral, com 
muitas árvores com raízes respiratórias ou raízes tabulares, encontramos o 
quadro típico de um nível freático alto, às vezes, subindo até a superfície. As 
oscilações do nível freático, geralmente, limitam o enraizamento do solo como 
mostra a Figura 41, simplesmente por falta de oxigênio no horizonte.
2.8 MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO E AS PLANTAS
Nas propriedades químicas e físico-químicas do solo, a matéria orgânica 
tem sua importância ressaltada na reação do solo, nos conteúdos de bases trocáveis 
e na capacidade de troca catiônica, propriedades essas que muito contribuem 
no suprimento de nutrientes às plantas. A capacidade da matéria orgânica em 
adsorver cálcio, magnésio, potássio e outros elementos, evita a lavagem desses 
nutrientes em solos pobres de argila.
IMPORTANT
E
Matéria orgânica são todas as frações que contêm carbono, como húmus, 
raízes, folhas, galhos, tronco de árvores mortas, excreções de animais, microrganismos etc.
NOTA
A matéria orgânica é muito importante para o desenvolvimento das plantas, sendo 
que a capacidade de troca catiônica (CTC) dessa pode ser de 2 a 20 vezes a das argilas.
Se o papel da matéria orgânica fosse unicamente adicionar nutrientes ao 
solo especialmente nitrogênio, teria pouca importância, uma vez que a adubação 
mineral age com maior precisão e eficiência, embora, por exemplo, o feijoeiro 
reaja melhor a uma adubação verde, que é rica em nitrogênio, do que a uma 
adubação mineral. (PRIMAVESI, 2002).
TÓPICO 2 | RELAÇÃO SOLO E PLANTAS
105
NOTA
Adubação verde é a adição de restos de cultivares (folhas, galhos) na produção 
de novas culturas. Essa adubação consiste especialmente no fornecimento de nitrogênio 
orgânico e substância de crescimento.
Porém, você já deve ter percebido que nenhum produto consegue substituir 
o efeito da matéria orgânica. A adubação mineral, por mais completa que seja,nunca consegue manter a produtividade do solo, quer o clima seja temperado ou 
tropical, sem que exista o retorno sistemático e dirigido da matéria orgânica.
Assim, pode-se verificar, conforme Primavesi (2002), que a matéria 
orgânica fornece:
1 substâncias agregantes do solo;
2 ácidos orgânicos e álcoois durante sua decomposição, e que servem de fonte de 
carbono aos microrganismos fixadores de nitrogênio nas plantas;
3 possibilidade de vida aos microrganismos;
4 alimento aos organismos ativos na decomposição, produzindo antibióticos que 
protegem as plantas de ataques;
5 substâncias intermediárias produzidas durante a decomposição que podem 
servir para o crescimento das plantas;
6 aumenta a capacidade de troca catiônica (CTC) quando humificada;
7 aumenta o poder de tampão (resistência contra modificações bruscas do pH do 
solo);
8 fornece substâncias como fenóis que contribuem na respiração e maior absorção 
do fósforo, além da sanidade das plantas.
DICAS
Para maior aprofundamento nas relações solo-planta sugerimos a leitura do 
livro Manejo ecológico do solo, escrito por Primavesi em 2002.
106
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você estudou que:
• Os fatores essenciais dos solos relacionados com o desenvolvimento das 
plantas são: as propriedades físicas do solo especialmente sua estrutura; as 
propriedades químicas do solo; a umidade do solo; a matéria orgânica; o clima, 
incluindo temperaturas e precipitações. 
• A estrutura do solo é uma propriedade que atua como importante fator na 
aeração, garantindo um fluxo de oxigênio para as plantas.
• O crescimento das raízes, o suprimento de nutrientes às plantas, a capacidade 
de armazenamento de água, a aeração são características e propriedades 
apresentadas por um perfil do solo e que definem seu valor agrícola.
• Adensamento é a compactação por entupimento dos poros do solo, 
desfavorecendo o crescimento radicular das plantas.
• O solo ideal tem sido referido como aquele que apresenta 50% de 
macroporosidade e 50% de microporosidade.
• As plantas obtêm esses elementos do ar, da água e/ou dos minerais do solo.
• Os elementos essenciais de nutrição podem ser classificados em macronutrientes 
(necessários à planta em maiores quantidades) e micronutrientes (necessários à 
planta em quantidades reduzidas).
• Os solos que têm o pH entre 5,8 e 7,5 tendem ser livres de problemas do ponto 
de vista do crescimento de plantas.
• A habilidade das plantas de poder crescer em solo bem drenado (seco) ou mal 
drenado (úmido) depende do potencial radicular.
• Tanto um nível freático muito profundo como um muito superficial podem 
constituir limitações para o crescimento radicular.
• A matéria orgânica é muito importante para o desenvolvimento das plantas, 
sendo que a capacidade de troca catiônica (CTC) dessa pode ser de 2 a 20 vezes 
a das argilas.
107
AUTOATIVIDADE
Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 Cite os fatores do solo que estão relacionados com o desenvolvimento das 
plantas.
2 Quais efeitos podem gerar o adensamento do solo sobre uma planta? 
3 Quais são os elementos minerais usados em maior quantidade pelas plantas? 
E como são chamados?
4 Quais são os elementos minerais usados em menor quantidade pelas 
plantas? E como são chamados?
5 Relacione os elementos com (1) para macronutrientes e (2) para 
micronutrientes:
6 Quais são as condições do solo em uma área agrícola? Qual o efeito da crosta 
superficial sobre o desenvolvimento radicular?
7 Qual a relação entre o adensamento do solo, a infiltração da água e o 
desenvolvimento radicular? 
( ) Carbono
( ) Enxofre
( ) Manganês
( ) Ferro
( ) Molibdênio
( ) Cobre
( ) Cobalto
( ) Zinco
( ) Magnésio
( ) Fósforo
( ) Oxigênio
( ) Boro
( ) Hidrogênio
( ) Cálcio
108
109
TÓPICO 3
COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a atenção da população tem sido progressivamente 
focalizada na poluição ambiental e nos seus efeitos sobre o homem, a flora, a 
fauna bem como seus ecossistemas. Atualmente, entre os maiores poluentes se 
enquadram os despejos urbanos (esgotos) e os industriais, em uma gama de 
diferentes produtos químicos. Contudo, a urbanização e ocupação do solo; as 
atividades agropastoris, ligadas à agricultura e pecuária; atividades extrativas 
como a mineração; o armazenamento de produtos e resíduos, principalmente 
perigosos; acidentes no transporte de cargas como derrame ou vazamento de 
produtos ou resíduos perigosos; disposição de resíduos sólidos de diversas 
origens, com destaque para os industriais em termos de significância de poluição 
entre outros também têm sido a causa da poluição dos solos.
De tal forma, o solo é o recipiente mais visado, intencional ou não, da 
maioria destes produtos químicos, que são despejados indiscriminadamente. 
Além disso, após a penetração destes materiais no solo ou o seu mau uso, tornam-
se parte de um ciclo que influencia todas as formas de vida, inclusive a do homem. 
É essencial uma compreensão desses poluentes, das suas reações nos solos, e dos 
meios de destruí-los, controlá-los ou desativá-los. 
Neste Livro de Estudos, mais propriamente neste tópico, você estudará o 
surgimento dos agrotóxicos, sua classificação com relação ao composto químico, 
seu comportamento e transporte no solo e a relação existente entre os agrotóxicos 
e a mata ciliar. 
2 CONCEITO E SURGIMENTO DOS AGROTÓXICOS
O conceito de agrotóxico é dado pela Lei no 7.802/89 em seu art. 1º (VI), 
sendo considerado como produtos e agentes de processos físicos, químicos ou 
biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e 
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, 
nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos 
e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a 
fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem 
como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, 
estimuladores e inibidores de crescimento. 
110
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
A Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, específica para os agrotóxicos, 
dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, 
o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a 
utilização, a importação e exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o 
registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização e dá outras providências.
UNI
A Lei no 7.802/89 específica para os agrotóxicos é muito importante. Sugerimos 
a você conhecê-la na íntegra. Faça uma leitura! Você pode encontrá-la disponível em: 
<www.mma.gov.br>.
O emprego de produtos químicos no controle de pestes tem sido prática 
de séculos. Há informações de que os gregos já usavam enxofre para prevenir 
certas doenças em plantas. Produtos químicos foram pesquisados e produzidos, 
quando Pasteur no início do século XIX descobriu serem os microrganismos os 
causadores de certas doenças dos animais e das plantas. (BRANDY, 1983). 
O emprego de uma mistura de vinho "Bordeaux" com cobre se vulgarizou 
logo após as descobertas de Pasteur. Misturas de cal e de enxofre, assim como 
aspersões de arsênico têm sido usadas por meio século na prevenção de doenças 
e para evitar estragos de insetos nas macieiras. (BRANDY, 1983). 
Embora estivessem em uso estes produtos químicos citados, a descoberta 
das propriedades de inseticida do DDT em 1939 e os efeitos do herbicida 2-4-D em 
1941 que realmente iniciaram a revolução química na agricultura. Estes produtos 
químicos matavam as pestes e podiam ser manufaturados em bases econômicas 
pela humanidade. Embora demonstrassem significação própria no controle dos 
insetos e das ervas daninhas, o maior impacto foi a nova conceituação: o homem 
poderia aperfeiçoare manufaturar biocidas para empregá-los na sua guerra 
contra as pestes. (BRANDY, 1983).
UNI
Você sabia que dezenas de milhares de fórmulas e de produtos químicos foram 
aperfeiçoados, verificados e encontram-se atualmente em uso? Em 1970, mais de 1 bilhão de 
libras de agrotóxicos foram aplicados nos Estados Unidos, cerca de 50% dos quais utilizados 
na agricultura. (BRANDY, 1983). 
TÓPICO 3 | COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO
111
Um fato histórico muito importante também correlacionado ao uso 
desses produtos foi a Guerra do Vietnã, ocorrida entre os anos de 1954 e 1975. 
O país se dividiu em duas metades: o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul. Dentre 
as armas de guerra presentes, destacaram-se os herbicidas desfolhantes (o mais 
famoso ficou conhecido como "agente laranja"), que foram utilizados pelos norte-
americanos pela seguinte razão: como a resistência vietnamita era composta por 
bandos de guerrilheiros que se escondiam nas florestas, formando armadilhas 
para os soldados americanos, a aspersão de nuvens de herbicidas por aviões 
fazia com que as árvores perdessem suas folhagens, dificultando a formação de 
esconderijos.
Essa operação militar, aparentemente bem sucedida, trouxe consequências 
ambientais e de saúde catastróficas para a população local, que foram:
• Contaminação das águas dos rios e do mar, de todos os seres vivos presentes 
nesses ambientes e dos seres humanos pelo consumo desta água. 
• Os herbicidas que compõem o agente-laranja (o 2,4-D e o 2,4,5-T) também são 
tóxicos a pequenos animais terrestres e aquáticos, assim como a muitos insetos 
benéficos para as plantas. 
• O herbicida 2,4,5-T é sempre acompanhado da dioxina, que é o mais ativo 
composto causador de deformações em recém-nascidos que se conhece 
(tetranogênico), permanece no solo e na água por um período superior a um ano.
DICAS
Publicado em 1962, o livro Primavera Silenciosa (Silent Spring) de Rachel Carson, 
foi a primeira obra a detalhar os efeitos adversos da utilização dos agrotóxicos, iniciando o 
debate acerca das implicações da atividade humana sobre o ambiente e o custo ambiental 
dessa contaminação para a sociedade humana. Faça a leitura desse livro!
3 CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS QUANTO AO 
COMPONENTE QUÍMICO
Existem vários tipos de agrotóxicos presentes no mercado devido aos 
diferentes fins aos quais são aplicados. No Brasil, há cerca de 300 princípios ativos 
em 2 mil formulações comerciais diferentes (OPAS/OMS, 1996). De tal forma, é 
importante conhecer a classificação dos agrotóxicos quanto à sua ação e ao grupo 
químico a que pertencem. Essa classificação também é útil para o diagnóstico das 
intoxicações e instituição de tratamento específico. Então, vamos lá! 
112
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
Os agrotóxicos podem ser classificados em três grupos principais (OPAS/
OMS, 1996): 
• Inseticidas: possuem ação de combate a insetos, larvas e formigas. Conforme 
você pode verificar na Tabela 4, inseticidas pertencem a quatro grupos químicos 
distintos. 
• Herbicidas: possuem ação de combate às ervas daninhas, indesejáveis na 
agricultura. Nas últimas duas décadas, esse grupo tem tido uma utilização 
crescente na agricultura. 
• Fungicidas: possuem ação de combate a fungos.
TABELA 4 – PRINCIPAIS GRUPOS QUÍMICOS DE AGROTÓXICOS E EXEMPLOS COMERCIAIS, 
CONFORME OPAS/OMS (1996)
Grupo químico Exemplos
Inseticidas:
organofasforados 
carbonatos 
organoclorados 
piretroides
Folidol, Azodrin, Malation, Diazinon, Nuvacron, Tantaron 
Carbaril, Tentfk, Zeclram, Furadan 
Aldrin, Endrin, MtIC, DUr, Endossulfan, Heptacloro, 
Lindane
Aletrina, resmetrina, decametrina, cipermetrina
Herbicidas:
paraguat
glifosato
pentacloofenol
derivados do ácido fenoxiacético
 dinitrofenóis
Gramoxone 
Round-up
2,4 diclorofenoxiacético (2,4 D) a 2,4,5 triclorofenoxiacético 
(2,4,5 T). 
Dinoseb a DNOC.
Fungicidas
etileno-bis-ditiocarbonatos
trifenil estânico 
captan
hexaclorobenzeno
Maneb, Mancozeb, Dithane, Zineb,Tiram 
Duter e Brestan 
Ortocide a Merpan
FONTE: A autora
Outros grupos: 
• Raticidas: utilizados no combate a roedores. 
• Acaricidas: ação de combate a ácaros diversos. 
• Nematicidas: ação de combate a nematoides. 
• Molusquicidas: ação de combate a moluscos, basicamente contra o caramujo 
da esquistossomose. 
• Fumigantes: ação de combate a insetos e bactérias.
TÓPICO 3 | COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO
113
NOTA
Os fertilizantes não são considerados agrotóxicos, e sim são compostos químicos 
que visam suprir as deficiências em substâncias vitais à sobrevivência das plantas. São aplicados 
na agricultura com o intuito de aumentar a produção. Podem ser aplicados através das folhas 
(pulverização manual ou mecanizada ou ainda via irrigação) ou através do solo. O principal 
grupo de elementos químicos utilizados são o NPK – nitrogênio, fósforo e potássio.
NOTA
Outra importante substância orgânica aplicada nas plantas são os hormônios, 
que desempenham uma importante função na regulação do crescimento. No geral, atuam 
ou não diretamente sobre os tecidos e órgãos produzindo respostas fisiológicas específicas 
(floração, crescimento, amadurecimento de frutos etc.).
Os agrotóxicos são classificados, ainda, segundo seu grau de periculosidade 
e poder tóxico. Veja a seguir.
3.1 GRAU DE PERICULOSIDADE/TOXICIDADE E O MEIO 
AMBIENTE
Os agrotóxicos são produzidos a partir de diferentes substâncias químicas, 
desenvolvidos para matar, exterminar, combater ou impedir o desenvolvimento 
de diferentes organismos considerados prejudiciais às culturas implantadas no 
sistema agrícola mundial. (RIBAS; MATSUMURA, 2009). Assim, por sua forma 
de ação, por atuarem sobre processos vitais, esses produtos têm ação sobre a 
constituição física, saúde do ser humano e o meio ambiente. (EPA, 1985).
Para se ter uma noção, a Portaria Normativa no 84/1996 classifica os 
agrotóxicos quanto ao potencial de periculosidade ambiental baseada nos 
parâmetros bioacumulação, persistência, transporte, toxicidade a diversos 
organismos, potencial mutagênico, teratogênico, carcinogênico, obedecendo aos 
seguintes graus:
• Classe I - Produto Altamente Perigoso.
• Classe II - Produto Muito Perigoso.
• Classe III - Produto Perigoso.
• Classe IV - Produto Pouco Perigoso.
114
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
A avaliação e a classificação do potencial de periculosidade ambiental 
de um agrotóxico são baseadas em estudos físico-químicos, toxicológicos e 
ecotoxicológicos. Já a classificação dos agrotóxicos em função dos efeitos à saúde, 
decorrentes da exposição humana a esses agentes, pode resultar em diferentes 
classes toxicológicas, sumarizadas na Tabela 5. Essa classificação obedece a testes 
ou estudos realizados em laboratório que tentam estabelecer a dosagem letal (DL) 
do agrotóxico em 50% dos animais utilizados naquela concentração. (RIBAS; 
MATSUMURA, 2009).
TABELA 5 – CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS DE ACORDO COM OS EFEITOS À SAÚDE 
HUMANA
Classe toxicológica Toxicidade DL50 Faixa colorida
I Extremamente tóxico < 5 mg/kg Vermelha
II Altamente tóxico Entre 5 e 50 mg/kg Amarela
III Mediamente tóxico Entre 50 e 500 mg/kg Azul
IV Pouco tóxico Entre 500 e 5000 mg/kg Verde
V Muito pouco tóxico Acima de 5000 mg/kg -
FONTE: OPAS/OMS (1996)
UNI
No Brasil, a classificação toxicológica está a cargo do Ministério da Saúde.
O aumento considerável no volume de agrotóxicos aplicados tem gerado 
uma série de transtornos e modificações para o ambiente, tanto pela contaminação 
das comunidades de seres vivos que o compõe, quanto pela sua acumulação nos 
segmentos bióticos e abióticos do ecossistema (biota, água, ar, solo etc.). Um dos 
efeitos negativos provocado pelos agrotóxicos é a contaminação de espécies não 
alvo, ou seja, espécies que não interferem no processo de produção. O Quadro 4 
apresenta o grau de toxicidade e persistência nos principais grupos de animais 
atingidos pela contaminação ambiental por agrotóxicos (variando de 1 a 5), exceto 
humanos. (RIBAS;MATSUMURA, 2009).
TÓPICO 3 | COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO
115
QUADRO 4 – TOXICIDADE E PERSISTÊNCIA AMBIENTAL DE ALGUNS AGROTÓXICOS (ESCALA 1 A 5)
FONTE: OPAS/OMS (1996) e Ribas; Matsumura (2009)
4 COMPORTAMENTO DE AGROTÓXICOS NO SOLO
Os agrotóxicos são aplicados às folhagens das plantas, à superfície do 
solo ou incorporados ao próprio solo. Em qualquer uma destas situações, uma 
elevada proporção dos produtos químicos eventualmente se desloca para o 
interior do solo, fato que aumenta a importância dos estudos sobre o destino de 
tais produtos no solo. 
