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Interpretação de Textos

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Prévia do material em texto

Aula 01 
 
INTRODUÇÃO COMPREENDER, INTERPRETAR E REESCREVER TEXTOS 
 
Domínio das Relações Morfossintáticas, 
Semânticas e Discursivas 
 
Tipos de Questões 
 
Três são os tipos mais comuns de questões e convém conhecê-los. 
 
1º Tipo: 
 
Comandos da questão: 
 
• Assinale V ou F, conforme julgue Verdadeira ou Falsa a informação: 
• Julgar os itens seguintes: 
• De acordo com o texto, pode-se afirmar: 
• As frases abaixo constituem seqüência lógica e coesa do enunciado seguinte: 
 
Seguindo-se as alternativas: 
 
(1) 
(2) 
(3) 
(4) 
(5) 
ou mais 
 
RESOLUÇÃO: 
 
Cada alternativa é independente das demais, podendo haver várias certas e várias 
erradas. Leia uma a uma e marque C ou E em cada, conforme a julgue certa ou 
errada. Pode também marcar V ou F, conforme a considere verdadeira ou falsa. 
Este tipo de questão você deve marcar com convicção, já que erradas anulam certas. 
 
2º Tipo: 
 
Comandos da questão: 
• Assinale a alternativa correta. 
• Assinale a alternativa incorreta. 
 
Seguindo-se as alternativas: 
 
a) 
b) 
c) 
d) 
e) 
Ou 
(1) 
(2) 
(3) 
(4) 
(5) 
 
1 
 
 
 
RESOLUÇÃO: 
 
Cada alternativa depende das demais porque só uma poderá ser escolhida. Duas ou 
três delas são absurdas. Elimine as absurdas, leia as demais e compare-as para 
descobrir em que são diferentes. Opte por uma. Na dúvida, pode marcar a que julgar 
mais coerente, caso não haja a afirmação de que erradas anulam certas. 
 
3º Tipo: 
 
Igual ao comando anterior, porém aparecendo seis alternativas: 
 
a) 
b) 
c) 
d) 
e) 
f) 
(1) 
(2) 
(3) 
(4) 
(5) 
(6) Desconheço a resposta correta ou Não sei. 
 
RESOLUÇÃO: 
 
Se você não sabe, responda a letra (f) ou o número (6), porque, com certeza, erradas 
anulam certas. 
 
Tipos de Enunciados 
 
Os enunciados pedem ao candidato: 
 
• identificar, reconhecer, apontar elementos importantes do texto; 
• comentar, emitir juízo ou opinião, com base nos conhecimentos da teoria da 
comunicação, ou nos conceitos que se espera tenha o aluno absorvido, no segundo ou 
terceiro grau; 
• interpretar ou reaplicar a(s) idéia(s) do texto a outro contexto; 
• identificar a(s) idéia(s) de causa e efeito e suas relações de subordinação ou 
coordenação; 
• analisar ou afirmar as idéias com base em argumentos explorados no texto; 
• comparar, descobrir semelhanças e dessemelhanças entre as partes de um texto ou 
entre dois ou mais textos; 
• resumir, identificar as idéias principais ou agrupá-las sinteticamente; 
• parafrasear, isto é, reescrever, com outras palavras, as mesmas idéias. 
 
Erros Clássicos 
 
Freqüentemente, o candidato é conduzido, pelos examinadores, a três tipos de erros: 
extrapolação, redução e contradição. Fuja deles! 
 
a) Extrapolação 
• dizer mais que o texto; 
• generalizar o que é particular. 
Exemplo: Os portugueses José, Antônio e Joaquim são simpáticos. 
 
2 
 
 
 
A questão diz: Os portugueses são simpáticos. 
RESOLUÇÃO: O texto diz que aqueles três portugueses são simpáticos. A questão diz 
que todos os portugueses são simpáticos. 
 
b) Redução 
• particularizar o que é geral; 
• ater-se apenas a uma parte, esquecendo outras(s) importante(s); 
• desprezar o contexto e entender uma parte com outro significado. 
Exemplo: O estudo dá prazer, por isso deve ser cultivado. 
A questão diz: Quando se estuda bem, o estudo dá prazer. 
RESOLUÇÃO: O texto diz que o estudo dá prazer e não condicionou isso a um 
determinado modo de estudar. 
 
c) Contradição 
• concluir contrariamente ao texto; 
• omitir passagens importantes para fugir ao sentido original. 
Exemplo: O homem, racional, quando sob o domínio do ódio, pode agir como um 
animal selvagem. 
A questão diz: O homem é racional, porque pode agir como um animal. 
RESOLUÇÃO: O texto diz que o homem, embora racional, pode agir como irracional. A 
questão diz que o homem é racional, porque pode agir como irracional. 
 
INTELECÇÃO E INTERPRETAÇÃO 
 
Intelecção: significa entendimento, compreensão. Os testes de intelecção ou 
entendimento exigem do candidato uma postura muito voltada para o que realmente 
está escrito. Os comandos enunciam-se assim: 
• O cronista sugere que... 
• O texto diz que... 
• Segundo o texto, é correto ou errado... 
• O narrador afirma que... 
 
Interpretação: significa explicar, comentar, julgar a intenção, tirar conclusão. Os testes 
de interpretação querem saber o que o candidato conclui sobre o que está escrito. Os 
comandos enunciam-se assim: 
• Da leitura do texto, infere-se que... 
• O texto permite deduzir que... 
• Com base no texto pode-se concluir que... 
• Qual a intenção do narrador, quando afirma que... 
 
3 
 
 
 
Postura do Candidato 
 
Normalmente, o candidato, no momento da prova, fica preocupado com o tempo, 
razão pela qual lê rapidamente o texto e vai direto às perguntas. Evite tal conduta. O 
tempo gasto com a leitura bem feita é compensado na hora de responder às questões. 
 
1) Leia duas vezes o texto. A primeira para ter a noção do assunto geral; a segunda 
para prestar atenção às partes de cada parágrafo ou cada estrofe. Lembre-se de que 
cada parágrafo desenvolve uma idéia. 
 
2) Leia duas vezes o comando da questão, para saber realmente o que está sendo 
pedido. 
 
3) Leia duas vezes cada alternativa para eliminar o que é absurdo. Geralmente, um 
terço das afirmativas o é. 
 
4) Durante a leitura, pode-se sublinhar o que for mais significante e/ou fazer 
observações à margem do texto. 
 
DICAS IMPORTANTES 
 
1. Se o comando pede a idéia principal (ou tema), esta, normalmente, situa-se no 
primeiro ou último parágrafo (introdução ou conclusão). 
 
2. Se o comando busca argumentação, esta se localiza nos parágrafos intermediários 
(desenvolvimento). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
Aula 02 
 
 
LENDO E REDIGINDO TEXTOS 
 
Ao interpretar textos, aproveite para redigir. Não queremos que você apenas resolva 
questões, assinalando as proposições que já vêm prontas. É necessário também 
trabalhar com as idéias que você elaborou a partir de sua compreensão dos textos. 
Tente fazer com que as conclusões de suas interpretações sejam elaboradas em forma, 
pelos menos, de pequenas redações. 
 
Nesse sentido, apresentamos as seguintes sugestões: 
 
• faça interpretação esquemática, retirando as idéias nucleares; 
• faça interpretação explicativa dessas idéias; 
• faça interpretação imaginativa ou criadora, supondo o sentido que o autor quis 
dar ao texto; 
• redija um pequeno comentário ou uma conclusão pessoal a partir das sugestões 
do texto. Você já estará dando um importante passo no tocante ao trabalho de 
produção textual; 
• utilize linguagem própria. Explore o seu léxico internalizado. 
 
Vamos começar? 
 
MÚSICA-TEXTO DE APOIO 
 
 QUEIXA 
 
Caetano Veloso 
 
 Um amor assim delicado 
 Você pega e despreza 
 Não o devia ter despertado 
 Ajoelha e não reza 
5 Dessa coisa que mete medo 
 Pela sua grandeza 
 Não sou o único culpado 
 Disso eu tenho certeza 
 Princesa 
10 Surpresa 
 Você me arrasou 
 Serpente 
 Nem sente que me envenenou 
 Senhora e agora 
15 Me diga aonde vou 
 Senhora 
 Serpente 
 Princesa 
 
 Um amor assim violento 
20 Quando torna-se mágoa 
 É o avesso de um sentimento 
5 
 
 
 Oceano sem água 
 Ondas: desejos de vingança 
 Nessa desnatureza 
25 Batem forte sem esperança 
 Contra a tua dureza 
 Princesa 
 Surpresa 
 Você me arrasou 
30 Serpente 
 Nem sente que me envenenou 
 Senhor e agora 
 Me diga aonde eu vou 
 Senhora 
35 Serpente 
 Princesa 
 
 Um amor assim delicado 
 Nenhum homem daria 
 Talvez tenha sido pecado 
40 Apostar na alegria 
 Você pensa que eu tenho tudo 
 E vazio me deixa 
 Mas Deus não quer que eu fiquemudo 
 E eu te grito essa queixa 
45 Princesa 
 Surpresa 
 Você me arrasou 
 Serpente 
 Nem sente que me envenenou 
50 Senhora e agora 
 Me diga aonde vou 
 Amiga 
 Me diga 
 
 
(Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, músico popular brasileiro. Um dos mais 
talentosos cantores e compositores do país, liderou com Gilberto Gil o movimento 
tropicalista na década de 1960.) 
 
Questões Propostas 
 
Interpretação: 
Com base na música-texto, julgue os itens a seguir. (Verifique o gabarito ao final desta 
lição). 
 
a) Há, no texto, uma expressão popular adaptada com a qual o poeta revela a não 
correspondência sentimental por parte da pessoa a quem se dirige. 
 
b) A “coisa” a que o poeta se refere no verso 5 é o amor. 
 
6 
 
 
 
c) O autor do texto utiliza substantivos ao final de cada movimento que expressam 
apenas duas imagens: a da mulher envolvente e sedutora e a da mulher delicada, bela 
e formosa. 
 
d) Não há antítese no texto apresentado. 
 
e) No segundo movimento da música-texto, existe um neologismo. 
 
f) No último movimento, o poeta retoma a imagem inicial do texto, autovalorizando-se. 
 
g) A palavra “pecado” (l. 39) se relaciona a sentimentos e estados negativos. 
 
h) O sentimento que sobrevive no fim do poema é a amizade. 
 
Redação: 
Utilizando os dados que você pôde retirar do texto, explique a razão pela qual o autor 
escolheu o título “Queixa” para caracterizar a canção. Procure expressar suas idéias 
com linguagem própria. 
 
