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_Aula 6_Análise de Citações_Anais do XIII SBTA - Goiânia - 2019 (1)

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ISSN 1984-8757 Página 16 de 928
AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE DIFERENTES TIPOS E COMBINAÇÕES DE 
ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO UTILIZADAS NO BRASIL 
Tema: Sustentabilidade, vida útil e meio ambiente. 
Grupo1: 1 
LUCAS R. CALDAS1, ROMILDO D. TOLEDO FILHO2 
1 Doutorando, Programa de Engenharia Civil/COPPE/UFRJ, lrc@coc.ufrj.br 
2 Prof. DSc., Programa de Engenharia Civil/COPPE/UFRJ, toledo@coc.ufrj.br 
RESUMO 
Esta pesquisa quantificou os potenciais impactos ambientais de diferentes tipos e 
combinações de argamassas de revestimento utilizadas no Brasil, a partir da metodologia de 
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). A ACV foi realizada utilizando dados dos Cadernos Técnicos 
de Composições do SINAPI e Ecoinvent, adaptado à realidade brasileira. A combinação de 
chapisco 1:5 e camada única 1:3:12 apresentou-se como a menos impactante, para a maioria 
das categorias ambientais avaliadas. O cimento e a cal hidratada foram os insumos mais 
impactantes. A carbonatação da argamassa também foi quantificada e se mostrou importante 
para o impacto de Potencial de Aquecimento Global. 
Palavras-chave: ACV, Chapisco, Camada única, carbonatação. 
ENVIROMENTAL ASSESSMENT OF DIFFERENT KINDS AND COMBINATIONS OF 
COATING MORTARS USED IN BRAZIL 
ABSTRACT 
This research quantified the potential environmental impacts of different types and 
combinations of mortar s coatings commonly used in Brazil, by the Life Cycle Assessment (LCA) 
methodology. The LCA was performed based on data from the Technical Notes of 
Compositions for Mortars and Grouts of SINAPI and Ecoinvent, adapted to the Brazilian 
context. The combination of 1:5 roughcast and 1:3:12 plastering mortar was the least 
impactful for most of the evaluated environmental categories. The cement and the hydrated 
lime were the most impactful inputs. The mortar s carbonation was also quantified and proved 
to be an important factor for the Global Warming Potential impact. 
Keywords: LCA, roughcast, plastering mortar, carbonation. 
1 Grupo 1: Oriundos de teses, dissertações e relatórios finais de projetos de pesquisa; ou Grupo 2: oriundos de disciplinas de pós graduação, 
iniciação científica, trabalhos de conclusão de curso (TCC), pesquisas aplicadas e outros. 
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1. INTRODUÇÃO
No Brasil, o sistema de revestimento argamassado é realizado com camadas de argamassa, 
sendo as mais comuns o chapisco e camada única, como aponta Carasek (2010). As 
argamassas utilizadas nessas camadas possuem diferentes composições, sendo que a 
argamassa de chapisco convencional é composta por cimento, areia e água, enquanto que na 
camada única (também chamado de reboco paulista) utiliza-se argamassa mista, que além de 
cimento, areia e água, emprega-se a cal hidratada (YAZIGI, 2016). 
Sabe-se que para a produção desses materiais cimentícios são gerados impactos ambientais 
durante as etapas de extração e produção das matérias primas, transporte e processamento. 
Esses materiais em especial devem merecer atenção especial tendo em vista que um dos 
insumos utilizados na produção é o cimento Portland. Ele é o material artificial mais 
consumido no mundo, sendo apontado como o responsável por 5% das emissões antrópicas 
globais de CO2, e, consequentemente tendo grande influência para as questões das mudanças 
climáticas (WBCS, 2009). 
A metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) tem despertado interesse nos últimos anos, 
inclusive no setor da construção brasileira, por conseguir quantificar e avaliar esses potenciais 
impactos ambientais ao longo do ciclo de vida dos materiais. Embora a ACV e Declarações 
Ambientais de Produto (DAPs) já estejam difundidas no setor da construção civil em países 
europeus (GELOWITZ; MCARTHUR, 2017) o Brasil, ainda se encontra em um estágio 
embrionário. Alguns produtos como cimento e materiais cimentícios como concreto e 
argamassa colante já possuem seus respectivos DAPs (INTERNATIONAL EPD SYSTEM, 2018). 
No entanto, as argamassas utilizadas como revestimentos, que têm seu uso bastante 
frequente na construção civil brasileira, não possuem dados de seus impactos ambientais. 
Na literatura científica os estudos de ACV aplicados a materiais e sistemas construtivos está 
cada vez mais em evidência como salientam Anand e Amor (2017). No entanto, em muitos 
estudos são utilizados dados de bancos de dados internacionais, como por exemplo o suíço 
Ecoinvent, que até possui argamassas, no entanto, com composição bastante diferente das 
utilizadas no Brasil. Neste sentido, faz se necessário urgentemente de um estudo que 
apresente os impactos ambientais desses materiais, de forma alinhada, em termos 
metodológicos, com o que vem sendo desenvolvido no contexto internacional. Tendo em vista 
que são materiais básicos e frequentemente empregados na construção civil brasileira, a ACV 
desses materiais cimentícios tem uma grande justificativa, que servirá, posteriormente, como 
um importante documento para consulta de pesquisadores e profissionais que trabalhem com 
ACV aplicada ao setor da construção civil brasileira. 
A partir do que foi discutido, o presente estudo tem como objetivo a aplicação da metodologia 
de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) para a quantificação de potenciais impactos ambientais 
de diferentes composições de chapisco e camada única e suas combinações para a produção 
de revestimentos argamassados. 
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2. MÉTODO
De acordo com a NBR ISO 14040 (ABNT, 2009) a ACV é dividida em quatro etapas principais: 
(1) Definição do objetivo e escopo, (2) Inventário do ciclo de vida; (3) Avaliação do impacto do
ciclo de vida; (4) Interpretação. As três primeiras etapas serão apresentadas a seguir e a última
na seção de Resultados e Discussão.
2.1. Definição do objetivo, escopo e unidade funcional 
O objetivo desta ACV é comparar os potenciais impactos ambientais de diferentes 
combinações de revestimentos de argamassa, normalmente empregados no Brasil, 
considerando as camadas de chapisco (com 5 mm de espessura) e camada única (25 mm de 
espessura). Foram considerados as mesmas argamassas e mesmas espessuras na parte 
interna e externa. A unidade funcional adotada foi 1 m² de vedação vertical. Foram 
consideradas as seguintes etapas no escopo do estudo: produção das matérias primas da 
argamassa (cimento, cal hidratada e areia), transporte das matérias primas, mistura da 
argamassa e carbonatação do revestimento. 
2.2. Inventário do ciclo de vida 
Para a composição das argamassas de chapisco e camada única foram utilizados os Cadernos 
Técnicos de composições para Argamassas e Grautes (SINAPI, 2017) que possui diferentes 
composições de argamassa, sendo consideradas as argamassas apresentadas na Tabela 1. 
Tabela 1 Argamassas avaliadas e composição. 
Traço em volume 
Consumo 
cimento (kg/m³) 
Consumo cal 
hidratada (kg/m³) 
Consumo areia¹ 
(kg/m³) 
Energia elétrica 
(kWh/m³) 
Chapisco 1:3 405,8 - 1696,2 6,3 
Chapisco 1:4 325,6 - 1808,3 6,7 
Chapisco 1:5 273,5 - 1904,2 6,2 
Camada única 1:1:6 245,4 128,0 2048,3 8,7 
Camada única 1:1,5:7,5 195,3 152,8 2032,2 6,8 
Camada única 1:2:8 180,7 188,6 2016,1 6,4 
Camada única 1:2:9 169,8 177,1 2128,4 6,7 
Camada única 1:3:12 126,9 198,7 2112,5 8,1 
¹Foi considerada massa unitária de 1600 kg/m³. 
Para a areia (considerada natural) e cal hidratada foram considerados os processos disponíveis 
no banco de dados do Ecoinvent v.3.3, sendo que a energia elétrica foi adaptada para a matriz 
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de energia brasileira. Para o cimento Portland, foi considerado o cimento CP-II E, que foi 
modelado aproveitando parte do banco de dados disponível no Ecoinvent, mas com a 
mudança do processo de produção de clínquer, considerando a matriz de energia elétrica 
brasileira e fontes energéticas para a produção do clínquer brasileiro, retirada do Balanço 
Energético Nacional (MME, 2018). Foi considerado que 10% do clínquer é substituído por 
escória granulada de alto forno e 5% de fíler calcário,adotando os processos presentes no 
Ecoinvent para esses materiais. A quantificação da água utilizada nas misturas foi retirada do 
escopo tendo em vista que apresentou impactos desprezíveis (menor que 1%) para as 
categorias de impacto avaliadas. Para o transporte da areia adotou-se três distâncias: 50 km, 
100 km e 200 km, para o cimento e cal hidratada também: 100 km, 200 km e 400 km. A 
avaliação da variação das distâncias de transporte em um estudo de ACV é importante, como 
é visto no estudo de Escamilla et al. (2018). 
2.3. Avaliação do impacto do ciclo de vida 
O método de avaliação do impacto do ciclo de vida (AICV) CML linha de base IA, versão 3.03, 
foi escolhido neste estudo. Foram consideradas as seguintes categorias de impacto ambiental: 
potencial de aquecimento global (GWP100), redução da camada de ozônio (ODP), acidificação 
(AP), eutrofização (EP), potencial de oxidação fotoquímica (POCP), depleção abiótica 
(elementos (ADP-e) e combustíveis fósseis (ADP-ff), de acordo com a EN 15804 (CEN, 2012). A 
modelagem foi realizada no software SimaPro v. 8.5. 
2.4. Avaliação do processo de carbonatação das argamassas 
Para uma camada de argamassa de pequena espessura e exposta, como rebocos, o processo 
de carbonatação é considerado rápido e completado dentro de um ano (PITTAU et al., 2018). 
Para a quantificação do CO2 absorvido durante esse um ano utilizou-se a equação 1, retirada 
de Collins (2010). Adotou-se que o teor de CaO no cimento CPII-E-32 é de 0,55 e 0,70 na Cal 
Hidratada CHI, a partir de dados de fabricantes. Assumiu que um total de 75% do CaO é 
convertido em carbonato de cálcio segundo Lagerblad (2005). A relação entre as massas 
molares de CO2/CaO é de 0,79. 
 (1) 
Onde, 
mCO2 é a massa de CO2 sequestrada pela carbonatação em um tempo t (kg); 
x(t) é a profundidade da argamassa carbonatada no tempo t (mm); 
A é a área superficial exposta (m²); 
ccim é a quantidade de cimento Portland na argamassa (kg/m³); 
CaOcim é o teor de CaO na composição do cimento Portland; 
ccal é a quantidade de cal hidratada na argamassa (kg/m³); 
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CaOcal é o teor de CaO na composição do cimento Portland; 
r é a proporção de CaO que é convertida em carbonato de cálcio (CaCO3); 
MMCO2 é a massa molar do CO2 (g/mol); 
MMCaO é a massa molar do CaO (g/mol). 
A quantidade de CO2 absorvido pelo processo de carbonatação foi contabilizado como valor 
negativo na categoria de potencial de aquecimento global (GWP100). Como a carbonatação 
tem influência das condições locais de exposição e composição dos revestimentos foi realizada 
análise de sensibilidade considerando três espessuras de frentes de carbonatação para um 
ano: 10 mm, 15 mm e 25 mm no revestimento de camada única (de ambos os lados da 
vedação). 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Na Figura 1 são apresentados os resultados dos potenciais impactos ambientais para 
diferentes combinações de revestimento argamassado com chapisco e camada única. É 
possível observar que as combinações com chapisco com traço mais rico (1:3), na cor cinza, 
são mais impactantes para a maioria das categorias de impacto avaliadas. O traço 1:2:8 de 
camada única foi o mais impactante para a maioria das categorias, que se deu devido a um 
elevado consumo de cimento CPII e cal hidratada quando comparado aos outros traços. 
Quando se aumenta a participação de areia na mistura os impactos começam a decrescer, já 
que o processo de obtenção de areia é muito menos intensivo que a produção de cimento e 
cal. 
Esse comportamento só não é observado para a categoria de depleção de elementos, que 
considera que a exaustão de areia natural tem um maior impacto que a exaustão dos 
elementos normalmente utilizados para fabricação de cimento e cal, normalmente calcário e 
argila. A variação nas distâncias de transporte (representada pelas barras de erros) mostrou 
que para algumas categorias de impacto ela possui uma grande influência nos resultados, 
sendo, portanto, importante avalia-las dependendo do objetivo do estudo. 
Pensando somente na redução de potenciais impactos ambientais, e, considerando os dados 
utilizados nesta pesquisa, a combinação de chapisco 1:5 e camada única 1:3:12 tende a ser a 
menos impactante, e, portanto, deve ter seu uso incentivado, isto é, quando for possível 
diante as realidades do local e condições de construção. 
Figura 1 Potencial impactos ambientais das argamassas avaliadas. (A) Potencial de aquecimento 
global. (B) Potencial de depleção da camada de ozônio. (C) Acidificação. (D) Eutrofização. (E) 
Formação de fotooxidantes. (F) Depleção abiótica de elementos. (G) Depleção abiótica de 
combustíveis fósseis. 
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Fonte: Autores (2018) 
Na Figura 2 é apresentado o impacto de GWP100 considerando o processo de carbonatação 
da argamassa. 
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Figura 2 Comparação do impacto de GWP100 considerando a carbonatação. 
 
