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MONOGRAFIA SILVANA

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41
INSTITUTO TEOLÓGICO PADRE GIULIANO
CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
SILVANA DE OLIVEIRA LIMA
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA PARA FOMENTAR NOVOS LEITORES
ALTO SANTO
2019
SILVANA DE OLIVEIRA LIMA
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA PARA FOMENTAR NOVOS LEITORES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia, como requisito para obtenção do Certificado do Curso de Licenciatura em Pedagogia pelo Instituto Teológico Padre Giuliano, sob Orientação da Professora Esp. Francisca Taneide Santos de Medeiros.
ALTO SANTO
2019
INSTITUTO TEOLÓGICO PADRE GIULIANO
CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA PARA FOMENTAR NOVOS LEITORES
SILVANA DE OLIVEIRA LIMA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia, como requisito para obtenção do Certificado de Licenciatura em Pedagogia pelo Instituto Teológico Padre Giuliano, sob Orientação da Prof.ª Esp. Francisca Taneide Santos de Medeiros.
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________
Prof.ª Esp. Francisca Taneide Santos de Medeiros 
Orientadora
_________________________________________
Prof.ª Esp. Francisca Carina Oliveira Silva
Avaliadora
_________________________________________
Prof.ª Esp. Francisca Taneide Santos de Medeiros 
Coordenadora do Curso
PARECER: ____________________________________.
DATA: _______/_______/___________.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por não deixar que eu desistisse de concluir meu sonho, por me dar forças para continuar esta caminhada.
A minha família, pela compreensão e capacidade de acreditar em mim. Minha querida mãe, pelo amor incondicional; pai, pela presença que me dá segurança e certeza de que não estou sozinha nesta caminhada; 
A minha orientadora Taneide Medeiros, pela dedicação, paciência, disponibilidade e carinho.
Aos meus amigos que de alguma maneira contribuíram para meu sucesso, obrigada por existirem em minha vida.
Dedico este trabalho a Deus, que iluminou o meu caminho durante esta caminhada, e especialmente, minha família pelo amor e incentivo. 
“Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar.”
Monteiro Lobato
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA PARA FOMENTAR NOVOS LEITORES
Silvana de Oliveira Lima[footnoteRef:1] [1: Acadêmico de Licenciatura em Pedagogia do Instituto Teológico Pe. Giuliano - ITEPAGI] 
RESUMO
O presente trabalho discute teoricamente acerca da “A Importância da Literatura para fomentar novos leitores”, com atenção especial voltada a contribuição da família e da escola neste processo, uma vez que são entendidas como instituições necessárias para o desenvolvimento humano. Essa escrita é fruto do projeto de trabalho de conclusão de curso que tem como principal objetivo compreender quais são as contribuições da literatura infantil para a formação de leitores, analisando como educadores e pais participam deste processo. Inicialmente pode-se considerar, levando em consideração a pesquisa bibliografia através de reflexões teóricas baseadas em autores como Abramovich (1994), Busatto(2003), Coelho(2000), Paim(2000), Solé(1998), Zilberman(2005), constituem o corpo desta escrita., que escola e família são parceiras nesse processo de alfabetização e formação de leitor, entretanto necessitam estar efetivamente envolvidas com a educação dos alunos e dos filhos, para que possam contribuir de maneira significativa para a formação de leitores. 
Palavras–chave: 1. Literatura Infantil; 2. Formação de leitores; 3. Escola; 4. Família.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	8
CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA	25
2.1. A FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA	25
2.2. A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA	31
2.3. A ESCOLA	38
2.2. A FUNÇÃO DA ESCOLA NO COTIDIANO DA CRIANÇA	43
CAPÍTULO III – A FAMÍLIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM	45
3.1.CONTEXTUALIZAÇÃO DA FAMÍLIA, INSTITUIÇÃO DE ENSINO E RESPONSABILIDADE SOCIAL	51
3.2. A FAMÍLIA, A ESCOLA E SUAS RESPONSABILIDADES	54
3.3. SOCIEDADE, UMA PARCEIRA NA ESCOLA	55
CONSIDERAÇÕES FINAIS	57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	61
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por finalidade mostrar a importância da literatura para fomentar novos alunos leitores, levando em consideração a participação de professores, pais e familiares nessa introdução da leitura no dia-a-dia dessas crianças. Objetiva-se com o estudo mostrar que a participação da criança na leitura desde primeiros anos da criança irá lhe proporcionar a abertura das capacidades cognitivas, afetivas e intelectuais.
Nesse sentido, acredita-se que é necessário compreender como a literatura infantil vem sendo utilizada em sala de aula, e como a relação pedagógica se estabelece para influenciar e contribuir na formação de leitores, uma vez que se reconhece o papel escolar na constituição do leitor.
Por outro lado, considera-se ser pertinente aliar essa discussão com a relação familiar, pois se acredita que a mesma influencia e contribui no desenvolvimento do hábito de ler. Todos sabem que as crianças têm a tendência de imitar seus pais, sendo assim se as crianças veem os pais lendo em casa, comumente, constantemente, sistematicamente, elas terão a tendência de imitá-los. As crianças que não possuem os pais presentes, nem preocupados com sua atividade escolar, podem afastar-se de suas responsabilidades e também da leitura, pois não criam vínculos efetivos com esta.
Nesse sentido, considera-se que a literatura faz parte do desenvolvimento escolar e da formação humana, pois através do hábito da leitura e contação de histórias, se possibilita que a criança desenvolva habilidades e competências, preparando-as para os desafios do mundo atual.
Essa reflexão sobre a importância da literatura infantil e como essa contribui para a formação de leitores, ganha força no momento em que faz compreender o quanto é importante incentivar a leitura desde cedo através da contação de histórias, possibilitando que a criança tenha um contato maior com o mundo da leitura.
Considera-se ainda que, refletir sobre a temática é relevante uma vez que possibilita remeter-se à escola e à família, espaços educativos em que acontece o processo de ensino- aprendizado e o hábito da leitura, reforça e revitaliza a formação de leitores.
Esse despertar nas crianças pelo deleite no mundo da leitura visa um trabalho engajado pelos educadores, para que as descobertas sejam expressivas, trabalhando assim a oralidade, a tradução das imagens que circulam a leitura, a capacidade de escutar entre outros aspectos importantes para contribuição do processo de desenvolvimento como leitor.
As crianças que se envolvem com histórias no seu dia-a-dia, sejam elas falados ou escritas, serão as que mais têm oportunidades de serem leitores fluentes, que despertarão o gosto pela leitura. Na maioria das vezes os primeiros contatos das crianças com o universo da literatura são através dos adultos, originado após o seu contato com os livros no qual poderão reproduzir através de suas próprias imagens, acontecimentos que vieram de sua imaginação através da história que escutou do adulto. Esse é um processo de fundamental importância para a formação de pequenos leitores.
A importância de se ter um espaço com materiais didáticos, livros infantis variados, e acessibilidade para que as crianças possam descobrir toda a magia que a literatura proporciona, é também componente essencial da prática pedagógica que desenvolve a fantasia, a imaginação, a formulação de ideias, estimula a atenção, a observação, a memória, a reflexão. Mas todo esse trabalho só é verdadeiramente expressivo quando o educador tem entusiasmo e busca modos diferentes de juntar literatura infantil com as crianças, diariamente.
A formação de alunos leitores é essencial, a inclusão da leitura propicia uma melhor oralidade, uma melhor escrita, desenvolve leitores críticos, na percepção de mundo, no convívio social e pessoal.
Cabe ao professor despertar pelo prazer da leitura de maneira que motive o aluno, fazendo com queler não seja uma obrigação e transforme-se em prazer, esse é um dos papeis primordiais do professor que é a inclusão e valorização da literatura como um instrumento eficiente, para que se faça um trabalho que leve a leitura a uma ação significativa na formação do leitor. 
CAPÍTULO I – A HISTORICIDADE DA LITERATURA INFANTIL
A historicidade da literatura infantil, se deu na Europa, destacando como a industrialização promoveu o lançamento de livros infantis no século XVIII, utilizando obras de Regina Zilberman, Marisa Lajolo, Nelly Novaes Coelho, Philippe Ariès, Bárbara Vasconcelos de Carvalho e Lígia Cademartori Magalhães além do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e Parâmetros Nacionais de qualidade para a educação infantil.
Segundo Maia (2000, p. 52) “a palavra literatura mostra textos que buscam expressar o belo e o humano através da palavra. Apesar de podermos utilizá-la com significados mais amplos, deve-se distinguir seu emprego genérico de seu artístico, criativo, subjetivo”. 
De acordo com Michaelis (2008, p.526), “literatura é a arte de compor escritos, em prosa ou verso. O conjunto das obras literárias de um agregado social, ou em dada linguagem, ou referidas a determinado assunto: Literatura infantil, literatura científica”. 
A visão de infância durante o século XVIII não era imaginaria, a criança era inserida no mundo dos adultos, e ouvia as mesmas estórias que eles participando de um mundo que não estava voltado para a criança.
Na Idade Média nas terras europeias, nasce uma literatura narrativa de duas fontes diferentes: uma popular, que deriva de narrações orientais ou gregas, e a outra, a narrativa culta, que se origina através de aventuras de cavalarias com inspiração ocidental. COELHO, (1991, p. 30), relata que:
Nestas, é realçado um idealismo extremo e um mundo de magia e de maravilhas completamente estranhas à vida real e concreta do dia-a-dia. Naquela, afirmam-se os problemas da vida cotidiana, os valores de comportamento ético-social ou as “lições” advindas da sabedoria prática. (COELHO, 1991, p. 30).
