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Estudo Orientado - 
Comunicar e Expressar
1ª edição
2017
Estudo Orientado - 
Comunicar e Expressar
4
3
Unidade de estudo 4
Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, 
correção gramatical e 
intertextualidade
Para iniciar seus estudos
Para além da prática de produção textual, no que se refere às construções 
de sentido (aspectos semânticos e sociais) por meio de unidades textu-
ais (vocábulos, frases e parágrafos), é preciso atentar para a conexão de 
cada uma dessas unidades. Não estamos falando de nenhum bicho de 
sete cabeças, afi nal, é a isso que estamos nos dedicando agora, certo? 
Mas você já ouviu alguma piada (ou contou), ou já leu algum texto que 
entendeu e que outra pessoa não o entendeu? Às vezes, um texto pode 
realmente nos fazer pleno sentido e para outra pessoa não. Isto se dá por 
diferentes aspectos textuais que estudaremos nesta unidade. Mas, lem-
bre-se, seu texto tem de ser compreensível a todos que o leem, conforme 
uma boa prática textual. Vamos estudar um pouco mais?
Objetivos de Aprendizagem
• Identifi car um texto coeso e coerente.
• Revisar os elementos que compõem a leitura e a produção textual.
• Identifi car diferentes tipos de textos, analisando aspectos coesi-
vos e de coerência que os compõem.
4
Estudo Orientado - Comunicar e Expressar | Unidade de estudo 4 – Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
4.1 Coesão
Você já experimentou costurar? Já viu algum parente ou conhecido costurando? A prática de costura é muito 
antiga e exige certa habilidade de quem a faz. Ao costurarmos, cada “ponto” – como os costuradores chamam 
alguns nós – deve ser muito bem dado, bem feito, para que a costura não se desfaça depois. Vamos entender um 
pouco mais? Leia o texto de Nye Ribeiro Silva, na Figura 4.1.
Figura 4.1 - Texto do exemplo 1
A colcha de retalhos
Nos finais de semana, Felipe vai para a casa da vovó.
Vovó sabe fazer bolo de chocolate, brigadeiro, bala de coco, pão de 
queijo... enfim, sabe fazer tudo que Felipe gosta. 
Vovó sabe contar histórias como ninguém! Coloca os óculos, faz uma 
cara engraçada, fala bem fininho e fraquinho, depois bem grosso e forte, 
imitando a voz dos personagens das histórias.
Um dia, Felipe encontrou uma porção de pedaços de tecidos espalhados 
pelo chão, perto da máquina de costura onde vovó estava trabalhando.
Vovó explicou que os tecidos eram retalhos das costuras que fazia e que 
iria fazer uma colcha de retalhos.
Felipe resolveu ajudar e separou os retalhos: os de bolinha, os de 
listrinhas, os de florzinha, de lua e estrela, xadrez, listrado...
Cada pedaço de tecido trazia uma lembrança. O pijama listrado de 
Felipe, a camisa xadrez do papai, o vestido da mamãe e a roupa de vovó 
Maria que já estava lá no céu junto com o vovô Luiz.
Vovó começou a chorar sentindo saudade de quem já foi embora. Felipe 
não entendeu o motivo do choro e ela tentou lhe explicar o que é saudade.
Não adiantou, ele não entendeu. Na verdade a gente só entende as 
coisas que já experimentou; um dia Felipe entenderia.
Depois de algum tempo, Felipe chegou da escola, entrou correndo em 
seu quarto e viu a linda colcha esticada sobre sua cama. Cada retalho tinha 
uma história. Deitado sobre a colcha, ele passou algum tempo lembrando de 
uma porção de histórias [sic].
De repente, Felipe começou a sentir uma coisa estranha dentro do peito 
que ia aumentando, aumentando...
Felipe foi correndo para a casa da vovó, abraçou-a bem forte e 
cochichou bem baixinho no seu ouvido:
— Preciso te contar um segredo: eu acho que já entendi... agora eu já sei 
o que é saudade!
Legenda: Excerto da obra “A Colcha de retalhos”, que apresenta metáforas que nos auxi-
liam a compreender o sentido da expressão ‘costurar o texto’.
Fonte: Silva ([201?] s. p.).
5
Estudo Orientado - Comunicar e Expressar | Unidade de estudo 4 – Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
O texto de Nye Ribeiro mostra, de modo singelo, o quão podemos influir as outras pessoas por meio de nossas 
práticas. Ao término da costura, os vários retalhos deixam de ser retalhos e passam a formar um todo composto 
por diversos sentimentos, que tanto a personagem da Vovó quanto Felipe compartilham.
