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INCLUSÃO DIGITAL UNIASSELVI-PÓS Autoria: Kaio César Gomes da Silva Indaial – 2019 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. SI586i Silva, Kaio César Gomes da Inclusão digital. / Kaio César Gomes da Silva. – Indaial: UNI- ASSELVI, 2019. 138 p.; il. ISBN 978-85-7141-368-9 ISBN Digital 978-85-7141-369-6 1. Inclusão digital. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 303.483 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................05 CAPÍTULO 1 Inclusão Digital – Base Conceitual ..........................................07 CAPÍTULO 2 Inclusão Digital no Brasil ..........................................................49 CAPÍTULO 3 Inclusão Digital – Cultura Digital, Tecnologias e a Formação de Professores...................................................89 APRESENTAÇÃO Prezado Aluno, Seja muito bem-vindo ao Capítulo 1 do livro Inclusão Digital. Neste momento estamos situados no século XXI. O mundo passa por grandes mudanças de caráter organizacional, na alimentação, na agricultura, nas relações exteriores, na economia e no comportamento social. Muito se falou e, ainda se fala, em Globalização, mas no momento se propaga muito mais na Era Digital e Era da Informação. Novas exigências nos deparam levando-nos a comportamentos sociais, nos induzindo a estar sempre em constante contato com novas informações e conectados à Web, para que demos conta da abundância de informação para domínio de conhecimentos. Assim, nos tornamos capital humano através de novas capacidades adquiridas com as informações que pudermos acessar. Isto intensificou a organização da sociedade e transformou-a em “Sociedade da Informação”, que vive na “Era do Conhecimento”. Não há dúvidas de que a sociedade caminha neste sentido e todos nós estamos caminhando nela. Toda essa transformação está acontecendo de forma tão rápida, tão intensa, que nunca antes se registraram tantos avanços na história humana. Os últimos 300 anos são marcados pela ascensão da Era Industrial e transição para a Era Digital. O fruto desta transição seu lugar à Era da Informação ou do Conhecimento. Neste livro, especificamente na seção um, você encontrará os conceitos de inclusão e exclusão digital; na seção dois encontrará os principais conceitos sobre Informação, como historicamente a Informação se tornou importante e a importância do acesso a ela. Na seção três encontrará conteúdo referente à Lei de Acesso à Informação (LAI). Na seção quatro saberá como a informação se tornou tão necessária e recebeu o status de Política Pública. Bons estudos. Profo Kaio César Gomes da Silva CAPÍTULO 1 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: entender os principais conceitos relacionados à inclusão e exclusão social; compreender a importância do acesso à informação para alunos e professores, bem como na própria formação; compreender o conceito de Informação, Qualidade da Informação e Conhecimento; compreender as políticas públicas de inclusão digital; analisar fontes de pesquisa, repositórios e portais, de informações relativas às políticas públicas de inclusão digital; compreender o papel e a importância de Lei de Acesso à Informação; analisar qual o papel da inclusão digital na sociedade atual e do futuro. 8 Inclusão Digital 9 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Nos próximos anos a sua profi ssão pode mudar radicalmente. A empresa em que você trabalha hoje pode desaparecer nos próximos cinco anos e, talvez, você possa trabalhar com algo totalmente diferente do que desenvolve hoje. Atualmente se fala que estamos passando por uma “Era de mudanças”, mas podemos afi rmar que na verdade estamos em uma mudança de Era. Isso signifi ca que tecnologias que antes levavam anos para atingir 100 milhões de usuários hoje levam meses, semanas e, em alguns casos, até dias para atingir a mesma quantidade de pessoas. A transformação atual é tão rápida em termos de serviços e negócios que aqueles que não se transformam, provavelmente, serão transformados. E são as tecnologias digitais que vêm tornando esta rapidez possível. A transformação tecnológica atinge todos os níveis da sociedade. A unidade de medida do tempo está cada vez menor. A informação circula rapidamente de maneira instantânea e ininterrupta. Inovação, personalização e agilidade são pilares para desenvolvimento de produtos e soluções de mercado. Modelos empresariais de 30 anos atrás não funcionam mais por não atenderem às novas expectativas sociais e à necessidade de respostas cada vez mais rápidas. Segundo o Relatório de Sobrevivência das Empresas no Brasil (SEBRAE, 2016), a maioria das empresas fecha antes dos cinco anos de atuação. Segundo o relatório, os principais motivos para o fechamento precoce são inefi cácia no planejamento e difi culdade de captar os desejos do novo consumidor. Consequentemente, não inovar é declarar-se morto em poucos anos. Aqueles que dispõem de ferramentas capazes de entender desejos e torná-los bens de consumo terão chance de se manter no mercado ou estar acima da média em sobrevivência comercial. A palavra “cliente” é chave em reuniões estratégicas de marketing ou desenvolvimento de produto. Design Thinking é o conceito que mais cresce dentro das profi ssões e empresas do futuro. Ele aborda o conceito de desenvolvimento de soluções com visão e foco na personalização possível. Remete ao conceito de solução “sob medida”, que busca a total satisfação do cliente evitando desperdícios. A diferença conceitual do “sob medida” para o Design Thinking está na descoberta dos desejos do cliente antes mesmo que o próprio saiba. Muitas vezes, quando um determinado cliente procura uma empresa especializada, traz consigo um problema e não tem a menor ideia de como se resolver. Ou seja, o cliente não tem ciência daquilo que realmente precisa e é aí que o Design Thinking entra. Ele desenvolve a proposta com outros produtos ou serviços agregados, sobre os quais o cliente não sabia como explicar no momento da procura do serviço. A solução é personalizada ao cliente, com valor de mercado e servirá de modelo na solução de outros problemas com pequenos ajustes. É claro que o conceito de Design Thinking é mais profundo, mas já deu para ter noção de como é tratado. 10 Inclusão Digital Você pode estar neste momento se perguntando o que essas informações acima têm a ver com Inclusão Digital. Esses conceitos serão necessários para o melhor entendimento de como devemos propor soluções de inclusão que envolvam o uso de tecnologias educacionais, pois a ação de incluir envolve contextos sociais, culturais e econômicos. Precisamos entender como é e como está o mercado de tecnologia e quais as estratégias para uma efi caz política de inclusão digital tanto no âmbito privado como público. Engana-se quem acha que o simples fato de ter uma tecnologia digital à disposição ou um recurso tecnológico já cumpriu seu papel de incluir um grupo social e que alcançará resultados desejados rapidamente. Como mencionado, para incluirpessoas é necessário pensar na cultura, na economia em que estas pessoas estão inseridas e, principalmente, no tipo de interesse (GADOTTI, 2000). As mídias divulgam constantemente resultados positivos quando comparam empresas que utilizam tecnologia de ponta, mencionam sempre o ganho de produtividade, efi ciência e precisão, em relação às empresas manufatureiras. Não há dúvidas em relação a isto, porém esta mesma lógica não fará sentido em estratégias de inclusão social. Incluir é capacitar e inserir pessoas, mudar comportamentos a partir das novas capacidades adquiridas. Já em uma empresa, as motivações que farão um profi ssional utilizar uma nova tecnologia são outras, por exemplo, manter o salário todo fi m de mês. Pensar em incluir é planejar “sob medida”, é analisar o contexto cultural da comunidade. Para isso, é importante pensar na preparação da equipe que executa de frente a inclusão, garantindo que ela conheça muito bem o público-alvo. Bertolt Brecht (1964) diz que “para quem tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível: eles já comeram”. Signifi ca dizer que professores e instrutores de programas de inclusão digital têm não só obrigação de possuir capacidade técnica e domínio prático de tecnologias educacionais, mas possuir ferramentas que diagnostiquem as necessidades do público e que as estratégias de inclusão possam ser redirecionadas. Professores e instrutores têm papel fundamental na motivação dentro de um projeto de Inclusão Digital. Magda Pischetola (2016, p.1) diz: Na perspectiva que adotamos neste artigo, a partir de estudos anteriores (PISCHETOLA, 2011; 2012; 2015; 2016),defendemos que as motivações de caráter técnico são as que menos infl uenciam a inserção de tecnologias em contexto escolar. Ao contrário, partimos do pressuposto de que a metodologia adotada pelo professor, sua atitude frente aos alunos em sala de aula e o que chamamos de estilo motivacional do docente são os elementos que mais impactam na presença signifi cativa de TIC nas práticas pedagógicas. Este tema será aprofundado no Capítulo 2 deste livro. 