Buscar

Teoria Geral dos Direitos Humanos

Prévia do material em texto

1 
www.g7juridico.com.br 
 
 
 
DISCIPLINAS COMPLEMENTARES 
Direitos Humanos 
Valerio Mazzuoli 
Aula 1 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
 
Estudo: Direito Internacional dos Direitos Humanos 
 
Bibliografia: Curso de Direitos Humanos – Valerio Mazzuoli - Editora Método 
www.grupogen.com.br 
 
AULA 1 – TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 
1º MÓDULO – NOÇÕES GERAIS DE DIREITOS HUMANOS 
 
a) Conceito 
 
 Direitos humanos não é uma expressão do direito interno. O direito das pessoas pode ser 
protegidos no plano internacional e plano interno (direitos fundamentais). 
 Direitos de índole externa, garantidos por tratados internacionais se fala em proteção dos 
direitos humanos. 
 Direitos humanos é um conceito intrinsecamente ligado a ordem internacional. 
 
• Vale para todos – sem distinção 
 
• Independe da nacionalidade da pessoa – critério político geográfico. 
 Por exemplo, um brasileiro que sofreu uma violação na Guiana Francesa, não obstante esteja 
localizada na América do Sul, é território francês. Então, o brasileiro irá a Corte Europeia de Direitos 
Humanos. 
 
b) Terminologia 
 
• Direitos do homem – direitos que você sabe que tem, mas não sabe porque tem, pois não estão 
escritos em Tratado Internacional nem em lei interna. 
 Hoje é muito difícil ter um direito que se sabe que tem, mas não se sabe porque se tem, pois 
não tem uma fonte formal. 
 
http://www.grupogen.com.br/
 
2 
www.g7juridico.com.br 
• Direitos fundamentais – direitos escritos ou inscritos nas leis internas, notadamente no sistema 
constitucional de proteção. 
 
• Direitos humanos – Evolução que sai do domínio reservado do Estado e passa a um patamar 
maior. 
 Tratados e normas internacionais. 
 
c) Amplitude 
 
• Direitos humanos (amplitude maior) – se um direito é humano, todo mundo tem, independente 
de nome, etnia, nacionalidade, etc. 
 
• Direitos fundamentais (amplitude menor) – se um direito é fundamental, nem todo mundo tem. 
Exemplo: Votar. Está previsto na CF brasileira, mas estrangeiro não vota no Brasil. Se voto fosse um 
direito humano os estrangeiros poderiam votar no Brasil. 
 
d) Fundamento e conteúdo 
 
• Inviolabilidade da pessoa – todas as pessoas são invioláveis na sua dignidade, no seu caráter. 
 
• Autonomia da pessoa – as pessoas que não tinham autonomia no período da 2ª Guerra Mundial 
ganharam status de seres humanos autônomos e independentes na face da Terra. 
 Reconhecimento do 
fundamento de seu direito. 
 
• Dignidade da pessoa – engloba os demais. Inscrito em vários textos constitucionais. 
Exemplo: Art. 5º, III CF do Brasil. 
 
e) Características 
 
• Historicidade – direitos humanos não são dados, são um construído da convivência coletiva. 
• Universalidade – eles pertencem ao universo de todas as pessoas, basta a condição de ser 
humano para que você pertença ao universo de proteção desses direitos. 
 
• Essencialidade – são essenciais à vida digna 
 
• Irrenunciabilidade (autorização do beneficiário não convalida violação) – não é possível 
renunciar ao direito humano. 
 
• Inalienabilidade (não podem ser transferidos ou cedidos, gratuita ou onerosamente) – não se 
cede, doa ou vende direitos humanos. Ele é intrínseco à pessoa. 
 
• Inexauribilidade (art. 5º, § 2º, CF) – direitos humanos são inexauríveis, ou seja, não se esgotam. 
 
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime 
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do 
Brasil seja parte. 
 
• Imprescritibilidade – se houve uma violação de direito humano, é imprescritível. 
Entretanto, podem haver regras processuais que limitem, formalmente, o prazo ou o lapso no qual 
se tem para que deflagre a ação no plano internacional. 
 
