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História da Educação - UNIDADE 01

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Curso de Graduação Online | UNISUAM
PEDAGOGIA
História da Educação
UN
ID
AD
E 
1
Os Primórdios
da Educação
OBJETIVO DO ESTUDO
- Descrever sobre a História da Educação: objeto, finalidades e aspectos 
essenciais.
- Dissertar sobre a Educação na Era primitiva, na Era Oriental, na Antiguidade 
Grega, na Antiguidade Romana, na Era Medieval, no Período do Renascimento 
e nos Tempos da Modernidade.
História da Educação Graduação | UNISUAM 
2
1
Contextualização da Disciplina
Como sujeitos históricos que somos, vivemos um passado carregado por um 
legado rico e ao mesmo tempo, importante para os rumos de nosso presente 
e não seria diferente quando nos referimos a um futuro, que muito diferente 
do que imaginamos, estamos construindo a cada dia.
E, remexer a memória de um baú de muitas histórias vividas e contadas a cada 
dia, nos permite trazer em destaque a educação (brasileira em determinados 
momentos), a qual dará o sentido daquilo que procuramos num sentido 
dialético, contraditório e ao mesmo tempo, totalizante naquilo que nos 
propomos apresentar com a disciplina.
Se conseguirmos promover o debate, a discussão, as dúvidas (e nem tanto 
certezas), teremos alcançado um dos objetivos da educação: compreender 
o ser humano em seu tempo (físico, social e histórico). 
Ao pensar sobre a história da educação, estamos trazendo a história de nossas 
culturas e como a humanidade vem se estruturando e desenvolvendo a vida 
ao longo do tempo. E isso passa pela educação de forma direta e também 
indireta.
Por isso que diversas e diferentes concepções que contribuíram para a história 
(da educação) poderão remontar uma estrutura que ao longo de muito tempo 
e até hoje nos traz como componente fundamental, a formação da sociedade, 
da humanidade, da vida das pessoas... E, pelo que sabemos, a cultura (assim 
como a educação) vem permeada de essência, existência, sons, sabores, 
ciências (no plural) e formas tão múltiplas de se agir e pensar.
É como se a cultura fosse uma lente por meio do qual o homem recebe herança 
genética, vê o mundo, organiza seus comportamentos, consegue adaptar-se 
aos diferentes ambientes, dependendo diretamente da educação por meio da 
aprendizagem. Por isso, a educação caminhando lado a lado da cultura, num 
processo acumulativo, ligado às gerações e construído pelos próprios homens. 
Enquanto um dos locus privilegiados de apropriação do conhecimento formal, 
a escola, da mesma maneira que a história, sofre (e sofreu) suas diversas 
interferências, influências, direções que muito nos interessam quando 
pensamos sobre o objetivo geral desta disciplina: 
Analisar o desenvolvimento do processo histórico e educacional, considerando 
os seus aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais da educação, em 
especial, no Brasil. 
3
Unidade 01 Os Primórdios da Educação
História da Educação: 
objeto, finalidades e aspectos essenciais
Assim como você, outras pessoas estiveram, um dia, ansiosas para conhecer 
melhor o mundo que as rodeava. Que tal, assim como eles, procurar relacionar e 
identificar fatores que influenciaram e influenciam a educação em nossos tempos? 
Não é para menos que o termo “primórdios” nos remete à ideia de passado 
constituído por um tempo sagrado em que deuses, mitos, acontecimentos 
fizeram parte do desenvolvimento da educação, sobretudo, quando a 
dividimos em fases importantes de serem consideradas em nosso estudo.
Clique em cada uma das fases para conhecê-las! 
Educação Primitiva
Também conhecida como dos povos originais, por ser bem anterior aos 
estudos históricos, propriamente ditos, pode ser descrita como uma 
educação natural por estar associada a uma espontaneidade tão influente 
e predominante que as culturas em pequenos grupos humanos podem ser 
consideradas como dados considerados como históricos, mas sem uma 
cronologia que pudesse determinar esse tempo.
Educação Oriental 
Pelo próprio termo, compreende às civilizações um tanto mais desenvolvidas 
por seus aspectos religiosos, autocráticos e eruditos, localizados em países 
como China, Índia, Arábia, Egito etc., em que o tempo histórico pode ser 
lembrado nos primórdios de vinte séculos antes de Cristo.
Educação Clássica 
Tem seu início entre os países do ocidente, compreende Grécia e Roma como 
um dos berços da cultura. Autônoma, apesar de conservar diferenças, reside 
nela o caráter humano e cívico de traços históricos que datam de quinze 
séculos antes de Cristo.
A Educação Medieval 
Tem como base o cristianismo, ou a educação cristã, como marco fundamental 
para o desdobramento de uma educação que vai do século V ao século XV 
e que se expande a todos os povos da Europa.
A Educação Humanista 
Ela é decorrente do Renascimento, cuja representação move-se em torno 
da cultura clássica, em que a base material está na natureza, na arte e 
na ciência como propulsoras do desenvolvimento da educação em seus 
aspectos mais elementares.
A Educação Cristã 
Reformada, é a que será destacada no movimento de Reforma e 
Contrarreforma, produzida no século XVI ainda com aspectos conservadores 
T1
História da Educação Graduação | UNISUAM 
4
da reforma religiosa da igreja católica, ampliando-se aos povos da Europa 
como os da América.
A Educação Realista 
Já voltada para os tempos da modernidade ou da educação moderna. Baseia-se 
na filosofia e nas ciências consideradas novas para se desenvolver num período 
que vai do século XVII aos dias atuais, considerando, inclusive, representantes 
que vão contribuir para o desenvolvimento da educação, como por exemplo, 
Comenius, que foi considerado por muitos como o ‘pai da Didática’.
Educação Racionalista e Naturalista 
Sob fortes influências do Iluminismo, irá se desenvolver no movimento 
cultural que ocorre desde o período do Renascimento. Nesse período, 
consolidão-se, aos poucos, sob o impacto da Revolução Industrial, a ciência 
e a técnica enquanto movimentos importantes para o ambiente humano, 
principalmente, no que diz respeito ao desenvolvimento histórico da 
educação durante esse período.
Educação Nacional 
Datada pelo seu auge no século XIX, inicia todo um processo de intervenção 
do Estado na educação, com marcos importantes para o estabelecimento 
da escola primária, universal, gratuita e obrigatória, sobretudo, considerando 
a noção de progresso como uma das bases para um movimento importante 
originário no século anterior à Revolução Francesa.
Educação Democrática
Datada a partir do século XX, considera a pessoa como base para proporcionar 
a um número maior de indivíduos que tenham acesso a esse movimento de 
liberdade da pessoa, independentemente das questões sociais e políticas 
que se possa representar. 
Essas fases, movimentos e tendências poderão ser mais bem estruturados 
ao longo dos estudos, privilegiando alguns desses feitos históricos e que, de 
uma forma ou outra, continuam a influenciar a educação em seus diferentes 
aspectos e práticas sócio-históricas vivificadas no contexto cotidiano.
Podemos afirmar que o estudo da história da educação é o que dá sentido a 
uma pedagogia, enquanto ciência da educação, que resgata, na construção 
da educação do presente, uma educação do passado e analisa com vistas 
a um entendimento sobre um futuro da educação que muito se tem para 
discutir sobre a nossa existência, sobre a humanidade. 
Seus desdobramentos, análises, reflexões e ações podem e devem gerar 
mudanças significativas no conjunto da engrenagem chamada sociedade. Por 
isso, temos muito a desvelar nessa trajetória de luta e de evolução.
Daí entendermos que a história da educação não pode ser compreendida 
num modo fragmentado e isolado, mas pelo contrário, sempre de maneira 
5
Unidade 01 Os Primórdios da Educação
dinâmica, dialética e concreta por tratar com sujeitos historicamente situados 
e, portanto, indivíduos reais. 
Esse é um dos valores que podemos atribuir aos estudos da história da 
educação, cumprindo seu papel de servir de área propulsora de análise 
da totalidade, do valor educativoem si mesmo, da fidelidade e respeito às 
realidades dos fatos, seja em função do passado como do presente, assim 
vale para o futuro.