Interessante, não é? Pois muito nos lembra da prática de redação! O texto, quando bem costurado, não se apre-
senta como uma sobreposição de frases que se aglutinam, mas como lugar de interação, que desperta e causa 
emoções. Afinal, o texto: 
[...] é lugar de interação de sujeitos sociais, os quais, dialogicamente, nele se constituem e são 
constituídos, e que, por meio de ações linguísticas e sociocognitivas constroem objetos de dis-
curso e propostas de sentido, ao operarem escolhas significativas entre as múltiplas formas de 
organização textual e as diversas possibilidades de seleção lexical que a língua lhe põe à disposi-
ção. (KOCH; ELIAS, 2007, p. 7).
Redigir é, portanto, uma forma de ação, mais que prática verbal escrita, é uma manifestação ideológica, social, 
cognitiva e linguística, claramente, por meio da língua. A esta prática de boa “costura”, chamamos coesão. 
Coesão é o nome que damos à união desses “retalhos” textuais, ou seja, é a maneira como 
ligamos nosso texto, palavra e palavra, frase e frase, orações, períodos, parágrafos, e assim 
por diante. .
Glossário
Não é muito difícil tornar um texto coeso. Da mesma maneira que existem nós específicos para unir retalho a 
retalho numa colcha, existem palavras específicas na língua que usamos para fazer essa conexão. Vamos ver? Leia 
novamente a seguinte passagem do texto, destacada pela Figura 4.2.
Figura 4.2 – Análise 1 
Vovó explicou que os tecidos eram retalhos das costuras 
que fazia e que iria fazer uma colcha de retalhos.
Legenda: Análise de um excerto do “A Colcha de Retalhos”. 
Fonte: Silva ([201?] s.p.).
Quantas informações você consegue ver nessa frase? Há várias informações dentro de uma informação principal. 
Consegue identificar qual o objetivo, a informação principal que toda essa frase traz? Sim, fácil, não é? A infor-
mação é apenas essa
Vovó explicou
6
Estudo Orientado - Comunicar e Expressar | Unidade de estudo 4 – Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
De fato, esta é a primeira unidade que encontramos ao ler toda a frase; no entanto, não é isto que a defi ne 
como principal. Repare que todos os outros elementos estão subordinados a ela, dependendo dessa unidade 
para que tenham sentido. Haveria sentido ler apenas a frase: “que os tecidos eram retalhos das costuras”? Clara-
mente que não. Acontece que ambas as frases estão amarradas uma à outra, costuradas. Há coesão!
Mas como identifi camos os elementos que fazem coesão? Afi nal, é só o sentido, ou podemos ver essa dependên-
cia na superfície? Claramente, há palavras na “superfície”, ou seja, na estrutura que vemos do texto, mas que o 
infl uenciam internamente. Vamos identifi car essas palavras na frase representada na Figura 4.3.
Figura 4.3 – Análise 2 
Vovó explicou que os tecidos eram retalhos das costuras 
que fazia e que iria fazer uma colcha de retalhos.
Legenda: Palavras destacadas que auxiliam na coesão do texto.
Fonte: Silva ([201?] s.p.).
São essas palavras pequenininhas que cuidam da coesão do texto. Interessante, não é? São como pequenos 
parafusos que não deixam a estrutura cair. Afi nal, que sentido teria “Vovó explicou os tecidos retalhos costuras 
fazia iria fazer uma colcha retalhos”? Nenhum! Seria um verdadeiro aglomerado de palavras.
Por falar em palavras, morfologicamente, algumas dessas pequenas unidades sequer são palavras de fato, pois 
não possuem sentido sozinhas. Veja que, tanto essas palavras pequenas dependem das maiores como as maiores 
dependem das menores. Isso acontece porque são apenas conectivos. Servem para isso mesmo: ligam palavras 
e frases. No entanto, pronomes e verbos fazem vez nessa função também,ligando uma unidade à outra. Os 
conectivos possuem a função de unir e dar direcionamento e sentidos ao texto, quer dizer, eles são muito impor-
tantes para a coerência do seu texto. 
Em vista disso, devemos ter muito cuidado ao selecionar os conectivos que irão compor o texto, pois não é ade-
quado iniciar a conclusão de um texto com conectivo de oposição. Nesse caso, você vai se opor a tudo o que foi 
dito anteriormente. Isso vai comprometer o seu texto e pode levar a uma incoerência, ou seja, a uma falta de 
sentido. Por esse motivo, você deve fi car atento ao sentido de cada conectivo, lembrando que cada um deles 
funciona como um sinalizador dentro do seu texto.
Morfologia é o campo da gramática que cuida da classifi cação e formação das palavras. É 
classifi cada morfologicamente como verbo a palavra que expressa um processo inserido no 
tempo: “correr, ventar, ser, tornar-se, fi car”. Classifi cam-se como pronome as palavras que 
denotam ou se referem a seres, indicando-os no espaço ou no contexto (LUFT, 1997, p. 114-
116). (LUFT, 1978 p. 114-116)..
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Estudo Orientado - Comunicar e Expressar | Unidade de estudo 4 – Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
Funcionam como conectivos na língua: verbos de ligação, pronomes relativos, conjunções e preposições. 