•Vedação do retrocesso – efeito clique dos direitos humanos, ou seja, nunca podem retroceder. 
 
3 
www.g7juridico.com.br 
 
f) Gramática dos direitos humanos 
Os direitos humanos têm uma índole própria que irradia efeitos para a ordem jurídica interna, a 
ponto que a ordem jurídica interna é que tem que se adequar a ordem jurídica internacional, e não 
o contrário. 
 
g) Interpretação conforme os direitos humanos 
 
Exemplo: pessoa portadora de deficiência. Leia-se, pessoa com deficiência, conforme Tratados 
Internacionais. 
 
2º MÓDULO – CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS 
 
a) Conceito de responsabilidade internacional 
 
Responsabilidade internacional serve para a garantia de um direito e responsabilidade do Estado 
em caso de descumprimento. 
 
b) Finalidades da responsabilidade internacional 
 
Responsabilidade internacional do Estado significa fazer com que o Estado cumpra por mecanismos 
jurídicos fixados em Tratados internacionais dos quais o próprio Estado ratificou e se obrigou por 
eles, fazer com que o Estado cumpra as obrigações que não cumpriu no plano do direito interno 
porque não controlou devidamente o controle de convencionalidade das leis. 
 O Estado é responsabilizado, ou por uma obrigação de fazer de prestar uma homenagem, 
legislar sobre uma conduta, etc. De não fazer, cessar a violação, etc. Ou as indenizações pecuniárias. 
 
• Finalidade Preventiva – um Estado, verificando punição de outro toma medidas para não ser 
punido também. 
 
• Repressiva – são as obrigações que decorrem da condenação. 
 
c) Características da responsabilidade internacional 
 
• Reparação dos prejuízos – não obrigatoriamente é pecuniária. O Estado pode reparar com um 
pedido de desculpas, por exemplo. 
Pode ser mediante obrigação de fazer ou indenizações pecuniárias. 
 
• Finalidade educativa – educar os Estados para que não viole direitos das pessoas. 
 Estados utilizam decisões em face de outros Estados como paradigma. 
 
• O instituto desconhece a responsabilidade penal (TPI) 
=> Não há como responsabilizar criminalmente um Estado. 
=> Somente no Tribunal Penal Internacional. 
 
d) Natureza jurídica da responsabilidade internacional 
 
• Doutrina subjetivista (a responsabilidade depende da vontade do Estado) 
• Doutrina objetivistas (independe da vontade do Estado) – É a que vale, se não o Direito 
Internacional não funcionaria. 
 
e) Obrigações “erga omnes” e normas de jus cogens 
 
 
4 
www.g7juridico.com.br 
• Obrigações erga omnes (a todos impostas, mas derrogáveis) 
• Normas de jus cogens (a todos impostas, mas inderrogáveis) – normas que preservam o 
sentimento da humanidade e, portanto, inderrogáveis. 
 
=> Todas as normas de jus cogens é erga omnes (para todos), mas nem todas as normas erga omnes 
são normas imperativas de Direito Internacional geral. 
 => As normas contra tortura, por exemplo, são normas de jus cogens, mas nem todas as normas 
são inderrogáveis. 
=> Direito de passagem inocente em tempos de paz – aeronaves no espaço aéreo, navios no mar, 
são obrigações erga omnes, pois são derrogáveis. 
 
=> Artigos 53 e 64 da Convenção de Viena: 
 
Artigo 53.º Tratados incompatíveis com uma norma imperativa de direito internacional geral (jus 
cogens) É nulo todo o tratado que, no momento da sua conclusão, seja incompatível com uma 
norma imperativa de direito internacional geral. Para os efeitos da presente Convenção, uma norma 
imperativa de direito internacional geral é uma norma aceite e reconhecida pela comunidade 
internacional dos Estados no seu todo como norma cuja derrogação não é permitida e que só pode 
ser modificada por uma nova norma de direito internacional geral com a mesma natureza. 
 