A disciplina História da Educação consolida-
se, na segunda metade do século XIX, 
estreitamente vinculada à formação docente, 
buscando afirmar a pedagogia como ciência da 
educação e legitimar as ideias dos educadores 
[...] No Brasil, a história da disciplina História 
da Educação não se dissocia da Escola 
Normal. O Dr. Carlos Maximiano Pimenta de 
Laet, em parecer sobre as Escolas Normais 
no Congresso de Instrução do Rio de Janeiro 
(1883-84), recomenda como disciplina 
do currículo de formação - Pedagogia e 
metodologia geral: história da Pedagogia. As 
reformas educacionais, introduzidas a partir 
de 1930, incluíram a cadeira nos planos das 
Escolas Normais. Em 1946, a Lei Orgânica do 
Ensino Normal (Decreto-lei nº 8.530, de 2 de 
janeiro de 1946) estabelece que no currículo 
das Escolas Normais deveria ser ministrada a 
disciplina História e Filosofia da Educação, na 
terceira série. 
Quer ler mais? Acesse: 
<http://www2.faced.ufu.br/colubhe06/anais/
arquivos/28MariaHelenaCamaraBastos.pdf>
aprofundando>
Se antes aguardávamos ansiosamente a virada 
para o século XXI, eis que ele cumpre uma época 
de muitos desafios e conquistas para o alcance 
a uma sociedade mais justa, democrática e 
um tanto melhor por ser educada à luz desses 
condicionantes históricos [e políticos] que nos 
ajudam a pensar uma ‘nova’ ou ‘outra’ sociedade.
Essa ‘nova’ ou ‘outra’ sociedade é projetada para 
o enriquecimento (in)formal da pessoa humana 
e garantida por pensar os indivíduos como 
produtores de histórias singulares e plurais, no 
sentido de dar-lhes sua contribuição ao elemento 
memória que pode ser representado por um retrato 
histórico determinante para pensarmos algumas 
das políticas que foram sendo transformadas ao 
longo do tempo.
http://3.bp.blogspot.com/_LuW34J2HSS8/S7TBCSsrJ6I/AAAAAAAAAEY/br1XzvPgBDU/
História da Educação Graduação | UNISUAM 
6
A Educação na Era Primitiva
Inicialmente, precisamos dizer sobre o que estamos chamando de educação 
primitiva, para que você possa situar seus estudos nessa perspectiva. 
Então, podemos dizer que se a educação existe é porque existem homens 
no mundo e, afirmamos também que num passado muito distante, quando 
não podia conceber uma cronologia para os fatos históricos, há cerca de 
3000 séculos, muito possivelmente, apenas registros de restos e produtos 
pré-históricos podem ser considerados como instrumento de determinação 
do tempo. Daí, decorremos como significado atribuir a essa fase de primitiva 
ou mesmo, pré-histórica.
Concordamos com Lorenzo Luzuriaga (1983) quando ele divide a vida primitiva 
em duas fases: a do homem caçador e a do homem agricultor. Respectivamente, 
correspondente à idade paleolítica e a segunda, correspondente à fase 
neolítica.
De homem caçador, vivendo em pequenos grupos, com uma vida movida 
por armas, lanças e pedaços de pedra, estudos traduzem sua vida orientada 
pela alimentação da caça, pesca e de frutos selvagens; passa-se a homem 
agricultor, cuja conversão se dá gradativamente, em pequenos povoados, 
no qual a agricultura de cereais (trigo e cevada), legumes, começa a fazer 
parte de uma história em que animais domésticos também passam a interagir 
nesse cotidiano.
T2
O filme a “Guerra do Fogo” ilustra muito bem 
essa divisão da vida primitiva. Ele conta a saga de 
uma tribo e seu líder, Naoh, que tenta recuperar 
o precioso fogo recém-descoberto e já roubado. 
Pelos pântanos e a neve, Naoh encontra três 
outras tribos, cada uma em um estágio diferente de 
evolução, caminhando para a atual civilização em 
que vivemos. Os sons e a linguagem embrionária 
do filme são criações do escritor Anthony Burgess, 
o mesmo de “Laranja Mecânica”. Mistura de 
ficção científica e aventura, o filme é uma perfeita 
reconstituição da pré-história, tendo como eixo a 
descoberta do fogo. Fantástico e visionário, o filme 
é uma aula de história e cinema. 
(Fonte: <http://www.interfilmes.com/filme_20059_A.
Guerra.do.Fogo-%28La.guerre.du.feu%29.html>)
7
Unidade 01 Os Primórdios da Educação
De um período em que a caça era destinada aos homens, a um período em 
que a agricultura de cereais e animais domésticos, grande parte passou a 
ser destinada às mulheres, desenvolveram-se estruturas sociais definidas 
em cargos, afazeres domésticos, labores agrícolas. A base social e material 
passava a ser a família, na forma de poligamia e depois monogamia, com o 
passar dos tempos. 
Em se tratando da educação dos povos primitivos durante esse período, 
podemos dizer que as manifestações culturais marcaram parte de uma época 
em que a educação acontecia de forma natural, espontânea e inconsciente. 
A base da família, especialmente, por pais e filhos, dava-se de geração a 
geração. É o que pode ser entendido num primeiro aspecto do conceito 
de cultura, cujos ensinamentos, técnicas, hábitos, linguagem, dança entre 
outros, atravessam gerações e constitui-se em instrumento educativo para o 
desenvolvimento desses povos e grupos sociais.
Conta-se que durante esse período paleolítico, as pinturas e desenhos serviram 
de fonte para o tempo e junto a isso, o regime de vida, a formação de hábitos 
morais e intelectuais que também influenciaram durante todo esse período 
em que a educação significava, muito propriamente, a liberdade.
Ainda existem poucos estudos reveladores da educação dos povos primitivos, 
mas o que sabemos está direcionado às manifestações culturais sob os quais 
se comunicavam a sua cultura, o seu valor, o seu poder sobre os outros povos. 
Sobretudo, entre as mensagens de que a educação passada de pais para os 
filhos, estava muito voltada para o aprender a caçar, pescar, pastar e conhecer 
o labor doméstico. 
Pela imagem a seguir, é possível imaginarmos como essa relação era vista:
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História da Educação Graduação | UNISUAM 
8
Hábitos, costumes, usos, costumes, danças, posturas, cantos, ritos, destreza, 
linguagem representaram as muitas ‘aprendizagens’ desenvolvidas na 
forma de uma educação, em que naturalmente era transmitida na forma de 
ensinamentos sobre a cultura. Todas essas expressões versavam tanto para 
aquela forma de trabalhar a vida na caça quanto na agricultura.
É possível falarmos de uma educação profissional, contemplando uma 
preparação para a produção de armas e artefatos de caça, no qual as crianças 
indígenas são ensinadas pelos mais velhos (em geral, seus pais) ou pelos 
adultos da tribo, a conhecer técnicas e a desenvolver habilidades que mostrem 
a força do homem primitivo sobre o próprio homem e a natureza.
Interessante notarmos que Aranha (2006) irá tratar de uma educação difusa, 
o fato dessa forma acontecer sem uma sistematização, ordenamento e 
homogeneidade, à medida que as crianças aprendem repetindo gestos e 
rituais na própria vida diária. 
A forma de conhecimento está associada aos saberes míticos, que aparecem 
na dança, nas muitas histórias e mistérios acumulados e transmitidos às 
gerações futuras. Os ritos marcam significativamente esse aspecto que dá 
início a uma história dos primórdios que acreditamos ao longo de nossas vidas. 
Convém assinalar que a agricultura, a formação de pessoas conhecedoras da 
área da caça e da pesca – capazes de trabalhar para o acúmulo, para a troca, 
destacam o quanto os povos primitivos passaram a dar sentido ao incremento 
da agricultura, do pastoreio, do comércio de excedentes que antes não existia 
e que agora passa a ter uma importância fundamental na formação de outra 
e nova sociedade.