A grande variedade das fórmulas químicas estruturais encontradas nos 
agrotóxicos justifica a ampla multiplicidade de comportamento destes produtos 
químicos no solo (BRANDY, 1983). Pesquisas de laboratório e de campo 
confirmam tal multiplicidade. Para se fazer uma ideia do seu comportamento, 
serão a seguir consideradas algumas características dos agrotóxicos e da maneira 
por que exercem influência sobre o comportamento e sobre as reações químicas 
nos solos. Atenção será dada a cinco possíveis destinos dos agrotóxicos, conforme 
Brandy (1983), após serem adicionados aos solos: 
a) os produtos químicos poderão se vaporizar e se perder na atmosfera, sem 
nenhuma modificação química;
b) poderão ser adsorvidos pelos solos;
c) poderão se mover no sentido descendente do solo, sob forma líquida ou de 
solução e se perder por lixiviação;
d) poderão ser submetidos a reações químicas na superfície ou no interior do solo e; 
e) poderão ser desagregados pelos microrganismos. 
No quadro 4, você poderá verificar a dinâmica ou destino dos agrotóxicos 
no ambiente. Note que os processos como volatilização, adsorção, lixiviação, reações 
químicas e metabolismo microbiano ocorrem influenciados por alguns fatores e que 
vão gerar algumas consequências no transporte e na degradação do agrotóxico.
Agrotóxicos
Toxicidade
Persistência no ambiente
Mamíferos Peixes Aves Insetos
Permetrina (piretróide) 2 4 2 5 2
DDT (organoclorado) 3 4 2 2 5
Lindano (organoclorado) 3 3 2 4 4
Etil-paration (organofosforado) 5 2 5 5 2
Malation (organofosforado) 2 2 1 4 1
Carbaril (carbamato) 2 1 1 4 1
Metoprene (regulador de crescimento) 1 1 1 2 1
Bacillus thuringensis (microbiológico) 1 1 1 1 1
116
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
QUADRO 5 – DINÂMICA/DESTINO DO AGROTÓXICO NO AMBIENTE
FONTE: Pierzynski; Sims; Vance (1994, p. 200)
UNI
Vamos conhecer um pouco mais sobre alguns desses fatores relacionados com 
o transporte e degradação dos agrotóxicos no solo.
4.1 VOLATILIDADE 
A volatilidade dos agrotóxicos é muito variável, assim como sua 
susceptibilidade de perdas para a atmosfera. Certos agrotóxicos apropriados à 
fumigação do solo como o brometo de metila são selecionados por causa de suas 
pressões de vapor, muito elevadas e que possibilita sua penetração nos poros do 
solo, para atingir os organismos. Essas mesmas características estimulam rápida 
fuga para a atmosfera, após o tratamento, a menos que o solo esteja coberto, ou 
seja, isolado. Uns poucos herbicidas (por exemplo, EPTA, CDEA, trifluralin) e 
Processo Consequência Fatores
Transferência (processo que realoca a molécula sem alterar sua estrutura)
Deriva física Movimento pela ação do vento Velocidade do vento, tamanho das gotas
Volatilização Perda por evaporação do solo, da planta ou do ecossistema aquático
Pressão de vapor, velocidade do 
vento, temperatura
Adsorção Remoção pela interação com plantas, solo e sedimento
Conteúdo mineral e matéria orgânica, 
tipo de mineral, umidade
Absorção Absorção pelas rapizes ou ingestão animal
Transporte pela membrana celular, 
tempo de contato sustentabilidade
Lixiviação Translocação lateral e vertical através do solo
Conteúdo de água, macroporos, 
textura do solo, quantidade do mineral 
e contepudo de matéria orgânica
Erosão Movimento pela ação da água ou do vento
Chuva, velocidade do vento, tamanho 
das partículas do mineral e da matéria 
orgânica com moléculas adsorvidas
Degradação (processo que altera a estrutura química)
Fotoquímica Quebra da molécula devido a absorção de luz solar
Estrutura química, intensidade e 
duração da luz solar, exposição
Microbiana Degradação microbiana
Fatores ambientais (pH, umidade, 
temperatura), condições de nutriente, 
conteúdo de matéria orgânica
Química Alteração por processos químicos como hidrólise e reações de oxi-redução Alto ou baixo pH e fatores ambientais
Metabolismo Transformação química após absorção pelas plantas e animais
Capacidade de ser absorvido, ser 
metabolizado e interagir com organismos
TÓPICO 3 | COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO
117
fungicidas (por exemplo, PCNB) são suficientemente voláteis para fazer da 
vaporização o principal processo de escapamento do solo. (BRANDY, 1983).
NOTA
As análises da atmosfera esclarecem que DDT e dieldrina (altamente tóxicos) 
são volatilizados do solo em quantidades expressivas, embora suas pressões de vapor sejam 
bastante reduzidas se comparadas às dos produtos químicos anteriormente mencionados. 
(BRANDY, 1983). 
UNI
Você sabia que, por meio da vaporização pode ocorrer, ao menos em parte, o 
deslocamento aéreo dos produtos químicos voláteis dos agrotóxicos para grandes distâncias 
dos seus pontos de aplicação? Isso pode acarretar em contaminação de muitas áreas, além 
do ar e das águas.
4.2 ADSORÇÃO
A tendência de serem adsorvidos pelos solos é, em grande parte, 
determinada pelas características do próprio agrotóxico, assim como do solo a que 
são adicionados. A presença de certos grupos funcionais na estrutura molecular 
dos produtos químicos estimula a adsorção, especialmente nos solos humosos. 
Via de regra, quanto maior for o tamanho das moléculas dos agrotóxicos, maior 
será a sua adsorção. (BRANDY, 1983).
IMPORTANT
E
A adsorção está relacionada com a movimentação da água no solo, como você 
já viu no Tópico 1 dessa unidade. No entanto, adsorção do agrotóxico ocorre quando o ele 
fica aderido ou preso à partícula de argila ou mineral do solo.
118
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
4.3 LIXIVIAÇÃO
A tendência dos agrotóxicos à lixiviação está intimamente relacionada 
com o seu potencial de adsorção. A movimentação da água poderá favorecer a 
lixiviação, que se realiza com maior rapidez em solos arenosos permeáveis, com 
reduzida porcentagem de argila e de matéria orgânica. De uma maneira geral, 
os herbicidas aparentam possuir maior mobilidade do que os fungicidas ou os 
inseticidas. (BRANDY, 1983).
IMPORTANT
E
A lixiviação é a remoção pela água de compostos solúveis contidos na matéria 
orgânica ou no perfil do solo. Logo, os agrotóxicos quando solúveis no solo podem ser 
lixiviados para o aquífero freático, levando à contaminação das águas subterrâneas.
4.4 REAÇÕES QUÍMICAS
Após contato com o solo, muitos agrotóxicos, sem interferência dos 
organismos do solo, são submetidos a modificações químicas. Na superfície do 
solo, alguns produtos como DDT e "diquat" ficam sujeitos à fotodecomposição 
desencadeada pela radiação solar. Tal degradação tem, entretanto, importância 
relativamente menor do que a que é catalisada diretamente pelo sol. Admite-se que 
esta catálise ocorre principalmente devido à fração da argila, especialmente nos 
solos ácidos. As decomposições químicas do DDT, endrina, heptacloro, malation, 
diazinon e atrazina, são exemplos deste tipo de reação. Embora as complexidades 
das estruturas moleculares dos agrotóxicos façam supor a existência de diferentes 
mecanismos de desagregação, é preciso compreender que realmente ocorre esta 
desintegração independente dos organismos do solo. (BRANDY, 1983). 
A característica do solo com que a adsorção demonstra mais íntima 
associação é com o montante de matéria orgânica do próprio solo. Um pequeno 
número de tipos de agrotóxicos (como os herbicidas fortes) são também 
adsorvidos pelas argilas. 
TÓPICO 3 | COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO
119
4.5 METABOLISMO MICROBIANO
 A degradação bioquímica exercidapelos organismos do solo é talvez o 
método singular mais importante de remoção dos agrotóxicos do solo. A presença 
de certos grupos polarizados nas moléculas dos agrotóxicos proporciona, 
aparentemente, pontos de ataque aos organismos.
NOTA
O DDT poderá ser modificado por determinados fungos e bactérias, 
transformando-se em compostos mais simples, no entanto, sua desagregação posterior 
ocorre muito lentamente.
Os outros hidrocarbonetos clorados (como aldrina, dieldrina e heptacloro) 
ficam apenas condicionados à "decomposição parcial", porque os organismos não 
se ajustam à rápida destruição de tais compostos, o que contribui para a marcante 
persistência destes compostos nos solos. (BRANDY, 1983). 
Os inseticidas organofosfáticos são degradados nos solos, com muita 
rapidez, aparentemente por grande número de organismos. De modo semelhante, 
os herbicidas mais comumente empregados, como o 2,4-D e os carbamatos são 
prontamente atacáveis por organismos. Os fungicidas orgânicos estão igualmente, 
na sua maioria, expostos à decomposição microbiana, embora seja lento o ritmo de 
desintegração de alguns deles, ocasionando embaraçosos problemas de resíduos. 
(BRANDY, 1983). 
IMPORTANT
E
Os microrganismos desempenham importante função na degradação dos 
agrotóxicos nos solos, contudo o uso indiscriminado e em altas doses (sem controle) faz 
com que esses microrganismos se extingam do solo, isso pode resultar na permanência do 
agrotóxico por muitos anos no solo.
120
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
4.6 PERSISTÊNCIA NOS SOLOS
A persistência dos agrotóxicos nos solos é o somatório de todas as reações, 
movimentos e degradações que exercem influência sobre os mesmos. A regra 
geral é uma marcante diferença nas persistências. Por exemplo, os inseticidas 
organofosfatos têm duração de apenas alguns dias nos solos; o herbicida 2,4-
D, que é o mais amplamente usado, tem uma persistência nos solos de duas a 
quatro semanas apenas; o DDT e outros hidrocarbonetos clorados poderão ter 
uma persistência de três a quinze anos ou mais. (BRANDY, 1983).
NOTA
A Figura 42 resume todos esses processos. Após o agrotóxico ser aplicado 
no solo pode ser adsorvido nas partículas de solo ou ser solubilizado. Quando adsorvido 
pode permanecer no solo por muito tempo (run off) ou sofrer degradação química e 
assim ser lixiviado para o aquífero freático. Quando se torna solúvel, pode ser volatilizado 
(contaminando o ar ou outras áreas); sofrer fotósile (decomposição desencadeada pela 
radiação solar); ou degradação biológica (degradação desencadeada por microrganismos) 
e assim também sendo lixiviado para o aquífero freático. Também ao ser solubilizado torna-
se disponível para a absorção das plantas, podendo em seguida sofrer a degradação tanto 
química quanto biológica.
FIGURA 42 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA INTERAÇÃO ENTRE PROCESSO DE 
RETENÇÃO, TRANSPORTE E TRANSFORMAÇÃO DE UM AGROTÓXICO APLICADO NO 
SOLO
FONTE: Adaptado de Silva (1999 apud MACEDO, 2002)
Aplicação do
agrotóxico
Adsorvido
Degradação
química
Degradação
biológica
Absorção
pelas plantas
Lixiviação
Aquífero freático
Superfície do solo
"Run off"
Solução
Volatilização Fotólise
TÓPICO 3 | COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO
121
5 INFLUÊNCIA DO TIPO DE SOLO NO 
COMPORTAMENTO DOS AGROTÓXICOS
O tipo de solo e suas características interferem direta e indiretamente no 
comportamento e transporte de agrotóxicos. 
NOTA
As características do solo determinantes que estão relacionadas com o 
comportamento e transporte dos agrotóxicos são a quantidade de matéria orgânica, 
textura, porosidade, umidade, temperatura e estrutura.
A textura e porosidade são determinantes na capacidade do solo em 
reter ou não a solução do solo (FILIZOLA et al., 2002). Solos arenosos, por 
exemplo, possuem pouca matéria orgânica entre as suas partículas. Neste tipo 
de solo os agrotóxicos podem percolar facilmente e atingir reservatórios de água 
subterrânea. Solos argilosos, por exemplo, possuem partículas com compostos 
ativos que funcionam como sítios de captura para os agrotóxicos. Ainda têm-
se nos solos, os chamados macroporos, que são espaços vazios derivados de 
apodrecimento de raízes, aberturas feitas por animais que vivem nos solos, 
espaços estes que facilitam a movimentação dos agrotóxicos. (BARRIGOSSI; 
LANNA; FERREIRA, 2004). 
A quantidade de matéria orgânica do solo é uma característica muito 
importante no transporte de agrotóxicos, porém essa dependerá do tipo e da 
densidade da vegetação que há sobre este solo. Grande parte dos agrotóxicos é 
absorvida pela matéria orgânica, impedindo que estes alcancem o aquífero freático 
via percolação. (FILIZOLA; FERRACINI; SANS, 2002). Quando os agrotóxicos se 
aderem às partículas do solo ou à matéria orgânica, eles se tornam mais sujeitos 
à degradação. 
122
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
A umidade e a temperatura do solo afetam muito a decomposição dos 
agrotóxicos. A decomposição química do agrotóxico ocorre mais lentamente 
em solos bem drenados (secos) e temperaturas mais baixas, pois tanto as 
reações químicas como as biológicas ocorrem mais lentamente nestas condições. 
(BARRIGOSSI; LANNA; FERREIRA, 2004).
A maior ou menor quantidade do escoamento superficial e subsuperficial 
se devem ao relevo como também às condições pluviométricas. Quanto maior a 
declividade da área, maior a velocidade dos escoamentos e mais rapidamente os 
agrotóxicos chegam aos cursos de água. Quanto mais chuva, maior o escoamento 
e infiltração, facilitando o transporte dos agrotóxicos. Cabe lembrar a você 
que as matas ciliares funcionam como barreiras e filtros das águas escoadas 
superficialmente e que se direcionam aos cursos d’água.
O comportamento dos agrotóxicos depende não somente das 
características físicas, químicas e biológicas ao seu redor. Depende das suas 
próprias características químicas, entre elas a solubilidade, hidrofilia, cargas, 
meia-vida (half-life) em água e no solo, coeficiente de adsorção à matéria orgânica 
etc., que interagem com o solo e com os organismos presentes nele, como também 
com a água. (FILIZOLA; FERRACINI; SANS, 2002).
6 RELAÇÃO ENTRE OS AGROTÓXICOS E A MATA CILIAR
A agricultura acompanha a humanidade desde que os povos nômades 
deixaram de migrar de uma região a outra. Eles descobriram como cultivar as 
plantas e assim não mais abandonar suas terras pela falta de alimentos. Desde 
então, as práticas agrícolas vêm se aperfeiçoando muito e suas tecnologias para a 
produção gerando ótimos resultados aos produtores.
Entretanto, para realizar as atividades na agricultura, há necessidade de 
grande quantidade de água para irrigação, sendo esta de boa qualidade. Mas o que 
vem acontecendo na maioria das bacias hidrográficas é a utilização de agrotóxicos 
na agricultura e a degradação ambiental, incluindo as áreas de matas ciliares.
NOTA
A decomposição dos agrotóxicos se dá por meio de reações químicas 
envolvendo água, compostos e organismos presentes no solo. Alguns agrotóxicos se 
decompõem com radiação solar. (BARRIGOSSI; LANNA; FERREIRA, 2004).
TÓPICO 3 | COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO
123
IMPORTANT
E
As matas ciliares também são conhecidas como florestas fluviais, ripárias, 
beiradeiras, ripícolas, ribeirinhas ou florestas de galeria (NAIMAN; DÉCAMPS, 1997) que 
acompanham os cursos d'água. São áreas de preservação permanentes que se destacam 
como importantes refúgios para a fauna terrestre e aquática, como corredores de fluxo 
gênico vegetal e animal e, proteção do solo e dos recursos hídricos da bacia hidrográfica. 
(NAIMAN; DÉCAMPS, 1997; LIMA; ZAKIA, 2000). 
A mata ciliar quase sempre é retirada do terreno para se ampliar o 
espaço territorial para produção, e para aumentar ainda mais a produção são 
usados os agrotóxicos na agricultura para controle das doenças, pragas e plantas 
invasoras nas culturas, sendo eles as principais formas de controle destes vetores. 
(FILIZOLA; FERRACINI; SANS, 2002).As formas mais comuns de aplicação de agrotóxicos são por meio 
da aplicação direta no solo e pulverização (tratores, manuais e avião). Na 
pulverização, o agrotóxico é diluído em água, formando uma emulsão estável. A 
deriva, que é o movimento das gotículas do jato do agrotóxico para fora do alvo 
durante a aplicação, é um grande problema, sendo que 99,98% do ingrediente 
ativo é desperdiçado, atingindo organismos não alvo. (DORES; DE-LAMONICA 
FREIRE, 1999).
O destino dos agrotóxicos no ambiente é governado por processos de 
retenção (absorção e adsorção), de transformação (decomposição e degradação) 
e de transporte (volatilização, lixiviação, escoamento superficial) e por interações 
desses processos (SPADOTTO et al., 2002). Mas você deve se perguntar, qual a 
relação existente entre os agrotóxicos e as matas ciliares?
As matas ciliares desempenham papel de filtro superficial de sedimentos 
das águas advindas de áreas agricultáveis ou outros usos (LIMA; ZAKIA, 
2000), exercendo ainda importante papel na infiltração da água e na redução do 
escoamento superficial – funcionando como uma esponja, absorvendo a água 
das chuvas (GUERRA; CUNHA, 2000). Assim, parte dos nutrientes liberados 
pelos processos agrícolas ou de ecossistemas terrestres que chegariam aos cursos 
d’água por escoamento superficial podem ser retidos por absorção das raízes das 
plantas. Desta forma, há uma diminuição significativamente na concentração de 
agrotóxicos nos cursos da água. (LIMA; ZAKIA, 2000). 
A mata ciliar também protege o solo formando húmus, importante 
para a estabilidade e teor de agregados dos solos. (BIGARELLA et al., 1994; 
124
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
NOTA
As matas ciliares, ao exercerem função de filtro de agrotóxicos estão exercendo a 
função de proteção da biota aquática, uma vez que muitas das espécies de animais dependem 
da boa qualidade de água para a sobrevivência. Além do mais, as matas ciliares favorecem a 
criação de micro-hábitats, próprios para alguns organismos aquáticos e equilíbrio térmico da 
água por meio do sombreamento das copas das árvores.
Outro impacto perceptível do uso de agrotóxicos com ausência de matas 
ciliares, que intensifica a quantidade desses por serem carregados aos rios é a 
eutrofização artificial (aporte excessivo de nutrientes – nitrogênio e fósforo - nos 
lagos e rios) causada principalmente pelos fertilizantes utilizados.
IMPORTANT
E
A eutrofização das águas significa seu enriquecimento por nutrientes, 
principalmente nitrogênio e fósforo (provenientes de agrotóxicos, fertilizantes, esgoto 
doméstico e industrial), levando ao crescimento excessivo das plantas aquáticas (algas), 
com consequente desequilíbrio do ecossistema aquático e progressiva degeneração da 
qualidade das águas.
