Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Letícia Soares del Rio – T6 ATRESIA DE ESÔFAGO Embriologia: Intestino primitivo (tubo endodérmico) 21º dia: sulco laringo traqueal Septação lateral • Porção ventral: traqueobronquica • Porção dorsal: esofágica 4ª-5ª semana – teorias: Kreuter (recanalização) e Pinus (a. brônquica esquerda) Aumento na sobrevida: Progressos na técnica cirúrgica, cuidados perinatais UTI neonatal, antibióticos, equipes especializadas, nutrição parenteral Classificação: A. Atresia + fístula distal – 87% B. Atresia sem fístula – 7% C. Fístula sem atresia “H” – 4% D. Atresia + fístula proximal – 1% E. Duas fístulas – 1% Anomalias associadas: Cardíacas GI Anorretal Genito-urinário Vertebrais e esqueléticas Trato respiratório Genético/cromossômico Anomalias incompatíveis: cardíacas incorrigíveis, agenesia renal bilateral (S. de Potter), trissomia do 18 Risco de Waterson: Peso > 2,5kg, sem anomalias associadas -> sobrevida 100% Peso 2-2,5kg, com anomalias moderadas -> sobrevida 85% Peso < 2kg, com anomalias graves -> sobrevida 65% Diagnóstico: Salivação excessiva Interrupção na passagem de SNG Cianose, abdome escavado Raio x Ultrassom antenatal: polidrâmnio, esôfago dilatado, diminuição ou ausência da bolha gástrica Ressonância antenatal: “bolsa” dilatada no tórax (porção proximal do esôfago) Cirurgia: Ligadura extrapleural da fístula Anastomose término-terminal primária Pontos separados com fio inabsorvível Incisão de Marchese = toracotomia posterior interescapulo-vertebral, no triângulo auscultatório (m. latíssimo do dorso, trapézio e romboide) Ligadura da fístula e anastomose término-terminal Impossibilidade de anastomose primária na atresia sem fístula – long gap maior que 3 vértebras Reconstrução esofágica na AE sem fístula: Esofagostomia terminal Gastrostomia Reconstrução esofágica 4-12 meses Alta morbi/mortalidade Técnicas de alongamento esofágico: • Técnica de Gough Flap do coto proximal • Livaditis Miotomia circular do coto proximal Complicações: impactação alimentar, pseudo divertículo, estenose distal ao divertículo, disfagia, dismotilidade (manometria) • Indução de crescimento externo (J Foker) Tração 1 a 2mm/dia, por 10 a 17 dias • Procedimento de Kimura – miotomia espiralada Alongamento extratorácico multiestagiado movimentando o estoma na parede anterior do tórax • Procedimento de Scharli Alongamento gástrico (6-8cm): corte horizontal da curvatura menor ao corpo do estômago Substituição esofágica por ascensão gástrica: Técnica mais aceita (idade média: 12 meses) Refluxo, hiperacidez Substituição esofágica por tubo gástrico: Pode ser construído na grande ou pequena curvatura Aniso ou isoperistáltica Desvantagem: longa linha de sutura, diminuição da capacidade do estômago, refluxo ácido Necrose do tubo é rara Disfagia Substituição esofágica por colo (esofagocoloplastia): Vantagens: fácil realização, vasos/arcadas marginais longas Colo direito + íleo terminal mantém a válvula íleo-cecal impedindo o refluxo Colo esquerdo mais longo e vasos mais calibrosos Colo transverso: transposição anisoperistáltica Via retroesternal: maior facilidade, porém mais angulações Complicações: necrose da alça, fístula cervical, refluxo gástrico, estenose, crescimento do colo, mortalidade Complicações após correção da AE: 1- Fístulas 15-20% - Deiscência anastomótica parcial ou total Erro técnico na sutura (fio, tipo de sutura) Tensão anastomótica Segmento inferior friável Isquemia das bordas anastomóticas Sepse 2- Estenoses 40% Infecções respiratórias recorrentes, episódios de apneia/cianose Diagnóstico: esofagograma, broncoscopia 3- Refluxo GE 40% 50% requer cirurgia anti-refluxo Vômitos, sintomas respiratórios (aspiração), esofagite péptica (estenose, úlcera) Desordem na motilidade (deglutição), principalmente no esôfago distal, obstrução sem estenose 4- Traqueomalácia 78% Fraqueza estrutural da parede da traqueia, deficiência de cartilagem, colapso na expiração Estridor progressivo, cianose, apneia Diagnóstico: radio x lateral do tórax, broncoscopia (colapso anteroposterior) Tratamento: • Conservador = resolução espontânea após 1 ano • Cirúrgico = risco de vida, pneumonia de repetição, impossibilidade de extubação Aortopexia: fixação da aorta junto ao esterno -> aumenta o espaço no mediastino, menor compressão da traqueia pelo esôfago ou vasos 5- Complicações respiratórias BCP de repetição associado a RGE e traqueomalácia Intrinsicamente relacionados com a própria malformação Transporte de RN com AE: Estabilização clínica, decúbito lateral direito elevado Sonda nasoesofágica (oroesofágica), aspiração contínua (Sistema Venturi), intubação endotraqueal, assistência ventilatória, manutenção da temperatura, oxigenioterapia, suporte