Outra e nova sociedade que avança de forma 
complexa para uma divisão de classes, para um 
acúmulo do capital primitivo, da religião que se 
expande e fixa de maneira organizada um molde 
padrão de domínio e controle sobre os povos 
e, principalmente, a existênciado Estado como 
centralizador das ações dos povos considerados, 
a partir daí, como civilizados. 
E é a partir dessa sociedade civilizada que temos 
os povos chamados de orientais, que estão 
concentrados na China, Índia, Egito, Palestina 
entre outros, e que mantêm uma organização 
política, na forma de Estado, que irá repercutir em 
todo o desenvolvimento da história, sobretudo, 
quando pensamos nos aspectos localizados nas 
classes sociais, no domínio de uma religião e, 
principalmente, da escola dicotomizada que surge 
sob o domínio daqueles que detinham o domínio 
por pertencerem a classes sociais diferenciadas 
entre sacerdotes, guerreiros e trabalhadores.
A palavra rito tem vários sentidos. Como 
estrutura teológica, o rito comporta os valores, 
comportamentos e hábitos éticos para sua 
eficácia e realização. Como meio simbólico, 
o rito comporta a transformação de locais e 
objetos em imagens, que darão sentido aos 
atos que, com a sensibilidade, transformar-se-
ão nos objetos da realidade sagrada ao qual 
se referem. Como sistema de comunicação, 
a estrutura do rito comporta as mensagens 
e sinais transmitidos por meio de códigos 
estabelecidos, sobre o significado de cada 
um dos objetos presentes. Em um sentido 
mais geral, o rito pode ser entendido como 
um conjunto de gestos preestabelecidos, que 
são repetidos tendo em vista a realização de 
um objetivo ou tarefa.
saiba mais?
9
Unidade 01 Os Primórdios da Educação
Educação Oriental
Antes de começarmos a falar sobre a educação oriental, é importante 
destacar que existe uma diferença entre os povos primitivos e civilizados, 
pois à medida que avançarmos nos estudos, os povos primitivos ficarão 
para trás e, automaticamente, os civilizados farão parte de nossos 
registros. 
Precisamos diferenciar porque aqueles conhecidos como primitivos 
assim eram conhecidos por se tratarem de selvagens ou mesmo bárbaros. 
Confundiam-se os conceitos de cultura e civilização, como se esses primeiros 
– primitivos – não tivessem, mas o que estamos chamando de cultura está 
ligado à linguagem, aos usos e costumes de um povo, grupo, clã, família 
entre outros. 
E isso, os povos primitivos também tinham! Do contrário, falamos de 
civilização, que exige uma organização política, uma administração, uma 
organização social, econômica que conheceremos como Estado, governo, 
cidade, por exemplo.
A respeito da educação primitiva, os poucos estudos mostram que a forma 
como esta acontecia era voltada para a prática, por rituais de iniciação, no 
qual se fundamentava por ser espontânea, natural, baseada na oralidade e 
na repetição, passada pelas gerações anteriores. O que muito está associado 
ao surgimento de doutrinas religiosas, cuja base dava-se por princípios 
da tradição, do culto, dos rituais. Destacam-se nesse período o taoísmo, o 
budismo, o hinduísmo e o judaísmo, que foram evoluindo e que ainda existem, 
mantendo até hoje, seguidores. 
Nesse percurso, a escrita é um dos elementos interessantes da história, pois 
representou, entre as sociedades orientais, o símbolo especial de ‘poder’. 
Podemos falar em sociedades orientais cuja escrita passa a ser importante 
para fixar a cultura dos letrados, também chamado de escribas. No Egito, 
conhecidos como mandarins e na China e na Índia, como os brâmanes.
Vale lembrar também que não somente a escrita, mas outros elementos 
marcaram a transição de uma sociedade primitiva para uma sociedade 
civilizada, como a expansão da agricultura e da especialização técnica do 
trabalho, com o comércio de excedentes e, por conseguinte, a divisão de 
classes; a própria religião organizada, que passou a ser influente e, também, 
o Estado, centralizador das demandas do povo.
Ainda sobre a escrita, é possível fazermos um traçado histórico ao dizermos 
que no início eram representações rudimentares por meio de figuras e imagens 
que diziam algo aos povos, chamadas de pictográfica, até reconhecermos 
essas representações de forma organizada para tratarmos como ideográfica, 
em que a expressão dos objetos e ideias surgia como registro. Ainda temos a 
escrita fonética, cujas palavras estão ligadas a unidades sonoras que podem 
ser silábica ou alfabética. 
História da Educação Graduação | UNISUAM 
10
A escrita, tão importante nesse momento, aparece 
associada ao surgimento do Estado, que é o 
detentor da manutenção de um poder instaurado 
sobre aquelas pessoas que exercem funções 
administrativas e legais, em caráter especial, por 
se tratar de registros que somente estes detêm 
sob suas responsabilidades. 
Temos, historicamente, a escrita em hieróglifos 
muito conhecida nossa por se tratar de inscrições 
em escritas sagradas, em papiros para registro 
e anotações de atas administrativas, contábeis, 
entre outros. E, nesses povos: egípcios (escribas), 
China (mandarins), Mesopotâmia (magos) e na 
Índia (brâmanes), o monopólio e o poder da escrita 
cabiam apenas a alguns, que determinavam o 
poder sobre os analfabetos.
Escrita Pictográfica: figuras representam cada objeto
Fonte: <http://www.gp1.com.br/blogs/pinturas-e-gravuras-rupestres-sao-rastros-de-
antigas-civilizacoes-no-maranhao-283155.html>
Quer saber mais sobre o nascimento da escrita? 
Acesse o endereço: 
h t t p s : // w w w . y o u t u b e . c o m /
watch?v=Jt0Lj2pf3Jc
saiba mais?
Escrita Ideográfica: figuras representam uma ideia
Fonte: <http://giramundo-cirandeira.blogspot.com.br/2013/02/por-que-escrevo-ii_26.html> 
11
Unidade 01 Os Primórdios da Educação
A própria organização social para essas civilizações passou a mudar, exigindo uma 
maior concentração de poder nas mãos de uns sobre os demais, ou seja, uma 
organização política, um Estado, com chefes supremos, sob a existência de classes 
sociais que os diferenciavam: os guerreiros, os sacerdotes, o povo trabalhador.
Decerto, você já pode imaginar que podemos falar no surgimento da escola 
ou de uma educação sistematizada, associada aos mestres, chegando 
para assumir o papel de instrução do povo, de uma instrução formal ou uma 
educação intencional, que será promovida por grandes sábios, mestres. 
É por isso, que chegamos à educação oriental para dizermos que as primeiras 
sociedades civilizadas podem ser consideradas na Antiguidade oriental 
como aquelas representadas pela China, Índia, Egito, Mesopotâmia etc, 
desenvolvidas no norte da África e na Ásia. 
A educação oriental ainda mantinha determinadas afinidades com a educação 
primitiva, sendo trabalhada por meio de orientações que perpassavam 
os livros sagrados, as regras de conduta, segundo doutrinas religiosas e 
morais. A educação, portanto, era vista como uma atividade religiosa, sendo 
considerada um desdobramento da função sacerdotal. 
A Educação na Antiguidade
A Educação na Antiguidade Grega
A sociedade grega, geograficamente, ficava situada entre o Oriente e o 
Ocidente, que muito facilitava o comércio e que serviu de base para falarmos 
de cultura, civilização e da educação no contexto ocidental. 
É importante sabermos que a Grécia se compunha de unidades políticas 
autônomas ou cidades-estados, tendo a religião e a língua, marcados por 
aspectos comuns.
O pensamento pedagógico grego pode ser estudado pela pergunta que inicia 
todo nosso estudo: O que é o homem? Enquanto Esparta acreditava que o homem 
podia ser representado pela fortaleza do corpo físico, ou seja, o culto ao corpo, 
em todos os sentidos, fala-se em eficaz nas ações. Atenas buscava entender o 
homem por sua capacidade de liberdade, no ser racional, na argumentação, na 
fala bem articulada, ou seja, aquele educado como orador, podemos assim dizer. 