Fonte: Autores (2018) 
A combinação de chapisco 1:5 e camada única 1:3:12 continuou sendo a menos impactante, 
chegando a um valor de 16,02 kgCO2e/m². Observou-se que quando a carbonatação é 
considerada existe a possibilidade de diminuir o impacto de GWP100 em até 30%. 
Diferentemente que ocorre para estruturas de concreto, em que a carbonatação leva a 
despassivação e corrosão da armadura (MEHTA; MONTEIRO, 2014), para argamassas (sem 
reforço) ela tem um efeito benéfico, pois além de capturar o CO2 atmosférico, traz melhorias 
em termos de durabilidade e desempenho mecânico, por fechar os poros e aumentar a 
resistência da argamassa utilizada no revestimento. Portanto, é recomendado que o CO2 
capturado via carbonatação seja quantificado nos estudos de ACV aplicados às argamassas. 
4. CONCLUSÕES 
O uso da ACV permitiu calcular potenciais impactos ambientais de diferentes combinações de 
composições de chapisco e camada única normalmente empregadas no setor da construção 
civil brasileira. O cimento e cal hidratada foram os insumos mais impactantes. A combinação 
chapisco com traço 1:3 e camada única de 1:2:8 foi a mais impactante para a maioria das 
categorias de impacto avaliadas, enquanto a combinação chapisco 1:5 e camada única 1:3:12 
a menos impactante. A carbonatação da argamassa pode ter um impacto significativo para 
redução do impacto de GWP100. Em futuros estudos deve ser explorado como essas 
diferentes combinações influenciam questões de desempenho e durabilidade dos 
revestimentos e a inclusão de novas etapas do ciclo de vida na avaliação. 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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1. ANAND, Chirjiv K. and AMOR, Ben. Recent developments, future challenges and new
research directions in LCA of buildings: A critical review. Renewable and Sustainable Energy
Reviews, January 2017, vol. 67, n°1, p. 408-416.
2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14040: Gestão ambiental 
Avaliação do ciclo de vida Princípios e estrutura. Rio de Janeiro, 2009.
3. CARASEK, H. Argamassas. In: Isaia, G.C. (ed.). Materiais de Construção Civil e Princípios
de Ciência e Engenharia de Materiais. São Paulo: IBRACON, 2010. v. 2, cap. 28, p. 893-944.
4. COLLINS, F. Inclusion of carbonation during the life cycle of built and recycled concrete:
influence on their carbon footprint. The International Journal of Life Cycle Assessment,
2010, vol. 15, n. 6, p. 549 556.
5. ESCAMILLA, et al. Industrial or traditional bamboo construction? Comparative Life Cycle
(LCA) of Bamboo-Based Buildings. Sustainability, 2018, vol. 10, p. 1-14.
6. EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. CEN EN 15804: sustainability of
construction works: environmental product declarations: core rules for the product category
of construction products. Brussels, 2012.
7. GELOWITZ, M. D. C. MCARTHUR, J. J. Comparison of type III environmental product
declarations for construction products: Material sourcing and harmonization evaluation.
Journal of Cleaner Production, January 2017, vol. 157, nº20, p. 125-133.
8. INTERNATIONAL EPD SYSTEM. Disponível:
<http://www.environdec.com/en/Detail/epd895> Acesso em 21. Jan. 2018.
9. LAGERBLAD, B. Carbon dioxide uptake during concrete life cycle: State of the art. Oslo:
Nordic Innovation Centre. Disponível em:
10. MEHTA, K.; MONTEIRO, P. Concreto: Microestrutura, Propriedades e Materiais.
IBRACON, 2014. v. 2, 751 p.
11. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (MME). Balanço Energético Nacional. Ano base
2017.Empresa de Pesquisa Energética, 2018.
12. PITTAU et al. Fast-growing bio-based materials as an opportunity for storing carbon
in exterior walls. Building and Environment, vol. 129, nº 1, p. 117-129, 2018.
13. SINAPI. Cadernos Técnicos de Composições para Argamassas e Grautes. Lote 1, Caixa
Econômica Federal, 2017.
14. WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT (WBCS). International
Energy Agency, Cement Technology Roadmap 2009, 2009.
15. YAZIGI, W. A técnica de edificar. 15ª ed. Ed. PINI, São Paulo: 2016.
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1 
ESTUDO DA INTERFERÊNCIA DO USO DA CAL HIDRATADA NO TEMPO 
DE ESTABILIDADE EM ARGAMASSAS ESTABILIZADAS DOSADAS EM CENTRAL 
LUIZ A. TREVISOL JR1, DIOSNEI F. KOMAN2, 
1Gerente Técnico - Hobi S/A Mineração de Areia e Concreto, MSc em Tecnologia dos Materiais/LACTEC-UFPR, 
luiz.alberto@hobimix.com.br 
2Estudante de Engenharia Civil, Universidade Positivo, UP/PR, diosnei@hobimix.com.br 
 RESUMO 
A argamassa estabilizada é um dos tipos de argamassas utilizadas atualmente na construção 
civil. O desempenho dessas argamassas, no que diz respeito à manutenção do seu estado fresco, 
e suas características no estado endurecido está ligado às características dos aditivos e no tipo 
de cimento utilizado. O uso da cal, melhora a reologia da argamassa estabilizada, entretanto o 
tempo de estabilidade e a manutenção das propriedades do estado fresco são afetados, levando 
a uma alteração na proporção e quantidade dos aditivos utilizados. Neste trabalho foram 
avaliadas as interferências da utilização da cal hidratada no tempo de estabilidade e da 
manutenção de suas características no estado fresco. 
Palavras-chave: Cal hidratada, estabilidade, argamassa estabilizada, estado fresco. 
STUDY OF THE INTERFERENCE OF THE USE OF HYDRATED LIME IN 
STABILITY TIME IN STABILIZED MORTARS IN CENTRAL DOSES 
ABSTRACT 
The ready mix mortar is one of the types of mortars currently used in construction. The 
performance of these mortars, with respect to the maintenance of their fresh state, and 
their characteristics in the hardened state is linked to the characteristics of the additives and 
the type of cement used. The use of lime improves the rheology of the stabilized mortar, 
however, the stability time and the maintenance of the fresh state properties are affected, 
leading to a change in the proportion and quantity of the additives used. In this work the 
interferences of the use of hydrated lime in the stability time and the maintenance of its 
characteristics in the fresh state were evaluated. 
Key words: Hydrated lime, stability, ready mix mortar, fresh state. 
_____________________ 
Grupo 2: oriundos de disciplinas de pós graduação, iniciação científica, trabalhos de conclusão de curso (TCC), pesquisas aplicadas e outros.
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2 
1. INTRODUÇÃO
Atualmente com a normatização das atividades relacionadas à construção civil, a definição de 
argamassa, segundo a NBR 13281:2005(1) homogênea de agregado(s) 
miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água; contendo ou não aditivos ou adições, com 
propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser dosada em obra ou em instalação 
 
