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Cópia de Doenças na Gestação

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SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................... 3
2. Tireoidopatias .............................................................. 3
3. Doenças Reumatológicas na gestação ...........11
4. Doenças Hepáticas .................................................18
5. Doenças das vias biliares .....................................21
6. Cardiopatias ...............................................................22
7. Anemia .........................................................................28
8. Infecções do Trato Urinário ..................................31
Referências Bibliográficas ........................................35
3DOENÇAS NA GESTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
A gestação é um período marcado por 
várias alterações anatômicas e fisio-
lógicas no corpo feminino. Entre elas 
observam-se alterações na postura e 
marcha, mastalgia, aumento do volu-
me mamário e uterino, alcalose respi-
ratória compensada, arritmias, sopros 
fisiológicos, anemia dilucional, reten-
ção de água e glicosúria fisiológica. 
Todas essas alterações propiciam o 
desenvolvimento de certas doenças 
clínicas e é importante conhecer as 
condições mais prevalentes já que 
muitas vezes o tratamento delas é di-
ferente na gestação. 
2. TIREOIDOPATIAS
Durante a gestação a tireoide apre-
senta adaptações fisiológicas que 
raramente causam sinais ou sinto-
mas, mas frequentemente provo-
cam alterações laboratoriais. Sem-
pre que possível o atendimento da 
gestante com disfunção tireoidiana 
deve ser realizado em parceria com o 
endocrinologista. 
A função tireoidiana é regulada pelo 
eixo hipotálamo-hipófise-tireoide 
por meio de um mecanismo de fee-
dback negativo. Os hormônios tireoi-
dianos agem inibindo o hormônio hi-
potalâmico estimulador da tireotrofina 
(TRH) e o TSH produzido na hipófise 
anterior. A tireoide produz T3 e T4 
(triiodotironina e tetraiodotironina) a 
partir da iodação de resíduos de tiro-
sina, de uma glicoproteína chamada 
tireoglobulina, produzida na própria 
tireoide. A iodação da tirosina forma 
o MIT (monoiodotirosina) e o DIT (dii-
odotirosina), que acoplados formam 
o T3 (MIT +DIT) e o T4 (DIT+DIT). A 
tireoide produz e libera muito mais T4 
que T3, no entanto, o T3 é o maior 
responsável pela atividade fisiológica 
periférica. O T4 produzido é converti-
do na circulação periférica em T3 pela 
enzima desiodase tipo 1 ou 2. 
4DOENÇAS NA GESTAÇÃO
A partir da 7ª semana de 
gestação o T4 total e T3 
total elevam-se por conta 
da elevação da proteína 
transportadora dos hor-
mônios tireoidianos, a glo-
bulina ligadora de tiroxina 
(TBG) e também da própria 
produção hormonal pela ti-
reoide, atingindo o pico na 
16ª semana e mantendo-
-se elevados durante toda 
a gravidez. O valor-limite do 
T4 total pode ser estimado 
pela adição de 50% ao limi-
te superior de referência fora 
da gestação. 
Figura 1. Mecanismo de produção de T3 e T4 pela tireoide. Fonte: Guyton & Hall, Tratado de fisiologia médica, 2011
Figura 2. Comportamento dos hormônios tireoidianos maternos e fetais 
durante a gestação . Fonte: Zugaib Obstetrícia, 2016
5DOENÇAS NA GESTAÇÃO
HORMÔNIOS TIREOIDIANOS NA GRAVIDEZ E NO PUERPÉRIO
1º TRIMESTRE 2º TRIMESTRE 3º TRIMESTRE PUERPÉRIO
TSH Normal ou  Normal Normal Normal
T3 e T4 totais Normal   Normal ou 
T3 e T4 livres Normal ou  Normal Normal ou  Normal
Tabela 1. Fonte: Zugaib Obstetrícia, 2016
Rastreamento:
O rastreamento universal das tireoidi-
patias não está recomendado de ro-
tina, no entanto, quando existem fa-
tores de risco o rastreamento sempre 
deve ser feito. Os principais fatores 
de risco são: 
Idade superior a 30 anos;
• História familiar de doença autoimu-
ne da tireoide ou hipotireoidismo;
• Bócio;
• Presença de autoanticorpos (parti-
cularmente o anti-TPO);
• Sintomas de hipotireoidismo;
• Diagnóstico de DM1 ou outra 
autoimunidade;
• Infertilidade ou >2 gestações;
• Antecedentes de abortamento ou 
trabalho de parto prematuro, ante-
cedentes de irradiação de cabeça 
ou pescoço ou de cirurgia prévia 
de tireoide;
• Área com deficiência de iodo;
• Obesidade grau 3 (IMC≥ 40kg/
m2). 
Hipertireoidismo
O hipertireoidismo primário ocorre 
pelo excesso de produção dos hor-
mônios tireoidianos, com consequen-
te feedback negativo sobre a hipófise, 
levando à supressão do TSH. Ocorre 
em cerca de 0,5 a 1% das gestações. 
O quadro clínico na gestação é seme-
lhante ao quadro fora da gestação: 
sudorese, ansiedade, sono altera-
do, diarreia, emagrecimento, ta-
quicardia, bócio, tremor de mãos e 
pele quente. A causa mais comum é 
a Doença de Graves (85 a 95% dos 
casos), sendo outras causas possí-
veis o adenoma tóxico, tireoidite su-
baguda, bócio multinodular e iatro-
genia. Os exames para o diagnóstico 
incluem TSH suprimido, T4 total 
elevado ou T4 livre elevado e o an-
ticorpo antirreceptor de TSH (TRAb) 
que pode ser positivo em até 95% 
dos casos. 
O principal diagnóstico diferencial da 
Doença de Graves é o hipertireoidis-
mo transitório gestacional, que está 
relacionado a altos níveis de hCG, 
capaz de estimular os receptores 
de TSH (cujas cadeias alfa e beta são 
6DOENÇAS NA GESTAÇÃO
homólogas), elevando os níveis de 
T4 livre e total e consequentemente 
reduzindo os níveis de TSH (pelo fe-
edback negativo). A ausência de anti-
corpos antitireoidianos e a tendência 
à normalização dos níveis de TSH 
concomitante à queda fisiológica do 
hCG sugerem o diagnóstico de hiper-
tireoidismo transitório gestacional. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE A DOENÇA DE GRAVES E A TGT
Condição Período Bócio Anti-TPO TRAb ou TSAb hCG
D. De Graves Toda a gestação Sim Sim Sim +
TGT < 20 semanas Não Não Não +++
Tabela 2. Fonte: Sanarflix
As principais complicações mater-
nas por conta do hipertireoidismo são: 
pré-eclâmpsia, insuficiência cardí-
aca congestiva, descolamento pre-
maturo de placenta, fibrilação atrial 
e crise tireotóxica. As complicações 
fetais mais comuns são: abortamen-
to espontâneo, parto pré-termo, 
restrição de crescimento fetal, bai-
xo peso ao nascer, morte intraute-
rina, anomalias congênitas e hiper-
tireoidismo neonatal. 
O manejo do hipertireoidismo ocor-
re com o uso do propiltiouracil no 
primeiro trimestre e metimazol no 
segundo e terceiro. O metimazol 
não é indicado no primeiro trimestre 
da gestação pela maior passagem 
placentária e consequentemente 
maior risco de malformações fetais. 
O tratamento com iodo radioati-
vo é contraindicado na gravidez. O 
tratamento cirúrgico pode ser indi-
cado em casos de refratariedade ao 
tratamento medicamentoso, neces-
sidade de altas doses dos fármacos, 
bócios gigantes ou câncer de tireoide. 
Se indicado deve ser realizado prefe-
rencialmente entre 14 e 33 semanas 
de gravidez, devendo ser realizada 
prevenção de crise tireotóxica com 
uso de betabloqueador e lugol antes 
do procedimento. 
As drogas usadas no tratamento do 
hipertireoidismo são excretadas no 
leite materno e podem inibir a pro-
dução de hormônios tireoidianos do 
recém nascido, comprometendo seu 
desenvolvimento neurológico. Duran-
te o período lactacional recomenda-se 
a manutenção da amamentação e 
o uso da droga antotireoidiana em 
dose segura. Considera-se segura 
a dose de até 450mg/dia de propil-
tiouracil e 30mg/dia de metimazol. A 
gestante deve tomar o comprimido 
após o término das mamadas a fim 
7DOENÇAS NA GESTAÇÃO
de evitar a concomitância com o pico 
sérico da droga. 