T3
“A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE 
GREGA FORMAVA PARA A 
TAREFA DO PODER.”
História da Educação Graduação | UNISUAM 
12
Era uma educação grega voltada para o ensino (de alguns poucos), em 
que se estimulasse à competição, à guerrilha, ao saber mandar, governar, 
à superioridade. O que não pode acontecer para todos, caso contrário, 
estaria estabelecida a democracia, em que de uma maneira geral poderiamexistir diálogo e liberdade, mas que somente podia ser alcançado entre os 
considerados “gregos livres”.
Dessa forma, a educação permaneceria elitizada à medida que atendesse 
aos filhos dos nobres ou daqueles cujas famílias de comerciantes tivessem 
enriquecido. E, para esses escolhidos, um tempo chamado de ócio digno 
voltado para o gozo do tempo livre para pensar, para governar ou guerrear. E 
sabe onde seria esse espaço? Na escola, que significa no grego scholé ou “o 
lugar do ócio”. (Aranha, 2006)
Vejam que a dualidade educacional vem de longe, quando pensamos que 
essa educação sistematizada na escola não seria tratada para todos, mas 
somente para alguns que representam uma elite (pensante), sobretudo, nos 
moldes das classes dominantes.
Assim, a escola no século VI a.C (aproximadamente) estava voltada para a 
prática esportiva, na formação (do) físico. 
Somente mais tarde, a escola passou a incorporar 
o ensino das letras e cálculos, enquanto um 
dos aspectos da formação intelectual, como 
conhecemos. Sob os moldes de um deslocamento, 
pôde ser entendido, já no ensino superior, em que 
a busca consistia na formação do sujeito filósofo, 
capaz de ter uma formação espiritualizada.
Paideia era o nome que se dava para a educação 
integral, em que na antiguidade pôde ser 
alcançada na integração entre a cultura da 
sociedade com a cultura do indivíduo, de forma 
articulada. Essa educação integral ocorreu por 
volta do século V a.C.. 
O que não poderia ser diferente: a formação de um homem estruturado nos 
aspectos físico, mental, moral e sentimental. A conjunção das diversas áreas 
da ciência: educação do físico, do corpo, pela ginástica; educação da mente, 
pelas ciências e filosofia; educação da moral e dos sentimentos, pela música 
e pelas artes.
A educação grega tem muita aproximação com a nossa educação e com a 
nossa Pedagogia, pelo fato inicial de que estamos tratando da ciência voltada 
para a atividade educativa, no qual teve sua origem na Grécia, lugar em que 
se começou a falar de educação.
Aproveite para assistir algumas cenas do 
filme “300”, que explora aspectos peculiares 
da cultura e da educação dos espartanos, por 
volta de 480 a.C. Nele, podemos observar que 
a educação, nessa época, centrava-se no que 
se pode chamar de “educação para a guerra”. 
Acesse o endereço:
https://www.youtube.com/watch?v=H95HI-QGsKs 
saiba mais?
13
Unidade 01 Os Primórdios da Educação
Durante esse período, surgiram grupos de homens, conhecidos como sofistas 
– palavra que vem grego, significa sábio – que viajavam para promover uma 
educação para a vida pública, para a formação do orador, do político. 
Dessa forma, também considerados como os primeiros professores, primeiros 
educadores profissionais que tinham a argumentação, como princípio 
fundamental para convencer qualquer pessoa de qualquer coisa, mediante seu 
interesse em persuadir. Isso é o que seria a essência do homem, ao dominar 
essa técnica e permiti-lo conhecer todas as coisas.
Os sofistas tinham o homem e seu valor como princípios básicos para o 
desenvolvimento do indivíduo na educação, que pode ser ensinada e que essa 
educação não precisa ser fruto de uma capacidade aristocrática ou privilégio 
de poucos, desde que as pessoas tenham acesso à preparação. 
Assim sendo, essa “preparação” estaria voltada para a vida pública, para a 
formação do político, do orador, àquele com capacidade de convencimento 
por meio da dialética e da oratória (princípios da psicologia) e de uma cultura 
geral e universal.
Sócrates, Platão e Aristóteles foram seus principais representantes 
mais conhecidos por suas influências no mundo grego e, portanto, no 
desenvolvimento da educação grega, como um todo, ou então, da pedagogia 
grega. O que sugere pensarmos que durante todo esse período o ensino 
versava sobre as virtudes guerreiras, a valentia, a rivalidade, o culto aos heróis, 
à honra, à força.
Sócrates: um filósofo preocupado com o conhecimento da 
verdade e do bem
Sócrates, considerado como o primeiro educador, 
pensador ou filósofo da história, acreditava no 
autoconhecimento do homem. Não pode ser 
confundido com um sofista, pois era um opositor 
e crítico à cobrança de valores pelas aulas. Uma 
forma de mostrar que o verdadeiro caminho para 
o saber está dentro de cada indivíduo, era o que 
sugeria como estímulo a ser dado à pessoa, por 
meio de perguntas. Daí, uma grande contribuição 
por sua concepção dialógica, também conhecida 
no método socrático como “maiêutica”, para que 
se entenda que, quando Sócrates diz que nada 
sei, na verdade, estamos abrindo possibilidades 
para que alguém nos ensine a conhecer. 
A célebre frase conhecida de todos: “Só sei que 
nada sei!” surge a partir da ideia de Sócrates 
querer conhecer o que os sábios diziam sobre a 
sabedoria e, a partir daí, assumiu como atitude 
filosófica a ideia de superar “a certeza” de que
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existe um verdadeiro saber, para reconhecer que o que existe é o 
reconhecimento da própria ignorância.
As contribuições de Sócrates para educação passam pelo despertar 
de uma autonomia no qual a prática pedagógica deve promover, 
bem como o diálogo no processo educativo de aprendizagem, além 
da contextualização e a problematização (questionamento) sobre as 
questões do cotidiano.
Para darmos continuidade ao que estamos tratando acerca do valor humanístico 
e das ideias educacionais que estão voltadas para as obras de filosofia e da 
política, temos Platão e Aristóteles como um de seus representantes.
Platão e o mundo das ideias: o mundo inteligível
Platão, ou Arístocles, como era seu verdadeiro 
nome [afirma-se que Platão era um apelido dado 
talvez por possuir ombros largos (Aranha, 2006)], 
foi um importante filósofo, o discípulo de Sócrates 
e ainda, o mestre de Aristóteles (como veremos 
adiante). Reuniu elementos teórico-filosóficos 
para trabalhar o “olho do espírito”, de maneira a 
contribuir com que a educação pudesse “olhar 
para a luz do verdadeiro ser”, ou mesmo, fazer da 
educação a “arte da conversão.” (GADOTTI, 1993).
No campo da educação, Platão esteve ligado à 
reflexão pedagógica associada à política, no qual 
esteve debruçado nos problemas dessa natureza. 
E, a partir daí, trabalhava a concepção das ideias 
como fundamento para o limiar entre o mundo 
dos deuses e o mundo concreto, de modo que 
chega a criar a famosa “Alegoria da caverna”, uma 
de suas importantes obras.
Interessante é entendermos que Platão influencia 
numa análise sobre a vida humana que está além 
do visível, do concreto, do material, ou mais do 
que os “olhos do corpo”, como estruturas e formas 
físicas; mas a partir dos “olhos da alma”, como 
aquilo que não captamos diretamente, a não ser 
quando a essência do homem está voltada para 
a dimensão do sensível, do metafísico. 
E, a alegoria da caverna refletia essa intenção em permitir, pela Filosofia, que 
o sujeito percebesse que o mundo que estava dado – aparentemente, da 
forma como nos tinha sido determinado e encaminhado –, como podemos 
imaginar o que se passa numa ‘caverna’, em que estamos acorrentados a 
Fonte: <http://educarparacrescer.abril.com.br/
pensadores-da-educacao/platao.shtml> 
15
Unidade 01 Os Primórdios da Educação
falsas ideias, movidos por preconceitos e crenças. Mas, ao conseguirmos 
nos libertar dos grilhões, somos capazes de influenciar àqueles que estão 
‘presos’ a realidades [pré] determinadas.