DOMINANDO BASES CONCEITUAIS 
 
Ao responder às questões acima, você deparou com algumas dúvidas. Compreender 
um texto, de fato, não é fácil. Tal ação exige técnica. O item 2, por exemplo, evidencia 
apenas duas imagens expressas pelos substantivos, quando, na verdade, são três: 
Senhora (mulher orientadora, a quem o poeta respeita; Serpente (mulher envolvente e 
sedutora); Princesa (mulher delicada, bela e formosa). No item 6, a palavra destacada, 
“pecado”, é, no dia-a-dia, associada a sentimentos e estados negativos. No texto, 
porém, isso não acontece: “Talvez tenha sido pecado / Apostar na alegria”. 
 
Considerações importantes: 
 
Os concursos públicos e exames vestibulares apresentam questões que têm por 
finalidade a identificação do leitor autônomo. Por isso, não faltam situações que visam 
a verificar não só o conhecimento do sistema lingüístico, mas também o conhecimento 
dos mecanismos de estruturação do significado. Hoje, portanto, o candidato deve 
compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de necessitar de 
um bom léxico internalizado. 
 
É importante saber que texto, palavra de origem latina, significa “tecido”. Assim, é 
fundamental considerar que o texto não é um aglomerado de frases estanques, 
independentes umas das outras. 
 
As frases, na verdade, produzem significados diferentes de acordo com o contexto em 
que estão inseridas. Torna-se necessário sempre fazer o confronto entre todas as 
partes que compõem um texto. 
 
Além disso, é importante apreender o pronunciamento contido por trás do texto, já 
que este é sempre produzido para marcar uma postura ideológica frente a uma 
questão qualquer. 
 
 
7 
 
 
 
Os diversos órgãos responsáveis pela elaboração de concursos públicos e exames 
vestibulares seguem praticamente os mesmos procedimentos estratégicos. As provas 
de língua portuguesa são, literalmente, provas de interpretação de textos com a 
seguinte estrutura básica: 
 
• Questões de interpretação textual (elementos estruturais) 
• Questões de interpretação semântica (relações de sentido) 
• Questões de interpretação gramatical (níveis estruturais da língua) 
 
Observação: 
 
Vale ressaltar que todas as questões elaboradas estabelecem uma ligação estreita com 
o TEXTO. 
 
Como ler e entender o texto? 
Basicamente, o candidato deve ser conduzido a dois tipos de leitura: 
 
A informativa - requer a leitura seletiva, a identificação dentro de cada parágrafo da 
palavra-chave, além daquelas que estruturam as frases constituintes da base de 
informação. 
 
A interpretativa - A segunda requer o reconhecimento das capacidades de 
compreensão, análise e síntese das informações contidas no texto. 
 
I. Compreensão: capacidade de entender a mensagem literal contida em uma 
comunicação. As questões propostas versam, geralmente, sobre a tese defendida, a 
postura ideológica do autor, a idéia central do texto. 
 
II. Análise: capacidade de desdobrar o material em suas partes constitutivas, 
percebendo-se suas inter-relações e modos de organização. 
 
III. Síntese: capacidade de colocar em ordem os pensamentos essenciais do autor. 
 
Ao ler o texto, defina, portanto, dois campos importantes: 
 
I. Campo Semântico – Sublinhe sempre as palavras cujos significados, inicialmente, 
são desconhecidos. O contexto, muitas vezes, vai ajudá-lo a identificar os sinônimos 
de tais palavras. Tente buscar a acepção que melhor se coadune ao contexto. 
 
II. Campo Lexical – Em cada parágrafo, investigue qual a palavra-chave que constitui 
o núcleo da idéia apresentada pelo autor. Você estará definindo os Lexemas 
Essenciais, que são palavras ou expressões de significação mais importante naquele 
parágrafo. Uma vez definidos os lexemas, procure chegar a uma síntese, à palavra ou 
expressão que constitui o núcleo da tese defendida pelo autor durante todo o texto. 
Nesse momento, surge o Arquilexema. 
 
 
GABARITO: 
 
a) C - b) C - c) E - d) E - e) C - f) C - g) E - h) C 
 
8 
 
 
 
Aula 03 
 
PROCESSOS COESIVOS DE REFERÊNCIA 
ENTENDENDO OS MECANISMOS DE COESÃO E COERÊNCIA 
 
 
MÚSICA-TEXTO DE APOIO 
 
É PROIBIDO 
FUMAR 
 
 
 
(Roberto e 
Erasmo Carlos) 
 
 
 É proibido fumar 
 Diz o aviso que eu li 
 É proibido fumar 
 Pois o fogo pode pegar. 
 
5 Mas não adianta o aviso olhar 
 Pois a brasa que agora eu vou mandar 
 Nem bombeiro pode apagar. 
 
 Se pego uma garota 
 E canto uma canção 
10 E nela dou um beijo 
 Com empolgação 
 Do beijo faz faísca 
 E a turma toda grita 
 Que o fogo pode pegar. 
 
15 Nem bombeiro pode apagar 
 O beijo que eu dei nela assim 
 Nem bombeiro pode apagar 
 Garota pegou fogo em mim. 
 
 Sigo incendiando bem contente e feliz 
20 Nunca respeitando o aviso que diz 
 É proibido fumar. 
 
 
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos são cantores e compositores brasileiros. 
Comandaram, na década de 1960, ao lado da cantora Vanderléia, o movimento da 
Jovem Guarda e o programa de mesmo nome na TV Record. Líderes nas paradas de 
sucesso, atingiram fama nacional prolongada. Quero que vá tudo pro inferno (1965), 
Eu sou terrível (1967), Detalhes (1971), Emoções (1981) são alguns dos seus 
sucessos.) 
 
9 
 
 
 
Questão Proposta 
 
1. Com base na leitura da música-texto, julgue os itens. 
 
a) A letra da música “É proibido fumar” é motivada pelo trinômio uma garota / um 
beijo / uma canção. 
 
b) Predomina, no texto, a denotação. 
 
c) Os versos 20 e 21 sugerem o gosto de transgredir a interdição. 
 
d) No tocante à forma, haja vista a banalidade dos versos, é possível afirmar que as 
rimas estão ausentes. 
 
e) Os elementos coesivos pois (l. 4) e Mas (l. 5) remetem, respectivamente, às idéias 
de explicação e oposição. 
 
f) Os versos 2 e 5 apresentam a expressão o aviso. Caso o autor optasse por não a 
repetir, seria igualmente correto o emprego da expressão a advertência. 
 
g) Em “Nunca respeitando o aviso que diz” (l. 20), o elemento coesivo que retoma o 
antecedente “o aviso”. 
 
h) Em “E nela dou um beijo” (l. 10), o elemento destacado remete a “uma garota” (l. 
8). 
 
 
DOMINANDO BASES CONCEITUAIS 
 
A partir da leitura do texto e da resolução da questão proposta, você percebeu que 
todas as frases enunciadas mantêm um vínculo entre si. Percebeu, ainda, quedeterminados vocábulos retomam idéias anteriores ou são reforçados posteriormente. 
Manter os elos coesivos significa encaminhar o texto numa só direção. Para isso, é 
preciso saber usar com precisão os recursos de coesão e coerência. 
 
Qual a Relação Existente entre Coesão e Coerência? 
 
A coerência se relaciona com a linearidade do texto. Constitui, em linhas gerais, um 
princípio de interpretabilidade e compreensão do texto caracterizado por tudo de que o 
processo aí implicado possa depender. 
 
Dessa forma, a coerência se relaciona com a coesão do texto, uma vez que esta é 
entendida como a ligação, a relação, os nexos que se estabelecem entre os elementos 
que constituem o texto. Essa conexão pode ser sintática e gramatical, mas também 
semântica, pois, em diversos casos, os mecanismos coesivos se baseiam numa relação 
entre os significados de elementos do texto. 
 
10 
 
 
 
A seguir, apresentamos uma síntese dos principais mecanismos de coesão, divididos 
em duas grandes modalidades: coesão referencial e coesão seqüencial. 
 
1. Coesão referencial: estabelecida entre dois ou mais elementos do texto que 
remetem a um mesmo referente. Pode ser obtida por meio da substituição (anáforas, 
pronomes, verbos, elipses e outros) e da reiteração (epítetos, sinônimos, nomes 
genéricos, nominalizações, repetições e outros). 
 
2. Coesão seqüencial: obtida por meio da recorrência (paralelismos, paráfrases, 
aspectos fonológicos e outros). Nesse processo, é sempre importante garantir a 
manutenção temática e os encadeamentos, buscando os elementos lógicos e 
operadores da seqüência lingüística que constitui o texto. 
 
Vale ressaltar que, embora a coesão auxilie no estabelecimento da coerência, ela não é 
garantia de se obter um texto coerente. 
 
O mau uso dos elementos lingüísticos de coesão pode provocar incoerências pela 
violação de sua especificidade de uso e função. Observe: 
 
Sem dúvida, o texto deve apresentar seqüências lingüísticas coesas para que seja 
possível estabelecer um sentido global que as faça coerentes. 
 
Com o Texto Extra desta lição, Procuraremos entender, minuciosamente, os principais 
mecanismos dos quais estamos falando: 
 
GABARITO: 
 
a) C - b) E - c) C - d) E - e) C - f) C - g) C - h) C 
 
11 
 
 
 
Aula 04 
 
FAZENDO CONEXÕES 
LENDO E ENTENDENDO O TEXTO 
 
 
MÚSICA-TEXTO DE APOIO 
 
SE... 
 
Djavan 
 
 Você disse que não sabe se não 
 Mas também não tem certeza que sim 
 Quer saber? 
 Quando é assim 
5 Deixa vir do coração 
 Você sabe que eu só penso em você 
 Você diz que vive pensando em mim 
 Pode ser 
 Se é assim 
10 Você tem que largar a mão do não 
 Soltar essa louca, arder de paixão 
 Não há como doer para decidir 
 Só dizer sim ou não 
 Mas você adora um se... 
15 Eu levo a sério mas você disfarça 
 Você me diz à beça e eu nessa de horror 
 E me remete ao frio que vem lá do sul 
 Insiste em zero a zero e eu quero um a um 
 Sei lá o que te dá, não quer meu calor 
20 São Jorge por favor me empresta o dragão 
 Mais fácil aprender japonês em braile 
 Do que você decidir se dá ou não 
 
(Djavan Caetano Viana, músico popular brasileiro. Cantor e compositor nordestino. 
Seu trabalho se caracteriza por original tratamento rítmico e pela exploração poética 
da sonoridade das palavras. Meu bem querer, Oceano são alguns dos seus maiores 
sucessos.) 
 