Artigo 64.º Superveniência de uma norma imperativa de direito internacional geral (jus cogens) Se 
sobrevier uma nova norma imperativa de direito internacional, geral, qualquer tratado existente 
que seja incompatível com essa norma torna-se nulo e cessa a sua vigência. 
 
https://saudeglobaldotorg1.files.wordpress.com/2016/07/portugal-declaracao-sobre-a-cv-69.pdf 
 
=> Não há nada no Direito Internacional acima das normas jus cogens. 
 
- Norma de “soft law” – direito flexível, maleável. 
Por exemplo: agenda 21 – Estado cumpre, na medida do possível. 
Essas normas ainda nãotêm segurança jurídica suficiente para dizer que são fontes do Direito 
Internacional. 
 
f) Responsabilidade no sistema interamericano de direitos humanos 
 
• Comissão Interamericana 
 
=> Sede em Washington (EUA). 
=> Possuem comissários indicados pelos Estados a título pessoal, e aprovados pela OEA 
=> Não pode haver mais de um comissário de uma mesma nacionalidade. 
 
• Corte Interamericana 
 
=> Sede em San José (Costa Rica). 
=> Composta por juízes da Corte. 
 
=> No sistema interamericano de proteção, diferentemente do europeu, o indivíduo não pode 
propor ação diretamente à Corte. 
=> O sistema europeu aboliu a Comissão Européia por meio do Protocolo n. 11, de modo que a 
Corte (renomeada de Nova Corte) realiza també o juízo de admissibilidade. 
=> Sistema Binário (Comissão e Corte) 
 
https://saudeglobaldotorg1.files.wordpress.com/2016/07/portugal-declaracao-sobre-a-cv-69.pdf
 
5 
www.g7juridico.com.br 
=> A principal função da Comissão é receber denúncias e queixas de violação de direitos humanos 
por parte de pessoas ou grupo de pessoas. Ainda, observa alguns requisitos para recebimento de 
denúncias, tais quais: 
a) o esgotamento de recursos internos (resguardados os requisitos técnicos, como por exemplo não 
conhecimento de Recurso Especial por impossibilidade de discussão fática – súmula 7 do STJ); 
b) pedido não pendente de novo tipo de solução internacional (ex: se ingressou com pedido na 
ONU, não pode ingressar na OEA); 
c) se ação em única instância (ex: foro privilegiado), prazo de seis meses do trânsito em julgado 
para deflagração em procedimento internacional. 
 
=> A Comissão verifica se houve violação de direitos humanos e se é factível a denúncia ou queixa 
de violação. 
=> Notifica os Estados para abrir diálogo e visa composição amigável. 
=> Negada a composição amigável, caso o Estado tenha ratificado o Pacto de San José, é deflagrada 
ação perante a Corte Interamericana. 
=> Negada a composição amigável, caso o Estado não tenha ratificado o Pacto de San José, é 
realizado informe e publicada a decisão tomada. 
 
=> Por meio do Decreto Legislativo n. 89/98 o Brasil reconheceu a competência contenciosa da 
Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
 
=> A Comissão é a responsável por demandar o Estado perante a Corte Interamericana de Direitos 
Humanos. 
=> A Comissão não é parte, mas atua como substituta processual. Em nome próprio defende direito 
de terceiro. 
=> No julgamento há representantes do Estado, da Comissão, e das vítimas. 
 
=> A decisão da Corte é uniforme, resguardado os votos decordantes ou concordantes em 
separado. 
=> Sentença inapelável e irrecorrível. Há apenas certidão de cumprimento de sentença. 
 
=> Crítica: seletividade da corte para casos paradigmas no continente – leading case (ex: povos 
indígenas, indústria extrativista, desaparecimento forçado em ditadura militar, leis de anistia, etc). 
 