Em Platão, o Estado está a serviço da educação, assim como, dialeticamente, 
a educação está a serviço do Estado. Essa relação na Pedagogia nos permite 
fazer uma reflexão sobre o resgate dos valores (autonomia, criticidade) na 
pessoa humana, importantes e inerentes a Filosofia. 
E, para fecharmos os clássicos do pensamento grego, temos como importante 
filósofo, educador, mestre, que faz uma reflexãocrítica sobre a atividade 
educativa: Aristóteles.
Aristóteles: a verdade está nos fatos objetivos da natureza, 
da vida social e na alma humana
Aristóteles, discípulo de Platão, porém, contrário 
ao idealismo de seu mestre, acreditava no 
realismo das ideias e que as coisas concretas são 
simples aparência e que podem ser explicadas 
por elas próprias. 
A educação para Aristóteles representava o bem 
moral, como a plenitude da realização do humano, 
estágio de felicidade que precisa ser praticado e 
vivido, não bastando apenas conhecê-lo e saber 
que existe.
Para explicar o ser, Aristóteles utiliza dois 
elementos que, para ele, eram indissociáveis: a 
matéria e a forma. O primeiro representando as 
virtualidades da forma, enquanto que o segundo, 
a essência comum aos indivíduos, sob o qual cada 
um é o que é. No campo da educação, poderíamos 
falar em uma Pedagogia da Essência, cuja base é 
o que a educação pode levar o indivíduo a “tornar-
se o que deve ser”.
Como o propósito está em permitir ao homem 
alcançar sua própria felicidade, será necessário 
que a educação desenvolva as áreas físicas, 
morais e intelectuais. Mas para isso, o campo da 
ética estará presente nesse movimento. Dito de 
outra forma, é com base na repetição de hábitos de 
virtude que o ser humano, mais especificamente, 
a criança, se educa, vendo e repetindo os atos de 
vida dos adultos. 
Fonte: <http://educarparacrescer.abril.com.br/
pensadores-da-educacao/aristoteles.shtml> 
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Graças à filosofia aristotélica, conhecemos a lógica formal de organização do 
pensamento, a compreensão dos processos de análise e síntese, indução e 
dedução e analogia, como parte de uma revolução científica que foi criada 
em torno do século IV a.C.
Do culto ao corpo aos valores humanos, temos 
a Grécia como um berço das primeiras teorias 
educacionais, influenciadas por uma filosofia grega 
com concepções pedagógicas fundamentais para 
a educação. Disso, decorre que Sócrates, Platão 
e Aristóteles – à frente de seu tempo histórico 
–, não tivessem tido o reconhecimento de suas 
obras na educação, esses filósofos clássicos 
deixam importantes significados na concepção 
de homem ou de formação humana, a partir da 
Idade Moderna, quando estudaremos.
A Educação na Antiguidade Romana
Assim como na Grécia, o Império de Roma também foi se expandindo por 
toda a Europa, parte da Ásia e do Oriente Médio, sua língua latina e costumes 
romanos, transmitidos pela cultura grega, por volta do segundo milênio a.C. 
Podemos ainda falar de comunidades primitivas, cuja base ainda estará na 
agricultura; nos cultos aos antepassados, podendo seu período histórico ser 
dividido em três fases: Realeza (de 753 à 509 a.C.); República (de 509 à 27 a.C.) 
e Império (de 27 a.C. à 476 d.C.).
Interessante notar que assim como os gregos, os romanos também não 
valorizavam o trabalho manual, de modo que separavam a direção do exercício 
do trabalho. É o que chamaremos a partir da concepção de uma educação 
integral, tradução de Paideia, para explicarmos a cultura universalizada no 
sentido humanístico, no sentido moral, político e literário do ser humano. 
Gostou de conhecer os clássicos do pensamento 
grego? Quer saber mais sobre eles?
Acesse: <http://filosofiacienciaevida.uol.com.
br/ESFI/edicoes/18/artigo70846-1.asp?o=r> 
saiba mais?
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Unidade 01 Os Primórdios da Educação
O latim passou a ser uma das imposições no império romano, por força do 
cristianismo e, para a educação, podemos destacar que a filosofia da educação 
da Grécia foi transmitida aos romanos pela conquista do império romano sob 
a sociedade grega. 
O trabalho escravo existia nesse período, cuja base 
estava nos trabalhos manuais, nos ofícios, nas 
casas onde serviam. Enquanto isso, a aristocracia 
dedicava-se às atividades intelectuais, políticas e 
culturais, com ênfase no que estudamos sobre o 
significado de “ócio digno” ou mesmo na “scholé”, 
palavra grega. 
Entre a aristocracia, podemos falar em uma 
sociedade formada por grandes proprietários 
e pequenos proprietários, composta por 
comerciantes, pequenos artesãos, cuja dualidade 
na educação irá ser vista como reflexo na adoção 
do pensamento pragmatista, diferentemente do 
pensamento grego, que buscava muito mais a 
contemplação ou a teorização. 
A família do tipo patriarcal era a base da educação 
romana, cuja função do pai representava o senhor 
e o sacerdote (paterfamília), na formação moral 
de valores dos antepassados. A mãe também 
participará nos primeiros anos de vida, em casa, 
enquanto uma educação doméstica. 
Gadotti (1993) nos apresenta que o sistema de 
educação distribuía-se em três graus clássicos 
de ensino: as escolas do ludi-magister ou da 
educação elementar; as escolas do gramático ou 
do ensino secundário; as instituições de educação 
superior, com base na retórica do ensino do Direito 
e da Filosofia, com o intuito de formar o orador ou 
o político. 
De qualquer forma, perceberemos o quanto 
a formação de intelectuais continuará tendo 
privilégio entre a elite dominante. Assim como 
de um modo geral, essa educação é utilitária 
e militarista, cuja base de organização passa 
pela disciplina e pela justiça, como elementos 
importantes no nacionalismo, amor à pátria, 
imposição de castigos severos a quem não 
cumprisse as obrigações do clã, da escola, das 
cidades e regiões. 
Visite o site: 
<http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/
hfe/momentos/escola/ensinoroma/> e 
conheça mais obre a educação na Antiguidade 
Romana.
saiba mais?
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A Educação na Era Medieval
Reconhecemos como Era Medieval aquela no qual temos como marco 
histórico a Idade Média, que vem marcada pela fé, ou seja, pela doutrina da 
Igreja Católica; a decadência do Império Romano e a tomada de Constantinopla, 
com as invasões dos “bárbaros”. Considerada também como “idade das trevas” 
por ser um período com poucos registros históricos sobre o desenvolvimento 
científico e técnico, tornando-se difícil para os historiadores da época, 
sobretudo, porque a Igreja Católica detinha o controle político, econômico e 
cultural da Europa durante esse período.
Sob o domínio da Igreja Cristã ou com o aparecimento da doutrina do 
cristianismo, temos uma pedagogia voltada para o reconhecimento do valor 
do homem à vida. Jesus Cristo foi considerado o Mestre, o grande educador, 
popular, capaz de falar com o povo humilde, utilizando uma linguagem popular, 
assim como os intelectuais, com uma linguagem erudita. Isso também vale 
para seus discípulos, apóstolos, que foram os que acompanharam a educação 
nesses primeiros tempos. 
Os séculos I ao VII, chamados de Patrística - que vem de Padre - foram o 
período da história da Igreja em que surgiram padres ou sacerdotes que 
utilizaram modelos e práticas pedagógicas assumidos pela teoria tradicional 
de educação, convertidas na organização da Igreja, na organização do espaço 
escolar, nos conteúdos e métodos trabalhados, difundidas em escolas 
catequéticas, com conteúdo bíblico, trabalhados nas igrejas e mosteiros com 
ensinamentos próprios da teologia divina, vinculadas à fé, baseados em Santo 
Agostinho, principalmente. 