Não pretendemos aqui focar muito nessa questão gramatical: cabe a nós ensiná-lo a identifi car esses termos na 
frase e utilizá-los na sua redação. Vamos ler mais uma vez o trecho exibido na Figura 4.4.
Figura 4.4 – Análise 3 
Vovó explicou que os tecidos eram retalhos das costuras 
que fazia e que iria fazer uma colcha de retalhos.
Legenda: Análise do excerto do texto “A Colcha de Retalhos”.
Fonte: Silva ([201?] s.p.).
Identifi cando os termos, temos:
• em amarelo - são conjunções, adicionando informações ao que já foi dito (vovó explicou que...e que...) 
ou completando o sentido de algo já enunciado (“Vovó explicou”, “O quê?”);
• em verde - é uma fl exão do verbo ser no passado (eu era, eles eram); veja que ele também liga dois ele-
mentos, basta perguntar: o que são esses tecidos? E a resposta será: os tecidos são retalhos. A palavra 
retalho está ligada diretamente à palavra tecido por meio do verbo. Em exemplo mais claro, se pensarmos 
na construção “professora bonita”, podemos imaginar que é possível ligar “bonita” à “professora” por 
meio do mesmo verbo: “A professora é bonita”;
• em azul - são preposições, conectivos que ligam apenas palavras de mesmo valor. Colcha, retalhos, cos-
turas. Veja que são substantivos comuns, que se ligam por meio da preposição de;
• em vermelho - apesar de ser representado pela mesma palavra (que), não se trata, nesse caso, de uma 
conjunção, mas de um pronome relativo. Esses pronomes específi cos referem-se a um termo anterior, 
dando mais coesão ao impedir sua repetição na frase. Vamos analisar aquele trecho com mais cuidado. 
Observe a Figura 4.5.
Figura 4.5 – Análise 4 
Os tecidos eram retalhos das costuras que (a vovó) fazia.
Os tecidos eram retalhos das costuras, mas somente das 
costuras que a vovó fazia.
Legenda: Excerto do texto “A Colcha de Retalhos”.
Fonte: Silva ([201?] s.p.).
Repare que a presença do pronome restringe de quais costuras estamos falando (as costuras da vovó), porém 
evita a repetição ocorrida na segunda frase.
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Estudo Orientado - Comunicar e Expressar | Unidade de estudo 4 – Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
Claro, existem muito mais conjunções, verbos, preposições e pronomes, os quais podemos utilizar para a coesão 
de nosso texto. Vamos analisar outro pequeno texto? Imagine que uma professora, após a aula, fez uma anotação 
sobre um aluno, durante a aula, em seu diário, conforme redigido na Figura 4.6.
Figura 4.6 - Texto do exemplo 2
Aluno sem caderno. Faltou ontem, veio hoje, período diurno. 
Esperávamos seus deveres. Não trouxe, não teve tempo.
Legenda: Exemplo de texto que não apresenta coesão.
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
Você já viu algum bilhete que apresentasse semelhança com esse? Você consegue compre-
endê-lo perfeitamente? Refl ita: o motivo de ser produzido dessa forma pode ter sido a pressa? 
Repare na ausência de qualquer elemento de conexão no bilhete. Há uma série de declarações acerca do mesmo 
tema, usando elementos que fazem referência ao aluno. Basta perguntar: Quem faltou ontem? Esperavam os 
deveres de quem? Quem não trouxe? A resposta será sempre a mesma: o aluno. Trata-se de um texto que possui 
sentido, de fato. Porém, não seria possível que o escrevêssemos de outra forma, utilizando os conectivos? Veja o 
mesmo texto na Figura 4.7, reescrito, e repare na diferença.
Figura 4.7 – Sugestão de adequação textual
O aluno sem caderno, que faltou ontem, veio hoje durante o 
período diurno. Esperávamos que trouxesse seus deveres. 
Porém, não trouxe a lição, pois não teve tempo de fazê-la.
Legenda: Sugestão de adequação ao texto analisado.
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
Assim, podemos compreender que a coesão é o uso dos elementos de conexão que estruturam a prática de 
coesão textual, essencial para a boa redação do seu texto. Usá-los não só melhora o sentido do texto, como esta-
belece uma leitura menos fragmentada e mais contínua.
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Estudo Orientado - Comunicar e Expressar | Unidade de estudo 4 – Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
Tente identifi car quais são os elementos de conexão empregados nessa segunda versão do 
texto. Em seguida, tente compará-los com os elementos que mostramos no texto anterior e 
veja qual a relação entre eles 
4.2. Coerência 
Vimos um texto que não possuía elementos de conexão, porém, era razoavelmente compreensível. Será que 
pode ocorrer o contrário? Há como criarmos um texto que não seja compreensível, mas que seja coeso?