Diante do exposto, pode-se verificar a vulnerabilidade do ambiente à 
contaminação, principalmente, por agrotóxicos, no ambiente agrícola, onde 
são muito utilizados. Este intenso uso, aliado ao desmatamento das áreas de 
preservação permanente, contribui para a contaminação do solo, do ar e da 
GUERRA; CUNHA 2000). O teor de matéria orgânica no solo é um fator de muita 
importância para a retenção de agrotóxicos no solo e consequente melhoria da 
qualidade da água. Como exemplo disto, um estudo realizado por Vieira et 
al. (1999), conclui que o herbicida 2,4-D adsorve preferencialmente na matéria 
orgânica, retendo-se no solo, não sendo lixiviado para os cursos d’água. Segundo 
estudo efetuado por Pinho et al. (2004), a presença da mata ciliar localizada em 
área de silvicultura, reduziu as concentrações de caulinita, atrazina e picloram 
em 70, 33, e 6%, respectivamente, em escoamento, devido à presença do horizonte 
O (matéria orgânica) no solo.
TÓPICO 3 | COMPORTAMENTO DOS AGROQUÍMICOS NO SOLO
125
água, afetando assim toda a biota que se utiliza deles. A contaminação da água é 
aumentada com o uso do solo fora da sua condição de melhor aptidão e com seu 
manejo inadequado.
Este tipo de degradação ambiental ainda é muito presente, apesar de 
que o uso de agrotóxicos ser regido pela Legislação Federal (Lei no 7.802/1989) 
e a preservação da mata ciliar ser obrigatória (Lei nº 4771/65, Código Florestal 
Brasileiro).
Fazendo-se referência às condições citadas acima, problemas 
relacionados à qualidade de vida das pessoas e dos ecossistemas estão 
aparecendo cada vez mais. A retirada da vegetação das margens dos rios 
é prejudicial não somente pelo transporte de materiais em suspensão 
e agrotóxicos pelas águas, danificando a sua qualidade e causando a 
mortandade da fauna aquática (BARRELA et al., 2000), mas também por 
provocar interferência na cadeia alimentar deste ecossistema. Para o homem, 
a ingestão de água contaminada por agrotóxicos, ou exposição a estes, pode 
ocasionar várias doenças, tais como lesões hepáticas, lesões renais, neurite 
periférica, esterilidade masculina, cistite hemorrágica, hiperglicemia, 
debilidade do sistema imunológico, fibrose pulmonar irreversível, reações de 
hipersensibilidade, mutagênese, e carcinogênese. (RUEGG et al., 1991).
IMPORTANT
E
Consequências dos agrotóxicos:
• Destroem a microflora e microfauna dos solos.
• Acumulam-se nos ecossistemas, podendo perdurar por vários anos.
• Contaminam os alimentos por meio de resíduos remanescentes no solo.
• Poluem indistintamente a água, o ar e o solo. 
126
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
UNI
Saiba como minimizar o impacto ambiental dos agrotóxicos:
- Descarte corretamente as embalagens vazias de agrotóxicos.
- Utilize a dosagem correta de fertilizantes e agrotóxicos, de acordo com as instruções de 
um especialista e a embalagem do produto. 
- Cada cultura tem agrotóxicos específicos, não use os de uma planta para outra. 
- Procure usar agrotóxicos naturais sempre que possível para substituir os químicos, pois 
são menos agressivos ao ambiente.
- Fertilize o solo com adubo orgânico (esterco) que não causa contaminação.
- Não manuseie o agrotóxico sem equipamento de proteção.
- Não aplique produtos próximos à fonte de água, especialmente lagos e rios.
- Evite pulverizar o produto contra o vento, em dias de vento forte, chuvosos ou de muito 
calor - a evaporação do produto fará com que ele seja precipitado em outro local.
127
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você estudou:
• Agrotóxicos são considerados produtos e agentes de processos físicos, químicos 
ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e 
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, 
nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos 
e industriais.
• Na história dos agrotóxicos, os produtos químicos foram pesquisados e 
produzidos, quando Pasteur no início do século XIX descobriu serem os 
microrganismos os causadores de certas doenças dos animais e das plantas.
• Os agrotóxicos podem ser classificados em três grupos principais: Inseticidas: 
possuem ação de combate a insetos, larvas e formigas; Herbicidas: possuem 
ação de combate às ervas daninhas, indesejáveis na agricultura e; Fungicidas: 
possuem ação de combate a fungos.
• Quanto ao potencial de periculosidade ambiental os agrotóxicos são 
classificados em: Classe I - Produto Altamente Perigoso; Classe II - Produto 
Muito Perigoso; Classe III - Produto Perigoso e; Classe IV - Produto Pouco 
Perigoso.
• Quanto aos efeitos à saúde, podem ser classificados nas seguintes classes 
toxicológicas: extremamente tóxicos; altamente tóxicos; mediamente tóxicos; 
pouco tóxicos e; muito pouco tóxicos.
• Os agrotóxicos nos solos podem se comportar de cinco diferentes formas ou 
possuírem diferentes destinos: 
a) os produtos químicos poderão se vaporizar e se perder na atmosfera, sem 
nenhuma modificação química;
b) poderão ser adsorvidos pelos solos;
c) poderão se mover no sentido descendente do solo, sob forma líquida ou de 
solução e se perder por lixiviação;
d) poderão ser submetidos a reações químicas na superfícieou no interior do 
solo e; 
e) poderão ser desagregados pelos microrganismos. 
• O tipo de solo interfere direta e indiretamente no comportamento e transporte 
de agrotóxicos. 
128
• As características do solo determinantes que estão relacionadas com o 
comportamento e transporte dos agrotóxicos são a quantidade de matéria 
orgânica, textura, porosidade, umidade, temperatura e estrutura.
• As matas ciliares desempenham papel de filtro superficial de sedimentos das águas 
advindas de áreas agricultáveis ou outros usos, desta forma, há uma diminuição 
significativamente na concentração de agrotóxicos nos cursos da água. 
• Os agrotóxicos podem gerar diversas consequências: destruição da microflora 
e microfauna dos solos; acúmulo nos ecossistemas, podendo perdurar por 
vários anos; contaminação dos alimentos por meio de resíduos remanescentes 
no solo; poluição indistintamente a água, o ar e o solo. 
• A Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, é específica para os agrotóxicos e dispõe 
sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o 
transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a 
utilização, a importação e exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, 
o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização e dá outras 
providências.
129
Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 Como os agrotóxicos podem ser classificados?
2 Os fertilizantes e os hormônios adicionados nas plantas são considerados 
agrotóxicos? Explique.
3 Em que classes os agrotóxicos são classificados quanto ao grau de 
periculosidade e toxicidade?
4 Explique como é o comportamento dos agrotóxicos no solo. Como se dá o 
transporte e a degradação?
5 Quanto tempo um agrotóxico pode permanecer no solo?
6 O tipo de solo exerce alguma influência no comportamento do agrotóxico? 
Explique.
7 Como a mata ciliar pode contribuir para minimizar os impactos do agrotóxico 
no ambiente? Discuta com seus colegas de classe e relate.
AUTOATIVIDADE
130
131
TÓPICO 4
QUALIDADE AMBIENTAL DO SOLO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Estudar a qualidade do solo é importante para a compreensão do 
equilíbrio necessário que deve existir entre as condicionantes químicas, físicas 
e biológicas dos solos. Por meio dessas condicionantes é possível determinar o 
grau de conservação ou degradação do solo. 
Os indicadores são propriedades, processos e características que podem 
ser medidos para monitorar as mudanças ocorridas nos solos. E são os indicadores 
que levam a ação de proteção e recuperação dos solos. Portanto, é a respeito da 
qualidade do solo e de seus indicadores que você vai estudar neste tópico.
2 CONCEITO DE QUALIDADE DO SOLO
Os conceitos de qualidade do solo mais difundidos são aqueles que 
ressaltam o seu aspecto funcional, como proposto por Doran e Parkin (1994), 
que consideraram a qualidade do solo a capacidade deste de funcionar dentro 
dos limites do ecossistema para sustentar a produtividade biológica, manter a 
qualidade ambiental e promover a saúde de plantas e animais. Esta abordagem 
leva em consideração não apenas o papel do solo na produção agrícola, mas 
também a sua participação em funções específicas no ecossistema, de que depende 
a sustentabilidade em longo prazo. 
A qualidade do solo serve como indicador da qualidade ambiental. O 
solo, além de funcionar no sistema de produção agrícola e ser um componente 
altamente crítico na biosfera terrestre, deve também funcionar na manutenção da 
qualidade ambiental.
O conceito de qualidade do solo surgiu no final da década de 1970 e 
durante os 10 anos seguintes esteve muito associado ao conceito de fertilidade. 
(KARLEN et al., 2003). Acreditava-se, que um solo quimicamente rico era um 
solo com alta qualidade, isto porque tinha a capacidade de prover a produção 
agrícola. Entretanto, a percepção de qualidade do solo evoluiu, principalmente 
nos últimos anos, e, num entendimento mais amplo, percebe-se que não basta 
apenas o solo apresentar alta fertilidade, mas, também, possuir boa estruturação 
e abrigar uma alta diversidade de organismos.
132
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
Entretanto, a qualidade do solo influencia o potencial de uso, a 
produtividade e a sustentabilidade global do agroecossistema, sendo seu estudo 
necessário para fornecer informações sobre o manejo do solo e assegurar a tomada 
de decisões para uma melhor utilização desse recurso. (KARLEN et al., 2003). 
3 INDICADORES DE QUALIDADE DO SOLO
Uma ferramenta altamente poderosa na avaliação da qualidade do solo e 
formação de indicadores é a medição de atributos do solo, ou seja, os que estão 
relacionados à sua funcionalidade. Tais atributos oferecem uma maneira indireta 
de medir a qualidade dos solos, servindo como indicadores da qualidade, e 
são altamente úteis para monitoramento de mudanças no ambiente do solo. 
(REICHERT et al., 2003).
NOTA
Você sabe o que são indicadores? Indicadores dos solos são propriedades, 
processos e características físicas, químicas e biológicas que podem ser medidos para 
monitorar mudanças no solo. (MUCKEL; MAUSBACH, 1996).
Segundo Doran e Parkin (1994), os atributos indicadores da qualidade do 
solo são definidos como propriedades mensuráveis que influenciam a capacidade 
do solo na produção das culturas ou no desempenho de funções ambientais. A 
quantificação das alterações nos atributos do solo, decorrentes da intensificação 
de sistemas de uso e manejo, pode fornecer subsídios importantes para a definição 
de sistemas racionais de manejo, contribuindo assim para tornar o solo menos 
suscetível à perda de capacidade produtiva.
NOTA
Os indicadores mais comuns para identificar a qualidade do solo estão pautados 
nos atributos físicos, químicos e biológicos que têm relação direta com a função do solo 
(Figura 43). Vamos ver cada indicador a seguir:
TÓPICO 4 | QUALIDADE AMBIENTAL DO SOLO
133
FIGURA 43 – FUNÇÕES DO SOLO, ATRIBUTOS E INDICADORES DE QUALIDADE DO SOLO PARA 
A PRODUÇÃO DE PLANTAS
FONTE: Adaptado de Chaer (2001)
Antes de você estudar os indicadores, ressalta-se a importância de seguir 
algumas etapas para determinar o índice de qualidade dos solos. Assim, primeiramente, 
é preciso definir as funções que o solo exerce; selecionar os indicadores; padronizar 
as funções e os indicadores; integrar os indicadores às funções e; por fim obter o 
índice de qualidade do solo, tomando, desse modo, a decisão sobre qual o melhor 
manejo a ser adotado na respectiva área. Veja essas etapas na Figura 44.
Promover o
crescimento
das raízes
Receber,
armazenar e
suprir água
Armazenar,
suprir e reciclar
nutrientes
Promover as
trocas
gasosas
Promover a
atividade
biológica
Qualidade
química
Qualidade
física
Qualidade
biológica
Funções
do solo
Atributos da
qualidade do solo
Indicadores de
qualidade do solo
• Teor de Nitrogênio
• Nutrientes
• C-orgânico
• CTC
• pH
• C. elétrica e sais
• Temperatura
• Densidade
• Porosidade
• Agregação
• Retenção água
• Carbono da
 biomassa
• Coeficiente
 metabolico
• Respiração basal
FIGURA 44 – ETAPAS PARA A DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DO SOLO
FONTE: Souza (2005, p. 14)
Definição das Funções
Seleção de Indicadores
Padronização das
funções e dos
indicadores
Obtenção do
índice de
Qualidade do Solo
Tomada de
decisão sobre
qual o melhor
manejo a ser
adotado
Integração dos
indicadores e
das Funções
1ª Etapa
2ª Etapa
3ª Etapa
4ª Etapa
5ª e 6ª Etapa
134
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
3.1 INDICADORES FÍSICOS DA QUALIDADE DO SOLO
Os indicadores físicos assumem importância por estabelecerem relações 
fundamentais com os processos hidrológicos, tais como taxa de infiltração, 
escoamento superficial, drenagem e erosão. Possuem também função essencial 
no suprimento e armazenamento de água, de nutrientes e de oxigênio no solo.
Entre os principais indicadoresfísicos de qualidade do solo sob o ponto de 
vista da produtividade de plantas, ou seja, relacionado à agricultura, estão: textura, 
estrutura, resistência à penetração, profundidade de enraizamento, capacidade de 
água disponível, percolação ou transmissão de água e sistema de cultivo. (LAL, 1999). 
A textura é indicador físico que se torna necessário em uma análise 
inicial do solo e depois pode ser verificada de 2 a 5 anos, pois sua alteração se 
verifica mais frequente quando ocorre erosão do solo acelerada, fazendo com 
que as partículas de argila sejam carregadas, ficando apenas as mais grosseiras. 
(GOMES; FILIZOLA, 2006).
Na estrutura, os aspectos mais importantes a serem analisados estão 
relacionados com a agregação e a distribuição dos agregados do solo. Outro aspecto 
importante a ser caracterizado é a porosidade e a distribuição dos poros, para se 
definir o grau de retenção de umidade do solo. (GOMES; FILIZOLA, 2006).
A resistência à penetração é necessária para conhecer o grau de umidade 
do solo e sua compactação. A resistência de penetração é verificada por meio 
da densidade do solo, condutividade hidráulica e pela profundidade das raízes 
das plantas. Se os valores forem elevados para a densidade do solo, baixos para 
a condutividade e as raízes pouco profundas, por exemplo, pode ser indicativo 
de alta resistência à penetração do solo. Nesse caso, são chamados de “solos 
pesados” ou adensados. (GOMES; FILIZOLA, 2006).
A compactação pode ser observada tanto através da planta quanto do 
próprio solo por meio das seguintes características: formação de crosta superficial; 
fendas nas marcas das rodas do trator; zonas compactadas de superfície; 
empoçamento de água; erosão excessiva pela água e; presença de restos de 
resíduos não decompostos meses após a incorporação. (CAMARGO et al., 1997 
apud GOMES; FILIZOLA, 2006).
A profundidade de enraizamento é um indicador importante da 
produtividade do solo, podendo ser facilmente estimada a partir de torrões 
indeformados e na contagem de raízes nas arestas (bifurcações) quebradas 
naturalmente, sendo os dados expressos em densidade de comprimento de 
raízes. (TAYLOR; TERREL, 1982 apud GOMES; FILIZOLA, 2006).
A capacidade de água disponível ou reserva de água no solo é definida 
pela capacidade de campo (conforme estudado no Tópico 1 desta Unidade) que é 
realizada por meio de sucção com tensões definidas.
TÓPICO 4 | QUALIDADE AMBIENTAL DO SOLO
135
A percolação da água pode ser determinada de forma muito simples, 
retirando amostras do solo com o uso de trados. A velocidade de infiltração é 
um importante indicador que integra diversas características físicas do solo e 
representa uma medida de sua capacidade de receber água na interface solo/
ar e transmitir por meio do perfil do solo. A taxa de equilíbrio é atingida após 
a coluna de água permanecer constante na superfície do solo por cerca de três 
horas. (GOMES; FILIZOLA, 2006).
3.2 INDICADORES QUÍMICOS DE QUALIDADE DO SOLO
Os indicadores químicos normalmente encontram-se agrupados em 
classes, conforme Gomes e Filizola (2006):
a) Aqueles que indicam os processos do solo ou de comportamento. Ex.: pH, 
carbono orgânico.
b) Aqueles que indicam a capacidade do solo de resistir à troca de cátions. Ex.: 
tipo de argila, CTC, óxidos de ferro, óxidos de alumínio.
c) Aqueles que indicam as necessidades nutricionais das plantas. Ex.: nitrogênio 
(N), potássio (K), fósforo (P), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e os micronutrientes 
(elementos que as plantas necessitam em menor quantidade).
d) Aqueles que indicam contaminação ou poluição. Ex.: metais pesados, nitrato, 
fosfato e agrotóxicos.
NOTA
O pH (potencial hidrogeniônico) é o índice de concentração de hidrogênio (H+) 
no solo. Esse parâmetro é usado para determinar se um solo é ácido (pH menor que 7), 
neutro (pH igual a 7) ou básico (pH maior que 7). 
IMPORTANT
E
A determinação do pH é importante uma vez que a concentração de hidrogênio 
(H+) controla a solubilidade de nutrientes no solo, exercendo influência sobre a absorção dos 
mesmos pelas plantas. (GOMES; FILIZOLA, 2006).
136
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
O carbono orgânico não é especificamente um nutriente para as plantas, 
mas sua baixa concentração pode afetar a produtividade em razão do aumento de 
massa da planta; na disponibilidade de água para as plantas e; no seu poder de 
tamponamento frente à presença de compostos muitas vezes tóxicos às plantas. 
(GOMES; FILIZOLA, 2006).
NOTA
O carbono orgânico pode ser considerado um composto tampão, pois promove 
o equilíbrio da concentração hidrogênio (H+) determinando a acidez ou basicidade do solo.
A capacidade de troca catiônica (CTC) é dependente da quantidade de 
argila e matéria orgânica no solo. Assim, quanto maior a quantidade de carga 
negativa da argila, maior será a capacidade de trocar cátions (cargas positivas). 
Conforme ocorre à perda de cargas, há troca de cátions, levando à perda de 
minerais do solo. Desta forma, podemos ter os solos ricos em bases (maior que 
50%) chamados eutróficos e os solos pobres em bases (menor que 50%) chamados 
distróficos. (GOMES; FILIZOLA, 2006).
UNI
Você sabia que a saturação da CTC com alumínio pode ser suportada por 
algumas espécies de cultivar? A cevada, geralmente, não suporta uma saturação maior do 
que 5%, enquanto o trigo brasileiro já não se beneficia com uma saturação menor do que 
46%. (PRIMAVESI, 2002).
O nitrogênio do solo é importante para a produtividade de praticamente 
todas as plantas, que exigem teores elevados. No solo, o nitrogênio encontra-se 
disponível para as plantas na forma amoniacal (NH3-) e nítrica (NO3-). A falta de 
nitrogênio torna-se perceptível nas plantas, uma vez que as folhas se apresentam 
de forma amareladas ou com coloração mais pálida. (GOMES; FILIZOLA, 2006).