SE LIGA! O hipertireoidismo neonatal 
ocorre em até 5% dos recém-nascidos, 
sendo o risco proporcional aos níveis 
maternos de TRAb durante a gestação, 
que atravessam a placenta. O quadro 
clínico inclui taquicardia (>160bpm), bó-
cio, craniossinostose, aceleração da ma-
turação óssea e falha de crescimento, 
insuficiência e hidrópsia. Em casos sele-
cionados a USG pode sugerir a presença 
de bócio e a medida de hormônios tireoi-
dianos por cordocentese pode confirmar 
o diagnóstico. 
Figura 3. Imagem de Ressonância magnética 
de bócio fetal (setas). Fonte: Zugaib Obstetrícia, 
2016
Ohipertireoidismo subclínico (TSH 
baixo e T4 livre normal) não está as-
sociado a desfechos negativos e 
não necessita de tratamento. 
Hipotireoidismo
O hipotireoidismo é a deficiência na 
produção de hormônios tireoidia-
nos, sendo as causas mais frequen-
tes a doença autoimune (tireoidite de 
Hashimoto), a cirurgia prévia ou uso 
de iodo radioativo para tratamento 
da Doença de Graves. Ocorre em 0,2 
a 1% das gestações. O quadro clí-
nico é insidioso e pode incluir queixa 
de cansaço e sonolência, aumento 
de peso, pele seca, intolerância ao 
frio, queda de cabelo e lentificação 
de movimentos e raciocínio. O TSH 
está acima do limite superior para o 
trimestre e o T4 total ou livre abai-
xo. A presença de anti-TPO se rela-
ciona com a doença de Hashimoto. 
As complicações maternas em de-
corrência do hipotireoidismo são: hi-
pertensão e pré-eclâmpsia, des-
colamento prematuro de placenta, 
abortamento espontâneo e hemor-
ragia puerperal. Já as complicações 
que envolvem o feto são: prematu-
ridade, baixo peso ao nascer, mor-
bidade perinatal, mortalidade fe-
tal e perinatal e comprometimento 
neuropsicológico e cognitivo. 
O hipotireoidismo subclínico ocorre 
em 2 a 5% das gestações e é definido 
como aumento isolado do TSH com 
valores de hormônios tireoidianos 
normais, em pacientes assinto-
máticas. Alguns estudos associam 
o hipotireoidismo subclínico a um 
risco aumentado de abortamento, 
8DOENÇAS NA GESTAÇÃO
hipertensão, diabetes gestacional e 
de parto pré-termo. Embora não haja 
comprovação do benefício do trata-
mento do hipotireoidismo subclínico 
durante a gestação, o potencial be-
nefício supera os riscos do uso da 
levotiroxina. 
O tratamento do hipotireoidismo, tan-
to clínico quanto subclínico é realiza-
do por meio da reposição hormonal 
com levotiroxina administrada uma 
vez ao dia, preferencialmente em 
jejum. Para o hipotireoidismo clíni-
co recomenda-se iniciar o tratamen-
to com 2mcg/kg/dia em dose única 
diária e aumentar a dose de acor-
do com a medida do TSH dosado 
a cada 4 semanas. Para mulheres 
que já usavam levotiroxina antes da 
gestação, recomenda-se que a dose 
seja aumentada em 30% quando 
for diagnosticada a gravidez. Para o 
hipotireoidismo subclínico a dose 
recomendada é de 1,2mcg/kg/dia 
em dose única diária. Após o parto 
recomenda-se retornar às doses de 
levotiroxina usadas previamente à 
gestação nas mulheres que já faziam 
o uso. Nas que tiveram o diagnóstico 
na gestação é indicado reduzir a dos 
em 50%. 
Início da gestação
(10 – 20 semanas)
Ac-/TPO + T4 livre 
+ TSH
Ac-/TSH + T4 livre 
normal
Ac+/TSH < 2
Ac+ / TSH 2-4
TSH > 4
Não acompanhar
T4 livre e TSH em 6 
meses e acompanhar no 
pós parto
T4 livre normal – baixo 
para IG
Tratamento com L-T4 e 
acompanhar no pós parto
FLUXOGRAMA DE RASTREAMENTO PARA DISFUNÇÃO NA GESTAÇÃO E PÓS-PARTO:
Fonte: Sanarflix
9DOENÇAS NA GESTAÇÃO
RESUMO DAS DISFUNÇÕES TIREOIDIANAS NA GESTAÇÃO
Disfunção TSH sérico T4 total sérico T4 livre sérico Tratamento
Hipotireoidismo 
subclínico
1º trimestre:>2,5mUI/L
2º trimestre: >3,0mUI/L
3º trimestre: > 3,5mUI/L
Normal Normal Levotiroxina
Hipotireoidismo 
clínico
1º trimestre:>2,5mUI/L
2º trimestre: >3,0mUI/L
3º trimestre: > 3,5mUI/L
<7,5mcg/dL Baixo Levotiroxina
Hipertireoidismo 
gestacional
1º trimestre: <0,1mUI/L
2º trimestre: <0,2mUI/L
>20 semanas: normal
Normal ou pou-
co aumentado
Normal 
ou pouco 
aumentado
Sintomáticos
Hipertireoidismo 
subclínico
1º trimestre: <0,1mUI/L
2º trimestre: <0,2mUI/L
3º trimestre: < 0,3mUI/L
Normal Normal Não recomendado
Hipertireoidismo 
clínico
1º trimestre: <0,1mUI/L
2º trimestre: <0,2mUI/L
3º trimestre: <0,3mUI/L
>18mcg/dL Elevado Drogas antitireoidianas
Tabela 3. Fonte: Zugaib Obstetrícia, 2016
Tireoidite Pós-parto
A tireoidite pós-parto é uma síndro-
me que ocorre no primeiro ano após 
o parto em mulheres sem doença 
tireoidiana prévia. É uma doença au-
toimune caracterizada por infiltração 
inflamatória linfocítica, destrutiva e 
indolor da tireoide. Acontece em 33 
a 50% das mulheres que apresentam 
anti-TPO e anti-tireoglobulina. 
Cursa com 3 fases: a tireotóxica, a 
hipotireoidiana e a de recuperação. 
O tratamento é distinto para cada 
fase. Na fase tireotóxica o tratamen-
to é com sintomáticos (betabloquea-
dores), já na fase de hipotireoidismo 
o tratamento é com levotiroxina nas 
mulheres sintomáticas ou com TSH 
acima de 10mUI/L. 
A principal complicação da tireoidite 
pós-parto é o desenvolvimento de hi-
potireoidismo permanente, que se faz 
presente em até um terço das mulhe-
res acometidas. 
10DOENÇAS NA GESTAÇÃO
MAPA MENTAL: TIREOIDIPATIAS
• >30 anos;
• História familiar de 
hipotireoidismo;
• Bócio;
• Presença de anti-TPO;
• Sintomas de 
hipotireoidismo;
• Dx de DM1 ou outra 
autoimunidade;
• Infertilidade;
• Obesidade grau 3
Tireoidopatias 
na gestação
RASTREAMENTO
TTO: Levotiroxina 
2mcg/kg/dia. 
TTO: Propiltiouracil 
no 1º trimestre e 
Metimazol nos outros. 
• ↑T3 e T4
• Clínica: Sudorese, 
ansiedade, alteração 
do sono, diarreia, 
emagrecimento, 
taquicardia, bócio, 
tremor;
• Doença de Graves;
• Complicações: pré-
eclâmpsia, ICC, 
DPP, fibrilação atrial, 
abortamento, CIUR, 
baixo peso ao nascer, 
hipertireoidismo 
neonatal;
Hipotireoidismo
Tireoidite Pós-partoHipertireoidismo
• ↓T3 e T4
• Clínica: Cansaço, 
sonolência, ganho 
ponderal, pele seca, 
intolerância ao frio, 
queda de cabelo;
• Tireoidite de Hashimoto;
• Complicações: 
hipertensão, pré-
eclâmpsia, DPP, 
abortamento, 
hemorragia puerperal, 
prematuridade, baixo 
peso ao nascer; 
• 1º ao pós parto, 
pacientes sem 
tireoidopatias prévias;
• Fases tireotóxica, 
hipotireoidea e 
recuperação;
• Risco de hipotireoidismo 
permanente.
11DOENÇAS NA GESTAÇÃO
3. DOENÇAS 
REUMATOLÓGICAS NA 
GESTAÇÃO
Lúpus Eritematoso Sistêmico
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) 
é uma doença inflamatória crônica 
autoimune caracterizada pelo envol-
vimento de múltiplos órgãos e siste-
mas. É mais prevalente em mulheres, 
com proporção aproximada de 9:1, 
ocorrendo principalmente na idade 
fértil. 