Com o passar dos anos e com a evolução dos processos construtivos, já é possível, por exemplo, 
comprar argamassas prontas, produzidas em usinas dosadoras e transportadas até a obra com 
caminhões betoneira, ou então argamassas industrializadas e ensacadas. Esses sistemas ajudam 
no ganho de produtividade, ajudam a diminuir espaço físico ocupado pelos agregados 
principalmente, não havendo a necessidade de estoques de materiais para a produção das 
argamassas, além de um melhor controle tecnológico oferecido pelas empresas responsáveis 
pela produção e entrega das argamassas (2). 
As argamassas estabilizadas são derivadas das argamassas industrializadas, porém as 
estabilizadas apresentam em sua composição alguns aditivos, os quais são responsáveis pela 
melhora de suas propriedades no estado fresco e em quantidades ideais não interferem nas 
propriedades do estado endurecido, além de passar por um rígido controle de qualidade (3). 
São utilizados na produção das argamassas estabilizadas. Um aditivo estabilizador de hidratação, 
responsável por aumentar o tempo de trabalhabilidade da argamassa e um aditivo incorporador 
de ar, responsável em aumentar a plasticidade da argamassa no seu estado fresco. A 
manutenção da trabalhabilidade é melhorada com a utilização de uma película de água sobre a 
argamassa enquanto a mesma está armazenada. A perda de suas propriedades de 
trabalhabilidade se dá pela perda de umidade. O desempenho dos aditivos incorporador de ar e 
estabilizador está ligado diretamente à manutenção da quantidade de água existente na 
argamassa (4). 
O período em que a argamassa permanece estabilizada, isto é, o período em que ela mantém 
suas propriedades no estado fresco, varia de acordo com o tipo de ligante utilizado na mistura, 
do teor e composição do aditivo incorporador de ar e estabilizador de hidratação (5). 
Os aditivos incorporadores de ar são utilizados nas argamassas para reduzir a tensão superficial, 
promovendo a formação de bolhas que se ancoram às partículas de cimento. A estrutura 
química de um incorporador consiste em uma cadeia hidrocarbônica apolar com um grupo 
aniônico na extremidade. Ainda na interface sólido-água, onde existem forças direcionadas na 
superfície do cimento, os grupos polares ligam-se ao sólido mantendo os grupos apolares 
orientados para a fase aquosa, tornando a superfície do cimento hidrofóbica e assim o ar pode 
deslocar a água e permanecer ligado às partículas sólidas em forma de bolhas (6). 
De certa forma os aditivos incorporadores de ar tem função semelhante à da cal, melhorando a 
plasticidade da argamassa, porém, a cal acrescenta às argamassas de forma mais eficiente 
outras características, como a retenção de água e a redução da rigidez, diminuindo o módulo de 
elasticidade. 
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3 
 
Os aditivos estabilizadores de hidratação promovem um aumento da plasticidade da argamassa 
por um período maior de tempo, pois atuam sobre o tempo de pega e o calor de hidratação do 
cimento. Esses aditivos interferem nas reações de hidratação cimento onde os produtos se 
cristalizam e os fenômenos de enrijecimento, pega e endurecimento estão ligados aos diferentes 
estágios do processo progressivo de cristalização (7). 
A utilização da cal na produção das argamassas passa por todas as etapas da evolução 
tecnológica da construção civil. Sua utilização nas argamassas estabilizadas dosadas em central 
até então não era comum, por se tratar de um ligante aéreo, retentor de água e plastificante 
natural, suas características acabam se sobrepondo as apresentadas pelos aditivos afetando 
diretamente as características de manutenção no estado fresco. 
Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a interferência do uso da cal hidratada CH I 
como segundo aglomerante, composto com o cimento, nas propriedades do estado fresco das 
argamassas estabilizadas para revestimento de paredes. 
 
2. MATERIAIS E MÉTODOS 
2.1. Caracterização dos materiais 
a. Cimento: o cimento utilizado foi o CPII Z 32 Itambé. Os ensaios físicos realizados com a 
amostra utilizada estão representados na Tabela 1, a seguir. 
 
TABELA 1 Ensaios físicos amsotra de cimento CPII Z-32 utilizada. 
Tempo de pega (8) 
Blaine (9) #200 (10) #325 
Resistência à compressão (11) 
Início Fim 1 dia 3 dias 7 dias 28 dias 
Min. Min. cm²/g % % Mpa MPaMPa Mpa 
265 315 3708 1,95 8,33 13,9 26,1 32,3 39,8 
 
b. Cal: a cal utilizada para a produção das argamassas utilizada na pesquisa foi cal hidratada 
do tipo CH I, produzida no mês de Novembro de 2018. Os resultados dos ensaios físicos 
estão representados na Tabela 2 a seguir. 
 
TABELA 2 Ensaios físicos amostra de cal hidratada utilizada. 
Densidade 
aparente 
Retenção peneira 
NBR #30 #200 
(g/cm³) % % 
1,10 0,00 9,22 6453:2003 (12) 
 
 
c. Agregado miúdo: a areia utilizada para o estudo foi areia de cava, de Balsa Nova, região 
metropolitana de Curitiba-PR. Os resultados da caracterização dos materiais estão 
representados na Tabela 3 a seguir. 
 
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4 
 
TABELA 3 Ensaios de caracterização do agregado miúdo. 
Ensaios Resultados Unidade NBR 
Módulo de finura 1,47 *** 245:2003 (13) 
Dimensão máxima característica (DMC) 2,4 mm 248:2003 (13) 
Teor de Material passante na peneira #75µm 2,97 % 46:2003 (14) 
Massa específica 2,62 g/cm³ 52:2009 (15) 
Massa específica aparente 1,45 g/cm³ 52:2009 (15) 
 
d. Aditivos: Foram utilizados dois aditivos, um incoporador de ar e um estabilizador de 
hidratação. Os dados técnicos estão repreentados na Tabela 4 a seguir. 
 
TABELA 4 Dada técnicos dos aditivos. 
Dados Técnicos Incorporador de Ar Estabilizador de Hidratação 
Base Química Resinas sintéticas Polissacáridos 
Aspecto Líquido castanho avermelhado Líquido amarelado 
Densidade (g/cm³) 1,000 a 1,040 1,155 a 1,195 
pH 10 - 12 8 - 10 
Sólidos 4,0 a 6,0 39 a 43 
FONTE: Adaptado Basf. 
 
2.2. Definição e produção dos traços 
Foram produzidas duas argamassas de revestimento, com estabilidade de 72 horas, sendo uma 
com cal hidratada, tipo CH I como segundo aglomerante e outra sem cal, conforme TABELA 5, a 
seguir: 
TABELA 5 Traços produzidos em massa. 
Traços 
 Aglomerantes Agregados 
Água 
Aditivos 
Descrição Cimento Cal Areia Fina IAR (%) Estabilizador de Hidratação (%) 
Traço 1 1 - 6 1,05 0,40 0,80 
Traço 2 1 0,5 7,5 1,45 0,40 0,80 
 
2.3. Avaliação do estado fresco 
A avaliação do estado fresco foi dividida em duas partes: 
a. Ajuste do consumo de aditivo estabilizador de hidratação avaliando o retardo de pega 
através de calorímetro sem-adiabático; 
b. Avaliação das propriedades do estado fresco em períodos de tempos pré-determinados. 
2.3.1. Ajuste do teor de aditivo estabilizador de hidratação. 
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5 
 
O ajuste do retardo para o tempo de início de pega foi realizado variando a quantidade de 
aditivo estabilizador em percentual sobre o peso do aglomerante até que a argamassa com cal 
hidratada apresentasse resultados aproximados aos da argamassa sem cal. A partir da definição 
do traço, o comparativo foi realizado entre as duas argamassas, a primeira, sem cal, tida como 
referência e a segunda com cal e o teor de aditivo já ajustado. 
 
2.3.2. Propriedades do estado fresco 
Para a avaliação das propriedades do estado fresco foram realizados os seguintes ensaios: 
a. Teor de ar incorporado NBR 13278:2005 (16). 
b. Índice de consistência Flow Table NBR 13276:2016 (17). 
Os períodos analisados foram divididos da seguinte maneira: 
 1ª Análise produção das argamassas; 
 2ª Análise 24 horas após a primeira adição de água; 
 3ª Análise 48 horas após a primeira adição de água; 
 4ª Análise 72 horas após a primeira adição de água. 
 
3. RESULTADOS 
3.1. Retardo para o início de pega Calorimetria 
Os resultados dos ensaios de calorimetria, em horas, apresentaram um retardo de pega maior 
para as argamassas sem a cal hidratada no traço. O traço da argamassa com cal hidratada, com 
0,20% de aditivo estabilizador apresentou início de pega antes que a argamassa pudesse ser 
avaliada pelo calorímetro. Desta forma, verificou-se que para manter a argamassa estabilizada 
por um determinado tempo a quantidade de aditivo estabilizador para a argamassa com cal 
deve ser maior que para a argamassa estabilizada sem cal, conforme demonstrado na Tabela 6 a 
seguir. 
 
TABELA 6 Tempo de retardo para início de pega em horas. 
Teor de aditivo 
estabilizador 
(% S.P.A.) 
Tempo de Pega (horas) 
Traço 1 Traço 2 
0,00% 2:20 2:35 
0,20% 24:35 
0,40% 67:20 27:15 
0,60% 98:30 46:20 
0,80% 148:40 95:51 
1,00% 113:00 
1,20% 162:30 
 
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6 
 
As Figuras 1 e 2 mostram os resultados dos ensaios de calorimetria realizados. 
 
FIGURA 1 Curvas resultantes dos ensaios de calorimetria realizados nas argamassas sem cal hidratada. 
 
 
FIGURA 2 Curvas resultantes dos ensaios de calorimetria realizados nas argamassas com cal hidratada. 
 
A variação de temperatura verificada através do ensaio de calorimetria demostrou que o início 
de pega do traço com 0,80% de aditivo estabilizador de hidratação da argamassa com cal 
hidratada se deu com aproximadamente noventa e cinco horas. Já para a argamassa sem cal 
hidratada a variação de temperatura aconteceu com noventa e oito horas, com um consumo de 
aditivo estabilizador de hidratação de 0,60% sobre o peso dos aglomerantes. 
 
3.2. Teor de ar incorporado 
A perda do teor de ar incorporado foi medida em % absoluto, levando-se em consideração o 
primeiro ensaio realizado a partir do momento da produção da argamassa. 
21
22
23
24
0:00 48:00 96:00 144:00 192:00 240:00 288:00
Te
m
pe
ra
tu
ra
 (°
C)
 
 
Tempo (horas) 
Calorimetria - Argamassas Sem Cal 
0,00% 0,20% 0,40% 0,60% 0,80%
16
16,5
17
17,5
18
18,5
19
0:00 24:00 48:00 72:00 96:00 120:00 144:00 168:00 192:00
Te
m
pe
ra
tu
ra
 (°
C)
 
 
Tempo (horas) 
Calorimetria - Argamassas Com Cal 
0,00% 0,40% 0,60% 0,80% 1,00% 1,20%
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7 
 
Os resultados mostraram que a argamassa com cal teve um desempenho semelhante ao da 
argamassa sem cal até a avaliação realizada com 48 horas. Já para os ensaios realizados com 72 
horas, a argamassa estabilizada sem cal apresentou resultado melhor. 
Na Figura 3, a seguir estão demonstrados os resultados dos ensaios de teor de ar incorporado. 
 