Não é difícil ouvirmos por aí pessoas falando “se for me criticar, que tenha um mínimo de coerência!” ou “sua 
prática é incoerente com o que você diz!”, não é verdade? No entanto, nunca paramos para pensar exatamente 
o que isto signifi ca, pelo menos não quando se aplica a um texto. 
A coerência diz respeito à linha de raciocínio que guia o texto, ou seja, um texto que, além de bem estruturado, 
é bem desenvolvido, mostra uma clareza no pensamento, como dissemos anteriormente. Coesão e coerência 
andam lado a lado; esta, desenvolvendo a ideia que nos propomos a debater, aquela, cuidando das palavras que 
representarão essa ideia. Leia o texto da Figura 4.8 e tente identifi car: ele é coeso ou coerente?
Figura 4.8 - Texto do exemplo 3
Não há nada que eu possa fazer. Já estava errada, não era a 
mesma coisa que antes. Mas posso aceitar, é a mesma coisa 
que sempre, tentamos fazer a mesma coisa, eu e ela; ela era 
sempre igual e eu diferente, tentamos, tentamos mesmo, 
mas sabe, é difícil lidar, hoje mesmo nessa ligação estava 
pensando se não daria para fazermos alguma coisa, mas 
sabe, você não entende, meu cachorro era assim, agora vê só, 
até meu cachorro? Não dá pra entender, mas eu fiz minha 
escolha e ela também, enfim, é assim mesmo, no fim dá tudo 
certo, somos felizes pra sempre.
Legenda: Exemplo de texto a ser analisado na perspectiva da coerência.
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
É possível entender alguma informação signifi cativa desse texto? Talvez dizer que o narrador conhece uma 
mulher, apesar de não podermos afi rmar nada sobre sua relação com ela, e que ele possui um cachorro. Cabe a 
pergunta: qual o sentido do texto?
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Estudo Orientado - Comunicar e Expressar | Unidade de estudo 4 – Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
Trata-se de um texto incoerente, que não sustenta uma linha de raciocínio contínua, da qual possamos depre-
ender uma ideia e a partir desta construir uma reflexão. É uma deficiência na organização do pensamento, uma 
falha na construção das ideias.Podemos dizer que a coerência trata da saúde do texto. Na perspectiva de que o texto é um lugar de interação 
entre sujeitos, a incoerência seria um verdadeiro vírus da comunicação: impossível depreender-lhe o sentido, 
deixa de haver interação, logo, o texto falha em seu maior objetivo.
É possível dizer, ainda, que vários são os motivos da incoerência. É fácil encontrar diversos textos, principalmente 
nas redes sociais (e até mesmo em chats da web), que se tornam, no mínimo, complicados de ler por ausência 
de concordância, mau emprego de palavras, má conjugação verbal, ou até mesmo por problemas sociais, como 
alfabetização deficiente.
No entanto, há textos aparentemente incoerentes. Seria isso possível? Leia o texto da Figura 4.9.
Figura 4.9 - Texto do exemplo 4
Fui à Cachaçaria
Fui à Água Doce Cachaçaria e tomei uma cachaça da boa,
Mas tão boa que resolvi levar dez garrafas para casa, 
Mas Dona Patroa me obrigou a jogar tudo fora.
Peguei a primeira garrafa, bebi um copo e joguei o resto na pia.
Peguei a segunda garrafa, bebi outro copo e joguei o resto na pia.
Peguei a terceira garrafa, bebi o resto e joguei o copo na pia.
Peguei a quarta garrafa, bebi na pia e joguei o resto no copo.
Peguei o quinto copo, joguei a rolha na pia e bebi a garrafa.
Peguei a sexta pia, bebi a garrafa e joguei o copo no resto.
A sétima garrafa eu peguei no resto e bebi a pia.
Peguei no copo, bebi no resto e joguei a pia na oitava garrafa.
Joguei a nona pia no copo, peguei na garrafa e bebi o resto.
O décimo copo, eu peguei a garrafa no resto e me joguei na pia.
Não me lembro do que fiz com a Patroa!
Legenda: Trecho do texto “Fui à Cachaçaria”. 
Fonte: <http://contextosdetextos.blogspot.com.br/2012/03/fui-cachacaria.html>.
O que há de estranho com o texto? De forma humorística, até a quinta linha, o narrador mantém uma colocação 
coerente das palavras. No entanto, a partir desse ponto, o texto simplesmente parece ser incoerente, conforme 
exemplificado pela Figura 4.10.
Figura 4.10 - Texto do exemplo 5
O décimo copo, eu peguei a garrafa no rosto e me joguei na pia.
Legenda: O texto parece ser incoerente. 
