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Língua Portuguesa - Maria Alice / Maisa Barbosa - UNIGRAN
47
OS GÊNEROS RESUMO E 
RESENHA: COMO PRODUZI-LOS?
Aula 06
Um escritor competente é alguém que sabe reconhecer diferentes tipos de textos e 
escolher o apropriado a seus objetivos num determinado momento [...] Um escritor competente é, 
também, capaz de olhar para o próprio texto como um objeto e verificar se está confuso, ambíguo, 
redundante, obscuro ou incompleto. Ou seja: é capaz de revisá-lo até considerá-lo satisfatório 
para o momento. É, ainda, um leitor competente, capaz de recorrer, com sucesso, a outros textos 
quando precisa utilizar fontes escritas para a sua própria mudança. PCNs (1990, p. 51-52).
Caro aluno,
Na introdução dessas aulas, comentamos sobre as dificuldades que as pessoas nos 
mais diferentes níveis de escolaridade, possuem para escrever. Vimos, no entanto, no decorrer 
das aulas, que não é impossível realizá-lo, uma vez que aprendemos a escrever, escrevendo. 
Para aprendermos um esporte não há outra forma de fazê-lo se não por intermédio de treino. 
Para escrever, o caminho é o mesmo e você, com certeza, tem capacidade para desenvolver e 
experimentar criações que valorizem o processo de escritura e não apenas o produto final.
Ao executar essa prática, você criará 
um estilo, desenvolverá o raciocínio lógico, a 
capacidade de relacionar idéias e emitir conclusões, 
tornando-se um indivíduo crítico de sua própria 
realidade, mostrando a sua voz.
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Com relação aos textos acadêmicos, tão necessários para o desenvolvimento das 
atividades de seu curso, a dificuldade de escrita também existe. Entre os gêneros textuais, os 
mais solicitados são o resumo e a resenha. Você já os conhece, não é? Sabe produzi-los?
Qualquer que seja sua resposta, optamos por esclarecer e/ou revisar tal conteúdo com 
a intenção de que daqui em diante o receio de produzir os referidos gêneros seja substituído 
por determinação e vontade de aprender. Para tanto, apresentamos, inicialmente, orientações de 
como efetuar o resumo.
Orientações para Redigir Resumos
Resumir é reduzir o texto original, ou seja, apresentar as idéias principais do autor 
com suas próprias palavras. Ao resumir, não se permite copiar frases ou partes do texto, pois tal 
atividade representa a reprodução parcial e não o resumo.
A literatura apresenta-nos diversos tipos de resumos e metodologias para produzi-los. 
Entre as citações efetuadas por autores como Platão & Fiorin (1994), Feitosa (1991), Andrade 
& Henriques (1992), Azevedo (1996) e Severino (2002), optou-se pelo resumo que obedece às 
seguintes etapas do processo:
1. leitura atenta com o objetivo de saber do que se trata o texto;
2. leitura com interrupções para grifar os vocábulos desconhecidos a fim de recorrer 
ao dicionário;
3. leitura por fragmentos, ou seja, por parágrafos ou grupos de parágrafos, observando 
a segmentação das idéias;
4. anotação dos pontos relevantes de cada parte;
5. leitura das anotações para ordená-las de forma a encadear as idéias com progressão 
visando a um texto coeso e coerente;
6. não emita opinião.
Observações: 
1. O resumo deve conter mais ou menos 1/3 do texto original.
2. Observe as normas da ABNT.
Para ampliar seu conhecimento, observe, agora, como Platão & Fiorin (1994) 
explicam resumo; a seguir, veja o exemplo:
Resumo
Resumo é uma condensação fiel das idéias ou dos fatos contidos no texto. Resumir um 
texto significa reduzi-lo ao seu esqueleto essencial sem perder de vista três elementos:
Língua Portuguesa - Maria Alice / Maisa Barbosa - UNIGRAN
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a) cada uma das partes essenciais do texto;
b) a progressão em que elas se sucedem;
c) a correlação que o texto estabelece entre cada uma dessas partes.
O resumo é, pois, uma redução do texto original, 
procurando captar suas idéias essenciais, na progressão e no 
encadeamento em que aparecem no texto.
Quem resume deve exprimir, em estilo objetivo, os 
elementos essenciais do texto. Por isso não cabe, num resumo, 
comentários ou julgamentos ao que está sendo condensado. 
Muitas pessoas julgam que resumir é reproduzir frases ou partes de frases do texto 
original, construindo uma espécie de “colagem”. Essa “colagem” de fragmentos do texto original 
não é um resumo. Resumir é apresentar, com as próprias palavras, os pontos relevantes de um 
texto. A reprodução de frases do texto, em geral, atesta que ele não foi compreendido. 
