Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso de Graduação Online | UNISUAM PEDAGOGIA História da Educação UN ID AD E 1 Os Primórdios da Educação OBJETIVO DO ESTUDO - Descrever sobre a História da Educação: objeto, finalidades e aspectos essenciais. - Dissertar sobre a Educação na Era primitiva, na Era Oriental, na Antiguidade Grega, na Antiguidade Romana, na Era Medieval, no Período do Renascimento e nos Tempos da Modernidade. História da Educação Graduação | UNISUAM 2 1 Contextualização da Disciplina Como sujeitos históricos que somos, vivemos um passado carregado por um legado rico e ao mesmo tempo, importante para os rumos de nosso presente e não seria diferente quando nos referimos a um futuro, que muito diferente do que imaginamos, estamos construindo a cada dia. E, remexer a memória de um baú de muitas histórias vividas e contadas a cada dia, nos permite trazer em destaque a educação (brasileira em determinados momentos), a qual dará o sentido daquilo que procuramos num sentido dialético, contraditório e ao mesmo tempo, totalizante naquilo que nos propomos apresentar com a disciplina. Se conseguirmos promover o debate, a discussão, as dúvidas (e nem tanto certezas), teremos alcançado um dos objetivos da educação: compreender o ser humano em seu tempo (físico, social e histórico). Ao pensar sobre a história da educação, estamos trazendo a história de nossas culturas e como a humanidade vem se estruturando e desenvolvendo a vida ao longo do tempo. E isso passa pela educação de forma direta e também indireta. Por isso que diversas e diferentes concepções que contribuíram para a história (da educação) poderão remontar uma estrutura que ao longo de muito tempo e até hoje nos traz como componente fundamental, a formação da sociedade, da humanidade, da vida das pessoas... E, pelo que sabemos, a cultura (assim como a educação) vem permeada de essência, existência, sons, sabores, ciências (no plural) e formas tão múltiplas de se agir e pensar. É como se a cultura fosse uma lente por meio do qual o homem recebe herança genética, vê o mundo, organiza seus comportamentos, consegue adaptar-se aos diferentes ambientes, dependendo diretamente da educação por meio da aprendizagem. Por isso, a educação caminhando lado a lado da cultura, num processo acumulativo, ligado às gerações e construído pelos próprios homens. Enquanto um dos locus privilegiados de apropriação do conhecimento formal, a escola, da mesma maneira que a história, sofre (e sofreu) suas diversas interferências, influências, direções que muito nos interessam quando pensamos sobre o objetivo geral desta disciplina: Analisar o desenvolvimento do processo histórico e educacional, considerando os seus aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais da educação, em especial, no Brasil. 3 Unidade 01 Os Primórdios da Educação História da Educação: objeto, finalidades e aspectos essenciais Assim como você, outras pessoas estiveram, um dia, ansiosas para conhecer melhor o mundo que as rodeava. Que tal, assim como eles, procurar relacionar e identificar fatores que influenciaram e influenciam a educação em nossos tempos? Não é para menos que o termo “primórdios” nos remete à ideia de passado constituído por um tempo sagrado em que deuses, mitos, acontecimentos fizeram parte do desenvolvimento da educação, sobretudo, quando a dividimos em fases importantes de serem consideradas em nosso estudo. Clique em cada uma das fases para conhecê-las! Educação Primitiva Também conhecida como dos povos originais, por ser bem anterior aos estudos históricos, propriamente ditos, pode ser descrita como uma educação natural por estar associada a uma espontaneidade tão influente e predominante que as culturas em pequenos grupos humanos podem ser consideradas como dados considerados como históricos, mas sem uma cronologia que pudesse determinar esse tempo. Educação Oriental Pelo próprio termo, compreende às civilizações um tanto mais desenvolvidas por seus aspectos religiosos, autocráticos e eruditos, localizados em países como China, Índia, Arábia, Egito etc., em que o tempo histórico pode ser lembrado nos primórdios de vinte séculos antes de Cristo. Educação Clássica Tem seu início entre os países do ocidente, compreende Grécia e Roma como um dos berços da cultura. Autônoma, apesar de conservar diferenças, reside nela o caráter humano e cívico de traços históricos que datam de quinze séculos antes de Cristo. A Educação Medieval Tem como base o cristianismo, ou a educação cristã, como marco fundamental para o desdobramento de uma educação que vai do século V ao século XV e que se expande a todos os povos da Europa. A Educação Humanista Ela é decorrente do Renascimento, cuja representação move-se em torno da cultura clássica, em que a base material está na natureza, na arte e na ciência como propulsoras do desenvolvimento da educação em seus aspectos mais elementares. A Educação Cristã Reformada, é a que será destacada no movimento de Reforma e Contrarreforma, produzida no século XVI ainda com aspectos conservadores T1 História da Educação Graduação | UNISUAM 4 da reforma religiosa da igreja católica, ampliando-se aos povos da Europa como os da América. A Educação Realista Já voltada para os tempos da modernidade ou da educação moderna. Baseia-se na filosofia e nas ciências consideradas novas para se desenvolver num período que vai do século XVII aos dias atuais, considerando, inclusive, representantes que vão contribuir para o desenvolvimento da educação, como por exemplo, Comenius, que foi considerado por muitos como o ‘pai da Didática’. Educação Racionalista e Naturalista Sob fortes influências do Iluminismo, irá se desenvolver no movimento cultural que ocorre desde o período do Renascimento. Nesse período, consolidão-se, aos poucos, sob o impacto da Revolução Industrial, a ciência e a técnica enquanto movimentos importantes para o ambiente humano, principalmente, no que diz respeito ao desenvolvimento histórico da educação durante esse período. Educação Nacional Datada pelo seu auge no século XIX, inicia todo um processo de intervenção do Estado na educação, com marcos importantes para o estabelecimento da escola primária, universal, gratuita e obrigatória, sobretudo, considerando a noção de progresso como uma das bases para um movimento importante originário no século anterior à Revolução Francesa. Educação Democrática Datada a partir do século XX, considera a pessoa como base para proporcionar a um número maior de indivíduos que tenham acesso a esse movimento de liberdade da pessoa, independentemente das questões sociais e políticas que se possa representar. Essas fases, movimentos e tendências poderão ser mais bem estruturados ao longo dos estudos, privilegiando alguns desses feitos históricos e que, de uma forma ou outra, continuam a influenciar a educação em seus diferentes aspectos e práticas sócio-históricas vivificadas no contexto cotidiano. Podemos afirmar que o estudo da história da educação é o que dá sentido a uma pedagogia, enquanto ciência da educação, que resgata, na construção da educação do presente, uma educação do passado e analisa com vistas a um entendimento sobre um futuro da educação que muito se tem para discutir sobre a nossa existência, sobre a humanidade. Seus desdobramentos, análises, reflexões e ações podem e devem gerar mudanças significativas no conjunto da engrenagem chamada sociedade. Por isso, temos muito a desvelar nessa trajetória de luta e de evolução. Daí entendermos que a história da educação não pode ser compreendida num modo fragmentado e isolado, mas pelo contrário, sempre de maneira 5 Unidade 01 Os Primórdios da Educação dinâmica, dialética e concreta por tratar com sujeitos historicamente situados e, portanto, indivíduos