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
Acontece que é necessário olhar todo o texto antes de afirmar sua incoerência. Repare que o narrador fala de 
uma bebida extremamente “boa”, isto é, forte. O humor do texto se dá, então, não por uma coerência formal, mas 
11
Estudo Orientado - Comunicar e Expressar | Unidade de estudo 4 – Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
pelo seu contexto: o narrador, sem dúvida, fi cou bêbado, não é? É sempre necessário saber o contexto em que 
ocorre o texto, ou melhor, a comunicação, pois uma palavra que, em determinado contexto possui um sentido, 
em outro pode signifi car outra coisa bem diferente.
 Aqui, no Brasil, chamamos o popular corte de barba que compreende queixo e bigode, de 
cavanhaque. Já em Portugal, chama-se este corte de “pêra”. Imagine, agora, dizer que quer 
fazer um cavanhaque em Portugal? .
4.3 Clareza, ambiguidade e correção gramatical
A coesão e a coerência são dois elementos do texto que nos auxiliam a construí-lo de forma efi caz. Até esta unidade, 
já compreendemos que texto vai bem além de simples frases, parágrafos ou, ainda, de construções gramaticais.
É claro, não menosprezamos a gramática, muito pelo contrário, seu ensino como adequação linguística aos dife-
rentes ambientes sociais é de fato necessário. Afi nal, quem nunca teve uma dúvida aqui e ali de gramática, não 
é? Tentaremos neste tópico fazer algumas refl exões acerca dessa ciência da língua. Até que ponto a gramática 
pode nos auxiliar na clareza de nosso texto?
 Já falamos aqui sobre variações linguísticas. No entanto, reiteramos que existe a valoriza-
ção de quem se comunica com uso mais frequente da norma culta da língua, existindo um 
desmerecimento da fala e do discurso que contém variações populares. Como essa variação 
linguística é representada na mídia? 
Para prosseguir nesta conversa, vamos ler o seguinte texto de Luis Fernando Veríssimo, na Figura 4.11. Pronto? 
Vamos!
Legenda: Um texto de Luis Fernando Veríssimo a ser analisado na perspectiva da coerência.
Fonte: Verissimo (2002, p. 77-78).
12
Estudo Orientado - Comunicar e Expressar | Unidade de estudo 4 – Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
Figura 4.11 - Texto de exemplo 6
Legenda: Texto de Luis Fernando Veríssimo a ser analisado na perspectiva da coerência.
Fonte: Veríssimo (2002, p. 77-78).
A ideia trazida por Luis Fernando Veríssimo é a de que a “intimidade com a gramática é dispensável” e que 
“sabendo as regras básicas, as outras são dispensáveis”. Você concorda com essa ideia?
Certamente, há um descontentamento visível por parte dos alunos em entender as várias nomenclaturas sintá-
ticas das orações. Porém, quando tratamos de textos de grande veiculação, é importante que saibamos utilizar 
algumas regras aqui já ditas, como flexão nominal e verbal, concordância e regência etc. Agora, observe o trecho 
da letra da música de Cazuza e Frejat (Figura 4.12) que ficou famosa na voz de Cássia Eller (Figura 4.13).
O gigolô das palavras
Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, desig-
nada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para apren-
der e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instru-
mento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia 
esta coluna, se descabelava diariamente com as suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportuni-
dade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da revisão! Culpa da revi-
são!”). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes 
a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Verissimo errado? Não. Então vamos em frente. 
Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusi-
vamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, 
as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, 
não necessariamente certo. Por exemplo: dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro, certo? O importante é 
comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que 
também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas 
mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. 
Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira 
de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português 
morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, 
certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas sozinha não diz nada, não 
tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura. Claro que eu não disse tudo isso para meus 
entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade 
com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas – isso eu disse – vejam vocês, a intimidade com a Gramática é 
tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô 
das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. 
Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não 
raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as,sem dúvida. E jamais me 
deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua 
família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenha também o mínimo escrúpulo em roubá-
-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssi-
mas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito. Um escritor que passasse a respeitar 
a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu 
plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. 
A palavra seria a sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas 
em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz 
de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda. 
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Estudo Orientado - Comunicar e Expressar | Unidade de estudo 4 – Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
Composta por Cazuza e Frejat, no final dos anos 1980, especialmente para Ângela Rô Rô, a música “Malandra-
gem” ficou conhecida nacionalmente na voz de Cássia Eller. Tornou-se sucesso na década de 1990 por sua letra 
considerada rebelde para os padrões femininos da sociedade daquela época. No entanto, quando se fala do uso 
de verbos, não é difícil encontrar críticas na internet sobre as conjugações na música. Acontece que, em dois 
trechos, destacados na Figura 4.14, nos quais deviam estar conjugados no modo subjuntivo os verbos ser e virar, 
estes se encontram no presente do indicativo e no pretérito perfeito, respectivamente.
Figura 4.14 - Excerto da letra da música Malandragem
Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
Quem sabe o príncipe virou um chato
Legenda: Excerto da música Malandragem a ser analisada na perspectiva da coerência. 
Fonte: Cazuza e Frejat (1988).