 
3º MÓDULO – GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS 
 
=> O sistema geracional é fruto da Revolução Francesa 
=> Também chamado de Dimensões de Direitos Humanos 
 
a) Inspiração da Revolução Francesa 
 
b) Gerações de direitos humanos 
 
• Primeira geração (liberdade) 
=> Direitos Civis e Políticos 
 
• Segunda geração (igualdade) 
=> Ecômicos, Sociais e Culturais 
 
• Terceira geração (fraternidade) 
=> Direitos de Grupo ou Coletividade 
 
 
6 
www.g7juridico.com.br 
• Quarta geração (solidariedade) 
=> Solidariedade universal (ex: Paz) 
 
=> Alguns doutrinadores falam em quinta geração (esperança), tendo por exemplo o tratamento 
com o planeta, comunicação espacial, poluição do espaço cósmico, etc. 
 
c) A geração de direitos jurisprudência do STF 
 
• Medida Cautelar 3540/DF1 – meio ambiente como “terceira geração” 
 
1 EMENTA:MEIO AMBIENTE - DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) - 
PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE 
TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA 
SOLIDARIEDADE - NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE A TRANSGRESSÃO A ESSE DIREITO FAÇA 
IRROMPER, NO SEIO DA COLETIVIDADE, CONFLITOS INTERGENERACIONAIS - ESPAÇOS 
TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS (CF, ART. 225, § 1°, III) - ALTERAÇÃO E SUPRESSÃO DO 
REGIME JURÍDICO A ELES PERTINENTE - MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA 
RESERVA DE LEI - SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - 
POSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS LEGAIS, AUTORIZAR, 
LICENCIAR OU PERMITIR OBRAS E/OU ATIVIDADES NOS ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, 
DESDE QUE RESPEITADA, QUANTO A ESTES, A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS JUSTIFICADORES DO 
REGIME DE PROTEÇÃO ESPECIAL - RELAÇÕES ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3°, II, C/C O ART. 170, VI) 
E ECOLOGIA (CF, ART. 225) - COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS - CRITÉRIOS DE SUPERAÇÃO 
DESSE ESTADO DE TENSÃO ENTRE VALORES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES - OS DIREITOS 
BÁSICOS DA PESSOA HUMANA E AS SUCESSIVAS GERAÇÕES (FASES OU DIMENSÕES) DE DIREITOS 
(RTJ 164/158, 160-161) - A QUESTÃO DA PRECEDÊNCIA DO DIREITO À PRESERVAÇÃO DO MEIO 
AMBIENTE: UMA LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL EXPLÍCITA À ATIVIDADE ECONÔMICA (CF, ART. 170, 
VI) - DECISÃO NÃO REFERENDADA - CONSEQÜENTE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE MEDIDA 
CAUTELAR. A PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSÃO CONSTITUCIONAL 
DE UM DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS. - Todos têm direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima 
dimensão), que assiste a todo o gênero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a 
especial obrigação de defender e preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade 
coletiva e de caráter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse encargo, que é irrenunciável, representa 
a garantia de que não se instaurarão, no seio da coletividade, os graves conflitos intergeneracionais marcados pelo 
desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impõe, na proteção desse bem essencial de uso comum das pessoas 
em geral. Doutrina. A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS 
PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. - A incolumidade do 
meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole 
meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina 
constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a "defesa do meio 
ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio 
ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral. Doutrina. Os instrumentos 
jurídicos de caráter legal e de natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que 
não se alterem as propriedades e os atributos que lhe são inerentes, o que provocaria inaceitável comprometimento da 
saúde, segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além de causar graves danos ecológicos ao patrimônio 
ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural. A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL 
(CF, ART. 3°, II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 
225): O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO FATOR DE OBTENÇÃO DO JUSTO 
EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. - O princípio do desenvolvimento 
sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em 
compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre 
as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente 
situação de conflito entre valoresconstitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância não 
comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à 
preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor 
das presentes e futuras gerações. O ART. 4° DO CÓDIGO FLORESTAL E A MEDIDA PROVISÓRIA N° 2.166-
67/2001: UM AVANÇO EXPRESSIVO NA TUTELA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. - A 
Medida Provisória n° 2.166-67, de 24.08.2001, na parte em que introduziu significativas alterações no art. 4° do Código 
Florestal, longe de comprometer os valores constitucionais consagrados no art. 225 da Lei Fundamental, estabeleceu, 
 
7 
www.g7juridico.com.br 
 
• ADI 1856/RJ2 – “briga de galos” – violação ao direito de “terceira geração” 
• Em ambos os casos, está na EMENTA 
 
d) Críticas ao sistema geracional 
 
• Falsa ideia de “sucessão” 
=> Direitos não se sucedem, eles se cumulam, se fortalecem e aparecem. 
 