11 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 São intrínsecos à atividade docente o planejamento e o desenvolvimento do plano de aula. Lá é descrito o que e como será realizado o trabalho em sala de aula. Se você for professor, concordará que um mesmo plano de aula, quando executado em turmas estudantis diferentes, produzirá resultados e preocupações também diferentes. Isso implica dizer o óbvio: que pessoas têm difi culdades e limitações, interesses educacionais e habilidades diferentes e a preparação do plano de aula precisa ser fl exível em relação a especifi cidades do aluno. Ou seja, não há como motivar sem conhecimento prévio do público-alvo. Uma aula de informática para uma turma de adolescentes tem o mesmo ritmo e nível de interesse igual à de uma turma de alunos da terceira idade? Não há dúvidas de que as estratégias de inclusão digital devem ser bem mais aprofundadas se queremos alcançar resultados satisfatórios e confi áveis. FIGURA 1 – REALIDADE DIGITAL DE PESSOAS DE BAIXA RENDA FONTE: Erasmo (2015) Em se tratando de um livro que se propõe a tratar do assunto Inclusão Digital, ao fazer a leitura, você perceberá o quanto a cultura e os tempos infl uenciam em estratégias de inclusão social e norteiam políticas de inclusão no Brasil e no mundo, quando os programas de inclusão são implementados com seriedade. Ao contrário, quando a Inclusão Digital não é bem planejada e séria, usam-se constantemente ideologias da era digital e artifícios psicológicos para produzir em sociedades a necessidade de compra e consumo de tecnologia (WARSCHAUER, 2003). A necessidade de consumo tecnológico encontra largo espaço na juventude, que é muito mais suscetível ao novo. Por isso, propagam na comunidade escolar, com a ajuda das mídias jornalísticas e representantes comerciais, que crianças devem ter acesso a tecnologias cada vez mais cedo por seus efeitos benéfi cos na aprendizagem e desenvolvimento intelectual, porém os resultados de pesquisas 12 Inclusão Digital indicam que o uso de tecnologias digitais e acesso à internet banda larga, apesar de ampliar o acesso ao conhecimento, parece não estar produzindo os resultados esperados no que diz respeito à ampliação de desempenho escolar (BELLONI; GOMES, 2008). FIGURA 2 – SÁTIRA SOBRE A MODERNIZAÇÃO NO ENSINO PÚBLICO FONTE: Angeli Filho (2000) A crise na educação brasileira se dá por não possuir uma política pública de educação que seja fl exível, não permitindo mudanças e acordos nos conteúdos escolares, com conteúdos e projetos do interesse dos estudantes que sejam um atrativo de aprendizagem e, ainda sim, deixam ao professor a difícil tarefa de motivar os alunos para assistir à aula. Resultado: constantes notícias de confl itos sociais e a violência dentro das escolas, número alto de professores com problemas de saúde, entregas de atestado médico, alunos servindo ao tráfi co de drogas na própria escola e resultados catastrófi cos nos principais relatórios internacionais de educação e no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). De acordo com Minayo (1994, p. 7), “Não se conhece nenhuma sociedade onde a violência não tenha estado presente". Temos que levar em consideração, também, a questão dos danos ao patrimônio público. Muitas vezes as escolas públicas possuem equipamentos, mas como não há capacitação “sob medida”, do professor para a sua realidade escolar e perfi l comunitário, controle efetivo dos materiais disponíveis de laboratórios de tecnologia da informação através de Checklist e câmeras de monitoramento que inibam a ação de depredação, é gerado mais um problema para o Gestor/Diretor da escola ao invés de gerar solução educacional. Isto não gera consciência de que o bem público deve ser cuidado e não há sentimento de pertença entre os estudantes. BOA NOTÍCIA CRIANÇAS!! AGORA TEMOS COMPUTADOR! 13 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 Checklist é um instrumento de controle através de condutas e processos de verifi cações de itens ou tarefas a ser realizadas ou lembradas. Os equipamentos que chegam à escola acabam, muitas vezes, não sendo utilizados porque o Gestor/Diretor tem atrelados a ele o controle e a conservação do patrimônio escolar. Isso inclui dizer que o Gestor/Diretor administra cada patrimônio público que está dentro das quatro paredes da escola, administra confl itos entre estudantes, administra confl itos entre docentes, responde fi nanceiramente pelas contas e despesas escolares, faz atendimento de pais e alunos, entre outros. Então, a chegada de equipamentos novos acaba formando efeitos mais preocupantes para a gestão do que de inovação educacional. Sem contar com a capacitação em nível de gestão, de docência e coordenação que, no entanto, não é oferecida junto com as ferramentas de controle e didática à equipe da escola. Uma política inclusiva que não leva em consideração esses fatores foi encomendada para dar resultados mascarados e/ ou para produzir o senso comum de que a tecnologia resolve todos os problemas, bastando à escola que deseja receber o programa de inclusão fazer a aquisição dos equipamentos e softwares. FIGURA 3 – DEPREDANDO O PATRIMÔNIO PÚBLICO FONTE: Luiz Fernando Cazo (2013) 14 Inclusão Digital 2 INCLUSÃO DIGITAL X EXCLUSÃO DIGITAL O ato de incluir implica dizer que alguém ou um grupo de pessoas é excluído dos benefícios que as tecnologias digitais são capazes de proporcionar. Ou seja, quem é excluído continua fazendo as coisas do jeito que sempre fez ou que a sua condição fi nanceira lhe permite. A exclusão digital tem relação com as disparidades econômicas e sociais, em escala global, entre os países industrializados e os países em desenvolvimento. Refere-se às desigualdades no acesso e uso de tecnologias digitais (PISCHETOLA, 2016). Os pilaresda inclusão digital são: acesso signifi cativo à informação, desenvolvimento de capacidades para seleção e uso dos recursos postos à disposição pela tecnologia, o acesso à rede digital enquanto possibilidade de intercambiar opiniões e informações, aprofundar temas de interesse, conhecer os eventos mundiais e participar da vida política. O acesso à tecnologia se torna uma oportunidade ao desenvolvimento humano e o conceito de exclusão digital acaba não só com a desigualdade econômica ou recursos materiais, mas da exclusão do desenvolvimento e do conhecimento. Enxergar as pessoas como capital humano, dotadas de capacidade de busca por informação para torná-la conhecimento é um objetivo da Inclusão Digital. Para isso, não basta apenas ter acesso à tecnologia, é necessário haver uma constante capacitação humana, visando à resolução de problemas reais encontrados na sociedade, promovendo a motivação pelo uso das ferramentas e benefícios digitais. FIGURA 4 – INCLUSÃO E EXCLUSÃO DIGITAL FONTE: Geralzão Charges do Jaime (2015) 15 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 Segundo pesquisa da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL, 2017), a cada 1% de aumento no acesso à internet no Brasil, há um crescimento adicional de até 0,19% do produto interno bruto (PIB) do país. Já dados da PNAD (Pesquisa por Amostra de Domicílios) divulgados em fevereiro de 2018 apontam que 63 milhões de brasileiros não usaram o serviço de internet em 2016. A PNAD considera essas pessoas que não têm acesso a conhecimento e informação digital como “excluídos digitais”. Quais são as perdas geradas pela exclusão digital? A exclusão digital é consequência das desigualdades sociais ou é difi culdade de acesso à tecnologia? A expressão “Exclusão Digital” se refere à posse ou ao uso de tecnologias digitais? FIGURA 5 – UTOPIAS TECNOLÓGICAS FONTE: http://sldeespera.blogspot.com/2014/12/humor-em- tempos-de-celular.html. Acesso em: 30 mar. 2019. Segundo os dados da pesquisa da PNAD, o maior uso da internet está na comunicação. Ela considera como comunicação a ação de usar e-mail, trocar mensagens e outras atividades mais complexas, como busca de vagas de emprego, alimentar páginas de blogs, sites, páginas de e-commerce, entre outros. A pesquisa aponta que entre os brasileiros o ranking de usabilidade dos serviços de internet no Brasil é: 1) Troca de mensagens instantâneas; 2) Assistir a vídeos por streaming; 3) Chamadas de voz e videochamadas. 16 Inclusão Digital Streaming é uma forma de transmissão de som e imagem (áudio e vídeo) através de uma rede qualquer de computadores sem a necessidade de efetuar downloads do que está se vendo e/ou ouvindo, pois neste método a máquina recebe as informações ao mesmo tempo em que as repassa ao usuário. O nome Streaming deriva da palavra stream, que signifi ca pacotes, pois a máquina recebe as informações em forma de pacotes para serem remontados e transmitidos aos ouvintes. Este armazenamento é denominado buferização, que é um miniarmazenamento do que será enviado logo em seguida, este armazenamento em buffer ocorre sempre que a transmissão é iniciada ou sua volta quando a mesma é interrompida. FONTE: http://www.interrogacaodigital.com/central/o-que-e-streaming. Se você percebeu, houve uma inclusão social no Brasil através dos serviços de internet banda larga aliados aos aplicativos digitais para plataformas mobile que, consequentemente, reduziram consideravelmente o custo das ligações telefônicas, mudando o modo como as pessoas se comunicam. Primeiramente, o acesso a smartphones aumentou através de subsídios do Governo Federal com a diminuição dos impostos sobre produtos de informática. O Governo, na época, reduziu ou deu isenções através do PIS/COFINS. Isto tornou mais acessível e deu poder de compra à população através do subsídio. Em seguida no país, iniciou-se o programa de acesso à internet banda larga através das operadoras de telecomunicações com a regulamentação da ANATEL, onde a população já contava com os benefícios de ter um microcomputador em sua residência, mas essas máquinas não estavam conectadas. Depois vieram os serviços de internet móvel ofertando os serviços através da contratação de pacotes de internet móvel, em que as pessoas já tinham acesso a smartphones a preços acessíveis e devido ao surgimento do aplicativo WhatsApp, um aplicativo gratuito que oferece serviço de troca de mensagens instantâneas e, mais tarde, começo oferecendo serviços de mensagem de voz, chamada de voz e videochamada. Vale lembrar que estes programas de inclusão digital impactaram diretamente as telecomunicações, possibilitaram que pessoas de estados diferentes pudessem se comunicar em Real Time através de videochamadas e chamadas de voz a custo reduzido e fi xo. 17 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 Em computação, Real Time ou Tempo Real é uma tarefa que deve ser executada obrigatoriamente em um tempo preestabelecido, que pode ser curto ou não. O sistema de tempo real não é necessariamente veloz, mas precisa processar tarefas nos prazos esperados. Em um sistema comum, No Real Time, a preocupação central é com o resultado de saída no processamento e não há um tempo determinado para tal tarefa (REVISTABW, 2018). 