HORA DA REVISÃO!
Os critérios diagnósticos mais atuais do 
Lúpus são de 2019 (ACR/EULAR) que 
exigem o FAN como critério de entrada. 
Os mais usados na prática clínica atual-
mente, no entanto, ainda são os de 2012 
do SLICC (Systemic Lupus International 
Collaborating Clinics):
São necessários 4 dos 17 critérios, in-
cluindo pelo menos um critério clínico e 
um critério imunológico ou nefrite lúpi-
ca comprovada por biópsia e positivida-
de para FAN e/ou anti-DNAds.
CRITÉRIOS LÚPUS SLICC, 2012
Critérios clínicos Critérios Imunológicos
Lúpus cutâneo 
agudo
FAN
Lúpus cutâneo 
crônico
Anti-DNAds
Alopecia (não 
fibrótica)
Anti-Sm
Úlceras orais ou 
nasais
Anticorpo 
Antifosfolipídios
Doença Articular Hipocomplementemia
Serosite
Coombs Direto 
Positivo
Nefrite
Manifestações 
neurológicas
Anemia hemolítica
Leucopenia ou 
Linfopenia
Plaquetopenia
Figura 4. Rash malar no lúpus. Fonte: https://
www.mayoclinic.org/diseases-conditions/lupus/
symptoms-causes/syc-20365789
12DOENÇAS NA GESTAÇÃO
A gravidez em uma mulher com lúpus 
acarreta um maior risco materno e 
fetal em comparação com a gravidez 
em mulheres sem a doença, incluindo 
maior taxa de nascimento pré-ter-
mo, cesariana não planejada, res-
trição de crescimento fetal, pré-e-
clâmpsia, eclâmpsia e abortamento. 
O prognóstico é melhor quando o LES 
está inativo por pelo menos seis me-
ses antes da gravidez. Pacientes com 
doença ativa, especialmente nefrite 
ou doença neuropsiquiátrica devem 
ser aconselhadas a postergar a ges-
tação. Os medicamentos em uso de-
vem ser revisados e ajustados antes 
da concepção. 
Além dos exames do pré-natal de ro-
tina devem ser feitos: Ultrassonogra-
fia para avaliar crescimento fetal e 
insuficiência placentária no tercei-
ro trimestre, Perfil Biofísico Fetal 
nas 4 a 6 semanas finais de gesta-
ção e ECO fetal a partir de 16 se-
manas nas pacientes com anti-Ro/
SSA e/ou anti-La/SSB para identifi-
cação precocede bloqueio cardíaco 
congênito. 
O uso de AAS é recomendado por 
reduzir o risco de pré-eclâmpsia em 
25% e o risco de perda gestacional 
em 31%. 
SE LIGA! O diagnóstico diferencial en-
tre nefrite lúpica e pré-eclâmpsia pode 
ser difícil nas pacientes com proteinúria 
e hipertensão. O aparecimento de sinto-
mas antes da 20ª semana é mais con-
sistente com nefrite lúpica, assim como 
sinais e sintomas da atividade da doen-
ça. Além disso a dosagem do anticor-
po anti-DNAds e complemento podem 
auxiliar no diagnóstico. O complemento 
geralmente é normal em pacientes com 
pré-eclâmpsia enquanto na nefrite lúpi-
ca está reduzido. 
O Lúpus neonatal é decorrente da 
passagem de autoanticorpos ma-
ternos (anti-Ro/SSA, anti-La/SSB e 
anti-RNP) através da placenta para 
o feto. É caracterizado por manifes-
tações clínicas transitórias, como al-
terações cutâneas, hematológicas 
e hepatobiliares, ou permanentes, 
como o bloqueio cardíaco congêni-
to. As lesões cutâneas se apresentam 
como máculas eritematosas, desca-
mativas e anulares na região perior-
bitária e no escalpo, que geralmente 
aparecem após a exposição solar. 
SE LIGA! O anticorpo anti-Ro/SSA, em-
bora mais comumente relacionado à sín-
drome de Sjögren, está presente em tor-
no de 40% no LES. O anticorpo antiLa/
SSB está presente no LES em percentu-
ais que variam de 10 a 15%. Também 
se expressa no LE neonatal, porém é 
menos freqüente do que o anti-Ro/SSA.
Ambos os auto-anticorpos já foram des-
critos em artrite reumatóide, cirrose bi-
liar primária, mieloma múltiplo, esclero-
dermia e dermatopoliomiosite.
13DOENÇAS NA GESTAÇÃO
Figura 5. Bebê com Lúpus neonatal. Fonte: http://
residenciapediatrica.com.br/detalhes/355/lupus%20
neonatal-%20relato%20de%20caso%20com%20
achados%20exuberantes
As manifestações hepáticas do Lúpus 
neonatal incluem elevação das tran-
saminases, hepatoesplenomegalia 
leve e colestase e as hematológicas 
incluem anemia, leucopenia e trom-
bocitopenia. Essas anormalidades se 
resolvem espontaneamente, em 6 a 8 
meses, com a redução dos anticorpos 
maternos na circulação da criança. A 
complicação mais grave é o bloqueio 
cardíaco congênito, por ser poten-
cialmente irreversível e por apresen-
tar alta morbimortalidade. O bloqueio 
ocorre mais frequentemente entre 
a 16ª e a 24ª semanas de gestação, 
sendo recomendada a realização do 
Ecocardiograma fetal semanalmente 
durante esse período e quinzenal-
mente da 26ª à 32ª semana. 
Síndrome do Anticorpo 
Antifosfolipídeo
A Síndrome do Anticorpo Antifosfo-
lipídeo (SAAF) é caracterizada por 
fenômenos tromboembólicos de 
repetição, perdas fetais recorren-
tes e/ou trombocitopenia com pre-
sença de anticorpos antifosfolipí-
deos. A síndrome pode ser primária 
ou associada ao LES ou outra doença 
autoimune. O diagnóstico de SAAF 
requer a presença de pelo menos 2 
critérios clínicos e um dos critérios 
laboratoriais.
Critérios clínicos: 
• Trombose vascular arterial ou 
venosa confirmada por exame de 
imagem, US Doppler ou estudo 
histopatológico; 
• Morbidade obstétrica com uma 
ou mais mortes inexplicáveis de 
fetos morfologicamente normais 
na 10ª semana ou além dela com 
morfologia fetal normal OU um 
ou mais nascimentos prematu-
ros de neonatos morfologicamen-
te normais antes da 34ª semana 
ocasionados por pré-eclâmpsia, 
eclampsia ou insuficiência placen-
tária grave OU 3 ou mais abortos 
espontâneos inexplicáveis conse-
cutivos antes da 10ª semana, com 
causas cromossômicas excluídas. 
14DOENÇAS NA GESTAÇÃO
Critérios Laboratoriais
• Presença de anticorpo anticar-
diolipina IgG ou IgM em títulos 
moderados (20-80 unidades) ou 
altos (>80 unidades) em duas ou 
mais ocasiões, com intervalo de 12 
semanas;
• Presença de anticorpo anti-β 
2-glicoproteína-1 IgG ou IgM em 
duas ocasiões, com intervalo de 
12 semanas;
• Presença do anticoagulante lú-
pico em duas ou mais ocasiões, 
com intervalo de no mínimo 12 se-
manas entre as medidas. 
Pacientes com SAAF apresentam 
maior risco de morte fetal de causa 
inexplicada, de alterações associa-
das à insuficiência uteroplacentária, 
como pré-eclâmpsia e restrição e 
crescimento fetal, e de abortamen-
tos de repetição. Além disso, o ris-
co de eventos tromboembólicos, 
que está elevado durante a gesta-
ção e o puerpério na população geral, 
encontra-se ainda mais alto nas ges-
tantes com SAAF. 
Durante a gestação na SAAF está in-
dicado o uso de heparina de baixo 
peso molecular em doses terapêu-
ticas, com uso de anticoagulante oral 
após o parto. Se a paciente apresen-
tar história de morbidade obstétrica 
associada à SAAF, AAS em baixas 
doses (50-100mg/dia) deve ser usa-
do. A heparina deve ser suspensa 
cerca de 24 horas antes da paciente 
entrar em trabalho de parto para mi-
nimizar sangramentos. O AAS deve 
ser suspenso após a 36ª semana. 
Artrite Reumatoide
A Artrite Reumatoide (AR) é uma do-
ença autoimune, inflamatória e sis-
têmica, caracterizada por proliferação 
sinovial. A clínica é de uma poliartrite 
de grandes e pequenas articulações, 
principalmente das mãos, punhos 
e dos pés, podendo apresentar ma-
nifestações sistêmicas como lesões 
oculares, pericardite e acometimento 
pulmonar. A prevalência é maior em 
mulheres na idade reprodutiva. 