Porém, eram estórias bem distintas, pois as crianças nobres geralmente ouviam grandes clássicos e as crianças da classe popular escutavam as estórias de aventuras, os contos, as lendas folclóricas e a literatura de cordel que lhe abriam a mente e o interesse da classe popular. 
A circulação oralmente da literatura popular iniciou-se na Europa entre os séculos IX e X, que mais tarde iria se transformar na Literatura Infantil que reconhecemos hoje (COELHO, 1991, p. 30). 
Essas histórias eram transmitidas através da oralidade e levadas a outros povos; nessas histórias falavam sobre as vivencias dos povos vivências, divulgando ideais, procurando divertir e ao mesmo tempo ensinar. Relata Nelly Novaes Coelho (1991, p.33) 
Através dos manuscritos ou das narrativas transmitidas oralmente e levadas de uma terra para outra, de um povo a outro, por sobre distâncias incríveis, que os homens venciam em montarias, navegações ou a pé, - a invenção literária de uns e de outros vai sendo comunicada, divulgada, fundida, alterada... Com a força da religião, como instrumento civilizador, é de se compreender o caráter moralizante, didático, sentencioso que marca a maior parte da literatura que nasce nesse período, fundindo o lastro oriental e o ocidental. No fundo é sempre uma literatura que divulga ideais, que busca ensinar, divertindo, no momento em que a palavra literária (privilégio de poucos e difundida pelos jograis, menestréis, rapsodos, trovadores...) era vista como atividade superior do espírito: a atividade de um homem que tinha o Conhecimento das Coisas. (COELHO, 1991, p. 33)
Devido a permanente guerra entre os povos daquela época, as marcas dessa violência permaneceram relatadas em várias narrativas. Ela vai desaparecendo dos contos devido ao tempo e aos costumes da sociedade. As histórias também se transformam segundo quem está escrevendo e também pela versão da história. Coelho (1991, p.34) salienta que “ao passarem da versão de Perrault para a de Grimm e deste para as versões contemporâneas. Hoje, transformados em literatura infantil, perderam toda a agressividade original.” (COELHO, 1991, p. 34).
Coelho (1991, p.66) ainda fala que no século XVII, as histórias foram ficando cada vez mais limpas, se transformando na voz do povo europeu, tornando o folclore das nações. Ela também traz certos personagens que estavam presentes nas narrativas que os escritores foram descrevendo em seus livros:
Cavaleiros andantes, reis, rainhas, princesas e príncipes bons e maus, fadas, bruxas, metamorfoses de criaturas humanas em animais (ou vice-versa), ogres e ogressas canibalescos, maldições, profecias, madrastas, crianças abandonadas, crianças que são entregues a alguém para serem mortas, fantasmas e magos, gênios benfazejos e malfazejos... é a fantástica legião de personagens que a partir do século XVII os escritores cultos vão descobrir na tradição oral dos povos europeus e criar a Literatura Infantil que hoje conhecemos como “tradicional” [...] (COELHO, 1991, p. 66).
Durante o século XVII, no Classicismo Francês, na monarquia de Luís XIV, tem inicio as manifestações de uma apreensão com uma literatura para jovens e crianças (COELHO, 1991, p. 75). Escreveram histórias que eram feitas diretamente para o público infantil; elas foram editadas entre 1668 e 1697, como: as Aventuras de Telêmaco, de Fénelon, as Fábulas de La Fontaine, e os Contos da Mamãe Gansa (onde o seu título original era de Histórias ou narrativas do tempo passado com moralidades) de Charles Perrault. 
Este livro de Perrault que foi publicado no ano de 1697 causou uma condição bastante curiosa, esse livro já era uma publicação importante na França, entretanto, ele não podia escrever uma obra popular, devido a isso Perrault disse que a autoria desse livro era do seu filho Pierre Darmancourt. 
A recusa de Perrault em assinar a primeira edição do livro é sintomática do destino do gênero que inaugura: desde o aparecimento, ele terá dificuldades de legitimação. Para um membro da Academia Francesa, escrever uma obra popular representa fazer uma concessão a que ele não podia se permitir. Porém, como ocorrerá depois a tantos outros escritores, da dedicação à literatura infantil advirão prêmios recompensadores: prestígio comercial, renome e lugar na história literária. (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 15 - 16).
Coelho (1991, p.12) quando menciona os clássicos infantis de Perrault, Grimm, La Fontaine, ou Andersen, afirma que esses nomes não são os verdadeiros autores das narrativas: 
Quando hoje falamos nos livros consagrados como clássicos infantis, os contos-de-fada ou contos maravilhosos de Perrault, Grimm ou Andersen, ou as fábulas de La Fontaine, praticamente esquecemos (ou ignoramos) que esses nomes não correspondem aos dos verdadeiros autores de tais narrativas. São eles alguns dos escritores que, desde o século XVII, interessados na literatura folclórica criada pelo povo de seus respectivos países, reuniram as estórias anônimas, que há séculos vinham sendo transmitidas, oralmente, de geração para geração, e as transcreveram por escrito. (COELHO, 1991, p. 12). 
 Coelho (1991, 1991, p.16) fala ainda, que os estudiosos vêm tentando saber como essa Literatura Popular chegou até a atualidade. Esses estudiosos acreditam que, como os contadores de estória têm a memórias privilegiadas e esses documentos que foram localizados em diferentes regiões e escritos de vários modos: pedras, argila, pergaminho, ou em grossos livros manuscritos guardados com correntes e cadeados. A autora Barbara Vasconcelos de Carvalho, no seu livro “A Literatura Infantil Visão Histórica e Crítica (1983)”, fala sobre como a Literatura enriquece o imaginário infantil:
A criança é criativa e precisa de matéria-prima sadia, e com beleza, para organizar seu “mundo mágico”, seu universo possível, onde ela é dona absoluta: constrói e destrói. Constrói e cria, realizando-se e realizando tudo o que ela deseja. A imaginação bem motivada é umafonte de libertação, com riqueza. [...] A Literatura Infantil, enriquecendo a imaginação da criança, vai oferecer-lhe condições de liberação sadia, ensinando-lhe a libertar-se pelo espírito: levando-a a usar o raciocínio e a cultivar a liberdade. (CARVALHO, 1983, p. 20 – 21).
Segundo Coelho (1991), Literatura Infantil enriquece a valoriza o imaginário e a fantasia, e foi estabelecida a partir de narrativas orais passadas pelo povo. Essas histórias foram escritas em livros e ganharam os nomes de seus recriadores, difundindo-se através dos anos pelo mundo. 
As lendas e tradições folclóricas de todos os povos foram passadas de forma oral, passando de geração para geração, e essas são as principais fontes inspiradoras da literatura infantil. Uma literatura moderna, por sua vez, vai além do prazer, da emoção, ela visa alertar, modificar a consciência crítica do leitor e interlocutor. A criança, através da leitura, associa e harmoniza a fantasia com a realidade, a fim de satisfazer suas exigências internas.
A literatura infantil tem como papel atuar sobre as mentes, onde se expandem as emoções, paixões, desejos, sentimentos de toda ordem. No incidência com a literatura os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua experiência de vida.
Cada época envolveu e apresentou literatura à sua maneira. Ela representa, a cada momento da humanidade, uma etapa de sua constante evolução. Conhecer a literatura que cada época designou às suas crianças é uma forma de perceber os valores e ideais em que cada sociedade se fundamentou. É desta forma que entenderemos como a criança era encarada. 
Andrade (1983) ressalta que a procedência da literatura infantil foi delineada em uma prática que leva a muitas dúvidas, mas esse mundo da literatura existe e traça suas próprias características particulares.
O gênero ‘literatura infantil’ tem a meu ver, existência duvidosa. Haverá música infantil? Pintura infantil? A partir de que ponto uma obra literária deixa de constituir alimento para o espírito da criança ou do jovem e se dirige ao espírito do adulto? Qual o bom livro para crianças, que não seja lido com interesse pelo homem feito? Qual o livro de viagens ou aventuras, destinado a adultos, que não possa ser dado a crianças, desde que vazado em linguagem simples e isento de matéria de escândalo? Observados alguns cuidados de linguagem e decência, a distinção preconceituosa se desfaz. Será a criança um ser à parte, estranho ao homem, e reclamando uma literatura também à parte? Ou será literatura infantil algo de mutilado, de reduzido, de desvitalizado porque coisa primária, fabricada na persuasão de que a imitação é a própria infância? (ANDRADE, apud CUNHA, 1983, p.21)
No século XVII, se notava um empenho com olhar especial para a infância, protestantes ingleses e franceses publicaram seus primeiros livros e no século XVIII passa-se a assistir à passagem completa da infância ao centro das considerações. Stone citado por Zilberman (2003, p.38) comenta:
Um quarto sinal era a identificação das crianças como um grupo de status especial, distinto dos adultos, com suas instituições especiais próprias, como as escolas, e seus próprios circuitos de informação, dos quais os adultos tentaram excluir, de modo crescente, o conhecimento sobre o sexo e a morte. (STONE, apud ZILBERMAN, 2003, p.38).
Segundo Zilberman (1987, p.46) os textos criados naquela época tinham o objetivo de informar, à busca de uma literatura apropriada para a infância e juventude, observaram-se duas intenções próximas das existentes: dos clássicos com novas adaptações do folclore; e dos contos de fadas, ainda não voltados especificamente para a infância.
Marisa Lajolo e Regina Zilberman (2010, p.16), relatam que Charles Perrault foi o principal responsável por difundir a Literatura Infantil, motivando a inclusão dos textos de La Fontaine e Fénelon. A sua obra primava pelos contos de fadas, que era até aquele momento transmitido apenas oralmente pela população.