FIGURA 3 Gráfico de dispersão, comparativo do teor de ar incorporado das argamassas trabalhadas. 
 
 
3.3. Índice de consistência 
A perda do índice de consistência pelo método Flow Table, em mm, de acordo com os intervalos 
de ensaios contados a partir do momento da produção das duas argamassas produzidas, pode 
ser analisada na Figura 4, abaixo. 
 
FIGURA 4 Gráfico de dispersão, comparativo das argamassas trabalhadas, resultante do ensaio do 
índice de perda de consistência desde a dosagem. 
 
O melhor desempenho foi verificado nas argamassas com presença de cal, onde a perda em 
percentual foi de 30,69%, enquanto a perda do índice de consistência para a argamassa sem cal 
foi de 42,07%. A característica da cal em ser um retentor de água potencializou a manutenção da 
consistência da argamassa. 
24,10% 
21,10% 
19,50% 
19,30% 
23,00% 
21,20% 
19,80% 17,70% 
15,00%
17,00%
19,00%
21,00%
23,00%
25,00%
0 10 20 30 40 50 60 70 80
%
 A
r I
nc
or
po
ra
do
 
Tempo de Estabilidade (horas) 
Estabilidade - Teor de ar incorporado 
Sem cal Com cal
271,00 
231,00 
206,00 
157,00 
277,00 
242,00 
220,00 
192,00 
150,00
200,00
250,00
300,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Ín
di
ce
 d
e 
Co
ns
is
tê
nc
ia
 (m
m
) 
Tempo de Estabilidade (horas) 
Estabilidade - Consistência 
Sem cal Com cal
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8 
4. CONCLUSÕES
A partir das análises dos resultados obtidos pode-se concluir que para conseguir manter a 
estabilidade de uma argamassa de revestimento com cal, o consumo de aditivo estabilizador 
deve ser maior, podendo variar de acordo com o percentual de cal utilizado no traço, do tipo de 
cimento e das características físicas dos agregados utilizados. 
O fato de a argamassa com cal não estabilizar com a mesma quantidade de aditivo estabilizador 
utilizado nas argamassas sem cal, deve-se ao fato desse aglomerante consumir parte da água a 
ser utilizada peloaditivo estabilizador para manutenção de suas propriedades. 
Com o consumo de aditivo ajustado em 0,80% sobre o peso dos aglomerantes, as argamassas 
estabilizadas com cal apresentaram resultados semelhantes ao traço da argamassa sem cal com 
0,60% de aditivo estabilizador de hidratação para uma estabilidade de 72 horas, ou seja, um 
consumo 25% maior. 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13281: Argamassa para assentamento
e revestimento de paredes e tetos - Requisitos. Rio de Janeiro, 2005.
(2) TREVISOL, Luiz Alberto. Estudo comparativo entre argamassas: Estabilizada dosada em
central, industrializada e produzida em obra por meio de ensaios físicos nos estados fresco e
endurecido. 2015 06 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento de Tecnologia Tecnologia
de Materiais) LACTEC/Instituto de Engenharia do Paraná. Curitiba, Paraná
(3) BARCELOS, A S. Efeito de aditivos retardadores em argamassas de revestimento. 2011.
Trabalho de conclusão de curso (Graduação) Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC,
Criciúma-SC.
(4) HOBI S. A. Mineração de areia e concreto. Manual técnico Argamassa Estabilizada. Curitiba
2014.
(5) TOKUDOME, N. Concreto Estabilizado. Assessoria Comercial Itambé. Portal Itambé 
inovações e novas tecnologias sobre o concreto. Curitiba, 2008. Disponível em:
http://www.cimentoitambé.com.br/concreto-estabilizado/>. Acesso em 17 de setembro de
2018. 
(6) MEHTA, P. K., MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais.
IBRACON, São Paulo, 2008.
(7) HERMANN, A. ROCHA, J P. A. Pesquisa da viabilidade da utilização argamassa estabilizada
modificada para revestimento se a necessidade de aplicação do chapisco. Trabalho de
conclusão de curso. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco. 2013.
(8) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16607: Cimento Portland 
Determinação dos tempos de pega. Rio de Janeiro, 2018.
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9 
 
(9) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16372: Cimento Portland e outros 
materiais em pó. Determinação da finura pelo método de permeabilidade ao ar (Método de 
Blaine). Rio de Janeiro, 2015. 
(10) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 11579 Cimento Portland. 
Determinação do índice de finura por meio de peneira 75 m (no 200). Rio de Janeiro, 2013. 
(11) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 7215 Cimento Portland. 
Determinação da resistência à compressão em corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 
2019. 
(12) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 6453 - Cal virgem para a 
construção civil requisitos. Rio de Janeiro, 2003. 
(13) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 248 - Agregados Determinação 
da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2001. 
(14) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 46 - Agregados Determinação 
do material fino que passa através da peneira #75µm, por lavagem. Rio de janeiro, 2003. 
(15) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 52:2009: Agregados 
Determinação da massa específica e massa específica aparente. Rio de Janeiro, 2009. 
(16) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13278: Argamassa para 
assentamento e revestimento de paredes e tetos Determinação do teor da densidade de 
massa e teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 2005. 
(17) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13276: Argamassa para 
assentamento e revestimento de paredes e tetos - Preparo da mistura e determinação do 
índice de consistência. Rio de Janeiro, 2005. 
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METODOLOGIA EMPREGADA NA IDENTIFICAÇÃO DE DESCOLAMENTO DE 
REVESTIMENTO SINTÉTICO TEXTURIZADO APLICADO SOBRE EMBOÇO DE 
PAREDES E FACHADAS DEVIDO A PRESENÇA DE UMIDADE E SAIS 
SOLÚVEIS 
Tema: Desempenho de sistemas de revestimento 
Grupo: 2 
OSMAR H. BECERE1; ALEXANDRE CORDEIRO DOS SANTOS2, LEANDRO AUGUSTO3 
1Pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT)- becere@ipt.br 
2Assistente de Pesquisa do Instituto de Tecnológicas do Estado de São Paulo(IPT) alexcord@ipt.br 
3Assistente de Pesquisa do Instituto de Tecnológicas do Estado de São Paulo(IPT) - legusto@ipt.br 
RESUMO 
No último quadriênio constatou-se considerável aumento de manifestações 
patológicas em sistemas de revestimentos constituídos por argamassas inorgânicas + 
revestimentos sintéticos texturizados (RST) ou pinturas látex, em paredes sujeitas à 
ação da umidade, por exemplo, devido eflorescência de sais solúveis. Este trabalho 
apresenta a metodologia utilizada na identificação das causas de descolamento de 
revestimento sintético texturizado. Os dados obtidos in loco mostraram excesso de 
umidade no sistema de revestimento e presença de material friável na interface 
emboço-RST. Os resultados laboratoriais corroboraram os dados in loco, indicando que 
a argamassa de emboço possuía sais solúveis e elevado coeficiente de absorção 
capilar. 
Palavras-chave: eflorescências de sais, argamassas inorgânicas, absorção de água por 
capilaridade 
INFLUENCE OF THE PRESENCE OF SOLUBLE SALTS IN RENDERING 
PLASTER IN THE DETACHMENT OF SYNTHETIC RESIN PLASTER - CASE 
STUDY 
ABSTRACT 
In the last quadrennium there was a considerable increase in pathological 
manifestations in coatings systems composed of inorganic mortars + textured 
synthetic plaster (TSP) or latex paints in walls subject to the action of humidity, for 
example, due to the efflorescence of soluble salts. This work shows the methodology 
used in the identification of the causes of detachment of textured synthetic coatings. 
The data obtained in loco show excess moisture in the plaster system and presence of 
friable material at the TSP-interface. The laboratory results corroborated the data in 
loco, indicating that the plaster mortar has soluble salts and a high coefficient of 
capillary absorption. 
Key-words: efflorescence salts, inorganic mortars; water absorption by capillarity 
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1. INTRODUÇÃO
No último quadriênio constatou-se considerável aumento de manifestações 
patológicas em sistemas de revestimentos constituídos por argamassas inorgânicas + 
revestimentos sintéticos texturizados (RST) ou pinturas látex, em paredes sujeitas à 
ação da umidade, por exemplo, devido à eflorescência de sais solúveis. Trata-se de 
uma manifestação patológica discutida há anos na literatura técnica, porém, 
predomina no setor da construção civil o entendimento de que eflorescências 
representam apenas manchamentos indesejáveis. No caso de RST e pinturas látex, 
acabamentos de limitada permeabilidade ao vapor de água, a preocupação com 
eventual presença de sais solúveis nos substratos de argamassas não deve ser 
ignorada, uma vez que, sob excesso de umidade, esses sais podem ser carreados para 
a superfície e provocar o descolamento dessa camada protetora e decorativa. 
Cabe ressaltar que as normas técnicas nacionais destinadas às argamassas inorgânicas 
para assentamento e revestimento de paredes e tetos (NBR 13281, ABNT 2005)(1), bem 
como à execução e recebimento de revestimentos obtidos com essas argamassas 
(NBR 13749, ABNT 1996(2) e NBR 7200, ABNT 1998(3), respectivamente), não abordam 
esse requisito. 
Por sua vez, as normas NBR 11702 (ABNT, 2011)(4) e NBR 15575-1 (ABNT, 2013)(5), que 
tratam dos revestimentos sintéticos texturizados e tintas látex, não estabelecem 
requisitos para inspeção dos substratos de argamassas antes da aplicação desses 
produtos, considerando possibilidade da presença desse tipo de agente de 
degradação. Nesse contexto, mais estudos abordando esse tema pode auxiliar o meio 
técnico da construção civil na elaboraçãode um texto normativo contemplando 
requisitos de desempenho para diagnóstico de sais solúveis em sistemas de 
revestimentos. 
2. OBJETIVO
Esse artigo apresenta a metodologia empregada na identificação do descolamento de 
revestimento sintético texturizado (RST) aplicado sobre emboço (argamassa inorgânica 
industrializada) em paredes e fachadas de edifícios na cidade do Rio de Janeiro (RJ). 
3. MÉTODO DE TRABALHO
O trabalho consistiu das seguintes atividades: a) avaliação in loco: inspeção visual do 
sistema de revestimento sintético texturizado com manifestações patológicas para 
analisar a condição do substrato (presença de material friável, fissuras, resistência 
superficial ao risco); b) ensaios determinação do teor de umidade do emboço nas 
regiões com descolamento e em regiões sãs do revestimento próximas às regiões 
anômalas; d) coleta de amostras do sistema de revestimento (argamassa + 
revestimento sintético texturizado) de regiões aparentemente sãs para ensaios 
laboratoriais. Os ensaios realizados e respectivos métodos empregados foram: 
a) Argamassa de emboço (após remoção do RST)
- Determinação do coeficiente de absorção de água por capilaridade (Ww). A sucção
capilar é um dos mecanismos de transporte mais importantes para a entrada de
agentes agressivos nos poros das argamassas, fenômeno diretamente relacionado
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à estrutura e ao tamanho dos poros do material. Argamassas com baixa absorção 
de água por capilaridade são menos susceptíveis à degradação por sais solúveis, 
uma vez que o transporte de água através dos capilares é dificultado. Diretrizes da 
norma EN ISO 15148 (BSI, 2002)(6). 
- Determinação do fator de resistência à difusão de vapor (µ). O fator de resistência 
à difusão do vapor de água (µ) é um número adimensional que indica a capacidade 
de um material em resistir à passagem do vapor de água, em comparação a uma 
camada de ar de igual espessura. Quanto mais elevado o fator µ maior a 
resistência à difusão do vapor de água. Indica a maior ou menor facilidade de 
secagem dos revestimentos de argamassas inorgânicas. Diretrizes da norma EN 
ISO 12572 (BSI, 2001)(7). 
- Simulação de eflorescência de sais. Procedimento laboratorial acelerado que 
permite verificar eventual fenômeno de solubilização e deposição de sais no 
revestimento de argamassa. Diretrizes da publicação Quarcioni et al. (2003)(8). Não 
fez parte do escopo do trabalho a identificação dos sais. 
A simulação consistiu da exposição de amostras de emboço, coletadas de regiões 
protegidas de umidade por ascensão capilar, a cinco ciclos de exposição: 10 horas em 
estufa com circulação de ar à temperatura de (50 ± 2)°C e 14 horas em ambiente de 
laboratório - umidade relativa (60±4)% e temperatura de (23 ± 2)°C. O objetivo é 
reproduzir as condições agressivas de exposição ao intemperismo natural nas quais as 
argamassas podem ficar expostas. O registro do surgimento das eflorescências de sais 
é realizado visualmente. 
- Análise química com reconstituição de traço. Permite obter a proporção dos 
materiais empregados na dosagem da argamassa, aglomerante(s) e agregado, 
expresso em massa ou volume, com base nos resultados da análise química 
quantitativa (determinação quantitativa dos diversos elementos químicos ou de 
suas combinações presentes na composição do material). Os resultados permitem 
análises comparativas com as especificações de projeto, quando disponíveis, ou 
com proporções usuais normalmente empregadas. Diretrizes de Quarcioni 
(1998)(8) e IPT (1940)(9). 
b) Revestimento sintético texturizado (RST) 
- Determinação do coeficiente de absorção de água por capilaridade (Ww) e, 
determinação da espessura da camada de ar equivalente (Sd). Esses requisitos 
permitem verificar se o RST apresenta equilíbrio higroscópico (se o RST absorve 
maior quantidade de água (Ww mais alto), sua permeabilidade ao vapor de água 
deve aumentar (Sd mais baixo) para permitir a eliminação por difusão do excesso 
de umidade). Pelo contrário, se o valor de Ww diminui o valor de Sd pode ser 
maior, todavia, ambos os requisitos (Ww e Sd) tem valores máximos definidos. 
Diretrizes das normas EN ISO 15148 (BSI, 2002)(6) e EN ISO 12572 (BSI, 2001)(7). 
3 RESULTADOS OBTIDOS E CONSIDERAÇÕES 
3.1 Inspeção in loco 
O descolamento começou a ocorrer aproximadamente 6 meses da aplicação do RST. 
Após a remoção da camada de revestimento comprometido constatou-se material 
friável na interface RST-emboço, uma das evidencias da degradação superficial da 
argamassa ocasionada pela cristalização dos sais eflorescentes. Essas regiões se 
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localizavam a aproximadamente 0,80 m do piso e apresentavam teores de umidade 
que variavam entre 4,0 a 5,0 %, bem acima do teor de umidade considerado para um 
substrato seco (inferior a 3,0%). A umidade era proveniente de ascensão capilar. As 
Fotos 1 e 2 mostram detalhes da manifestação patológica. 
Foto 1 Região com material friável na 
interface emboço-RST 
Foto 2 Eflorescência de sais solúveis na região 
de descolamento do RST 
 