12 
 
 
 
Questões Propostas 
 
1. Julgue os itens abaixo de acordo com a análise da música-texto. 
 
a) O título do poema remete-nos a uma circunstância que exprime condição a qual 
vem expressa pela conjunção. 
 
b) O título proposto por Djavan é uma referência direta à pessoa a quem o eu-poético 
fala. 
 
c) A pessoa a quem o poeta se refere possui as seguintes características: indecisa, 
dissimuladora, incoerente e convicta. 
 
d) Em “Você tem que largar a mão do não” (l. 10) temos linguagem com valor 
conotativo. 
 
e) Em “Sei lá o que te dá, não quer meu calor” (l. 19) a palavra sublinhada pode ser 
substituída por dragão, uma vez que existe afinidade semântica entre elas. 
 
f) O verso 20 permite entrever o desespero do eu-poético diante da indecisão da 
amada. 
 
g) No verso 21, há uma figura de palavra denominada hipérbole. 
 
 
2. Julgue os itens abaixo. 
 
a) A palavra que (l. 1) constitui um pronome relativo. 
 
b) A locução conjuntiva “mas também” (l. 2) apresenta o sentido de adversidade. 
 
c) No verso 4, temos uma conjunção subordinativa temporal. 
 
d) No verso 13, a conjunção exprime negação. 
 
e) A conjunção presente no verso 14 possui o mesmo valor semântico da que está no 
verso 2. 
 
f) A conjunção encontrada no verso 18 apresenta o valor de adição. 
 
g) No último verso, identificamos três idéias expressas pelas conjunções: comparação, 
condição e alternância. 
 
 
DOMINANDO BASES CONCEITUAIS 
 
Ao resolver a segunda questão proposta, você foi convidado a pensar sobre os 
conectores ou conectivos. Eles desempenham um papel importante nos contextos 
morfossintático e semântico de um texto e são responsáveis pela coesão de nosso 
pensamento. 
 
13 
 
 
 
Esses conectores – preposições, advérbios, pronomes relativos, conjunções, termos 
denotativos – precisam ser usados com precisão a fim de que os segmentos das frases 
fiquem bem ajustados. 
 
Valor Representativo: a terceira classe de palavras, pois, é a do conectivo – do latim 
conectere = unir, juntar – classe que depende inteiramente das outras duas (= do 
nome e do verbo). 
 
Conectivos, portanto, são partículas que representam no universo da linguagem as 
ligações existentes entre os elementos constitutivos do universo humano. 
 
Neste, basicamente há três tipos de ligações: 
 a que se estabelece entre dois seres (= ente, coisa ou fenômeno); 
 a que se estabelece entre um processo ou ação e um ser; 
 e a que se estabelece entre dois processos, ou ações. 
 
No universo da linguagem a ligação entre seres, isto é, nomes, é representada 
fundamentalmente pelo conectivo nominal: preposição; e a ligação entre processos, 
isto é, verbos, é representada também de modo fundamental pelo conectivo verbal: 
conjunção. 
 
Há outras possíveis, no entanto. O esquema global seria: 
 
1. Ligações entre dois nomes: 
 
a) Por subordinação de um nome ao outro, representadas por preposição – “O livro de 
Pedro.” 
 
b) Por coordenação de um nome ao outro, representadas pelas conjunções “e”, “ou” – 
“O cavalo e o cão”; “o menino ou a menina.” 
 
 
2. Ligações entre um verbo, ou oração, e um nome: 
 
a) Por subordinação do nome ao verbo, representadas pela preposição – “Olhou para 
mim”; “Fugiu do colégio”. 
 
b) Por subordinação do verbo ao nome, representadas pelo pronome relativo – “O 
homem que eu vi.” 
 
 
3. Ligações entre dois verbos, ou orações: 
 
Por coordenação ou subordinação, representadas por conjunções 
 
a) “Ele lutou mas não venceu” (coordenação); 
 
b) “Ele chegou quando a chuva caiu” (subordinada). 
 
 
 
14 
 
 
 
Valor Estilístico: a presença, ausência ou acúmulo de conectivos pode ter uma grande 
significação estilística. Assim, só o desvio da norma lingüística é que oferecerá 
interesse para a análise do conectivo, do ponto de vista literário. 
 
O que é um conectivo? 
 
Conectivo é uma designação genérica de diferentes vocábulos, invariáveis ou variáveis, 
que estabelecem ligação entre palavras, frases e entre palavras e frases. Abrange 
preposições, conjunções e pronomes relativos. 
 
1. Conetivos conjuntivos 
 
Assim como as preposições ligam duas outras palavras entre si, estabelecendo entre 
elas determinadas relações, as conjunções ligam orações ou termos com a mesma 
função sintática. 
 
Chama-se de conjunção o conectivo (palavra ou locução) que liga duas orações ou dois 
termos semelhantes da mesma oração. 
 
Isso pode ser feito por coordenação: 
 
 quandoas orações ou termos da oração são sintaticamente independentes, 
 ou por subordinação, quando uma das orações interligadas (a subordinada) 
depende da outra (a principal) para completar seu sentido. 
 
Há também as chamadas locuções conjuntivas, formadas pela partícula que precedida 
por advérbios, preposições ou particípios (antes que, desde que, dado que etc.). 
 
Vamos rever as aulas de gramática. 
 
As conjunções coordenativas dividem-se em cinco tipos: 
 
(1) aditivas, que expressam idéia de soma: 
“O trabalho gera riqueza e produz alegria.”; “Não hesitaremos nem desistiremos.” 
 
(2) adversativas, que relacionam elementos contrastantes: 
“Foi a Roma, mas não viu o papa.” 
 
(3) alternativas, que relacionam elementos excludentes: 
“Dinheiro demais ou é bênção ou maldição.”; “Quer queiras, quer não queiras, irás 
comigo.” 
 
(4) conclusivas, que exprimem idéia de conclusão: 
“Estudou bastante, logo deve ser aprovado.” 
 
(5) explicativas, que exprimem explicação, motivo: 
“Não vás, porque te arrependerás.” 
 
 
15 
 
 
 
A Nomenclatura Gramatical Brasileira reconhece dez tipos de conjunção subordinativa: 
 
(1) integrantes, que encabeçam orações que servem de sujeito, objeto, complemento 
nominal, predicativo ou aposto a outra: 
“É necessário que acabemos logo.”; “Não sei se isto é válido.” 
 
(2) causais, que justificam o exposto na oração anterior: 
“Os preços caíram porque cresceram as importações.”; “Por que não vais a ele, se é 
tão amigo teu?” 
 
(3) concessivas, que indicam um fato contrário à ação principal, mas insuficiente para 
anulá-la: 
“Insistiu em sair, embora fosse tarde.” 
 
(4) condicionais (se, caso, contanto que etc.), que põem a oração subordinada em 
relação de condição, hipótese ou suposição para com a principal: 
“Caso viaje, não poderei estar contigo.” 
 
(5) conformativas, que exprimem a conformidade da oração subordinada com a 
principal: 
“Esses dados, conforme já anunciado, são falsos.” 
 
(6) finais, que iniciam orações indicativas da finalidade da principal: 
“Fale baixo, para que Marta não acorde.” 
 
(7) proporcionais, que introduzem orações nas quais menciona-se na subordinada um 
fato realizado ou a realizar-se simultaneamente com o da principal: 
“À medida que a cidade crescer, mais difícil será resolver seus problemas.” 
 
(8) temporais, que iniciam uma oração subordinada indicadora de circunstância de 
tempo: 
“Quando estiveres irado, conta até dez.”; “Mal chegou, foi começando a gritar.” 
 
(9) comparativas, que ligam à principal uma subordinada que encerra comparação: 
“Nada é mais caro que a ignorância.” 
 
(10) consecutivas, que iniciam uma oração na qual se indica conseqüência do que foi 
declarado na anterior: 
“Trabalhe sério, de modo que o respeitem.” 
 
Em síntese, veja quais são os principais conectivos conjuntivos: 
 
Uma preocupação de quem lê e escreve é verificar se os conectores estão empregados 
com precisão. A toda hora estamos fazendo uso deles. Por isso, damos a seguir uma 
lista sucinta desses conectivos e suas respectivas funções. 
 
16 
 
 
 
1. Conjunções, locuções conjuntivas, preposições e locuções prepositivas: 
 
1. adição – e, nem, também, não só... mas também. 
2. alternância – ou... ou, quer... quer, seja... seja. 
3. causa – porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, por (+ infinitivo). 
4. conclusão – logo, portanto, pois. 
5. condição – se, caso, desde que, a não ser que, a menos que. 
6. comparação – como, assim como. 
7. conformidade – conforme, segundo. 
8. conseqüência – tão... que, tanto... que, de modo que, de sorte que, de forma que, 
de maneira que. 
9. explicação – pois, porque, porquanto. 
10. finalidade – para que, a fim de que, para (+ infinitivo). 
11. oposição – mas, porém, entretanto. 
12. proporção – à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos. 
13. tempo – quando, logo que, assim que, toda vez que, enquanto. 
14. concessão – embora, ainda que, conquanto, mesmo que, apesar de (+ infinitivo). 
 
 
2. Pronomes relativos: que – quem – cujo – onde 
 
Ao empregar um pronome relativo, devemos ter o seguinte cuidado: observar a 
palavra a que ele se refere para evitar erros de concordância verbal. 
 
Exemplos: 
 
a) Encontramos um bom número de pessoas que estavam reivindicando os mesmos 
direitos dos vinte funcionários vitoriosos. 
 
b) Os militares possuíam um foro particular que os livrava da submissão à Igreja. 
 
Ao empregar um pronome relativo, devemos ter o seguinte cuidado: > observar a 
palavra a que ele se refere para evitar erros de concordância verbal. Use a palavra 
“onde” somente se estiver fazendo referência a lugar. 
 
Exemplos: 
 
Errado: Tal fato aconteceu nos anos 80, onde a música era agente de transformação 
social. 
Correto: Tal fato aconteceu nos anos 80, quando a música era agente de 
transformação social. 
 
3. Termos de transição (entre períodos e parágrafos) 
 
Quando redigir, lembre-se de utilizar os operadores de seqüenciação adequados. Não 
deixe que as idéias fiquem soltas, como se tivessem sido registradas mecanicamente. 
Use expressões do tipo: Sendo assim, além desses elementos, a par dessas 
dificuldades, nesse sentido, nesse contexto, outros indicadores, vale ressaltar ainda, 
de um lado, de outro lado, (...). 
 
17 
 
 
 
Outros termos: 
 
1. afetividade: felizmente, queira Deus, pudera, oxalá, ainda bem (que). 
2. afirmação: com certeza, por certo, certamente, de fato. 
3. conclusão: em suma, em síntese, em resumo. 
4. conseqüência: assim, conseqüentemente, com efeito. 
5. continuação: além de, ainda por cima, bem como, também. 
6. dúvida: talvez, provavelmente, quiçá. 
7. ênfase: até, até mesmo, no mínimo, no máximo, só. 
8. exclusão: apenas, exceto, menos, salvo, só, somente, senão. 
9. explicação: a saber, isto é, por exemplo. 
10. inclusão: inclusive, também, mesmo, até. 
11. oposição: pelo contrário, ao contrário de. 
12. prioridade: em primeiro lugar, primeiramente, antes de tudo, acima de tudo, 
inicialmente. 
13. restrição: apenas, só, somente, unicamente. 
14. retificação: aliás, isto é, ou seja. 
15. tempo: antes, depois, então, já, posteriormente. 
 