Perrault não é responsável apenas pelo primeiro surto de literatura infantil, cujo impulso inicial determina, retroativamente, a incorporação dos textos citados de La Fontaine e Fénelon. Seu livro provoca também uma preferência inaudita pelo conto de fadas, literarizando uma produção até aquele momento de natureza popular e circulação oral, adotada doravante como principal literatura infantil. (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 16).
O autor Charles Perrault obteve destaque na história literária não como um poeta clássico, mas como autor de uma literatura popular, em uma época tão depreciada pelo ideal que tinha em seu tempo. Perrault se torna um dos autores com maiores sucessos voltados para o público infantil: criou os contos de fadas. “Les Contes de Ma Mére I Oye” é uma coletânea criada em 1697, traduzidas em vários idiomas, marcada por oito contos podendo destacar “A Bela Adormecida no Bosque”, “Chapeuzinho Vermelho”, “O Barba Azul”, “A Gata Borralheira ou Cinderela” que estão inseridos no folclore infantil.
Impondo poderes aos seus personagens monstros e animais das estórias que eram contadas pelos camponeses, Perrault mostrava o combate entre o bem e o mau, os fracos e os fortes, o belo e o feio, diferenciando seus personagens da classe inferior por vencer a classe nobre pela inteligência.
Os irmãos Grimm, assim como eram conhecidos os autores Jacob (1785-1863) e Wilhelm (1786-1859), adaptaram no início do século XIX algumas fábulas para o estilo da literatura infantil, aparecendo famosos personagens como Rapunzel, Branca de Neve, João e Maria, dentre outros. Na primeira coletânea foi publicado 86 contos e ao se passar dois anos, foi publicada outra coletânea com 70 contos.
Assim como foi feito com os Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen criou contos que acabaram o sagrando como um dos escritores mais famosos da literatura infantil. Em seus contos sobressaíam o mundo maravilhoso e, dentre suas obras mais divulgadas, podemos destacar: “O Patinho Feio”, “O Soldadinho de Chumbo”, “O Rouxinol do Imperador”. Suas obras foram escritas com ternuras, sendo realistas e não omitia as relações que a violência trazia nas vidas das pessoas.
Entre as obras para jovens, nenhuma foi mais notável que as do francês Júlio Verne, com inúmeras histórias, entre elas Viagem ao Centro da Terra (1864), Vinte Mil Léguas Submarinas (1870), A volta ao Mundo em 80 Dias (1873). Esta obra foi mais valorizada no século XX, pelo que trazia de modernidade tecnológica. Júlio Verne implantou os primeiros traços do gênero conhecido como ficção científica.
A passagem da infância para a vida adulta, entretanto, se fazia quase sem mudança. A criança era ainda vista como um adulto em miniatura. Daí os incomuns livros escritos principalmente para leitores da faixa intermediária, puberdade e adolescência. Até o início do século XX a maioria das leituras ao alcance dessa faixa de leitores era a literatura adulta, original ou adaptações que também surgiam na época.
A partir do momento em que a leitura é inserida é possível percebê-la atuando como instigadora, podendo estimular crianças, jovens e adultos a desenvolver o hábito de ler. 
Destacamos assim a importância que a leitura ocupa na formação de leitores e o quanto esteve presente na educação de gerações, permitindo ao leitor viajar pelo mundo através da literatura, significando contextos e situações históricas.
O desenvolvimento da Literatura Infantil não ocorreu apenas na França; na Inglaterra se expandiu na associação a acontecimentos de fundo econômico e social.
1.1. A Literatura Infantil durante a Industrialização
Um dos países com mais potência marítima e comercial era a Inglaterra e por possuir a matéria-prima necessária, foi para a industrialização acreditando em um mercado consumidor que estava em expansão na Europa e no Novo Mundo.
A sociedade cresceu por causa da industrialização e se atualizou com as tecnologias disponíveis, e a Literatura Infantil adotou a classe de objeto desde o seu início. Assim explicam Lajolo e Zilberman (2010, p.18):
No século XVIII,aperfeiçoa-se a tipografia e expande-se a produção de livros, facultando a proliferação dos gêneros literários que, com ela, se adequam à situação recente. Por outro lado, porque a literatura infantil trabalha sobre a língua escrita, ela depende da capacidade de leitura das crianças, ou seja, supõe terem estas passado pelo crivo da escola. (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 18).
As primeiras obras destinadas ao público infantil apareceram na metade do século XVIII, quando aconteceu a Industrialização. Assim comentam Regina Zilberman e Ligia Cademartori Magalhães sobre esse tempo em seu livro Literatura Infantil: Autoritarismo e Emancipação: “Além disto, o desenvolvimento das técnicas de industrialização abrangeu a arte literária, gerando produções em série de fácil distribuição e consumo, o que foi posteriormente designado como cultura de massas” (ZILBERMAN e MAGALHÃES, 1987, p. 3).
Nesta conjuntura passa a existir a Literatura Infantil, com particularidades próprias como a ascensão da burguesia, a nova qualidade de infância na sociedade e a escola. As histórias feitas para crianças se associaram a ferramentas de ensino para a pedagogia. Assim afirmam Zilberman e Magalhães “por tal razão, careceu de imediato de um estatuto artístico, sendo-lhe negado a partir de então um reconhecimento em termos de valor estético, isto é, a oportunidade de fazer parte do reduto seleto da literatura.” (ZILBERMAN e MAGALHÃES, 1987, p. 3-4).
A cultura de massas foi identificada, sendo feito um redimensionamento necessário para a averiguação das particularidades do gênero, a análise de suas relações com a pedagogia e a aproximação da literatura com a arte.
A família é a primeira instituição: ela depende algumas vezes da interferência do Estado absolutista, que estimula um modo de vida doméstico, sem participação pública. É visto como padrão para ser imitado por todos os outros. 
A manutenção de um estereótipo familiar, que se estabiliza através da divisão do trabalho entre seus membros (ao pai, cabendo a sustentação econômica, e à mãe, a gerência da vida doméstica privada), converte-se na finalidade existencial do indivíduo. Contudo, para legitimá-la, ainda foi necessário promover, em primeiro lugar, o beneficiário maior desse esforço conjunto: a criança. (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 17).
A criança começa a ter um novo papel, causando o aparecimento de o brinquedo (objetos industriais) e o livro (culturais), e com isso surgiu a psicologia infantil, pedagogia e pediatria. Como explica Lajolo e Zilberman (2010, p.20) a colocação da criança é simbólica, pois ela passa a ser o alvo da atenção e interesse dos adultos, ressaltando de modo negativo, virtudes como a fragilidade, a desproteção e a dependência no adulto.
Os livros de Literatura Infantil expõem histórias de como o adulto quer que a criança veja o mundo; a ficção infantil traz com maior liberdade a fantasia e a imaginação, fazendo com que a criança passe pelas fronteiras do realismo. “E essa propriedade, levada às últimas consequências, permite a exposição de um mundo idealizado e melhor, embora a superioridade desenhada nem sempre seja renovadora ou emancipatória.” (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 19).
Assim sendo, o escritor adulto passa para o seu leitor mirim, uma realidade histórica, procurando aceitação intelectual e afetiva da criança. A Literatura Infantil contrabalança a reunião do texto do universo afetivo e emocional da criança.
Por intermédio desse recurso, traduz para o leitor a realidade dele, mesmo a mais íntima, fazendo uso de uma simbologia que, se exige, para efeitos de análise, a atitude decifradora do intérprete, é assimilada pela sensibilidade da criança. (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 20).
Foram publicadas inúmeras obras infantis no século XVIII, entretanto poucas permaneceram, dentre as que fizeram sucesso estão os contos de fadas de Perrault, e as adaptações de aventuras de Daniel Defoe e Jonathan Swift, pois asseguravam a regularidade na criação e consumo das obras para crianças (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 20).
Já o século XIX a coleção dos contos de fadas dos Irmãos Grimm (1812), fazem sucesso e tornam-se os grandes autores de literatura para crianças; a partir deles permanecem definido quais tipos de histórias mais chamam a atenção das crianças. Lajolo e Zilberman (2010, p.23) referem alguns exemplos de histórias infantis que fizeram sucesso: a fantasia, em Contos (1833) escrito por Hans Christian Andersen, Alice no país das maravilhas (1863) de Lewis Carroll, Pinóquio (1883) de Collodi e Peter Pan (1911) de James Barrie; histórias de aventura como A ilha do tesouro (1882) de Robert Louis Stevenson; e a apresentação do cotidiano infantil, como em As meninas exemplares (1857) de Condessa de Ségur e Coração (1886) escrito por Edmond de Amicis.
“Esses tornam evidente que a Literatura Infantil é uma parte importante da produção literária da sociedade burguesa e capitalista” (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 21), dando ao gênero um perfil marcante que garantiu a sua continuação e atração.
1.2. Literatura Infantil no Brasil
Cada época envolveu e produziu literatura ao seu estilo. Verificou-se que o gênero infantil vem, ao longo do tempo, sofrendo modificações originárias do aparecimento de um bom número de novos autores e muitos livros para a criança. Esperamos que o aumento dessa produção de uma literatura proposta às crianças provocará, também, em maior preocupação com a qualidade, refletindo favoravelmente no aparecimento de novos leitores.
A Literatura Infantil na Europa teve seu início no final do século XVII, quando em 1697, o autor Charles Perrault publicou seu livro Contos da Mamãe Gansa, já a Literatura Infantil brasileira passar a existir muito tempo depois, no fim do século XIX, quando começam a aparecer uma ou outra obra para crianças.