Para elaborar um bom resumo, é necessário compreender antes o conteúdo global do 
texto. Não é possível ir resumindo à medida que se vai fazendo a primeira leitura. É evidente 
que o grau de dificuldade para resumir um texto depende basicamente de dois fatores: 
a) da complexidade de dado texto (seu vocabulário, sua estrutura sintático - semântica, 
suas relações lógicas, o tipo de assunto tratado, etc. );
b) da competência do leitor (seu grau de amadurecimento intelectual, o repertório de 
informações que possui, a familiaridade com os temas explorados). 
O uso de um procedimento apropriado pode diminuir as dificuldades de elaboração do 
resumo. Aconselhamos as seguintes passadas: 
1. Ler uma vez o texto interruptamente, do começo ao fim. Já vimos que um texto não 
é um aglomerado de frases: sem ter noção do conjunto: é mais difícil entender o significado 
preciso de cada uma das partes. 
Essa primeira leitura deve ser feita com a preocupação de responder genericamente à 
seguinte pergunta: do que trata o texto?
2. Uma segunda leitura é sempre necessária. Mas esta, com interrupções, com o lápis na 
mão, para compreender melhor o significado de palavras difíceis (se preciso recorra ao dicionário) 
e para captar o sentido de frases mais complexas (longas, com inversões, com elementos ocultos). 
Nessa leitura, deve-se ter a preocupação sobretudo de compreender bem o sentido das palavras 
relacionais, responsáveis pelo estabelecimento das conexões (assim, isto, isso, aquilo, aqui, lá, 
daí, seu, sua, ele, ela, etc.).
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Língua Portuguesa - Maria Alice / Maisa Barbosa - UNIGRAN
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3. Num terceiro momento, tentar fazer uma segmentação do texto em blocos de idéias 
que tenham alguma unidade de significação.
Ao resumir um texto pequeno, pode-se adotar como primeiro critério de segmentação 
a divisão em parágrafos. Pode ser que se encontre uma segmentação mais ajustada que a dos 
parágrafos, mas como início de trabalho, o parágrafo pode ser um bom indicador. 
Quando se trata de um texto maior (o capítulo de um livro, por exemplo) é conveniente 
adotar um critério de segmentação mais funcional, o que vai depender de cada texto (as oposições 
entre os personagens, as oposições de espaço, de tempo). 
Em seguida, com palavras abstratas e mais abrangentes, tenta-se resumir a idéia ou as 
idéias centrais de cada fragmento. 
4. Dar a redação final com suas palavras, procurando não só condensar os segmentos, 
mas encadeá-los na progressão em que se sucedem no texto e estabelecer as relações entre eles. 
Exemplo de resumo apresentado por Platão & Fiorin (1994):
Texto comentado
N ó s , a n t r o p ó l o g o s s o c i a i s , q u e 
sistematicamente estudamos sociedades diferentes, 
fazemos isso quando viajamos. Em contato com 
sistemas sociais diferentes, tomamos consciência 
de modalidades de ordenação espacial diversas 
que surgem aos nossos sentidos de modo insólito, 
apresentando problemas sérios de orientação (...). E 
foi curioso e intrigante descobrir em Tóquio que as 
casas têm um sistema de endereço pessoalizando e 
não impessoal como o nosso. Tudo muito parecido com as cidades brasileiras do interior onde, 
não obstante cada casa ter um número e cada rua um nome, as pessoas informam ao estrangeiro 
a posição das moradias de modo pessoalizado e até mesmo íntimo: “A casa do Seu Chicofica 
ali em cima...do lado da mangueira...é uma casa com cadeiras de lona na varanda...tem janelas 
verdes e telhado bem velho...fica logo depois do armazém do Seu Ribeiro...”. Aqui, como vemos, 
o espaço se confunde com a própria ordem social de modo que, sem entender a sociedade com 
suas redes de relações sociais e valores, não se pode interpretar como o espaço é concebido. Aliás, 
nesses sistemas, pode-se dizer que o espaço não existe como uma dimensão social independente e 
individualizada, estando sempre misturado, interligado ou “embebido”- como diria Karl Polanyi- 
em outros valores que servem para orientação geral. No exemplo, sublinhei a expressão “em 
cima” para revelar precisamente esse aspecto, dado que a sinalização tão banalizada no universo 