3 CONCEITO DE EXCLUSÃO DIGITAL A existência de exclusão digital – em inglês, Digital Divide – como um problema é reconhecida, pela primeira vez, pela NTIA, a Agência Nacional de Telecomunicações dos Estados Unidos, que em 1995, publicou o primeiro de um total de seis relatórios, sobre as desigualdades nacionais no acesso às telecomunicações. No terceiro relatório da agência, a exclusão digital é defi nida como a desigualdade socioeconômica dos indivíduos marcada pelo nível de acesso às tecnologias da informação e da comunicação (NTIA, 1999). Dessa forma, primeiro se considerou que a exclusão digital é defi nida pelo nível econômico social, que quanto mais rica é uma sociedade, mais acesso a tecnologias da informação e comunicação ela possui. Podemos assim concluir que o nível econômico determina o grau de acesso à tecnologia e que a mesma pode ser considerada como um item de valor, porém fi ca em segundo plano na lista de desejos de consumo, já que depende do aporte fi nanceiro pessoal. FIGURA 6 – POBREZA DIGITAL? FONTE: Charges do Correio do Povo, Tacho (2007) 18 Inclusão Digital Em 2001, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) disse “A exclusão digital é a diferença entre indivíduos, famílias, empresas e áreas geográfi cas em diferentes níveis socioeconômicos, no que diz respeito às oportunidades de acesso às TICs e ao uso da internet banda larga para uma grande variedade de atividades” (2001, p.3). TICs (Tecnologias da informação e comunicação) podem ser defi nidas como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo comum. As TICs são utilizadas das mais diversas formas, na indústria (no processo de automação), no comércio (no gerenciamento, nas diversas formas de publicidade), no setor de investimentos (informação simultânea, comunicação imediata) e na educação (no processo de ensino aprendizagem, na educação a distância). O desenvolvimento de hardwares e softwares garante a operacionalização da comunicação e dos processos decorrentes em meios virtuais. No entanto, foi a popularização da internet que potencializou o uso das TICs em diversos campos. FONTE: https://www.infoescola.com/informatica/ tecnologia-da-informacao-e-comunicacao. No mesmo ano, 2001, é publicado o Relatório Anual de Desenvolvimento Humano do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud), em que a avaliação é de que “a internet ajuda a aumentar a distância social entre ricos e pobres, porque é em si uma oportunidade” (UNDP, 1999, p. 24). A internet é reconhecida como espaço de construção de novos conhecimentos, de interação por redes sociais e de acessoa quase todo tipo de informações e não apenas como veículo de acesso a serviços. Mas porque a conclusão de que a internet aumenta a distância social entre ricos e pobres? Como citado na introdução deste Capítulo 1, a inclusão envolve contextos culturais, sociais e econômicos e há uma tendência natural das pessoas de classe média alta e os mais ricos de utilizar a internet como ferramenta para lucratividade comercial, geração de ativos, consumo de bens e serviços, redução de custos e comunicação. 19 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 Em Economia, gerar de ativos signifi ca os meios legais necessários para expressar os bens, valores, créditos e direitos que formam o patrimônio de uma pessoa singular ou coletiva que são avaliados pelo respectivo custo para adquiri-los. Entre pessoas de classe mais pobre, existe a tendência de que a internet seja mais utilizada no entretenimento e não como um gerador de ativos. Aqueles que descobrem os benefícios de ter em mãos informações úteis e de qualidade percebem que se abre um mundo de possibilidades. Muitos conseguem sair da pobreza e ascendem para a classe média alta. Outros acumulam riquezas, se tornam empresários, dependendo de sua capacidade de pesquisa, inovação e gestão. O autor Napoleon Hill declara que “A lei da economia não respeita e nem tolera quem pretende receber sem dar” (1928, p.39). Para adquirir conhecimento é necessário pagar seu preço. FIGURA 7 – FORÇA DE VONTADE X VONTADE DE FAZER FORÇA FONTE: https://garfi eld.com/. Acesso em: 30 mar. 2019. Entre os jovens, a sensação do momento é o serviço de vídeo por streaming através de canais do YouTube, onde consomem informações de acordo com interesses temporais. Outro serviço de fi lmes por streaming a custo baixo, muito conhecido entre os jovens, é a Netfl ix. Esta plataforma de fi lmes e séries também ajudou na inclusão digital no mundo todo e mudou o jeito como as pessoas consumem pacotes de internet e o mercado de fi lmes. Em cidades, capitais e regiões próximas, eram sempre visíveis lojas de aluguel de mídias digitais, as chamadas locadoras de vídeos, onde o consumidor precisa se locomover até a loja, escolher um fi lme disponível no catálogo, fazer um cadastro portando todos os documentos necessários, executar o pagamento em dinheiro e depois voltar para casa e desfrutar do bom fi lme. Muitas vezes, ao iniciar o fi lme em 20 Inclusão Digital seu aparelho, ainda tem a surpresa de estar na posse uma mídia com cortes e travamentos, com arranhões ou danifi cada. Assim, volta à loja, pede outra mídia com o mesmo fi lme e descobre que a outra já foi alugada. O dono da loja oferece a opção de você levar outro fi lme, mas você gostaria daquele primeiro, pede seu dinheiro de volta e volta para casa chateado. Este exemplo foi citado na intenção de que você consiga enxergar o problema que a Netfl ix ajudou a resolver e a nova economia que se formou em torno desta plataforma de fi lmes e séries. Para usufruir do serviço, você faz um cadastro simples, dá o número de cartão de crédito, espera a conta ser ativada e começa escolhendo seus fi lmes preferidos a um preço muito baixo em relação às locadoras. O impacto gerado foi o fechamento de praticamente todas as lojas locadoras de mídias, que faliram ou mudaram de ramo de negócio. A palavra “mídia” aqui é defi nida como sendo mídias analógicas e digitais compostas por CD (Compact Disc) onde, geralmente, são gravados em arquivos de música e documentos digitais; DVD (Digital Versatile Disc) onde são gravados arquivos de vídeo como shows e fi lmes com imagem digital; Vídeo Cassete ou VCR (Video Cassette Recorder) é um aparelho eletroeletrônico que faz a leitura de fi tas magnéticas em carretéis plásticos, em que o vídeo é gravado com tecnologia analógica. FIGURA 8 – EM SEGUIDA VEM A NETFLIX FONTE: http://grooeland.blogspot.com/2009/11/foi-pirataria- que-venceu.html. Acesso em: 30 mar. 2019. 21 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 Usufruir do serviço de streaming da Netfl ix ou fazer um curso de educação a distância em plataforma digital é fazer inclusão digital? Você provavelmente deve saber que estes serviços são consumidos por ricos e pobres em todo o mundo. Não há barreiras para ser um usuário, basta ter cartão de crédito e sua conta será ativada. Mas então porque a tecnologia digital aumenta a distância entre classes sociais, entre ricos e pobres, entre quem tem conhecimento e quem não tem? Ela inclui ou exclui as pessoas? Ela contribui no trabalho de professores ou gera mais preocupações? Que fi que claro a você, profi ssional da educação ou de tecnologia da informação: há um abismo imenso, do ponto de vista educacional, entre ser usuário consumidor de serviços tecnológicos, majoritariamente, para fi ns de entretenimento, diversão e ser um usuário de plataformas digitais e transformador de informação em conhecimento. Simplesmente o uso de tecnologia não se traduz em como sendo conhecedor e capaz de capacitar outras pessoas. Esta é outra problemática dentro do contexto educacional, é uma tremenda confusão e está longe de ser consenso na comunidade escolar devido às ideologias do mundo digital. Quando falamos em educação, não nos referimos apenas às pessoas que estão matriculadas em uma escola de ensino fundamental e médio, nem a um indivíduo matriculado em curso de nível superior. Estamos nos referindo àquela educação adquirida através de esforço, disciplina, orientações desde a infância, que formam o caráter, que nos transformam em cidadãos, a ter capacidade analítica do que é certo e errado, do que é bom e ruim para si e para pessoas do nosso convívio social, a educação baseada na ética e na moral cívica. Referimo-nos àquela educação que não se aprende, necessariamente, em uma escola. Essa educação é a que está em crise e compõe o grande abismo entre as classes sociais. O “pobre em tecnologia” consume tecnologia para deleite do entretenimento, para se sentir melhor e no outro dia enfrentar novamente as difi culdades diárias, ou seja, a tecnologia é um elemento motivacional e também possui sua importância. O “rico em tecnologia” utiliza os serviços e ferramentas digitais com estratégia bem defi nida, para controle produtivo e investimentos de médio e longo prazo. Ele adquire ferramentas digitais, paga seu preço com a visão de obter retorno oferecendo serviços através de plataformas digitais ou, até mesmo, fabrica suas próprias ferramentas e soluções para venda (BUCKINGRAM; WILLETT, 2006). Podemos entender que o “rico” aqui pode ser qualquer pessoa independente de sua situação fi nanceira no momento. No Brasil chamam isso de empreendedorismo. Bill Gates, um magnata da tecnologia da informação e dono da Microsoft, contou em sua página ofi cial na web (https://www.gatesnotes.com) quese tivesse apenas dois dólares por dia, ele criaria galinhas e faria fortuna. Trata-se de exercer uma postura diante de informações e conhecimento adquiridos. “Galinhas são fáceis de cuidar e custam pouco para se manter”, afi rma Gates. Não se trata de ideologia econômica, mas de exemplo prático de como usar os benefícios que a 22 Inclusão Digital informação proporciona. Você pode não concordar, mas precisa saber que o perfi l social interfere na inclusão digital e na educação. FIGURA 9 – EDUCAÇÃO ANTIGA X EDUCAÇÃO MODERNA FONTE: http://saltandobarreiras.blogspot.com/2012/11/educacao- antiga-versos-atual-roberto.html. Acesso em: 30 mar. 2019. Buckingham e Willett (2006) afi rmam que, nos próximos anos, o grau de acessibilidade às mídias digitais aumentará de forma signifi cativa, graças à redução dos custos, mas continuaremos a ver a polarização crescente no que eles chamam de “ricos em tecnologia” e os “pobres em tecnologia”. Van Dijk (2005) demonstra em sua pesquisa que com o advento tecnológico a diferença econômica social nos países ricos tendeu a diminuir e, em paísesem desenvolvimento, tendeu a aumentar. Se você fi cou confuso, podemos usar a analogia da problemática da questão de ter alimentação saudável ou não: há ricos que se alimentam mal, mas a maioria que possui acesso a planos de saúde, médicos particulares, academia e personal trainer, ou seja, aqueles que têm acesso a uma equipe multidisciplinar de saúde, tendem a manter uma alimentação mais saudável pelo acesso à informação nutricional de qualidade e enxergam a alimentação como um investimento que não tem preço. Os mais pobres não têm condições de manter a alimentação saudável ou é ausência de acesso à informação de qualidade? Para quem quiser aprofundar esse assunto, indicamos um artigo: 23 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 Artigo: Qualidade da alimentação: percepções de participantes do programa bolsa família.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ csc/v17n3/v17n3a15.pdf. O artigo (USCHIMURA et al., 2012) fala sobre a variedade de alimentos que a população do Programa Bolsa Família tem acesso. Conclui-se na pesquisa que na maior parte dos casos as pessoas se alimentam semelhantemente a seus parentes, sem a preocupação por informações nutricionais e sim, pela comodidade e baixo custo alimentar. Independentemente de ter ou não dinheiro, conclui dizendo: o fato de o consumo alimentar se assemelhar ao de seus pares, pautando-se, portanto, por vivências compartilhadas em uma dada cultura, e não por um saber científi co (que poderia ser representado pela composição nutricional, adequação, proporcionalidade entre grupos de alimentos)”[...]. É presente, entre os entrevistados, a caracterização de sua alimentação como tendo pouca variedade. Nesse caso, evidencia-se um refl exo do pouco acesso que estas famílias têm a uma alimentação adequada (USCHIMURA, 2012, p. 690). Não basta apenas oferecer dinheiro às famílias para compra de alimentos, mas é necessário trabalhar a educação alimentar em paralelo. A mesma lógica acontece com a questão da inclusão digital. Não basta apenas oferecer equipamentos com tecnologia de ponta com os mais sofi sticados softwares. Devemos capacitar àqueles que capacitarão, fazendo primeiro a inclusão digital de quem capacita (professores, instrutores, coordenadores). E esta capacitação deve ser avaliada através de resultados, devolutivas e demonstrações práticas do conteúdo aprendido. Aqueles que se empenharam em obter informação de qualidade, podemos chamar de “ricos de conhecimento”. E aqueles que buscam apenas diversão, entretenimento ou indicações através de terceiros, “pobres de conhecimento”. Numa política de inclusão digital, o objetivo principal é converter os “pobres de conhecimento” em “ricos” dando-os autonomia para o mundo digital. Portanto, esta é a face da inclusão e exclusão digital que deve ser levada em consideração em planejamentos de programas de inclusão, da escola primária à pós-graduação, e que exclusão digital também é questão de preferência cultural. Lembrando mais uma vez que o interesse do aluno por conhecimento fortalece a educação e torna o processo mais efetivo (GADOTTI, 2000). 24 Inclusão Digital FIGURA 10 – EDUCAÇÃO MIDIÁTICA DONA HERMENGARDA? ABRAM O LIVRO NA PÁGINA 21, TURMA. PELO MENOS NOSSAS TELEVISÕES NOS ENTEDEM. NÃO É ASSIM QUE A MINHA GERAÇÃO ASSIMILA INFORMAÇÃO. SERÁ QUE VOCÊ NÃO PODERIA RESUMIR TUDO EM FACTÓIDES? SIM, CALVIN? FONTE: https://novaescola.org.br/conteudo/3621/calvin- e-seus-amigos. Acesso em: 30 mar. 2019. Na próxima seção deste livro falaremos da importância do acesso à informação e mais que isso, do acesso à informação de qualidade. 4 IMPORTÂNCIA DO ACESSO À INFORMAÇÃO Estamos cercados por leis e ordens por onde quer que andemos. Nos últimos 300 anos iniciou uma era de desenvolvimento de novas tecnologias para aproveitar e utilizar vários tipos de energias. A corrida ao desenvolvimento industrial deu habilidades para transformar o ambiente em que vivemos, reduziu o custo de produção de produtos manufaturados e transformou o homem industrial no homem moderno que conhecemos hoje. Esse período é conhecido como a Era Industrial ou Revolução Industrial, onde os principais avanços e estruturas foram pensados e implementados para organização social atual. As estruturas e a sociedade organizada que vemos hoje são apenas um tipo visível de ordem criada para o futuro, mas existe um tipo de ordem que é invisível, mas que está presente nos lugares onde há população organizada, que é tão complexa quanto podemos entender. É algo que a natureza vem utilizando por bilhões de anos, chamado de Informação. Tão presente na vida das pessoas, a informação e, em especial, a informação pública é base para que possa haver participação ativa dos homens na sociedade, tendo garantido a acesso a direitos e usufruindo de serviços públicos obrigatórios. A informação, segundo o dicionário Aurélio, é o ato ou efeito de informar-se. Cintra et al. (2002, p. 20) diz: 25 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 Nos anos 70, a noção de informação, bem como os termos que a representam tomam vulto, seja na constituição dos discursos, seja na criação de disciplinas específi cas. Acredita-se mesmo que a sua expansão represente, na sociedade ocidental, um dos maiores sucessos de uma palavra no século XX. A utilização recorrente da palavra gerou, como é natural, uma variação conceitual. Assim fala-se do conceito de informação em diferentes áreas do conhecimento [...] Para o matemático Claude Shannon (1948), considerado o pai da Teoria da Informação, o conceito de informação está estrelado ao conceito de entropia, que é o grau de casualidade, de indeterminação que uma coisa pode possuir. Quanto maior a informação, menor será a entropia. Em computação, informações são dados processados e tratados, que são resultado do que é enviado (entrada de dados), do processamento e da saída de dados. As informações têm signifi cado e podem ser tomadas decisões a partir da informação que chega (saída de dados). Para Bateson (1979), a informação é um ponto de vista para interpretação de eventos e objetos que antes eram invisíveis e, após interpretados, se tornam visíveis. Shannon e Weaver (1949) separaram o conceito de informação em duas perspectivas: 1) Informação Sintática – que tem a ver com o volume da informação; 2) Informação Semântica – que remete ao signifi cado ou àquilo que se entende a partir do que se tem. Dretske (1981) argumentava que a informação é uma mercadoria capaz de produzir conhecimento e conhecimento, diz ele, é identifi cado como a crença produzida ou sustentada pela informação. Portanto, o termo informação tem variadas defi nições, mas neste livro iremos focar nas relações entre informação e conhecimento e de como adquirir informação de qualidade na Era da Informação. Era da Informação é o nome dado ao período que vem após a era industrial na década de 1980 com a invenção do microprocessador. Como vimos, o conceito de informação é difícil de ser descrito e entendido, são várias defi nições e para cada área do conhecimento há variação no entendimento do signifi cado do conceito informação. Mas os cientistas descobriram que a informação é a parte fundamental do nosso planeta. Não há como falar de informação sem mencionar o que as coisas representam para nós através de seus símbolos e códigos, que é a Informação Sintática, defi nida por Shannon e Weaver em 1949. E a partir do código, do símbolo que a informação ganhar representação 26 Inclusão Digital e signifi cado, chamada Informação Semântica. A transmissão da informação começou a partir do surgimento da escrita através de símbolos e códigos, como mostrado no Quadro 1: QUADRO 1 – A ESCRITA E O SURGIMENTO DO ALFABETO No início, a escrita era feita através de desenhos: uma imagem estilizada de um objeto signifi cava o próprio objeto. O resultado era uma escrita complexa (havia pelo menos 2.000 sinais)e seu uso era bastante complicado. Essa escrita, na forma de desenhos, se chamava pictográfi ca. Os sinais tornaram- se gradativamente mais abstratos, tornando o processo de escrever mais objetivo. O sistema pictográfi co evoluiu para uma forma escrita totalmente abstrata, composta de uma série de marcas na forma de cunhas e com um número muito menor de caracteres. Esta forma de escrita fi cou conhecida como cuneiforme (do grego, em forma