No final do século XIX, surge no Brasil, as primeiras edições de livros da literatura infantil, com a fundação da Imprensa Régia que servia às exigências da linha pedagógica e ideológica. No primeiro momento a ideia era de traduzir ou adaptar os livros que faziam sucesso na Europa. Os livros infantis começaram a consolidar-se a partir da Proclamação da República, e a sociedade brasileira que vivia um período de urbanização, deparou-se com a necessidade de educar seu público com produções culturais modernas.
Com todo o processo de mudança ocorrido na época, as escolas começaram a ter papéis essenciais na formação das crianças, os livros escolares e os infantis acabaram se aproximando. Não muito diferente dos outros países, o Brasil iniciou com obras literárias mais voltadas ao pedagógico, trazendo adaptações portuguesas que mostravam a dependência que existia entre as colônias.
A literatura infantil brasileira tem características bastante originais, que juntam as contribuições européia (portuguesa), africana e indígena. A literatura oral originada pelos primeiros colonizadores era narrada pelas avós, que contavam essas histórias as crianças como, por exemplo, de um personagem de nome Trancoso, e outras do folclore português. A elas se juntaram as histórias das escravas negras, que andavam de engenho em engenho transmitindo às outras negras, amas dos meninos brancos. O contato com a cultura indígena trouxe inúmeros elementos que vieram enriquecer esse imaginário: figuras como a Iara, o Minhocão, o Matitaperê e muito mais.
Na fase inicial, a literatura infantil brasileira foi marcada por Carlos Jansen em “Contos seletos das mil e uma noites”, Robinson Crusóe em “As viagens de Gulliver a terras desconhecidas”, Figueiredo Pimentel com “Contos da Carochinha”, “Contos pátrios” com Coelho Neto e Olavo Bilac. Nos mostra a autora Maria Antonieta Antunes Cunha (1983, p.20):
Com Monteiro Lobato é que se tem início a verdadeira literatura infantil brasileira. Com uma obra diversificada quanto a gêneros e orientação, cria esse autor uma literatura centralizada em alguns personagens, que percorrem e unificam seu universo ficcional. No Sítio do Pica-pau Amarelo vivem Dona Benta e Tia Nastácia, as personagens adultasque “orientam” crianças (Pedrinho e Narizinho), “outras criaturas” (Emília e Visconde de Sabugosa) e animais como Quindim e Rabicó. (CUNHA, 1983, p.20).
No ao de 1921, Monteiro Lobato, publicava “A menina do narizinho arrebitado” que produziu uma grande virada na literatura. Mostrou-se preocupar em produzir estórias nas quais apresentassem uma linguagem que a criança compreendesse e fosse fascinada por ela. Alcançou o sucesso desejado, pois sua publicação é referência nos níveis mais alto da literatura infantil no Brasil. Partindo o condicionamento do padrão culto, Lobato implantou a oralidade nas falas e discursos narrados pelos personagens de maneira que a linguagem usada fosse criativa.
Monteiro Lobato ao criar Dona Benta, a personagem que narra, ou seja conta histórias, e traz para os leitores as antigas narrativas orais. Com os avanços alcançados especialmente por Monteiro Lobato, a literatura infantil brasileira sofreu retrocesso com relação a criatividade de 1945 até a década de 60. As obras de Lobato na década de 50 foram absorvidas e repetidas por novos autores, sem criar ou mesmo sem tomar cuidado em reportar as variedades culturais do Brasil na sua própria linguagem. Só na década de 60 foi que a produção brasileira voltada para a infância iniciou seu novo caminho, mas só se consolidou na próxima década. 
Já década de 70 surgiram novos autores que adotaram os traços de Lobato e começaram a estruturar uma nova literatura infantil delineando características com humor, criatividade, linguagem moderna. Implantando os problemas passados pela sociedade brasileira, e visavam formar crianças capazes de informar e serem reflexivas em suas práticas de leitura.
A década de 80 foi considerada por muitos como o período de ênfase da literatura infantil. Temas que até então não eram tratados nas narrativas infantis começam a ser abordados, como o sentimento de perda pela morte, a separação dos pais, as mudanças sexuais na adolescência, a preocupação ecológica 
As novas características aplicadas no decorrer desses tempos ajudaram para que a leitura infantil fosse um caminho propício de diversas linguagens permitindo busca de aprendizagens e descobertas para que pudesse dar relevância à literatura infantil na formação de alunos leitores.
1.3. Monteiro Lobato e Ziraldo – grandes escritores infantis Brasileiros de Épocas Distintas
José Bento Marcondes Monteiro Lobato é considerado dos principais autores da Literatura Infantil brasileira, ele inicia sua carreira de autor de livros infantis com a publicação (1921) de “Narizinho Arrebitado”, trazendo para as crianças brasileiras, possibilidade de novas perspectivas na leitura. 
Carvalho (1983) classifica Monteiro Lobato como “o maior clássico da Literatura Infantil Brasileira” (1983, p. 133), que não escreveu apenas para as crianças, mas inventou um mundo inteiro, criando histórias, com inúmeros personagens e fantasia: 
Ao contrário dos clássicos estrangeiros, ele não recriou seus contos de outros; ele os criou. Embora se utilizasse do rico acervo maravilhoso da Literatura Clássica Infantil de todo o mundo, a inspiração maior e básica de Lobato foi a própria criança, os motivos e os ingredientes de sua vivência: suas fantasias, suas aventuras, seus objetos de jogos e brinquedos, suas travessuras e tudo o que povoa a sua imaginação... Reencontrou a criança, amealhou toda a riqueza e criatividade de seu mundo maravilhoso e construiu um universo para ela, num cenário natural, enriquecido pelo Folclore de seu povo, aspecto indispensável à obra infantil. (CARVALHO, 1983, p. 133).
Segundo Regina Zilberman e Ligia Cademartori Magalhães, “Narizinho Arrebitado” aparece como uma literatura para a escola com uso para ser usada em escolas primárias como segundo livro de leitura, garantindo, assim, a sua distribuição.
[...] o texto apresenta uma feição bastante distinta daquela que marca a narrativa didática e moralizante. O principal traço de diferenciação consiste em que a história de Monteiro Lobato procura interessar a criança, captar sua atenção e diverti-la. É bastante conhecido o seu ideal de livro: um lugar onde a criança possa morar. Para alcançá-lo, o autor reconhecia a necessidade do gênero sofrer modificações e expressa essa intenção já na sua primeira obra. (ZILBERMAN e MAGALHÃES, 1987, p. 135 – 136).
Coelho (1991) diz que, Monteiro Lobato instituiu uma nova Literatura Infantil, partindo com os estereótipos, trazendo novas ideias e formas de escrever. Lobato escreveu crônicas e artigos para a imprensa do interior e capital paulistas desde a sua adolescência; ele preocupava-se com a renovação na literatura, apresentando autenticidade da realidade brasileira. Lobato alcançou total sucesso entre os pequenos leitores, pois,
[...] eles se sentiam identificados com as situações narradas; sentiam-se à vontade dentro de uma situação familiar e afetiva, que era subitamente penetrada pelo maravilhoso ou pelo mágico, com a mais absoluta naturalidade. Tal como Lewis Carroll fizera com Alice no País das Maravilhas, na Inglaterra de cinquenta anos antes, Monteiro Lobato o fazia no Brasil dos anos 20: fundia o Real e o Maravilhoso em uma única realidade. (COELHO, 1991, p. 227).
Monteiro Lobato cria o sítio do Pica pau Amarelo, Monteiro Lobato abrindo um leque de personagens que irão participar de muitas aventuras em suas histórias. Marisa Lajolo e Regina Zilberman citam alguns deles:
[...] é o sítio do Pica-pau Amarelo, propriedade de Dona Benta, que vive originalmente acompanhada de sua neta, a menina Lúcia, conhecida por Narizinho, e de uma cozinheira antiga e fiel, Tia Nastácia. Trata-se de uma população pequena para preencher um cenário tão grande, mas as personagens multiplicam-se rapidamente, com a inclusão de outros seres humanos (Pedrinho), seres mágicos (os bonecos animados Emília e Visconde), animais falantes (o porco Rabicó, o burro Conselheiro e o rinoceronte Quindim), sem falar dos eventuais seres aquáticos, habitantes do Reino das Águas Claras, localizado nas cercanias do sítio, ou dos visitantes mais ou menos habituais, como Peninha, o Gato Félix ou o Pequeno Polegar. (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 55).
Ainda de acordo com Marisa Lajolo e Regina Zilberman, o livro “Reinações de Narizinho” foi o primeiro de uma coleção escrita por Lobato, destinada a infância. Esse grupo de personagens simula a união, a família; o sítio do Pica-Pau Amarelo representa “uma percepção a respeito do mundo e da sociedade, bem como uma tomada de posição a propósito da criação de obras para a infância.” (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 56). Regina Zilberman em seu outro livro, A Literatura Infantil na Escola, escreve que o autor Monteiro Lobato,
Ainda de acordo com Marisa Lajolo e Regina Zilberman, o livro “Reinações de Narizinho” foi o primeiro de uma coleção escrita por Lobato, destinada a infância. Esse grupo de personagens simula a união, a família; o sítio do Pica-Pau Amarelo representa “uma percepção a respeito do mundo e da sociedade, bem como uma tomada de posição a propósito da criação de obras para a infância.” (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 56). Regina Zilberman em seu outro livro, A Literatura Infantil na Escola, escreve que o autor Monteiro Lobato.
As obras de Lobato representam a sua década, acrescentando a essa Literatura Infantil, comportamentos, valores, vaporização do relacionamento entre as personagens, e a representação da realidade com detalhes, tudo isso misturando a imaginação com o material, o autor apresenta suas histórias como algo plausível de ocorrer. 