Os nutrientes disponíveis para as plantas favorecem o aumento da 
produtividade. São representados pelo fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca) e 
magnésio (Mg) chamados macronutrientes (nutrientes que as plantas necessitam 
em maiores quantidades). (GOMES; FILIZOLA, 2006).
TÓPICO 4 | QUALIDADE AMBIENTAL DO SOLO
137
3.3 INDICADORES BIOLÓGICOS DE QUALIDADE DO 
SOLO
Enquanto que os indicadores químicos do solo fazem uma contribuição 
qualitativa à sua qualidade e poderão determinar a qualidade máxima de um 
solo, os indicadores biológicos são os mais susceptíveis a mudanças e à ação do 
homem. Assim, como indicadores biológicos temos:
a) Carbono da massa microbiana: a massa microbiana é a fração viva da matéria 
orgânica do solo e é composta por bactérias, fungos, protozoários e algas. Esses 
são importantes componentes na avaliação da qualidade do solo, uma vez que 
atuam nos processos de decomposição natural interagindo na dinâmica dos 
nutrientes e regeneração da estabilidade dos agregados. A massa microbiana é 
influenciada pelo tipo de manejo, pelo clima, pelo tipo de cultivo e pelos resíduos 
das plantas (MORRIS, 2007). Em sistemas de manejo que permitem a entrada 
maior de matéria orgânica, como o sistema orgânico de cultivo, ou que diminui 
o distúrbio físico do solo pela aração, como o plantio direto, há uma tendência de 
se aumentar a massa do solo. Assim, os indicadores biológicos podem fornecer 
subsídios para o planejamento do uso correto dos solos. (MORRIS, 2007).
b) Respiração basal: A respiração basal é definida como sendo a respiração sem 
adição de substratos orgânicos ao solo e pode ser avaliada por meio da produção 
de dióxido de carbono (CO2) ou consumo de oxigênio (ALEF et al., 1995 apud 
MORRIS, 2007). É o parâmetro mais antigo utilizado na quantificação da 
atividade metabólica dos solos. É dependente do estado fisiológico da célula 
e influenciada por diversos fatores no solo tais como umidade, temperatura, 
estrutura do solo e disponibilidade de nutrientes. (MORRIS, 2007).
c) Coeficiente metabólico: O coeficiente metabólico é calculado pela razão entre 
a taxa de respiração basal e o carbono da biomassa microbiana.(ANDERSON; 
DOMSCH, 1993 apud MORRIS, 2007). O coeficiente metabólico é um 
componente relevante na avaliação dos efeitos ambientais e antropogênicos 
sobre a atividade microbiana no solo.
A condutividade elétrica (capacidade de um material de conduzir elétrons) 
e sais solúveis totais, quando em altas concentrações, são fatores limitantes para 
o desenvolvimento das plantas, característica comumente encontrada em solos 
de regiões semiáridas e áridas. A salinidade constitui um fator importante na 
avaliação da produtividade dos solos. (GOMES; FILIZOLA, 2006).
138
UNIDADE 2 | RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E A QUALIDADE
IMPORTANT
E
Um indicador eficiente deve ser sensível às variações do manejo, bem correlacionado 
com as funções desempenhadas pelo solo, capaz de elucidar os processos do ecossistema, 
compreensível e útil para o agricultor e, de mensuração fácil e barata. Preferencialmente, devem 
ser mensurados a campo ou em condições que reflitam a real função que desempenham no 
ecossistema. (DORAN; PARKIN, 1994).
DICAS
Para maior aprofundamento no que diz respeito às questões relacionadas à qualidade 
dos solos, sugerimos a leitura do livro de Gomes e Filizola publicado em 2006 em Embrapa 
denominado Indicadores físicos e químicos de qualidade de solo de interesse agrícola. 
139
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você estudou que:
• A qualidade do solo está relacionada com seu aspecto funcional, considerada 
como a capacidade do solo funcionar dentro dos limites do ecossistema para 
sustentar a produtividade biológica, manter a qualidade ambiental e promover 
a saúde de plantas e animais. 
• Uma ferramenta altamente poderosa na avaliação da qualidade do solo e 
formação de indicadores é a medição de atributos do solo, ou seja, os que estão 
relacionados à sua funcionalidade.
• Indicadores dos solos são propriedades, processos e características físicas, 
químicas e biológicas que podem ser medidos para monitorar mudanças no solo.
• Os indicadores mais comuns para identificar a qualidade do solo estão pautados 
nas características físicas, químicas e biológicas.
• Para se avaliar a qualidade do solo, sugere-se seguir as seguintes etapas: definir 
as funções que o solo exerce; selecionar os indicadores; padronizar as funções 
e os indicadores; integrar os indicadores as funções e; por fim obter o índice 
de qualidade do solo, fazendo assim a tomada de decisão sobre qual o melhor 
manejo a ser adotado na respectiva área. 
• Os principais indicadores físicos de qualidade do solo são: textura, estrutura, 
resistência à penetração, profundidade de enraizamento, capacidade de água 
disponível, percolação ou transmissão de água e sistema de cultivo.
• Os indicadores químicos normalmente encontram-se agrupados em classes:
a) Aqueles que indicam os processos do solo ou de comportamento. Ex.: pH, 
carbono orgânico.
b) Aqueles que indicam a capacidade do solo de resistir à troca de cátions. Ex.: 
tipo de argila, CTC, óxidos de ferro, óxidos de alumínio.
c) Aqueles que indicam as necessidades nutricionais das plantas. Ex.: 
nitrogênio (N), potássio (K), fósforo (P), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e os 
micronutrientes.
d) Aqueles que indicam contaminação. Ex.: metais pesados, nitrato, fosfato e 
agrotóxicos.
• Os indicadores biológicos são: carbono da massa microbiana (fração viva da 
matéria orgânica do solo); respiração basal (respiração sem adição de substratos 
orgânicos ao solo) e; coeficiente metabólico (razão entre a taxa de respiração basal 
e o carbono da biomassa microbiana).
140
Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 Discuta com seus colegas de classe e explique o que é qualidade do solo.
2 Com relação aos atributos necessários para se avaliar a qualidade do solo, 
preencha as lacunas da frase a seguir:
Os indicadores mais comuns para identificar a qualidade do solo estão pautados 
nos atributos ______________, ________________, _________________ que têm 
relação direta com a ______________ do solo.
3 Esquematize as etapas que são importantes a serem seguidas para determinar 
o índice de qualidade dos solos.
4 Com relação aos indicadores físicos e à determinação da qualidade dos 
solos, coloque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas:
( ) Os indicadores físicos estão ligados com taxa de infiltração, escoamento 
superficial, drenagem e erosão.
( ) Os indicadores físicos estão ligados com taxa de infiltração e o pH (potencial 
hidrogeniônico).
( ) Entre os principais indicadores físicos de qualidade do solo estão a textura, 
a estrutura, a resistência à penetração, a profundidade de enraizamento e 
a capacidade de água disponível.
( ) Entre os principais indicadores físicos de qualidade do solo estão a 
profundidade de enraizamento e a percolação ou transmissão de água.
5 O carbono da massa microbiana, a respiração basal e o coeficiente metabólico 
são que tipo de indicadores? Para que são usados?
AUTOATIVIDADE
141
UNIDADE 3
DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO 
DOS SOLOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• conhecer bacias hidrográficas como unidades de planejamento para o uso 
e ocupação do solo;
• identificar as diferentes classes de capacidade de uso do solo;
• conhecer a susceptibilidade dos solos brasileiros aos processos erosivos;
• identificar os principais agentes e tipos de erosão e seus impactos;
• determinar os fatores que influenciam na erosão hídrica do solo;
• conhecer as práticas de manejo, conservação e recuperação dos solos.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você 
encontrará atividades que contribuirão para fixar os conteúdos explorados.
TÓPICO 1 – RELAÇÃO USO DO SOLO E BACIA HIDROGRÁFICA
TÓPICO 2 – DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS
TÓPICO 3 – CONSERVAÇÃO E MANEJO
142
143
TÓPICO 1
RELAÇÃO USO DO SOLO E BACIA HIDROGRÁFICA
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A crescente necessidade de alimentos tem exigido o incremento rápido 
da produção agrícola e pecuária, seja pela expansão na área da agricultura ou 
pelo aumento da produtividade das culturas. Este incremento tem como um dos 
fatores limitantes a falta de capacidade de suporte do solo devido à degradação 
acelerada. De tal forma, o conhecimento sobre o uso da terra agrícola ou não 
agrícola vem ganhando espaço pela necessidade de garantir a sua sustentabilidade 
diante das questões ambientais, sociais e econômicas.
Atualmente, muitas das práticas relacionadas com o uso e conservação 
do solo e até o planejamento territorial vêm sendo aplicadas como um sistema 
integrado, tanto em nível de cultura como de propriedade agrícola e urbana. 
Esta integração parte da observação de uma unidade física denominada bacia 
hidrográfica. É, nesse espaço, formado naturalmente por divisores topográficos, 
que estão incluídas a propriedade rural, residências, comunidades, escolas, 
mananciais hídricos, estradas, pecuária, agricultura etc. 
Assim, esse tópico contemplará os diferentes usos do solo, sejam eles 
agrícolas ou não agrícolas e sua relação com a bacia hidrográfica. Então, vamos 
lá! Vamos conhecer o que é uma bacia hidrográfica e como ela é uma importante 
unidade de planejamento ambiental para o uso correto dos solos.
2 A BACIA HIDROGRÁFICA
As bacias hidrográficas ou bacias fluviais correspondem a determinadas 
áreas da superfície terrestre cujos limites são determinados pelas partes mais 
altas do relevo (divisores topográficos) nas quais escoam as águas e as drenam 
para um rio, oriundos de seus afluentes. (GUERRA; CUNHA, 2000). 
As bacias hidrográficas são interligadas e limitadas pelos seus divisores 
topográficos. O divisor topográfico (divisor de águas) que forma o contorno da 
bacia é o limite físico que divide o escoamento das águas superficiais para uma 
bacia ou para outra (Figuras 45 e 46).
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
144
FIGURA 45 – VISÃOESQUEMÁTICA DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA 
FONTE: Adaptada de Castro et al. (2009)
FIGURA 46 – MAQUETE DEMONSTRATIVA DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA (BACIA DO RIO ITAJAÍ/SC) 
ESCALA HORIZONTAL 1:50.000; VERTICAL 1:7.500
FONTE: Imroth; Scolaro (2010)
Para exemplificar o conceito de bacia hidrográfica pode-se utilizar a 
metade do telhado de uma casa, em que a cumeeira é o divisor de águas que 
define para qual bacia (lado) a água irá escoar (Figura 47). O telhado funciona 
como sistema de captação de água e a calha é o rio. (CASTRO et al., 2009).
TÓPICO 1 | RELAÇÃO USO DO SOLO E BACIA HIDROGRÁFICA
145
FIGURA 47 – TELHADO COMO REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA
FONTE: Castro et al. (2009, p. 30)
UNI
Você sabia que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação 
da Política Nacional de Recursos Hídricos? A Lei nº 9.433/97 foi criada com o objetivo de 
harmonizar o uso das águas para fins de geração de energia elétrica, agricultura e demais usos.
As bacias hidrográficas contêm uma rede de drenagem pela qual a água 
juntamente com material sólido e dissolvido são transportados para uma saída 
comum ou ponto terminal (conforme visto nas Figuras 45 e 46), que pode ser um 
rio, lago, reservatório ou oceano. (GUERRA; CUNHA, 2000).
Essa rede de drenagem é responsável por modelar a paisagem da bacia, 
que pode ser dividida de acordo com a altitude e o tipo de rio em três segmentos: 
curso superior (partes altas da bacia onde se encontram as nascentes), curso 
médio (parte intermediária onde formam ilhas no leito dos rios devido à perda 
de velocidade das águas) e curso inferior (parte mais baixa da bacia onde a água 
pode desaguar num outro rio, lago, reservatório ou oceano). (GUERRA; CUNHA, 
2000). Veja esses segmentos na Figura 48.
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
146
FIGURA 48 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO CURSO DE UM RIO, SEGMENTADO EM CURSO 
SUPERIOR, MÉDIO E INFERIOR, E DA VELOCIDADE DA ÁGUA E DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS 
EM SEU LEITO 
FONTE: Ghoddosi; Torres; Frank (2009, p. 41)
NOTA
Perceba que quanto maior é a declividade da bacia hidrográfica, maior é o 
tamanho médio das partículas que as águas conseguem carregar no fundo do leito dos rios, 
modelando assim a paisagem da bacia (Figura 48).
Assim podemos dizer que a bacia hidrográfica exerce papel fundamental 
na evolução do relevo uma vez que os cursos d'água constituem importantes 
modeladores da paisagem. (GUERRA; CUNHA, 2000). O padrão e a forma do rio 
estão relacionados diretamente com a declividade da bacia, logo quanto maior a 
declividade maior a velocidade das águas e assim maior será a capacidade das 
águas erodirem o fundo do rio aprofundando e formando os chamados vales. 
Contudo, ao erodirem, carregam os sedimentos de vários tamanhos, que conforme 
a diminuição da declividade da bacia, esses sedimentos vão sendo depositados, 
seja no próprio leito do rio, formando as ilhas, seja nas laterais dos rios quando em 
períodos de cheias, formando os diques marginais. (GUERRA; CUNHA, 2000). 
Os rios, ao transportar sedimentos e depositar nas margens em períodos 
de cheias, formam então os chamados diques marginais e as várzeas ou planícies 
TÓPICO 1 | RELAÇÃO USO DO SOLO E BACIA HIDROGRÁFICA
147
aluviais. (AB'SABER, 2000). Parte desses diques marginais e as planícies aluviais 
servem de suporte para a floresta ciliar, e ademais são destinadas aos diferentes 
usos, principalmente agrícola uma vez que essas planícies são consideradas 
as áreas mais férteis da bacia hidrográfica devido à frequente deposição de 
sedimentos depositados pelos rios (Figura 49).
FIGURA 49 – DIQUE MARGINAL DO RIO COM FLORESTA CILIAR E PLANÍCIES COM 
DIFERENTES USOS DO SOLO
FONTE: Disponível em: <http://www.apremavi.org.br>. Acesso em: 20 fev. 2011.
IMPORTANT
E
A bacia hidrográfica pode ser considerada uma unidade natural na qual é 
possível reconhecer e estudar as inter-relações existentes entre os diversos elementos da 
paisagem e os processos que atuam na sua esculturação. Compreendida dessa maneira, a 
bacia hidrográfica passa também a representar uma unidade fundamental de planejamento 
de uso das terras.
1- Floresta ciliar nativa
2- Reflorestamento 
3- Agricultura permanente
4- Pastagem
5- Agricultura de rotação
6- Área desmatada sem cobertura
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
148
2.1 A BACIA COMO UNIDADE DE PLANEJAMENTO
A utilização da bacia hidrográfica como unidade de planejamento ocorre nos 
Estados Unidos desde 1933. No Brasil, a década de 80, e principalmente a de 90 são 
marcadas por inúmeros trabalhos que têm a bacia hidrográfica como sua unidade 
fundamental de pesquisa e planejamento. (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 1999).
Uma vez que uma bacia hidrográfica é formada por várias bacias hidrográficas 
menores, chamadas microbacias hidrográficas, os estudos para um bom planejamento 
ambiental começam pela seleção de suas microbacias hidrográficas.
NOTA
É essencial que a microbacia seja representativa das condições físicas e 
socioeconômicas locais. Desse modo, os resultados e experiências gerados a partir dela 
poderão ser implementados com sucesso nas demais microbacias da região até atingir toda 
a bacia hidrográfica.
Tal fato exige, portanto, um levantamento geral prévio das características 
do quadro natural da região, como clima, geologia, relevo, solos e vegetação, que 
pode ser conseguido por meio de pesquisas bibliográficas e cartográficas sobre a 
área em questão, as quais também podem e devem, se possível, ser acompanhadas 
de rápido reconhecimento de campo. (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 1999).
Após coletas de dados, procede-se a integração dos mesmos e 
determinação das tipologias das áreas, definindo as áreas mais homogêneas 
ou de características semelhantes, em que são criados mapas, que possam ser 
compreendidos por técnicos, administradores, fazendeiros etc. O mapeamento 
de unidades ambientais busca representar a análise da paisagem, organizando 
espacialmente as informações e características da microbacia. Assim, suas 
combinações de dados geram mapas interpretativos dos quais são extremamente 
úteis para o planejamento ambiental fazendo com que a demanda e o uso do solo 
sejam orientados de acordo com as características e a capacidade da microbacia 
hidrográfica. (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 1999).
DICAS
Saiba mais sobre a formação e dinâmica de bacia hidrográfica consultando o 
livro Geomorfologia e meio Ambiente escrito por Guerra e Cunha em 2000.
TÓPICO 1 | RELAÇÃO USO DO SOLO E BACIA HIDROGRÁFICA
149
IMPORTANT
E
Acredita-se que o planejamento ambiental em microbacia hidrográfica possa 
minimizar a ocorrência de impactos ambientais decorrentes da ação antrópica indiscriminada. 
É necessário orientar a ocupação humana e os usos do solo a fim de que sejam resguardadas 
as áreas destinadas à preservação ambiental, tendo em vista a conservação dos recursos 
naturais, a forte instabilidade ou fragilidade ambiental e a alta suscetibilidade à erosão e 
movimentos de massa que certas regiões podem apresentar.
Agora que você sabe que é importante estudar uma bacia hidrográfica 
antes de ocupar ou fazer uso do solo, vamos conhecer quais são os principais usos 
do solo no Brasil e como se dá sua classificação.
3 USOS DO SOLO NO BRASIL
De acordo com o Manual Técnico de Uso da Terra (IBGE, 2006), os usos 
do solo podem ser classificados em: a) áreas antrópicas não agrícolas; b) áreas 
antrópicas agrícolas; c) áreas de vegetação natural e; d) áreas com uso de água.
A) Áreas antrópicas não agrícolas
A esta nomenclatura estão associados todos os tipos de uso da terra de natureza 
não agrícola, tais como: áreas urbanizadas, industriais, comerciais, redes de comunicação 
e áreas de extração mineral. Dentre elas, compreendem: áreas urbanizadas, metrópole, 
cidade, vila, comercial e serviços, transportes, comunicações e utilidades, indústria, 
complexo industrial e comercial, extração mineral, lavra, mina, extração de materiais 
de construção, lavra garimpeira egarimpagem.
B) Áreas antrópicas agrícolas
No sentido amplo, a terra agrícola pode ser definida como terra utilizada para 
a produção de alimentos (Figura 50). Inclui todas as terras cultivadas, caracterizadas 
pelos cultivos, podendo também compreender áreas alagadas. Encontram-se 
inseridas nesta categoria as lavouras temporárias, lavouras permanentes, pastagens 
plantadas, silvicultura entre outras. Vejamos cada uma delas:
• Lavoura temporária: cultura de plantas de curta ou média duração, geralmente 
com ciclo vegetativo inferior a um ano, que após a produção deixa o terreno 
disponível para novo plantio.