reais. Esse é um dos valores que podemos atribuir aos estudos da história da educação, cumprindo seu papel de servir de área propulsora de análise da totalidade, do valor educativoem si mesmo, da fidelidade e respeito às realidades dos fatos, seja em função do passado como do presente, assim vale para o futuro. A disciplina História da Educação consolida- se, na segunda metade do século XIX, estreitamente vinculada à formação docente, buscando afirmar a pedagogia como ciência da educação e legitimar as ideias dos educadores [...] No Brasil, a história da disciplina História da Educação não se dissocia da Escola Normal. O Dr. Carlos Maximiano Pimenta de Laet, em parecer sobre as Escolas Normais no Congresso de Instrução do Rio de Janeiro (1883-84), recomenda como disciplina do currículo de formação - Pedagogia e metodologia geral: história da Pedagogia. As reformas educacionais, introduzidas a partir de 1930, incluíram a cadeira nos planos das Escolas Normais. Em 1946, a Lei Orgânica do Ensino Normal (Decreto-lei nº 8.530, de 2 de janeiro de 1946) estabelece que no currículo das Escolas Normais deveria ser ministrada a disciplina História e Filosofia da Educação, na terceira série. Quer ler mais? Acesse: <http://www2.faced.ufu.br/colubhe06/anais/ arquivos/28MariaHelenaCamaraBastos.pdf> aprofundando> Se antes aguardávamos ansiosamente a virada para o século XXI, eis que ele cumpre uma época de muitos desafios e conquistas para o alcance a uma sociedade mais justa, democrática e um tanto melhor por ser educada à luz desses condicionantes históricos [e políticos] que nos ajudam a pensar uma ‘nova’ ou ‘outra’ sociedade. Essa ‘nova’ ou ‘outra’ sociedade é projetada para o enriquecimento (in)formal da pessoa humana e garantida por pensar os indivíduos como produtores de histórias singulares e plurais, no sentido de dar-lhes sua contribuição ao elemento memória que pode ser representado por um retrato histórico determinante para pensarmos algumas das políticas que foram sendo transformadas ao longo do tempo. http://3.bp.blogspot.com/_LuW34J2HSS8/S7TBCSsrJ6I/AAAAAAAAAEY/br1XzvPgBDU/ História da Educação Graduação | UNISUAM 6 A Educação na Era Primitiva Inicialmente, precisamos dizer sobre o que estamos chamando de educação primitiva, para que você possa situar seus estudos nessa perspectiva. Então, podemos dizer que se a educação existe é porque existem homens no mundo e, afirmamos também que num passado muito distante, quando não podia conceber uma cronologia para os fatos históricos, há cerca de 3000 séculos, muito possivelmente, apenas registros de restos e produtos pré-históricos podem ser considerados como instrumento de determinação do tempo. Daí, decorremos como significado atribuir a essa fase de primitiva ou mesmo, pré-histórica. Concordamos com Lorenzo Luzuriaga (1983) quando ele divide a vida primitiva em duas fases: a do homem caçador e a do homem agricultor. Respectivamente, correspondente à idade paleolítica e a segunda, correspondente à fase neolítica. De homem caçador, vivendo em pequenos grupos, com uma vida movida por armas, lanças e pedaços de pedra, estudos traduzem sua vida orientada pela alimentação da caça, pesca e de frutos selvagens; passa-se a homem agricultor, cuja conversão se dá gradativamente, em pequenos povoados, no qual a agricultura de cereais (trigo e cevada), legumes, começa a fazer parte de uma história em que animais domésticos também passam a interagir nesse cotidiano. T2 O filme a “Guerra do Fogo” ilustra muito bem essa divisão da vida primitiva. Ele conta a saga de uma tribo e seu líder, Naoh, que tenta recuperar o precioso fogo recém-descoberto e já roubado. Pelos pântanos e a neve, Naoh encontra três outras tribos, cada uma em um estágio diferente de evolução, caminhando para a atual civilização em que vivemos. Os sons e a linguagem embrionária do filme são criações do escritor Anthony Burgess, o mesmo de “Laranja Mecânica”. Mistura de ficção científica e aventura, o filme é uma perfeita reconstituição da pré-história, tendo como eixo a descoberta do fogo. Fantástico e visionário, o filme é uma aula de história e cinema. (Fonte: <http://www.interfilmes.com/filme_20059_A. Guerra.do.Fogo-%28La.guerre.du.feu%29.html>) 7 Unidade 01 Os Primórdios da Educação De um período em que a caça era destinada aos homens, a um período em que a agricultura de cereais e animais domésticos, grande parte passou a ser destinada às mulheres, desenvolveram-se estruturas sociais definidas em cargos, afazeres domésticos, labores agrícolas. A base social e material passava a ser a família, na forma de poligamia e depois monogamia, com o passar dos tempos. Em se tratando da educação dos povos primitivos durante esse período, podemos dizer que as manifestações culturais marcaram parte de uma época em que a educação acontecia de forma natural, espontânea e inconsciente. A base da família, especialmente, por pais e filhos, dava-se de geração a geração. É o que pode ser entendido num primeiro aspecto do conceito de cultura, cujos ensinamentos, técnicas, hábitos, linguagem, dança entre outros, atravessam gerações e constitui-se em instrumento educativo para o desenvolvimento desses povos e grupos sociais. Conta-se que durante esse período paleolítico, as pinturas e desenhos serviram de fonte para o tempo e junto a isso, o regime de vida, a formação de hábitos morais e intelectuais que também influenciaram durante todo esse período em que a educação significava, muito propriamente, a liberdade. Ainda existem poucos estudos reveladores da educação dos povos primitivos, mas o que sabemos está direcionado às manifestações culturais sob os quais se comunicavam a sua cultura, o seu valor, o seu poder sobre os outros povos. Sobretudo, entre as mensagens de que a educação passada de pais para os filhos, estava muito voltada para o aprender a caçar, pescar, pastar e conhecer o labor doméstico. Pela imagem a seguir, é possível imaginarmos como essa relação era vista: Fo nt e : < ht tp :// ac ca o p o p u la rl ib e rt ar ia .fi le s. w o rd p re ss .c o m / 20 13 /0 1/ 0 5- p rim iti vo -0 1. jp g > História da Educação Graduação | UNISUAM 8 Hábitos, costumes, usos, costumes, danças, posturas, cantos, ritos, destreza, linguagem representaram as muitas ‘aprendizagens’ desenvolvidas na forma de uma educação, em que naturalmente era transmitida na forma de ensinamentos sobre a cultura. Todas essas expressões versavam tanto para aquela forma de trabalhar a vida na caça quanto na agricultura. É possível falarmos de uma educação profissional, contemplando uma preparação para a produção de armas e artefatos de caça, no qual as crianças indígenas são ensinadas pelos mais velhos (em geral, seus pais) ou pelos adultos da tribo, a conhecer técnicas e a desenvolver habilidades que mostrem a força do homem primitivo sobre o próprio homem e a natureza. Interessante notarmos que Aranha (2006) irá tratar de uma educação difusa, o fato dessa forma acontecer sem uma sistematização, ordenamento e homogeneidade, à medida que as crianças aprendem repetindo gestos e rituais na própria vida diária. A forma de conhecimento está associada aos saberes míticos, que aparecem na dança, nas muitas histórias e mistérios acumulados e transmitidos às gerações futuras. Os ritos marcam significativamente esse aspecto que dá início a uma história dos primórdios que acreditamos ao longo de nossas vidas. Convém assinalar que a agricultura, a formação de pessoas conhecedoras da área da caça e da pesca – capazes de trabalhar para o acúmulo, para a troca, destacam o quanto os povos primitivos passaram a dar sentido ao incremento da agricultura, do pastoreio, do comércio de excedentes que antes não existia e que agora passa a ter uma importância fundamental na