O uso do tempo verbal, de fato, justifica-se por indicar um condicionamento, uma possibilidade: “quem sabe eu 
seja, quem sabe eu tenha virado”. Será que se trata de um desconhecimento? 
A verdade é que aqui nos deparamos com uma licença poética, ou seja, o uso da melhor forma da palavra de 
acordo com preferências estilísticas de quem redige, ou ainda, por pura questão de melhor sonoridade.
Agora, retomando nossas considerações sobre texto e sobre a crônica de Luis Fernando Veríssimo, vamos refletir 
sobre uma declaração bem curiosa que ele propõe, na Figura 4.15.
Figura 4.12 – Texto de exemplo
Sou uma garotinha
Esperando o ônibus
Da escola, sozinha [...]
Quem sabe o príncipe
Virou um chato
Que vive dando
No meu saco
Quem sabe a vida
É não sonhar
Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança
E não conheço a verdade
Eu sou poeta
E não aprendi a amar
Quem sabe eu ainda sou
Uma garotinha!
Legenda: Música de Cazuza e Frejat que 
ficou famosa na voz de Cassia Eller. 
Fonte: Cazuza e Frejat (1988).
Figura 4.13 - Cantora Cassia Eller
Legenda: Foto de Cássia Eller. 
Fonte: Hermes (2001)..
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coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
Quadro 4.15 - Frase Luis Fernando Veríssimo
Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por 
exemplo: dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro, certo.
Legenda: Excerto da obra de Luis Fernando Veríssimo sobre a escrita coerente.
Fonte: Verissimo (2002, p. 77).
Considerações à parte sobre o jogo de palavras do cronista, a explicação é que “claro”, por ser um adjetivo, não 
poderia infl uenciar um verbo (escrever), pois este só permite ser modifi cado por um advérbio. A construção mais 
“correta” seria “claramente”, ou seja “escrever de maneira clara”. Porém, para além disso, tentemos aplicar este 
pensamento à música Malandragem que foi analisada: A música deixou de ser clara por sua conjugação verbal?
 Já falamos aqui sobre variações linguísticas. No entanto, reiteramos que existe a valoriza-
ção de quem se comunica com uso mais frequente da norma culta da língua, existindo um 
desmerecimento da fala e do discurso que contém variações populares. Como essa variação 
linguística é representada na mídia? 
Claramente a resposta é não, pois o todo está bem estruturado, coeso e coerente. No entanto, observe as frases 
que se seguem:
Figura 4.16 - Texto do exemplo 8
É proibido entrar na loja de boné.
Pedestres viram um homem passar pela janela.
Legenda: Exemplo de frases ambíguas.
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
Engraçadas para muita gente, trata-se de frases ambíguas, ou seja, construções que possuem duas leituras, e 
não conseguimos descobrir qual a construção mais correta, ou seja, qual a intenção do leitor ao usá-las. Clara-
mente devem ser evitadas, porém, mais que isso, cabe a pergunta: Como corrigi-las? Veja que aqui cabe um bom 
uso de gramática. Observe os ajustes apontados nas Figuras 4.17 e 4.18.
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coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
Figura 4.17 - Ajuste do texto de exemplo 8
Pedestres viram um homem passar pela janela.
Pela janela, pedestres viram um homem passar.
Legenda: Proposição de ajustes para evitar a ambiguidade encontrada anteriormente.
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
Talvez mudando um pouco a ordem da primeira frase, fi que mais claro o seu sentido.
Figura 4.18 - Outra possibilidade de ajuste do texto de exemplo 8
É proibido entrar na loja de boné.
É proibido entrar de boné na loja.
Legenda: Uma segunda proposta de ajuste para o exemplo de texto 8.
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
O que podemos concluir sobre o uso da gramática no texto é que seu conhecimento é essencial para uma boa 
produção e para, nas palavras de Veríssimo, “evitar vexames gritantes”. No entanto, a linguagem deve ser sempre 
clara na produção de um texto. 
Ninguém tem a obrigação de ser um Guimarães Rosa, ou um Machado de Assis em potencial, mas comunicar-se 
bem, para que todos possam compreendê-lo, é imprescindível.
 Suas difi culdades em escrita são em relação à gramática ou como discorrer sobre a ideia? 
Pense se o ensino da leitura de diversos tipos de texto não poderia auxiliar no ensino da gra-
mática. 
4.4 Produção textual e pensamento crítico 
Já que estamos colocando em pauta o para quê de toda nossa discussão, cabe relembrar a relação de texto com os 
aspectos contemporâneos da nossa sociedade. Com cada vez mais digitalização e globalização, urge a necessidade 
de um desenvolvimento humano que acompanhe – na mesma velocidade – o desenvolvimento tecnológico, isto é, os 
processos educacionais de alfabetização e letramento, principalmente, objetivar-se, não mais tendo um olhar que se 
encerra na sala de aula, mas que abre suas portas. 