• Lavouras alimentares para subsistência: compõem sistemas produtivos que 
constituem a base alimentar e também fonte de renda básica para pequeno e 
médio produtor.
• Lavouras alimentares para comercialização: dizem respeito às culturas de 
plantas voltadas exclusivamente para a comercialização. Têm como finalidade 
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
150
a obtenção de renda e contribuem significativamente para as exportações de 
produtos agrícolas.
• Lavoura permanente: cultura de ciclo longo que permite colheitas sucessivas, 
sem necessidade de novo plantio a cada ano. 
• Sistema agroflorestal (SAF): uso da terra na qual se combinam espécies arbóreas 
lenhosas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou animais, de forma 
simultânea ou em sequência temporal, que interagem econômica e ecologicamente.
• Sistema agrossilvicultural: sistema de produção consorciada, envolvendo o 
componente arbóreo com cultivos agrícolas anuais, podendo ser aplicado em 
áreas de capoeiras ou onde o desmatamento fez surgir nova vegetação.
• Sistema agrossilvipastoril: sistema de produção consorciada, envolvendo o 
componente arbóreo com cultivos agrícolas e animais.
• Sistema silvipastoril: sistema que combina árvores com pastagem (animais). 
• Pastagem plantada: áreas destinadas ao pastoreio do gado, formadas mediante 
plantio de forragens perenes. 
• Pecuária: atividade que procura unir ciência e tecnologia visando à produção 
de animais domésticos com objetivos econômicos. 
• Silvicultura: técnica ligada à implantação, composição, trato e cultivo de 
povoamentos florestais, assegurando proteção, estruturando e conservando a 
floresta como fornecedora de matéria-prima para a indústria madeireira.
• Reflorestamento: plantio ou formação de maciços com espécies florestais 
nativas ou exóticas. O plantio heterogêneo é utilizado para enriquecimento 
de florestas e na recuperação das florestas nas margens dos rios. O plantio 
homogêneo refere-se a plantios normalmente feitos com espécies exóticas, 
como pínus e eucaliptos.
FIGURA 50 – USOS DIVERSOS DO SOLO EM PROPRIEDADE MODELO
FONTE: Disponível em: <http://www.apremavi.org.br>. Acesso em: 20 fev. 2011.
TÓPICO 1 | RELAÇÃO USO DO SOLO E BACIA HIDROGRÁFICA
151
C) Áreas de vegetação natural
Conforme o sistema de classificação adotado, a vegetação natural 
compreende um conjunto de estruturas florestais, abrangendo desde florestas 
e campos originais (primários) e alterados até formações florestais espontâneas 
secundárias, arbustivas, herbáceas e/ou gramíneo-lenhosas, em diversos estágios 
sucessionais de desenvolvimento, distribuídos por diferentes ambientes e 
situações geográficas. Além das formações florestais e campos, as áreas de 
vegetação natural de uso podem ser:
• Unidades de Conservação de Uso Sustentável: são aquelas nas quais a exploração 
e o aproveitamento econômico direto são permitidos, mas de forma planejada e 
regulamentada.
• Terras Indígenas: são áreas destinadas pela União ao usufruto exclusivo das 
comunidades indígenas que a habitam.
D) Áreas com uso de água
Incluem todas as classes de água interior e costeira, como cursos d’água e 
canais (rios, riachos, canais e outros corpos d’água), corpos d’água naturalmente 
fechados, sem movimento (lagos naturais regulados) e reservatórios artificiais 
(represamentos artificiais d’água), além das lagoas costeiras ou lagunas, estuários 
e baías.
Portanto, os principais usos dentre esses são: aquicultura, maricultura, 
piscicultura, captação de água para abastecimento doméstico, para abastecimento 
industrial, para abastecimento agrícola, lazer e desporto, e represamento para 
geração de energia.
4 CLASSIFICAÇÃO DA CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS 
De acordo com a necessidade de uso dos solos e seu planejamento, foram 
classificados os solos conforme sua capacidade de uso. Foram definidas oito 
classes (Figura 51) subdivididas em três categorias segundo Lepsch (2002): terras 
próprias para todos os usos; terras impróprias para o cultivo intensivo e; terras 
impróprias para o cultivo. Veja suas características a seguir.
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
152
FIGURA 51 – CLASSES DE CAPACIDADE DE USO DOS SOLOS
FONTE: Lepsch (2002, p. 173)
4.1 TERRAS PRÓPRIAS PARA TODOS OS USOS
As terras próprias para todos os usos são classificadas em três classes, 
como segue:
Classe I - Terras que, praticamente, não oferecem limitação de uso no 
que diz respeito à erosão, podendo, assim, ser cultivadas. São solos dotados de 
boa profundidade, produtivos, quase planos e fáceis de serem lavrados. Não são 
facilmente inundados, mas sujeitos à erosão por lixiviação e compactação. No caso 
de serem usados intensa e sucessivamente com plantio de lavouras, é necessário 
que se façam práticas mantedoras da fertilidade, como adubações periódicas. 
Classe II - Terras que possuem limitações moderadas de uso, apresentando 
riscos moderados de degradação. Diferem de várias maneiras da Classe I: estão 
em áreas ligeiramente inclinadas, sujeitas à erosão e ao acúmulo de água no 
solo. Essas terras, quando cultivadas, necessitam de práticas conservacionistas 
relativamente simples, tais como plantio em nível ou plantio direto. 
Classe III - Terras ainda apropriadas para cultivos intensos, mas 
necessitando de práticas conservacionistas complexas. São solos normalmente 
com declives mais acentuados, suscetíveis a erosões mais fortes, tendo, portanto, 
mais limitações de uso e maior risco à erosão que os enquadrados na Classe II. 
Classe de 
capacidade 
de uso
Aumento da intensidade do uso
Vida silvestre e ecoturismo Reflorestamento
Pastoreio Cultivo
Moderado Intensivo Restrito Moderado Intensivo Muito intensivo
I Apto para os usos. O cativo exige apenas práticas agrícolas mais usuais.
II Apto para todos os usos, mas práticas de conservação simples são necessárias se cultivado.
III Apto para todos os usos, mas práticas intensivas de conservação são necessárias para cultivo.
IV Apto para vários usos, restrições para cultivos.
V Apto para pastagem, reflorestamentou ou vida silvestre.
VI Apto para pastagem extensiva, reflorestamento ou vida sivestre
VII Apto para reflorestamento ou vida silvestre. Em geral, inadequado para pasto.
VIII
Apto, ás vezes, para produção de 
vida silvestre ou recreação. Inapto 
para produção econômica agrícola, 
pastagem ou material florestal.
TÓPICO 1 | RELAÇÃO USO DO SOLO E BACIA HIDROGRÁFICA
153
4.2 TERRAS IMPRÓPRIAS PARA O CULTIVO INTENSIVO 
As terras impróprias para o cultivo intensivo são classificadas em quatro 
classes, como segue:
Classe IV - Terras com limitações extremas de uso. Lavouras intensivas 
como milho, soja etc. devem ser implantadas apenas em situações especiais e 
ocasionalmente, mesmo assim em extensão limitada, alternando o cultivo de 
culturas anuais, durante um a quatro anos de pastagem. Solos desta classe devem, 
em sua maioria, ser mantidos com pastagem e com culturas permanentes, no 
caso, frutíferas (tais como pêssego, laranja). São terras com alto grau de declive, 
possuindo características impróprias para a agricultura e por vezes são muito 
pedregosas à superfície. 
Classe V - Terras que devem ser mantidas com pastagem ou reflorestamento. 
O terreno pode até ser plano, mas apresenta limitações para o cultivo, como 
superfície pedregosa ou encharcada, tornando-o impróprio para o cultivo de 
lavoura.Classe VI - Terras que não devem ser cultivadas com lavouras intensivas, 
sendo mais adaptadas para pastagens, reflorestamento ou cultivos especiais que 
protegem os solos. Quando usadas para pastagens, requerem cuidados intensivos 
para evitar a erosão. 
Classe VII - Terras sujeitas a limitações severas, mesmo quando usadas 
para pastagens ou reflorestamento. São terrenos muito inclinados, erodidos, 
ressecados ou pantanosos, considerados de baixa qualidade e devem ser usados 
com muito cuidado. 
4.3 TERRAS IMPRÓPRIAS PARA O CULTIVO 
As terras impróprias para cultivo se enquadram na classe VIII, como 
segue:
Classe VIII - São terras não recomendáveis para qualquer tipo de cultivo, 
seja lavoura, pastagem e até mesmo florestas comerciais. Obrigatoriamente devem 
ser reservadas para a proteção da flora e fauna silvestre. São áreas arenosas, com 
declive muito acentuado ou pantanoso. São exemplos: encostas com muitos 
afloramentos de rochas, terrenos íngremes montanhosos, dunas e mangues. 
As práticas conservacionistas estão diretamente ligadas à classificação 
da capacidade de uso da terra, no sentido de recomendar e executar práticas 
adequadas em um determinado tipo de solo, tanto em propriedades agrícolas 
como em um conjunto delas, ou até mesmo no caso do planejamento de uma 
bacia hidrográfica.
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
154
LEITURA COMPLEMENTAR
IMPORTÂNCIA DA BACIA HIDROGRÁFICA COMO UNIDADE DE 
PLANEJAMENTO PARA A GESTÃO AMBIENTAL INTEGRADA
Nas últimas décadas o homem vem se conscientizando que a água é um 
bem finito. Esta preocupação só ocorre quando a escassez da água provoca danos 
tanto ao meio ambiente quanto a ele próprio. O aumento da contaminação da água 
é uma das características mais importantes do uso dos recursos hídricos. São poucas 
as cidades que contam com estações de tratamento para os esgotos domésticos, 
agrícolas e industriais, incluindo os agrotóxicos. Todos nós estamos nos adaptando 
às situações de mudança, mas se a contaminação aumentar a capacidade de 
regeneração e adaptação diminuirá acarretando a extinção de espécies e ambientes 
que antes constituíam em fonte de vida. Por isto é urgente um planejamento para 
prevenir e reduzir a possibilidade de ocorrerem estes danos.
INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende apresentar o conceito e a importância de uma bacia 
hidrográfica, cuja degradação ambiental está tipicamente caracterizada por solos 
empobrecidos e erodidos, instabilidade hidrográfica, produtividade primária 
reduzida e diversidade biológica ameaçada, sendo possível avaliar de forma 
integrada as ações humanas sobre o ambiente e discutir métodos e técnicas para 
a recuperação das mesmas.
BACIA HIDROGRÁFICA E SUA IMPORTÂNCIA
A bacia hidrográfica é um conjunto de terras drenadas por um rio 
principal e seus afluentes. Inúmeros esquemas ou representações gráficas deixam 
também de apresentar, por exemplo, os limites internos do sistema de uma bacia 
hidrográfica, por onde circula e atua grande parte da água envolvida. Para não 
ocorrer em tais equívocos, é possível definir bacia hidrográfica como um sistema 
que compreende um volume de materiais, predominantemente sólidos e líquidos, 
próximos à superfície terrestre, delimitado interno e externamente por todos 
os processos que, a partir do fornecimento de água pela atmosfera, interferem 
no fluxo de matéria e de energia de um rio ou de uma rede de canais fluviais. 
Inclui, portanto, todos os espaços de circulação, armazenamento, e de saídas de 
água e do material por ela transportado, que mantêm relações com esses canais. 
(RODRIGUES; ADAMI, 2005, p. 147-148).
A rede fluvial também chamada de rede de drenagem ou de rede 
hidrográfica é constituída por todos os rios de uma bacia hidrográfica, 
hierarquicamente interligada. É um dos principais mecanismos de saída da 
água, principal matéria em circulação na bacia hidrográfica. Tanto a bacia 
hidrográfica quanto a rede hidrográfica não possuem dimensões fixas. Pode-
se subdividir uma bacia hidrográfica considerando-se as ordens hierárquicas 
TÓPICO 1 | RELAÇÃO USO DO SOLO E BACIA HIDROGRÁFICA
155
de seus canais. Rodrigues e Adami (2005, p. 163) afirmam que o primeiro 
modo de hierarquização amplamente aplicado foi proposto por Horton em 
1945. Nesse esquema, os canais sem afluentes são considerados de 1ª ordem, 
e, apenas na confluência de dois rios de igual ordem, acrescenta-se mais um à 
ordenação, ou seja, dois canais de mesma ordem hierárquica formam um canal de 
ordem hierárquica superior.
A água faz parte do meio ambiente, portanto, sua conservação e bom uso 
são fundamentais para garantir a vida em nosso planeta. É importante lembrar 
que a água é um recurso natural, único, escasso, essencial à vida e está distribuída 
de forma desigual no planeta. Do total da água existente na terra só 0,0067% está 
disponível para as atividades do homem e deste percentual só uma parte está 
em condições de ser utilizada. Devido a estas características ganha relevância o 
tema do manejo e preservação das bacias hidrográficas. A bacia é um território, 
microcosmo delimitado pela própria natureza. Seus limites são os cursos d’água 
que convergem para um mesmo ponto. 
As bacias, seus recursos naturais (fauna, flora e solo) e os grupos sociais 
possuem diferentes características biológicas, sociais, econômicas e culturais que 
permitem individualizar e ordenar seu manejo em função de suas particularidades 
e identidade. 
GESTÃO E MANEJO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
A gestão dos recursos hídricos ocupa um lugar importante na gestão 
ambiental, pois assim, podem controlar o fluxo e uso da água. Com relação 
ao ambiente, implica um processo contínuo de análise, tomada de decisão, 
organização, controle das atividades de desenvolvimento, bem como avaliação 
dos resultados para melhorar a formulação de políticas e a sua implementação 
para o futuro. Busca a participação conjunta de autoridades locais, setores 
privados e a comunidade; incorpora a variante ambiental na expansão e melhoria 
da qualidade de vida da população; atua como suporte aos processos de decisão 
do desenvolvimento; constitui o marco para coordenar atividades ambientais 
entre setores, lugares e agentes. 
O principal objetivo de um processo de gestão é tratar de maneira integral 
os sistemas hídricos ou bacias buscando aproveitá-los, protegê-los e recuperá-los 
a fim de satisfazer as crescentes demandas da população assegurando seu uso 
para as gerações futuras. 
Os modelos de gestão dos recursos hídricos se constituem em formas de 
administração da água dando um marco institucional ao manejo do ambiente. 
Surgiu, em 1988 com a V Semana Interamericana da Água, os Comitês das Bacias 
Sinos e Gravataí, afluentes do Guaíba no Estado do Rio Grande do Sul, que se 
constituem em iniciativas pioneiras por terem surgido da própria comunidade 
das bacias hidrográficas, com o apoio do governo do Estado. Apesar de na sua 
origem esses comitês terem surgido apenas com atribuições consultivas, a grande 
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
156
mobilização os tornou produtivos, e, posteriormente, eles foram incorporados 
ao sistema de gestão daqueles Estados. A Expoágua foi criada como uma mostra 
interativa e espaço destinado a mostrar ao grande público os diferentes usos 
da água num ambiente que proporcione educação ambiental, entretenimento e 
lazer. É também uma excelente vitrine para o marketing ambiental valorizando as 
empresas que vêm desenvolvendo esforços para melhorar a sua gestão ambiental. 
As atividades paralelas como apresentações culturais, palestras e oficinas, 
realizadas no local da exposição, têm como tema principal o Meio Ambiente e visam 
motivar crianças e adultos para atitudes efetivas de preservação. Hoje no Brasil, os 
recursos hídricos têm sua gestão organizada por bacias hidrográficas em todo o 
território nacional, seja em corpos hídricos de titularidade da União ou dos Estados. 
Há certamente dificuldades em se lidar com esse recorte geográfico,uma 
vez que os recursos hídricos exigem a gestão compartilhada com a administração 
pública, órgãos de saneamento, instituições ligadas à atividade agrícola, gestão 
ambiental, entre outros, e a cada um desses setores corresponde uma divisão 
administrativa certamente distinta da bacia hidrográfica. 
AÇÕES A PROMOVER
Incentivar prefeituras para que organizem festividades em sua comunidade 
promovendo a Semana Interamericana da Água. Convocar um fórum para tratar dos 
principais problemas da contaminação e uso inadequado de suas fontes. Convocar 
a comunidade, através do Ministério da Saúde e Ongs locais, para seminários 
de discussão sobre temas como: A contaminação da água, Seus efeitos sobre a 
saúde da população, das plantas e dos animais, Promoção da saúde ambiental, 
Medidas preventivas aplicadas à saúde ambiental e coletiva. Organizar seminários 
convocando os usuários formais e informais das fontes de água para discutir os 
problemas e buscar as soluções. Incentivar que as escolas produzam murais que 
contenham os seguintes temas como: Fontes de água existentes, Os diferentes 
usos da água, Quem contamina a água, Efeitos da contaminação para o ambiente 
e a saúde humana. Promover seminários sobre A Gestão de Bacias Hidrográficas: 
Realidades e Perspectivas e convocar os representantes dos vários usuários da bacia. 
Organizar mesas-redondas com a participação das autoridades locais para tratar 
de temas relacionados com esses assuntos. Organizar um fórum com a participação 
dos diferentes órgãos do Estado para discutir as políticas ambientais dos recursos 
hídricos. Promover concursos de pinturas sobre o tema Água. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho mostrou que toda a proposta de melhoramento do manejo 
dos recursos hídricos deve começar por melhorar as atitudes e condutas do próprio 
indivíduo e que também precisa envolver as organizações de usuários e abrir 
espaços de participação e gestão para que possam influenciar a tomada de decisões. 
FONTE: Disponível em: <http://www.webartigos.com>. Acesso em: 25 nov. 2010.
157
Neste tópico, você estudou que:
• As bacias hidrográficas são áreas naturais da superfície terrestre cujos limites 
são determinados pelas partes mais altas do relevo (divisores topográficos) nas 
quais escoam as águas e as drenam para um rio, oriundas de seus afluentes.
• A bacia hidrográfica representa uma unidade fundamental de planejamento 
de uso das terras.
• Os estudos para um bom planejamento ambiental começam pela seleção de 
suas microbacias hidrográficas. Os resultados e experiências gerados a partir 
dela poderão ser implementados com sucesso nas demais microbacias da 
região até atingir toda a bacia hidrográfica.
• O planejamento ambiental em microbacia hidrográfica contribui para 
minimização da ocorrência de impactos ambientais decorrentes da ação 
antrópica indiscriminada.
• O Manual Técnico de Uso da Terra traz os vários usos do solo no Brasil, que se 
classificam em: a) áreas antrópicas não agrícolas; b) áreas antrópicas agrícolas; 
c) áreas de vegetação natural e; d) áreas com uso de água.
• Entre as áreas antrópicas não agrícolas encontramos: áreas urbanizadas, 
metrópole, cidade, vila, comercial e serviços, transportes, comunicações e 
utilidades, indústria, complexo industrial e comercial, extração mineral, lavra, 
mina, extração de materiais de construção, lavra garimpeira e garimpagem.