15DOENÇAS NA GESTAÇÃO
As pacientes com AR apresentam, na 
maioria das vezes, melhora clínica du-
rante a gestação; 70% das gestan-
tes relatam alívio dos sintomas. No 
entanto, cerca de 90% apresentam 
piora dos sintomas nos 3 primeiros 
meses após o parto. 
Os AINEs usados no tratamento da 
Artrite devem ser suspensos no perí-
odo da concepção. Se possível as mu-
lheres devem esperar para engravidar 
após o controle da atividade da doen-
ça com medicações compatíveis com 
a gestação. O metotrexate deve ser 
suspenso pelo menos 3 meses an-
tes da concepção e a Leflunomida 
também não deve ser usada. A hi-
droxicloroquina e a sulfassalazina 
são opções de drogas que podem ser 
usadas durante a gestação. 
As pacientes com Artrite Reumatoi-
de apresentam aumento do risco de 
parto pré-termo e baixo peso para 
idade gestacional. Em mulheres com 
controle da atividade inflamatória da 
doença, os desfechos gestacionais 
são semelhantes aos da população 
geral. 
Figura 6. Figura 6: Deformidades articulares na Artrite Reumatoide. Fonte: https://semiologiamedica.blogspot.
com/2012/11/a-mao-na-artrite-reumatoide.html
16DOENÇAS NA GESTAÇÃO
Esclerose sistêmica
A Esclerose Sistêmica é uma doença 
do tecido conjuntivo, caracterizada 
por inflamação crônica, presença de 
autoanticorpos, alterações funcio-
nais e estruturais de pequenos va-
sos e acúmulo de colágeno na pele 
e em alguns órgãos. É mais frequen-
te em mulheres entre 30 e 50 anos. 
Pode ser classificada em dois subti-
pos principais: forma difusa, carac-
terizada pelo acometimento cutâneo, 
associação com crise renal esclero-
dérmica e fibrose pulmonar; e forma 
limitada, caracterizada pelo acometi-
mento cutâneo distal, com úlceras di-
gitais e hipertensão arterial pulmonar.
HORA DA REVISÃO!
A Esclerose Sistêmica Cutânea Limi-
tada cursa muitas vezes com um con-
junto de sinais e sintomas que definem 
a síndrome CREST:
C: Calcinosis cutis
R: Raynaud
E: Esofagopatia
S: Sclerodactyly (esclerodactlia)
T: Teleangiectasia
Figura 7. Calcinosis cutis. Fonte: https://www.
healthline.com/health/calcinosis-cutis
Figura 8. Fenômeno de Raynaud. Fonte: ht-
tps://en.wikipedia.org/wiki/Raynaud_syndrome
Pacientes com a forma difusa ou 
acometimento de órgãos têm 
maior risco de abortamento. Além 
disso gestantes com Esclerose Sis-
têmica apresentam maior risco de 
baixo peso para idade gestacional 
e prematuridade. Durante a gesta-
ção 60% permanecem com doença 
estável, 20% apresentam melho-
ra, principalmente do fenômeno de 
Raynaud, e outras 20% apresen-
tam piora. A inelasticidade da pele e 
do tecido celular subcutâneo podem 
limitar a mobilidade da gestante, in-
terferindo no trabalho de parto. A le-
são renal na esclerodermia é a princi-
pal causa de morte materna. 
17DOENÇAS NA GESTAÇÃOMAPA MENTAL: DOENÇAS REUMATOLÓGICAS
• Mulheres em idade 
fértil;
• Complicações: 
prematuridade, 
CIUR, pré-eclâmpsia, 
eclâmpsia e 
abortamento;
• Acompanhamento: USG 
com PBF no final do 3º 
trimestre, ECO fetal a 
partir de 16 semanas;
• LES neonatal: 
passagem de Ac para o 
feto. Risco de bloqueio 
cardíaco congênito.
Doenças 
Reumatológicas 
na gestação
Lúpus
• Fenômenos 
tromboembólicos 
de repetição, perdas 
fetais recorrentes e/ou 
trombocitopenia com Ac 
antifosfolipídeos. 
• Dx: 2 critérios clínicos e 
1 laboratorial;
• Complicações: 
morte fetal, pré-
eclâmpsia, CIUR , 
abortamento e eventos 
tromboembólicos;
• TTO: Heparina de baixo 
peso molecular e AAS
Artrite Reumatoide
Esclerose SistêmicaSAAF
• Poliartrite de mãos, 
punhos e pés
• Clínica: 70% 
apresentam melhora 
clínica na gestação e 
90% pioram no pós-
parto;
• Complicações: 
prematuridade e baixo 
peso ao nascer;
• Suspender MTX e 
Leflunomida
• Forma difusa e forma 
limitada (síndrome 
CREST);
• Clínica: 60% 
permanecem com a 
doença estável, 20% 
apresentam melhora e 
20% apresentam piora 
na gestação;
• Complicações: 
abortamento, baixo 
peso ao nascer, 
prematuridade;
18DOENÇAS NA GESTAÇÃO
4. DOENÇAS HEPÁTICAS
Pode-se dividir as doenças hepáti-
cas na gravidez em crônicas (prévias 
à gestação), específicas da gestação 
ou coincidentes com ela. 
Hepatites Virais
As Hepatites virais são a principal 
causa de icterícia na gestação. A 
gestante pode apresentar sintomas 
como náuseas, vômitos, cefaleia e 
mal-estar antes do surgimento da 
icterícia. Os níveis séricos das amino-
transferases variam. 
A Hepatite A apresenta transmissão 
fecal-oral, com período de incuba-
ção de 4 semanas. Os sintomas são 
inespecíficos e na maioria das vezes 
não cursa com icterícia. O diagnós-
tico é confirmado pela presença do 
anti-HAV IgM. A IgG surge depois, 
promovendo imunidade. Não existe 
Hepatite A crônica. Nos países em 
desenvolvimento está associada a 
um aumento no número de mortes, 
tanto maternas quanto perinatais. 
O risco de transmissão para o feto é 
praticamente nulo. 
A Hepatite B é a única causada por 
um vírus DNA. Pode resultar em he-
patite crônica, cirrose e carcino-
ma hepatocelular. A transmissão 
do vírus ocorre por via parenteral, 
contaminação sanguínea ou rela-
ção sexual. Após a contaminação 
o marcador sérico é o antígeno de 
superfície (AgHBs). O AgHBe indi-
ca replicação viral. Após a infecção, 
90% dos indivíduos evoluem para a 
cura, apresentando anti-HBs e anti-
-HBc (anticorpos contra antígenos da 
superfície e do núcleo do vírus, res-
pectivamente) e ausência do AgHBs. 
O curso da hepatite B não parece ser 
alterado pela gestação, sendo o tra-
tamento de suporte. A transmissão 
placentária é rara. A infecção geral-
mente ocorre por contato do feto com 
material infectado durante o parto ou 
exposição do recém nascido durante 
a amamentação. Os recém nascidos 
infectados podem ser assintomáti-
cos, porém alguns tornam-se doen-
tes crônicos ou desenvolvem hepa-
tite fulminante. A prevenção é feita 
com a administração de imunoglo-
bulina e vacina contra hepatite B 
logo após o nascimento.
HORA DA REVISÃO!
Para o diagnóstico da fase da Hepatite 
B é importante relembrar dos antígenos 
e anticorpos presentes na infecção e os 
seus significados.
AgHBs AgHBE
Anti-
-HBc 
IgM
Anti-
-HBc 
Total
Anti-
-HBs
Anti-
-HBe
Interpreta-
ção
+ +/- + - - -
Infecção 
aguda 
recente
+ +/- - + - -
Infecção 
aguda 
tardia ou 
crônica
- - - + + +
Imunidade 
infecção 
passada
- - - - + -
Imunidade 
resposta 
vacinal
19DOENÇAS NA GESTAÇÃO
A Hepatite C é transmitida principal-
mente por via parenteral e a maio-
ria das pessoas persiste com viremia 
crônica. Não há indícios de que exis-
tam diferenças na evolução da doen-
ça entre gestantes e não gestantes. 
A Hepatite D ocorre apenas quando 
associada à infecção pelo vírus da 
Hepatite B. A prevenção da Hepatite 
B com a vacinação da gestante, con-
tribui consequentemente para a pre-
venção da Hepatite D. 
A Hepatite E é a única que tem seu 
curso alterado na gestação, ocorrendo 
insuficiência hepática aguda com 
mais frequência nessa população. A 
sua transmissão é via fecal-oral e ela 
é rara no Brasil, sendo mais comum 
na Ásia e África. 