formação de outra e nova sociedade. Outra e nova sociedade que avança de forma complexa para uma divisão de classes, para um acúmulo do capital primitivo, da religião que se expande e fixa de maneira organizada um molde padrão de domínio e controle sobre os povos e, principalmente, a existênciado Estado como centralizador das ações dos povos considerados, a partir daí, como civilizados. E é a partir dessa sociedade civilizada que temos os povos chamados de orientais, que estão concentrados na China, Índia, Egito, Palestina entre outros, e que mantêm uma organização política, na forma de Estado, que irá repercutir em todo o desenvolvimento da história, sobretudo, quando pensamos nos aspectos localizados nas classes sociais, no domínio de uma religião e, principalmente, da escola dicotomizada que surge sob o domínio daqueles que detinham o domínio por pertencerem a classes sociais diferenciadas entre sacerdotes, guerreiros e trabalhadores. A palavra rito tem vários sentidos. Como estrutura teológica, o rito comporta os valores, comportamentos e hábitos éticos para sua eficácia e realização. Como meio simbólico, o rito comporta a transformação de locais e objetos em imagens, que darão sentido aos atos que, com a sensibilidade, transformar-se- ão nos objetos da realidade sagrada ao qual se referem. Como sistema de comunicação, a estrutura do rito comporta as mensagens e sinais transmitidos por meio de códigos estabelecidos, sobre o significado de cada um dos objetos presentes. Em um sentido mais geral, o rito pode ser entendido como um conjunto de gestos preestabelecidos, que são repetidos tendo em vista a realização de um objetivo ou tarefa. saiba mais? 9 Unidade 01 Os Primórdios da Educação Educação Oriental Antes de começarmos a falar sobre a educação oriental, é importante destacar que existe uma diferença entre os povos primitivos e civilizados, pois à medida que avançarmos nos estudos, os povos primitivos ficarão para trás e, automaticamente, os civilizados farão parte de nossos registros. Precisamos diferenciar porque aqueles conhecidos como primitivos assim eram conhecidos por se tratarem de selvagens ou mesmo bárbaros. Confundiam-se os conceitos de cultura e civilização, como se esses primeiros – primitivos – não tivessem, mas o que estamos chamando de cultura está ligado à linguagem, aos usos e costumes de um povo, grupo, clã, família entre outros. E isso, os povos primitivos também tinham! Do contrário, falamos de civilização, que exige uma organização política, uma administração, uma organização social, econômica que conheceremos como Estado, governo, cidade, por exemplo. A respeito da educação primitiva, os poucos estudos mostram que a forma como esta acontecia era voltada para a prática, por rituais de iniciação, no qual se fundamentava por ser espontânea, natural, baseada na oralidade e na repetição, passada pelas gerações anteriores. O que muito está associado ao surgimento de doutrinas religiosas, cuja base dava-se por princípios da tradição, do culto, dos rituais. Destacam-se nesse período o taoísmo, o budismo, o hinduísmo e o judaísmo, que foram evoluindo e que ainda existem, mantendo até hoje, seguidores. Nesse percurso, a escrita é um dos elementos interessantes da história, pois representou, entre as sociedades orientais, o símbolo especial de ‘poder’. Podemos falar em sociedades orientais cuja escrita passa a ser importante para fixar a cultura dos letrados, também chamado de escribas. No Egito, conhecidos como mandarins e na China e na Índia, como os brâmanes. Vale lembrar também que não somente a escrita, mas outros elementos marcaram a transição de uma sociedade primitiva para uma sociedade civilizada, como a expansão da agricultura e da especialização técnica do trabalho, com o comércio de excedentes e, por conseguinte, a divisão de classes; a própria religião organizada, que passou a ser influente e, também, o Estado, centralizador das demandas do povo. Ainda sobre a escrita, é possível fazermos um traçado histórico ao dizermos que no início eram representações rudimentares por meio de figuras e imagens que diziam algo aos povos, chamadas de pictográfica, até reconhecermos essas representações de forma organizada para tratarmos como ideográfica, em que a expressão dos objetos e ideias surgia como registro. Ainda temos a escrita fonética, cujas palavras estão ligadas a unidades sonoras que podem ser silábica ou alfabética. História da Educação Graduação | UNISUAM 10 A escrita, tão importante nesse momento, aparece associada ao surgimento do Estado, que é o detentor da manutenção de um poder instaurado sobre aquelas pessoas que exercem funções administrativas e legais, em caráter especial, por se tratar de registros que somente estes detêm sob suas responsabilidades. Temos, historicamente, a escrita em hieróglifos muito conhecida nossa por se tratar de inscrições em escritas sagradas, em papiros para registro e anotações de atas administrativas, contábeis, entre outros. E, nesses povos: egípcios (escribas), China (mandarins), Mesopotâmia (magos) e na Índia (brâmanes), o monopólio e o poder da escrita cabiam apenas a alguns, que determinavam o poder sobre os analfabetos. Escrita Pictográfica: figuras representam cada objeto Fonte: <http://www.gp1.com.br/blogs/pinturas-e-gravuras-rupestres-sao-rastros-de- antigas-civilizacoes-no-maranhao-283155.html> Quer saber mais sobre o nascimento da escrita? Acesse o endereço: h t t p s : // w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=Jt0Lj2pf3Jc saiba mais? Escrita Ideográfica: figuras representam uma ideia Fonte: <http://giramundo-cirandeira.blogspot.com.br/2013/02/por-que-escrevo-ii_26.html> 11 Unidade 01 Os Primórdios da Educação A própria organização social para essas civilizações passou a mudar, exigindo uma maior concentração de poder nas mãos de uns sobre os demais, ou seja, uma organização política, um Estado, com chefes supremos, sob a existência de classes sociais que os diferenciavam: os guerreiros, os sacerdotes, o povo trabalhador. Decerto, você já pode imaginar que podemos falar no surgimento da escola ou de uma educação sistematizada, associada aos mestres, chegando para assumir o papel de instrução do povo, de uma instrução formal ou uma educação intencional, que será promovida por grandes sábios, mestres. É por isso, que chegamos à educação oriental para dizermos que as primeiras sociedades civilizadas podem ser consideradas na Antiguidade oriental como aquelas representadas pela China, Índia, Egito, Mesopotâmia etc, desenvolvidas no norte da África e na Ásia. A educação oriental ainda mantinha determinadas afinidades com a educação primitiva, sendo trabalhada por meio de orientações que perpassavam os livros sagrados, as regras de conduta, segundo doutrinas religiosas e morais. A educação, portanto, era vista como uma atividade religiosa, sendo considerada um desdobramento da função sacerdotal. A Educação na Antiguidade A Educação na Antiguidade Grega A sociedade grega, geograficamente, ficava situada entre o Oriente e o Ocidente, que muito facilitava o comércio e que serviu de base para falarmos de cultura, civilização e da educação no contexto ocidental. É importante sabermos que a Grécia se compunha de unidades políticas autônomas ou cidades-estados, tendo a religião e a língua, marcados por aspectos comuns. O pensamento pedagógico grego pode ser estudado pela pergunta que inicia todo nosso estudo: O que é o homem? Enquanto Esparta acreditava que o homem podia ser representado pela fortaleza do corpo físico, ou seja, o culto ao corpo, em todos os sentidos, fala-se em eficaz nas ações. Atenas buscava entender o homem por sua capacidade de liberdade, no ser racional, na argumentação, na fala bem articulada, ou seja, aquele educado