GABARITO: 
 
1. a) C - b) C - c) E - d) C - e) E - f) C - g) C 
2. a) E - b) E - c) C - d) E - e) E - f) E - g) E 
 
18 
 
 
 
Aula 05 
 
RESUMINDO I 
DOMINANDO BASES CONCEITUAIS 
 
 
TEXTO DE APOIO 
 
• Observe o plano de estruturação do seguinte texto: 
 
[Imagens do nosso planeta: na França, aconteceram eleições dentro de uma perfeita 
calma, com a pitada de surpresa necessária para despertar o interesse. No mesmo dia, 
em Ruanda (África Negra), 5 mil ou talvez 8 mil hutus foram assassinados por 
soldados tutsis, essa mesma Ruanda que no ano passado assistiu a um genocídio 
traduzido em meio milhão de cadáveres. 
 
Ainda no mesmo dia, mas dessa vez na Itália, aconteceram eleições regionais, 
enquanto nos Estados Unidos se descobria, com ânsia de vômito, que a carnificina de 
Oklahoma City foi obra de americanos de verdade, patriotas, totalmente brancos, que 
amam as árvores e os pássaros. Finalmente em Tóquio, o número dois da seita Aum, 
Shinri Kyo, suspeito de ter organizado o atentado com gás de combate ao metrô de 
Tóquio, foi apunhalado por um fanático de extrema direita. 
 
É difícil para um jornalista descobrir suas âncoras e suas observações entre tantas 
imagens incompatíveis, cujo espectro abrange desde a rotina eleitoral à mais pura 
erupção de loucura coletiva. Devemos confessar que às vezes temos certos escrúpulos 
de dedicar extensos comentários a acontecimentos tão clássicos, simplistas e 
ordenados quanto as eleições presidenciais, por exemplo, ao mesmo tempo em que a 
demência do planeta nos faz assistir, de Tóquio a Michigan e a Ruanda, ao início do 
apocalipse. 
 
Esses acontecimentos tão díspares merecem, no entanto, uma interrogação comum. A 
cerimônia eleitoral tão terna, tão pouco romântica, ocorrida no domingo nãoextrairia 
seu mérito precisamente do abominável espetáculo que nos foi oferecido pelo mundo 
(Japão, Ruanda), quando a democracia não esteve presente para erradicar os impulsos 
da morte e de assassinato que devastam os homens e as sociedades humanas? 
 
Sem dúvida, a democracia não tem nada de cômico. Falta-lhe talento. Ela não 
conseguiria competir com o genial diretor teatral, trágico e sádico, que joga centenas 
de milhares de crianças perdidas nas suaves colinas da África tropical, em Ruanda. É 
verdade: falta brilho à democracia. Ela é aborrecida, sem imaginação, repetitiva, 
medíocre. E no entanto... 
 
[No entanto, ela constitui a última proteção, tão frágil e poderosa ao mesmo tempo, 
que as sociedades podem opor ao desencadear de suas pulsões mais sombrias, mais 
diabólicas. Pulsões que vemos se desencadear assim que saltam os marcos da 
democracia. 
 
19 
 
 
 
É o que ocorre em Ruanda, onde massacres se sucederam ao fracasso do pacto 
democrático. No Japão, o crime do metrô foi perpetrado por uma seita 
antidemocrática: militarizada, hierarquizada, fúnebre, secreta e mórbida. E se a 
matança de Oklahoma City foi cometida num país absolutamente democrático, os EUA, 
seus atores são homens que declararam guerra principalmente à democracia. Esses 
“bárbaros” brancos, que se autodenominam patriotas, querem voltar aos bons velhos 
tempos dos pioneiros, do desbravamento das fronteiras e em seu ódio irracional por 
Washington – quer dizer, pela lei democrática – matam centenas de cidadãos ao 
acaso.] 
 
Nesse sentido é que continua sendo, sem dúvida, legítimo escrever longos artigos 
sobre as eleições democráticas na França ou na Itália. Precisamente para tentar lutar 
contra essas outras notícias do dia que, de Ruanda a Michigan, só nos falam sobre o 
fascínio da morte. 
(Gilles Lapouge. O Estado de S. Paulo. 26/4/95, A8.) 
 
• Observe, agora, o plano de condensação: 
 
1ª parte (dois primeiros parágrafos) : concomitância de acontecimentos contraditórios 
no mundo: rotina eleitoral versus massacres e chacinas; 
 
2ª parte (terceiro parágrafo): escrúpulos do jornalista em tratar de acontecimentos 
não espetaculares, quando acontecimentos dramáticos ocorrem; 
 
3ª parte (quarto parágrafo): o mérito da rotina eleitoral surge do contraste com os 
impulsos da morte; 
 
4ª parte (quinto parágrafo): ausência de uma dimensão espetacular da democracia; 
 
5ª parte (sexto e sétimo parágrafos): democracia – última proteção contra as pulsões 
mais sombrias da sociedade, como o comprovam todos os casos de massacres e 
chacinas; 
 
6ª parte (oitavo parágrafo): validade de escrever artigos sobre eleições democráticas – 
luta contra as pulsões da morte. 
 
• Possível redação do resumo do texto: 
 
Acontecimentos contraditórios ocorrem todos dias no mundo: de um lado, eleições 
realizadas na mais absoluta ordem; de outro, massacres e atos terroristas. Um 
jornalista, diante desse quadro, sente escrúpulos em tratar de acontecimentos não 
dramáticos, como eleições. 
 
O mérito da rotina eleitoral, entretanto, surge do contraste com os acontecimentos que 
revelam os impulsos da morte. A democracia não tem uma dimensão espetacular. No 
entanto, é a última proteção contra as pulsões mais sombrias da sociedade, pois, como 
o comprovam recentes acontecimentos, massacres e atos de terror são devidos à falta 
de democracia ou ao ódio a ela. O que legitima, portanto, escrever artigos sobre 
eleições democráticas é que eles fazem parte da luta contra o desejo de matar. 
(Francisco Savioli e José Luiz Fiorin. Manual do candidato/Português. Brasília, Funag, 
1995, p. 214.) 
20 
 
 
 
Distorções conceituais sobre o resumo: 
 
a) Não é um plano, um esquema de notas dispostas em ordem e redigido 
telegraficamente, ou seja, a partir de palavras-chave. 
 
b) Não é uma colagem de fragmentos do texto original, um mosaico de frases ou 
expressões do autor, uma montagem de citações do texto a ser resumido, uma 
justaposição de trechos do original. Não reproduza frases inteiras ou segmentos de 
frases, ainda mais sem aspas. 
 
c) Não constitui uma redução mecânica do texto original. Não se deve construir um 
resumo com tantos parágrafos quantos forem os do texto original. Embora a ABNT 
recomende a redação do resumo em um só parágrafo, não existe tal obrigatoriedade. 
O plano de estruturação do texto original é que vai determinar o plano de 
condensação. 
 
d) Não é um comentário, nem um julgamento de valor. É imprescindível que haja 
submissão ao pensamento do autor, fidelidade ao sentido do texto original. Não se 
pode fazer objeções, nem críticas. Por isso, evite expressões do tipo: “No texto lido, o 
autor comenta...”. 
 
e) Não é uma análise, em que se explica o que o objetivo do autor, o modo de 
argumentação, a forma de divisão ou estruturação de idéias, etc. 
 
Concepções corretas acerca do resumo: 
 
a) É um texto redigido com períodos completos que sintetizam, numa determinada 
proporção, um texto mais longo, sem acrescentar-lhe nenhum dado pessoal, e cuja 
articulação corresponde à organização geral do texto original. Nos concursos, 
recomenda-se, em geral, que o tamanho do resumo corresponda a ¼ da extensão do 
texto a ser condensado. 
 
b) É uma condensação que evidencia o entendimento do texto e isso só se demonstra 
por meio de uma formulação pessoal. Apresentam-se, com suas próprias palavras, os 
pontos relevantes do texto. 
 
c) É uma redução do texto original, procurando captar suas idéias essenciais na 
progressão e no encadeamento que aparecem no texto. Por isso, para resumir é 
preciso estar atento a três aspectos do texto: suas partes, sua progressão, a conexão 
entre elas. 
 
d) É um texto com características do texto dissertativo. Isso significa que o resumo de 
uma narração não será redigido como uma pequena narração, mas como a explicitação 
do assunto nela tratado. 
 
21 
 
 
 
Passos para a elaboração de um bom resumo: 
 
1. Primeira leitura: ler o texto inteiro, unindo cuidadosamente os parágrafos afins 
(Rever o texto apresentado e a utilização dos colchetes). 
 
2. Segunda leitura: agora com interrupções, definir o campo lexical e o significado de 
palavras desconhecidas. Dar atenção também às palavras coesivas, isto é, àquelas que 
estabelecem conexões ou retomam o que foi fito (por exemplo, assim, mas, por 
conseguinte, seu, isso, ele, aqui). Ao verificar as conexões entre as partes, percebe-se 
o movimento do texto, sua progressão, o encadeamento das idéias. 
 
3. Segmentação: dividir o texto em unidades temáticas. Encontrar a divisão mais 
adequada do texto. 
 
4. Redação: fazer a redação final com suas próprias palavras. Nela, apresentam-se os 
temas de cada parte, encadeados na progressão em que aparecem no texto, 
respeitando-se as relações estabelecidas entre eles no texto. Cuidado com os períodos 
longos demais. 
 
5. Recomendação: quando condensar um texto longo (solicitação da maioria das 
bancas elaboradoras de concursos), estruturar o resumo em parágrafos – respeitando-
se as orientações acima. Eles deixam entrever o plano da condensação realizada. 
 
 
22 
 
 
 
Aula 06 
 
RESUMINDO II 
 
Seguindo as orientações e os passos apresentados neste capítulo, redija um bom 
resumo para o texto a seguir: 
 
Estamos à margem da lei? 
 
A descoberta de uma quadrilha de bandidos travestidos de fiscais na Administração 
Regional de Pinheiros, bairro da zona sudoeste de São Paulo, não deve ter 
surpreendido ninguém. Qualquer pessoa que tenha precisado podar uma árvore 
ameaçadora, retirar entulho, fazer uma pequena reforma ou algo do gênero nessa 
região já terá experimentado o peso da burocracia organizada para criar dificuldades 
com o objetivo de vender facilidades. 
 