Segundo Coelho, Monteiro Lobato “cada vez mais, deixa-se penetrar pela psicologia infantil (onde o real e o maravilhoso não se distinguem...), e nas histórias que inventa e publicar, os limites entre o mundo real e o imaginário se enfraquecem, até desaparecerem completamente.” (COELHO, 2010, p. 139).
Monteiro Lobato não é apenas um marco na Literatura Infantil brasileira, ele é também sua referência máxima (ZILBERMAN e MAGALHÃES, 1987, p. 139); suas obras proporcionam além disso, uma ampla pesquisadas diversas linguagens empregadas em seus textos, como o humor nas falas da boneca Emília, mas nunca abandonando a aprendizagem. Seus livros cativam, estimulam a imaginação, a inteligência, educando até hoje os leitores que se aventuram pelo sítio do Pica Pau Amarelo.
Ziraldo Alves Pinto ou simplesmente Ziraldo como é conhecido é outro escritor que também faz muito sucesso com o público infanto-juvenil, o seu primeiro livro infantil foi Flicts que teve sua publicação no ano de 1969, esse livro conta a história de uma cor rara que sai pelo mundo procurando o seu lugar, pois Flicts acha que não tem nenhuma tonalidade que faça par com ela. 
Segundo Castro (2008, p.79), 
O texto toca diretamente no temor ao abandono, sentido pelas crianças, que é traduzido pelo sentimento de não pertencer a um grupo, de rejeição, de exclusão causada pelas diferenças, que são a matéria prima da literatura, porque é com elas que se constroem as personagens e grande parte das histórias. (CASTRO, 2008, p. 79).
Ziraldo (1994, p.12-13) apresenta esse medo do abandono, da solidão em seu primeiro livro Flicts: 
Tudo no mundo tem cor/ tudo no mundo é/ Azul/ Cor-de-rosa/ ou furta-cor/ é vermelho ou/ Amarelo/ quase tudo tem seu tom/ Roxo/ Violeta ou lilás/ Mas/ não existe no mundo/ nada que seja Flicts/ (nem a sua solidão)/ Flicts nunca teve par/ nunca teve um lugarzinho/ num espaço bicolor/ (e tricolor muito menos/ - pois três sempre foi demais)/ não/ não existe no mundo/ nada que seja Flicts. (ZIRALDO, 1994, p. 12-13).
No ano de 1979, Ziraldo publica o livro O Planeta Lilás, que é um poema sobre o amor aos livros. E em 1978 publica o seu maior sucesso, o livro de: Menino Maluquinho. 
No seu site, onde tem a biografia de Ziraldo, ele conta que pela publicação do livro o Menino Maluquinho, ele ganhou o prêmio Jabuti na Bienal do Livro de São Paulo em 1979, prêmio esse da Câmara Brasileira do Livro.
O Menino Maluquinho foi traduzido para diversas línguas, e foi adaptado para televisão, teatro, histórias em quadrinhos, tirinhas e cinema. No livro que ele escreveu e ilustrou, Ziraldo (2011, p.8-14) conta a história de um menino maluquinho:
Ele tinha o olho maior do que a barriga/ tinha fogo no rabo/ tinha vento nos pés/ umas pernas enormes (que davam para abraçar o mundo)/ e macaquinhos no sótão (embora nem soubesse o que significava macaquinho no sótão)./ Ele era muito sabido/ ele sabia de tudo/ a única coisa que ele não sabia/ era como ficar quieto. (ZIRALDO, 2011, p. 8-14).
No ano de 2005 a editora Globo publicou os “25 anos do Menino Maluquinho”. A história foi ilustrada por Ziraldo e mais 27 artistas que foram convidados, entre esses artistas estavam Maurício de Sousa, Angeli, Ota e Guto Lins.
Ziraldo é escritor, chargista, cartunista, pintor, cronista, ilustrador e jornalista e se tornou um dos mais conhecidos escritores e ilustradores infantis do Brasil. Seu trabalho faz parte do dia-a-dia dos brasileiros, com personagens marcantes para a história da literatura infantil.
CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. A Literatura Infantil 
A literatura infantil é o marco inicial de uma cultura, pois surgiu de uma grande busca, de pedagogos, por técnicas e processos apropriados à educação da criança. Partindo desse princípio, pode-se conceituá-la como ferramenta de introdução do homem no mundo literário, logo, a mesma é responsável pela sensibilização da consciência, ampliação da capacidade e interesse em analisar o mundo.
A valorização da literatura infantil, como formadora de consciência dentro da vida cultural da sociedade, é bem atual porque, até pouco tempo, ela era considerada como um gênero secundário e vista pelos adultos como algo fútil.
Hoje, a literatura infantil está presente na escola e no lar, a literatura significa um forte estímulo na aprendizagem, pois é adquirindo o gosto por ela que a criança passará a escrever e ler melhor. 
Sobre isso Cademartori (1994, p. 23), afirma que:
A literatura infantil se configura não só como instrumento de formação conceitual, mas também de emancipação da manipulação da sociedade. Se a dependência infantil e a ausência de um padrão inato de comportamento são questões que se interpenetram, configurando a posição da criança na relação com o adulto, a literatura surge como um meio de superação da dependência e da carência por possibilitar a reformulação de conceitos e a autonomia do pensamento. (CADEMARTORI 1994, p. 23)
Ainda Cadermatori (1986, p.16) em seu livro, “O que é literatura infantil”, relata que a literatura propicia uma reorganização das percepções do mundo e, assim sendo, permite uma nova ordenação das experiências existenciais na criança, afirmando que “[..] a convivência com textos literários provoca a formação de novos padrões e o desenvolvimento do senso crítico”.
A autora (1986, p. 66) faz ainda alusão à importância da literatura nos primeiros anos, ressaltando que:
A literatura tem um papel no desenvolvimento linguístico e intelectual do homem e, desse modo, articula-se com interesses que a escola propala como seus, cabe a tentativa de explicitar qual poderia ser a relação da literatura com a criança a partir do início da escolaridade. (CADEMARTORI 1986, p. 66)
Baseando-se nisso pode-se concluir que a literatura infantil pode e deve ser trabalhada desde o início, quando a criança entra na escola, pois isso promoverá o aprendizado da linguagem e estimulará as crianças a gostarem de leitura.
Para as autoras Palo e Oliveira (2001, p. 19), é importante contar histórias para crianças pois, 
“[...] sempre expressa um ato de linguagem e representação simbólica do real, direcionado para a aquisição dos modelos linguísticos”. No caso da literatura infantil, o foco narrativo participa de duas naturezas - a verbal e a visual. A natureza verbal da literatura infantil seria o processo de comunicação entre o leitor e o ouvinte na forma de narração e a visual seria a expressão corporal que enriquece o seu contexto para que as crianças, não só escutem, mas também usem a imaginação. (PALO E OLIVEIRA 2001, p. 19)
Abramovich (1994, p. 16) refletindo sobre as contribuições da literatura infantil para a formação de leitores ressalta sobre a “[...] importância de ouvir muitas, muitas histórias [...] Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo [...]”. 
É através da literatura que a criança abre os olhos para uma nova relação com diferentes sentimentos e visões de mundo, ajustando, condições para o seu desenvolvimento intelectual e a formação de princípios individuais para interceder e reunir os próprios sentimentos e ações. 
Discorrendo sobre esse contexto, Bettelheim (1991, p.75) garante que a criança por meio da literatura desenvolve o potencial crítico e reflexivo. Afirma, ainda, que a partir do contato com um texto literário de qualidade, a criança é capaz de refletir, indagar, questionar, escutar outras opiniões, articular e reformular seu pensamento.
Segundo Martins (1982, p.63), existem três níveis de leitura: o sensorial, este que estaria unido aos aspectos exteriores da leitura como o tato, o prazer do manuseio de um livro bem-acabado, com ilustrações importantes e planejamento gráfico caprichado, o emocional, aquele que estimula a fantasia e libera emoções e o racional, que ligado ao plano intelectual da leitura. Essa concepção intelectual privilegia o texto escrito, sendo que nela, estariam identificados os aspectos formais do texto literário. Assim sendo, o professor não deve debater sobre esses três níveis de forma separada.
Paim (2000, p.104) salienta que, a leitura é um ato emancipatório, humanizador, transformador. É de suma importância a relação dos alunos com todos os tipos de texto. Mas, a literatura é a porta de entrada para o mundo. É a maneira como se consegue ver o mundo. É a mesma linguagem da criança, por isso ela se identifica tanto. A literatura estimula a criança a pensar, a ver o mundo, ajuda a se conhecer porque o momento em que ela se identificacom os personagens, vive toda a história na perspectiva da personagem. 
Para Carvalho, apud Cagnet e Zots (1966, p.71):
“A literatura é a arte de ouvir e de dizer, logo nasce com o homem, suas origens se assimilam com o uso das palavras: filogeneticamente o homem aprendeu a falar, dizer antes de ler e escrever como ontogeneticamente acontece com a criança: portadora de bagagem linguística. Essa capacidade de ouvir e de dizer é o ponto de partida da literatura”. (CAGNET E ZOTS 1968, p. 71)
Para Abromovich (2003, p.54) é de extrema importância que durante a formação da criança ela escute muitas histórias. Esse contato poderá desenvolver na criança o gosto pela leitura, cabe destacar ainda que, não existe um caminho único ou uma receita para se formar um leitor. O que existe são dicas para instigar esse processo até que a leitura se torne um hábito. Para isso acredita-se que recorrer à literatura infantil, é essencial para que de uma forma atraente consiga mostrar aos alunos como pode ser bom e agradável o ato da leitura. 
Abramovich (1997, p. 17) em seu livro “Literatura infantil - gostosuras e bobices” elucida que é através de uma história que se podem descobrir outros lugares, tempos, outros jeitos de agir e de ser. Por isso, as histórias são tão importantes, elas “abrem caminhos”.