Essa educação, também conhecida como monacal, conservou escolas que 
funcionavam com os futuros monges, como estudantes que não seguiriam 
os caminhos monásticos. 
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Unidade 01 Os Primórdios da Educação
Importante dizer que os estudos medievais compreendiam o trivium, 
que englobou estudos da gramática, dialética e retórica; e o quadrivium: 
englobando as áreas da aritmética, geometria, astronomia e a música. Daí, os 
sistemas de ensino se distribuírem em: educação elementar, com propósito 
de doutrinar, propriamente em escolas paroquiais; educação secundária, 
ministrada em escolas monásticas, ou aquelas próprias dosconventos; e, por 
último, a educação superior, própria das escolas imperiais, onde se preparava 
o funcionário do Império.
Se o que estava em questão era o valor da formação humanística a serviço da 
fé e da salvação da alma, sobretudo, pelo caminho da vida eterna, podemos 
citar como exemplos: São Tomás de Aquino, Santo Agostinho, Santo Alberto 
Magno, entre outros. 
Como uma das referências do período medieval, Santo Agostinho em uma 
de suas passagens diz que: 
O que importa é que tal seja a vontade do homem, 
porque, se for má, estes impulsos serão maus e, se boa, 
não serão inculpáveis, mas dignos de elogios, posto que 
em todos há vontade ou, melhor, todos mais não que 
vontades; pois, que outra coisa são o desejo e a alegria 
senão vontade conforme com as coisas que queremos?; 
que são o medo e a tristeza senão vontade desconforme 
com as coisas que queremos?” (Santo Agostinho, la 
Ciudad de Dios, Buenos Aires, Ed. Poblet, 1963)
Com a expansão do comércio, com os avanços da ciência, da literatura 
e da educação, no final da Idade Média, teremos um período humanista 
renascentista importante pelo legado deixado na herança da cultura medieval, 
sobretudo, do cristianismo, como veremos adiante.
Para saber mais sobre a Idade Média, assista 
ao filme o “Nome da Rosa”. Nele, podemos 
notar o controle da educação medieval por 
parte da Igreja Católica. A história do filme se 
passa no século XIV (mais especificamente, 
no ano de 1327 - Alta Idade Média - na Itália), 
século este marcado pela decadência da 
Idade Média e início do Renascimento. 
Fique atento ao modo como a Igreja Católica 
predominava nas explicações sobre a 
sociedade e a vida!
saiba mais?
Santo Alberto 
Magno
Santo Agostinho
São Tomás 
de Aquino
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A Educação no período do Renascimento: 
Martinho Lutero e Michel de Montaigne
O Renascimento, período histórico voltado para meados do séc. XIV e que 
tem a Itália como grande precursora, logo depois, entre os séculos XV e XVI, 
espalha-se para os demais países da Europa. Caracteriza-se pela renovação 
ou pela revalorização da cultura greco-romana clássica, pelo humanismo, 
ou seja, pela nova forma de vida, nova concepção de homem e de mundo, 
aliando dois elementos: a liberdade humana e a realidade presente. 
 
Isso significa que com a cultura grega e romana, por meio da arte e da ciência, 
renasceu uma nova mentalidade que esteve envolvida por transformações 
culturais, sociais, econômicas, políticas e religiosas, principalmente, por forte 
influência dos jesuítas ou da Companhia de Jesus.
A evolução histórica durante esse tempo foi determinante para esse novo 
pensamento. Dentre alguns fatores que marcam o pioneirismo desse período, 
podemos citar: 
•	 a transição do feudalismo para o capitalismo com as grandes navegações 
e o capitalismo comercial; 
•	 a invenção da bússola; a invenção da imprensa por Gutenberg; 
•	 a descoberta da Teoria Heliocêntrica, por Copérnico. 
Afirmamos, com isso, que o Brasil recebe muitas influências desse período, 
sobretudo, nos procedimentos de catequização dos indígenas e na educação 
dos filhos dos colonizadores.
Se a Idade Média foi considerada como a “idade das trevas”, por obscuridade 
nos possíveis avanços que poderiam ser encontrados, no Renascimento o 
que temos é uma recusa dos valores medievais à frente de um tempo de 
renovação, mesmo retomando as fontes greco-romanas. 
Porém, tomando um lugar concreto, racional, terreno, preocupado com as 
questões cotidianas. Isso vale para falarmos do interesse pelo corpo e pela 
natureza; pelas artes na forma de criação e criatividade intensas, valendo-se 
da pintura, da arquitetura, da escultura, da literatura, da música.
Podemos dizer que Humanismo, Racionalismo e Individualismo, refletem 
bem o pensamento renascentista dessa época. No entanto, é preciso dizer 
também que a dualidade vista anteriormente continuará marcante nas relações 
entre elite e classe popular, entre nobreza e plebe. 
Isso por lembrar que com o novo modo de produção capitalista no qual 
superou e reforçou a decadência do feudalismo, deixou o legado de uma 
riqueza na posse de terras, no desenvolvimento de atividades comerciais 
própria dos burgueses que irão contrapor-se às massas populares. O próprio 
desenvolvimento marcado na evolução econômica mostra o quanto à 
burguesia irá ascender mais a um fortalecimento das monarquias absolutistas. 
21
Unidade 01 Os Primórdios da Educação
O poder centralizador da Igreja Católica passa a sofrer críticas nessa fase de 
geração do novo, principalmente, por esses movimentos não se constituírem 
apenas por influências religiosas, mas políticas (também econômicas e sociais) 
advindas do luteranismo, calvinismo e anglicanismo. 
E, a partir desses movimentos de ameaça à Igreja que repercutiu em separação 
das Igrejas Romana e Ortodoxa, criação da Inquisição entre outros, podemos 
chegar ao ponto de maior crise da Igreja no século XVI com a Reforma 
Protestante, numa expansão conhecida por Contrarreforma da Igreja.
Na educação, podemos destacar a proliferação dos colégios e manuais para 
professores e alunos, baseado numa concepção de liberdade e métodos de 
ensino atraentes e voltados para a realidade social e natural do aluno. Daí, 
a formação integral e completa do homem, a partir de uma educação que 
cuidasse do corpo, mas que também fosse livre, prazerosa, alegre e agradável.
Nessa concepção econômica e social, temos os mais ricos ou da alta 
nobreza e aqueles que fazem parte da pequena nobreza e da burguesia. 
Os primeiros com privilégio de educarem seus filhos com preceptores nos 
castelos; enquanto os segundos, encaminhavam seus filhos para a escola a 
fim de prepará-los política e economicamente para os negócios. E, sobrava 
para as classes populares a educação com aprendizagem para os ofícios.
A ênfase dada nas escolas estava centrada na formação moral e, para isso, 
a disciplina na base de castigos severos era atribuída àqueles que não 
respeitavam e não cumpriam as normas e regras. Frente a isso, temos uma 
educação renascentista em que o elitismo, aristocratismo e individualismo 
foram marcantes para o clero, a nobreza e a burguesia.
Nesse sentido, alguns importantes educadores (alguns leigos) fizeram parte 
desse movimento, como nos afirma Gadotti (1993):
•	 Vittorino da Feltre (1378-1446) – centrado na educação individualizada, no 
autogoverno e na emulação (como sentimento de estimulação); 
•	 Erasmo Desidério (1467-1536) – acreditava que o “verdadeiro caminho tinha 
de ser criado pelo homem, enquanto ser inteligente e livre”;
•	 Juan Luís Vives (1492-1540) – dava ênfase nos exercícios corporais, 
destacando a importância da pesquisa e da promoção das aptidões 
pessoais. Curiosamente, é bom saber que foi um dos primeiros a falar sobre 
remuneração para os professores, por parte do governo;
•	 François Rabelais (1483-1553) – dava importância à natureza, no cuidado com 
o corpo, a higiene, a limpeza, da vida ao ar livre e, portanto, essa educação 
deveria ser alegre e integral;
•	 Michel de Montaigne (1533-1592) – ênfase na aprendizagem infantil, a partir 
do que precisam para a vida adulta. 