Era corrente a idéia de que não adiantava reclamar de bares ruidosos, restaurantes 
funcionando em locais impróprios ou construções irregulares. O alerta dos cidadãos só 
ajudava os fiscais a localizar novas fontes de renda para si mesmos. E o interesse da 
cidade? Ora, o interesseda cidade... Não espanta a existência da quadrilha, mas a 
tranqüilidade com que funcionava, com o beneplácito do Executivo e do Legislativo, o 
apoio de maus cidadãos (sim, pois não há corruptos sem corruptores) e a conivência 
da população, que via a região se deteriorando e achava que as coisas eram “assim 
mesmo”. 
 
Os fatos são graves, muito graves mesmo. A ocupação indiscriminada do solo e a sua 
impermeabilização, com vistas apenas a interesses comerciais imediatos, implicam a 
destruição da já rara área verde que a região possui, com graves conseqüências sobre 
a vida urbana, como o transbordamento dos córregos (já que a água não tem como se 
infiltrar no solo) e a piora do trânsito e de nossa já não tão excepcional qualidade de 
vida. A abertura de barzinhos em locais proibidos prejudica o sono e a segurança da 
vizinhança, levando para áreas residenciais boêmios e arruaceiros, além de ocupar 
calçadas e até partes da rua com cones, filas duplas e tudo o mais. Ingênuos os que 
achavam que a prefeitura, por ter poucos fiscais, não tinha como atacar o problema. 
Ele era atacado, mas em proveito de gangues organizadas exatamente por quem 
deveria lutar contra irregularidades. 
 
Mas há um aspecto que talvez seja o mais grave: o fracasso do Estado exatamente 
numa das áreas em que sua atuação é insubstituível. Na verdade, a corrupção faz com 
que os agentes do governo (no caso, os fiscais), que deveriam ter por função apenas 
executar as leis (supostamente inspiradas pelo povo e criadas pelo Legislativo), tomem 
a si o direito de criar seus próprios regulamentos, aplicá-los e tirar proveito pessoal 
dessa aplicação. É como se houvesse uma lei “para inglês ver” e outra para valer. É só 
perguntar às centenas de comerciantes que pagavam propina qual poder eles 
respeitavam. 
 
23 
 
 
 
Infelizmente, o caso dos fiscais não é isolado. Arrancar recibo de certos dentistas e 
médicos é quase tão difícil quanto receber uma nota fiscal de muitas lojas. Máquinas 
registradoras que não emitem cupons fiscais, só boletos de “controle interno”, são 
comuns, e é freqüente o pedido de uma nota fiscal ser recebido com expressão de ódio 
mortal por parte do comerciante. Esse sentimento de impunidade só pode se escudar 
numa (digamos assim) colaboração estreita com aqueles que teriam por função fazer 
cumprir a lei. 
 
Isso vale, é claro, para “colaborações” em esferas mais elevadas. Não consigo achar 
que seja menos do que um escândalo a apropriação indébita do INSS do empregado, 
descontado da folha de pagamento e não recolhido pelo empregador. Vez por outra 
saem listas dos maiores devedores, muitos dos quais empresas da área de 
comunicação, e não posso deixar de imaginar qual seria a contrapartida exigida pelos 
“bondosos” governantes pelo perdão informal das dívidas. É, mais uma vez, o 
funcionário de governo extrapolando suas funções, corporificando todos os poderes, 
arrogando-se poderes imperiais, como se a Revolução Francesa não tivesse existido 
para nada. 
 
De resto, ainda somos um país que tem leis escritas que “não pegam” e leis não-
escritas que já pegaram. Legislar para o nada é inócuo, na melhor das hipóteses. E, na 
prática, sempre há algum agente fazendo algum tipo de lei funcionar. Bom exemplo é 
o de estupradores (ou supostos estupradores) encarcerados. Por mais desprezo que se 
possa sentir por eles, não é aceitável que sejam postos numa cela com a 
recomendação dos carcereiros para que sejam sodomizados pelos companheiros, como 
punição pelo seu ato. Aqui, temos carcereiros julgando e condenados executando a lei. 
Ora, sejamos sérios. Ou os legisladores assumem que somos trogloditas e colocam a 
sodomização como pena para o estupro ou façamos cumprir a lei. Para todos. 
 
(Jaime Pinsky, 59, historiador e editor, doutor e livre-docente pela Universidade de 
São Paulo, é professor titular do Departamento de História da Unicamp (Universidade 
Estadual de Campinas) e autor de “Cidadania e Educação”, entre outros livros. E-mail: 
pinsky@ruralsp.com.br) 
 
24 
 
 
 
Aula 07 
 
PARAFRASEANDO I 
Lendo e entendendo o texto 
 
 
MÚSICA-TEXTO DE APOIO 
 
PRA NÃO 
DIZER QUE 
NÃO FALEI DAS 
FLORES 
 
 
Geraldo Vandré 
 
 
 
 Caminhando e cantando e seguindo a canção 
 Somos todos iguais, braços dados ou não 
 Nas escolas, nas ruas, campos, construções 
 Caminhando e cantando e seguindo a canção. 
 
5 Vem, vamos embora que esperar não é saber 
 Quem sabe faz a hora, não espera acontecer 
 Vem, vamos embora que esperar não é saber 
 Quem sabe faz a hora não espera acontecer. 
 
 Pelos campos há fome em grandes plantações 
10 Pelas ruas marchando indecisos cordões 
 Ainda fazem da flor seu mais forte refrão 
 E acreditam nas flores vencendo o canhão. 
 
 Há soldados armados, amados ou não 
 Quase todos perdidos de armas na mão 
15 Nos quartéis lhes ensinam antigas lições 
 De morrer pela pátria e viver sem razão. 
 
 Nas escolas, nas ruas, campos, construções 
 Somos todos soldados, armados ou não 
 Caminhando e cantando e seguindo a canção 
20 Somos todos iguais, braços dados ou não. 
 
 Os amores na mente, as flores no chão 
 A certeza na frente, a história na mão 
 Caminhando e cantando e seguindo a canção 
 Aprendendo e ensinando uma nova lição. 
 
 
(Vandré – Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, músico brasileiro. Compositor de músicas 
ditas de protesto, muito popular na época dos festivais da canção, na década de 1960. 
Porta-estandarte (1965), Disparada (1966), Pra não dizer que não falei de flores 
(1968) constituem alguns dos seus maiores sucessos.) 
 
25 
 
 
 
Questão Proposta 
 
1. Julgue os itens a seguir. 
 
a) “Caminhando” constitui uma canção brasileira de protesto. 
 
b) Pela sua estrutura formal, “Caminhando” constitui um soneto. 
 
c) Considerando a metrificação e a cadeia sonora do texto, é possível dizer que este 
lembra uma marcha entoando em ritmo lento os versos com acento contínuo na 
terceira sílaba: “caminhando e cantando e seguindo a canção.” 
 
d) O propósito de Geraldo Vandré era fazer um canto pessoal, inexistindo, portanto, 
marcas do coletivo no discurso. 
 
e) Com os versos “esperar não é saber / não espera acontecer”, deve-se observar que 
a canção presentifica o tempo. 
 
f) A última estrofe deixa transparecer sentimentos de amor, revolta, ousadia e 
arrefecimento de ânimos. 
 
g) Reescrevendo o verso 9, sem alterar-lhe o sentido primeiro, obtém-se: “Pelos 
campos existe fome em grandes plantações.” 
 
h) O verso 15 pode ser reescrito da seguinte maneira: “Nos quartéis nos ensinam 
ultrapassadas lições”, sem alteração do sentido original. 
 
i) Uma outra possibilidade de reescritura do verso 15, sem alterar-lhe o sentido 
primitivo, é: “Antigas lições são ensinadas a eles nos quartéis.” 
 
Dominando bases conceituais 
 
Você notou, com base na resolução dos últimos itens da questão proposta, que a 
língua possui uma série de recursos lingüísticos que permitem dizer a mesma 
mensagem com estruturas diferentes. O ponto de partida é sempre o texto-fonte. 
Esses recursos constituem uma forma de intertextualidade que denominamos 
PARÁFRASE. 
 
A paráfrase contribui para o aprimoramento do vocabulário e proporciona inúmeras 
oportunidades de reestruturação de frases, considerando as múltiplas possibilidades 
combinatórias da nossa língua. 
 
Dessa forma, a paráfrase corresponde a uma espécie de tradução dentro da própria 
língua, em que se diz, de maneira mais clara, num texto B o que contém um texto A, 
sem comentários marginais, sem nada acrescentar e sem nada omitir do que seja 
essencial, tudo feito com outros torneios de frase e, tanto quanto possível, com outras 
palavras, e de tal forma que a nova versão – o que pode ser sucinta sem deixar de ser 
fiel – evidencie o pleno entendimento do texto original. 
 
Em síntese,PARÁFRASE é a reescritura do texto, mantendo-se o sentido original, 
primeiro. 
26 
 
 
 
Vejamos, portanto, algumas dessas possibilidades combinatórias da nossa língua: 
 
1) Substituição lexical (relações de sinonímia): 
 A. Embora falasse a verdade, ninguém acreditou em seu discurso. 
 B. Conquanto falasse a verdade, ninguém acreditou em seu discurso. 
 
2) Inversão dos termos da oração ou das orações do período: 
 
I - A. Grande parte de nossas vidas transcorre em locais de trabalho. 
 B. Em locais de trabalho, grande parte de nossas vidas transcorre. 
 
II - A. Irei ao Japão quando me formar. 
 B. Quando me formar, irei ao Japão. 
 
 
3) Transposição da voz ativa para a voz passiva e vice-versa: 
 A. Ele elogiou a obra literária. 
 B. A obra literária foi elogiada por ele. 
 
4) Transposição do discurso direto para o discurso indireto e vice-versa: 
 A. O padre confessou: 
 – Estou muito doente. 
 B. O padre confessou que estava muito doente. 
 