social brasileiro do “em cima” e do “embaixo” nada tem a ver com as altitudes topograficamente 
http://www.angraviagem.com/casas/bracuhy/
imagens/casa-norte-varanda.jpg
Língua Portuguesa - Maria Alice / Maisa Barbosa - UNIGRAN
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assinaladas, mas exprimem regiões sociais convencionais e locais. Às vezes querem indicar 
antiguidade (a parte mais velha da cidade fica mais “em cima”), noutros casos pretendem sugerir 
segmentação social e econômica: quem mora ou trabalha “embaixo” é mais pobre e tem menos 
prestígio social e recursos econômicos. Tal era o caso da cidade de Salvador no período colonial, 
quando a chamada “cidade baixa, no dizer de um historiador do período, “era dominada pelo 
comércio e não pela religião” (dominante, junto com os serviços públicos mais importantes, na 
“cidade alta”). “No cais - continua ele dando razão aos nossos argumentos - marinheiros, escravos 
e estivadores exerciam controle e a área muito provavelmente fervilhava com a mesma bulha que 
lá se encontra hoje em dia” (Cf. Schwartz, 1979: 85). Do mesmo modo e pela mesma sorte de 
lógica social, são muitas as cidades brasileiras que possuem a sua “rua Direita” mas que jamais 
terão, penso eu, uma “rua Esquerda”! Foi assim no caso do Rio de Janeiro, que além de ter a sua 
certíssima rua Direita, realmente localizada à direita ao largo do Paço, possuía também as suas 
ruas dos pescadores, Alfândega, Quitanda (onde havia comércio de fazenda), Ourives - dominada 
por joalheiros e artífices de metais raros - e muitas outras, que denunciavam com seus nomes as 
atividades que neles se desenrolavam. Daniel P. Kidder, missionário norte-americano que aqui 
residiu entre 1837 e 1840, escreveu uma viva e sensível descrição das ruas do Rio de Janeiro e 
do seu relato alguma surpresa pelos seus estranhos nomes e sua notável, diria eu, metonímia ou 
unidade de contingente e conteúdo. 
Ora, tudo isso contrasta claramente com o modo de assinalar posições das cidades norte-
americanas, onde as coordenadas de indicação são positivamente geométricas, decididamente 
topográficas e, por causa disso mesmo, pretendem-se estar classificadas por um código muito 
mais universal e racional. Assim, as cidades dos Estados Unidos se orientam muito mais em 
termos de pontos cardeias - Norte/Sul, Leste/ Oeste - e de um sistema numeral de para rua e 
avenidas, do que por qualquer acidente geográfico, ou qualquer episódio histórico, ou - ainda - 
alguma característica social e/ou política. Nova Iorque, conforme todos sabemos, é o exemplo 
mais bem-acabado disso que é, porém, comum a todos os Estados Unidos. Se lá então é mais 
difícil para um brasileiro navegar socialmente nas cidades e estradas, é simplesmente porque 
ele (ou ela) não está habituado a uma forma de denotar o espaço onde a forma de notação surge 
de modo muito mais individualizado, quantificado e impessoalizado.
DA MATTA, Roberto. A casa e a rua: espaço, Cidadania, mulher e morte no Brasil. São Paulo, 
Brasiliense, 1985. p. 25-27.
Após ler o texto do começo ao fim, vemos que ele trata do modo distinto como cada 
sistema social organiza o espaço. Depois, percebemos o movimento do texto: afirmação de 
que existem diferentes maneiras de ordenação espacial e, em seguida, ilustração dessa idéia, 
comparando a maneira de ordenar e denominar o espaço nas cidades brasileiras e a de fazer a 
mesma operação nas cidades-americanas. 
Língua Portuguesa - Maria Alice / Maisa Barbosa - UNIGRAN
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O texto divide-se em duas grandes partes: proposição e ilustração. A segunda parte 
divide-se segundo o critério de oposição espacial: Brasil X Estados Unidos (Tóquio não é levada 
em conta, porque a observação a respeito dos endereços no Japão serve apenas para introduzir 
o problema da indicação dos endereços no Brasil). Para facilitar, podemos segmentar o texto 
em três partes: 
1. “Nós, antropólogos sociais” até “problemas sérios de orientação”;
2. “E foi curioso e intrigante” até “unidade de continente e de conteúdo”;
3. “Ora, tudo isso contrasta” até o fim.