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coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
Que ensine, ao básico, a prática da interrogação, isto é, analisar criticamente as bombas de conhecimento que nos 
rodeiam em todo momento.
Espera-se que o leitor critique, contradiga ou concorde com o aquilo que lê. Pensando dessa forma, observe um trecho 
da obra de Edgar Morin (Figura 4.19) “Os sete saberes necessários à educação do futuro”, citado na Figura 4.20.
.
 Você concorda com a afi rmação de Morin? O que você pensa sobre o desenfreado desenvol-
vimento tecnológico moderno? Trata-se de um texto que nos faz refl etir sobre a produção 
de conhecimento e ciência? Você consegue identifi car a crítica que Morin faz por meio de 
seu texto? 
Agora, leia o texto expressado pela Figura 4.21, que retrata um pouco da vida de José Datrino, conhecido como 
Profeta Gentileza:
Figura 4.19 - Edgar Morin
Legenda: Foto de Edgar Morin.
Fonte:<https://www.google.com.br/search?q=edgar+m
orin&espv=2&biw=1366&bih=613&site=webhp&sourc
e=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwj3o7Ss7bPRA
hXCGJAKHdxTAskQ_AUIBygC#q=edgar+morin&tbm=is
ch&tbs=sur:fmc&imgrc=WDFf_5kkmyAEyM%3A>.
Figura 4.20 - Trecho da obra de Edgar Morin
A civilização nascida no Ocidente, soltando 
suas amarras com o passado, acreditava 
dirigir-se para o futuro de progresso infinito, 
movido pelos avanços conjuntos da ciência, 
da razão, da história, da economia, da de-
mocracia. Entretanto, aprendemos com 
Hiroshima que a ciência era ambivalente; 
vimos a razão retroceder e o delírio stalinia-
no colocar a máscara da razão histórica; 
vimos que não havia leis da História que 
guiassem irresistivelmente em direção ao 
porvir radiante; vimos que em parte alguma 
o triunfo da democracia estava assegurado 
em definitivo; vimos que o desenvolvimento 
industrial podia causar danos à cultura e po-
luições mortais; vimos que a civilização do 
bem estar podia gerar ao mesmo tempo 
mal-estar. Se a modernidade é definida 
como fé incondicional no progresso, na tec-
nologia, na ciência, no desenvolvimento 
econômico, então esta modernidade está 
morta. 
Fonte: Morin (2000, p. 69).
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coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
Figura 4.21 - José Datrino, o poeta Gentileza
Se você for às ruas do Rio de Janeiro e perguntar por José Datrino, certamente, a imensa 
maioria dos cariocas não ligará o nome à pessoa. Mas experimente procurar pela história do 
Profeta Gentileza e, em troca, receberá dezenas de sorrisos e lembranças.
Nascido em uma família de 11 irmãos no interior de Cafelândia, São Paulo, desde menino 
Datrino se destacava por seu comportamento atípico para a idade (13 anos): fazia questão de 
espalhar na escola e aos amigos que “tinha uma missão na Terra”. 
Ele só viraria Profeta Gentileza anos depois, na década de 1960, depois do incêndio do 
Gran Circus Norte-Americano de Niterói (dezembro de 1961), no qual morreram mais de 500 
pessoas – a maioria, crianças. No Natal daquele ano, morando no Rio, Datrino disse ter 
ouvido “vozes astrais” e dirigiu-se ao terreno do circo para plantar um jardim sobre as cinzas. 
(...) Na década seguinte, Gentileza passou a percorrer as ruas da capital fluminense para levar 
sua palavra de amor, bondade e respeito ao próximo. Era assim em ônibus, praças, pontes, 
praias, calçadões e até nas apinhadas barcas da travessia Rio-Niterói. Nem todos entediam a 
mensagem do Profeta. Os mais exaltados o chamavam de “maluco”. Para estes, a resposta 
estava sempre na ponta da língua: “Sou maluco para te amar e louco para te salvar”.
Após uma rápida passagem por Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, Gentileza voltou ao 
Rio, nos anos de 1980, para dar início ao seu legado: em 56 pilastras do viaduto da Av. Brasil, 
entre o Cemitério do Caju e o Terminal Rodoviário do Rio de Janeiro, Gentileza preencheu 
muros com seus escritos sobre o mal-estar da civilização. Para uns textos proféticos, para 
outros, poesia, as mensagens em tons de azul, verde e amarelo nunca passaram 
despercebidas. Foram cantadas por músicos como Gonzaguinha e Marisa Monte, citadas em 
filmes, novelas e trabalhos acadêmicos.