de cunha) e era escrita em tabletes de argila molhada, usando-se uma espécie de caneta de madeira com a ponta na forma de cunha. Quando os tabletes endureciam, forneciam um meio quase indestrutível de armazenamento de informações. A escrita cuneiforme era composta de aproximadamente 600 símbolos, distribuídos de cima para baixo e da direita para a esquerda. A escrita cuneiforme foi usada para a forma escrita das línguas da Assíria e Babilônia, línguas bastante diferentes da sumeriana. Embora a escrita cuneiforme fosse muito menos adaptada a estas línguas, a escrita foi amplamente usada no Oriente Médio, numa vasta gama de documentos, desde registros comerciais até cartas de reis. A escrita cuneiforme evoluiu para a escrita ideográfi ca não utilizava apenas rabiscos e fi guras associados à imagem que se queria registrar, mas sim uma imagem ou fi gura que representasse uma ideia, tornando-se posteriormente uma convenção de escrita. Os leitores dependiam do contexto e do senso comum para decifrar o signifi cado. As letras do nosso alfabeto vieram desse tipo de evolução. Algumas escritas ideográfi cas mais conhecidas são os hieroglífi cos egípcios, as escritas sumérias, minoica e chinesa, da qual provém a escrita japonesa. A escrita alfabética apesar de ter sua origem nos ideogramas perde seu valor ideográfi co e assume a função de representação fonográfi ca, passando por inúmeras transformações. Primeiro surgiram os silabários, conjunto de sinais específi cos para representar as silabas, isto é, os sinais representavam silabas inteiras em vez de letras individuais. Os fenícios inventaram um sistema reduzido de caracteres que representavam o som consonantal, característica das línguas semíticas encontrada hoje na escrita árabe e hebraica. Mais tarde, por questão de facilidade, dado ao tamanho das peças que serviam para escrita, os escribas, homens letrados vindos das classes populares livres ou escravas, responsáveis pela escrita dos textos que circulavam entre a nobreza e aristocracia, passaram a escrever, buscando uma convenção 27 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 de forma e direção, da esquerda para a direita, resultando na forma atual do sistema alfabético japonesa. A escrita alfabética, apesar de ter sua origem nos ideogramas, perde seu valor ideográfi co e assume a função de representação fonográfi ca, passando por inúmeras transformações. Primeiro surgiram os silabários, conjunto de sinais específi cos para representar as sílabas, isto é, os sinais representavam sílabas inteiras em vez de letras individuais. Os fenícios inventaram um sistema reduzido de caracteres que representavam o som consonantal, característica das línguas semíticas encontrada hoje na escrita árabe e hebraica. Mais tarde, por questão de facilidade, dado ao tamanho das peças que serviam para escrita, os escribas, homens letrados vindos das classes populares livres ou escravas, responsáveis pela escrita dos textos que circulavam entre a nobreza e aristocracia, passaram a escrever, buscando uma convenção de forma e direção, da esquerda para a direita, resultando na forma atual do sistema alfabético. A inventividade dos escribas evidenciou-se na criação do sistema alfabético, no início do ano de 2000 a.C. A escrita alfabética tenta se aproximar da fonética e é representada por uma análise minuciosa dos sons silábicos, nos quais cada fonema corresponde a uma letra. Primeiramente, foi criada pelos fenícios, baseando-se numa análise consonantal composta por 22 signos e mais tarde foi aperfeiçoada e ampliada pelos gregos com a junção das vogais, estando agora formada por consoantes e vogais. O alfabeto passa a ser composto por 24 letras. Com a transposição da escrita para os computadores, surge a escrita eletrônica, presente nas mídias eletrônicas, não se limita aos textos verbais, podendo os elementos de escrita ser palavras, imagens, sons, ações ou processos realizados por computador. Em vez de ler parágrafos, o leitor pode ver cenas em um vídeo, observar uma sequência de fotografi as, ouvir uma narração oral ou escutar um fragmento musical. FONTE: Adaptado de http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/ impresso/imp_basico/e1_assuntos_a1.html. Acesso em: 2 dez. 2018. Podemos perceber que com o surgimento dos computadores houve uma mudança signifi cativa do entendimento do universo. À primeira vista, a informação parece ser uma ideia muito simples e palpável e, consciente ou inconscientemente, nós a trocamos e compartilhamos uns com os outros. Mas entendê-la e utilizá-la vem sendo um processo longo e complexo. O poder da informação foi inicialmente vislumbrado mais de 5000 anos atrás, quando uma tecnologia revolucionária, que colocaria a humanidade rumo ao mundo moderno, foi desenvolvida. De todas as invenções e criações do homem, há uma que é muito simples e muito complexa e que, ao longo dos tempos, foi sendo aperfeiçoada e mudou a forma como a humanidade pensa e suas formas de interação (GONTIJO, 2004). É uma tecnologia capaz de criar, construir e destruir ao mesmo tempo: a Escrita. 28 Inclusão Digital Fundamentalmente, a escrita se compõe na transmissão e armazenamento de informação. As palavras escritas permitem que ideias perdurem por eras. Quando as civilizações antigas descobriram que ideias poderiam ser representadas por símbolos e que a informação poderia ser transmitida e viver através dos séculos fora do cérebro humano, foi uma ideia que fascinou os antigos mesopotâmios (CAMPELLO, 2005). A informação foi armazenada em argila por milhares de anos. Podemos encontrar ideias de 4000 anos atrás em tabuletas de argila. Ideias, diálogos, esperanças humanas da época, literaturas, rezas e todo tipo de manifestações da alma humana fi xados em argila ainda podem ser traduzidos hoje. Ao transformar os sons em símbolos, os escribas mesopotâmios descobriram que a informação podia ser facilmente modifi cada de uma forma para outra. De algo que existia a partir de sons da fala, para algo armazenado em tabuletas de argila, a humanidade descobriu o real poder dos símbolos. Esta era a tecnologia da informação de 4000 anos atrás usada por reis, comerciantes, produtores rurais, médicos e pessoas comuns. Mas no século XIX, durante a Revolução Industrial, as coisas começam a mudar. Em meio a um turbilhão de invenções e ideias, uma série de tecnologias aparentemente desconexas surgiria dando o status de poder aquilo que se chama de informação. A maioria das tecnologias que surgiram no período da Revolução Industrial era de origem prática através de testes e tentativas, e não de teorias ou estudos complexos. Elas começaram a revelar que a informação é um conceito muito mais profundo e poderoso do que antes se pensava. Uma das primeiras desta nova espécie de tecnologia de informação seria desenvolvida na cidade de Lyon, França, no fi m do século XVIII, que é a máquina de tecelagem. O mercado de tecido de Lyon fi cou famoso e se tornou o principal mercado de seda do mundo, onde residiam os melhores artesãos, se tornou um lugar de grande opulência, grandiosidade e de economia promissora. Ela se tornou o maior mercado de tecelagem do mundo e, além dos fabricantes de seda, roupas e tecidos, que tiveram oportunidades de enriquecimento, os fabricantes de máquina de tecelagem eram muito solicitados na venda de novas máquinas. Uma profi ssão promissora que surgiu na época e que também pôde aproveitar a nova economia foi a de mecânico, que era solicitado pormanter as máquinas em funcionamento e fazer manutenções. Como a economia de tecidos era muito promissora, começa a corrida para o desenvolvimento de novos modelos de teares, mais resistentes, menos barulhentos, mais modernos, mas algo mais importante aconteceu que deu ainda mais poder aos que dependiam desta economia. Foi o surgimento da máquina a vapor. As fábricas de tecidos possuíam máquinas que necessitavam de operadores, chamadas de máquinas manuais. Com o surgimento da máquina a vapor, os donos de teares não necessitavam do mesmo quantitativo de pessoas para operar as máquinas, que agora eram automatizadas com motor a vapor. Esta foi outra revolução na Era Industrial. 29 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 Máquina de Tecelagem surgiu no século XVIII revolucionando o mercado de tecidos em Lyon. O trabalho que antes só era realizado por mãos humanas agora passou a ser realizado por uma máquina mecanicamente controlada, capaz de fazer o entrelaçamento de fi os de trama (transversais) com fi os de teia (urdume) formando o tecido. Reduziu-se o tempo que se levava para fabricar um tecido e aumentou-se a qualidade e a precisão do entrelaçamento. Consequentemente, barateou o preço fi nal dos tecidos e foi um grande salto no mercado de roupas da época. FIGURA 11 – TEAR DE JACQUARD FONTE: http://www.stylourbano.com.br/o-tear-jacquard-nao-so-revolucionou-a- industria-textil-mas-foi-o-primeiro-computador-do-mundo/. Acesso em: 30 mar. 2019. Você pode estar pensando que a invenção da máquina a vapor trouxe desemprego para Lyon e, consequentemente, com uma população com muitas pessoas desempregadas, o que se poderia esperar é uma crise sem tamanho. Mas, na realidade, quando uma nova economia surge, traz com ela oportunidades de negócios e toda uma cadeia de supplychain se estabelece, se forma ao redor da nova economia. Assim, só fi ca em crise aqueles que se limitam em procurar emprego no ofício que sempre exerceram. Os acomodados estão sempre em crise. Na época, o tear era o mecanismo mais complexo que já construído pela humanidade. Ele, em termos modernos, se tornou um hardware de grande importância para a economia da tecelagem de Lyon. Em 1804, Joseph Marie 30 Inclusão Digital Jacquard inventou um tipo