Conheceremos melhor, mais adiante, qual foi a contribuição de Michel de 
Montaigne para a educação. 
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Na forma de reação da Igreja Católica à Reforma Protestante, o Papa Paulo III 
convocou um concílio para a cidade italiana de Trento, no qual foram discutidos 
assuntos e ações para a conversão de hereges e retomada da supremacia da 
Igreja, tais como: o retorno da Inquisição, a criação do índice de Livros Proibidos, 
também chamado de Index Librorium Proibitorium, e da Companhia de Jesus.
A Companhia de Jesus, formada por membros de uma Ordem religiosa como 
estatuto e autoridades próprias, que produziram a escrita do documento 
chamado de Ratio atque Institutio Studiorum, ou um Manual de Ordem dos 
Estudos, aprovado em 1599, com desempenho e responsabilidade,além de 
subordinação de professores e alunos. Consistia numa adaptação de uma 
educação ao contexto de época, com base num currículo único e método de 
ensino aplicável à todos os colégios da Companhia de Jesus. 
No Brasil, podemos dizer que uma das fortes influências chega aos índios na 
forma de catequização por jesuítas, especialmente, Padre Manoel da Nobrega 
e José de Anchieta, seus hábitos, língua e doutrina; numa forma de colonização 
iniciada por volta do século XVI.
A colonização brasileira não deixou de estar vinculada aos acontecimentos 
da Europa, sobretudo, de expansão comercial advinda do desenvolvimento 
econômico na forma de incentivo à manufatura, extração de pau-brasil e do 
cultivo da cana-de-açúcar, entre os proprietários de terra e donos de engenhos 
de açúcar. E, nesse contexto, as metrópoles europeias enviaram religiosos 
para esse trabalho de conversão do pagão e dos colonos, para que não se 
desviassem da fé católica. 
Daí a educação assumia importante papel nesse trabalho de agente 
colonizador, com a criação de uma escola “de ler e escrever” em Salvador, assim 
como escolas “era o início do processo de criação de escolas elementares, 
seminários e missões, espalhados pelo Brasil até o ano de 1759, ocasião em que 
os jesuítas foram expulsos pelo marquês de Pombal” (ARANHA, 2006, p.140).
Nessa área, destacamos – após o aprender a ler, escrever e contar –, os 
seguintes cursos: letras humanas; filosofia e ciência (ou artes); teologia e 
ciências sagradas; destinados à formação do humanista, filósofo e teólogo. 
José de Anchieta e Pe. Manuel da Nóbrega desenvolvendo 
o trabalho catequético 
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Unidade 01 Os Primórdios da Educação
Martinho Lutero: a Educação Protestante
Martinho Lutero era homem-líder da Reforma ou o precursor da Reforma 
Protestante. Ordenado padre, foi excomungado da Igreja Católica por suas 
ideias contrárias às que eram pregadas. 
Em nosso campo de estudos pedagógicos, Lutero contribui com uma 
concepção de que a educação para desenvolver o homem precisa que seja 
entendida como obra do amor cristão, para que as pessoas sejam preparadas 
para viverem como cidadãos livres e autônomos. Dessa forma, é preciso que 
se respeitem as necessidades de cada um e do grupo, da individualidade e 
da coletividade na formação humana.
A ideia da escola pública deixa marcas de um legado histórico para a Idade 
Moderna muito interessante que vem a seguir, mas que nos diz em um texto 
chamado de “Carta aos prefeitos e conselheiros de todas as cidades da 
Alemanha em prol de escolas cristãs”, o seguinte: 
Será dever dos prefeitos e conselhos ter o maior cuidado 
com os jovens. Pois dado que a felicidade, honra e vida 
da cidade estão entregues em suas mãos, eles seriam 
considerados covardes diante de Deus e do mundo caso 
não buscassem, dia e noite, com todo o seu poder, o bem-
estar e progresso da cidade. (MAYER, Frederick. História 
do pensamento educacional. Rio de Janeiro, Zahar, 1976)
Nesse contexto, o pensamento de Lutero produziu uma reforma global 
no sistema de ensino alemão, trazendo assim, a escola moderna. Escola 
pública para todos, organizada em três grandes ciclos: fundamental, médio 
e superior.
Montaigne: Educação Humanista
Como o objetivo de nossa aula é tratar da educação e das influências do 
legado histórico, traremos Michel de Montaigne (1533-1592) como um filósofo, 
educador, pensador que se dedicou ao pensamento de uma pedagogia à 
frente de seu tempo, propriamente, a uma pedagogia da Idade Moderna, 
como período histórico que vem a seguir, mas que iniciou suas marcas ainda 
no Renascimento.
Como o Renascimento irá mostrar o valor da humanidade, em particular dos 
conhecimentos ligados aos interesses humanos, Montaigne irá mostrar o 
quanto é importante que se respeite a personalidade do homem. 
E é a partir daí que irá criticar uma educação abstrata, enciclopédica e livresca, 
por não permitir a ação e experimentação. Do contrário, as questões inerentes 
à vida humana no cotidiano dariam condições para que o sujeito pudesse 
discernir e integrar valores morais ás diversas situações. 
Sobre esse aspecto, Montaigne, em uma de suas obras denominada “Ensaios”, 
nos deixa a seguinte contribuição: 
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Quero que a delicadeza, a civilidade, as boas maneiras 
se modelem ao mesmo tempo que o espírito, pois não é 
uma alma somente que se educa, nem um corpo, é um 
homem: cabe não separar as duas parcelas do todo. (In: Os 
Pensadores. Trad. De Sergio Milliet. São Paulo, Abril, 1972. 
Livro Primeiro, Capítulo XXVI)
Nesse sentido, sugere que a personalidade da criança seja respeitada assim 
como a do adulto, de modo que ela possa formar-se para ser honesta e capaz 
de refletir sobre suas ações e sobre si mesma, mediante uma escola que 
esteja aberta ao diálogo e à relatividade dos discursos, das práticas e ações. 
A Educação nos Tempos 
da Modernidade
A partir de agora, vamos caminhar pelos séculos XV e XVII, que vieram 
marcados pelas alterações no modo de produção feudal, no qual houve uma 
“revolução comercial” em que ascende a burguesia, no caso da produção, no 
âmbito das teorias política e econômica; e ao mesmo tempo, fala-se de um 
desenvolvimento das ciências e da filosofia, no âmbito das teorias de educação.
Com a decadência do modo de produção feudal e a ascensão do capitalismo, 
como base para as mudanças no desenvolvimento econômico, iremos 
entender sobre o ritmo de produção que antes era dado aos artesãos e às 
economias primitivas, individuais para o nascimento de uma manufatura em 
que reunirão pessoas envolvidas num trabalho fixado por um salário, sugerindo, 
a partir daí, novas formas de produção que seguirão mais adiante, na próxima 
unidade, com o industrialismo.
Nesse período, podemos falar também no desenvolvimento das técnicas, 
artes, estudos (matemática, astronomia, ciências físicas, geografia, medicina 
e biologia). A substituição da fé pela razão e pela ciência, com a criação 
por Descarte do Discurso do Método, tanto na filosofia como nas ciências 
(diferente de ser observado apenas), a criação do método científico consistirá 
em regras princípios próprios, como: a discussão dos procedimentos da razão 
na investigação da verdade, antes da teorização de qualquer tema.
Isso significava a superação da contemplação e da ciência meramente 
filosófica, para aplicação de técnicas, privilegiando o método experimental, 
o que significou uma ruptura ao modelo tradicional, como um conhecimento 
científico que controla a natureza, como Francis Bacon (1561-1626) acreditava 
que o “conhecimento é o poder”.
Durante esse período, tivemos fortes embates pela educação pública, com 
instrução elementar gratuita aos pobres, já que a nobreza tinha acesso às 
escolas-academias com formação voltada para os interesses dominantes, 
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Unidade 01 Os Primórdios da Educação
inclusive com acesso as academias científicas em que cientistas podiam se 
associar para trocar experiências e publicações.