como orador, podemos assim dizer. T3 “A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE GREGA FORMAVA PARA A TAREFA DO PODER.” História da Educação Graduação | UNISUAM 12 Era uma educação grega voltada para o ensino (de alguns poucos), em que se estimulasse à competição, à guerrilha, ao saber mandar, governar, à superioridade. O que não pode acontecer para todos, caso contrário, estaria estabelecida a democracia, em que de uma maneira geral poderiamexistir diálogo e liberdade, mas que somente podia ser alcançado entre os considerados “gregos livres”. Dessa forma, a educação permaneceria elitizada à medida que atendesse aos filhos dos nobres ou daqueles cujas famílias de comerciantes tivessem enriquecido. E, para esses escolhidos, um tempo chamado de ócio digno voltado para o gozo do tempo livre para pensar, para governar ou guerrear. E sabe onde seria esse espaço? Na escola, que significa no grego scholé ou “o lugar do ócio”. (Aranha, 2006) Vejam que a dualidade educacional vem de longe, quando pensamos que essa educação sistematizada na escola não seria tratada para todos, mas somente para alguns que representam uma elite (pensante), sobretudo, nos moldes das classes dominantes. Assim, a escola no século VI a.C (aproximadamente) estava voltada para a prática esportiva, na formação (do) físico. Somente mais tarde, a escola passou a incorporar o ensino das letras e cálculos, enquanto um dos aspectos da formação intelectual, como conhecemos. Sob os moldes de um deslocamento, pôde ser entendido, já no ensino superior, em que a busca consistia na formação do sujeito filósofo, capaz de ter uma formação espiritualizada. Paideia era o nome que se dava para a educação integral, em que na antiguidade pôde ser alcançada na integração entre a cultura da sociedade com a cultura do indivíduo, de forma articulada. Essa educação integral ocorreu por volta do século V a.C.. O que não poderia ser diferente: a formação de um homem estruturado nos aspectos físico, mental, moral e sentimental. A conjunção das diversas áreas da ciência: educação do físico, do corpo, pela ginástica; educação da mente, pelas ciências e filosofia; educação da moral e dos sentimentos, pela música e pelas artes. A educação grega tem muita aproximação com a nossa educação e com a nossa Pedagogia, pelo fato inicial de que estamos tratando da ciência voltada para a atividade educativa, no qual teve sua origem na Grécia, lugar em que se começou a falar de educação. Aproveite para assistir algumas cenas do filme “300”, que explora aspectos peculiares da cultura e da educação dos espartanos, por volta de 480 a.C. Nele, podemos observar que a educação, nessa época, centrava-se no que se pode chamar de “educação para a guerra”. Acesse o endereço: https://www.youtube.com/watch?v=H95HI-QGsKs saiba mais? 13 Unidade 01 Os Primórdios da Educação Durante esse período, surgiram grupos de homens, conhecidos como sofistas – palavra que vem grego, significa sábio – que viajavam para promover uma educação para a vida pública, para a formação do orador, do político. Dessa forma, também considerados como os primeiros professores, primeiros educadores profissionais que tinham a argumentação, como princípio fundamental para convencer qualquer pessoa de qualquer coisa, mediante seu interesse em persuadir. Isso é o que seria a essência do homem, ao dominar essa técnica e permiti-lo conhecer todas as coisas. Os sofistas tinham o homem e seu valor como princípios básicos para o desenvolvimento do indivíduo na educação, que pode ser ensinada e que essa educação não precisa ser fruto de uma capacidade aristocrática ou privilégio de poucos, desde que as pessoas tenham acesso à preparação. Assim sendo, essa “preparação” estaria voltada para a vida pública, para a formação do político, do orador, àquele com capacidade de convencimento por meio da dialética e da oratória (princípios da psicologia) e de uma cultura geral e universal. Sócrates, Platão e Aristóteles foram seus principais representantes mais conhecidos por suas influências no mundo grego e, portanto, no desenvolvimento da educação grega, como um todo, ou então, da pedagogia grega. O que sugere pensarmos que durante todo esse período o ensino versava sobre as virtudes guerreiras, a valentia, a rivalidade, o culto aos heróis, à honra, à força. Sócrates: um filósofo preocupado com o conhecimento da verdade e do bem Sócrates, considerado como o primeiro educador, pensador ou filósofo da história, acreditava no autoconhecimento do homem. Não pode ser confundido com um sofista, pois era um opositor e crítico à cobrança de valores pelas aulas. Uma forma de mostrar que o verdadeiro caminho para o saber está dentro de cada indivíduo, era o que sugeria como estímulo a ser dado à pessoa, por meio de perguntas. Daí, uma grande contribuição por sua concepção dialógica, também conhecida no método socrático como “maiêutica”, para que se entenda que, quando Sócrates diz que nada sei, na verdade, estamos abrindo possibilidades para que alguém nos ensine a conhecer. A célebre frase conhecida de todos: “Só sei que nada sei!” surge a partir da ideia de Sócrates querer conhecer o que os sábios diziam sobre a sabedoria e, a partir daí, assumiu como atitude filosófica a ideia de superar “a certeza” de que Fo nt e : < ht tp :// e d u ca rp ar ac re sc e r.a b ril .c o m .b r/ p e n sa d o re s- d a- e d u ca ca o /s o cr at e s. sh tm l> História da Educação Graduação | UNISUAM 14 existe um verdadeiro saber, para reconhecer que o que existe é o reconhecimento da própria ignorância. As contribuições de Sócrates para educação passam pelo despertar de uma autonomia no qual a prática pedagógica deve promover, bem como o diálogo no processo educativo de aprendizagem, além da contextualização e a problematização (questionamento) sobre as questões do cotidiano. Para darmos continuidade ao que estamos tratando acerca do valor humanístico e das ideias educacionais que estão voltadas para as obras de filosofia e da política, temos Platão e Aristóteles como um de seus representantes. Platão e o mundo das ideias: o mundo inteligível Platão, ou Arístocles, como era seu verdadeiro nome [afirma-se que Platão era um apelido dado talvez por possuir ombros largos (Aranha, 2006)], foi um importante filósofo, o discípulo de Sócrates e ainda, o mestre de Aristóteles (como veremos adiante). Reuniu elementos teórico-filosóficos para trabalhar o “olho do espírito”, de maneira a contribuir com que a educação pudesse “olhar para a luz do verdadeiro ser”, ou mesmo, fazer da educação a “arte da conversão.” (GADOTTI, 1993). No campo da educação, Platão esteve ligado à reflexão pedagógica associada à política, no qual esteve debruçado nos problemas dessa natureza. E, a partir daí, trabalhava a concepção das ideias como fundamento para o limiar entre o mundo dos deuses e o mundo concreto, de modo que chega a criar a famosa “Alegoria da caverna”, uma de suas importantes obras. Interessante é entendermos que Platão influencia numa análise sobre a vida humana que está além do visível, do concreto, do material, ou mais do que os “olhos do corpo”, como estruturas e formas físicas; mas a partir dos “olhos da alma”, como aquilo que não captamos diretamente, a não ser quando a essência do homem está voltada para a dimensão do sensível, do metafísico. E, a alegoria da caverna refletia essa intenção em permitir, pela Filosofia, que o sujeito percebesse que o mundo que estava dado – aparentemente, da forma como nos tinha sido determinado e encaminhado –, como podemos imaginar o que se passa numa ‘caverna’, em que estamos acorrentados a Fonte: <http://educarparacrescer.abril.com.br/ pensadores-da-educacao/platao.shtml> 15 Unidade 01 Os Primórdios da Educação falsas ideias, movidos por