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Atividade 3 - Antropologia

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Evidentemente o etnocentrismo afeta todas as pessoas, em todas as culturas do globo, em maior ou menor grau. Isso porque é muito "normal" julgarmos "etnocêntricamente" assuntos relacionados à política, à sexualidade, ao feminismo, à questão racial, às drogas, etc. Este fenômeno possui dimensões intelectuais (racionais) e afetivas (psicológicas) que estão na gênese de quase todas as atitudes e comportamentos preconceituosos, radicais e xenófobos, limitando ou impedindo qualquer outra possibilidade de existência.
Foi assim, por exemplo, durante os Descobrimentos, quando a cristandade declarou sua missão sagrada de levar a fé pela ação dos missionários e conquistadores. Posteriormente, o Iluminismo irá afirmar o triunfo da razão e será a medida de todo progresso que justificou o colonialismo ocidental.
Junto à isso, desenvolve-se uma outra definição mais específica do etnocentrismo, a saber, o "Eurocentrismo", pelo qual o europeu foi considerado o modelo de "homem civilizado". Nos anos seguintes, até o início do século XIX, evidências pseudocientíficas irão embasar vários dados que permitirão o estabelecimento de uma linha evolutiva da cultura em estágios: selvagens, bárbaros e civilizados. De modo similar, o racismo científico irá constituir uma ideologia de superioridade da raça branca. Nesse momento, ser branco e europeu era considerado o máximo da evolução cultural e social no planeta.
Um exemplo marcante de etnocentrismo ocorreu no governo nazista de Hitler, na Alemanha, que julgou existir uma superioridade da suposta raça ariana branca em relação às demais, o que justificava a apreensão, a expulsão e até a morte de povos de outras origens, em especial os judeus.
No cotidiano, temos expressões que reforçam os estereótipos: “tudo farinha do mesmo saco”; “tal pai, tal filho”; “só podia ser mulher”; “nordestino é preguiçoso”; “serviço de negro”; e uma série de outras expressões e ditados populares específicos de cada região do país.
O processo de naturalização ou biologização das diferenças étnico-raciais, de gênero ou de orientação sexual, vinculou-se à restrição da cidadania a negros, mulheres e homossexuais. Uma das justificativas, até o início do século XX, para a não extensão às mulheres do direito de voto, baseava-se na ideia de que elas possuíam um cérebro menor e menos desenvolvido do que o dos homens. A homossexualidade, por sua vez, era tida como uma espécie de anomalia da natureza, ou seja, uma doença.
Não podemos deixar de falar nas religiões de matriz africana, como o candomblé e umbanda, resultado do sincretismo religioso. Outras religiões pregam formas diversificadas de contato com o divino, classificando e condenando as práticas do candomblé, como “erradas” e “bárbaras”, ou como “feitiçaria”.
O espiritismo kardecista, hoje praticado nas mais distintas partes do Brasil, foi durante muito tempo perseguido por aqueles que, adotando um ponto de vista católico ou médico, afirmavam serem as práticas espíritas próprias de charlatães.
O preconceito relativo às práticas religiosas afro-brasileiras está profundamente arraigado na sociedade brasileira, por essas práticas estarem associadas a negros e negras, grupo historicamente estigmatizado e excluído, e cujos cultos seriam contrários ao cristianismo europeu. Vale lembrar que expressões culturais de matriz afro-brasileira como o samba, a capoeira e o candomblé foram, durante décadas, proibidos e perseguidos pela polícia. É a atitude de discriminar, de negar oportunidades, de negar acesso, de negar humanidade. Nessa perspectiva, a omissão e a invisibilidade também são consideradas atitudes, também se constituem em discriminação.
A imagem que construímos muitas vezes sobre os portadores de deficiências, prostitutas, homossexuais, etc. são construídas quase sempre para a legitimação da exclusão social e política dos grupos discriminados. No fundo, viver em democracia está na proporção direta do quanto somos pessoal e coletivamente capazes de superar os nossos medos.

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