de máquina de tear que podia ser programado para fazer o desenho que o “designer” da época pudesse criar. Mas o que chama atenção na história de Jacquard é que ele não era um estudioso do ramo da engenharia e nem da matemática. Ele era fi lho de tecelões e trabalhou na tecelagem em máquinas manuais desde os dez anos de idade. Era responsável por alimentar os teares com os fi os de teia e trama. Supplychain consiste num conceito que abrange todo o processo logístico de determinado produto ou serviço, desde a sua matéria-prima (fabricação) até a sua entrega ao consumidor fi nal. O supplychain é constituído por vários integrantes, que atuam em diferentes etapas durante o processo, como: fabricantes, fornecedores, armazéns, distribuidoras, varejistas e, por fi m, os consumidores. O que a história da economia têxtil de Lyon, França, tem a ver com tecnologia da informação? É que máquina de tear de Joseph Marie Jacquard funcionava de maneira automática e era programável para tecer os desenhos pensados pelos designers da época. A programação da máquina era feita através da tecnologia de cartões perfurados, chamados de cartões perfurados de Jacquard, que mudaram as rotinas de produção de toda a indústria têxtil da época e, poucos anos depois, a tecnologia teve uma decisiva infl uência no ramo da computação. Ou seja, a informação dos desenhistas estava sendo traduzida na linguagem da máquina de tear com os cartões perfurados através de instruções, essas instruções do cartão transmitiam os comandos para máquina tear formar a imagem no tecido. A IBM expandiu esta tecnologia de Jacquard e desenvolveu cartões programáveis para computadores eletrônicos em 1950 e a introduziu no mercado de computação em 1958 como o meio mais rápido de transpassar códigos de programação e gerar documentos e processamento de dados. Foi o marco inicial e a corrida para o desenvolvimento de computadores mais sofi sticados e com mais funcionalidades, até chegar ao modelo de computadores que conhecemos hoje. A invenção de Jacquard em 1804 infl uenciou as formas de desenvolvimento da computação e, principalmente, o desenvolvimento de sistemas computacionais. 31 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 FIGURA 12 – IBM 82 CARD SORTER – CARTÃO PERFURADO DA IBM FONTE: http://www.wikiwand.com/en/IBM_card_sorter. Acesso em: 30 mar. 2019. Podemos compreender que nada se cria do nada. A informação é cíclica, passa por mudanças e atualizações de tempos em tempos e se repete em um dado ritmo. A máquina de tear de Jacquard acelerou a fabricação de tecidos e revelou um conceito poderoso da informação: a abstração da informação. Em computação, o sistema omite determinadas informações dos dados armazenados, por exemplo, onde e como esses dados são mantidos. Para que os dados sejam recuperados, os sistemas contam com algoritmos de busca efi cientes, que ao encontrar o dado requerido, em formato desconhecido, o traduzem e o tornam disponível ao usuário. Uma vez que o usuário não tem conhecimento de computação, a complexidade é escondida através de níveis de abstração, que simplifi cam a interação com os dados, e o sistema. Jacquard mostrou que é possível pegar a essência de uma ideia, extrair a informação vital e representá-la de outra forma. O mundo antes da tecnologia da informação e da telecomunicação era um lugar muito diferente do que temos hoje. Só era possível enviar mensagens através de cartas ou de mensageiros e o mesmo se aplica a objetos. O mensageiro era alguém que corria muito rápido, ou que possuía um cavalo, ou através de uma embarcação, dependendo da distância. Ou seja, o mundo só disponha de meios físicos para envio de mensagens e meios físicos para o serviço de entrega. No século 19, a velocidade na qual se podia enviar a informação aumentou consideravelmente graças à invenção da eletricidade. Logo após a invenção, muitos se animaram com o potencial da mesma como meio de transmissão de mensagens. Se ela pudesse ser controlada, se tornaria o meio de transmissão de dados perfeito. Mas um problema apareceu diante da invenção: como usar um sinal simples para enviar mensagens complexas? Foi aí que surgiu Samuel Morse com seu invento simples e de fácil decodifi cação. O invento de Morse usando uma coleção de impulsos elétricos longos e curtos, ao ser ouvido do outro lado, possibilitava soletrar as letras do alfabeto. O invento de Samuel Morse é chamado de telégrafo. Em alguns anos a rede de telégrafos se espalhou pelo 32 Inclusão Digital mundo inteiro, constituindo as fundações da moderna Era da Informação. Foi um dos mais importantes programas de Inclusão Digital de escala global. Jacquard e Samuel Morse são exemplos de pessoas que encontraram novas maneiras de manipular, processar e transmitir informação. O que havia começado com a invenção da escrita milhares de anos atrás havia culminado na ligação do planeta inteiro através de uma rede de cabos elétricos carregando informação altamente abstrata (código morse) a uma velocidade incrivelmente rápida. FIGURA 13 – TELÉGRAFO DE SAMUEL MORSE FONTE: https://www.estudopratico.com.br/primeira-demonstracao- publica-do-telegrafo/. Acesso em: 30 mar. 2019. Para as pessoas do fi nal do século XIX, a habilidade de manipular e transmitir informação estava no auge, mas aí a informação se tornou muito mais fundamental do que qualquer pessoa poderia imaginar devido à nova estrutura de comunicação que apareceu. Logo fi cou claro para as sociedades que a informação não se relaciona apenas com a comunicação humana e é uma ideia muito mais ampla. A verdadeira natureza da informação está em poder enxergar algo ou ideia,transmiti-la das mais variadas formas através de suas tecnologias e poder recuperá-la em forma de dado quando necessário. Historicamente falando, nas sociedades modernas, podemos perceber que as motivações para avanços tecnológicos, em qualquer área do conhecimento, sempre giram em torno da disseminação e acesso à informação. Ela sempre é o marco de acontecimentos e da ciência. Cientistas estão sempre disponíveis a desvendar problemas da humanidade, sempre pautados de todo um arcabouço de informação e autores que estudaram o assunto até um determinado ponto, que norteiam suas pesquisas. Não se trata de algo aleatório como, ao fazer uma perfuração no solo para encontrar o lençol freático, um proprietário de um determinado terreno descobre que ali há petróleo. Não há mais dúvidas de que a informação é importante para avanços da sociedade, mas mais ainda, o importante é ter o acesso à informação e informação de qualidade. No fi nal do século XIX e começo do século XX, o gargalo das sociedades organizadas era a falta de fontes para acesso à informação. Basicamente, os privilegiados economicamente tinham acesso à informação através de escolas 33 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 de base, os mais ricos investiam em curso superior, onde existiam bibliotecas universitárias, ou na compra de livros em viagens a outras cidades onde havia livrarias. Os mais pobres não tinham acesso a escolas e nem a livros com facilidade. Hoje, em pleno século XXI, o problema está na abundância de informações. O professor e fi lósofo brasileiro Mario Sérgio Cortella disse em uma palestra no programa Café Filosófi co que algumas pessoas navegam na internet e boa parte naufraga. Quando levamos em conta que a grande maioria dos usuários de servidos de internet não foi capacitada para fazer um acesso consciente dos perigos e para identifi car quando uma informação é verdadeira ou mentirosa em parte. Se você é professor, vai concordar que hoje em dia é complicado exercer a prática de pesquisa escolar ou acadêmica pelo seguinte motivo: abundância de informação na web, aliadaà falta de treinamento ou capacitação para fi ltrar a informação necessária e o efeito psicológico de impaciência que os smartphones têm causado nas pessoas (BARR; STOLZ; PENNYCOOK, 2015). A problemática está na grande massa populacional mundial que não sabe como coletar, fi ltrar, minerar informações confi áveis e de qualidade, são meros usuários de tecnologia. Já se dizia que “quantidade não é qualidade” e isso se traduz perfeitamente para o contexto social na ação de pesquisa na web. Minerar é uma expressão que remete à mineração de dados em computação, que nada mais é que o processo de explorar grandes quantidades de dados à procura de padrões consistentes. Recomendamos a leitura do livro Data Science para negócios, dos autores Foster Provost e Tom Fawcett. No livro dizem (2016, p. 2): É importante compreender Data Science, mesmo que você nunca vá aplicá-lo. O pensamento analítico de dados permite avaliar propostas para projetos de mineração de dados. Por exemplo, se um funcionário, um consultor ou um potencial alvo de investimento propõe melhorar determinada aplicação de negócios a partir da obtenção de conhecimento de dados, você deve ser capaz de avaliar a proposta de maneira sistemática e decidir se ela é boa ou ruim. Isso não signifi ca que será capaz de dizer se será bem-sucedido — pois projetos de mineração de dados, muitas vezes, exigem experimentação —, mas você deve conseguir identifi car falhas óbvias, hipóteses fantasiosas e partes faltando. 