Esteatose hepática aguda da 
gestação
A Esteatose hepática aguda da ges-
tação é uma complicação rara com 
incidência de cerca de 1 caso para 
10.000 gestações, relacionada à de-
ficiência da enzima 3-hidroxiacil 
CoA desidrogenase. Geralmente 
ocorre no final do terceiro trimestre, 
sendo mais comum em nulíparas, 
gestações múltiplas e fetos do sexo 
masculino. Apresenta altas taxas de 
mortalidade fetal (20 a 50%) e ma-
terna (20 a 30%). 
Os sintomas são anorexia, náuseas, 
vômitos, dor abdominal intensa e 
cefaleia. A paciente desenvolve icte-
rícia e apresenta sonolência. Podem 
ocorrer distúrbios da coagulação pela 
redução na produção de fatores de 
coagulação pelo fígado. Aproximada-
mente metade das gestantes apre-
senta acidose metabólica e oligúria. 
O diagnóstico é feito através dos 
critérios de Swansea, que incluem 
sintomas, achados laboratoriais e de 
imagem. São necessários 6 ou mais 
achados para o diagnóstico:
CRITÉRIOS DE SWANSEA PARA O DIAGNÓSTICO DE ESTEATOSE HEPÁTICA AGUDA DA GRAVIDEZ
Náuseas/Vômitos Dor abdominal severa
Polidipsia/Poliúria Encefalopatia
Bilirrubina elevada (>0,8mg/dl) Hipoglicemia (<72mg/dl)
Ác úrico elevado (>5,7mg/dl) Leucocitose (>11.000 células/microL)
AST, ALT elevadas (>42 UI/L) Amônia elevada (>47 micromol/L)
Lesão renal aguda Coagulopatia
Ascite na USG Esteatose microvesicular (biópsia)
Tabela 4. 
20DOENÇAS NA GESTAÇÃO
O parto deve ser realizado o mais 
precocemente possível. As pacien-
tes com coagulopatias devem rece-
ber plasma fresco congelado e em 
caso de hipofibrinogenemia o crio-
precipitado pode ser necessário. 
Além disso é oferecido volume com 
aporte glicêmico para correção de hi-
poglicemia. O parto vaginal é prefe-
rível, mas deve haver uma vigilância 
da vitalidade fetal. Em caso de piora 
clínica, pode ser realizada a cesárea. 
Geralmente a melhora clínica ocorre 1 
semana após o parto. 
MAPA MENTAL: DOENÇAS HEPÁTICAS
Transmissão fecal-oral;
Clínica: náuseas, vômitos, cefaleia, mal-estar;
Dx: anti-HAV IgM;
Não cronifica!
Doenças 
Hepáticas na 
gestação
Hepatites virais
Transmissão parenteral;
Grande risco de cronificação;
A evolução não altera na gestação
Esteatose hepática 
aguda da gestação
A
Vírus DNA;
Transmissão parenteral ou sexual;
Clínica: pode cronificar e 
evoluir para cirrose e CHC;
Dx: AgHBs +, AgHBe (replicação);
RN pode ser contaminado - 
maior risco de cronificação;
Prevenção: vacina e Ig após o nascimento
B
C
Depende da infecção 
pelo vírus da hepatite B;
D
Transmissão fecal-oral;
Insuficiência hepática aguda na gestação
E
Deficiência da enzima 3-hidroxiacil 
CoA desidrogenase;
Fatores de risco: nulíparas, gestações 
múltiplas, fetos do sexo masculino;
Clínica: anorexia, náuseas, vômitos, 
dor abdominal, cefaleia, icterícia, 
oligúria, acidose metabólica;
Dx: Critérios de Swansea
Realizar parto o mais precocemente possível!
21DOENÇAS NA GESTAÇÃO
5. DOENÇAS DAS VIAS 
BILIARES
A litíase biliar é mais comum no sexo 
feminino, sobretudo na gestação 
pois as alterações hormonais alteram 
a fisiologia hepatobiliar e favorecem 
a formação de cálculos. O estrogê-
nio aumenta a secreção biliar de 
colesterol e a progesterona reduz 
a secreção de sais biliares, forman-
do bile supersaturada em colesterol, 
e diminui a motilidade da vesícula 
biliar, causando estase que aumenta 
a chance de ocorrer litíase biliar. 
Fatores de risco associados à litíase 
biliar são obesidade, história prévia 
de litíase biliar e gestações prévias. 
A colelitíse corresponde à presença 
de cálculos na vesícula biliar, en-
quanto a colecistite é a inflamação 
da vesícula biliar causada por um 
cálculo impactado no ducto cístico. 
Quando o cálculo migra do ducto cís-
tico para o colédoco causa coledo-colitíase, caracterizada por uma sín-
drome colestática. 
Figura 9. Representação colelitíase e coledocolitíase. 
Fonte: http://www.gastrocentrocarioca.com.br/clinica/
colelitiase.php
A colecistectomia está indicada nos 
casos de colelitíase sintomática e a 
via de escolha e a videolaparoscó-
pica. Caso seja possível a realização 
eletiva do procedimento nas pacien-
tes com sintomas recorrentes, o se-
gundo trimestre é o período ideal 
para a intervenção pelo menor risco 
de abortamento e menor taxa de par-
to pré-termo. No caso de coledoco-
litíase é indicado o tratamento com 
colangiopancreatografia endoscópica 
(CPRE) com esfincterotomia e sub-
sequente colecistectomia laparos-
cópica. Em pacientes com colecistite 
22DOENÇAS NA GESTAÇÃO
aguda é realizada sondagem naso-
gástrica, uso de anti-inflamatórios, 
hidratação, antibióticos e colecis-
tectomia. 
MAPA MENTAL: DOENÇAS VIAS BILIARES
Sonda nasogástrica;
Anti-inflamatorios;
Hidratação;
Antibióticos;
Colecistectomia
Doenças das 
Vias Biliares na 
gestação
Colelitíase
Cálculo na vesícula biliar
• Estrogênio: ↑ secreção biliar de colesterol
• Progesterona: ↓ secreção de sais biliares e 
diminui motilidade da vesícula biliar
Se sintomática: Colecistectomia 
laparoscópica no 2º trimestre
Colecistite
Inflamação da vesícula biliar
Coledocolitíase
Cálculo impactado no colédoco
Colangiopancreatografia 
endoscópica (CPRE) com 
esfincterotomia;
Colecistectomia
6. CARDIOPATIAS
Em países em desenvolvimento a 
cardiopatia reumática com esteno-
se mitral é a forma mais frequente de 
lesão cardíaca associada à gestação, 
enquanto nos países desenvolvidos 
as cardiopatias congênitas repre-
sentam a maioria das cardiopatias na 
gestação.
23DOENÇAS NA GESTAÇÃO
O diagnóstico de cardiopatias na ges-
tação é dificultado pela semelhança 
com os sintomas da gravidez normal: 
dispneia, taquicardia, palpitação, 
sopro sistólico e edema de mem-
bros inferiores. O Ecocardiograma 
é fundamental nesses casos para 
avaliar a anatomia e fisiologia do co-
ração e determinar o diagnóstico de 
cardiopatia. 
É importante realizar a classificação 
funcional da cardiopatia de acordo 
com a New York Heart Association 
(NYHA):
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DA CARDIOPA-
TIA (NYHA)
Classe 
funcional
Características clínicas
Classe I Sintomas ausentes
Classe II
Sintomas presentes aos médios 
esforços
Classe III
Sintomas presentes aos mínimos 
esforços
Classe IV Sintomas em repouso
Doença Cardíaca Reumática
A estenose mitral é a cardiopatia reu-
mática mais importante na gravidez, 
podendo determinar morte materna 
em 5% das pacientes. A taquicardia, 
aumento do volume sanguíneo e do 
débito cardíaco fisiológicos na gravi-
dez podem predispor à descompen-
sação cardíaca nesse período. 
As complicações mais comuns da 
estenose mitral são o edema agu-
do de pulmão e a fibrilação atrial, 
ocorrendo principalmente no final do 
2º e 3º trimestres e período peripar-
to. A fibrilação atrial deve ser tratada 
com antiarrítmicos e anticoagulantes 
para evitar complicações tromboem-
bólicas. Na estenose mitral importan-
te com gestante sintomática pode ser 
indicada valvoplastia com balão, de-
vendo ser realizada de preferência no 
2º trimestre. 
Cardiopatia congênita
Atualmente o risco de gravidez em 
mulheres com doença cardíaca é ava-
liado de acordo com a classificação 
modificada da OMS. 