• Verdadeira ideia de “concomitância” de direitos. 
=> Direitos não aparecem separadamente. 
 
ao contrário, mecanismos que permitem um real controle, pelo Estado, das atividades desenvolvidas no âmbito das áreas 
de preservação permanente, em ordem a impedir ações predatórias e lesivas ao patrimônio ambiental, cuja situação de 
maior vulnerabilidade reclama proteção mais intensa, agora propiciada, de modo adequado e compatível com o texto 
constitucional, pelo diploma normativo em questão. - Somente a alteração e a supressão do regime jurídico pertinente 
aos espaços territoriais especialmente protegidos qualificam-se, por efeito da cláusula inscrita no art. 225, § 1°, III, da 
Constituição, como matérias sujeitas ao princípio da reserva legal. - É lícito ao Poder Público - qualquer que seja a 
dimensão institucional em que se posicione na estrutura federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal e 
Municípios) - autorizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de serviços no âmbito dos espaços 
territoriais especialmente protegidos, desde que, além de observadas as restrições, limitações e exigências abstratamente 
estabelecidas em lei, não resulte comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios, a 
instituição de regime jurídico de proteção especial (CF, art. 225, § 1°, III). 
 
 
2 E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – BRIGA DE GALOS (LEI FLUMINENSE Nº 
2.895/98) – LEGISLAÇÃO ESTADUAL QUE, PERTINENTE A EXPOSIÇÕES E A COMPETIÇÕES ENTRE AVES DAS 
RAÇAS COMBATENTES, FAVORECE ESSA PRÁTICA CRIMINOSA – DIPLOMA LEGISLATIVO QUE ESTIMULA 
O COMETIMENTO DE ATOS DE CRUELDADE CONTRA GALOS DE BRIGA – CRIME AMBIENTAL (LEI Nº 
9.605/98, ART. 32) – MEIO AMBIENTE – DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) 
– PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE – DIREITO DE 
TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA 
SOLIDARIEDADE – PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DA FAUNA (CF, ART. 225, § 1º, VII) – 
DESCARACTERIZAÇÃO DA BRIGA DE GALO COMO MANIFESTAÇÃO CULTURAL – RECONHECIMENTO DA 
INCONSTITUIONALIDADE DA LEI ESTADUAL IMPUGNADA - AÇÃO DIRETA PROCEDENTE. 
LEGISLAÇÃO ESTADUAL QUE AUTORIZA A REALIZAÇÃO DE EXPOSIÇÕES E COMPETIÇÕES ENTRE 
AVES DAS RAÇAS COMBATENTES - NORMA QUE INSTITUCIONALIZA A PRÁTICA DE CRUELDADE 
CONTRA A FAUNA - INCONSTITUCIONALIDADE. 
- A promoção de briga de galos, além de caracterizar prática criminosa tipificada na legislação ambiental, configura 
conduta atentatória à Constituição da República, que veda a submissão de animais a atos de crueldade, cuja natureza 
perversa, à semelhança da “farra do boi” (RE 153.531/SC), não permite sejam eles qualificados como inocente 
manifestação cultural, de caráter meramente folclórico. Precedentes. 
- A proteção jurídico-constitucional dispensada à fauna abrange tanto os animais silvestres quanto os domésticos ou 
domesticados, nesta classe incluídos os galos utilizados em rinhas, pois o texto da Lei Fundamental vedou, em cláusula 
genérica, qualquer forma de submissão de animais a atos de crueldade. 
- Essa especial tutela, que tem por fundamento legitimador a autoridade da Constituição da República, é motivada pela 
necessidade de impedir a ocorrência de situações de risco que ameacem ou que façam periclitar todas as formas de vida, 
não só a do gênero humano, mas, também, a própria vida animal, cuja integridade restaria comprometida, não fora a 
vedação constitucional, por práticas aviltantes, perversas e violentas contra os seres irracionais, como os galos de briga 
(“gallus-gallus”). Magistério da doutrina. 
ALEGAÇÃO DE INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. 
- Não se revela inepta a petição inicial, que, ao impugnar a validade constitucional de lei estadual, (a) indica, de forma 
adequada, a norma de parâmetro, cuja autoridade teria sido desrespeitada, (b) estabelece, de maneira clara, a relação de 
antagonismo entre essa legislação de menor positividade jurídica e o texto da Constituição da República, (c) fundamenta, 
de modo inteligível, as razões consubstanciadoras da pretensão de inconstitucionalidade deduzida pelo autor e (d) 
postula, com objetividade, o reconhecimento da procedência do pedido, com a conseqüente declaração de ilegitimidade 
constitucional da lei questionada em sede de controle normativo abstrato, delimitando, assim, o âmbito material do 
julgamento a ser proferido pelo Supremo Tribunal Federal. Precedentes. 
 