34 Inclusão Digital Portanto, se capacitar é poder desfrutar de maneira sólida e verdadeira dos benefícios que a Web nos dá gratuitamente. Até a Google lançou um curso on- line para ensinar a desenvolver buscas avanças em sua plataforma. O curso é intitulado Power SearchingwithGoogle (Busca Avançada com o Google, tradução livre), que tem como conceito de capacitar os alunos adquirindo conhecimentos avançados sobre a ferramenta Google, mostrando recursos de que nem todos têm conhecimento. A Google sabe que a grande maioria das pessoas aprendeu a realizar pesquisas em sua plataforma de forma empírica, sem muitos procedimentos de pesquisa ou métodos científi cos. "Power Searching with Google é um curso on-line baseado em técnicas de pesquisa e em como usá-las para resolver problemas do dia a dia", diz a página ofi cial do curso (GOOGLE, 2012). O conteúdo programático inclui atividades interativas, oportunidade de se conectar com usuários utilizando o Google Groups, Google+ e Hangout. Além do mais, o curso dá direito a certifi cado, enviado por e-mail aos usuários que concluírem o curso passando obtendo a nota mínima na prova on-line. Recomendamos o acesso ao curso através do link: http://www. powersearchingwithgoogle.com/ No Brasil existe a Lei no 12.527/2011, também conhecida como Lei de Acesso à Informação, e possui sua importância para o desenvolvimento e consolidação da participação do cidadão na sociedade brasileira de maneira ativa e no controle da coisa pública. Na seção a seguir deste Capítulo 1, falaremos sobre a importância da lei e seus benefícios. 5 LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO No Brasil vigora atualmente a Constituição Federal de 1988, onde, no Artigo 5º, Inciso XXXIII, está escrito: – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (BRASIL, 1988). A consolidação da cidadania participativa é de absoluta importância para que a sociedade possa exigir do Estado atendimento efi caz aos direitos e garantias descritos na Constituição Federal de 1988. Quando o cidadão participa de forma 35 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 ativa da gestão pública, as ações dos governantes tendem a se tornar mais transparentes e com um grau de legitimidade, o que é bastante relevante para o desenvolvimento e consolidação do Estado democrático de Direito. Recomendamos aqui a leitura do artigo A importância da Lei de Acesso à Informação no desenvolvimento da cidadania participativa e no controle da res publica, dos autores Dijeison Tiago Rios Nascimento e Túlio Da Luz Lins Parca. Veremos a seguir um trecho do artigo no Quadro 2 deste livro: QUADRO 2 – IMPORTÂNCIA DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO (LAI) A importância da Lei de Acesso à Informação no desenvolvimento da cidadania participativa e no controle da res publica (trecho) Um dos desafi os apresentados no contexto em que vivemos está relacionado ao efetivo uso das ferramentas de participação popular disponibilizadas pelo Estado, sendo que por meio delas é possível que o cidadão tenha condições concretas de participar e de interferir de forma positiva no processo decisório e na formação dos atos de governo. A conjuntura política nacional deixa evidente a necessidade de ativismo da sociedade civil no contexto das decisões estatais, participação que não pode fi car restrita ao voto em período de eleições, plebiscitos ou referendos, mas que deve avançar para o campo do controle da res publica e da defi nição de políticas destinadas à busca do bem-comum. Ou seja, o atual contexto sócio-político demanda que a cidadania não fi que restrita à titularidade de direitos políticos. Após a entrada em vigência da Lei federal n. 12.527/2011, também conhecida como Lei de Acesso à Informação – LAI, o povo brasileiro passou a contar com um importante instrumento facilitador da atuação do cidadão na esfera governamental, pois ela determina que o acesso às informações estatais seja a regra, e o sigilo, a exceção. Nesse sentido, faz mister o entendimento de Branco e Mendes a respeito da referida lei: Trata-se de importante marco para a observância da publicidadecomo preceito geral e do sigilo como exceção, por meio de medidas que devem ser executadas de acordo 36 Inclusão Digital com os princípios básicos da Administração Pública e por diretrizes que zelam e incentivam a ampla transparência (BRANCO; MENDES, 2014, p. 850). Ademais, ressalta-se a opinião do especialista em liberdade de informação, GregoyMichener, que analisa o histórico do acesso às informações, bem como a fi nalidade de se alcançar um governo republicano e transparente: As leis de liberdade de informação representam um meio para um fi m; que é um governo aberto. Enquanto podemos reclamar a respeito da efi ciência das leis de acesso, as informações que os cidadãos precisam estão muito mais disponíveis hoje do que há vinte ou até dez anos, graças, em parte, aos aprimoramentos na gestão de informações digitais. Mas a necessidade de buscar compromissos mais fi rmes para a abertura também é maior do que nunca. A rápida mudança no sentido da abertura que agora está em ação certamente encontrará novas maneiras de se proteger contra o sigilo injustifi cado (MICHENER, 2011, p. 23). A LAI traz no seu escopo uma série de dispositivos que buscam facilitar e desburocratizar o acesso às informações públicas, o que tem determinado uma mudança gradual e importante na cultura das organizações públicas e na forma de atendimento às demandas dos cidadãos brasileiros. Diante do exposto, surge a indagação que serve de elemento basilar para a realização deste breve estudo: busca-se saber em que medida a Lei de Acesso à Informação contribui para o desenvolvimento e consolidação da cidadania participativa no Brasil, e de que forma ela tem contribuído para o aperfeiçoamento do controle da res publica por parte dos cidadãos. Para ser possível obter a resposta adequada ao apontamento realizado em epígrafe, torna-se importante abordar os seguintes temas: 1) o conceito de cidadania; 2) a importância da Lei de Acesso à Informação no contexto da sociedade brasileira; 3) atuação do governo para disciplinar o uso da LAI; 4) o perfi l dos cidadãos que têm utilizado esse instrumento com o intuito de obter informações do Estado; 5) quais os tipos de informações são mais demandados. Saber o motivo para a solicitação de acesso à informação por parte de cada cidadão poderia ser um dado bastante interessante e rico de signifi cado, mas a LAI proíbe qualquer tipo de motivação ou pedido de justifi cativa por parte do Estado brasileiro para a disponibilização do acesso. FONTE: https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/cadernovirtual/ article/view/1200/720. Acesso em: 2 dez. 2018. 37 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 Podemos perceber que a Lei de Acesso à Informação regulamentou o importante direito previsto no artigo 5º da Constituição Federal, que diz que todos podem solicitar dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou do interesse geral. Este Lei garante o acesso à informação pública e é um direito fundamental que já se encontrava previsto em diversos acordos e convenções internacionais que o governo brasileiro já havia assinado. A Lei deve ser aplicada e cumprida por todos os órgãos e entidades da administração pública – federal, estadual e municipal – e também vale para os três poderes: Executivo, Judiciário, Legislativo, além das Cortes de Contas e do Ministério Público. Ela vale também para entidades privadas sem fi ns lucrativos que recebam, para a realização de ações do interesse público, recursos públicos direto do orçamento ou por meio de convênios e termos de cooperação. Qualquer pessoa pode solicitar essas informações. Basta se identifi car, requerer a informação e especifi car as informações solicitadas. Não é necessário especifi car os motivos pelos quais se estão fazendo os pedidos. Uma dúvida recorrente dos cidadãos é em relação a como pode ser feito o pedido de acesso à informação. Segundo o Artigo X da Lei de Acesso à Informação, o pedido pode ser feito através de qualquer meio legítimo, que são: e-mails; fax ou petição protocolar. Assim, os requisitos legais de pedido de acesso serão preenchidos. Feito o pedido, o órgão ou entidade pública deve conceder o acesso imediatamente. Porém, em alguns casos, isso não é possível e a Lei de Acesso à Informação prevê um tempo de 20 dias para o órgão público entregar essas informações e existe a possibilidade de prorrogação do prazo em mais dez dias, desde que seja manifestadamente justifi cado (UNESCO; AGU, 2011). A transparência e o acesso são a regra, mas a Lei de Acesso à Informação traz algumas exceções. É o caso de dados que possam violar a intimidade de uma determinada pessoa ou servidor público, informações sigilosas que foram decretadas por determinada autoridade e de informações que são sigilosas por conta de outro diploma legal, por exemplo, sigilo bancário e fi scal. A utilização dessa Lei é extremamente importante porque ela garante a transparência da coisa pública e a fi scalização por parte da sociedade. Além disso, se um agente público se recusar, retardar ou prestar informação de forma incorreta, ele pode ser punido e responder por improbidade administrativa (UNESCO; AGU, 2011). Na próxima seção trataremos das Políticas de Inclusão Social. É importante compreender que para uma mudança acontecer em uma sociedade por inteiro ou em boa parte dela, deve aliar o apoio político em forma de programas sociais de inclusão e força política através de leis federais. Ainda mais falando de Brasil, que é um país de dimensões continentais, onde alguns estados possuem quantitativo populacional e dimensões superiores a muitos países em outros continentes, 38 Inclusão Digital é importante tratar deste assunto para que não pensemos no futuro que, com apenas a nossa força de vontade em realizar projetos e mudanças sociais, não sejamos um otimista alienado, nem o pessimista extremo. E se você é professor, que estas ferramentas o ajudem a entender a educação com “olhos de águia” e não com “olho de urubu”. Fazemos alusão a olho de águia porque as águias conseguem enxergar uma presa a quilômetros de distância enquanto estão sobrevoando. Já o urubu, embora tenha boa visão no voo, está sempre à procura por carniça, por coisa podre. 