24DOENÇAS NA GESTAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO MODIFICADA DA OMS PARA RISCO CARDIOVASCULAR MATERNO
Classe I
Sem aumento na mortalidade materna e leve aumento na morbidade. Inclui pequeno canal 
arterial patente, estenose pulmonar leve, prolapso da valva mitral, lesões simples reparadas com 
sucesso e batimentos ectópicos atriais ou ventriculares isolados.
Classe II
Pequeno aumento na mortalidade materna ou aumento moderado na morbidade. Inclui de-
feito no septo atrial ou ventricular não reparado, tetralogia reparada de Fallot e a maioria das 
arritmias. 
Classe III
Aumento significativo na mortalidade materna ou morbidade grave. Inclui valva mecânica, ven-
trículo direito sistêmico, circulação de Fontan, cardiopatia cianótica, outras cardiopatias con-
gênitas complexas, valva aórtica bicúspide com diâmetro aórtico ascendente de 45 a 50mm e 
síndrome de Marfan com aorta com diâmetro de 40 a 45mm. 
Classe IV
Mortalidade materna extremamente alta ou morbidade grave. A gravidez é contraindicada. 
Inclui estenose mitral grave, estenose aórtica grave sintomática, valva aórtica bicúspide com di-
âmetro de aorta ascendente >50mm, síndrome de Marfan com aorta dilatada >45mm, disfunção 
sistólica ventricular sistêmica grave (FE<30%, NYHA III ou IV), coarctação grave nativa, circula-
ção de Fontan com complicações e hipertensão arterial pulmonar significativa. 
Tabela 5. * Condições nas classes de risco II a III que dependem do indivíduo incluem comprometimento ventricular 
esquerdo leve, cardiomiopatia hipertrófica, algumas cardiopatias valvares nativas ou bioprotéticas, coarctação repara-
da, síndrome de Marfan com dimensão aórtica <40mm sem dissecção aórtica e valva aórtica bicúspide com diâmetro 
de aorta ascendente <45mm. 
Quando possível as mulheres devem 
receber avaliação e aconselhamento 
pré-concepcional para que possam 
tomar decisões informadas sobre a 
gravidez. Para as mulheres que não 
tiveram esse aconselhamento, deve 
ocorrer uma avaliação completa dos 
riscos na primeira consulta pré-natal 
com história detalhada, investigação 
dos sintomas, exame físico completo, 
eletrocardiograma de 12 derivações e 
ecocardiograma. Segundo a classifi-
cação modificada da OMS as gestan-
tes da classe I devem ser avaliadas 
em 1 a 2 consultas cardiológicas 
durante a gestação, as da classe II 
devem comparecer a uma consul-
ta cardiológica por trimestre, as da 
classe III devem ter consultas car-
diológicas mensais ou bimestrais, 
e as da classe IV devem ser acon-
selhadas a não engravidar, se en-
gravidarem deve ser discutida a in-
terrupção e se esta não for realizada, 
é necessária avaliação cardiológica 
mensal ou bimestral. 
Sobre o parto, a via vaginal é a me-
lhor escolha para a maioria das pa-
cientes, enquanto a cesárea é indi-
cada somente por razões obstétricas 
em pacientes estáveis. Em pacientes 
de alto risco o trabalho de parto deve 
ser induzido eletivamente, assim que 
confirmada a maturidade fetal. Não 
há contraindicação formal ao miso-
prostol, mas há um risco teórico de 
vasoespasmo coronariano e baixo 
risco de arritmias, sendo o método 
mecânico (sonda de Foley) a escolha 
na paciente com cianose.
25DOENÇAS NA GESTAÇÃO
Tetralogia de Fallot
A Tetralogia de Fallot se caracteri-
za por estenose pulmonar, defeito 
do septo interventricular, cavalga-
mento da aorta sobre o septo e hi-
pertrofia ventricular direita. Sinais 
de pior prognóstico são a redução da 
saturação arterial de oxigênio (<80%), 
hematócrito elevado (>60%), hiper-
tensão ventricular direita e episódios 
de síncope. Pacientes com a Tetralo-
gia de Fallot previamente submetidas 
à correção cirúrgica geralmente su-
portam bem a gravidez, com índice 
de complicações ao redor de 12%. A 
gestação em mulheres com cianose 
está associada a alta taxa de aborto 
espontâneo, nascimento pré-termo 
e restrição de crescimento fetal. 
Figura 10. Representação da Tetralogia de Fallot. Fon-
te: SANARFLIX & Medicina Resumida
Valvopatias
As doenças valvares podem ser con-
gênitas ou adquiridas, secundárias 
a doença reumática, outras doenças 
reumatológicas, infecção pelo HIV ou 
endocardite. A valvopatia reumática 
é a doença cardíaca mais prevalen-
te durante a gestação no Brasil. 
A sobrecarga hemodinâmica da ges-
tação implica em um risco de insufici-
ência cardíaca nas pacientes com val-
vopatias, principalmente na estenose 
mitral e aórtica. Na estenose aórtica 
as complicações estão relacionadas 
à estenose moderada ou grave (área 
valvar <1cm2 ou gradiente transval-
var >64mmHg). As complicações da 
estenose mitral na gravidez estão 
relacionadas ao aumento da frequ-
ência cardíacae do débito cardíaco 
causados pela gestação e ao estrei-
tamento da valva mitral. A paciente 
começa a desenvolver dispneia, or-
topneia e dispneia paroxística no-
turna, podendo apresentar edema 
pulmonar. Na estenose mitral grave 
é recomendada a correção antes da 
gestação. A estenose pulmonar (qua-
se sempre congênita) leve tolera bem 
a sobrecarga da gravidez enquanto 
as graves podem evoluir com falência 
cardíaca direita ou arritmias. 
As lesões valvares com regurgita-
ção (insuficiência mitral e aórtica) 
não combinadas a lesões estenóti-
cas habitualmente apresentam evo-
lução mais favorável na gravidez. 
26DOENÇAS NA GESTAÇÃO
Nas mulheres com próteses valva-
res mecânicas há uma dificuldade 
na anticoagulação, pois na gravidez 
existe hipercoagulabilidade, por isso 
há um risco aumentado de fenôme-
nos tromboembólicos. Por sua vez, 
os anticoagulantes orais estão rela-
cionados a um aumento no núme-
ro de abortamentos espontâneos, 
embriopatia warfarínica, sangra-
mentos cerebrais maternos e fenô-
menos hemorrágicos. 
Síndrome de Eisenmenger
A Síndrome de Eisenmenger é uma 
hipertensão pulmonar associada a 
defeito do septo interventricular ou 
canal arterial pérvio. A gravidez é 
contraindicada no caso dessa sín-
drome e caso ocorra recomenda-se 
a interrupção, preferencialmente no 
primeiro trimestre, já que a mortali-
dade materna costuma ser alta (em 
tono de 40%). A maioria das mortes 
maternas ocorre devido ao trombo-
embolismo e à depleção de volume, 
que podem aumentar o shunt direita-
-esquerda e precipitar uma cianose 
intensa e pré-eclâmpsia. O resulta-
do fetal também é ruim, com alta in-
cidência de perda fetal (20 a 40% 
de abortamento espontâneo), pre-
maturidade, restrição do crescimento 
fetal e morte perinatal. Devido à alta 
incidência de tromboembolismo peri-
parto, a terapia anticoagulante é indi-
cada no terceiro trimestre e por quatro 
semanas pós-parto. A cesariana se 
associa a maior risco de mortalidade 
materna, porém o parto vaginal tem 
um risco mais alto de sofrimento fetal. 
Figura 11. Representação Síndrome de Eisenmenger. Adaptado de: 
https://medlineplus.gov/ency/article/007317.htm
27DOENÇAS NA GESTAÇÃO
Síndrome de Marfan 
A Síndrome de Marfan é uma con-
dição autossômica dominante que 
afeta o tecido conjuntivo. Entre as ma-
nifestações clínicas estão: doença da 
raiz da aorta com dilatação aneu-
rismática, regurgitação aórtica e 
dissecção; prolapso mitral; cresci-
mento excessivo dos ossos longos; 
aracnodactilia; hipermobilidade 
articular; deformidade do pectus; 
escoliose e cifose; anormalidades 
oculares e doenças pulmonares. 