preconceitos e crenças. Mas, ao conseguirmos nos libertar dos grilhões, somos capazes de influenciar àqueles que estão ‘presos’ a realidades [pré] determinadas. Em Platão, o Estado está a serviço da educação, assim como, dialeticamente, a educação está a serviço do Estado. Essa relação na Pedagogia nos permite fazer uma reflexão sobre o resgate dos valores (autonomia, criticidade) na pessoa humana, importantes e inerentes a Filosofia. E, para fecharmos os clássicos do pensamento grego, temos como importante filósofo, educador, mestre, que faz uma reflexãocrítica sobre a atividade educativa: Aristóteles. Aristóteles: a verdade está nos fatos objetivos da natureza, da vida social e na alma humana Aristóteles, discípulo de Platão, porém, contrário ao idealismo de seu mestre, acreditava no realismo das ideias e que as coisas concretas são simples aparência e que podem ser explicadas por elas próprias. A educação para Aristóteles representava o bem moral, como a plenitude da realização do humano, estágio de felicidade que precisa ser praticado e vivido, não bastando apenas conhecê-lo e saber que existe. Para explicar o ser, Aristóteles utiliza dois elementos que, para ele, eram indissociáveis: a matéria e a forma. O primeiro representando as virtualidades da forma, enquanto que o segundo, a essência comum aos indivíduos, sob o qual cada um é o que é. No campo da educação, poderíamos falar em uma Pedagogia da Essência, cuja base é o que a educação pode levar o indivíduo a “tornar- se o que deve ser”. Como o propósito está em permitir ao homem alcançar sua própria felicidade, será necessário que a educação desenvolva as áreas físicas, morais e intelectuais. Mas para isso, o campo da ética estará presente nesse movimento. Dito de outra forma, é com base na repetição de hábitos de virtude que o ser humano, mais especificamente, a criança, se educa, vendo e repetindo os atos de vida dos adultos. Fonte: <http://educarparacrescer.abril.com.br/ pensadores-da-educacao/aristoteles.shtml> História da Educação Graduação | UNISUAM 16 Graças à filosofia aristotélica, conhecemos a lógica formal de organização do pensamento, a compreensão dos processos de análise e síntese, indução e dedução e analogia, como parte de uma revolução científica que foi criada em torno do século IV a.C. Do culto ao corpo aos valores humanos, temos a Grécia como um berço das primeiras teorias educacionais, influenciadas por uma filosofia grega com concepções pedagógicas fundamentais para a educação. Disso, decorre que Sócrates, Platão e Aristóteles – à frente de seu tempo histórico –, não tivessem tido o reconhecimento de suas obras na educação, esses filósofos clássicos deixam importantes significados na concepção de homem ou de formação humana, a partir da Idade Moderna, quando estudaremos. A Educação na Antiguidade Romana Assim como na Grécia, o Império de Roma também foi se expandindo por toda a Europa, parte da Ásia e do Oriente Médio, sua língua latina e costumes romanos, transmitidos pela cultura grega, por volta do segundo milênio a.C. Podemos ainda falar de comunidades primitivas, cuja base ainda estará na agricultura; nos cultos aos antepassados, podendo seu período histórico ser dividido em três fases: Realeza (de 753 à 509 a.C.); República (de 509 à 27 a.C.) e Império (de 27 a.C. à 476 d.C.). Interessante notar que assim como os gregos, os romanos também não valorizavam o trabalho manual, de modo que separavam a direção do exercício do trabalho. É o que chamaremos a partir da concepção de uma educação integral, tradução de Paideia, para explicarmos a cultura universalizada no sentido humanístico, no sentido moral, político e literário do ser humano. Gostou de conhecer os clássicos do pensamento grego? Quer saber mais sobre eles? Acesse: <http://filosofiacienciaevida.uol.com. br/ESFI/edicoes/18/artigo70846-1.asp?o=r> saiba mais? 17 Unidade 01 Os Primórdios da Educação O latim passou a ser uma das imposições no império romano, por força do cristianismo e, para a educação, podemos destacar que a filosofia da educação da Grécia foi transmitida aos romanos pela conquista do império romano sob a sociedade grega. O trabalho escravo existia nesse período, cuja base estava nos trabalhos manuais, nos ofícios, nas casas onde serviam. Enquanto isso, a aristocracia dedicava-se às atividades intelectuais, políticas e culturais, com ênfase no que estudamos sobre o significado de “ócio digno” ou mesmo na “scholé”, palavra grega. Entre a aristocracia, podemos falar em uma sociedade formada por grandes proprietários e pequenos proprietários, composta por comerciantes, pequenos artesãos, cuja dualidade na educação irá ser vista como reflexo na adoção do pensamento pragmatista, diferentemente do pensamento grego, que buscava muito mais a contemplação ou a teorização. A família do tipo patriarcal era a base da educação romana, cuja função do pai representava o senhor e o sacerdote (paterfamília), na formação moral de valores dos antepassados. A mãe também participará nos primeiros anos de vida, em casa, enquanto uma educação doméstica. Gadotti (1993) nos apresenta que o sistema de educação distribuía-se em três graus clássicos de ensino: as escolas do ludi-magister ou da educação elementar; as escolas do gramático ou do ensino secundário; as instituições de educação superior, com base na retórica do ensino do Direito e da Filosofia, com o intuito de formar o orador ou o político. De qualquer forma, perceberemos o quanto a formação de intelectuais continuará tendo privilégio entre a elite dominante. Assim como de um modo geral, essa educação é utilitária e militarista, cuja base de organização passa pela disciplina e pela justiça, como elementos importantes no nacionalismo, amor à pátria, imposição de castigos severos a quem não cumprisse as obrigações do clã, da escola, das cidades e regiões. Visite o site: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/ hfe/momentos/escola/ensinoroma/> e conheça mais obre a educação na Antiguidade Romana. saiba mais? História da Educação Graduação | UNISUAM 18 A Educação na Era Medieval Reconhecemos como Era Medieval aquela no qual temos como marco histórico a Idade Média, que vem marcada pela fé, ou seja, pela doutrina da Igreja Católica; a decadência do Império Romano e a tomada de Constantinopla, com as invasões dos “bárbaros”. Considerada também como “idade das trevas” por ser um período com poucos registros históricos sobre o desenvolvimento científico e técnico, tornando-se difícil para os historiadores da época, sobretudo, porque a Igreja Católica detinha o controle político, econômico e cultural da Europa durante esse período. Sob o domínio da Igreja Cristã ou com o aparecimento da doutrina do cristianismo, temos uma pedagogia voltada para o reconhecimento do valor do homem à vida. Jesus Cristo foi considerado o Mestre, o grande educador, popular, capaz de falar com o povo humilde, utilizando uma linguagem popular, assim como os intelectuais, com uma linguagem erudita. Isso também vale para seus discípulos, apóstolos, que foram os que acompanharam a educação nesses primeiros tempos. Os séculos I ao VII, chamados de Patrística - que vem de Padre - foram o período da história da Igreja em que surgiram padres ou sacerdotes que utilizaram modelos e práticas pedagógicas assumidos pela teoria tradicional de educação, convertidas na organização da Igreja, na organização do espaço escolar, nos conteúdos e métodos trabalhados, difundidas em escolas catequéticas, com conteúdo bíblico, trabalhados nas igrejas e mosteiros com ensinamentos próprios da teologia divina, vinculadas à fé, baseados em Santo Agostinho, principalmente. Essa educação, também conhecida como monacal, conservou escolas que funcionavam com os futuros monges, como