O Profeta morreu em Mirandópolis, São Paulo, cidade de seus familiares, aos 79 anos, em 
1996. Mas seu legado só se expandiu. Em 2000, o professor do Departamento de Arte da 
Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador do Movimento Rio com Gentileza, 
Leonardo Guelman, lançou o livro Brasil: Tempo de Gentileza (Editora da Universidade 
Federal Fluminense). Em 2009, publicou Universo Gentileza (Ed. Mundo das Ideias). Em 
Mirandópolis, foi criada a primeira ONG da cidade: Gentileza Gera Gentileza, fundada por 
parentes e amigos do Profeta, e cuja missão é difundir educação e cultura em toda a região.
Em 2001, o Profeta foi homenageado na Sapucaí pela Escola de Samba Acadêmicos do 
Grande Rio, com direito a desfile de autoria de Joaozinho Trinta. No enredo, a mensagem 
principal do Profeta: “Gentileza gera gentileza, amor”.
Legenda: Matéria publicada no site Notícias Terra sobre o poeta Gentileza. 
Fonte: CONHEÇA... (2014, s. p.).
Veja que, mesmo após a morte de Gentileza, é sua palavra que perpetua, principalmente seus textos, que se 
mantém no local de produção. Transformou-se um símbolo cultural do Rio de Janeiro, Gentileza tornou-se mais 
que um peregrino, um símbolo de paz. O discurso do texto apresentado na Figura 4.22, da mesma maneira que 
o texto anterior, apresenta uma visão sobre a respeito da vida de Gentileza e por meio deste texto, podemos nos 
interessar mais por essa história de vida. Veja como o texto tem o poder de nos levar a diferentes perspectivas.
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Estudo Orientado - Comunicar e Expressar | Unidade de estudo 4 – Elementos textuais: coesão, 
coerência, clareza, concisão, correção gramatical e intertextualidade 
 Já tentou imaginar por que a maioria dos cientistas são chamados de loucos? Tente imagi-
nar agora Gentileza e faça a si a mesma pergunta. Ter lido o texto sobre a vida de Gentileza 
infl uenciou a maneira como você respondeu à pergunta sobre os cientistas? 
Apesar de simples, a ideia de Gentileza não é sem embasamento. Em sua obra, Morin já avisa que é necessário 
ensinar a compreensão humana como “missão espiritual da educação”. 
Lembremo-nos de que nenhuma técnica de comunicação, do telefone à Internet, traz por si 
mesma a compreensão. A compreensão não pode ser quantifi cada. Educar para compreender a 
matemática ou uma disciplina determinada é uma coisa; educar para a compreensão humana é 
outra. Nela encontra-se a missão propriamente espiritual da educação: ensinar a compreensão 
entre as pessoas como condição e garantia da solidariedade intelectual e moral da humanidade. 
(MORIN, 2001, p. 93).
Para além de Morin ou Gentileza, discursos dos mais diversos tipos é que preenchem as sociedades. Mais que 
modernidades, esses discursos atravessam a sociedade. 
É neles que vemos o poder da palavra propriamente dito: carregados de ideologia, somos bombardeados com 
todo o tipo de informação. 
A representação social que Gentileza possuiu (e possui) se fez por meio de seus discursos de paz, que abrem os 
olhos de quem os vê, levando à refl exão bem próxima da dita por Morin. 
No entanto, ao olharmos a história, como Morin diz, vemos diversos discursos que levam aos mais diferentes 
rumos, que não cabe a nós dizer se são bons ou ruins. Cabe-nos, somente, reafi rmar a importância da leitura 
desses discursos que nos servem como modelos de autoria discursiva.
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Considerações fi nais
Identifi car a coesão e a coerência nos textos nos auxilia a produzir textos 
adequados aos diferentes contextos de uso. Como estudamos nesta uni-
dade, outros elementos são fundamentais para uma boa produção tex-
tual, vamos retomar alguns pontos importantes:
• o texto, quando bem costurado, constitui-se em um lugar de interação, 
despertando e causando emoções;
• coesão é o nome que damos à união dos “retalhos” textuais, ou seja, é a 
maneira como ligamos nosso texto, palavra e palavra, frase e frase, ora-
ções, períodos, parágrafos;
• a coerência diz respeito à linha de raciocínio que guia o texto, ou seja, um 
texto que, além de bem estruturado, é bem desenvolvido, mostra uma 
clareza no pensamento;
• frases ambíguas são construções que possuem duas leituras, e não con-
seguimos descobrir qual a construção mais correta, isto é, qual a intenção 
de quem as redigiu ao usá-las;
• conectivos servem para ligar palavras e frases. Possuem a função de unir e 
de dar direcionamento e sentidos ao texto
Referências bibliográfi cas
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ANDRADE, M. M.; MEDEIROS, J. B. Comunicação em língua portuguesa. 
2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
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HERMES, M. Acústico MTV: Cássia Eller. 2001. Universal Music.
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LUFT, C. P. Ensino e aprendizado da língua materna. São Paulo: Globo, 
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VERISSIMO, L. F. O gigolô das palavras. In: VERISSIMO, L. F. O nariz e outras 
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