As gestantes podem ter complica-
ções cardiovasculares, além de alto 
risco de fetos com a Síndrome (50% 
de chance). As complicações cardio-
vasculares são mais comuns no 2º 
e 3º trimestres e incluem a dilatação 
da aorta ascendente que pode levar 
à insuficiência aórtica e à insuficiên-
cia cardíaca e dissecções de aorta. Os 
riscos aumentam de acordo com o 
diâmetro da raiz aórtica, sendo di-
âmetro ≥45mm indicação de reparo 
prévio à concepção. No caso de ges-
tantes com a Síndrome de Marfan é 
recomendada a realização de Eco-
cardiograma a cada 4 a 8 semanas, 
realizar uso de betabloqueadores 
para redução da taxa de dilatação 
aórtica e evitar atividades físicas. 
A intervenção cirúrgica deve ser 
considerada se o diâmetro da aor-
ta for maior que 50mm ou se hou-
ver dilatação progressiva durante a 
gestação. Nos casos de dilatação ou 
dissecção aórticas ou outras compli-
cações da Síndrome de Marfan, a via 
cesárea deve ser preferida. 
CONCEITO! A Aracnodactilia é uma 
condição em que os dedos são anormal-
mente longos e finos, sendo uma carac-
terística comum da Síndrome de Marfan. 
Figura 12. Aracnodactilia. Fonte: http://gestao-
delogisticahospitalar.blogspot.com/2014/03/o-
-que-e-aracnodactilia.html
28DOENÇAS NA GESTAÇÃO
7. ANEMIA
A gravidez normal envolve diversas 
modificações fisiológicas no sistema 
circulatório materno, incluindo mo-
dificações nos parâmetros hema-
tológicos. Essas mudanças incluem 
expansão significativa do volume 
sanguíneo e do plasma materno, re-
sultando em uma anemia dilucional, 
com redução dos valores normais de 
hemoglobina e hematócrito. A anemia 
na gestação e puerpério passa a ser 
MAPA MENTAL: CARDIOPATIAS
• Países em desenvolvimento: Cardiopatia reumática
• Países desenvolvidos: Cardiopatias congênitas
Cardiopatias 
na gestação
Cardiopatia Reumática
Dispneia, taquicardia, 
palpitação, sopro sistólico e 
edema de membros inferiores
Estenose mitral 
é a mais importante na 
gestação - morte materna 
em 5% dos casos;
Complicações: Edema agudo 
de pulmão e Fibrilação atrial
Síndrome de Marfan
Doença na raiz da aorta, 
prolapso mitral, crescimento 
excessivo dos ossos longos;
Risco do feto com a síndrome;
Cirurgia se aorta ≥50mm ou 
dilatação progressiva
Tetralogia de Fallot
Estenose pulmonar, defeito 
do septo interventricular, 
cavalgamento da aorta e 
hipertrofia de VD;
Complicações: abortamento, 
prematuridade e restrição 
de crescimento fetal
Valvopatias
Valvopatia reumática 
é a mais comum; 
As lesões com 
regurgitação valvar têm 
evolução mais favorável;
Próteses valvares: maior 
risco de fenômenos 
tromboembólicos
Síndrome de Eisenmenger
Hipertensão pulmonar 
com defeito do septo 
interventricular;
Gravidez é contraindicada- 
recomenda-se interrupção;
Complicações: 
Tromboembolismo, cianose, 
pré-eclâmpsia, perda fetal
29DOENÇAS NA GESTAÇÃO
definida por uma hemoglobina me-
nor que 11g/dl. Estima-se que a pre-
valência de anemia entre as mulhe-
res grávidas seja de cerca de 38,2%, 
sendo a principal causa a deficiência 
de ferro. 
Anemia ferropriva
A anemia ferropriva ocorre pela de-
ficiência de ferro e é a causa mais 
comum de anemia na gestação. As 
principais causas são o baixo con-
sumo de ferro e as perdas sanguí-
neas agudas. Os fatores de risco que 
predispõem à anemia ferropriva são: 
múltiplas gestações com intervalo 
menor que 2 anos, perdas crônicas 
antes da gestação, baixa absorção 
de ferro e deficiência nutricional. Os 
sintomas costumam ser inespecíficos 
e incluem cansaço, adinamia, fra-
queza, sonolência, cefaleia, tontura 
e dispneia. São comuns perversões 
do apetite (pica), palidez e cabelos 
quebradiços. 
A hipocromia e microcitose típica das 
anemias ferroprivas são menos proe-
minentes nas gestantes. A avaliação 
inicial deve incluir um hemograma 
completo, eletroforese de hemo-
globinas para pesquisa de anemia 
falciforme e dosagem de ferro sé-
rico e ferritina. O valor de ferritina 
indicativo de anemia na gestação é 
abaixo de 15mcg/L. 
A prevenção da anemia é feita com 
a reposição de 30 a 60mg de ferro 
elementar (150 a 300mg de sulfato 
ferroso) por dia, de 20 semanas de 
gestação até o término da lactação. 
O tratamento da anemia se baseia 
no nível de hemoglobina da gestan-
te. Se estiver entre 8 e 11g/dl é con-
siderada anemia leve a moderada, 
devendo ser solicitado parasitológico 
de fezes para investigação de parasi-
tose e fornecido sulfato ferroso em 
dose de tratamento (5 drágeas de 
200mg/dia- 2 pela manhã, 2 à tar-
de e 1 à noite). Uma nova dosagem 
de hemoglobina deve ser feita entre 
30 e 60 dias, devendo manter o trata-
mento até a hemoglobina atingir 11g/
dl. Se no acompanhamento os níveis 
estiverem em queda a gestante deve 
ser encaminhada para o pré-natal de 
alto risco. Se a hemoglobina no diag-
nóstico da anemia for menor que 8g/
dl, é considerada anemia grave e a 
gestante também deve ser encami-
nhada para o pré-natal de alto risco. 
SE LIGA!
Hb > 11 g/dl 40 mg ferro elementar
Hb entre 11 e 
8 g/dl
120 a 200 mg ferro 
elementar
Hb < 8 g/dl pré-natal de alto risco
Tabela 6. Fonte: Sanarflix
Doença Falciforme
A Doença Falciforme é uma das do-
enças genéticas hereditárias mais 
frequentes do mundo. Ocorre devido 
a uma mutação no gene da cadeia 
30DOENÇAS NA GESTAÇÃO
beta da hemoglobina A (HbA), com 
a substituição de ácido glutâmico 
por valina na posição6, originando a 
hemoglobina S (HbS). A presença de 
um gene para HbS e outro para HbA 
não produz manifestações de doença 
falciforme, sendo o indivíduo identifi-
cado como portador de traço falci-
forme. Já os indivíduos homozigotos 
(HbSS) apresentarão a Doença Fal-
ciforme. As hemácias que contém a 
hemoglobina S sofrem falcização nas 
situações de baixa oxigenação, po-
dendo levar a isquemia e infarto em 
diversos órgãos. 
Figura 13. Falcização de hemácias maternas na 
placenta, causada por circulação sanguínea lenta nos 
espaços intervilosos. As hemácias fetais apresentam 
morfologia normal. Fonte: http://anatpat.unicamp.br/
textoanemiafalciforme.html
O diagnóstico da Doença Falciforme 
é feito com a eletroforese de hemo-
globina que deve ser solicitada no 
pré-natal. A maioria das gestantes, 
no entanto, já têm o diagnóstico pré-
vio devido à pesquisa na triagem neo-
natal (teste do pezinho). As gestantes 
são mais suscetíveis às crises de fal-
cização após às 20 semanas de ges-
tação por conta do incremento meta-
bólico, hipercoagulabilidade e estase 
vascular. As principais complicações 
relacionadas são infecções decor-
rentes da perda de função esplêni-
ca, litíase biliar, retinopatia, úlceras 
nas pernas, osteonecrose assépti-
ca, crises álgicas, necrose de pa-
pilas renais, acidente vascular ce-
rebral e hipertensão pulmonar. A 
mortalidade perinatal aumenta, com 
o aumento do abortamento, restri-
ção do crescimento fetal, trabalho 
de parto pré-termo, pré-eclâmpsia, 
descolamento prematuro de pla-
centa e sofrimento fetal.
As gestantes com Doença Falciforme 
devem ser consideradas de alto ris-
co e devem ser assistidas por hema-
tologistas e obstetras. A reposição e 
ácido fólico deve ser feita durante a 
gestação e puerpério e uso da hidro-
xiureia deve ser suspenso devido 
ao risco de teratogenicidade. Durante 
as crises de falcização deve-se for-
necer adequada hidratação e anal-
gésicos opioides, além de oxigênio 
se houver hipoxemia, antibióticos se 
houver infecção e hemoderivados se 
necessário. É importante realizar a 
vigilância do bem-estar fetal nes-
ses casos pelo risco de sofrimento 
fetal agudo durante as crises. É re-
comendada a realização e ultras-
sonografia obstétrica seriada para 
seguimento do crescimento fetal e do 
31DOENÇAS NA GESTAÇÃO
volume de líquido amniótico após 24 
semanas, cardiotocografia a partir 
de 32 semanas e Dopplervelocime-
tria a partir de 20 semanas de ges-
tação. As consultas devem ocorrer 
quinzenalmente até 28 semanas e 
semanalmente até o parto. A via de 
parto é de indicação obstétrica, não 
havendo contraindicação para o par-
to normal. 