• Entre as áreas antrópicas agrícolas encontramos: lavoura temporária, lavouras 
alimentares para subsistência, lavouras alimentares para comercialização, 
lavoura permanente, sistema agroflorestal (SAF), sistema agrossilvicultural, 
sistema agrossilvipastoril, sistema silvipastoril, pastagem plantada, pecuária, 
silvicultura e reflorestamento.
• Entre as áreas de vegetação natural temos: Unidades de Conservação de Uso 
Sustentável e Terras Indígenas.
RESUMO DO TÓPICO 1
158
• Entre as áreas com uso de água, temos: aquicultura, maricultura, piscicultura, 
captação de água para abastecimento doméstico, para abastecimento industrial, 
para abastecimento agrícola, lazer e desporto e represamento para geração de 
energia.
• De acordo com a necessidade de uso dos solos e seu planejamento, a 
classificação da capacidade de uso pode se dar em oito classes subdivididas 
em três categorias: terras próprias para todos os usos; terras impróprias para o 
cultivo intensivo e; terras impróprias para o cultivo. 
159
Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 Discuta com seus colegas de classe sobre a importância de se compreender e 
conhecer a bacia hidrográfica com relação ao uso do solo.
2 A bacia hidrográfica exerce papel fundamental na evolução do relevo uma 
vez que os cursos d'água constituem importantes modeladores da paisagem. 
Com relação a esse contexto, complete a frase a seguir:
O padrão e a forma do rio estão relacionados diretamente com a 
____________________ da bacia, logo quanto maior a declividade, 
maior a ______________________ das águas e assim maior será a 
_________________________ das águas de erodir o fundo do ______________ 
aprofundando e formando os chamados ________________. Contudo, 
ao erodir, carregam os sedimentos de vários tamanhos, que, conforme a 
_____________________ da declividade da bacia, esses sedimentos vão 
sendo ______________________, seja no próprio leito do rio, formando as 
_____________________, seja nas laterais dos rios quando em períodos de cheias.
3 Por que as terras próprias para todos os usos não oferecem limitações ao seu 
uso? 
4 No caso de serem utilizadas, as terras próprias para todos os usos, em alta 
intensidade, o que é necessário fazer para manter a sua fertilidade?
AUTOATIVIDADE
160
161
TÓPICO 2
DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O modelo agrícola predominante no país é baseado em uso de energia 
fóssil, agroquímicos, mecanização intensiva e forte preocupação com a eficiência 
econômica, via ganhos de produtividade. Ainda hoje, é utilizando o preparo 
intensivo do solo por meio de implementos como arados e grades de discos. Esse 
modelo incrementa fortemente os processos erosivos pela exposição do solo ao 
sol, à chuva, destruição de seus agregados, formação de camadas compactadas, 
decréscimo de permeabilidade e infiltração e, em consequência, elevação das 
perdas do patrimônio solo. 
O uso intensivo do solo degrada os recursos naturais, destruindo a matéria 
orgânica e originando camadas endurecidas com a redução da permeabilidade 
do solo, assim provocando a erosão. Também o cultivo das espécies sem rotação 
de culturas, uso excessivo de fertilizantes, queimadas e desmatamentos levam à 
degradação do solo. 
Essas práticas, em desarmonia com a natureza, destroem a flora, a 
fauna inclusive a edáfica, consequentemente, a uma perda ecológica muitas 
vezes irreparável. Assim, vamos estudar nesse tópico os conceitos de erosão e 
degradação, conhecer um pouco sobre a susceptibilidade dos solos brasileiros 
aos processos erosivos, os principais agentes de erosão e tipos erosão/degradação 
e seus impactos, e por fim, a erosão hídrica e suas fases.
2 CONCEITO DE EROSÃO E DEGRAÇÃO DOS SOLOS
A erosão dos solos vem preocupando agricultores, políticos e cientistas 
há muito tempo. O homem vem desempenhando um papel importante no que 
se refere ao aceleramento da destruição das terras: florestas são derrubadas 
e queimadas, as encostas indígenas são ocupadas e aradas em sentido de 
declive, as pastagens são superlotadas com rebanhos, as terras submetidas 
à monocultura, ano após ano, sem que haja um controle que evite o arraste 
pelas enxurradas. 
162
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
Diante deste contexto, a erosão do solo é praticamente inevitável uma 
vez que se dá pelo processo de desgaste da superfície e/ou arrastamento das 
partículas do solo por agentes, tais como a água das chuvas (hídrica), ventos 
(eólica), gelo (mudançasde temperatura), ou outro agente geológico, incluindo 
processos como o arraste gravitacional. (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 1999).
A perda da camada superficial do solo é a principal forma de expressão da 
degradação das terras no Brasil, sendo a erosão a sua causa maior (GEOBRASIL, 
2002). Os processos de degradação estão associados a fatores edáficos, climáticos 
e antrópicos. A intensidade e a taxa de desenvolvimento desses processos são 
ampliadas pelo uso e manejo inadequados da terra (desmatamento indiscriminado, 
exploração acima da capacidade de suporte, uso intensivo de grades de discos no 
preparo do solo etc.), que expondo o solo aos fatores intempéricos induzem à 
destruição gradativa de suas propriedades físicas, químicas e biológicas. Assim, 
podemos conceituar degradação com a alteração das propriedades do solo que 
acarrete efeitos negativos sobre uma ou várias funções do solo, a saúde humana 
ou o meio ambiente.
3 A SUSCEPTIBILIDADE DOS SOLOS BRASILEIROS AOS 
PROCESSOS EROSIVOS 
A susceptibilidade natural dos solos à erosão é uma função da interação 
entre as condições de clima, modelado do terreno e tipo de solo. Da análise 
da interação destes fatores e a partir de estimativas experimentais de perdas 
de solo, foi possível estabelecer cinco classes de susceptibilidade à erosão das 
terras do país, sendo elas: muito baixa, baixa, média, alta e muito alta (Figura 52). 
(GEOBRASIL, 2002).
TÓPICO 2 | DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS
163
FIGURA 52 – MAPA DE SUSCEPTIBILIDADE DOS SOLOS À EROSÃO HÍDRICA
FONTE: GEOBRASIL (2002, p. 49)
NOTA
Pode-se dizer que, 65% das terras brasileiras podem ser consideradas como de 
moderada a baixa susceptibilidade à erosão, que se expressam, entretanto, de forma diversa, 
nas diferentes regiões. 
Na região Norte, se observam baixos níveis de susceptibilidade nas 
várzeas do rio Amazonas e seus afluentes, bem como nos baixos platôs, onde 
se desenvolvem solos argilosos ou muito argilosos, muito profundos, porosos, 
geralmente em relevo plano. As terras com o maior potencial de erosão (36% 
da região) ocorrem em relevos mais ondulados e compreendem os Argissolos, 
Luvissolos e Cambissolos (solos estes estudados no Tópico 4 da Unidade 1). 
(GEOBRASIL, 2002).
No Nordeste do Brasil, 33% das terras apresentam susceptibilidade muito 
baixa e baixa, 34% média e 33% têm classes de susceptibilidade alta e muito alta. 
Solos como os neossolos são os com maior potencial à erosão devido à presença 
de conteúdos significativos de areia. Embora as chuvas no semiárido nordestino 
sejam de baixa duração e frequência, sua elevada intensidade em alguns 
locais favorece o escoamento superficial, desagregação e transporte dos solos. 
(GEOBRASIL, 2002).
164
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
O Centro-Oeste apresenta cerca de 70% de seus solos com 
susceptibilidade variando de muito baixa a média, decorrente, em termos gerais, 
da dominância de relevos aplainados do planalto central brasileiro, associados 
a solos profundos e bem drenados, como os Latossolos. O restante das terras 
(30%) corresponde, em geral, aos solos com elevados conteúdos de areia, como 
os neossolos e alguns latossolos, os quais apresentam fraca estruturação e são 
facilmente carregados pelas águas da chuva, mesmo em relevo relativamente 
plano. (GEOBRASIL, 2002). 
Na região Sudeste ocorre a predominância de solos com baixa 
suscetibilidade aos processos erosivos (46%), destacando-se os latossolos bem 
estruturados, que condicionam a baixa suscetibilidade à erosão. Entretanto, 40% 
da região apresentam terras muito susceptíveis à erosão, decorrência de relevos 
mais acidentados e/ou a solos com elevados conteúdos de areia ou significativa 
diferença textural em profundidade, como, por exemplo, as que ocorrem no oeste 
do estado de São Paulo e nos relevos acidentados ao longo da Serra do Mar. 
(GEOBRASIL, 2002).
Para a região Sul, observa-se a predominância de solos com alta e muito 
alta susceptibilidade à erosão, condicionados pela presença significativa de 
solos rasos, como os cambissolos e neossolos, ou mesmo mais profundos, como 
os argissolos, todos localizados em relevos acidentados das serras e planaltos 
sulinos. Os solos com susceptibilidade muito baixa e baixa perfazem 29% da 
região, geralmente associados aos planaltos e planícies sedimentares de relevos 
aplainados. (GEOBRASIL, 2002).
IMPORTANT
E
De forma geral, as classes muito baixas e baixas englobam tanto os solos de 
baixadas, mal drenados ou não, bem como aqueles de planalto, muito porosos, profundos 
e bem drenados, todos localizados em relevo plano. Em condições mais favoráveis ao 
desenvolvimento de processos erosivos, destacam-se solos arenosos ou com elevada 
mudança de textura em profundidade, até aqueles rasos, localizados, em geral, em relevos 
mais acidentados, configurando classes de susceptibilidade à erosão média, alta ou muito alta.
4 PRINCIPAIS AGENTES DA EROSÃO 
Entre os principais agentes causadores de erosão do solo, quando esse se 
encontra sem cobertura florestal são a água e os ventos. Além desses agentes, a 
mudança de temperatura e alguns agentes biológicos podem atuar no processo 
erosivo. 
TÓPICO 2 | DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS
165
FIGURA 53 – A) DESLOCAMENTO DE PARTÍCULA EM SUSPENSÃO DE POEIRA. B) IMPACTO DO 
GRAU CAUSANDO DESLOCAMENTO DE PARTÍCULA DE AREIA POR SALTAÇÃO. C) DESLOCAMENTO 
DA PARTÍCULA POR SALTAÇÃO E ARRASTO
FONTE: Sígolo (2000, p. 252)
A ação dos ventos ocorre por meio da abrasão de partículas de rochas e 
solo em suspensão (Figura 53), já a água é o mais importante agente de erosão 
atuando por meio das chuvas, riachos e rios pelo impacto ou carreamento do 
solo. As ondas também atuam erodindo as margens de da costa litorânea, de 
lagos e rios. (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 1999).
As mudanças de temperatura são consideradas como um agente de erosão 
geológica, sendo perceptível somente quando se considera longo período de 
tempo, como por exemplo, as fraturas geradas nas rochas. Estas fraturas tendem 
a ser superficiais nas variações de temperatura entre o dia e noite, enquanto são 
mais profundas quando originadas das alternâncias entre o verão e inverno. 
(GUERRA; SILVA; BOTELHO, 1999).
A ação biológica sobre o solo ocorre por meio de alguns organismos tais 
como liquens e musgos sobre as rochas (Figura 54). Contudo, os efeitos principais 
das alterações promovidas por organismos estão relacionados à aceleração da 
atuação de outros agentes como a água e os ventos.
166
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
Agora que você conheceu os agentes causadores de erosão, vamos 
conhecer que tipos de erosão e degradação esses agentes podem desenvolver.
5 TIPOS EROSÃO/DEGRADAÇÃO E SEUS IMPACTOS
Com a retirada da vegetação natural, o solo fica exposto a uma série de 
fatores que tendem ao seu empobrecimento. A velocidade de empobrecimento 
está, diretamente, ligada às características do solo, com o tipo de clima e com 
os aspectos da topografia. De tal forma, o desgaste acelerado está relacionado a 
vários processos, tais como: 
• Erosão hídrica: é a remoção e transporte das camadas ou horizontes superiores 
do solo pela água. Começa com a queda das gotas de chuva diretamente sobre 
superfícies desprotegidas e continua com a formação de enxurradas que 
formam sulcos de diversas proporções (Figura 55). 
FIGURA 54 – LIQUENS, MUSGOS E RAÍZES DE PLANTAS ATUANDO NO PROCESSO DE 
EROSÃO DAS ROCHAS
FONTE: Acervo da autora
TÓPICO 2 | DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS
167
FIGURA 55 – EROSÃO EM MARGENS DE RIOS AUSENTES DE FLORESTAS 
CILIARES
FONTE: Acervo da autora
A erosão hídrica acelerada é uma das principais causas de empobrecimento 
dos solos e pode ser definida como a remoção seletiva das partículas do solo das 
partes mais altas, com deposição nas terras mais baixas ou no fundo dos rios, 
lagos e oceanos. (GEOBRASIL, 2002). 
Calcula-se que cerca de um bilhão de toneladas de materiais dos solos 
agrícolas é arrastado anualmente pelas enxurradas, oque representa um grande 
prejuízo econômico e ecológico. Em São Paulo, dos 194 milhões de toneladas 
de terras férteis erodidas anualmente, 48,5 milhões de toneladas causaram 
assoreamento e poluição em mananciais, correspondendo a 10 kg de solo para 
cada 1 kg de soja. (BERTONI; LOMBARDI NETO; 1990).
Estabelecendo-se, com base em De Maria, 1999 apud GEOBRASIL (1999), 
que as perdas de água sejam de 2.519 m3 ha-1.ano-1 para as áreas cultivadas 
com lavouras, e que nas com pastagens a perda média relativa seja um décimo 
desse valor, estima-se para a área atualmente ocupada perdas anuais de água 
de 126,2 bilhões de m3 em áreas de lavouras e 44,8 bilhões de m3 em áreas de 
pastagens, num total de 171 bilhões de m3 de água. Esse volume não se infiltra 
no solo e nem recompõe aquíferos freáticos, causando enchentes e diminuição da 
disponibilidade hídrica, sendo um dos fatores ocultos na recente crise energética 
brasileira.
168
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
UNI
Você sabia que a redução da camada superior do solo em função do cultivo de 
milho pode chegar a 30 cm de espessura em um ano, representando 75% do solo produtivo? 
(BERTONI; LOMBARDI NETO, 1990). Isso significa o empobrecimento do solo, podendo levar ao 
processo de desertificação com o passar do tempo, além de contribuir com o assoreamento dos 
rios, aumentando os efeitos das enchentes e a poluição das águas pelos agrotóxicos aplicados 
sobre o solo.
• Degradação física: é a mudança das características físicas do solo (porosidade, 
permeabilidade e densidade). O uso frequente de maquinário agrícola forma 
uma camada compacta, com cerca de 10 a 30 cm no horizonte superior 
reduzindo a produtividade. (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 1999).
• Erosão eólica: É a remoção e deposição de fragmentos finos (silte e areia) do 
solo pelo vento. De acordo com a velocidade dos ventos, os fragmentos finos 
são removidos, permanecendo, muitas vezes, uma camada de pedregulhos e 
seixos na superfície erodida.
• Desertificação: A Convenção das Nações Unidas para o Combate à 
Desertificação (United Nations, 2001 apud GEOBRASIL, 2002) conceituou a 
desertificação como o processo de degradação das terras das regiões áridas, 
semiáridas e subúmidas secas, resultante de diferentes fatores, entre eles 
as variações climáticas e as atividades humanas. Refere-se à degradação do 
solo, da fauna, da flora e dos recursos hídricos. As regiões de clima árido e 
semiárido do Nordeste brasileiro constituem os ambientes mais susceptíveis a 
esses processos.
• Arenização: processo de retrabalhamento de depósitos arenosos pouco ou 
não consolidados, que acarreta dificuldades para a fixação da cobertura 
vegetal, devido à intensa mobilidade dos sedimentos pela ação das águas e 
dos ventos. É a degradação, relacionada ao clima úmido, em que a diminuição 
do potencial biológico não resulta em condições de tipo deserto. O Rio Grande 
do Sul, com precipitação média de 1.400 mm, apresenta áreas em fase de 
arenização localizadas a sudoeste do estado que ocupam áreas de 3,67 km2. 
(GEOBRASIL, 2002).
• Empobrecimento químico: é a perda de elementos minerais (nutrientes) do 
solo através do esgotamento causado pelas colheitas e pela falta de cobertura 
florestal do solo, onde as águas das chuvas carregam os nutrientes quando há 
escoamento superficial, bem como pela retirada de elementos nutritivos com 
as colheitas (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 1999).
TÓPICO 2 | DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS
169
• Salinização: é o processo de acúmulo, em excesso, de sais na solução do solo 
prejudicado, ou mesmo impedindo o desenvolvimento da vegetação. De modo 
geral, a salinização está relacionada à ocorrência de solos situados em regiões 
de baixas precipitações pluviais, altos déficits hídricos e com deficiências 
naturais de drenagem. A prática da agricultura irrigada é uma das principais 
causadoras de salinização dos solos em áreas de drenagem deficiente à nula, 
especialmente nas regiões de clima semiárido. (GEOBRASIL, 2002).
• Degradação biológica: é o processo de redução das atividades dos seres vivos 
do solo, reduzindo assim a quantidade de matéria orgânica, a biomassa e 
diversidade da fauna do solo. A degradação biológica pode ser considerada a 
forma mais branda de degradação, uma vez que afeta a vida no solo e porque 
a matéria orgânica decomposta por esse conjunto de seres vivos afeta as 
propriedades químicas e físicas do solo. Essa degradação pode ser causada, 
por exemplo, pelo uso indiscriminado de substâncias químicas, como os 
agrotóxicos (estudados no Tópico 3 da Unidade 2).
• Queimadas: As queimadas ocorrem em todo o território nacional, em cultivo 
itinerante principalmente em sistemas de produção altamente intensificados, 
como a cana de açúcar e o algodão, gerando impactos ambientais em escala 
local e regional. Elas são utilizadas em limpeza de áreas, preparação de 
colheita, renovação de pastagens, queima de resíduos, para eliminar pragas e 
doenças, como técnica de caça etc. O fogo afeta diretamente as características 
físico-químicas (perda por volatilização de nitrogênio e enxofre) e biológicas 
dos solos, deteriora a qualidade do ar, reduz a biodiversidade e prejudica a 
saúde humana. Ao sair de controle, atinge o patrimônio público e privado 
(florestas, cercas, linhas de transmissão e de telefonia, construções etc.). As 
queimadas também alteram a química da atmosfera e influem negativamente 
nas mudanças globais. (GEOBRASIL, 2002).
6 EROSÃO HÍDRICA
Neste item, estudaremos os tipos de erosão hídrica, as fases no processo 
de erosão e os fatores que influenciam na erosão hídrica do solo.
6.1 TIPOS DE EROSÃO HÍDRICA
Existem três tipos principais de erosão hídrica reconhecidos: superficial, 
sulcos e voçorocas. Veja as características de cada uma a seguir.