 
8 
www.g7juridico.com.br 
 
• Sistema historicamente incorreto e juridicamente infundado 
 
=> Históricamente equivocado; ex: A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada em 
1919, que seria segunda geração, sendo que os Direitos Civis e Políticos, que seriam primeira 
geração, só vieram por Pacto Internacional em 1966. 
=> Juridicamente infundado: os direitos não nascem em escada, eles evoluem. 
 
4º MÓDULO – DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 
=> O Direito Internacional dos Direitos Humanos é o complexo de normas, tratados internacionais 
e convenções dos quais os Estados participam formalmente, e formam um mosaico protetivo no 
plano global (“onusiano” ou das Nações Unidas) e regionais (Europeu, Interamericano e Africano). 
 
=> Pós Segunda Guerra Mundial: 
1950 – Europeu 
1969 – Interamericano 
1986 - Africano 
 
 
a) Precedentes históricos 
 
• Direito humanitário 
=> Não se confunde com direitos humanos. 
=> Direito de guerra (diferente de direito à guerra). 
=> Protege náufragos, feridos, mulheres, crianças, prisioneiros, etc. 
=> Os Estados abriram mão de sua soberania em prol da proteção internacional desses direitos. 
=> Estados se viram obrigados a cumprir determinação internacional para além de seu domínio 
reservado. 
 
• Liga das Nações 
=> Pós Primeira Guerra Mundial. 
=> Antecessora da ONU. 
=> Previa que os direitos humanos devem ser matéria de legítimo interesse internacional. 
 
• Convenções da OIT 
=> Individualização do sujeito de direitos 
 
 
=> Prova Delegado de Polícia Civil do Estado de São Paulo. Ano de 20103 
 
 
b) Contribuições dos precedentes 
 
3 CONCURSO PÚBLICO DE INGRESSO NA CARREIRA DE DELEGADO DE POLÍCIA ACADEMIA DE 
POLÍCIA - SP / AGOSTO DE 2000 
 
DIREITOS HUMANOS 
 
31) Quais os primeiros marcos do processo de internacionalização dos Direitos Humanos? 
a. Direito Humanitário, Liga das Nações e a Carta Internacional dos Direitos Humanos. 
b. Direito Humanitário, Liga das Nações e a Organização Internacional do Trabalho. 
c. Liga das Nações, Organização Internacional do Trabalho e a Carta Internacional dos Direitos Humanos. 
d. Organização Internacional do Trabalho, Direito Humanitário e a Carta Internacional dos Direitos Humanos. 
 