MAPA MENTAL: ANEMIAS
Deficiência de ferro;
Fatores de risco: gestações com 
intervalo menor que 2 anos, baixa absorção de 
ferro, deficiência nutricional, sangramentos;
Clínica: fraqueza, adinamia, dispneia, 
perversão do apetite, palidez;
Prevenção: Suplementação com sulfato ferroso 
de 20 semanas até o término da lactação;
Tratamento: Sulfato ferroso 
200mg, via oral, 5 drágeas/dia.
• Redução de Hemoglobina e Hematócrito fisiológicos;
• Anemia: Hb<11mg/dl
ANEMIAS NA 
GESTAÇÃO
Anemia ferropriva Doença Falciforme
Doença falciforme= Homozigoto HbSS;
Hemoglobina S sofre falcização 
em baixa saturação de O2. 
Complicações: infecções, osteonecrose 
asséptica, crises álgicas, necrose de papila 
renal, abortamento, restrição de crescimento 
fetal, pré-eclâmpsia, DPP;
Conduta: reposição de ácido fólico, 
suspensão de hidroxiureia, tratamento das crises 
de falcização, vigilância do bem-estar fetal
8. INFECÇÕES DO TRATO 
URINÁRIO
A estase urinária e o refluxo vesi-
coureteral, favorecidos pela ação 
miorrelaxante da progesterona e 
pela compressão mecânica do úte-
ro sobre os ureteres; as alterações 
físico-químicas da urina, com o 
aumento da glicosúria, favorecen-
do um meio propício ao crescimento 
bacteriano; e a imunidade celular 
reduzida na gravidez são fatores que 
em conjunto tornam a gestante mais 
suscetível às infecções urinárias. 
32DOENÇAS NA GESTAÇÃO
Estima-se que até 10% das gestantes 
são acometidas por algum episódio de 
infecção urinária ou bacteriúria assin-
tomática. A infecção do trato urinário 
(ITU) pode ser classificada em baixa 
(cistite e bacteriúria assintomáti-
ca) ou alta (pielonefrite). O principal 
agente envolvido é a Escherichia coli. 
Bacteriúria assintomática
É definida pela presença de ≥ 
100.000 colônias/ml de um único 
agente patogênico, em duas amos-
tras coletadas adequadamente em 
paciente sem sintomas urinários. 
A prevalência em gestantes é de 2 a 
10%, justificando o seu rastreamento 
no pré-natal. O tratamento da bacte-
riúria diminui em até 80% a incidên-
cia de pielonefrite, por isso é indicado 
em todos os casos em gestantes. Os 
antibióticos usados são os mesmos do 
tratamento da cistite: nitrofurantoína, 
ampicilina, amoxicilina, cefalexina 
ou fosfomicina. No seguimento deve 
ser realizada urocultura de contro-
le uma semana após o término do 
tratamento. Se negativa deve ser re-
petida mensalmente até o término da 
gestação. Na ocorrência de dois ou 
mais episódios de ITU na gestação, 
deve-se prescrever profilaxia antimi-
crobiana, independente da presen-
ça ou não de fatores predisponentes. 
Nesse caso podem ser usados a nitro-
furantoína 100mg, via oral, uma vez 
ao dia; fosfomicina 3g, via oral, a cada 
10 dias; ou cefalexina 250mg, via oral, 
uma vez ao dia, mantidos até 2 sema-
nas pós-parto. 
Cistite
A cistite é definida como a presença de 
bactérias associadas a sintomas uri-
nários baixos e está presente em 1 a 
2% das gestantes. Os sintomas mais 
comuns são disúria, urgência miccio-
nal, polaciúria, dor suprapúbica, he-
matúria e urina fétida. O tratamento é 
feito Nitrofurantoína 100mg, via oral 
de 6/6 horas por 3 a 7 dias; ou ampi-
cilina 500mg, via oral, de 6/6 horas 
por 3 a 7 dias; ou cefalexina 500mg, 
via oral, de 6/6 horas, por 3 a 7 dias; 
ou fosfomicina 3g, via oral, dose úni-
ca. É realizada urocultura de controle 
uma semana após o tratamento.
SE LIGA!
Curta duração:
3 a 5 dias
Longa duração:
7 a 10 dias
Nitrofurantoína 
100mg VO de 6/6 
horas.
Nitrofurantoína 
100mg VO de 6/6 
horas
Ampiciclina 500mg 
VO de 6/6 horas
Ampiciclina 500 mg 
VO de 6/6 horas
Amoxcilina 500mg 
VO de 8/8 horas.
Amoxacilina 500mg 
VO de 8/8 horas
Cefalexina 500mg 
VO de 6/6 horas
Cefalexina 500mg 
VO de 6/6 horas
Fosfamicina 3G VO 
dose única
Tabela 7. Fonte: Sanarflix
33DOENÇAS NA GESTAÇÃO
Pielonefrite aguda
A pielonefrite aguda é a infecção uri-
nária que compromete o sistema co-
letor e medula renal. Ocorre em 1 a 
2% das gestantes, sendo uma das 
principais causas de hospitalização 
durante a gravidez. Os sintomas mais 
comuns são hipertermia, calafrios, 
náuseas, vômitos, dor lombar, disú-
ria, polaciúria, urgência miccional e 
urina turva e fétida. O diagnóstico é 
feito pela suspeita clínica e urocultu-
ra. O tratamento deve ser feito com 
antibiótico venoso em regime de 
internação hospitalar. As principais 
opções são ceftriaxona 1 a 2g, in-
travenoso, a cada 24 horas; cefazo-
lina 1g, intravenoso, de 6/6 horas 
ou gentamicina 5 a 7mg/kg/dia as-
sociada a ampicilina 1 a 2g de 6/6 
horas. Na ausência de resposta de-
ve-se investigar outros fatores, como 
cálculos renais ou abscessos. A alta 
hospitalar só deve ocorrer após 48h 
afebril e com término do antibiótico 
em casa por 10-14 dia.
MAPA MENTAL: INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO
ITU NA 
GESTAÇÃO
Tratamento: 3 a 7 dias com Nitrofurantoína 100mg, 
VO, 6/6h ou ampicilina 500mg, VO, 6/6h, ou cefalexina 500mg, 
VO, 6/6h ou dose única de fosfomicina 3g, VO. 
Seguimento: Urocultura de controle 
1 semana após o tratamento
Baixa Alta
Bacteriúria assintomática Cistite Pielonefrite
≥ 100.000 UFC/ml em 
pacientes assintomáticas;
Bacteriúria + sintomas 
urinários baixos (disúria, 
urgência miccional, polaciúria, 
dor suprapúbica, hematúria)
Compromete o sistema 
coletor e medula renal;
Clínica: hipertermia, 
calafrios, náuseas, vômitos,dor lombar, disúria, polaciúria, 
urgência miccional;
Tratamento: Antibiótico 
venoso em regime hospitalar. 
Ceftriaxona 1-2g/dia, IV; 
cefazolina 1g, IV, 6/6h; 
Gentamicina 5-7mg/kg/dia + 
Ampicilina 1-2g, 6/6h. 
34DOENÇAS NA GESTAÇÃO
MAPA MENTAL: GERAL
Hipertireoidismo
Hipotireoidismo
Tireoidite pós-parto
TIREOIDOPATIAS
CARDIOPATIAS DOENÇAS DAS VIAS BILIARES
DOENÇAS 
REUMATOLÓGICAS
DOENÇAS 
HEPÁTICAS
INFECÇÃO TRATO 
URINÁRIO
ANEMIAS
Lúpus
Sd Anticorpo Antifosfolipídeo
Artrite Reumatoide
Esclerose sistêmica
Hepatites virais
Esteatose hepática aguda da gestação
Colelitíase
Colecistite
Coledocolitíase
Reumática
Tetralogia de Fallot
Valvopatias
Sd de Eisenmenger
Sd de Marfan
Anemia ferropriva
Doença falciforme
Bacteriúria assintomática
Pielonefrite
Cistite
35DOENÇAS NA GESTAÇÃO
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS 
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36DOENÇAS NA GESTAÇÃO

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