• Erosão laminar ou superficial: é a uniforme remoção de uma delgada camada 
superior de todo o terreno. As gotas de chuva, ao caírem sobre o solo, quebram 
os agregados, separando em partículas menores, sujeitas a serem arrastadas 
170
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
FIGURA 56 – IMPACTO DA GOTA DE CHUVA NA SUPERFÍCIE DO SOLO 
CAUSANDO EROSÃO LAMINAR
FONTE: Disponível em: <http://sidklein.vilabol.uol.com.br/pos/
metexpimg2_1.gif>. Acesso em: 20 fev. 2011.
• Erosão em sulcos: é resultado de irregularidades na superfície do solo, devido 
à concentração de enxurrada em determinados locais. A água das encostas 
escorre em pequenos sulcos, convergindo para outras encostas, tornando 
os sulcos ainda mais acentuados (Figura 57). Algum tempo depois, com a 
concentração da água nesses sulcos, os mesmos se transformam em grandes 
cavidades ramificadas. (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 1999). 
pela força das enxurradas (Figura 56). Este tipo de desgaste é constante, 
mesmo que o terreno possua pouco declive. Se não são tomadas medidas de 
contensão a esse tipo de erosão, em pouco tempo, aparecem os sulcos com 
maior evidência. (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 1999).
TÓPICO 2 | DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS
171
FIGURA 57 – ESQUEMA MOSTRANDO UMA ENCOSTA EM PROCESSO INICIAL DE EROSÃO EM 
SULCOS
FONTE: Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/b3w-287-5.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2011.
• Erosão em voçoroca: apresenta-se como valas profundas nas encostas, 
atingindo até mesmo o horizonte C dos solos. Pode atingir profundidades de 
vários metros (Figura 58). Esse tipo de erosão indica a perda total do solo, 
destruindo campos cultivados e, muitas vezes, até áreas urbanas. (GUERRA; 
SILVA; BOTELHO, 1999).
FIGURA 58 – MODELO DE EVOLUÇÃO DE VOÇOROCA. I) VOÇOROCA 
CONECTADA À REDE HIDROGRÁFICA. II) VOÇOROCA DESCONECTADA À 
REDE HIDROGRÁFICA. III) INTEGRAÇÃO ENTRE OS DOIS TIPOS ANTERIORES 
FONTE: Guerra; Silva; Botelho (1999, p. 82)
172
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
NOTA
A intensidade com que cada uma destas erosões ocorre pode variar com as 
características e/ou propriedades do solo, além do clima, declividade e manejo do solo.
DICAS
Para saber mais a respeito dos tiposde erosão e seus agentes, sugerimos a 
leitura do livro escrito por Guerra, Silva e Botelho em 1999: Erosão e conservação dos solos: 
conceitos, temas e aplicações. 
6.2 FASES NO PROCESSO DE EROSÃO
Segundo Bertoni e Lombardi Neto (1990), o processo de erosão hídrica 
acontece em três fases distintas:
• Desagregação: umedecimento dos agregados durante as chuvas ameniza 
as forças de coesão entre as partículas do solo, tornando os agregados mais 
susceptíveis à fragmentação com o impacto continuado das gotas de chuva. 
Contribuem também nesta fase as enxurradas formadas pelo escorrimento 
superficial. 
• Transporte: as partículas de solo desagregadas pelas gotas poderão ser 
transportadas pelo salpique, ou seja, junto com as gotículas de chuvas 
subdivididas e que se deslocam com o impacto das primeiras gotas. As 
enxurradas formadas pelo escoamento superficial são outro meio de transporte.
• Deposição: após diminuir ou cessar a velocidade e turbulência da enxurrada e 
encerradas as chuvas, as partículas de solo são então depositadas nas porções 
mais rebaixadas do relevo. Este processo pode ocasionar o assoreamento de 
cursos d’água ou reservatórios.
TÓPICO 2 | DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS
173
NOTA
A degradação é ocasionada tanto pelo impacto direto ao solo pelas gotas de 
chuva, como pelas águas que escorrem pelas suas superfícies. 
As gotas da chuva atingem a superfície com uma velocidade entre 5 a 
15 km/hora, enquanto a água das enxurradas tem velocidade bem menor, não 
superior a 1 km/hora. Portanto, o primeiro passo para a erosão é o impacto das 
gotas de chuva, o que provoca forte degradação das partículas de solo desprovido 
de vegetação. Quando a superfície do solo está protegida com mata, a copa das 
árvores absorve a maior parte da energia cinética das gotas das chuvas e o manto 
de folhas sobre o solo amortece o resto do impacto. 
IMPORTANT
E
A erosão hídrica é a principal forma de degradação dos solos no Brasil, e ocorre 
em três fases: desagregação, transporte e deposição; e suas principais formas de expressão 
são a laminar, sulcos e em voçorocas.
6.3 FATORES QUE INFLUENCIAM NA EROSÃO HÍDRICA 
DO SOLO
A erosão causada pela água depende de uma série de fatores, sendo que 
quatro são os principais: clima, tipo de solo, declividade do terreno e manejo do 
solo. 
• Clima: a distribuição, a quantidade e a intensidade das chuvas são os fatores 
que exercem forte influência quando o solo está desprotegido. Se o solo está 
sendo cultivado, fica mais desprotegido, principalmente por ocasião da 
semeadura, quando o solo é recém-removido. 
• Natureza do solo: a erosão depende das características físicas como textura, 
permeabilidade e profundidade. Solos arenosos são erodidos com mais 
facilidade, já os solos argilosos, devido à sua estrutura mais compacta, sofrem 
menos com a erosão. Solos rasos são mais erodíveis que os profundos, devido 
ao acúmulo de água acima da rocha, ou camada impermeável, tornando-se 
mais rapidamente encharcado, permitindo o escoamento das partículas. 
174
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
• Declividade do terreno: terrenos planos ou com pouco declive, a água escoa 
com menor velocidade, sendo assim, tem maior tempo para infiltrar-se, ao 
passo que, nos terrenos mais inclinados, a velocidade é maior e a infiltração 
menor, provocando maiores erosões. 
• Manejo do solo: solos cobertos por vegetação estão em condições ideais para 
absorção da água e resistem bem à erosão. Se todos os cultivos convencionais 
fossem substituídos por florestas ou plantio direto, o problema da erosão seria 
minimizado. 
IMPORTANT
E
A degradação e o transporte de partículas estão diretamente ligados à forma de 
cultivo do solo, podendo, assim, minimizar ou maximizar o escoamento superficial da água. 
Solos com cultivo de plantas anuais (milho, cebola, feijão, soja) estão mais expostos à erosão 
que os cultivados com plantas perenes (laranja, cafeeiro, pereira). 
TÓPICO 2 | DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS
175
LEITURA COMPLEMENTAR
PRINCIPAIS DANOS CAUSADOS PELA EROSÃO DO SOLO 
Simplificadamente podemos definir erosão do solo como sendo a 
desagregação, o arrastamento (transporte) e a deposição de componentes do 
solo, pelas águas ou pelo vento. De uma maneira didática, podemos identificar os 
seguintes danos principais causados pela erosão do solo: 
1 Arrastamento das partículas de argila dos solos. Não é fácil ao leigo 
compreender bem o significado deste aspecto, mas seria importante reconhecer 
que a base química do solo reside nas argilas. Como são partículas de 
dimensões microscópicas (medem menos que 0,002 milímetros de diâmetro), 
elas são muito leves e também facilmente arrastadas pelas águas e ventos. O 
desaparecimento das argilas resulta num gradativo empobrecimento químico 
dos solos, comprometendo sua produtividade. 
2 Arrastamento de nutrientes. Juntamente com as argilas, são arrastados os 
nutrientes nelas adsorvidos. Esses nutrientes tanto são os existentes naturalmente, 
como aqueles adicionados artificialmente, através das fertilizações, realizadas 
obrigatoriamente na agricultura intensiva, com custos financeiros elevados. 
Perder nutrientes do solo, portanto, também representa perder dinheiro. 
3 Arrastamento de matéria orgânica. A matéria orgânica do solo, em diferentes 
estádios de decomposição entre os resíduos recentes e o húmus, é facilmente 
arrastada pelas enxurradas. No entanto, sua importância para os solos tropicais 
é altamente significativa, pois ela pode responder por até 100% da capacidade de 
intercâmbio catiônico dos mesmos. Isto significa dizer, em outras palavras, que 
solo sem matéria orgânica é solo com baixo nível de nutrientes, solo com baixa 
capacidade de intercâmbio catiônico, vital na fisiologia vegetal, incapaz até mesmo 
de reter por um prazo mínimo, aqueles elementos adicionados artificialmente 
(correções e adubações). Pode-se compreender, aqui, o grave prejuízo causado 
pelas queimadas sistemáticas, que destroem a matéria orgânica do solo. 
4 Diminuição da capacidade produtiva das terras. Consequentemente aos 
três itens anteriores (arrastamento de argilas, arrastamento de nutrientes e 
arrastamento de matéria orgânica), ocorre aumento e persistência da acidez do 
solo e, ao final, a perda da produtividade da terra. 
5 Arrastamento de partículas de maiores dimensões. As areias constituem 
importante parte do solo, também arrastadas pelas enxurradas e até mesmo 
pelos ventos fortes. Quando arrastadas pelas águas, elas podem sedimentar 
nos cursos d'água e em outros corpos hídricos, assoreando-os. Corpos maiores 
também podem e são arrastados, como pedras de grandes proporções, casas e 
outros bens. Os noticiários da televisão mostram, não raro, verdadeiras tragédias 
causadas pelas enxurradas que causam as erosões e danos de toda ordem. 
176
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
6 Agravamento das inundações. Os cursos d'água e outros corpos hídricos, 
à medida que vão sendo assoreados, recebendo as partículas arrancadas e 
transportadas, vão diminuindo também a capacidade de receber água (não 
cabe mais água, pois o espaço está ocupado por areia). Desta forma, qualquer 
enxurrada acaba provocando inundação. 
7 Agravamento das secas. As argilas, sejam elas orgânicas ou inorgânicas, têm 
capacidade de reter água por adsorção. Graças a essa capacidade, as plantas 
e outros organismos conseguem sobreviver no solo, que funciona como se 
fosse um verdadeiro reservatório de água. Desaparecendo as argilas, por 
arrastamento ou queima (no caso de argilas orgânicas), também desaparece 
essa capacidade armazenadora, resultando em solo seco, ou seja, agravamento 
dos períodos secos do ano (popularmente chamado de verão). 
8 Danos a plantações e benfeitorias. O arrastamento do solo pela erosão pode 
arrastar também sementes recém-plantadas. Plantios podem ser soterrados. 
Plantas perenes podem ser arrancadas. Casas, cercas, currais, estábulos e outras 
benfeitorias também podem ser danificados,causando prejuízos diversos, 
alguns de difícil reparação posterior. 
9 Danos a obras e instalações hidráulicas. Obras hidráulicas como barragens 
de terra e outras, podem ser danificadas (ou até mesmo destruídas) pelas 
enxurradas ou por soterramento a elas consequente. O mesmo pode acontecer 
com as instalações hidráulicas, inclusive aquelas utilizadas na irrigação de 
culturas. 
10 Empobrecimento gradativo do meio rural. As pessoas que vivem das 
atividades rurais, quando sujeitas a processos contínuos de erosão do 
solo, gradativamente empobrecem como consequência da perda gradativa 
da produtividade da terra. Por outro lado, é triste constatar que muitos 
agricultores e criadores são incapazes de reconhecer a existência do processo 
erosivo em suas áreas. De fato, a modalidade de "erosão laminar" não é de fácil 
reconhecimento. Mas isto está infinitamente longe de indicar sua ausência. 
Em função do resumo exposto, pode-se concordar com alguns ecólogos, 
que consideram que o maior risco à sobrevivência da espécie humana no planeta 
Terra é a degradação ambiental, destacando-se dentre elas, a erosão do solo. 
Muitos autores consideram que ameaças tais como armas nucleares e químicas, 
pode ser objeto de controle mais perfeito ainda que o atualmente adotado o que 
minimizaria ou colocaria uma possível destruição planetária num grau de risco 
extremamente remoto, se não de todo afastado. Com a degradação ambiental, 
aí inserida com destaque a erosão do solo, não é tão simples, pois envolvem 
conscientizar milhões de pessoas, muitas das quais sem capacidade intelectual de 
perceber os riscos envolvidos ou o significado dos mesmos, não podendo deixar 
de ser considerada a multiplicidade de etnias, culturas, interesses, aspirações etc. 
TÓPICO 2 | DEGRADAÇÃO E EROSÃO DOS SOLOS
177
O controle da erosão do solo merece uma reflexão. Ela tem sido constatada 
apenas de modo difuso e indireto, como por exemplo, através do assoreamento 
de rios, lagos e açudes privados. As medidas técnicas de controle da erosão do 
solo, paradoxalmente, são relativamente simples e pouco dispendiosas. A matéria 
revela-se como de conhecimento obrigatório por parte de muitos profissionais, 
que precisam continuamente ser alertados pelos agrônomos e outros especialistas. 
FONTE: SENA, Julio Nascimento. Fragmento de Dissertação (2006, p. 14-16) Disponível em: <http://
www.ppgec.feis.unesp.br/teses/2008/julio2008.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2011.
178
Neste tópico, você estudou que:
• A erosão do solo é o processo de desgaste da superfície e/ou arrastamento das 
partículas do solo por agentes, tais como a água das chuvas (hídrica), ventos 
(eólica), gelo (mudanças de temperatura), ou outro agente geológico, incluindo 
processos como o arraste gravitacional.
• A degradação pode ser conceituada como a alteração das propriedades do solo 
que acarrete efeitos negativos sobre uma ou várias funções do solo, a saúde 
humana ou o meio ambiente.
• A susceptibilidade natural dos solos à erosão é uma função da interação entre 
as condições de clima, modelado do terreno e tipo de solo.
• Existem cinco classes de susceptibilidade à erosão das terras do país, sendo 
elas: muito baixa, baixa, média, alta e muito alta.
• Na região Norte, observam-se baixos níveis de susceptibilidade; no Nordeste 
do Brasil, 33% das terras apresentam susceptibilidade muito baixa e baixa, 34% 
média e 33% têm classes de susceptibilidade alta e muito alta; o Centro-Oeste 
apresenta cerca de 70% de seus solos com susceptibilidade variando de muito 
baixa a média; na região Sudeste ocorre a predominância de solos com baixa 
susceptibilidade aos processos erosivos (46%); para a região Sul, observa-se a 
predominância de solos com alta e muito alta susceptibilidade à erosão.
• Entre os principais agentes causadores de erosão do solo estão: a água, o vento, 
as mudanças de temperatura e os agentes biológicos. 
• Podemos elencar os tipos de erosão e degradação em: erosão hídrica, erosão 
eólica, empobrecimento químico e lixiviação, excesso de sais ou salinização, 
degradação física, degradação biológica, desertificação, arenização e 
queimadas.
• A erosão hídrica pode ocorrer de três formas diferentes, sendo elas: erosão 
laminar ou superficial, sulcos e voçorocas. 
• A intensidade com que cada uma destas formas ocorre pode variar de acordo 
com as características e/ou propriedades do solo, clima, declividade e manejo 
do solo. 
• O processo de erosão hídrica acontece em três fases distintas: desagregação, 
transporte e deposição.
RESUMO DO TÓPICO 2
179
AUTOATIVIDADE
Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 Complete as lacunas da frase a seguir:
Entre os principais agentes causadores de erosão do solo, quando esse se 
encontra sem _________________ são a _______________ e os ventos. Além 
desses agentes, a ________________________ e alguns agentes ________________ 
podem atuar no processo erosivo. 
2 Com relação aos tipos de erosão hídrica, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Laminar, eólica e voçorocas.
b) ( ) Laminar, sulcos e voçorocas.
c) ( ) Arenização, desertificação e queimadas.
d) ( ) Arenização, laminar e eólica.
e) ( ) Sulcos, voçorocas e desertificação.
3 Descreva as três fases do processo de erosão hídrica e relacione-as com o 
impacto da gota de chuva.
4 Cite e descreva três exemplos de erosão/degradação e os impactos que 
podem causar.
180
181
TÓPICO 3
MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O uso adequado da terra é o primeiro passo em direção à conservação 
do recurso natural solo, e à agricultura correta e sustentável. Para isso, deve-
se empregar cada parcela de terra de acordo com a sua aptidão, capacidade de 
sustentação e produtividade econômica, de tal forma que os recursos naturais 
sejam colocados à disposição do homem para seu melhor uso e benefício, ao 
mesmo tempo em que são preservadas para gerações futuras.
A prática conservacionista visa proporcionar um manejo correto do solo, 
evitando, assim, sua degradação e conciliando ecologia, agricultura e equilíbrio 
ambiental. 
Existem várias formas que podem ser aplicadas no processo de conservação 
do solo, dentre as formas, você vai estudar nesse tópico algumas delas, como 
os métodos edáficos, mecânicos e vegetativos ou florestais, além de técnicas 
de recuperação ambiental do solo. Todos esses métodos, para serem aplicados 
exigem conhecimento sobre as características do solo, estudadas nas unidades 
anteriores.
2 CONSERVAÇÃO E MANEJO
A conservação dos solos está diretamente ligada a um conjunto de práticas 
que são aplicadas para promover o uso de forma mais sustentável do solo para 
o plantio na agricultura e o desenvolvimento da pecuária. Essas práticas visam 
garantir as condições físicas, químicas e biológicas dos solos na busca de manter 
a fertilidade e assim proporcionar o desenvolvimento das plantas cultivadas.
Assim sendo, o principal objetivo da conservação dos solos está ligada 
à produtividade, que busca a sua condição original quando o solo apresenta 
produtividade baixa. Para isso, o sistema de manejo do solo é fundamental, pois 
é capaz de controlar a ação dos agentes causadores de degradação que levam à 
erosão do solo.
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
182
O manejo nada mais é que todo e qualquer procedimento que visa 
assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas 
conforme mencionado no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei 
no 9.985/2000). 
Assim, podemos dizer que manejar o solo é gerenciar esse recurso natural 
em uma área, podendo ser a bacia hidrográfica, conforme você estudou no Tópico 
1 dessa unidade, a fim de conservar para que seu aproveitamento possa ser feito 
de forma integrada e contínua.
UNI
Vamos conhecer os métodos de conservação e manejo dos solos para que 
possamos, como tecnólogos em Gestão Ambiental, orientaro uso adequado e sustentável 
desse recurso natural.
3 MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO E MANEJO
Dentre os métodos de conservação e manejo do solo estão o método 
edáfico, o mecânico e o vegetativo. Veja a seguir o que caracteriza cada um desses 
métodos.
3.1 MÉTODOS EDÁFICOS
Os métodos edáficos de conservação dizem respeito ao solo em si, 
procurando manter e melhorar sua fertilidade, principalmente, manter a 
adequada quantidade de nutrientes para as plantas. Estas medidas são regidas 
por três princípios: a adubação, a rotação de culturas e a eliminação ou controle 
das queimadas. (LEPSCH, 2002). 