A autora afirma ainda que é extraordinário para a formação de qualquer criança ouvir muitas histórias, ou seja, “[...] escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter caminhos absolutamente infinitos de descoberta e de compreensão do mundo” (ABRAMOVICH, 1997, p. 16).
Gregorin (2009, p.44) relata acreditar que a infância é o melhor momento para iniciar o processo de estímulo à leitura, nesse período é importante motivar as crianças desde cedo a criar o hábito de ler por prazer. E utilizar como caminho a literatura infantil, é fundamental devido a sua capacidade de envolver o leitor por inteiro, apelando para suas emoções e fantasias. Ao tomar contato com qualquer obra chamada de literatura infantil, antes de qualquer coisa, deve-se tomá-la como um texto portador de uma linguagem específica e cujo objeto é expressar experiências humanas e, em razão disso, não pode ser definida com exatidão
Gregorin (2009, p.137), ressalta que, pode-se realmente levar muitas crianças a ampliar e educar seus olhares para a literatura, e para a arte, a se transformarem em leitores plurais, e consequentemente em cidadãos mais preparados para a vida em sociedade. 
Segundo Coelho (2000, p.27) A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: Fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem e a vida através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização. 
Abramovich (1997) ressalta que ler histórias infantis é estimular o imaginário, a curiosidade, encontrando assim muitas ideias para solucionar questões ligadas aos personagens da história, além de despertar a criatividade para desenhar, teatralizar e brincar.
Cagliari (2003, p.112) afirma que o hábito da leitura é a maior herança que a criança pode receber, é por meio da leitura que o ser humano obtém o conhecimento, então é necessário que a escola em sua prática pedagógica desenvolva ações voltadas para a prática da leitura. Pois a leitura amplia os conhecimentos do ser humano, estimula o desejo por outras leituras, exercita a imaginação e a fantasia, contribui para compreender como funciona a escrita.
2.1. A Literatura como Ferramenta de Aprendizagem no Contexto Escolar
O ato de ler deve ter significação, logo, a ação do professor nesta fase inicial da introdução à literatura terá amplo sentido e deve exceder os muros da incompreensão. Através de suas ações, os professores devem usar os conhecimentos linguísticos, usando a oralidade quando as crianças não sabem ler formalmente. 
Devemos estimular as crianças quando pequenas a ter o acesso aos mais diferenciados tipos de textos, lendo com entonação adequada e propícia a literatura escolhida, pois é nesta fase que os muros da imaginação ainda não foram totalmente derrubados. É estimulando a competência leitora através da imaginação que se pode atribuir significação ao ato de formar leitores.
A leitura realizada nas instituições de educação deve ser de forma oral, pois as crianças ainda não sabem ler, porém nada evita que manuseiem os livros de diferentes tipologias para conseguirem identificar através da janela da imaginação a importância de saber ler. 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) (2001, p. 57) afirmam que: “A leitura, como prática social, é sempre um meio, nunca um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma necessidade pessoal”. Essa afirmativa discute a importância da leitura para o desenvolvimento cognitivo e social dos indivíduos. É através da leitura que se forma o cidadão e se compreende melhor o mundo. 
A literatura infantil, empregada de modo apropriado, é um instrumento de suma importância na construção do conhecimento do aluno. Ela faz com que o educando acorde para o mundo da literatura não só como um ato de aprendizagem significativa, mas também como uma atividade que lhe der prazer. Não se deve esquecer que a sala de aula é um espaço para a construção de bons leitores, que valorizem a leitura pelo simples prazer de viajar pelas histórias. 
Existem estratégias de leitura que permitem formar leitores e uma delas é a leitura compartilhada, que se sobressai pelo ato de um adulto ler histórias, lendas, contos, narrativas para outros, e nesta dinâmica as crianças têm a oportunidade de ampliar seus conhecimentos literários sem saber ler convencionalmente. É um passo importante para um bom desempenho no processo de alfabetização. 
Segundo Cagliari (2003, p.115) o desafio da escola é o de promover o hábito da leitura nos alunos, pois a leitura é fundamental para a sua formação, através da leitura o indivíduo adquire conhecimentos que lhe serão úteis no futuro e uma melhor visão da sociedade com capacidades reflexivas e resolução de problemas. Pessoas leitoras têm mais chances de realizarem-se pessoal e profissionalmente por saberem se posicionar diante de diversas situações. E é isso que a escola busca na literatura infantil, apoio para despertar nos educando o interesse pela leitura. 
Para Orlandi (1995), o sujeito leitor é quem, em sua preexistência, se torna produtor da interpretação do texto, ao mesmo tempo em que, coloca-se como contemporâneo a ele, produzindo leitura, especificamente de sentido, garantindo sua eficácia, organizando-se com seu conhecimento de um eu-aqui-e-agora, relacionando-se com ele sem perder sua originalidade.
Coelho (1986, p.187) argumenta que literatura é arte, é um ato criativo que, por meio da palavra, cria um universo autônomo, realista ou fantástico, onde os seres, coisas, fatos, tempo e espaço, mesmo que se assemelhem ao que podemos reconhecer no mundo concreto que nos cerca, ali transformado em linguagem, assumem uma dimensão diferente: pertencem ao universo da ficção.
Cunha (1974, p.45) afirma que: A Literatura Infantil influi e quer influir em todos os aspectos da educação do aluno. Assim, nas três áreas vitais do homem (atividade, inteligência e afetividade) em que a educação deve promover mudanças de comportamento, a Literatura Infantil tem meios de atuar.
Segundo Lajolo (1996, p.76), a leitura é a estratégia eficaz no processo de ensino-aprendizagem, sendo praticada pelos alunos de diversas formas e métodos. É possível orientá-la de maneira que a expanda-se muito além das notas das aulas: sublinhando pontos importantes de um texto, monitorando a compreensão na hora do ler, empregando técnicas de memorização, elaborando resumos, planejando e estabelecendo metas, entre outras.
Conforme Solé (1998, p.116) o processo de leitura deve garantir que o leitor compreenda os diversos gêneros textos que se propõe a ler. É um processo interno, porém deve ser ensinado, porque aprender a ler não é uma atividade natural, para a qual a criança habilita-se sozinha. Assim o professordeve oportunizar várias situações de leitura onde a criança possa se interessar pelos livros, pois entre livros e leitores. O professor é o mediador mais importante e fundamental na jornada leitora de cada aluno. Um professor leitor pode ser um espelho para seus alunos.
De acordo com Lajolo (1997, p.106) é à Literatura, como linguagem e como instituição, que se confiam os diferentes imaginários, as diferentes sensibilidades, valores e comportamentos através dos quais uma sociedade expressa e discute, simbolicamente, seus impasses, seus desejos, suas utopias. 
Por meio da literatura, das vivências que ela oferece, o indivíduo apreende o mundo no qual vive e percebe-se como ser influente e responsável pelo desenvolvimento do mesmo. A literatura proporciona ao homem uma visão mais completa e crítica de sua realidade ao permitir que por intermédio da imaginação ele interaja com seu dia-a-dia, com o mundo das coisas e dos outros.
É notório que a escola possui um importantíssimo papel para estimular os alunos ao habito de se ouvir histórias, abrindo os olhos da criança, a curiosidade, que promovera a aprendizagem e colaborará nos aspectos como: senso crítico criatividade, afetividade, e raciocínio. A literatura infantil precisa estar presente na escolaridade infantil para auxiliar na formação de futuros leitores e escritores.
Cunha (2006, p. 24) afirma que parece “prematuro tentar traçar uma história do gênero em nosso país”, mesmo com os avanços na área, pois não se pode negar que as produções literárias brasileiras ainda estejam voltadas para o âmbito educacional e não para o lazer e entretenimento da criança. 
Já Cademartori (1986, p.66) relata que a literatura tem um papel no desenvolvimento linguístico e intelectual do homem e, desse modo articula-se com interesses que a escola propala com seus, cabe a tentativa de explicitar qual poderia ser a relação da literatura com a criança a partir do início da escolaridade.
Coelho (1997, p. 9), em seu livro “Contar histórias - uma arte sem idade” presta um depoimento sobre sua vivência em sala de aula, em relação às histórias infantis, e relata as suas experiências como contadora de histórias: 
Como toda arte, a de contar histórias também possui segredos e técnicas. Sendo uma arte que lida com matérias primas especialíssimas, palavra, prerrogativa das criaturas humanas, depende naturalmente de certa tendência inata, mas pode ser desenvolvida, cultivada, desde que se goste de crianças e se reconheça a importância das histórias para elas. (Coelho, 1997, p. 9)
Santos (2009, p.215) relata que os livros e as brincadeiras estão inseridos em um contexto que possibilita às crianças exercerem a sua capacidade de raciocinar e trabalhar com o desenvolvimento da imaginação, enquanto o adulto exerce o papel de mediador e é considerado como estimulador para a criança, já que ele apresenta as possibilidades de conversação e expressões, contribuindo para a aquisição e desenvolvimento da linguagem ora.
Deste modo, auxilia a inserção da criança em um mundo de livros, leitura e escrita. O lúdico tem uma grande contribuição para o desenvolvimento da linguagem, da leitura, da identidade social e intelectual e da autonomia da criança (MELO; LIMA, 2016).
Conforme Zilberman (1997, p.106) a literatura infantil possui um tipo de leitor que carece de uma perspectiva histórica e temporal que lhe permita pôr em questão o universo representado. Por isso, ela é necessariamente formadora, mas não educativa no sentido escolar do termo; e cabe-lhe uma formação especial que, antes de tudo, interrogue a circunstância social de onde provém o destinatário e seu lugar dentro dela
Segundo Garcez (apud PAZOS, 2004, p.71) As histórias provocam atividade mental intensa, a criança ouve de forma ativa, interage com o narrador e os personagens e reage, fazendo antecipações, hipóteses, inferências que possibilitam o desenvolvimento das capacidades de linguagem importantes para a compreensão de textos mais complexos. 