Na passagem do discurso direto para o indireto ou vice-versa, observe as seguintes 
transformações: 
 
a) discurso direto: primeira pessoa 
 Eles indagaram: – O que devemos resgatar? 
 Discurso indireto: terceira pessoa 
 Eles indagaram o que deviam resgatar. 
 
b) discurso direto: imperativo 
 O chefe ordenou: – Redijam o relatório. 
 Discurso indireto: pretérito imperfeito do subjuntivo 
 O chefe ordenou que redigíssemos o exercício. 
 
c) discurso direto: futuro do presente 
 O médico explicou: – Com o exame, a criança ficará curada. 
 Discurso indireto: futuro do pretérito 
 O médico explicou que, com o medicamento, a criança ficaria curada. 
 
d) discurso direto: presente do indicativo 
 Gudestéia me perguntou: – A quem devo informar o problema? 
 Discurso indireto: pretérito imperfeito do indicativo 
 Gudestéia me perguntou a quem devia informar o problema. 
 
e) discurso direto: pretérito perfeito 
 Abigail disse: – Estive no STF e falei com o presidente. 
 Discurso indireto: pretérito mais-que-perfeito 
 Abigail disse que estivera no STF e falara com o presidente. 
27 
 
 
 
5) Substituição da oração adverbial, substantiva ou adjetiva pelas classes gramaticais 
correspondentes ou vice-versa: 
 
I - A. A moça escorregou porque ventava. (oração adverbial causal) 
 B. A moça escorregou por causa do vento. (locução adverbial causal) 
 
 II - A. Desejo que você silencie. (oração substantiva) 
 B. Desejo o seu silêncio. (substantivo) 
 
III - A. Ela é uma pessoa que tem convicções. (oração adjetiva) 
 B. Ela é uma pessoa convicta. (adjetivo) 
 
6) Substituição de orações desenvolvidas por reduzidas ou vice-versa: 
 
A. É importante que o trabalho seja prosseguido. (oração desenvolvida) 
B. É importante prosseguir o trabalho. (oração reduzida) 
 
GABARITO: 
 
a) C - b) E - c) C - d) E - e) C - f) E - g) C - h) E - i) C 
 
 
 
28 
 
 
 
Aula 08 
 
SIGNIFICADO 
CONTEXTUALIZANDO A PALAVRA: 
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO 
 
 
MÚSICA-TEXTO DE APOIO 
 
METÁFORA 
 
 
GILBERTO GIL 
 
 
 Uma lata existe para conter algo, 
 Mas quando o poeta diz lata 
 Pode estar querendo dizer o incontível 
 
 Uma meta existe para ser um alvo, 
5 Mas quando o poeta diz meta 
 Pode estar querendo dizer o inatingível 
 
 Por isso não se meta a exigir do poeta 
 Que determine o conteúdo em sua lata 
 Na lata do poeta tudo-nada cabe, 
10 Pois ao poeta cabe fazer 
 Com que na Lata venha caber 
 O incabível 
 Deixe a meta do poeta, não discuta, 
 Deixe a sua meta fora da disputa 
15 Meta dentro e fora, lata absoluta 
 Deixe-a simplesmente metáfora 
 
(Gilberto Gil, cantor e compositor baiano. Em 1967, com as músicas Domingo no 
parque – de sua autoria – e Alegria, alegria – de Caetano Veloso – inaugurou o 
tropicalismo na música popular brasileira. Em 1968, Gil e Caetano gravaram o famoso 
disco Tropicália. Perseguido pela ditadura militar, Gilberto Gil mudou-se para Londres 
em 1969 e, como despedida, compôs Aquele abraço. De volta ao país em fevereiro de 
1972, lançou o disco Expresso 2222. Quatro anos depois, gravou Doces bárbaros com 
Caetano Veloso, Maria Betânia e Gal Costa.) 
 
29 
 
 
 
1. Com base na música-texto. 
 
a) O que caracteriza o texto de Gilberto Gil, enquanto poético, é o fato de, ao mesmo 
tempo que se refere à ambigüidade das palavras, cria essa ambigüidade no seu 
interior. 
 
b) Predomina, no texto, a linguagem com valor conotativo, ou seja, figurado. 
 
c) Nos versos 9 e 15, a ambigüidade está ausente. 
 
d) O verso 14 evidencia um jogo de palavras que recupera o título do poema. 
 
e) Os versos de 10 a 12 revelam que o poeta, ao jogar com a linguagem, leva o leitor 
a uma desautomatização. 
 
f) No verso 11, a palavra “Lata” foi grafada com maiúscula porque está presente no 
penúltimo verso da maior estrofe do poema. 
 
g) No verso 4, a palavra meta significa objetivo. 
 
h) No verso 7, a palavra meta significa almejar. 
 
i) No verso 15, a palavra meta significa colocar. 
 
DOMINANDO BASES CONCEITUAIS 
 
a) Forma e Significado 
 
Há muitos candidatos que, ainda, entendem o estudo da língua como conjunto de 
instruções programadas no cérebro. Sabemos, porém, que precisamos transcender tal 
realidade. Todos os componentes fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos 
devem ser explicitados, articulados, contextualizados. 
 
Dessa maneira, é importante saber que as unidades lingüísticas apresentam dois 
aspectos fundamentais: 
a FORMA (ou “significante”) e o SIGNIFICADO. 
 
Portanto, uma unidade como a palavra LATA pode ser estudada do ponto de vista 
formal: sua pronúncia, sua composição e classificação morfológica e seu 
comportamento sintático. Por outro lado, a mesma palavra LATA pode ser estudada do 
ponto de vista semântico, isto é, do significado. 
 
Vale ressaltar que os dois aspectos, o formal e o semântico, estão presentes na 
palavra LATA, mas precisam ser separados na descrição, pois a relação que existe 
entre as formas gramaticais e os significados que elas veiculam é extremamente 
complexa. 
 
Tudo depende do CONTEXTO. Por isso, hoje as provas de concursos públicos e exames 
vestibulares priorizam o TEXTO, visando a perceber a capacidade de raciocínio lógico 
do candidato. 
 
30 
 
 
 
A descrição de uma língua deve ser entendida como composta essencialmente de três 
componentes: 
 
1. descrição formal (fonologia, morfologia, sintaxe); 
2. descrição semântica (relação de sentido); 
3. interpretação semântica (articulação dos dois primeiros componentes). 
 
Observe os exemplos: 
 
A. Meu filho detesta berinjela. 
B. Meu filho não gosta de berinjela. 
(Propriedades formais diferentes / aproximação semântica). 
 
C. Esta é a mulher mais bonita de Campo Grande. 
D. Esta é a poesia mais bonita de Cecília Meireles. 
(Propriedades formais iguais / evidentes diferenças semânticas) 
 
Os exemplos mais complexos – e que surpreendem os candidatos desavisados – são 
aqueles em que uma diferença formal corresponde a uma diferença semântica. 
 
b) Denotação e Conotação 
 
Observe, agora, como Carlos Drummond articula forma e significado. 
 
Carlos 
Drummond 
 
No meio do caminho tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
tinha uma pedra 
no meio do caminho tinha uma pedra. 
Nunca me esquecerei desse acontecimento 
na vida de minhas retinas tão fatigadas. 
Nunca me esquecerei que no meio do caminho 
tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
No meio do caminho tinha uma pedra. 
 
 
A partir da leitura do texto acima, surgem alguns questionamentos: qual o real 
significado dessa “pedra” e desse “caminho”? Centenas de interpretações já foram 
construídasna tentativa de desvendar o poema. 
 
Serão obstáculos à ação do homem? Será o enigma da existência? Ou o poema 
registra apenas signos reais? O caminho seria simplesmente um caminho, por onde ia 
o poeta quando deparou com aquela pedra obstruindo-lhe a passagem? 
 
Diante da reflexão existencial que caracteriza a poesia drummondiana é, no entanto, 
difícil não sentirmos naquele “caminho” e naquela “pedra” densos signos metafóricos 
carregados de significações ocultas. O que importa, afinal, é que o poema continua 
vivendo, entregue a cada um de nós, oferecendo a cada um o que quisermos encontrar 
nele. 
31 
 
 
 
Entre a “pedra” e os possíveis “obstáculos da vida” sente-se a implacável resistência 
contra a qual todos os esforços são inúteis. 
 
A linguagem conotativa configura-se a partir de uma associação de caráter semântico, 
isto é, o termo real é expresso por um termo ideal a ele relacionado por determinada 
significação. É o que acontece com o poema de Drummond, em que a “pedra” – pela 
sua dureza, irredutibilidade e situação de “obstáculo” ao caminhar livre (denotação) – 
é logo associada à significação de uma vida frustradora, dura e cheia de poréns à livre 
realização do homem (conotação). 
 
Vamos entender bem esses dois conceitos. 
 
A conotação é conhecida como linguagem figurada, plurívoca, translata, aquela que faz 
uso de todo o arsenal retórico de que a língua dispõe como forma de expressão. 
 
Há nuvens negras na economia brasileira. 
 
Houve, aqui, a associação por similaridade: nuvens negras/tempestade/ situação ruim. 
Dessa forma, um signo “emprestou” sua significação a outro. 
O outro nível de linguagem é a denotação. Esta tenta uma aproximação mais direta 
entre o termo e o objeto. 
 
Há nuvens negras na atmosfera. 
 
Nesta frase, percebemos que a expressão nuvens negras está sendo usado no seu 
sentido próprio, real, unívoco. 
 
O SIGNIFICADO 
 
Denotação e Conotação 
Polissemia e Monossemia 
 
 
1. Denotação e Conotação 
 
Atenção outra vez para o significado, que no Capítulo II já vimos ser uma imagem 
mental ou conceito. Se perguntarmos a alguém que fale a nossa língua, qual o 
significado de “chave”, o primeiro pensamento que lhe ocorra talvez seja “uma peça de 
metal que abre fechadura”, pois esse é o significado mais usual, é o primeiro 
significado, é o significado denotativo. É o significado ligado principalmente a 
experiências coletivas. 
 
Contudo, o emissor, ao elaborar sua mensagem, ao realizar seu ato de fala, 
freqüentemente dá asas à criatividade e, inserindo o signo em determinado contexto, 
modifica, amplia ou reduz seu significado, o que equivale a dizer que o emissor deixa 
de lado o significado denotativo, passando a usar a conotação ou significado 
secundário, periférico. 
• contexto 1: Perdi a chave da minha mala. 
• contexto 2: Esta é a chave do sucesso. 
• contexto 3: Ele encerrou o poema com chave de ouro. 
 
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Observe que dentre os três contextos acima, em apenas um (o primeiro) a palavra 
destacada está usada com sentido denotativo, ao passo que nos contextos dois e três 
são ressaltados os sentidos conotativos. Veja: 
 
Com base em tais dados, conclui-se que denotação é o significado mais objetivo, é o 
significado de primeira linha, o dicionarizado, enquanto a conotação é o significado 
subjetivo, secundário, periférico, bastante ligado às experiências pessoais. Conotação, 
em outras palavras, é produto da linguagem figurada. 
 
2. Polissemia e Monossemia 
 
Sema é uma unidade de significado. Poli significa muito, vários. Polissemia significa 
vários significados. Diz-se que uma palavra é polissêmica quando é capaz de despertar 
mais de um significado denotativo, indiferentemente às conotações. 
 
No Novo Dicionário Aurélio, a palavra “manga” está assim registrada: 
 
· “Manga (1). (Do lat. manica ‘manga de túnica’) S.f. 1.Parte do vestuário onde se 
enfia o braço. 2. Filtro afunilado para líquidos. 
 