A adubação visa repor nutrientes ao solo para que as lavouras se 
desenvolvam melhor. Para que se tenha um melhor controle sobre a adubação, 
são feitas coletas de solo e enviadas para laboratórios especializados, onde é 
diagnosticado o tipo e a quantidade de determinado nutriente que deverá ser 
reposto ao solo, “corrigindo-o”. (LEPSCH, 2002).
TÓPICO 3 | MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
183
NOTA
A adubação orgânica é indicada para áreas com cultivo intensivo, como é o 
caso da horticultura. Você pode adicionar esterco de curral ou compostos formados pela 
decomposição de restos orgânicos misturados junto ao solo.
A rotação de cultura consiste em alternar em um mesmo terreno 
diferentes culturas, não repetindo por muito tempo uma determinada cultura em 
um mesmo local (Figura 59). Essa prática baseia-se no fato de as culturas terem 
sistemas radiculares e exigências nutricionais diferentes. (LEPSCH, 2002).
Um dos meios de corrigir o solo é utilizar o calcário, que serve para 
elevar o pH a valores apropriados, corrigir a acidez e eliminar elementos 
tóxicos (alumínio), bem como para fornecer os macronutrientes, como cálcio e 
magnésio. Já os fertilizantes oferecem elementos nutritivos, como são os casos 
do nitrogênio, os fósforos e os potássios, utilizados em maior quantidade 
pelas plantas.
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
184
A consolidação do método de rotação de culturas está ligada ao chamado 
sistema de plantio direto. Esse sistema é orientado à geração de benefícios 
fitossanitários, à manifestação da fertilidade integral do solo (aspectos físicos, 
químicos e biológicos) à promoção da cobertura permanente de solo e, sobretudo, 
ao incremento da rentabilidade.
IMPORTANT
E
O método de rotação de cultura ajuda a recuperar e manter melhor o solo 
em características físicas, químicas e biológicas. Também contribui para o controle de 
plantas daninhas, doenças e pragas, e ainda protege o solo da ação dos agentes climáticos, 
viabilizando a semeadura direta e a produção agropecuária.
FIGURA 59 – EXEMPLO DE UMA ÁREA QUE REALIZA ROTAÇÃO DE CULTURA. A) SOJA NO 
VERÃO COM COLHEITA DE 3.703 KG/HA E AVEIA E NABO NO OUTONO PARA PRODUÇÃO 
DE BIOMASSA E ADUBAÇÃO VERDE. B) MILHO NO VERÃO COM PRODUÇÃO APROXIMADA 
DE 9 TONELADAS DE GRÃOS/HA E NABO FORRAGEIRO OUTONO
FONTE: REVISTA PLANALTO DIRETO. Passo Fundo: Aldeia Norte Ed., n. 111, 2009. 
TÓPICO 3 | MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
185
Com relação às queimadas, muitos ainda a consideram como sendo 
a forma mais rápida e econômica de limpar o terreno, de facilitar a colheita 
(caso da cana-de-açúcar) ou de renovar pastagens. É um sistema em que os 
nutrientes da biomassa das plantas ficam rapidamente disponíveis sob forma 
de cinzas, para que as lavouras de ciclo curto possam produzir uma boa 
colheita. No entanto, a queimada deixa o solo descoberto para a ação dos 
processos erosivos, queima elementos úteis às plantas e, ainda, causa poluição 
atmosférica e elimina toda a biota do solo (bactérias, minhocas, formigas, 
fungos etc.). (LEPSCH, 2002). 
3.2 MÉTODOS MECÂNICOS
Os métodos mecânicos de conservação exigem a utilização de máquinas. 
Geralmente são introduzidas alterações de relevo, com intuito de corrigir declives 
acentuados, por meio da construção de patamares em linhas de nível, forçando 
a água das enxurradas a se infiltrar em vez de escorrer. São práticas geralmente 
simples, que envolvem maior custo, mas que produzem excelentes resultados. 
(LEPSCH, 2002).
Dentre as principais práticas mecânicas de conservação do solo estão o 
plantio em curvas de nível, os terraços de tipo camalhão, bem como estruturas 
para desvio e infiltração das águas. 
O plantio em curvas de nível (Figura 60) consiste em determinar curvas 
conforme a topografia do terreno, fazendo-se o preparo do solo e a semeadura 
sempre em sentido perpendicular ao declive. Sendo assim, as fileiras de plantas 
agem como sulcos que quebram a velocidade da enxurrada, forçando a água se 
infiltrar no solo.
FIGURA 60 – PLANTIO SEGUINDO AS CURVAS DE NÍVEL DO TERRENO
FONTE: Disponível em: <http://www.geocities.ws/aeapi_agronegocio/curvas.
jpg>. Acesso em: 20 fev. 2011.
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
186
O terraço (Figura 61) é a construção de um canal em forma de dique 
de terra com o auxílio de máquinas agrícolas. São construídos em intervalos 
regulares, no sentido transversal às inclinações de terreno, fazendo com que a 
água seja obrigada a se infiltrar no solo e o excedente escoará de maneira lenta, 
para fora da área de cultivo. 
A prática do terraceamento é muito eficiente, desde que bem planejada e 
aplicada, e que receba também uma adequada manutenção. Por outro lado, um mau 
planejamento de um terraceamento poderá causar muito mais estragos que benefícios, 
pois no caso do rompimento ou transbordamento de um desses diques, a reação será 
em cadeia e todos os outros serão rompidos, causando enormes prejuízos ao solo, como 
a produção de profundos sulcos no terreno. (LEPSCH, 2002).
FIGURA 61 – ÁREA COM PLANTIO USANDO O MÉTODO DE TERRACEAMENTO
FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/
f7/Sapa,_terraced_rice_paddy.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2011.
Estruturas semelhantes a estas já eram utilizadas por povos da antiguidade 
como os astecas e os maias, que construíam patamares e terraços nas encostas 
para o plantio de culturas como o milho e batatas. Portanto, fica evidente que 
tais povos já se preocupavam com a conservação do solo, garantindo, assim, a 
produção de alimentos para as gerações futuras. (LEPSCH, 2002).
Por fim, cabe destacar que não somente a área de cultivo deverá estar à 
mercê de tais práticas, mas o entorno da mesma também deverá ser considerada. 
Nesse sentido, propõe-se um planejamento mais amplo, como, por exemplo, não 
desviar águas oriundas do escoamento de estradas e pastagens para dentro do 
terreno que está sendo cultivado. 
TÓPICO 3 | MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
187
3.3 MÉTODOS VEGETATIVOS
As práticas vegetativas consistem em recobrir o solo com o plantio 
visando ao controle da erosão. Para tal, pode-se realizar o cultivo em faixas, 
reflorestamento, manejo adequado de pastagens, formação de quebra de vento 
com faixas de árvores, cobertura do solo com palhas ou serapilheira e controle de 
capinas. (LEPSCH, 2002).
A prática de recobrir o solo com palhas ou serapilheira (galhos, folhas) 
é muito eficiente no controle da erosão e está baseada em princípios de cobrir o 
solo com resíduos de plantas, imitando, assim, a própria natureza (Figura 62).
FIGURA 62 – COBERTURA DO SOLO COM PALHA OU RESTOS DE PLANTAS DA 
COLHEITA ANTERIOR PARA PROTEÇÃO CONTRA EROSÃO
FONTE: Disponível em: <http://www.semeato.com.br/semeato/_uploads/userfiles/
image/CULTURA-SOJA-(2).jpg>. Acesso em: 20 fev. 2011.
IMPORTANT
E
A cobertura ou revestimento do solo protege tanto o impacto das gotas de 
chuva, como o escoamento da água, diminuindo sua velocidade e aumentando a infiltração 
e, ainda, proporciona o sombreamento e o fornecimento de matéria orgânica ao solo.
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
188
A cobertura do solo também proporciona a vida da fauna que vive no solo, 
como minhocas, besouros e bactérias, além de fungos e liquens que necessitam 
de condições ideais de temperatura, umidade e luminosidade para que possam 
se desenvolver. 
Os solos, que antes eram aptospara as lavouras e que agora não são 
mais adequados a isso, prestam-se para a formação de pastagens. Contudo, na 
prática da pecuária, deve-se observar a quantidade de gado colocada em uma 
determinada área de pastagem, pois quanto maior o número de indivíduos por 
área, maior será o pisoteio sobre o solo, levando à erosão do solo (LEPSCH, 2002). 
Buscando evitar essa erosão da pastagem, recomenda-se o rodízio de pastagens 
(Figura 63), com os pastos subdivididos, formando os chamados piquetes. 
Assim, o gado passa de uma subdivisão para outra, segundo um planejamento 
predeterminado. Sem o pisoteio contínuo, a pastagem terá tempo para se refazer, 
mantendo o solo sempre coberto e vigoroso.
FIGURA 63 – ÁREA COM APLICAÇÃO DO MÉTODO VEGETATIVO TIPO RODÍZIO DE 
PASTAGEM
FONTE: Disponível em: <http://www.unesc.br/portal/galeriafotos/veterinaria/piquetes 
%20equinocultura.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2011.
TÓPICO 3 | MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
189
O cultivo em faixas diferentes também é um método vegetativo que auxilia 
na conservação do solo. Para tal, são estabelecidas faixas de 20 a 40 metros de largura, 
de tal modo que, a cada ano, cultivos pouco densos se alternem com outros mais 
densos, que ofereçam maior proteção ao solo. Essa prática combina o plantio em 
contorno com rotação de cultura. O controle da erosão advém tanto da diferença de 
cobertura dos cultivos adotados como do parcelamento das encostas e da disposição 
em contorno, interceptando as águas das enxurradas. (LEPSCH, 2002).
4 TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO
A recuperação é o processo que visa à obtenção de uma nova utilização 
para a área degradada, que pode ser diferente da original. Conforme Rodrigues 
e Gandolfi (2000), o termo recuperação se refere a uma designação genérica de 
qualquer ação que possibilite a reversão de uma área degradada para a condição 
não degradada.
Além dos métodos de conservação do solo para que a agricultura possa 
coexistir, existem várias estratégias para se realizar a recuperação de uma área 
que já foi usada, seja para cultivo de plantas alimentares ou pastagem, seja pela 
mera exploração florestal e abandono da área deixando os rastros de degradação 
que levam à erosão do solo pelas enxurradas, impactos das gotas de chuvas, 
ventos e outros. Dentre as técnicas de recuperação de uma área degradada pela 
ação antrópica, podemos citar: implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), a 
implantação de espécies florestais nativas, regeneração natural e implantação de 
poleiros artificiais, implantação de leiras de contenção.
4.1 IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAFS)
Esta estratégia consiste em plantar espécies nativas consorciadas com 
espécies exóticas que não tenham histórico de invasão, quando manejadas ao 
longo do tempo em uma mesma área (Figura 64). Os SAFs referem-se a uma 
ampla variedade de formas de uso da terra, onde árvores e arbustos são cultivados 
de forma interativa com cultivos agrícolas e/ou pastagens, visando a múltiplos 
propósitos, constituindo-se numa opção viável de manejo sustentado da terra.
As espécies cultivadas nos SAFs podem pertencer a um dos seguintes 
grupos (MAY; TROVATTO, 2008):
Espécies prioritárias: usadas para o autoconsumo e para a geração e 
apropriação da renda (beneficiamento e comercialização).
Espécies de serviço: são espécies funcionais na prestação de serviços 
ambientais, como as plantas repelentes que ajudam a controlar determinadas pragas, 
entre elas: o gengibre (Zingiberoficinale) e a citronela (Cymbopogonwinterianus).
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
190
FIGURA 64 – REPRESENTAÇÃO DE UM SISTEMA AGROFLORESTAL (SAF)
Mogno
Pupunha
Andiroba
FONTE: Disponível em: <http://sitiocurupira.files.wordpress.com/2008/11/agrofloresta2.
jpg>. Acesso em: 20 fev. 2011.
4.2 PLANTIO DE ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS
Essa estratégia pode ser usada em áreas em que a floresta original foi 
substituída por alguma atividade de agricultura ou de pecuária. As espécies são 
introduzidas nessa sequência: pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias 
e/ou climáxicas. As espécies podem ser plantadas na área em mudas ou por meio 
de semeadura de propágulos. (GHODDOSI; TORRES; FRANK, 2009). 
Um aspecto fundamental dessa estratégia é a escolha adequada das espécies, 
o que representa uma das garantias do sucesso da recuperação (Figura 65). A seleção 
deve considerar a adaptabilidade das espécies para cada condição física do solo, ou 
seja, espécies para solos saturados (úmidos) e para não saturados (secos).
TÓPICO 3 | MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
191
FIGURA 65 – PLANTIO COM ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS PARA A RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
Durante pelo menos dois anos após o plantio, 
deve-se manter a área limpa, evitando a 
concorrência de espécies invasoras.
Passados três a quatro anos após o início do
manejo, haverá aumento dos incrementos 
em altura e diâmetro das plantas, surgindo 
um sub-bos que pelo processo de dispersão 
natural da própria floresta.
FONTE: Disponível em: <http://www.agr.feis.unesp.br/noroeste/figura17.JPG>. Acesso em: 15 fev. 2011.
4.3 REGENERAÇÃO NATURAL
Essa estratégia é usada em áreas com menor nível de perturbação e 
caracteriza-se pela facilidade do processo de recuperação, pois é preciso somente 
isolar a área dos fatores de perturbação. O isolamento é essencial nos casos em 
que as áreas a serem recuperadas localizam-se próximas às áreas de criação 
animal, pois o pisoteio desses causa danos significativos às mudas e ao processo 
sucessional. (GHODDOSI; TORRES; FRANK, 2009). 
Um fator importante que contribui para o sucesso de recuperação por 
meio da regeneração natural é a presença de pássaros no entorno da área, que 
liberam as sementes dos frutos de que se alimentaram em remanescentes das 
proximidades (Figura 66).
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
192
FIGURA 66 – REPRESENTAÇÃO DE UMA ÁREA EM REGENERAÇÃO NATURAL PRÓXIMA A 
CURSOS D’ÁGUA
FONTE: Rodrigues e Gandolfi (2000, p. 8)
4.4 IMPLANTAÇÃO DE POLEIROS ARTIFICIAIS
Consiste na instalação de galhos secos na fase inicial do processo de 
recuperação. Os poleiros artificiais servem de atrativo aos dispersores dentro da 
área que se pretende recuperar (Figura 67). Assim, os galhos secos de árvores 
servem de pouso para as aves. Elas os utilizam para repouso ou forrageamento 
de presas (muitas aves são onívoras e, enquanto caçam, depositam sementes). 
(GHODDOSI; TORRES; FRANK, 2009). 
O poleiro artificial pode ser confeccionado com diversos materiais, como, 
por exemplo, restos de madeira ou bambu. Eles devem apresentar ramificações 
terminais onde as aves possam pousar, serem relativamente altos para 
proporcionar bom local de caça e esparsos na paisagem. (GHODDOSI; TORRES; 
FRANK, 2009). 
TÓPICO 3 | MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
193
FIGURA 67 – POLEIRO ARTIFICIAL NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO 
AMBIENTAL
FONTE: Disponível em: <http://www.biotemas.ufsc.br/volumes/pdf/
volume233/125a135.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2011. 
4.5 IMPLANTAÇÃO DE LEIRAS DE CONTENÇÃO
A estratégia de adicionar sobre o solo as leiras de contenção consiste da 
formação de pilhas de galhos e matéria orgânica que formem aglomerados de 
meio a um metro de altura e de aproximadamente dois metros de comprimento, 
distribuídos ao longo da área em que há caminhos preferenciais de água (Figura 
68). Essa técnica auxilia na redução da erosão e criam-se ambientes para a 
instalação de espécies. (GHODDOSI; TORRES; FRANK, 2009).
UNIDADE 3 | DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
194
FIGURA 68 – ÁREA EM RECUPERAÇÃO USANDO LEIRAS DE CONTENÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://img156.imageshack.us/i/28042010258.jpg/>. Acesso em: 
20 fev. 2011.
195
Neste tópico, você estudou:
• A conservação dos solos é um conjunto de práticas que são aplicadas para 
promover o uso de forma mais sustentável do solo.
• O manejo é um procedimento que visa assegurar a conservação da diversidade 
biológica e dos ecossistemas, ou seja, gerenciar esse recurso natural a fim de 
conservar para queseu aproveitamento possa ser feito de forma continuada.
• Os métodos de conservação e manejo dos solos podem ser classificados em: 
edáficos, mecânicos e vegetativos.
• O método mecânico de conservação e manejo dos solos procura manter 
e melhorar sua fertilidade. Estas medidas são regidas por três princípios: 
eliminação ou controle das queimadas, adubação e rotação de culturas.
• A rotação de cultura consiste em alternar em um mesmo terreno diferentes 
culturas, não repetindo por muito tempo uma determinada cultura em um 
mesmo local.
• Os métodos mecânicos de conservação do solo que exigem a utilização de 
máquinas. Podemos citar o plantio em curvas de nível, os terraços, bem como 
estruturas para desvio e infiltração das águas.
• As práticas vegetativas visam ao controle da erosão por meio da cobertura 
vegetal do solo. Dentre as principais práticas vegetativas, podemos citar: 
cultivo em faixas, reflorestamento, manejo adequado de pastagens, formação 
de quebra de vento com faixas de árvores, cobertura do solo com palhas ou 
serapilheira e controle de capinas.
• Outra forma de conservar o solo é por meio de técnicas de recuperação, que é 
o processo que visa à obtenção de uma nova utilização para a área degradada, 
que pode ser diferente da original.
• Dentre as técnicas de recuperação de uma área degradada pela ação antrópica, 
podemos citar: implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), a implantação 
de espécies florestais nativas, regeneração natural, implantação de poleiros 
artificiais e implantação de leiras de contenção.
• A implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) é a estratégia que consiste em 
plantar espécies nativas consorciadas com espécies exóticas que não tenham 
histórico de invasão.
RESUMO DO TÓPICO 3
196
• O plantio de espécies florestais nativas é a introdução de espécies por meio 
de plantio ou semeadora, sendo usada em áreas em que a floresta original foi 
substituída por alguma atividade de agricultura ou de pecuária. 
• A regeneração natural é a estratégia usada em áreas com menor nível de 
perturbação e caracteriza-se pela facilidade do processo de recuperação, pois é 
preciso somente isolar a área dos fatores de perturbação. 
• A implantação de poleiros artificiais consiste na instalação de galhos secos na 
fase inicial do processo de recuperação que servem de pouso para as aves. 
• A implantação de leiras de contenção consiste da formação de pilhas de galhos 
e matéria orgânica que formem aglomerados que auxiliam na quebra da 
velocidade da água, evitando a erosão.
197
AUTOATIVIDADE
Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 Analise uma área agropecuária próxima ao seu polo de estudo ou sua 
residência e faça um parecer técnico orientando o proprietário da terra 
na conservação e uso do solo. Para isso, escolha o melhor método edáfico, 
mecânico e vegetativo, além de sugerir uma ou mais técnicas estudadas para 
a recuperação ambiental da propriedade.
198
199
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ANOTAÇÕES
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