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Clínica Complementar ao Diagnóstico - Laboratório Hemostasia – Fisiologia • O que é Hemostasia? o “Resposta fisiológica normal do corpo para a prevenção e interrupção de sangramento e hemorragias. A Hemostasia resulta no bloqueio de qualquer lesão vascular. De maneira geral, garante a fluidez do sangue e a integridade dos vasos sanguíneos. Anormalidades podem resultar em sangramento (hemorragia) ou na formação de coágulos no sangue (trombose).” —Definição do Google • Fases: o Apesar de existirem 3 fases, é importante compreender que elas ocorrem concomitantemente (ocorrem ao mesmo tempo). Porém, são diferentes entre si. o Hemostasia primária ▪ Evento que se inicia quando há uma lesão no endotélio dos vasos sanguíneos. 1º. O endotélio é lesionado e começa a sair sangue do vaso 2º. Constrição (vasoconstrição), na tentativa de diminuir o volume de sangue que está saindo do vaso. 3º. Recrutamento de Plaquetas, que têm como função se agregarem e formarem o Tampão plaquetário. 4º. Juntamente a isto, ocorre a liberação de diversas enzimas vasoativas, para que cada vez se recrute mais plaquetas. 5º. Porém, as plaquetas não se aderem sozinhas, necessitam de uma “liga” para formar o tampão. Então, neste momento entra em ação o chamado Fator de Willebrand (proteínas produzidas pelas células que dão origem as plaquetas na medula óssea → Megacariócitos). ▪ Se houver alguma disfunção no corpo, envolvendo está etapa, serão possíveis as seguintes alterações (sangramentos discretos): o Hemostasia secundária ▪ O intuito da hemostasia secundária é estabilizar o tampão plaquetária, pois a primeira etapa é facilmente reversível (frágil). ▪ Como isto é feito? FORMANDO O COÁGULO! ▪ Como se forma um coágulo? ATRAVÉS DA CASCATA DE COAGULAÇÃO. 1º. Além das enzimas vasoativas, é liberado Tromboplastina no momento da lesão endotelial. Esta substância estimula a cascata de coagulação. 2º. Cascata de coagulação: o Duas vias distintas realizam diversas reações. Para que no final, o resultado de cada uma, se junte a uma via comum. o E esta via comum, produz o elemento responsável em formar o coágulo, este elemento é a FIBRINA. 4 Epistaxe Melena Petéquias Via Intrínseca Via Extrínseca Via Comum ▪ O que é preciso saber sobre isto? • A cascata de coagulação, é a junção de reações de elementos chamados “FATORES DE COAGULAÇÃO”. Ou seja, um elemento ativa o outro que ativa o outro etc. • Estes fatores são indicados por números romanos. Ex: Fator de coagulação X. • A maior parte dos fatores de coagulação são produzidos no fígado e são dependentes de vitamina K • Existem doenças específicas destes fatores. Ex: Uma anomalia congênita que faz com que determinado animal não produza o Fator VII. • Além disto, alguma doença hepática também pode interferir na produção do coágulo, pois se o fígado não está saudável, ele pode deixar de produzir estes fatores. • Deficiência de vitamina K pode fazer com que o animal tenha disfunção na cascata de coagulação. • E muito importante compreender que: o existem duas vias que se juntarão formando 1 o todo o processo começa com a tromboplastina e termina formando a fibrina o Como é uma cascata, a ausência de um único fator influencia no processo todo. Ou seja, a ausência de um único fator pode fazer com que o animal não consiga formar um coágulo. Tromboplastina estimulando fibrina ▪ Se houver alguma disfunção no corpo, envolvendo a Hemostasia secundária, serão possíveis sangramentos graves em qualquer lugar do corpo. Ex: o Hemostasia terciária ▪ Após o estancamento do sangramento e a restauração do endotélio lesionado, o corpo precisa destruir o coágulo. O coágulo pode sair do local e se tonar um trombo. ▪ Portanto, a hemostasia terciária possui como função: Desfazer o coágulo. 1º. São liberadas enzimas (enzima t-PA e enzima u-PA) que estimulam uma substância chamada PLASMINOGÊNIO 2º. O PLASMINOGÊNIO, recebe estímulo para ser convertido em PLASMINA. 3º. A PLASMINA alcança o coágulo e quebra ele. 4º. Os resíduos de coágulo PDFs (produtos de degradação da fibrina), ainda ficam presentes no vaso e também podem provocar um trombo em capilares menores. Por isso, é necessário degradá-los também e quem cumpre esta função são as células fagocíticas e os hepatócitos. ▪ Se houver alguma disfunção no corpo, envolvendo a Hemostasia Terciária, pode ocorrer: Trombose e CID (coagulação intravascular disseminada) • Testes Laboratoriais – Exames hemostáticos – Perfil de Coagulação o É possível analisar a hemostasia por meio de uma amostra de sangue. o A amostra é coletada no tubo de ensaio com tampa azul: ▪ Possui anticoagulante Citrato de Sódio, que preserva mais os fatores de coagulação. o Exames para Hemostasia Primária: ▪ Tempo de sangramento (TS): • Faz um pequeno furo no lábio superior e avalia quanto tempo demora para parar de sangrar. • Avaliação da Hemostasia Primária (quanto tempo leva para formar o plug plaquetário) ▪ Avaliação Plaquetária Quantitativa: • Informação que se adquiri com o Hemograma. • A contagem pode ser feita na Câmara de Neubauer, lâmina ou na máquina. • Níveis aumentados: Trombocitose • Níveis diminuídos: Trombocitopenia o Causas comuns (buscar a causa é importante): ▪ DIMINUIÇÃO NA PRODUÇÃO: leucemia, drogas, plantas tóxicas, doença infecciosa (Leishmania, Ehrlichia sp) ▪ CONSUMO OU PERDA: CID, hemorragia severa ▪ DESTRUIÇÃO: Agentes infecciosos Rangelia vitalii, Anaplasma platys ...), neoplasia, TIM ▪ SEQUESTRO: hepatomegalia, esplenomegalia, endotoxemia ▪ Avaliação Plaquetária Qualitativa: • Análise da função das plaquetas (se elas realizam corretamente o plug plaquetário) • Não é uma análise de rotina, apenas em cirurgias muito longas. • Feita por meio do Agregômetro. ▪ Dosagem de fator de Willebrand: • Inviável, não é dosado no país e possui um alto custo. • Normalmente analisado por eliminação: ▪ Sintomas clínicos de sangramentos discretos, como petéquias etc. ▪ Tempo de sangramento aumentado ▪ Análise quantitativa e qualitativa de plaquetas dentro dos paramentos ▪ Provavelmente deve ser uma deficiência de Fator de Willebrand o Exames para Hemostasia Secundária: ▪ Tempo de coagulação (TC): • São coletados 3ml de sangue, divido em 3 tubos. • Observa-se quanto tempo leva para as amostras coagularem. ▪ Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA): • Analisa a via Intrínseca e a via Comum ▪ Tempo de Protrombina (TP): • Analisa a vida Extrínseca Sufusões Hematúrias ▪ O que pode provocar alteração na Hemostasia Secudária: • Hepatopatias crônicas e Insuficiência Hepática • Picada de aranha marrom (interferem na ativação da vitamina K) • Ingestão de rodenticidas o Dicumarínicos, Indanedionas, e outros interferem na ativação da vitamina K • Deficiência Congênita de Fator de Coagulação: o Hemofilias são as mais comuns e existem exames específicos que dosam o fator VII e IX o Exames para Hemostasia Terciária: ▪ Dosagem de Produtos de Degradação da Fibrina (PDFs) • Dímero D o Fibrinogênio (em casos de suspeita de CID) REVISANDO CID o ATIVAÇÃO DA COAGULAÇÃO → TROMBOSE MICROCIRCULATÓRIA → CONSUMO EXAGERADO DE PLAQUETAS E FATORES → HEMORRAGIA → HIPERCOAGULAÇÃO!!! o Basicamente: ▪ O coágulo é formado em excesso em algumas porções, os elementos envolvidos na coagulação vão sendo utilizados, até que o corpo não tenha mais capacidade de produzir, então ao mesmo tempo que se tem a formação de coágulos se tem hemorragias. o Como estarão os Exames: ▪ TP -aumentado ▪ TTPA -aumentado ▪ Contagem de plaquetas -baixo ▪ Fibrinogênio -baixo ▪ PDFs–aumentado ▪ Tempo de Sangramento -aumentado CASOS CLÍNICOS • Cão, macho, 5 anos, boxer • Cão, collie, 8 anos, macho • Petéquias; tratado com doxiciclina por dois meses sem melhora; • Hematoquesia, hematoemese, epistaxis,ascite e icterícia. Sufusões e sangramento no local de punção. Diagnóstico de carcinoma hepatocelular • Alterações do Exame: o Trombocitopenia (plaquetas diminuídas) o TS aumentado • Conclusões: o Disfunção na hemostasia primária pela trombocitopenia o Levando em consideração o histórico do animal (uso de doxiciclina), somando a uma trombocitopenia: ▪ é possível levantar a hipótese deste animal ter sido diagnosticado com hemoparasitose, ex: erliquia. Pois erliquia é tratada com este medicamento. ▪ Porém, como ele fez uso a dois meses e não melhorou e além disto, apresentou outros sintomas, no diagnostico diferencial pode pensar em outras doenças. Ex: Babesiose, Esplenomegalia, Hepatopatias... o Seria indicado realizar outros exames complementares, como PCR para Babesia, US abdominal para análise de fígado e baço, Mielograma (para analisar a formação destas células) e PCR para Erliquia. • Alterações do Exame: o Hemostasia ▪ Anemia (hematócrito < 37%) ▪ Hipoproteinemia (proteína total <5,5) ▪ TC, TP, TTPA e TS aumentados o Análise Hepática ▪ Hipoalbuminemia (albumina < 2,3 ▪ Hiperbilirrubinemia (todas as frações e total) ▪ ALT aumentada ▪ FA aumentada • Conclusões o As disfunções que provocam sangramento, são de Hemostasia Secundária, dado obtido através do aumento do tempo de coagulação, tempo de protrombina e tempo de tromboplastina. o A icterícia é explicada pelo aumento da bilirrubina. Um ponto importante sobre ela é: Se a icterícia foi notada no exame físico, é porque está na pele (tecidual), ou seja, já está mais avançada. o A ascite, é explicada pela hipoalbuminemia (albumina exerce pressão oncótica → mantem os elementos dentro dos vasos sanguíneos)
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