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DIREITO PROCESSUAL PENAL AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO "HABEAS CORPUS" 1. CONCEITO: é a ferramenta constitucionalmente disciplinada (art. 5º, LXVIII da CF) que tutela o direito liquido e certo de locomoção, contra ilegalidade ou abuso de poder, atual ou iminente, atingindo direito próprio ou alheio, boicotando assim a nossa prerrogativa de ir, vir ou ficar. 2. NATUREZA JURÍDICA: 2.1. 1ª POSIÇÃO: o CPP trata o HC no capítulo dos recursos, revelando clara defasagem (arts. 647 e seguintes); 2.2. 2ª POSIÇÃO: de acordo com a doutrina e com a jurisprudência, o HC é uma ação autônoma de impugnação, com previsão constitucional, de natureza penal e com caráter popular, inaugurando uma nova relação jurídica processual. 3. LEGITIMIDADE: 3.1. LEGITIMIDADE ATIVA: o HC pode ser impetrado por qualquer pessoa, destacando-se a sua essÊncia popular. OBS.1. o HC pode ser manejado pelo inimputável por doença mental, pelo menor, pelo analfabeto e até mesmo pela pessoa jurídica; OBS.2. não toleramos o HC apócrifo (anônimo); OBS.3. a capacidade postulatória está dispensada. Todavia, exigimos a capacidade processual, leia-se, a capacidade de contrair obrigações e exercer direitos. 3.2. LEGITIMIDADE PASSIVA: é o autor da ilegalidade ou do abuso de poder, sendo normalmente um funcionário público. OBS. nada impede que no polo passivo figure uma pessoa comum, notadamente nas relações médico-hospitalares. 3.3. PACIENTE: é usualmente a pessoa física beneficiada pelo HC. OBS. temos precedente do STF admitindo o HC em favor da pessoa jurídica que pratica infração penal, notadamente nos crimes ambientais. 3.4. QUESTÃO COMPLEMENTAR: os juízes e tribunais podem conceder HC de ofício, diante do risco ou do cerceamento da liberdade (art. 664, §2º do CPP) CONCLUSÃO. temos uma ação penal "ex officio" não condenatória. 4. MODALIDADES: 4.1. HC REPRESSIVO / LIBERATÓRIO: a liberdade de locomoção já foi cerceada e o êxito da ordem importa na expedição do alvará de soltura; 4.2. HC PREVENTIVO: existe risco iminente à liberdade de locomoção, sendo que o êxito da ordem ocasiona a expedição de salvo conduto; 4.3. HC SUSPENSIVO: de acordo com LFG, estamos diante de uma situação onde a ordem de prisão foi expedida, mas o mandado ainda não foi cumprido. CONCLUSÃO. almejamos a expedição de uma contraordem ou de um contramandado de prisão. 4.4. HC PARA TRANCAR A PERSECUÇÃO PENAL: ele tem cabimento diante da ausência de justa causa para a persecução, traduzida pela ausência de lastro probatório ou por uma manifesta ilegalidade. CONCLUSÃO.1. almejamos a imediata extinção do procedimento persecutório. CONCLUSÃO.2.na fase da investigação, o HC será impetrado perante o jui das garantias (art. 3-B, do CPP), almejando-se trancar o inquérito. 4.5. HC PARA RECONHECIMENTO DE NULIDADE: o êxito da ordem leva a declaração da nulidade pretendida. CONCLUSÃO. quando a sentença condenatória transitou em julgado e está contaminada por nulidade evidente, o HC pode ser impetrado para que a nulidade seja declarada. 4.6. HC PARA QUE SEJA DECLARADA A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: o êxito da ordem autoriza a declaração da extinção da punibilidade (art. 107, CP). Como consequência, a prisão será relaxada, ou o procedimento persecutório será também extinto. 5. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DO HC 5.1. 1ª REGRA: normalmente a competência para julgar o HC é definida em função de quem seja a autoridade coatora, vejamos: a) particular: juiz de 1º grau; b) delegado estadual: juiz estadual de 1º grau (das garantias); c) delegado federal: juiz federal de 1º grau (das garantias); d) membro do MP estadual: perante o TJ; e) membro do MPU que atua em 1º grau: perante o TRF; f) juiz estadual de 1º grau: perante o TJ; g) juiz federal de 1º grau: perante o TRF; h) membro do MPU que atua em tribunal: perante o STJ; i) desembargador: perante o STJ; j) membro de tribunal superior: perante o STF. 5.2. 