Fonte: Autor Fonte: Autor 
3.2 Ensaios laboratoriais 
A argamassa de emboço apresentou coeficiente de absorção de água elevado 
(Ww20 min.= 10,0 kg/(m².h1/2)) - a saturação do corpo de prova ocorreu aos 20 min. 
do início do ensaio. As normas NBR 13281 (ABNT, 2005)(1) e NBR 13749 (ABNT, 1996)(2) 
não fixam critérios para esse requisito. Para análise do resultado obtido, apresenta-se 
na Tabela 1 os critérios da EN 998-1 (BSI, 2010)(10) que devem ser definidos 
considerando as condições de uso e de exposição. 
Tabela 1: Critérios para absorção de agua por capilaridade 
Classes (a) Especificação em kg/(m2.min1/2) Especificação em kg/(m
2.h1/2)(b) 
W0 Sem especificação - 
W1 3,1 
W2 1,55 
(a) A EN 998-1 (BSI, 2010)(10) emprega W para o coeficiente de absorção de água por capilaridade. 
(b) A EN 998-1 (BSI, 2010)(10) fornece os critérios (W) na unidade kg/(m2.min1/2). Os valores foram 
convertidos para kg/(m2.h1/2) para comparação na unidade (Ww) da EN ISO 15148 (BSI, 2002)
(6). 
Fonte: Adaptado da norma EN 998-1 (BSI, 2010) 
Exemplos: a) a norma EN 13914 (DIN, 2005)(11), considerando essas classes estabelece 
que argamassas produzidas em fábricas e destinadas a regiões sujeitas a muita chuva 
dirigida devem apresentar valor de W Classe W2. b) a publicação Learning Text Part 9 
Specifications(12), faz recomendação idêntica para revestimentos destinados a 
edificações sujeitas a condições severas de exposição: a argamassa deve apresentar 
valor de W Classe W2. 
a) Fator de resistência à difusão de vapor (µ). O valor obtido foi µ = 17. 
Valor compatível com os resultados normalmente encontrados em argamassas 
inorgânicas industrializadas, que significa baixa resistência à difusão de vapor. 
Exemplo: a EN 998-1 (BSI, 2010)(10) Renovation mortar 
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(R) , destinadas ao uso em alvenarias sujeitas a umidade e sais solúveis, fator de 
resistência à difusão de vapor (µ) 15. 
b) Eflorescências de sais na superfície dos corpos de prova 
A simulação permitiu verificar intensa ocorrência de eflorescências de sais na 
superfície dos corpos de prova, cujo início do fenômeno foi detectado visualmente já 
no primeiro ciclo e que se intensificou ao longo do período de exposição (Foto 3). 
Foto 3 Eflorescências ocorridas nos corpos de prova durante a simulação 
 