hídrico e calórico DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO Refluxo gastroesofágico: Processo fisiológico ou funcional em crianças saudáveis Sem alterações sistêmicas Autolimitado, geralmente se resolve entre o 6º e 9º mês ou até 1 ano ➢ Mecanismos anti-refluxo Comprimento do esôfago: 1-3 cm (6º mês) Ângulo de Hiss Mucosa gástrica (roseta) Ligamento frenoesofágico EEI (5-7mmHg) Clareamento esofágico Esvaziamento gástrico Crura diafragmática ➢ Tratamento Fenômeno autolimitado Engrossar fórmula/alimento (leites com antirrefluxo) Elevação do tronco 60º Maior frequência e menor volume Tratamento conservador: postural, dieta e medicação = eficiência em 2/3 Medicação anti refluxo: domperidona, bromoprida, bloqueador de H2 Tratamento postural do RGE: Lactente = posição vertical 20 a 30 min após mamadas: eructação e esvaziamento gástrico Manter decúbito lateral esquerdo: pressão no fundo gástrico funciona como “válvula antirrefluxo” Posições que aumentam o refluxo: sentada (> pressão abdominal), decúbito lateral direito (retifica o cárdia então > refluxo) Doença do RGE: Desequilíbrio dos fatores defensivos e agressivos envolvidos no RGE Manifestação da doença • Perda de peso • Sinais de esofagite • Sistemas respiratórios crônicos • Alteração do comportamento Quadro clínico em lactentes: Ganho de peso inadequado Irritabilidade Distúrbio do sono BCP/otite Apneia e morte súbita Quadro clínico em crianças maiores: Vômitos recorrentes Azia, dor abdominal Asma, BCP de repetição Tosse crônica, otites, sinusites Perda de peso Alteração de comportamento Patogênese: Diminuição do tônus do EIE Relaxamento transitório EIE Retardo do esvaziamento gástrico Decúbito Natureza do refluxo Tempo de exposição do refluxo Períodos de relaxamento do EIE não relacionados com a deglutição, desencadeado pela distensão do fundo gástrico (reflexo vago vagal) Patologias associadas que favorecem a DRGE: Atresia de esôfago Gastrosquise e onfalocele Hérnia hiatal, diafragmática Patologias neurológicas ▪ Crianças neuropatas Aumento de pressão intra-abdominal (quifoescoliose tóraco-abdominal) Alteração anatômica esôfago-gástrica, menor pressão EIE Hipotonia do diafragma Dismotilidade inerente do TGI, menor esvaziamento gástrico Diagnóstico de DRGE: a) EED = estudo contrastado do esôfago estômago e duodeno b) EDA = endoscopia digestiva alta; + biópsia c) Cintilografia gastroesofágica/pulmonar (com fase tardia: aspiração pulmonar) d) Phmetria esofágica – padrão ouro Demonstra a exposição ácida no esôfago, frequência e duração do refluxo, confirma ou exclui o refluxo patológico De Meester > 2 anos; Boix Ochoa < 12 meses: pH < 4 Detecta refluxos ocultos, não detecta RGE não ácidos Relação com sintomas atípicos e apneia Avaliação do tratamentode DRGE e Barret, pré e pós cirúrgica e) Manometria Atividade motora (ondas peristálticas) Tônus/pressão do esfíncter Posição do EIE Alterações motoras (esofagite) f) Impedânciometria Detecta o movimento do bolus Resistência elétrica: fluxo de íons Ar e líquido Impedanciophmetria para distinguir se o refluxo é ácido ou não Nenhuma investigação simples pode fazer o diagnóstico de DRGE, o esôfagograma tem sido usado para avaliar as alterações esofágicas, como hérnia hiatal, acalasia, estenose e compressão extrínseca, motilidade do esôfago e do EIE História completa, exame físico, período de mudanças de hábitos alimentares e farmacoterapia podem ser úteis Tratamento: Diminuir os sintomas, a frequência e a duração dos refluxos Curar a mucosa esofágica lesada Prevenir as complicações o Tratamento conservador Menor intervalo entre as alimentações, menor volume/quantidade, engrossar fórmula, menos líquidos, elevação do tronco 60º o Farmacológico Antiácidos (bloqueador de H2 e inibidor de bomba de prótons) Procinéticos = aumenta a peristalse esofágica e pressão EIE, facilita o esvaziamento gástrico (domperidona, bromoprida) A terapia farmacológica é se a conservadora não funcionar o Cirúrgico Indicação primária: RGE sintomática (3-5 sem. de tratamento clínico) Complicações graves: apneia, falência do desenvolvimento, esofagite com estenose, Barret Morte súbita: apneia, cianose, palidez ou rubor, hiper/hipotonia muscular, engasgo, sufocação, laringoespasmo, aspiração maciça - Fundoplicatura - Vídeo cirurgia Alergia à proteína do leite de vaca: RGE, diarreia crônica, sangramento retal (colite alérgica), constipação, HDA, cólica Teste imunológico Biópsia (EDA): infiltrado linfoplasmocitário + neutrolífico com eosinofilia tecidual Tratamento: exclusão alimentar, fórmulas com hidrolisado proteico, soja Esofagite eosinofílica: DRGE, disfagia (sólidos) EDA Tratamento: esteroide sistêmico/tópico – fluticasona spray
Compartilhar