2ª REGRA: COMPETÊNCIA DO STF PARA JULGAR HC a) quando o paciente está submetido à jurisdição do STF, caberá ao supremo o julgamento do HC (art. 102, I, "d" da CF); b) se o coator está submetido à jurisdição do STF, mesmo não integrando a estrutura do poder judiciário, o HC erá impetrado perante a Suprema Corte (art. 102, I, "i" da CF). ADVERTÊNCIA. TAL HIPÓTESE DEVE RESPEITAR A COMPETÊNCIA DO STJ PARA JULGAR HC, LOGO OS MINISTROS DE ESTADO E OS COMANDANTES DAS FORÇAS ARMADAS, AO PRATICAREM CRIME, SÃO JULGADOS NO STF. TODAVIS, SE FOREM COATORES, O HC SERÁ IMPETRADO NO STJ 5.3. 3ª REGRA: COMPETÊNCIA DO STJ: a) quando o paciente está submetido à jurisdição do tribunal, é perante o STJ que o HC deve ser manejado (art. 105, I, "d", CF); b) quando o coator está subemtido à jurisdição do STJ, é perante este tribunal que o HC deve ser impetrado (art. 105, I, "c", CF). ADVERTÊNCIA. VALE LEMBRAR QUE OS MINISTROS DE ESTADO E OS COMANDANTES DAS FORÇAS ARMADAS SÃO JULGADOS NO STF SE PRATICAREM CRIME. TODAVIA, SENDO COATORES, TERÃO O HC MANEJADO NO STJ. 5.4. 4ª REGRA: JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL: a) quando o juiz de 1º grau do juizado é o coator, o HC será manejado perante a turma recursal; b) com o cancelamento da súmula 690 do STF, quando a turma recursal é a coatora, teremos as seguintes soluções: b.1) quando a turma é do juizado estadual, o HC será impetrado no TJ; b.2) quando a turma é do juizado federal, o HC será manejado no TRF. 6. CABIMENTO DO HC. AS HIPÓTESES SÃO DEFINIDAS NO ART. 648 DO CPP, VEJAMOS: 6.1. POR AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA (I) OBS.1. a ausência de justa causa pode simbolizar a ausência de lastro probatório ou de legalidade; OBS.2. em tal hipótese, a prisão é considerada ilegal, devendo ser relaxada. Em complemento, eventual inquérito, ou processo devem ser trancados. 6.2. quando o paciente está preso por mais tempo do que a lei determina (II) OBS. esgotado o prazo e mantida a prisão temporária, fica evidenciado o constrangimento ilegal autorizador do manejo do HC (art. 2º, §4º-A e §7º da lei 7.960/89). 6.3. em razão da incompetência da autoridade coatora (III): OBS.1. se a prisão é determinada por autoridade incompetente, temos manifesta ilegalidade, exigindo-se o relaxamento; OBS.2. quando o processo tramita perante órgão incompetente, os atos decisórios serão declarados nulos, mas os instrutórios podem ser aproveitados (art. 567, CPP). 6.4. quando houver cessado o motivo da coação (IV): OBS. quando os fundamentos que autorizam a decretação da preventiva desaparecem, a medida deve ser revogada (art. 316, CPP), já que cessou o motivo da coação. 6.5. quando o agente não é admitido a prestar fiança (V): OBS.1. quando o sujeito não está enquadrado nas restrições normativas, a fiança deve ser arbitrada; OBS.2. podemos interpretar o dispositivo de forma extensiva, para manejar o HC quando não for admitida a liberdade provisória sem fiança. 6.6. quando o processo for manifestamente nulo (VI): OBS.1. o êxito do HC autoriza a declaração de nulidade do ato viciado, assim como de todos os demais que dele decorrem, por força do princípio da consequencialidade. OBS.2. quando a sentença condenatória com trânsito em julgado é manifestamente nula, também poderemos impetrar HC para que a nulidade seja declarada. 6.7. por força da extinção da punibilidade (VII): OBS. o êxito do HC provoca a extinção da punibilidade. Como desdobramento, teremos o relaxamento de eventual prisão ou a extinção da persecução penal. ADVERTÊNCIA. INEXISTINDO RISCO À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO, É SINAL DE QUE NÃO CABERÁ HC, PODE-SE EMPREGAR O MS (SÚMULAS 693, 694 E 695, STF). 7. FILTRO:de acordo com o § 2° do art. 142 da CF, não caberá HC diante da prisão disciplinar do militar, prestigiando a hierarquia. CONCLUSÃO. para o STF, o mérito da prisão não será discutido, mas a legalidade é passível de HC (STF, RE 338.840).
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