Fonte: Autor 
c) Reconstituição de traço da argamassa 
Os resultados da reconstituição de traço indicaram a seguinte proporção de 
constituintes: cimento (13,4%), cal (5,7%), agregado silicoso (80,9%), que resultam no 
traço em massa de 1: 0,4 : 6,0 (Cimento, cal e agregado silicoso), compatível com os 
traços usuais de argamassas constituídas de cimento, cal hidratada e areia, com 
proporções compreendidas entre 1: 0,6: 5,9 (1: 1: 6) e 1: 1,2: 8,8 (1: 2: 9). Nota: 
conversões realizadas utilizando-se as seguintes massas unitárias, em g/cm3: cimento:1,26, cal hidratada: 0,76, areia úmida (umidade ± 5%): 1,23. 
3.3 Revestimento sintético texturizado (RST) 
O valor do coeficiente de absorção de água por capilaridade (Ww), em 24 horas, foi: 
Ww24h= 0,5 kg/(m2.h1/2). Por sua vez, a espessura da camada de ar equivalente (Sd) foi: 
Sd = 0,3m. Aplicando-se o conceito de Ww24h x Sd para fins de verificação das 
propriedades protetivas dos RST, estabelecidos na EN 18550-1 (DIN, 1985)(13) e EN 
18558 (DIN, 1985)(14), o resultado de Ww24h x Sd = 0,1 kg/(m.h1/2) atende as exigências 
estabelecidas nessas normas, a saber: Ww24h 0,5 (kg/m2. h1/2), bem como 
o produto de Ww24h versus Sd 0,2 (kg/m.h1/2). 
4 CONCLUSÃO 
Os resultados permitiram concluir que a ocorrência de descolamento do RST das 
fachadas e paredes decorreu do excesso de sais solúveis e excesso de umidade no 
emboço. O processo foi intensificado devido ao elevado coeficiente de absorção de 
água por capilaridade do emboço (Ww15min.= 10,0 kg/m2.h1/2). Esses sais ao serem 
carreados pela umidade promoveram a desintegração superficial dessa camada e o 
consequente descolamento do RST. Essa manifestação era mais intensa onde o 
substrato apresentava excesso de umidade, majoritariamente de ascensão capilar 
(aproximadamente 0,80 m de altura do piso). O procedimento de simulação de sais 
empregado nesse estudo mostrou-se eficaz na detecção de sais solúveis em 
(Cp 1) (Cp 2) (Cp 3) 
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argamassas e em outros elementos de construção, bem como de fácil execução e 
baixo custo. 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. ASSOCIÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13281: Argamassa para 
assentamento e revestimento de paredes e tetos Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 
2005. 
2. ASSOCIÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 13749: Revestimento 
de paredes e tetos de argamassas inorgânicas Especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 
1996. 
3. ASSOCIÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7200: Execução de 
revestimento de paredes e tetos de Argamassas inorgânicas Procedimento. Rio de 
Janeiro: ABNT, 1998. 
4. ASSOCIÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 11702: Tintas para 
construção civil Tintas para edificações não industriais Classificação. Rio de Janeiro: 
ABNT, 2011. 
5. ASSOCIÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575-1: Edificações 
habitacionais Desempenho. Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. 
6. BRITISH STANDARD INSTITUTION. EN ISO 15148. Higrothermal Performance of 
Buildings Materials and products: Determination of Water Absorption Coefficient by 
Partial Immersion, Brussels: BSI, 2002. 
7. BRITISH STANDARD INSTITUTION. EN ISO 12572. Higrothermal Performance of 
Buildings Materials and Products: Determination of Water Vapour Transmission 
Properties, Brussels: BSI, 2001. 
8. QUARCIONI, V. A. 1998. Reconstituição de traço de argamassas simples e mistas 
de cimento Portland e cal hidratada: atualização do método do IPT. Dissertação 
(Mestrado) Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. 188p. 
9 INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. 1940. 
Reconstituição de traço de concreto e argamassas. São Paulo: IPT, set. p.75-84. (IPT - 
Publicação, 103 - Boletim, 25). 
10 BRITISH STANDARD INSTITUTION. EN 998-1. Specification for mortar for 
mansory Part 1: Rendering and plastering mortar, Brussels: BSI, 2010. 
11 DEUTSCHES INSTITUT FÜR NORMUNG E. V DIN 13914. Design, preparation and 
application fort external rendering and internal plastering Part 1: External rendering. 
Berlim: DIN, 2005. 
12 Learning Text Part 9 Specifications. Disponível em: 
https://www.mortar.org.uk/documents/LT09-Specifications.pdf. 
13 DEUTSCHES INSTITUT FÜR NORMUNG E. V. DIN 18550-1. Plaster: Terminology and 
requeriments. Berlim: DIN, 1985. 
14 DEUTSCHES INSTITUT FÜR NORMUNG E. V. DIN 18558. Synthetic Resin Plasters. 
Berlim: DIN, 1985. 
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CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSAS INDUSTRIALIZADAS E ESTABILIZADAS 
DISPONÍVEIS EM CAXIAS DO SUL/RS 
Tema: Tecnologia dos materiais. 
Grupo: 2 
DANIEL ROTILLI BRUGALI1, EDIMARA CASAGRANDE2, CARINA MARIANE STOLZ3
1Engenheiro Civil, Centro Universitário da Serra Gaúcha, FSG danielrbrugali@gmail.com 
2 Engenheira Civil, Centro Universitário da Serra Gaúcha, FSG edimara.casagrande@live.com 
3Doutora em Engenheria Civil pela UFRGS e Professora pela FEEVALE, carimstolz@yahoo.com.br 
RESUMO 
As argamassas são amplamente utilizadas nas obras de construção civil, e apesar disso existe 
pouco conhecimento de suas propriedades e controle tecnológico. Com isso, o aparecimento 
de manifestações patológicas depende diretamente da qualidade da mão de obra e dos 
produtos utilizados. Este trabalho teve como objetivo caracterizar três argamassas 
industrializadas e três estabilizadas comercializadas na cidade de Caxias do Sul/RS, e compará-
las entre si, buscando suas diferenças ou semelhanças. Constatou-se que, apesar de todas as 
argamassas serem comercializadas para o mesmo uso, apresentaram propriedades distintas 
nos ensaios no estado fresco e nos ensaios no estado endurecido. 
Palavras-chave: propriedade das argamassas, argamassas estabilizadas, argamassas 
industrializadas 
CHARACTERIZATION OF DRY AND READY-TO-USE MORTARS 
COMMERCIALIZED IN CAXIAS DO SUL/RS 
ABSTRACT 
Mortars are widely used in civil construction, and despite this there is little knowledge of their 
properties and technological control. With this, the appearance of pathological manifestations 
depends directly on the quality of the workforce and the products used. This work aims to 
characterize three dry mortars and three ready-to-use mortars commercialized in the city of 
Caxias do Sul/RS, and compare them with each other, seeking their differences or similarities. 
It was found that, although all the mortars were commercialized for the same use, as internal 
and external renderings, they presented different properties in the fresh and hardened tests.
Key-words: Mortar Properties. Ready-to-Use Mortar. Dry Mortar. 
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1. INTRODUÇÃO 
As argamassas de revestimento são amplamente utilizadas na construção civil, e infelizmente 
devido aos prazos de entrega das construções cada vez mais curtos, essa etapa acaba 
recebendo menos atenção dos profissionais envolvidos. Consequentemente, geram 
manifestações patológicas que comprometem a qualidade e durabilidade da edificação, 
somando-se a isso a dificuldade e o alto custo de correção. A necessidade de modernização 
de produtos e métodos construtivos acabam sendo necessários para acompanhar este ritmo 
e manter a qualidade de seus sistemas. 
No contexto de melhoria dos produtos, surgem as argamassas estabilizadas e industrializadas, 
que possuem um maior controle tecnológico no momento da dosagem em fábrica, visando 
eliminar problemas resultantes da produção e dosagem das argamassas em canteiro de obra. 
Deste modo, nesse trabalho foram analisadas três argamassas estabilizadas e três 
industrializadas disponíveis em Caxias do Sul/RS. Com base na NBR 13281(1), norma de 
requisitos da argamassa, as amostras foram ensaiadas com o intuito de verificar suas 
propriedades. Além dos ensaios sugeridos nesta norma, foi necessário realizar outras 
avaliações para uma caracterização completa. Com os resultados apresentados, foram 
realizados comparativos entre as argamassas, avaliando suas semelhanças ou diferenças, e 
complementarmente, avaliando suas propriedades quando da sua aplicação como 
revestimento. 
2. MÉTODO 
Para uma melhor compreensão e preservar os nomes das empresas fornecedoras foram 
definidos alguns códigos para cada argamassa, as argamassas estabilizadas foram classificadas 
em AE1, AE2 e AE3, já as industrializadas foram classificadas em AI1, AI2 e AI3. 
Os ensaios realizados neste trabalho, tanto no estado fresco e endurecido foram baseados em 
normas brasileiras em vigor. A maioria dos ensaios executados basearam-se nos requisitos das 
argamassas, segundo a NBR 13281(1).Entretanto, foi entendida a necessidade de realizar 
outras análises, sendo estes os ensaios de squezze-flow e de índice de consistência. Os ensaios 
no estado fresco foram realizados logo após a mistura, sendo assim, neste trabalho não foram 
avaliadas as variações das propriedades ao longo do tempo de utilização. As argamassas 
industrializadas foram dosadas com a quantidade de água recomendada pelos fabricantes, já 
as argamassas estabilizadas foram recebidas prontas dos respectivos fabricantes. 
3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 
Apresentação dos resultados foi dividida em duas partes, a primeira apresentando os ensaios 
no estado fresco e a segunda apresentando os ensaios no estado endurecido. 
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3.1. Ensaios estado fresco 
Os resultados dos ensaios no estado fresco serão apresentação na tabela 1 e discutidos nos 
itens abaixo. 
Tabela 1 - Resultados dos ensaios no estado fresco 
Argamassa 
Índice de consistência 
(mm) 
Densidade no 
estado fresco 
(kg/m³) 
Teor de ar incorporado Retenção de água Classificação 
NBR 13276:2005 NBR 13278:2005 NBR 13278:2005 NBR 13277/2005 NBR 13281/2005
AE1 242 1820,2 19,00% 97,00% D4-U6 
AE2 227 1696,9 19,50% 98,40% D3-U6 
AE3 239 1752,2 18% 95,70% D4-U5 
AI1 333 2067,4 4,10% 93,50% D5-U5 
AI2 256 1873 17,00% 97,40% D4-U6 
AI3 302 1839,3 16,00% 96,90% D4-U6 
Nos resultados de índice de consistência pode-se observar que praticamente todos os 
resultados apresentaram pouca variação entre eles, com exceção das argamassas AI1 e AI3. 
Além disso, é importante mencionar que mesmo sendo um ensaio de fácil aplicação e estando 
presente na norma brasileira, o índice de consistência não permite uma clara avaliação 
reológica da argamassa (3) (10). 
Na análise da densidade de massa no estado fresco pode-se notar que todas as argamassas 
estabilizadas apresentaram um valor mais elevado que as industrializadas. Como já previsto 
em outros estudos (10) (9) (5), o teor de ar incorporado de todas as argamassas estabilizadas foi 
superior, sendo diretamente proporcional o aumento do teor de ar incorporado com a 
diminuição da densidade de massa. Este é um comportamento esperado, pois as argamassas 
estabilizadas normalmente possuem incorporadores de ar em sua composição (8). 
Apesar de todas argamassas estabilizadas terem apresentado teores de ar incorporado mais 
altos, duas argamassas industrializadas também obtiverem valores altos de ar incorporado, as 
argamassas AI2 e AI3. Pelo contrário, a argamassa AI1 apresentou um valor mais baixo de ar 
incorporado (4,1%) e uma densidade de massa mais alta (2067,4kg/m³), quando comparada
com as demais. 
Comparando os ensaios de retenção de água com os ensaios de ar incorporado vistos
anteriormente, pode-se perceber que, no geral, as argamassas com maior quantidade de ar 
incorporado possuem uma retenção de água superior em comparação com as que 
apresentaram menor quantidade de ar incorporado. Além disso, não se percebeu nenhuma 
relação direta entre as argamassas estabilizadas em relação com as argamassas 
industrializadas, sendo que a retenção de água depende de inúmeros fatores como tipo e 
quantidade de aglomerante, adição de aditivos retentores de água entre outros.(5) 
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O ensaio de squeeze-flow é utilizado para uma melhor análise da argamassa no estado fresco, 
pois conforme Cardoso et al. (6) simula as etapas de espalhamento, nivelamento e acabamento 
do revestimento. Os resultados de squeeze-flow podem ser encontrados na figura1. Estes 
resultados apresentam uma nítida diferença de comportamento entre a argamassa AI1, as 
argamassas AE1, AE2 e AE3 e as argamassas AI1 e AI3. 
Figura 1 - Ensaios de squeeze-flow NBR 15839:2010 
A argamassa AI1 apresentou uma maior resistência ao fluxo, tendo deslocamento máximo de 
aproximadamente 3mm e encerrando o ensaio por atingir a força máxima de 1000 N, o que 
pode ser explicado pela influência do teor de ar incorporado ser menor em relação às demais. 
Nesta argamassa, o estágio de enrijecimento por deformação dos grãos ocorreu 
precocemente, isso dá indícios de ela apresentar maior dificuldade na aplicação, pela sua 
resistência ao espalhamento. Vale ressaltar que a medida que o estágio II apresenta um 
...] um comportamento que favorece a 
 (6). 
Analisando esta mesma argamassa (AI1) nos diferentes tempos de ensaio, percebe-se que 
ocorreu o contrário do que se esperava, pois foi a que apresentou o menor valor de retenção 
de água e que poderia proporcionar uma perda maior de trabalhabilidade e dificultar o fluxo.
Através de pesquisa bibliográfica, verificou-se que, segundo Cardoso et al.(6), o tempo de 
consolidação da argamassa pode contribuir para que esta escoe com maior facilidade ao longo 
do tempo. 
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As argamassas AE1, AE2 e AE3 apresentaram um estágio II mais longo, com deslocamentos de 
até, aproximadamente, 8 mm e, posteriormente, um baixo deslocamento com aumento de 
carga, devido ao enrijecimento por deformação dos grãos (estágio III). As argamassas AI2 e 
AI3 apresentaram uma menor resistência ao fluxo, necessitando de menores cargas para se 
deslocar e apresentando maior resistência o escoamento ao longo do tempo, aos 60 e 65 
minutos. Para a maior velocidade, o estágio de enrijecimento por deformação dos grãos 
praticamente não foi observado. 
Para a análise das demais argamassas percebe-se ao aplicar-se a carga de maneira mais lenta 
(0,01 mm/s) os gráficos apresentam maior descontinuidade em sua curva, sendo mais 
acentuadas nas argamassas estabilizadas. Isso ocorre pela acomodação dos grãos e saída de 
bolhas de ar da argamassa, permitida pela baixa velocidade de aplicação da carga, podendo 
ser acentuadas pelo teor de ar incorporado destas argamassas (6). Em velocidades mais altas, 
não há tempo suficiente para este reposicionamento. 
Em geral, a execução dos ensaios ao longo do tempo não mostrou grandes variações no fluxo 
das argamassas, mostrando que elas possuem boa retenção de água e manutenção de suas 
propriedades no estado fresco. É importante salientar que apesar de não ter sido encontrado 
nenhum resultado discrepante em relação ao ensaio de squeeze-flow da argamassa AE1, ela 
possuía uma quantidade de impurezas visualmente perceptíveis em sua composição, como 
torrões de argila. 
3.2 Ensaios no estado endurecido 
Os resultados no estado endurecidos serão apresentados na tabela 2 e discutidos em seguida. 
Tabela 2 - Resultados no estado endurecido 
Argamassa 
Resistência à 
tração na flexão 
(MPa) 
Resistência à 
compressão 
(MPa) 
Ductilidade 
(Rt/Rc) 
Densidade de massa 
aparente (kg/m³) 
Coeficiente de 
Capilaridade 
(g/(dm².min^1/2) 
Classificação
NBR 13279/2005 NBR 13279/2005 - NBR 13280/2005 NBR 15259/2005 NBR 13281/2005
AE1 1,16 1,12 1,04 1686,53 1,58 R2-P1-M4-C2
AE2 1,7 4,68 0,36 1578,38 1,71 R2-P4-M4-C2
AE3 2,17 6,75 0,32 1647,84 1,87 R3-P5-M4-C2
AI1 1,22 2,95 0,41 1910,06 9,4 R2-P3-M5-C5
AI2 2,65 7,23 0,37 1773,58 3,29 R4-P5-M5-C3
AI3 1,54 2,86 0,54 1674,95 6,19 R2-P3-M4-C4
 