As partes resumem-se da seguinte maneira:
1. Existência de uma ordenação espacial peculiar a cada sistema social;
2. Brasil - ordenação e denominação do espaço a partir de critérios pessoais, sociais;
3. Estados Unidos - ordenação e denominação do espaço a partir de critérios impessoais.
A redação final do resumo pode ser:
Cada sistema social concebe a ordenação do espaço de uma maneira típica. No Brasil, o 
espaço não é concebido como um elemento independente dos valores sociais, mas está embebido 
neles. Expressões como “em cima” e “embaixo”, por exemplo, não exprimem propriamente a 
noção de altitudes mas indicam regiões sociais. As avenidas e ruas recebem nomes indicativos 
de episódios históricos, de acidentes geográficos ou de alguma característica social ou política. 
Nas cidades norte-americanas, a orientação espacial é feita pelos pontos cardeais e as ruas e 
avenidas recebem um número e não um nome. Concebe-se, então, o espaço como um elemento 
dotado de impessoalidade, sem qualquer relação com os valores sociais. 
Você entendeu a explicação extraída de Platão & Fiorin, Para entender o texto. São 
Paulo. Ática 2003?
Optamos, em seguida, por esclarecer como redigir resenhas com a intenção de que daqui 
em diante o receio de produzir o referido gênero seja substituído por determinação e vontade 
de aprender. Para tanto, apresentamos, também, orientações de como efetuar o referido gênero.
Orientações para Redigir Resenhas
Segundo Azevedo (1996: 31), resenha é a apreciação crítica entre determinada obra. 
Visa a incentivar a leitura do livro comentado e trata-se de um texto curto para publicação em 
periódicos especializados. 
Sabe-se, no entanto, que há resenhas que não incentivam a leitura da obra.
A resenha constitui-se de três partes que são: dados sobre a obra e o autor, resumo e 
crítica que não necessitam estar obrigatoriamente nesta ordem.
Língua Portuguesa - Maria Alice / Maisa Barbosa - UNIGRAN
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a) Os dados sobre a obra devem conter as seguintes informações:
• título completo da obra;
• autor ou autores da obra;
• editora/coleção de que a obra faz parte;
• data de publicação;
• número de páginas e volumes;
• divisão em capítulos e assuntos dos capítulos;
Você pode iniciar o desenvolvimento da resenha com:
• objetivo(s) da obra;
• informações sobre o autor: vida, obras e conhecimento em relação ao assunto.
b) O resumo deve apresentar a organização geral da obra, mostrando os pontos relevantes 
(observar orientações para redigir resumo).
c) A crítica é composta por comentários e opiniões sobre a obra resenhada que respondam 
aos seguintes questionamentos:
• o(s) objetivo(s) do autor(es) foi/foram alcançados? Justificar;
• qual a importância do texto?
• para qual leitor é recomendada a obra?
• qual a sua opinião geral sobre a obra? (linguagem / estrutura / teoria(s)).
Obs.: Você pode ainda comparar com outras obras e ser polido em suas críticas.
Exemplo de Resenha:
BUYS, Bruno. Impactos ambientais urbanos no Brasil. In: MACHADO, Anna Rachel (Org.). 
Resenha. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. p. 43-45.
Impactos ambientais urbanos no Brasil é uma coleção de artigos de diferentes autores, 
organizados por Antônio Teixeira Guerra e SandraBaptista da Cunha, que analisam os impactos 
ambientais enfrentados por cidades brasileiras em diferentes contextos econômicos, sociais e 
históricos da ocupação do território brasileiro. 
Em sua grande maioria, as cidades brasileiras nasceram e se desenvolveram sem nenhuma 
preocupação de adequada utilização do solo e do espaço. Conceitos como sustentabilidade, 
qualidade do ar e da vida aqui por estas plagas são coisa recente, talvez impulsionadas pelo Rio-92.
Língua Portuguesa - Maria Alice / Maisa Barbosa - UNIGRAN
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Os artigos escolhidos abordam problemas ambientais em cidades estudadas pelos 
organizadores e pelos demais autores de capítulos: pequenas cidades como Açailândia, no 
Maranhão, cujo nascimento e crescimento estiveram ligados à economia da madeira e da extração 
de ferro de Carajás. Sorriso, no Mato Grosso, tema de um capítulo, é um assentamento criado 
pelo governo federal através de políticas públicas de ocupação do cerrado brasileiro, no começo 
da década de 1980. Ocupado principalmente por população vinda do sul do país, Sorriso vive da 
agricultura de grande escala mecanizada, às margens do Rio Teles Pires, um subafluente do Rio 
Madeira, que deságua no Amazonas. Teresópolis, Florianópolis e Petrópolis e seus problemas 
ambientais são tema de capítulos específicos, assim como Rio de Janeiro e São Paulo.