9 
www.g7juridico.com.br 
 
• Indivíduo como sujeito de direito internacional 
 
• Flexibilização da soberania 
=> Condenação dosEstados por tribunais e órgãos internacionais. 
=> A soberania dos Estados é dentro do seu território. 
 
• Nascimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos 
=> Disciplina autônoma jurídica que regula a forma e organização dos sistemas regionais e global 
de proteção, suas relações entre si, os seus tratados internacionais em diálogo e os meios de se 
exigir que os Estados cumpram essas normas e determinações internacionais as quais no livre e 
pleno exercício de suas soberanias se comprometeram. 
 
c) Emergência do Direito Internacional dos Direitos Humanos 
 
• Direito pós-Segunda Guerra 
=> A Segunda Guerra representou a ruptura com os direitos humanos. 
=> O pós Segunda Guerra representou a reconstrução dos direitos humanos. 
 
• Legado do Holocausto 
 
• “Direito a ter direitos” (Hannad Arendt) 
=> Direitos Humanos não são um dado, mas um construído da convivência coletiva. 
 
d) Estrutura normativa do sistema internacional de proteção dos direitos humanos 
 
• Sistema global 
=> Quatro instrumentos específicos: 
- Carta das Nações Unidas de 1945 (direitos) 
- Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 (núcleo material mínimo) 
- Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de 1966 
- Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 
 
• Sistemas regionais (europeu, interamericano, africano) 
=> Critério político-geográfico 
=> Guiana Francessa é um exemplo de exceção, pois embora esteja no continente americano, faz 
parte do sistema europeu, por ser território ultramarino francês. 
 
 
5º MÓDULO – AS NAÇÕES UNIDAS E A PROMOÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 
a) A Carta da ONU e a promoção dos direitos humanos 
 
=> Deflagra o sistema global de proteção 
=> A ONU foi dividida em seis grandes órgãos: 
1. Assembléia Geral da ONU – foro multilateral de discussões (195 Estados). 
2. Conselho de Segurança – paz e seugrança (15 Estados – 5 permanentes e 10 não permanentes). 
3. Corte Internacional de Justiça (Haia) – 15 juízes – questões que envolvam interpretação de 
tratados entre Estados. 
4. Conselho de Tutela (atividades encerradas). 
5. Secretariado – papel administrativo e de conselho. 
6. Conselho Econômico e Social – originou a Comissão de Direitos Humanos (atualmente Conselho 
de Direitos Humanos vinculado ao Conselho Geral). 
 
10 
www.g7juridico.com.br 
 
• Preocupação internacional 
 
• Art. 55, c, da Carta4 (dentre outros) 
 
b) Direitos humanos e não ingerência em assuntos internos 
 
• Art. 2º, § 7º, da Carta da ONU5 
 
• Questões “essencialmente internas” (não é o caso dos direitos humanos) 
 
=> Proteção de direitos humanos, assim como do meio ambiente, não é matéria de interesse 
exclusivo dos Estados. 
=> Standard mínimo imposto pela sociedade internacional. 
 
 
c) Ausência de definição da expressão “direitos humanos e liberdades fundamentais” 
 
• ONU não definiu 
• Necessidade de definição 
• Declaração Universal de 1948 
• Interpretação autêntica da Carta da ONU 
• Colmatação das lacunas sobre a definição de “direitos humanos”. 
 
=> Declaração Universal de Direitos Humanos, elaborada por comissão de notáveis em 1948. 
=> Princípio da indivisibilidade dos direitos humanos. 
 
 
 
4 Artigo 55 - Com o fim de criar condições de estabilidade e bem-estar, necessárias às relações pacíficas e amistosas 
entre as Nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações 
Unidas favorecerão: 
(...) 
c. o respeito universal e efetivo raça, sexo, língua ou religião. 
 
 
5 Artigo 2 - A Organização e seus membros, para a realização dos propósitos mencionados no artigo 1, agirão de acordo 
com os seguintes Princípios: 
(...) 
7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos que dependam 
essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os membros a submeterem tais assuntos a uma solução, 
nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do 
CapítuloVII.

Continue navegando

Outros materiais