Analisando os resultados dos ensaios de resistência à tração na flexão e de compressão as 
argamassas AE3 e AI2 se destacaram pelos resultados superiores às demais. Já a argamassa 
AE1, que apesar de não apresentar um valor tão baixo na resistência à tração na flexão, 
mostrou um valor muito baixo para compressão. Além disso, não foi notado nenhum padrão 
de resistência em relação aos valores encontrados nos estados fresco. 
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Outra análise que pode ser feita com ambos os ensaios mecânicos está baseada nos estudos 
de Veiga (11), onde a ductilidade é o resultado da resistência à tração na flexão dividida pela 
resistência à compressão. Dessa forma, quanto mais próximo os valores de ductilidade 
estiverem de 1, menor será a tendência de fissuração da argamassa. Analisando os resultados 
obtidos percebe-se que a argamassa com menor tendência defissuração é a AE1, que 
apresentou um resultado bem mais elevado que as demais. Mas vale ressaltar que este 
resultado pode estar relacionado às baixas resistências à compressão dessa argamassa. Já a 
segunda argamassa com menor tendência é a AI3, e em seguida as argamassas AI1, AI2, AE2 
e por último a AE3, onde possui um valor de ductilidade de 0,32. 
Comparando os resultados de densidade de massa aparente, como esperado, houve uma 
pequena perda de densidade de massa em todas as argamassas, em relação ao estado fresco 
e endurecido, de 5,3% a 8,9%. Estes valores ficam dentro dos limites citados por Carasek (5), 
onde os corpos de prova secos ao ar reduzem a densidade de massa entre 3% e 11%, em 
relação ao estado fresco. 
Quando analisados os resultados de coeficiente de capilaridade, percebe-se que todas as 
argamassas estabilizadas apresentaram valores médios inferiores em comparação com as 
industrializadas, isto possivelmente ocorre devido a adição de aditivos incorporadores de ar 
que diminuem a permeabilidade das argamassas (9). 
A última propriedade analisada e uma das mais importantes é a resistência potencial de 
aderência à tração, resultados que podem ser encontrados na tabela 3. Este é um parâmetro 
que pode servir para analisar a argamassa quanto à sua utilização. Deste modo, a NBR 13749 
(2), descreve que as argamassa que possuírem 8 dos 12 corpos de prova com resultados iguais 
ou maiores que 0,30 MPa podem ser utilizadas para revestimentos internos e externos, já 
resultados entre 0,20 MPa e 0,30 MPa somente podem ser utilizadas internamente. Neste 
contexto, os resultados que forem inferiores a 0,20 MPa não podem ser utilizados para 
revestimentos. 
Tabela 3 - Resistência potencial de aderência à tração 
Resistência potencial de aderência à tração (NBR 15258/2005) 
Argamassa Média (MPa) DP (MPa) CV 
Forma de Ruptura (%) 
Substrato Sub/Arg. Argamassa Falha
AE1 0,00 0,00 0,0% - - 100% - 
AE2 0,38 0,05 11,9% - - 100% - 
AE3 0,44 0,12 26,1% - 40% 40% 20% 
AI1 0,31 0,10 32,3% - 100% - - 
AI2 0,47 0,15 32,5% - 80% 20% - 
AI3 0,27 0,12 43,0% - 30% 40% 30% 
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Como este ensaio depende bastante da interpretação, foi adicionado a forma de ruptura e 
sua respectiva porcentagem. As argamassas AE2, AE3, AI1 e AI2 apresentaram resultados 
superiores a 0,30 MPa podendo estar liberadas para uso interno e externo em revestimentos. 
Já a argamassa AI3 só poderia ser utilizado para revestimento interno, apesar de ter 
apresentado uma resistência muito próxima de 0,30 MPa. O resultado mais preocupante foi 
o da argamassa AE1, que não foi nem possível realizar os ensaios sendo que os corpos de 
prova romperam somente com o ajuste do equipamento onde a forma de ruptura de todos 
foi na argamassa. 
A partir dos resultados, percebeu-se que nenhuma das argamassas passou o limite crítico 
citado por Carasek (5), onde argamassas com teores acima de 20% de ar incorporado podem 
prejudicar a aderência. A mesma autora ainda comenta que valores menores podem gerar 
benefício, melhorando a trabalhabilidade e por consequência sua aderência. Por outro lado, 
não se observou uma relação direta entre resistência de aderência e ar incorporado, que pode 
ser explicado pelo simples fato que estes são produtos diferentes, com agregados, 
aglomerantes, aditivos e quantidades de água distintas. 
4. CONCLUSÃO 
A partir da análise dos resultados, concluiu-se que apesar destas argamassas serem 
comercializadas para o mesmo uso, no geral, apresentaram propriedades distintas. A única 
norma brasileira que apresenta pré-requisitos para utilização deste material é a NBR 13749 
(2). Com isso, nota-se que a argamassa AI3 apresentou um valor muito próximo deste limite 
(0,27 MPa), mas seria recomendada apenas para uso interno. A única argamassa que 
apresentou um valor preocupante foi a AE1, que manifestou um resultado igual a zero, não 
sendo recomendada para utilização de revestimento. No entanto, ressalta-se que os 
resultados se basearam na análise de apenas um lote de cada argamassa, sendo assim 
algumas argamassas podem ter apresentado resultados não desejados causados por 
problemas isolados, como o caso de areia contaminada. 
Também destaca-se os resultados de coeficiente de capilaridade onde as argamassas 
estabilizadas apresentaram valores bem abaixo comparadas com as argamassas 
industrializadas. Vale uma atenção para a argamassa AE1 que apresentou resistência baixa a 
abrasão, isto é, esfarelamento com o passar do dedo, sendo que esta foi a mesma que teve 
um resultado baixo de resistência à compressão. Além disso, outro fator que pode ter 
influenciado foi a presença de torrões de argila identificados em sua composição (5). 
Por fim, percebe-se que apesar de existirem normas nacionais para os diversos ensaios 
realizados neste estudo, ainda existe uma dificuldade para projetistas e engenheiros 
localizarem valores mínimos de referência que as argamassas de revestimento devem 
apresentar. Atualmente estes profissionais baseiam-se apenas em suas próprias experiências 
e em aplicações empíricas. Esta lacuna nas normas brasileiras não é novidade, sendo que 
outros autores já mencionaram este mesmo problema (4) (8). 
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5. REFERÊNCIAS
1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13281: Argamassas para
assentamento e revestimento de paredes e tetos - requisitos. Rio de Janeiro, 2005.
2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13749: Revestimento de paredes e
tetos de argamassas inorgânicas especificação. Rio de Janeiro, 1996.
3. BANFILL, P. F. G. The rheology of fresh mortar: a review. In: Simpósio brasileiro de
tecnologia de argamassas, 6., 2005, Florianópolis. Anais eletrônicos... Florianópolis: SBTA,
2005. p. 73-82. Disponível em: http://www.gtargamassas.org.br/eventos/file/237-the-
rheology-of-the-fresh-mortar-a-review>. Acesso em: 02 jun. 2018.
4. BAUER, E.; FEITOSA, C. P.; FILHO, H. R.; DE ALMEIDA, P. O. Análise comparativa dos
requisitos e do desempenho de argamassas de revestimento empregadas em obras do
distrito federal. In: Simpósio brasileiro de tecnologia de argamassas, 10., 2013, Fortaleza.
Anais... Fortaleza: SBTA, 2013. p.1 17.
5. CARASEK, H. Argamassas. In: ISAIA, G. C. (Org.) Materiais de construção civil e princípios
de ciência e engenharia de materiais. Vol. II. 2. Ed. São Paulo: IBRACON, 2010.
6. CARDOSO, F. A.; PILEGGI, R. G.; JOHN, V. M. Squeeze-flow aplicado a argamassa de
revestimento: manual de utilização. São Paulo: USP, 2010. Boletim Técnico BT/PCC/545 n.1.
7. FILHO, H. R. Avaliação dos requisitos normativos das argamassas industrializadas
associados aos critérios de emprego e utilização. 2013. 268 f. Dissertação (Mestrado em
Construção Civil) Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília,
Brasília, 2013.
8. RECENA, F. A. P. Conhecendo a argamassa. 2. Ed. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2012.
9. RESENDE, P. S. O. Efeito do ar incorporado em argamassas de revestimentos. 2010.
99 f. Tese (Mestrado em Engenharia Civil) Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal
de Goiás, Goiânia, 2010.
10. STOLZ, C. M. Influência da interação entre os parâmetros reológicos de argamassas
e a área potencial de contato de substratos na aderência de argamassas de revestimento.
2011. 213 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
11. VEIGA, M. R. S. Comportamento de argamassas de revestimento de paredes:
contribuição para o estudo da sua resistência à fendilhação. 1998. 522 f. Tese (Doutorado
em Engenharia Civil) Faculdade de Engenharia, Universidade de Porto, Porto, 1998.
ISSN 1984-8757 Página 56 de 928
AVALIAÇÃO TÉCNICA DA RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO EM 
CANTEIRO DE OBRAS 
Tema: Sustentabilidade, vida útil e meio ambiente. 
Grupo1: 1 
DAVI VALENTE SANTOS1, ANTONIO EDUARDO BEZERRA CABRAL2
1Prof. Me, Departamento de Construção Civil Instituto Federalde Educação, Ciêncie e Tecnologia do 
Ceará/IFCE, davivs@gmail.com 
2 Prof. Dr., Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil Universidade Federal do Ceará/UFC, 
eduardo.cabral@ufc.br 
RESUMO 
Objetivo: Avaliar tecnicamente a reciclagem de resíduos de construção civil provenientes de 
concreto e argamassa. 
Metodologia: Foram analisados traços de contrapiso, emboço interno e externo, 
considerando substituição de areia natural pelo agregado reciclado nos percentuais de 25% e 
50%. Foram avaliadas consistência, teor de ar incorporado, densidade de massa, densidade 
de massa aparente, módulo de elasticidade dinâmico, resistência à tração na flexão, à 
compressão e de aderência, fissuras e permeabilidade. 
Resultados: Todas as propriedades apresentaram casos de diferenças significativas e não 
significativas entre as argamassas. Notou-se que as fissuras foram reduzidas com a 
substituição de areia natural por agregado reciclado. 
Palavras-chave: Resíduos de construção, reciclagem, análise técnica, argamassa. 
TECHNICAL EVALUATION OF RECYCLING OF CONSTRUCTION WASTE IN 
CONSTRUCTION SITE 
ABSTRACT 
Objective: To evaluate technically the recycling of construction waste from concrete and 
mortar. 
Methodology: The traces of subfloor, internal and external rendering were analyzed, 
considering the replacement of natural sand by the recycled aggregate in the percentages of 
25% and 50%. Consistency, embedded air content, mass density, apparent mass density, 
1
Grupo 1: Oriundos de teses, dissertações e relatórios finais de projetos de pesquisa; ou Grupo 2: oriundos de disciplinas de pós graduação, 
iniciação científica, trabalhos de conclusão de curso (TCC), pesquisas aplicadas e outros. 
ISSN 1984-8757 Página 57 de 928
 