“A leitura é determinante para a aprendizagem do ser humano, pois é pelo meio da leitura que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter informação, conhecimentos, dinamizar o raciocínio e a interpretação” (PONTES, 2014, 20). 
Essa leitura é diferenciada por faixa etária e por sua inter-relação com o nível intelectual e o grau de conhecimento de leitura, pois o “processo de aprendizagem é prolongado, ocorre gradativamente e aprender a ler requer motivação e recursos cognitivos suficientes para fazê-lo” (MELO; LIMA, 2016, p. 3). 
Coelho (2000, p.15) afirma que: Estamos com aqueles que dizem: sim a literatura, e em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em formação: a de servir como agente de formação, seja no espontâneo convívio leitor/ livro, seja no diálogo leitor/ texto estimulado pela escola... É ao livro à palavra escrita, que atribuímos a maior responsabilidade na formação da consciência de mundo das crianças e dos jovens.
Coelho (1997, p.14) ainda afirma que que não basta ler uma história. A entonação da voz, seu ritmo, timbre e expressão faciais sinalizam acontecimentos e dá carga expressiva às histórias. Quanto à escolha da mesma, a autora afirma: A escolha da história deve ter linguagem escrita simples e acessível, adaptação verbal que facilite sua compreensão, o ponto de vista literário, o interesse do ouvinte, faixa etária e condições sócio-econômicas.
Ferreiro (2010, p.15) afirma que as crianças são fáceis de serem alfabetizadas desde que estejam inseridas em contextos significativos. Dessa forma a criança vai perceber que a escrita é algo interessante que deve ser aprendido.
Carvalho e Mendonça (2006, p.164) relata que ao atribuir novos significados ao ler e escrever, a escola assume uma atitude educativa digna de professores que querem ser reconhecidos como produtores da cidadania, que favorecem, às jovens gerações, possibilidades efetivas de compreensão e transformação da sua realidade social e pessoal. 
A criança deve ser incitada desde sempre a ter contato com livros e a leitura dos mesmos, apesar de não saber ler convencionalmente. Assim estará apta para ler antes da época esperada, pois teve um contato constante e regular com livros de história e leitura compartilhada antes do aprendizado formal. A leitura deve ter significação e ser motivadora da ação. 
Para Smith (1999, p. 15): “A leitura não pode ser ensinada, mas, apesar disso, os professores e outros adultos tem um papel decisivo a desempenhar e é deles a grande responsabilidade de tornar possível a aprendizagem da leitura”.A leitura não pode ser ensinada, porém aos professores cabe estimular através de metodologias diferenciadas, proporcionando momentos de fazer por prazer, criar, reinventar, estimular e despertar o gosto pela leitura através de ações que façam a diferença. 
Jouve (2002, p. 22) comenta: “Toda leitura interage com a cultura e os esquemas dominantes de um meio e de uma época”. Ou seja, o autor discute que a leitura faz enxergar o contexto sócio histórico e cultural em que se vive. 
Os PCN’s (2001, p. 45) mostram:
Formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê que possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos, que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto, que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos.
Rezende (2000, p. 21) diz: “O professor deve ser o impulsionador da leitura, inventando em sala de aula condições para os alunos lerem e serem valorizados pelo que leem”. Começar estimulando as crianças da educação infantil é primordial, fazer com que elas queiram se envolver em outros mundos que a literatura oferece. Há uma urgência de mudança intensa nos trabalhos pedagógicos desenvolvidos em sala, e isso não é tarefa fácil para a escola que anda cambaleando em suas reformas educativas. 
Lerner (2002, p. 30) afirma: No entanto, a inovação que realmente supõem umprogresso em relação á pratica educativa vigente tem séria dificuldade para se instalar no sistema escolar, em troca costuma adquirir força, pequenas "inovações" que permitem alimentar a ilusão de que algo mudou. Inovações que são passageiras e logo serão substituídas por outras que tampouco afetarão o essencial do funcionamento didático. 
A autora Lerner (2002, p.32) discute que, apesar de importantes, as inovações que aparecem na prática da sala de aula, são, geralmente, insuficientes e se prestam muitas vezes a modismos instantâneos. Não têm objetivos claros ou mesmo sendo apenas atividades isoladas. Quanto mais cedo histórias orais e escritas entrarem na vida da criança, maior as chances dela gostar de ler e aumentar o repertório textual, favorecendo na produção textual dos alunos. 
Através da leitura, o leitor pode entrar no texto, colocando-se no lugar dos personagens, identificando-se com eles, dando sentido ao texto, pois é a partir de suas experiências de vida, da sua visão de mundo, estabelecendo várias relações, completando os vazios deixados pelo autor, que se faz uma viagem imaginária tentando buscar soluções para os problemas cotidianos. Ouvir um texto já é uma forma de leitura, onde o professor tem papel primordial, sendo o mediador e facilitador da aprendizagem. 
Nas séries iniciais, a criança que ainda não sabe ler formalmente mas, poderá fazer escutando a leitura através do professor, mesmo que não possa compreender todas as palavras. Ela identificará personagens, lê as gravuras, reconhecerá objetos e lugares. Existe a necessidade da superação de algumas percepções sobre o aprendizado inicial da leitura, a principal delas é a de que ler é somente entender, converter letras em sons, sendo a compreensão consequência natural dessa ação. 
Para Piaget (1896-1980, p.116) apud DOLLE (1978, p.57), o desenvolvimento cognitivo classifica-se em quatro etapas e comprova que os seres humanos passam por uma série de mudanças previsíveis e ordenadas, ou seja, em geral, todos os indivíduos vivenciam todos os estágios na mesma sequência, no entanto o início e o termino de cada estágio sofre variações, dadas às diferenças individuais de natureza biológica ou do meio ambiente em que o indivíduo está inserido. 
ROUSSEAU (XVIII, apud FROTA, 2006, p. 4.) acredita na ideia de natureza boa, pura e ingênua da criança, e da necessidade de respeitá-la, deixando-a livre para que a natureza pudesse agir em seu curso normal, favorecendo desse modo, o pleno desenvolvimento das crianças. Já as percepções mais românticas da infância antecipam que as crianças têm sabedoria e sensibilidade estética aguçada, sendo imprescindível que se lhes sejam ofertadas condições adequadas ao seu pleno desenvolvimento.
Já quando se trata de adolescência, boa parte dos estudiosos do desenvolvimento humano assegura que ser adolescente é viver um período de transformações físicas, sociais e cognitivas que, juntas, auxiliam a traçar o perfil desse grupo de pessoas. Segundo Frota (2007, p. 155),
Hoje, tem-se a adolescência como uma fase do desenvolvimento humano que faz uma ponte entre a infância e a idade adulta. Nessa perspectiva de ligação, a adolescência é compreendida como um período atravessado por crises, que encaminham o jovem na construção de sua subjetividade. No entanto, a adolescência não pode ser compreendida somente como uma fase de transição. (FROTA 2007, p. 155)
Após a publicação da Lei brasileira nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), que constitui as diretrizes e bases da educação nacional, os textos produzidos para o público infanto-juvenil trazem a obrigação de as práticas escolares interligarem assuntos pertinentes à realidade em que vivem.  A adolescência é considerada um período de transição da fase infantil para a fase adulta muito complicada e, nesse sentido, deve-se ponderar as suas especificidades para além das inevitáveis mudanças físicas, comportamentais, emocionais e hormonais.
Segundo Melendes; Silva (2008, p.3) formar leitores é algo que requer, portanto, condições favoráveis para a prática de leitura, que não se restrinjam apenas recursos materiais, pois, na verdade, o uso que se faz dos livros e demais materiais impressos é o aspecto mais determinante para o desenvolvimento da prática e do gosto pela leitura 
Lajoto (1993, p.32), no livro “Do mundo da leitura para a leitura do mundo”, nota que a função do professor bem sucedido se limita ao papel de propagandista persuasivo de um produto, nesse caso, a leitura que, sobre a avalanche do marketing e do merchandising, corre o risco de perder ao menos em parte sua especialidade, ou seja, a autora mostra-nos que seja preciso criar boas estratégias no trabalho com a leitura literária, caso contrário, perderemos ainda mais espaço em razão te tantas outras opções que o mundo virtual, por exemplo, oferece aos alunos.
É papel do professor desenvolver nos alunos o hábito da leitura a partir de uma aproximação significativa com os livros, com atividades interessantes, que acorde o interesse, a curiosidade e o prazer para a leitura. Assim, a sala de aula torna-se um lugar de pensar, do diálogo, de reflexão compartilhada, e participação, um ambiente de aprendizagem, onde provoca muitas condições de leituras significativas. O emprego da literatura em sala deve-se ao fator do texto ter uma linguagem de fácil acesso, emocionante e ser voltada ao público infantil. A partir do momento que o professor emprega o livro de literatura infantil em sala desperta a curiosidade das crianças e estimula-as a fazer o mesmo. 
O trabalho da escola é demonstrar para o educando a importância que a leitura tem no cotidiano. A sociedade contemporânea está querendo cada vez mais que o indivíduo tenha conhecimentos e habilidades para que possa analisar, explicar e interpretar, todas os elementos que circulam no meio que em vive. 