Em contrapartida, a Pedagogia Realista, como começou a ser conhecida, 
passou a ser importante num contexto em que os pedagogos foram 
influenciados pelo método e pelo realismo da educação. No plural, podemos 
dizer que diversos métodos passaram a ser do interesse daqueles que 
poderiam transformar a educação mais agradável e mais próxima do real, da 
vida cotidiana e prática das pessoas.
A superação de uma educação formal que privilegiava a retórica, para uma 
pedagogia moderna em que era necessária a compreensão do método, fez-
se necessário o estudo de outro tipo de didática, capaz de ensinar o ‘como’ 
apropriar-se do método de forma segura e rápida, como nos propõe Comênio, 
que será apresentado mais adiante. 
Outro célebre precursor do pensamento pedagógico moderno é John Locke, 
ao propor que se promovam experiências para a criança que a façamauxiliar 
no uso da razão, ou seja, como um bom representante da pedagogia realista, 
valoriza a preparação para a vida prática. Isso vale também quando se refere 
aos interesses da burguesia, quando valoriza o estudo da contabilidade e 
escrituração comercial ou na aprendizagem de algum ofício, na concepção 
ativa de educação. 
Pensamento Educacional de Locke e 
Comênio
John Locke (1632-1704) destaca-se mais pela 
concepção psicológica e moral do que pelas 
ideias filosóficas voltadas para o conhecimento. 
Daí ser conhecido mais como um moralista, que na 
educação preocupa-se com a conduta e a ética, 
principalmente. 
Considerado como pai do liberalismo econômico, 
dedicou-se à concepção política que inspirou 
ideias na constituição política da França e dos 
Estados Unidos. 
Acredita Locke, que a criança ao nascer é uma 
tábula rasa que, comparada a um papel em 
branco, terá condições de aprender tudo com 
o professor. O que irá concentrar-se muito mais 
na formação do caráter como mais importante 
do que a formação intelectual. E, chega a propor 
o “tríplice desenvolvimento”, reunindo o físico, o 
moral e o intelectual para esse “gentil-homem” 
ou gentleman.
História da Educação Graduação | UNISUAM 
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A educação do cavalheiro (gentleman) concebia a educação de forma total, 
integral, considerando as dimensões física, intelectual e moral. É como se 
a cultura intelectual não pudesse estar sozinha, desvinculada das demais 
áreas que a compõem e a fortalecem. Mesmo sendo um adepto a educação 
física, com sua dedicação à saúde corporal, reforça que o corpo acompanha 
o espírito. 
E esse espírito que chama de alma, acredita Locke, que a criança ao nascer 
é uma tábula rasa que, comparado a um papel em branco, terá condições de 
aprender tudo com o professor. Assim, a educação assume importante papel 
na preparação para a virtude, na formação da moral e dos costumes.
O que irá concentrar-se muito mais na formação do caráter como mais 
importante do que a formação intelectual. Ele chega a propor o “tríplice 
desenvolvimento”, reunindo o físico, o moral e o intelectual para esse “gentil-
homem” ou gentleman. Para isso, dá ênfase aos bons costumes, à conduta 
social do indivíduo, ao papel da psicologia na educação. Segundo Locke, o 
educador:
Há de ser, antes de tudo, homem educado; mas, ainda, 
deve conhecer o mundo, os costumes, os gostos e defeitos 
da época, sobretudo, os homens do lugar. (LUZURIAGA, 
1983, p.146)
Contraditoriamente, ao que veremos com Comênio, Locke será um defensor 
de uma educação diferenciada para os que irão governar, dos que serão 
governados, de forma a não defender a universalização da educação. 
João Amós Comênio (1592-1670), também 
conhecido como o Pai da Didática Moderna, 
educador, pedagogo do século XVII, escreveu 
uma de suas importantes obras chamada de 
“Didática Magna”, com o intuito de promover uma 
aprendizagem eficaz por meio de organização de 
tarefas, cuja base dava-se num formato de manual 
produzido para ser trabalhado de acordo com a 
capacidade de assimilação dos alunos. 
Influenciado pelas ideias religiosas faz a conjunção 
com as ideias realistas, de modo que reúne os 
fins da educação, pela religiosidade e, meios 
da educação, pelo caráter realista. O significado 
disso é a educação capaz de elevar o indivíduo a 
salvação, a felicidade. E que, para ser homem e 
se entender como homem, precisa ser educado, 
precisa formar-se.
Do concreto para o abstrato, do simples ao 
complexo, Comênio propõe um ensino voltado 
para o aprender-fazendo, de modo que a vida 
seja importante para a formação do valor da
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Unidade 01 Os Primórdios da Educação
pessoa humana. E, para isso, controle do tempo, dosagem dos conteúdos, 
cuidado na utilização do material didático, organização do conhecimento são 
elementos importantes para estabelecer o processo de aprendizagem. 
Para Comênio, “a escola pode-se ensinar tudo a todos”, essa frase célebre 
teve grande repercussão nos estudos pedagógicos por compreender que 
a capacidade humana vai além de uma ciência ou outra. Mas que todos os 
conhecimentos podem ser vistos e vividos, à medida que a ciência se alarga 
e aprofunda nessa articulação teoria e prática. De acordo com Comênio:
Pretendemos apenas que se ensine a todos a conhecer os 
fundamentos, as razões e os objetivos de todas as coisas 
principais, das que existem na natureza como das que se 
fabricam, pois somos colocados no mundo não somente 
para que nos façamos de expectadores, mas também de 
atores.” (Comênio, João Amós. Didática magna: tratado da 
arte universal de ensinar tudo a todos. Lisboa, Calouste 
Gulbenkian, 1966)
Podemos falar com isso, que Comênio já tratava da interdisciplinaridade, da 
afetividade e da necessidade de um ambiente apropriado para o estudo, 
arejado, livre, limpo e bonito. No entanto, divide os anos de desenvolvimento 
do indivíduo em quatro fases: infância, puerícia, adolescência e juventude. Para 
cada período, acredita um movimento programado em exercícios, matérias, 
formas, tempo e, principalmente, método como foi a sua principal contribuição 
no campo da educação de seu tempo.
Distribui para cada área do ensino um conjunto de regras metódicas a serem 
seguidas, de modo que o ensino das ciências, das artes (como sendo à 
prática), ensino das línguas, tivessem regras na base da construção de livros 
destinados ao ensino como finalidade de ser seguido para o alcance do 
sucesso na aprendizagem.
O caráter universalista da educação e a possibilidade de que tenha de ser 
alcançada a todos, independente das condições econômicas, atribui a um 
pensamento de escola democrática unitária.
“PARA COMÊNIO, “A ESCOLA 
PODE-SE ENSINAR TUDO A TODOS”, 
ESSA FRASE CÉLEBRE TEVE GRANDE 
REPERCUSSÃO NOS ESTUDOS 
PEDAGÓGICOS POR COMPREENDER 
QUE A CAPACIDADE HUMANA VAI 
ALÉM DE UMA CIÊNCIA OU OUTRA."
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Conclusão
A educação reflete os aspectos de uma sociedade, uma vez que está ligada 
aos fatores sociais, econômicos e políticos de uma dada época. Na Era 
Primitiva, não existia a educação na forma de escolas; no Período Oriental, 
mantinha-se a cultura dominante pela educação; na Antiguidade Grega, 
preocupa-se com o desenvolvimento individual do ser humano, preparando 
o sujeito para a política e para a cidadania; na Antiguidade Romana, a 
educação dá ênfase à formação moral e física (formação do guerreiro); na 
Era Medieval, a educação é desenvolvida em estreita relação com a Igreja, 
com a fé cristã e com as instituições eclesiásticas; no Renascimento, há um 
interesse pela educação grega e romana, o privilégio é para os que detêm 
o poder; na Modernidade, ocorre a separação entre a igreja católica e o 
estado, com isso, a escola passa a organizar suas próprias finalidades e seus 
meios específicos. Ter domínio sobre a História da Educação nos permite 
um questionamento sobre a problemática educacional da atualidade.
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