O que mais chama atenção do leitor ao longo da obra, independente do tamanho ou das 
características da cidade, é a falta de planejamento do setor público. Talvez seja esta a maior 
constante, similar nos casos extremos desde de Sorriso e Açailândia até São Paulo e Rio de 
Janeiro. Os assentamentos humanos brasileiros carecem de qualquer esboço de planejamento, 
sendo seu crescimento orientado pela lógica do maior lucro, até onde as questões ambientais 
começam a impor um ônus tão grande que se invoca a ação pontual e emergencial do Estado. 
Neste sentido, apesar da diversidade de autores e estilos, o livro é uma séria crítica à ação 
do Estado nos três níveis, municipal, estadual e federal. Setores da população urbana brasileira 
convivem com problemas ambientais sérios, capazes de provocar mortes como deslizamentos, 
desbarrancamentos e enchentes. Falta de infra-estrutura básica como saneamento e esgoto em 
áreas residenciais de classe baixa fornecem o material perfeito para o desenvolvimento de 
voçorocas, grandes ravinas formadas por erosão do solo, que podem, em estados avançados, 
provocar deslizamentos de terra. Em Sorriso, Mato Grosso, uma cidade fundada há apenas quinze 
anos, o estado de deterioração ambiental chama a atenção para a facilidade e o curto prazo em 
que o homem pode modificar o ambiente natural, tornando-o inadequado à vida. A cidade é 
pontilhada por voçorocas que castigam os habitantes cotidianamente. Ruas inteiras somem dentro 
delas, principalmente as de bairros mais pobres, é claro. A poluição das águas do rio Teles Pires 
pelos defensivos e insumos agrícolas tornam a água inadequada ao consumo. 
A população urbana brasileira, principalmente a de grandes centros, vive constantemente 
em situação ambiental muito ruim. Tênues esforços públicos são levados a cabo em véspera 
de desastre, para evitar o mal maior. Mas, de maneira geral, o brasileiro não está educado nem 
conscientizado para a necessidade de mudar de hábitos e efetivamente melhorar o ambiente e a 
qualidade de vida urbana, em vez de só evitar o mal maior. Iniciativas - tímidas - como o rodízio 
de carros particulares em São Paulo, entre 1996 e 1998, deram mostras de seu potencial em 
melhorar a qualidade do ar e de reduzir o caos no transporte. Porém, esbarram no individualismo 
da solução automotiva e do status que o carro tem na nossa contemporaneidade.
No Rio de Janeiro, habitações de classe baixa proliferam em áreas de risco de 
deslizamento. O poder público faz vista grossa, por não poder oferecer melhores condições de 
habitação a esta população. No verão e nas enchentes, o salve-se-quem-puder dos resgates e o 
denuncismo da mídia são a tônica.
Língua Portuguesa - Maria Alice / Maisa Barbosa - UNIGRAN
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Embora utilize conceitos e terminologias de várias áreas de conhecimento dedicadas a 
questão ambiental, a obra é basicamente um livro de geografia. Os organizadores são geógrafos 
e professores do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro/ 
Universidade do Brasil. Embora tenha sido planejado para alunos e pesquisadores não só de 
geografia, mas de áreas com preocupação ambientais como engenharia civil e agronômica, 
ciências da terra, biologia/ecologia e geografia, a obra fica aquém do que se esperaria no quesito 
clareza de expressão e preocupação com jargões e terminologias específicas da geografia. O leitor 
não-geógrafo poderá sentir alguma dificuldade. Por outro lado, o livro é muito bem-sucedido na 
escolha dos problemas relevantes a serem tratados, que devem interessar a todo o universo-alvo 
escolhido, bem como ao brasileiro em geral que esteja preocupado com os destinos do país.
A conservação da natureza, da Amazônia, e a preservação da biodiversidade são temas 
constantes nos nossos diários e noticiários. Estão na pauta do dia, junto com esforços de grandes 
organismos internacionais como a ONU e o Banco Mundial. É preciso dizer com igual clareza e 
embasamento científico que o espaço das cidades também pertence ao universo de preocupações 
ambientais dignas de esforço público e investimentos. Nossa modernidade tecnológica precisa, 
definitiva e irreversivelmente, incluir critérios de excelência ambiental no planejamento urbano 
das cidades. No Brasil, este é um imperativo imediato, caso não queiramos endossar o exemplo da 
cidade de São Paulo, onde o caos no transporte e o nível de qualidade do ar beiram constantemente 
o limite aceitável. Em alguns casos ultrapassam. 
Atualizado em 22/06/01 URL: www.comciencia.br/resenhas/impactos.htm (29/08/04). 
Percebeu como se faz uma resenha? Se tiver dúvidas, envie 
perguntas pelo quadro de avisos.

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