· Manga (2). (Do lat. manica < manus, ‘exército, hoste’) S.f. 1. Hoste de tropas. 2. 
Grupo, ajuntamento, bando, turma. 
 
· Manga (3). (Do mal. manga) S.f. 1. fruto da mangueira. 2. mangueira. 
 
· Manga (4). (Do esp. plat. manga) S.f. 1. Bras. AM. - Parede de cerca que vai da beira 
até as asas dos currais-de-peixe, perpendicularmente ao rio. 
 
· 2.Bras.MA - Espécie de corredor com paredes de varas, que conduz a um rio ou um 
igarapé e serve para guiar os bois que vão ser embarcados. 
 
· 3. Bras.CE a BA e MG a GO - Pastagem cercada onde se guarda o gado, 4...” 
 
Podem-se criar várias frases em que a palavra “manga” assume vários significados 
denotativos. 
 
a) A manga do seu vestido está rasgada .(denotação) 
b) Esta mangueira dá excelentes mangas. (denotação) 
c) Preparemo-nos para atacar pelos flancos a manga inimiga. (denotação) 
 
Em cada um dos três exemplos citados, a palavra manga é monossêmica. No 
dicionário, são quatro palavras manga diferentes que, por acaso, se escrevem da 
mesma forma. Trata-se de homônimos perfeitos. 
 
Porém, se em um enunciado como “vivi porque me senti atraído pela manga” ligado a 
determinada situação ou contexto, permitir ao ouvinte entender a palavra com mais de 
um significado denotativo, (manga,1,2...), aí acontecerá o fenômeno da polissemia. 
 
Por tudo que já se viu, infere-se que a significação de uma palavra ou de um signo só 
se define em relação ao contexto em que se encontra, e que a polissemia sempre é 
ditada pela situação ou contexto, tanto quanto a monossemia. 
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Aula 09 
 
NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO E DISSERTAÇÃO I 
 
Texto 
 
Em um cinema, um fugitivo corre desabaladamente por uma floresta fechada, fazendo 
ziguezagues. Aqui tropeça em uma raiz e cai, ali se desvia de um espinheiro, lá 
transpõe um paredão de pedras ciclópicas, em seguida atravessa uma correnteza a 
fortes braçadas, mais adiante pula um regato e agora passa, em carreira vertiginosa, 
por pequena aldeia, onde pessoas se encontram em atividades rotineiras. 
 
Neste momento, o operador pára as máquinas e tem-se na tela o seguinte quadro: um 
homem (o fugitivo), com ambos os pés no ar, as pernas abertas em larguíssima 
passada como quem corre, um menino com um cachorro nos braços estendidos, o 
rosto contorcido pelo pranto, como quem oferece o animalzinho a uma senhora de 
olhar severo que aponta uma flecha para algum ponto fora do enquadramento da tela; 
um rapaz troncudo puxa, por uma corda, uma égua que se faz acompanhar de um 
potrinho tão inseguro quanto desajeitado; um pajé velho, acocorado perto de uma 
choça, tira baforadas de um longo e primitivo cachimbo; uma velha gorda e suja 
dorme em uma já bastante desfiada rede de embira fina, pendurada entre uma árvore 
seca, de galhos grossos e retorcidos e uma cabana recém-construída, limpa, alta, de 
palhas de buriti muito bem amarradas... 
 
Antes de exercitar com o texto, pense no seguinte: 
 
Narrar é contar uma história. A Narração é uma seqüência de ações que se desenrolam 
na linha do tempo, umas após outras. Toda ação pressupõe a existência de um 
personagem ou actante que a pratica em determinado momento e em determinado 
lugar, por isso temos quatro dos seis componentes fundamentais de que um emissor 
ou narrador se serve para criar um ato narrativo: personagem, ação, espaço e tempo 
em desenvolvimento. Os outros dois componentes da narrativa são: narrador e enredo 
ou trama. 
 
Descrever é pintar um quadro, retratar um objeto, um personagem, um ambiente. O 
ato descritivo difere do narrativo, fundamentalmente, por não se preocupar com a 
seqüência das ações, com a sucessão dos momentos, com o desenrolar do tempo. A 
descrição encara um ou vários objetos, um ou vários personagens, uma ou várias 
ações, em um determinado momento, em um mesmo instante e em uma mesma 
fração da linha cronológica. É a foto de um instante. 
 
• A descrição estática não envolve ação. 
 
Exemplos: 
 
“Uma velha gorda e suja”. 
“Árvore seca de galhos grossos e retorcidos”.34 
 
 
 
• A descrição dinâmica apresenta um conjunto de ações concomitantes, isto é, um 
conjunto de ações que acontecem todas ao mesmo tempo, como em uma fotografia. 
No texto, a partir do momento em que o operador pára as máquinas projetoras, todas 
as ações que se vêem na tela estão ocorrendo simultaneamente, ou seja, estão 
compondo uma descrição dinâmica. Descrição porque todas as ações acontecem ao 
mesmo tempo, dinâmica porque inclui ações. 
 
DISSERTAR 
 
Dissertar diz respeito ao desenvolvimento de idéias, de juízos, de pensamentos. 
 
Exemplos: 
 
 “As circunstâncias externas determinam rigidamente a natureza dos seres 
vivos, inclusive o homem...” 
 “Nem a vontade, nem a razão podem agir independentemente de seu 
condicionamento passado.” 
 
Nesses exemplos, tomados do historiador norte-americano Carlton Hayes, nota-se bem 
que o emissor não está tentando fazer um retrato (descrição); também não procura 
contar uma história (narração); sua preocupação se firma em desenvolver um 
raciocínio, elaborar um pensamento, dissertar. 
 
Quase sempre os textos quer literários, quer científicos, não se limitam a ser 
puramente descritivos, narrativos ou dissertativos. Normalmente um texto é um 
complexo, uma composição, uma redação, onde se misturam aspectos descritivos com 
momentos narrativos e dissertativos e, para classificá-lo como narração, descrição ou 
dissertação, procure observar qual o componente predominante. 
 
35 
 
 
 
Aula 10 
 
NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO E DISSERTAÇÃO II 
 
a) Prosa e Verso 
 
Antes de apresentar as modalidades textuais, façamos a distinção entre verso e prosa. 
Está plenamente demonstrado que o verso é mais antigo do que a prosa, a qual não 
deve confundir-se, como freqüentemente se faz, com a linguagem falada. Esta, por 
sua finalidade e características, difere muito tanto da linguagem literária da poesia 
como da prosa. 
 
A oposição entre prosa e verso parte do fato de que a prosa se concentra no conteúdo 
e, portanto, busca basicamente a clareza expositiva, enquanto na poesia a forma 
predomina sobre o conteúdo, e seu principal objetivo é a busca da beleza para a 
produção de prazer estético. 
 
A prosa preocupa-se, antes de tudo, com a idéia, embora não com sua reflexão. Sua 
essência é a análise, ou seja, a decomposição da idéia em todos os seus elementos. 
Em conseqüência, a linguagem da prosa procura ser lógica, coerente, e distinguir o 
que se sabe do que se imagina. A poesia, ao contrário, atua por meio de sínteses 
intuitivas e pretende comover o leitor ou ouvinte. 
 
Outro princípio de diferenciação observa-se na utilização dos adjetivos. Na poesia são 
freqüentíssimos os adjetivos “não pertinentes” — como na expressão “palácios 
cariados” (João Cabral de Melo Neto), ou que em seu significado não qualifiquem os 
substantivos — como em “dúbios caminhantes” e “linhos matinais” (Cesário Verde) —, 
que a prosa, em geral, rejeita. 
 
Também serve de exemplo o uso da coordenação, que na poesia pode ser 
aparentemente inconseqüente, como nos versos de Drummond: “Pensando com unha, 
plasma, / fúria, gilete, desânimo.” A inconseqüência não só se dá na coordenação, 
mas, em geral, na própria sucessão das idéias. Na prosa, ao contrário, espera-se que 
cada idéia apresentada se articule com as necessidades do discurso. 
 
b) Narração – Descrição – Dissertação 
 
Todas as formas de expressão escrita podem ser classificadas em formas literárias — 
como as descrições e narrações, e nelas o poema, a fábula, o apólogo, o conto e o 
romance, entre outros — e não-literárias, como as dissertações e redações técnicas. 
 
Descrição. Descrever é representar um objeto (cena, animal, pessoa, lugar, coisa etc.) 
por meio de palavras. Para ser eficaz, a apresentação das características do objeto 
descrito deve explorar os cinco sentidos humanos — visão, audição, tato, olfato e 
paladar —, já que é por intermédio deles que o ser humano toma contato com o 
ambiente. 
 
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A descrição resulta, portanto, da capacidade que o indivíduo tem de perceber o mundo 
que o cerca. Quanto maior for sua sensibilidade, mais rica será a descrição. Por meio 
da percepção sensorial, o autor registra suas impressões sobre os objetos, quanto ao 
aroma, cor, sabor, textura ou sonoridade, e as transmite para o leitor. 
 
Narração. O relato de um fato, real ou imaginário, é denominado narração. 
 
Pode seguir o tempo cronológico, de acordo com a ordem de sucessão dos 
acontecimentos, ou o tempo psicológico, em que se privilegiam alguns eventos para 
atrair a atenção do leitor. A escolha do narrador, ou ponto de vista, pode ticipou do 
acontecimento de forma secundária ou ainda um espectador onisciente, que 
supostamente esteve presente em todos os lugares, conhece todos os personagens, 
suas idéias e sentimentos. 
 
A apresentação dos personagens pode ser feita pelo narrador, quando é chamada de 
direta, ou pelas próprias ações e comportamentos deste, quando é dita indireta. 
 
As falas também podem ser apresentadas de três formas: 
 
 discurso direto, em que o narrador transcreve de forma exata a fala do 
personagem; 
 
 discurso indireto, no qual o narrador conta o que o personagem disse, lançando 
mão dos verbos chamados dicendi ou de elocução, que indicam quem está com 
a palavra, como por exemplo “disse”, “perguntou”, “afirmou”; e 
 
 discurso indireto livre, em que se misturam os dois tipos anteriores. 
 
O conjunto dos acontecimentos em que os personagens se envolvem chama-se 
enredo. Pode ser linear, segundo a sucessão cronológica dos fatos, ou não-linear, 
quando há cortes na seqüência dos acontecimentos. É comumente dividido em 
exposição, complicação, clímax e desfecho. 
 
Quanto ao foco narrativo, ou seja, a posição escolhida pelo narrador para desencadear 
os fatos, podemos caracterizar três tipos básicos de narrador: 
 
1. Narrador-personagem: 1ª pessoa/ O narrador participa dos fatos explicitados. 
 
Exemplo: 
Eu e meu avô conversávamos sobre o passado. Fiquei a pensar sobre a rápida 
passagem do tempo. 
 