 
 
dynamic modulus of elasticity, tensile strength in flexion, compression and adhesion, cracking 
and permeability were evaluated. 
Results: All properties presented significant and non-significant differences between mortars. 
It was observed that the cracks were reduced with the replacement of natural sand by 
recycled aggregate. 
Key-words: Construction waste, recycling, technical analysis, mortar. 
1. INTRODUÇÃO 
Esse trabalho busca-se estabelecer uma análise técnica da reciclagem de resíduos na obra em 
construtora localizada em Fortaleza, levando-se em consideração aspectos técnicos e 
ambientais. Destaca-se que se buscou a reciclagem para utilização do agregado reciclado em 
argamassa de contrapiso e emboço interno e externo, com base nos traços adotados pela 
empresa supracitada. 
2. MATERIAIS E MÉTODOS 
O ambiente de pesquisa foi constituído por edifício residencial multifamiliar de uma 
construtora de grande porte, construída em terreno de 3.577,12 m² e possui 21.627,20 m² de 
área construída. O processo de reciclagem foi realizado mediante britagem do resíduo 
proveniente de concreto e argamassa no próprio canteiro através do britador Queixada Q200 
RI. 
Os traços utilizados foram os mesmos adotados pela construtora para contrapiso, emboço 
interno e externo são, respectivamente, 1:2,5 (cimento, areia grossa peneirada #4,75 mm), 
1:1,5:2 (cimento, arisco, areia grossa peneirada #4,75 mm) e 1:1:3 (cimento, cal, areia grossa 
peneirada #4,75 mm), todos em volume. Realizou-se traços de referência e com teores de 
substituição de 25% e 50%. 
Foram realizados ensaios com agregados, argamassa no estado fresco e no estado endurecido 
e nas argamassas de revestimento, conforme ilustrado na Tabela 1. 
Destaca-se que os intervalos de consistências adotados foram definidos com base em testes 
realizados in loco com as argamassas produzidas na obra. Para as argamassas de contrapiso, 
emboço interno e externo, foram adotados, respectivamente, as consistências de 
, e . 
Em se tratando da técnica de processamento digital de imagem, diversos ensaios foram 
realizados em diferentes tipos de agregados, com composições mineralógicas e propriedades 
de forma, de angularidade e de textura distintas, com o objetivo de desenvolver uma 
metodologia de classificação dos agregados de acordo com o resultado de cada uma de suas 
propriedades analisadas(1). 
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Tabela 1 Ensaios para análise técnica.
Etapa Ensaio Fonte 
Caracterização dos 
materiais 
Composição granulométrica NBR NM 248:2003(2) 
DMC 
Módulo de finura 
Massa específica (g/cm³) NBR 16605:2017(3) e NBR NM 52:2009(4) 
Massa unitária no estado solto (g/cm³) NBR NM 45:2006(5) 
Absorção NBR NM 30:2001(6) 
Teor de material pulverulento NBR NM 46:2003(7) 
Forma e angularidade dos agregados AASHTO TP 81:2012(8) 
Inchamento NBR 6467:2009(9) 
Argamassa no estado 
fresco 
Índice de consistência NBR 13276:2016(10) 
Teor de ar incorporado NBR 13278:2005(11) 
Determinação da densidade de massa 
Argamassa no estado 
endurecido 
Densidade de massa aparente no estado endurecido NBR 13280:2005(12) 
Módulo de elasticidade dinâmico NBR 15630:2008(13) 
Resistência à tração na flexão NBR 13279:2005(14) 
Resistência à compressão 
Argamassa de 
Revestimento 
Fissura - 
Teste do cachimbo (15), (16) 
Resistência de aderência à tração NBR 15258:2005(17) 
A aderência da argamassa ao substrato foi avaliada pelo ensaio de resistência de aderência à 
tração, aos 28 dias de idade, em painéis 50x50 para os traços de contrapiso, emboço interno 
e emboço externo. Os painéis de contrapiso tinham, como substrato, laje de concreto armado, 
já os painéis dos emboços foram confeccionados sobre alvenaria chapiscada de bloco 
cerâmico de 14x19x19. 
3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
3.1 Caracterização dos materiais
3.1.1 Aglomerantes
Utilizou-se o cimento Portland POTY tipo CP II-E-32. As características químicas e físicas do 
cimento utilizado obedecem as normas técnicas vigentes. 
No que compete à cal utilizada, a mesma é hidratada do tipo CH-I da marca Extra. Conforme 
fabricante, as características dela atendem às prescrições da NBR 7175:2003(18). A sua massa 
específica foi de 2,30 g/cm³. 
3.1.2 Agregados naturais e reciclados 
Na confecção das argamassas, foram utilizadas areia lavada de rio e agregados reciclados 
provenientes de resíduos de concreto e argamassa, portanto, classe A, conforme resolução 
CONAMA 307. 
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A Figura 1 e a Tabela 2 apresentam, respectivamente, as curvas granulométricas e as 
dimensões percentuais principais da areia utilizada pela empresa e dos agregados reciclados 
gerados pela britagem de resíduos de concreto e argamassa misturados. 
Tabela 2 Dimensões em percentuais principais de areias e agregados reciclados.
Material D10 D50 D90 
Areia 1,2 mm 0,3 mm 0,15 mm 
Arisco 1,2 mm 0,3 mm 0,15 mm 
Agregado reciclado A1 1,2 mm 0,3 mm 0,075 mm 
Agregado reciclado A2 2,4 mm 1,2 mm 0,15 mm 
Agregado reciclado AM 2,4 mm 0,6 mm 0,15 mm 
Figura 1 - Granulometria de areia natural e dos agregados reciclados
Fonte: Autoria própria 
Observa-se que os agregados reciclados A1, A2 e AM estão, quase em sua totalidade, dentro 
da zona utilizável para concreto estabelecida pela NBR 7211:2009(19). Embora esses limites 
sejam para concreto e não para argamassa, servem de parâmetro de análise, uma vez que não 
há normas brasileiras contemplando tais limites para confecção de argamassa. Destaca-se 
ainda, conforme ilustrado na Tabela 4, a areia possui granulometria mais próxima do resíduo 
AM, portanto, adotou-se esse resíduo nas análises de substituição. 
A Tabela 3 apresenta a caracterização da areia utilizada pela construtora na confecção de 
argamassas e dos agregados reciclados A1, A2 e AM. Observa-se que os valores de massa 
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0,01 0,1 1 10
P
O
R
C
E
N
T
A
G
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M
 R
E
T
ID
A
 
A
C
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M
U
L
A
D
A
 E
M
 M
A
S
S
A
PENEIRA COM ABERTURA DE MALHA (mm)
Zona Ótima Inferior Zona Ótima Zona utilizável inferior
Zona Utilizável Areia Arisco
Agregado reciclado A1 Agregado reciclado A2 Agregado reciclado AM
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específica,

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