estudantes que não seguiriam os caminhos monásticos. T4 Fo nt e : < ht tp :// w w w .ro b e rt o kr o ll. co m .b r/ 20 11 /0 1/ m ito -d a- ca ve rn a- e d u ca ca o -r o m an a. ht m l> 19 Unidade 01 Os Primórdios da Educação Importante dizer que os estudos medievais compreendiam o trivium, que englobou estudos da gramática, dialética e retórica; e o quadrivium: englobando as áreas da aritmética, geometria, astronomia e a música. Daí, os sistemas de ensino se distribuírem em: educação elementar, com propósito de doutrinar, propriamente em escolas paroquiais; educação secundária, ministrada em escolas monásticas, ou aquelas próprias dosconventos; e, por último, a educação superior, própria das escolas imperiais, onde se preparava o funcionário do Império. Se o que estava em questão era o valor da formação humanística a serviço da fé e da salvação da alma, sobretudo, pelo caminho da vida eterna, podemos citar como exemplos: São Tomás de Aquino, Santo Agostinho, Santo Alberto Magno, entre outros. Como uma das referências do período medieval, Santo Agostinho em uma de suas passagens diz que: O que importa é que tal seja a vontade do homem, porque, se for má, estes impulsos serão maus e, se boa, não serão inculpáveis, mas dignos de elogios, posto que em todos há vontade ou, melhor, todos mais não que vontades; pois, que outra coisa são o desejo e a alegria senão vontade conforme com as coisas que queremos?; que são o medo e a tristeza senão vontade desconforme com as coisas que queremos?” (Santo Agostinho, la Ciudad de Dios, Buenos Aires, Ed. Poblet, 1963) Com a expansão do comércio, com os avanços da ciência, da literatura e da educação, no final da Idade Média, teremos um período humanista renascentista importante pelo legado deixado na herança da cultura medieval, sobretudo, do cristianismo, como veremos adiante. Para saber mais sobre a Idade Média, assista ao filme o “Nome da Rosa”. Nele, podemos notar o controle da educação medieval por parte da Igreja Católica. A história do filme se passa no século XIV (mais especificamente, no ano de 1327 - Alta Idade Média - na Itália), século este marcado pela decadência da Idade Média e início do Renascimento. Fique atento ao modo como a Igreja Católica predominava nas explicações sobre a sociedade e a vida! saiba mais? Santo Alberto Magno Santo Agostinho São Tomás de Aquino História da Educação Graduação | UNISUAM 20 A Educação no período do Renascimento: Martinho Lutero e Michel de Montaigne O Renascimento, período histórico voltado para meados do séc. XIV e que tem a Itália como grande precursora, logo depois, entre os séculos XV e XVI, espalha-se para os demais países da Europa. Caracteriza-se pela renovação ou pela revalorização da cultura greco-romana clássica, pelo humanismo, ou seja, pela nova forma de vida, nova concepção de homem e de mundo, aliando dois elementos: a liberdade humana e a realidade presente. Isso significa que com a cultura grega e romana, por meio da arte e da ciência, renasceu uma nova mentalidade que esteve envolvida por transformações culturais, sociais, econômicas, políticas e religiosas, principalmente, por forte influência dos jesuítas ou da Companhia de Jesus. A evolução histórica durante esse tempo foi determinante para esse novo pensamento. Dentre alguns fatores que marcam o pioneirismo desse período, podemos citar: • a transição do feudalismo para o capitalismo com as grandes navegações e o capitalismo comercial; • a invenção da bússola; a invenção da imprensa por Gutenberg; • a descoberta da Teoria Heliocêntrica, por Copérnico. Afirmamos, com isso, que o Brasil recebe muitas influências desse período, sobretudo, nos procedimentos de catequização dos indígenas e na educação dos filhos dos colonizadores. Se a Idade Média foi considerada como a “idade das trevas”, por obscuridade nos possíveis avanços que poderiam ser encontrados, no Renascimento o que temos é uma recusa dos valores medievais à frente de um tempo de renovação, mesmo retomando as fontes greco-romanas. Porém, tomando um lugar concreto, racional, terreno, preocupado com as questões cotidianas. Isso vale para falarmos do interesse pelo corpo e pela natureza; pelas artes na forma de criação e criatividade intensas, valendo-se da pintura, da arquitetura, da escultura, da literatura, da música. Podemos dizer que Humanismo, Racionalismo e Individualismo, refletem bem o pensamento renascentista dessa época. No entanto, é preciso dizer também que a dualidade vista anteriormente continuará marcante nas relações entre elite e classe popular, entre nobreza e plebe. Isso por lembrar que com o novo modo de produção capitalista no qual superou e reforçou a decadência do feudalismo, deixou o legado de uma riqueza na posse de terras, no desenvolvimento de atividades comerciais própria dos burgueses que irão contrapor-se às massas populares. O próprio desenvolvimento marcado na evolução econômica mostra o quanto à burguesia irá ascender mais a um fortalecimento das monarquias absolutistas. 21 Unidade 01 Os Primórdios da Educação O poder centralizador da Igreja Católica passa a sofrer críticas nessa fase de geração do novo, principalmente, por esses movimentos não se constituírem apenas por influências religiosas, mas políticas (também econômicas e sociais) advindas do luteranismo, calvinismo e anglicanismo. E, a partir desses movimentos de ameaça à Igreja que repercutiu em separação das Igrejas Romana e Ortodoxa, criação da Inquisição entre outros, podemos chegar ao ponto de maior crise da Igreja no século XVI com a Reforma Protestante, numa expansão conhecida por Contrarreforma da Igreja. Na educação, podemos destacar a proliferação dos colégios e manuais para professores e alunos, baseado numa concepção de liberdade e métodos de ensino atraentes e voltados para a realidade social e natural do aluno. Daí, a formação integral e completa do homem, a partir de uma educação que cuidasse do corpo, mas que também fosse livre, prazerosa, alegre e agradável. Nessa concepção econômica e social, temos os mais ricos ou da alta nobreza e aqueles que fazem parte da pequena nobreza e da burguesia. Os primeiros com privilégio de educarem seus filhos com preceptores nos castelos; enquanto os segundos, encaminhavam seus filhos para a escola a fim de prepará-los política e economicamente para os negócios. E, sobrava para as classes populares a educação com aprendizagem para os ofícios. A ênfase dada nas escolas estava centrada na formação moral e, para isso, a disciplina na base de castigos severos era atribuída àqueles que não respeitavam e não cumpriam as normas e regras. Frente a isso, temos uma educação renascentista em que o elitismo, aristocratismo e individualismo foram marcantes para o clero, a nobreza e a burguesia. Nesse sentido, alguns importantes educadores (alguns leigos) fizeram parte desse movimento, como nos afirma Gadotti (1993): • Vittorino da Feltre (1378-1446) – centrado na educação individualizada, no autogoverno e na emulação (como sentimento de estimulação); • Erasmo Desidério (1467-1536) – acreditava que o “verdadeiro caminho tinha de ser criado pelo homem, enquanto ser inteligente e livre”; • Juan Luís Vives (1492-1540) – dava ênfase nos exercícios corporais, destacando a importância da pesquisa e da promoção das aptidões pessoais. Curiosamente, é bom saber que foi um dos primeiros a falar sobre remuneração para os professores, por parte do governo; • François Rabelais (1483-1553) – dava importância à natureza, no cuidado com o corpo, a higiene, a limpeza, da vida ao ar livre e, portanto, essa educação deveria ser alegre e integral; • Michel de Montaigne (1533-1592) – ênfase na aprendizagem infantil, a partir do que precisam para a vida adulta. Conheceremos melhor, mais adiante, qual