Assim o trabalho para o desenvolvimento de leitores deve iniciar pelos professores, para que sintam gosto e prazer pela leitura incentivando assim os alunos a serem leitores. O professor leitor terá mais condições de acordar, nos seus alunos, o interesse e o prazer pela leitura do que aquele que não lê ou prestigia muito pouco as aulas de leitura. 
Segundo Antunes (2008, p.52) além do estímulo que cabe ao professor oferecer, também o ambiente, e as condições de tranquilidade e emocionais para que o aluno comente livremente o que leu transmitindo o seu parecer, suas emoções, o que representou para si a leitura feita. 
A literatura infantil é usada por educadores como ferramenta na inclusão de crianças com deficiências. Deste modo, trabalha com a inclusão social dessas crianças em uma sociedade onde todos possam ser tratados igualmente, pois a “inclusão social das pessoas com deficiências significa torná-las participantes da vida social, econômica e política, assegurando o respeito aos seus direitos no âmbito da Sociedade, do Estado e do Poder Público” (CONFESSOR, 2016, p. 4). 
Portanto, não interessa o meio em que a literatura infantil é proporcionada, ela terá peso específico para o desenvolvimento psicológico e humano, uma vez que, por meio da fantasia, ocorre a possibilidade de um mundo novo e cheio de descobertas, proporcionando ao pequeno leitor qualidade de vida, ajudando para o apurar os sentidos como a visão, audição, olfato e paladar e também da concepção do mundo.
Muitos docentes de língua portuguesa culpam o pouco tempo das aulas como o grande empecilho para a realização satisfatória do trabalho com as literaturas, embora declarem que creem no potencial das atividades proporcionada por elas e na sua eficácia como ferramenta que colabora para o desenvolvimento cognitivo e psicológico dos alunos, bem como, na formação de leitores críticos-reflexivos. 
Dentre as muitas causas que o professor tem para trabalhar com literaturas infanto-juvenis nas aulas o mais motivador é o vasto repertório de imagens e elementos culturais e psicológicos que as obras tem e que agregam o imaginário infantil e acionam lembranças afetivas no jovem. Assim sendo, as histórias infantis,as poesias e os contos permitem novas descobertas para crianças e adolescentes, que desfrutam do momento da leitura, sem anseios unicamente pedagógicas, mas associando prazer com aprendizado. 
Segundo MARTINS (apud CAVALCANTI, 2002, p. 45):
As crianças gostam de ouvir e ler histórias, o que lhes falta é o estabelecimento de uma relação prazerosa com o texto literário, tanto no sentido lúdico, quanto no sentido afetivo, pois parece que o espaço escolar sempre serviu como lugar de razão. Infelizmente, por um longo tempo, a emoção e a afetividade estiveram longe das salas de aula.
Assim sendo, se faz necessário que a escola propicie outra vez esse lugar prazeroso ao aluno, onde a leitura literária e o leitor se reencontrem com frequência e com intimidade.
Conforme PEREIRA (2008, p.67), os gêneros textuais são estruturas dinâmicas adaptadas a partir das necessidades discursivas dos interlocutores. Sua criação e mudança estão conectadas às mudanças sociais e culturais. Na atualidade, as crianças já nascem envolvidas com inúmeros aparatos tecnológicos, e o livro de papel, que costumava ser seu primeiro contato com a leitura, muitas vezes não o é mais. Neste sentido, pode-se perceber um novo processo de formação de leitores.
Neste mesmo sentido, ZILBERMAN (1985, p.21) destaca a importância de trazer de volta a prática da leitura para a sala de aula, pois isso significa “resgatar a função primordial da leitura, buscando assim, sobretudo, a recuperação do contato do aluno com a obra de ficção”. Ainda que para isso seja usado os novos gêneros textuais como aliado nesse processo.
Sabe-se que o docente é a ligação entre livros e seus discentes e, como intercessor no processo de formar leitores, necessita, antes de tudo, gostar de ler, ou seja, é preciso que o docente seja um leitor literário assíduo, e não apenas alguém que lê pela força da obrigação profissional. Muitas vezes o professor não é um leitor apreciador de obras literárias e isso se deve a diversos fatores, entre eles cabe citar dois: a própria experiência pessoal com a leitura e os processos de sua formação profissional, que, em algum momento, não teve ênfase nas práticas de leitura e análise de obras literárias, pois como garante PAIVA (2010, p.51),
É necessário repensar a formação inicial e continuada, de modo que o processo de formação docente seja construído e reconstruído em favor de uma nova postura pedagógica, que inclua, com consistência, a leitura do texto literário nas diversas modalidades do ensino. (PAIVA, 2010, p. 51).
Entretanto, os conhecimentos literários nem sempre são aprofundados nem nos cursos de formação inicial como também nos de formação continuada, ou seja, são transmitidos apenas de forma muito superficial. Desse modo, compete ao professor atentar de forma contínua, em sua própria formação, expandindo assim, suas possibilidades literárias e, com isso, fazer uso em prol de seus alunos. Sabe-se que todo professor é um leitor, mas boa parte deles lê apenas aquilo que é de rotina, como por exemplo, o livro didático, manuais e informações pertinentes a sua prática pedagógica rotineira.
 Para PAIVA, (Col. Explorando o Ensino, 204 p; v. 20. 2010, p. 52):
“Quem se entrega ao livro literário infantil sai da leitura mais enriquecido interiormente, pois esse tipo de texto não foi feito somente para a fruição das crianças, mas, neste mundo caótico, para alimentar nossos sentimentos, fazendo-nos mais felizes”. Portanto, o professor de língua portuguesa deve, antes de tudo, cultivar o gosto pela leitura de textos literários, para que assim, possa conduzir seus alunos através do mundo mágico, e, sobretudo, humano que se revela através dos textos literários. (PAIVA, Col. Explorando o Ensino, 204 p; v. 20. 2010, p. 52)
Quase em todas as escolas brasileiras tem biblioteca, ou, pelo menos, possui um espaço adaptado para funcionar como tal, e mesmo não sendo da melhor maneira, tem o nome de biblioteca. As bibliotecas escolares são, com efeito, essenciais para a formação de leitores, desde que bem equipadas e bem dinamizadas. 
Estudos, como o Reading Literacy (I. Sim-Sim & G. Ramalho, 1993 apud BARROCO, pag.162, 2004), têm apontado que existe uma relação positiva entre o desempenho dos alunos e a frequência das bibliotecas. Entretanto, este recurso nem sempre tem sido utilizado convenientemente, sendo até muitas vezes esquecido, já que continuam a serem consideráveis as deficiências das bibliotecas escolares das escolas brasileiras.
Porém, mesmo que a biblioteca tenha um bom acervo poucos alunos frequentam a biblioteca, isso devido a carência de empenho dos professores em desenvolver projetos de leitura e mesmo de inserir como sequência didática em seus planos de aula o trabalho com a obra literária. Com certeza, não cabe apenas aos professores de português e de produção textual o compromisso de usar o texto literário em suas aulas como meio de desenvolver nos seus alunos a competência leitora. Cabe perfeitamente a todos os professores associar os relatos ficcionais às suas disciplinas, pois todas elas prescindem de leitura, de interpretação e de reapresentação. Como cabe também ao coordenador pedagógico promover projetos interdisciplinares e outros eventos que privilegiem o trabalho com a literatura. 
Enfim, dizer que o tempo das aulas é curto não pode mais servir de ensejo para negligenciar-se uma grandeza tão importante para o desenvolvimento humano dos alunos.
CAPÍTULO III – AS CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Ao deparar com escritas deste nível, pensa-se na responsabilidade do professor enquanto mediador da aprendizagem e também responsável pela formação do leitor. Percebe-se que contar histórias é de suma importância e precisa ser uma prática habitual tanto nos espaços escolares como familiares, pois incentiva e desenvolve nos alunos inúmeras habilidades e competências, entre elas saber ouvir, compreender e ler imagens e palavras.
Precisa-se possibilitar o contato das crianças com os livros, tanto na escola quanto na família, para que possam despertar o imaginário, a curiosidade e as descobertas sobre o mundo que a cerca. 
Sendo assim, percebe-se que grande parte da formação literária dos meninos e das meninas se produz através do seu contato direto com a literatura destinada à infância e à adolescência. “[...] com o manuseio e a leitura desses livros formam-se muitas expectativas acerca do que se pode esperar da literatura, aprende-se a inter-relacionar a experiência vital com a experiência cultural fixada pela palavra [...]”. (COLOMER, 2007, p. 73)
Acredita-se que seja a partir destas experiências possibilitadas pela leitura que a criança se envolve com o mundo da leitura literária e desenvolve relacionamentos, compreensão e interpretação do mundo e dos acontecimentos que a cerca.
A criança que lê, escreve melhor, compreende melhor, relaciona-se melhor, possui um vocabulário melhor e interpreta melhor. São inúmeros os benefícios da leitura, por este motivo é que merece ser valorizada e estimulada na escola e na família, pois proporciona desenvolvimento intelectual, cognitivo, mental e social.
É importante ressaltar que o interesse pela leitura é o ponto inicial para a formação do leitor. Por isso precisa-se encantar a criança e chamá-la para a leitura, e isso com certeza, o conto oferece. E quando pais e professores também se encantam com as obras literárias e dão exemplo para filhos e alunos, o hábito da leitura acontece naturalmente.
3.1. O Papel da Escola no Processo de Formação de Alunos Leitores 
A escola é vista como um espaço social e cultural de extrema importância para a humanização das gerações mais jovens, em que é preciso introduzi-las na herança de saberes discursivos e simbólicos, que são impostos pela sociedade, além de capacitá-los a reproduzir e transformar essa herança quando necessário. De acordo com Pulline Moreira (2008, p. 232), a escola é um lugar privilegiado para a construção da cidadania e para a formação e transformação do indivíduo que

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