2. Narrador-observador: 3ª pessoa/ O narrador apenas observa os fatos explicitados. 
 
Exemplo: 
Margarida e Olímpico estavam sentados em um tronco. Conversavam sobre a 
possibilidade de casarem-se. 
 
37 
 
 
 
3. Narrador-onisciente: 3ª pessoa/ Sabe tudo: além de observar os fatos explicitados, 
conhece intrinsecamente as personagens. 
 
Exemplo: 
Regina Célia despediu-se de Gomes. Naquele momento, ela precisou de muita força 
para suportar a ânsia que lhe invadia o peito. 
 
O gênero narrativo envolve: 
 
Dissertação. A exposição de idéias a respeito de um tema, com base em raciocínios e 
argumentações, é chamada dissertação. Nela, o objetivo do autor é discutir um tema e 
defender sua posição (postura ideológica) a respeito dele. Por essa razão, a coerência 
entre as idéias e a clareza na forma de expressão são elementos fundamentais. 
 
A organização lógica da dissertação determina sua divisão em introdução, parte em 
que se apresenta o tema a ser discutido; desenvolvimento, em que se expõem os 
argumentos e idéias sobre o assunto, fundamentando-se com fatos, exemplos, 
testemunhos e provas o que se quer demonstrar; e conclusão, na qual se faz o 
desfecho da redação, com a finalidade de reforçar a idéia inicial. 
 
Texto jornalístico e publicitário. O texto jornalístico apresenta a peculiaridade de poder 
transitar por todos os tipos de linguagem, da mais formal, empregada, por exemplo, 
nos periódicos especializados sobre ciência e política, até aquela extremamente 
coloquial, utilizada em publicações voltadas para o público juvenil. Apesar dessa 
aparente liberdade de estilo, o redator deve obedecer ao propósito específico da 
publicação para a qual escreve e seguir regras que costumam ser bastante rígidas e 
definidas, tanto quanto à extensão do texto como em relação à escolha do assunto, ao 
tratamento que lhe é dado e ao vocabulário empregado. 
 
Redação técnica. Há diversostipos de redação não-literária, como os textos de 
manuais, relatórios administrativos, de experiências, artigos científicos, teses, 
monografias, cartas comerciais e muitos outros exemplos de redação técnica e 
científica. 
 
Embora se deva reger pelos mesmos princípios de objetividade, coerência e clareza 
que pautam qualquer outro tipo de composição, a redação técnica apresenta estrutura 
e estilo próprios, com forte predominância da linguagem denotativa. Essa distinção é 
basicamente produzida pelo objetivo que a redação técnica persegue: o de esclarecer e 
não o de impressionar. 
 
c) Aprofundando os Tipos de Discurso 
 
c.1 Discurso direto 
 
Características: 
a) Fala fiel dos interlocutores ou das personagens. 
b) Freqüentemente, um verbo dicendi (falar, dizer, responder, afirmar, indagar, 
perguntar, etc.). 
c) Na ausência do verbo dicendi, um sinal de pontuação: dois pontos, travessão, aspas 
ou mudança de linha. 
 
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Exemplo: 
Malvina aproximou-se de manso e sem ser pressentida para junto da cantora, 
colocando-se por detrás dela esperou que terminasse a última copla. 
— Isaura!... disse ela pousando de leve a delicada mãozinha sobre o ombro da 
cantora. 
— Ah! é a senhora?! — respondeu Isaura voltando-se sobressaltada. 
— Não sabia que estava aí me escutando. (Bernardo Guimarães. A Escrava Isaura) 
 
c.2 Discurso indireto 
 
Características: 
a) Fala não-visível das personagens, mas explicitada pelo narrador (numa oração 
subordinada substantiva). 
b) Verbo dicendi. 
c) Freqüentemente, terceira pessoa na oração subordinada substantiva. 
 
Exemplo: 
Ao som de sua voz, ela despertou amedrontada mas logo sorriu e toda a sala pareceu 
sorrir com ela. Pôs-se de pé, as mãos ajeitando os trapos que vestia, humilde e clara 
como um pouco de luar. Nacib então disse que ela poderia dormir, que não precisava 
se preocupar. (Jorge Amado. Gabriela) 
 
c.3 Discurso indireto livre ou semi-indireto 
 
Características: 
a) Falta do verbo dicendi, dois pontos, travessão ou aspas. 
b) Fala não-visível das personagens, cuja voz parece confundir-se com a do narrador. 
c) Períodos livres (sem elo subordinativo). 
 
Exemplo: 
Fabiano escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as 
pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha da Baleia. (Graciliano 
Ramos. Vidas Secas) 
 
39 
 
 
 
Aula 11 
 
TIPOS DE NARRADOR I 
 
O narrador, a voz que conta a história, pode apresentar-se em três posições diferentes 
com relação aos acontecimentos que esteja narrando. 
 
Exemplo 1: 
Na avenida, Gabriela passou por mim e fez questão de demonstrar entusiasmo, pelo 
tom com que me cumprimentou. 
 
O narrador se coloca dentro da história, é um dos personagens, porque usa a primeira 
pessoa “mim”, “me”. Qualquer referência à primeira pessoa (eu, nós, meu, nosso...) 
mostra ao leitor que o narrador está dentro da história, que é uma das personagens 
(principal ou secundária). Chama-se narrador-personagem, narrador-participante, 
ponto de vista interno ou narrador subjetivo. Na simbologia matemática usa-se a 
fórmula: narrador = personagem. 
 
 
 
40 
 
 
 
Aula 12 
 
TIPOS DE NARRADOR II 
 
O narrador, a voz que conta a história, pode apresentar-se em três posições diferentes 
com relação aos acontecimentos que esteja narrando. 
 
Exemplo 2: 
Gabriela atravessava a rua pensando em encontrar-se com Joaquim. 
 
Neste exemplo,o narrador coloca-se fora da história, ele não é uma das personagens, 
mas tem a capacidade de enxergar o que passa dentro da personagem, no seu espaço 
interno, íntimo, psicológico ou sentimental... É chamado de narrador onisciente (que 
sabe tudo) na simbologia matemática usa-se a fórmula:Narrador>personagem. 
 
 
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Aula 13 
 
TIPOS DE NARRADOR III 
 
O narrador, a voz que conta a história, pode apresentar-se em três posições diferentes 
com relação aos acontecimentos que esteja narrando. 
 
Exemplo3: 
Gabriela atravessava a rua e parecia preocupada com alguma coisa. Talvez estivesse 
pensando em procurar Joaquim. 
 
Neste terceiro exemplo,o narrador também se coloca fora da história, também não é 
uma das personagens,mas é diferente do que escreveu o exemplo 2. Aqui, o narrador 
não sabe o que acontece no mundo interno da personagem, o que se deduz do fato de 
ter dito“parecia preocupada” e “talvez estivesse pensando”. Trata-se do narrador 
observador. Na simbologia matemática, usa-se a fórmula:narrador<personagem. 
 
Observação importante para classificar tipo de narrador 
 
1.Ler todo o texto ; 
2.Se em algum momento o narrador se coloca dentro da história, usando alguma 
primeira pessoa, está definido: trata-se de narrador-personagem; 
3.Se em nenhum momento aparece índice de 1ª pessoa,o narrador já é externo à 
história. Resta saber se é onisciente ou observador. 
4.Se em alguma passagem, o narrador mostra o íntimo da personagem, vê por dentro 
do seu estado de espírito, então, já se trata de narrador-onisciente. 
5.Só se classifica o narrador como observador, se em nenhum momento ele for capaz 
de descrever o íntimo da personagem. Algumas vezes o narrador-observador pode 
mostrar-nos o íntimo da personagem, mas por características externas. 
 
Por exemplo, ao ler: 
“Erasmo, trêmulo, cabisbaixo, voz apagada, gaguejante, roía as unhas no canto da 
sala...” 
percebe-se que o narrador está vendo por fora do pensamento da personagem, está 
descrevendo atitudes externas, por isso mesmo caracteriza-se como observador, 
embora suas observações nos levem a deduzir o estado interno da personagem. 
 
42 
 
 
 
Aula 14 
 
TIPOLOGIA TEXTUAL 
Estrutura Textual Dissertativa 
 
Primeiro detalhe: não dê título ao seu texto, a não ser que o comando explicitado na 
prova solicite. Comece, na linha 1 da folha para o texto definitivo, o seu parágrafo de 
introdução. 
 
Agora, portanto, vamos entender os três aspectos importantes que compõem a 
estrutura clássica do texto dissertativo. 
 
Introdução adequada ao tema/posicionamento 
 
Apresenta a idéia que vai ser discutida, a tese a ser defendida. Cabe à introdução 
situar o leitor a respeito da postura ideológica de quem o redige acerca de 
determinado assunto. Lembre-se: ela deve conter a tese e as generalidades que serão 
aprofundadas ao longo do desenvolvimento do texto. 
 
Nada impede que você utilize ganchos, artifícios de redação que, embora não sejam 
propriamente argumentativos, ilustram a tese e prendem a atenção do leitor: um fato 
da atualidade, uma alusão histórica, uma citação, uma frase de impacto, um dado 
estatístico, uma pergunta. O importante é que a sua introdução seja completa e esteja 
em consonância com os critérios de paragrafação. Cuidado: não misture idéias. 
 
Nesse sentido, surgem alguns tipos de introdução: 
 
 Introdução-roteiro (plano de desenvolvimento): refere-se ao tema a ser 
discutido (tese) e à forma como o texto será organizado; 
 
 Introdução-tese (direta): menciona-se o que se pretende provar; 
 
 Introdução com exemplo: colocam-se exemplos de como a situação exposta 
ocorre; 
 
 Introdução-interrogação: apresenta questões que serão respondidas ao longo 
do texto. 
 
Ao selecionar o tipo de introdução que irá redigir, esteja seguro da organização de 
suas idéias. Para efeito de concursos públicos ou vestibulares, sugerimos: introdução-
roteiro (plano de desenvolvimento) ou gancho + introdução-roteiro (plano de 
desenvolvimento). 
 
43 
 
 
 
Desenvolvimento 
 
Apresenta cada um dos argumentos ordenadamente, analisando detidamente as idéias 
e exemplificando de maneira rica e suficiente o pensamento. Nele, organizamos o 
pensamento em favor da tese. Cada parágrafo (e o texto) pode ser organizado de 
diferentes maneiras: 
 
 Estabelecimento das relações de causa e efeito: motivos, razões, fundamentos, 
alicerces, os porquês/conseqüências, efeitos, repercussões, reflexos; 
 
 Estabelecimento de comparações e contrastes: diferenças e semelhanças entre 
elementos – de um lado, de outro lado, em contraste,

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