foi a contribuição de Michel de Montaigne para a educação. História da Educação Graduação | UNISUAM 22 Na forma de reação da Igreja Católica à Reforma Protestante, o Papa Paulo III convocou um concílio para a cidade italiana de Trento, no qual foram discutidos assuntos e ações para a conversão de hereges e retomada da supremacia da Igreja, tais como: o retorno da Inquisição, a criação do índice de Livros Proibidos, também chamado de Index Librorium Proibitorium, e da Companhia de Jesus. A Companhia de Jesus, formada por membros de uma Ordem religiosa como estatuto e autoridades próprias, que produziram a escrita do documento chamado de Ratio atque Institutio Studiorum, ou um Manual de Ordem dos Estudos, aprovado em 1599, com desempenho e responsabilidade,além de subordinação de professores e alunos. Consistia numa adaptação de uma educação ao contexto de época, com base num currículo único e método de ensino aplicável à todos os colégios da Companhia de Jesus. No Brasil, podemos dizer que uma das fortes influências chega aos índios na forma de catequização por jesuítas, especialmente, Padre Manoel da Nobrega e José de Anchieta, seus hábitos, língua e doutrina; numa forma de colonização iniciada por volta do século XVI. A colonização brasileira não deixou de estar vinculada aos acontecimentos da Europa, sobretudo, de expansão comercial advinda do desenvolvimento econômico na forma de incentivo à manufatura, extração de pau-brasil e do cultivo da cana-de-açúcar, entre os proprietários de terra e donos de engenhos de açúcar. E, nesse contexto, as metrópoles europeias enviaram religiosos para esse trabalho de conversão do pagão e dos colonos, para que não se desviassem da fé católica. Daí a educação assumia importante papel nesse trabalho de agente colonizador, com a criação de uma escola “de ler e escrever” em Salvador, assim como escolas “era o início do processo de criação de escolas elementares, seminários e missões, espalhados pelo Brasil até o ano de 1759, ocasião em que os jesuítas foram expulsos pelo marquês de Pombal” (ARANHA, 2006, p.140). Nessa área, destacamos – após o aprender a ler, escrever e contar –, os seguintes cursos: letras humanas; filosofia e ciência (ou artes); teologia e ciências sagradas; destinados à formação do humanista, filósofo e teólogo. José de Anchieta e Pe. Manuel da Nóbrega desenvolvendo o trabalho catequético Fo nt e : < ht tp :// w w w .p o rt u g u e s. co m .b r/ lit e ra tu ra / lit e ra tu ra -c at e q u e se .h tm l> 23 Unidade 01 Os Primórdios da Educação Martinho Lutero: a Educação Protestante Martinho Lutero era homem-líder da Reforma ou o precursor da Reforma Protestante. Ordenado padre, foi excomungado da Igreja Católica por suas ideias contrárias às que eram pregadas. Em nosso campo de estudos pedagógicos, Lutero contribui com uma concepção de que a educação para desenvolver o homem precisa que seja entendida como obra do amor cristão, para que as pessoas sejam preparadas para viverem como cidadãos livres e autônomos. Dessa forma, é preciso que se respeitem as necessidades de cada um e do grupo, da individualidade e da coletividade na formação humana. A ideia da escola pública deixa marcas de um legado histórico para a Idade Moderna muito interessante que vem a seguir, mas que nos diz em um texto chamado de “Carta aos prefeitos e conselheiros de todas as cidades da Alemanha em prol de escolas cristãs”, o seguinte: Será dever dos prefeitos e conselhos ter o maior cuidado com os jovens. Pois dado que a felicidade, honra e vida da cidade estão entregues em suas mãos, eles seriam considerados covardes diante de Deus e do mundo caso não buscassem, dia e noite, com todo o seu poder, o bem- estar e progresso da cidade. (MAYER, Frederick. História do pensamento educacional. Rio de Janeiro, Zahar, 1976) Nesse contexto, o pensamento de Lutero produziu uma reforma global no sistema de ensino alemão, trazendo assim, a escola moderna. Escola pública para todos, organizada em três grandes ciclos: fundamental, médio e superior. Montaigne: Educação Humanista Como o objetivo de nossa aula é tratar da educação e das influências do legado histórico, traremos Michel de Montaigne (1533-1592) como um filósofo, educador, pensador que se dedicou ao pensamento de uma pedagogia à frente de seu tempo, propriamente, a uma pedagogia da Idade Moderna, como período histórico que vem a seguir, mas que iniciou suas marcas ainda no Renascimento. Como o Renascimento irá mostrar o valor da humanidade, em particular dos conhecimentos ligados aos interesses humanos, Montaigne irá mostrar o quanto é importante que se respeite a personalidade do homem. E é a partir daí que irá criticar uma educação abstrata, enciclopédica e livresca, por não permitir a ação e experimentação. Do contrário, as questões inerentes à vida humana no cotidiano dariam condições para que o sujeito pudesse discernir e integrar valores morais ás diversas situações. Sobre esse aspecto, Montaigne, em uma de suas obras denominada “Ensaios”, nos deixa a seguinte contribuição: História da Educação Graduação | UNISUAM 24 Quero que a delicadeza, a civilidade, as boas maneiras se modelem ao mesmo tempo que o espírito, pois não é uma alma somente que se educa, nem um corpo, é um homem: cabe não separar as duas parcelas do todo. (In: Os Pensadores. Trad. De Sergio Milliet. São Paulo, Abril, 1972. Livro Primeiro, Capítulo XXVI) Nesse sentido, sugere que a personalidade da criança seja respeitada assim como a do adulto, de modo que ela possa formar-se para ser honesta e capaz de refletir sobre suas ações e sobre si mesma, mediante uma escola que esteja aberta ao diálogo e à relatividade dos discursos, das práticas e ações. A Educação nos Tempos da Modernidade A partir de agora, vamos caminhar pelos séculos XV e XVII, que vieram marcados pelas alterações no modo de produção feudal, no qual houve uma “revolução comercial” em que ascende a burguesia, no caso da produção, no âmbito das teorias política e econômica; e ao mesmo tempo, fala-se de um desenvolvimento das ciências e da filosofia, no âmbito das teorias de educação. Com a decadência do modo de produção feudal e a ascensão do capitalismo, como base para as mudanças no desenvolvimento econômico, iremos entender sobre o ritmo de produção que antes era dado aos artesãos e às economias primitivas, individuais para o nascimento de uma manufatura em que reunirão pessoas envolvidas num trabalho fixado por um salário, sugerindo, a partir daí, novas formas de produção que seguirão mais adiante, na próxima unidade, com o industrialismo. Nesse período, podemos falar também no desenvolvimento das técnicas, artes, estudos (matemática, astronomia, ciências físicas, geografia, medicina e biologia). A substituição da fé pela razão e pela ciência, com a criação por Descarte do Discurso do Método, tanto na filosofia como nas ciências (diferente de ser observado apenas), a criação do método científico consistirá em regras princípios próprios, como: a discussão dos procedimentos da razão na investigação da verdade, antes da teorização de qualquer tema. Isso significava a superação da contemplação e da ciência meramente filosófica, para aplicação de técnicas, privilegiando o método experimental, o que significou uma ruptura ao modelo tradicional, como um conhecimento científico que controla a natureza, como Francis Bacon (1561-1626) acreditava que o “conhecimento é o poder”. Durante esse período, tivemos fortes embates pela educação pública, com instrução elementar gratuita aos pobres, já que a nobreza tinha acesso às escolas-academias com formação voltada para os interesses dominantes, T5 25 Unidade 01 Os Primórdios da Educação inclusive com acesso as academias científicas em que cientistas podiam se associar para