6 POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO DIGITAL Começaremos este assunto lendo o Quadro 3, uma parte do artigo intitulado Políticas Públicas de Inclusão Digital: desafi os educacionais na sociedade contemporânea, publicado na Revista do Desenvolvimento Regional – Faccat – Taquara/RS em 2015, que diz: QUADRO 3 – DESAFIOS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO Políticas Públicas de Inclusão Digital: desafi os educacionais na sociedade contemporânea De modo geral, as políticas públicas buscam atender aos interesses do governo, principalmente o regado pelo sistema capitalista, que difi culta o desenvolvimento humano, o qual, para Sen (2010), além de melhorar a qualidade de vida, infl uencia as habilidades produtivas das pessoas, e, portanto, o crescimento econômico. Cabe ressaltar que as políticas públicas comungam com as políticas sociais, ou seja, cada política pública vai infl uenciar a vida social das pessoas, a repercussão de suas ações abrange várias áreas, daí o interesse de outros campos, como os relacionados à economia, sociologia, antropologia, geografi a, de serem contemplados por elas. Partindo da premissa de que o Brasil é um país em desenvolvimento, Sen (2010) enfatiza a importante necessidade de iniciativas de política pública na criação de oportunidades sociais, visto que, nos países ricos, as ações voltadas para a educação, saúde, reforma agrária possibilitaram o processo de expansão 39 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 econômica da população. As bases que atendem a sociedade precisam ser dialogadas, com a participação ativa das pessoas, para construir a “espinha dorsal” que atenderá aos seus anseios e necessidadesda sociedade. Portanto, as políticas públicas encontram-se inseridas no contexto político, articuladas pelos interesses do momento, mas, ao mesmo tempo, regem a ordem de como devem ocorrer os fatos e também o esforço de oferecer a igualdade de direitos a todos os cidadãos. No entanto, hoje a sociedade não pode apenas esperar pelos serviços públicos, existem outros atores, como empresas e organizações não governamentais, que precisam fazer parte da estrutura e iniciar práticas de bem comum a todos. [...] FONTE: Adaptado de https://seer.faccat.br/index.php/coloquio/ article/download/223/191. Acesso em: 2 dez. 2018. Podemos concluir que toda política pública visa ao interesse do governo em exercício. Portanto, as estratégias públicas, o planejamento e a forma como o projeto de inclusão é realizado dependem da ação e do perfi l do governo que foi eleito no processo democrático. A importância do acesso à informação é o que oportuniza à sociedade avaliar os resultados dos serviços prestados, porém pouquíssimas pessoas disponibilizam tempo para exercer sua cidadania e participar ativamente da política e do bem público. O conhecimento ao qual acabam tendo acesso, geralmente, vem através das mídias jornalistas que, em geral, são contratados pelo governo em exercício para publicizar as ações de caráter positivo e “marqueteiro", de atendimento às comunidades, abstraindo da população o que realmente ocorre na administração da coisa pública. Deste modo é impossível exercer cidadania em qualquer lugar do mundo. O termo “marqueteiro” é comumente ligado ao marketing político e/ou eleitoral, no entanto, pode designar o profi ssional de marketing em qualquer de suas áreas de atividade, como: profi ssional de marketing ambiental, profi ssional de marketing estratégico etc. Na Teoria do Poder, há um conceito conhecido que diz: “a maioria organizada domina às minorias desorganizadas”. Então os governos sabem que para manter sua governabilidade, em meio a desserviços e corrupção, nas instituições públicas, é necessário manter o povo ocupado e desorganizado. Mas isto está mudando devido ao advento da internet banda larga e às novas mídias sociais. Intelectuais que não fazem parte das mídias convencionais estão 40 Inclusão Digital aparecendo e se tornando notórios por serviços prestados em formato de vídeo e publicam até livros. Outro conceito do poder é que quem domina a informação determina o futuro. Pudemos assistir às eleições presidenciáveis de 2018 no Brasil, a vitória do deputado Jair Bolsonaro, que não possuía apoio das mídias jornalísticas convencionais e nem de partidos políticos de base. Basicamente, Bolsonaro se comunicou e conquistou eleitores através das redes sociais e recursos tecnológicos gratuitos, como videochamadas, mensagens por WhatsApp e livestream através do Facebook, utilizando um smartphone comum e internet banda larga. Ou seja, as mídias jornalísticas convencionais detinham o poder a informação e comunicação de notícias, formando uma espécie de cartel informacional. As notícias eram as mesmas em qualquer emissora de televisão, rádio, jornais e com cunho ideológico. Isso ocorreu durante anos no Brasil e comprometeu o livre exercício da cidadania da população brasileira. Porém, entre os anos 2013 e 2018, deu início o fenômeno social de rejeição ao sistema político que demonstrava sinais de corrupção sistêmica e organizada. Este fenômeno é marcado por investigações criminosas e a rejeição ao sistema político brasileiro e das mídias tradicionais. Livestream é uma plataforma de streaming de vídeo que permite a seus usuários assistir e transmitir vídeos utilizando uma câmera e um computador ou smartphone através da internet. Mídias tecnológicas alternativas ganharam força através da publicação de vídeos dos chamados YouTubers, que prestaram serviços na publicação de informações reais e vídeos ao vivo através de livestream. Perceberam a importância da informação e seu poder de mudança cultural e social? Hoje podemos vislumbrar um canal de conteúdo e compartilhamento de vídeos que possui a participação de pessoas comuns do meio social, pessoas famosas, intelectuais e professores, e até as instituições públicas publicam vídeos institucionais de conteúdo útil à população e possuem canal de vídeos, como: TCU (Tribunal de Contas da União), STF (Supremo Tribunal Federal), Petrobras, Banco do Brasil, entre outros. Uma população só é realmente livre se tiver as informações que precisa para exercer cidadania. 41 INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 FIGURA 14 – PROFISSÕES ATUAIS FONTE: http://www.portalnews.com.br/_conteudo/2017/11/ opiniao/69361-charge.html. Acesso em: 30 mar. 2019. No momento em que as pesquisas evidenciam o fracasso das iniciativas que promovem a ideia de adquirir infraestrutura e equipamentos tecnológicos, e através do aumento no acesso à internet banda larga da população o acesso a redes sociais, iniciou-se a divulgação de TICsquepromovem oportunidades sociais, reafi rmando o conceito de que exclusão social é um problema de caráter social, mais do que técnico (VAN DIJK, 2005). Do ponto de vista europeu, o potencial da sociedade da informação deve ser, principalmente, o de distribuir de forma mais equitativa os recursos entre os indivíduos, oferecendo novas oportunidades de trabalho e superar as barreiras geográfi cas tradicionais (AFELE, 2003). Segundo Gurstein (2003, p.45), [...] mensurar o acesso às Tecnologias da Informação e Comunicações não é tão simples – nada novo para a Comunicação, que já há muito percebeu que teorias do tipo “acesso” e “não acesso” são pouco condizentes com a realidade. O que temos, de fato, são múltiplos níveis de acesso, portanto, na mesma medida, múltiplos níveis de exclusão. Primeiro, porque não temos apenas uma tecnologia da informação, mas várias. Segundo, porque há diferentes níveis de qualidade de acesso a cada uma dessas tecnologias. E terceiro, porque há uma diferença muito grande entre o simples “acesso” e o efetivo “uso”. Enquanto “acesso” é um termo que simplesmente indica uma funcionalidade técnica ou relativa à infraestrutura, o termo “uso” é bem mais amplo, e se relaciona à capacidade de aplicação das TICs para se alcançar objetivos individuais ou coletivos. 42 Inclusão Digital Política de Inclusão Digital se trata de inserir a questão em uma refl exão mais ampla sobre a inclusão e a exclusão social, através da qual se possa pensar não só em termos de distribuição de recursos, mas de maior participação dos indivíduos na era digital. Isto signifi ca que devemos compreender os temas da atualidade política que estejam que estejam conectados e tratar cada um segundo suas necessidades, cultura, situação econômica e educacional. E isso também signifi ca que as instituições precisam se adaptar rapidamente às mudanças em curso e é aí onde está o grande desafi o. O time de aplicação de novos projetos é outro. Ele gira em torno dos interesses do governo em exercício e isso é muito mais notório quando falamos em termos de educação. Vendo desta perspectiva, a questão não é mais de exclusão digital, mas de isolamento institucional para a política pública (WARSCHAUER, 2003). Time não tem a conotação de tempo cronológico, mas sim, no sentido de acompanhar as mudanças em curso. Tem o sentido de sincronizado com os acontecimentos. Como resolver problemas de caráter político em relação à exclusão digital? Primeiramente, como citado neste livro, tomando consciência da devida importância da informação e se informando indo atrás de veículos alternativos de informação de qualidade, os chamados “curadores” de informação. Muito mais que ir ao curador, devemos aprender a verifi car as informações que nos são passadas no cotidiano, inclusive informações de curadores, identifi cado se são tendenciosos ou se estão ligados a determinadas ideologias. Em segundo lugar, exercer a Lei de Acesso à Informação,
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