trocar experiências e publicações. Em contrapartida, a Pedagogia Realista, como começou a ser conhecida, passou a ser importante num contexto em que os pedagogos foram influenciados pelo método e pelo realismo da educação. No plural, podemos dizer que diversos métodos passaram a ser do interesse daqueles que poderiam transformar a educação mais agradável e mais próxima do real, da vida cotidiana e prática das pessoas. A superação de uma educação formal que privilegiava a retórica, para uma pedagogia moderna em que era necessária a compreensão do método, fez- se necessário o estudo de outro tipo de didática, capaz de ensinar o ‘como’ apropriar-se do método de forma segura e rápida, como nos propõe Comênio, que será apresentado mais adiante. Outro célebre precursor do pensamento pedagógico moderno é John Locke, ao propor que se promovam experiências para a criança que a façamauxiliar no uso da razão, ou seja, como um bom representante da pedagogia realista, valoriza a preparação para a vida prática. Isso vale também quando se refere aos interesses da burguesia, quando valoriza o estudo da contabilidade e escrituração comercial ou na aprendizagem de algum ofício, na concepção ativa de educação. Pensamento Educacional de Locke e Comênio John Locke (1632-1704) destaca-se mais pela concepção psicológica e moral do que pelas ideias filosóficas voltadas para o conhecimento. Daí ser conhecido mais como um moralista, que na educação preocupa-se com a conduta e a ética, principalmente. Considerado como pai do liberalismo econômico, dedicou-se à concepção política que inspirou ideias na constituição política da França e dos Estados Unidos. Acredita Locke, que a criança ao nascer é uma tábula rasa que, comparada a um papel em branco, terá condições de aprender tudo com o professor. O que irá concentrar-se muito mais na formação do caráter como mais importante do que a formação intelectual. E, chega a propor o “tríplice desenvolvimento”, reunindo o físico, o moral e o intelectual para esse “gentil-homem” ou gentleman. História da Educação Graduação | UNISUAM 26 A educação do cavalheiro (gentleman) concebia a educação de forma total, integral, considerando as dimensões física, intelectual e moral. É como se a cultura intelectual não pudesse estar sozinha, desvinculada das demais áreas que a compõem e a fortalecem. Mesmo sendo um adepto a educação física, com sua dedicação à saúde corporal, reforça que o corpo acompanha o espírito. E esse espírito que chama de alma, acredita Locke, que a criança ao nascer é uma tábula rasa que, comparado a um papel em branco, terá condições de aprender tudo com o professor. Assim, a educação assume importante papel na preparação para a virtude, na formação da moral e dos costumes. O que irá concentrar-se muito mais na formação do caráter como mais importante do que a formação intelectual. Ele chega a propor o “tríplice desenvolvimento”, reunindo o físico, o moral e o intelectual para esse “gentil- homem” ou gentleman. Para isso, dá ênfase aos bons costumes, à conduta social do indivíduo, ao papel da psicologia na educação. Segundo Locke, o educador: Há de ser, antes de tudo, homem educado; mas, ainda, deve conhecer o mundo, os costumes, os gostos e defeitos da época, sobretudo, os homens do lugar. (LUZURIAGA, 1983, p.146) Contraditoriamente, ao que veremos com Comênio, Locke será um defensor de uma educação diferenciada para os que irão governar, dos que serão governados, de forma a não defender a universalização da educação. João Amós Comênio (1592-1670), também conhecido como o Pai da Didática Moderna, educador, pedagogo do século XVII, escreveu uma de suas importantes obras chamada de “Didática Magna”, com o intuito de promover uma aprendizagem eficaz por meio de organização de tarefas, cuja base dava-se num formato de manual produzido para ser trabalhado de acordo com a capacidade de assimilação dos alunos. Influenciado pelas ideias religiosas faz a conjunção com as ideias realistas, de modo que reúne os fins da educação, pela religiosidade e, meios da educação, pelo caráter realista. O significado disso é a educação capaz de elevar o indivíduo a salvação, a felicidade. E que, para ser homem e se entender como homem, precisa ser educado, precisa formar-se. Do concreto para o abstrato, do simples ao complexo, Comênio propõe um ensino voltado para o aprender-fazendo, de modo que a vida seja importante para a formação do valor da 27 Unidade 01 Os Primórdios da Educação pessoa humana. E, para isso, controle do tempo, dosagem dos conteúdos, cuidado na utilização do material didático, organização do conhecimento são elementos importantes para estabelecer o processo de aprendizagem. Para Comênio, “a escola pode-se ensinar tudo a todos”, essa frase célebre teve grande repercussão nos estudos pedagógicos por compreender que a capacidade humana vai além de uma ciência ou outra. Mas que todos os conhecimentos podem ser vistos e vividos, à medida que a ciência se alarga e aprofunda nessa articulação teoria e prática. De acordo com Comênio: Pretendemos apenas que se ensine a todos a conhecer os fundamentos, as razões e os objetivos de todas as coisas principais, das que existem na natureza como das que se fabricam, pois somos colocados no mundo não somente para que nos façamos de expectadores, mas também de atores.” (Comênio, João Amós. Didática magna: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. Lisboa, Calouste Gulbenkian, 1966) Podemos falar com isso, que Comênio já tratava da interdisciplinaridade, da afetividade e da necessidade de um ambiente apropriado para o estudo, arejado, livre, limpo e bonito. No entanto, divide os anos de desenvolvimento do indivíduo em quatro fases: infância, puerícia, adolescência e juventude. Para cada período, acredita um movimento programado em exercícios, matérias, formas, tempo e, principalmente, método como foi a sua principal contribuição no campo da educação de seu tempo. Distribui para cada área do ensino um conjunto de regras metódicas a serem seguidas, de modo que o ensino das ciências, das artes (como sendo à prática), ensino das línguas, tivessem regras na base da construção de livros destinados ao ensino como finalidade de ser seguido para o alcance do sucesso na aprendizagem. O caráter universalista da educação e a possibilidade de que tenha de ser alcançada a todos, independente das condições econômicas, atribui a um pensamento de escola democrática unitária. “PARA COMÊNIO, “A ESCOLA PODE-SE ENSINAR TUDO A TODOS”, ESSA FRASE CÉLEBRE TEVE GRANDE REPERCUSSÃO NOS ESTUDOS PEDAGÓGICOS POR COMPREENDER QUE A CAPACIDADE HUMANA VAI ALÉM DE UMA CIÊNCIA OU OUTRA." História da Educação Graduação | UNISUAM 28 Conclusão A educação reflete os aspectos de uma sociedade, uma vez que está ligada aos fatores sociais, econômicos e políticos de uma dada época. Na Era Primitiva, não existia a educação na forma de escolas; no Período Oriental, mantinha-se a cultura dominante pela educação; na Antiguidade Grega, preocupa-se com o desenvolvimento individual do ser humano, preparando o sujeito para a política e para a cidadania; na Antiguidade Romana, a educação dá ênfase à formação moral e física (formação do guerreiro); na Era Medieval, a educação é desenvolvida em estreita relação com a Igreja, com a fé cristã e com as instituições eclesiásticas; no Renascimento, há um interesse pela educação grega e romana, o privilégio é para os que detêm o poder; na Modernidade, ocorre a separação entre a igreja católica e o estado, com isso, a escola passa a organizar suas próprias finalidades e seus meios específicos. Ter domínio sobre a História da Educação nos permite um questionamento sobre a problemática educacional da atualidade. 29 Unidade 01 Os Primórdios da Educação
Compartilhar