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Inclusão Digital - Livro

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INCLUSÃO DIGITAL
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Kaio César Gomes da Silva
Indaial – 2019
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
SI586i
 Silva, Kaio César Gomes da
 Inclusão digital. / Kaio César Gomes da Silva. – Indaial: UNI-
ASSELVI, 2019.
 138 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-368-9
 ISBN Digital 978-85-7141-369-6
1. Inclusão digital. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da 
Vinci.
CDD 303.483
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................05
CAPÍTULO 1
Inclusão Digital – Base Conceitual ..........................................07
CAPÍTULO 2
Inclusão Digital no Brasil ..........................................................49
CAPÍTULO 3
Inclusão Digital – Cultura Digital, Tecnologias 
e a Formação de Professores...................................................89
APRESENTAÇÃO
Prezado Aluno, 
Seja muito bem-vindo ao Capítulo 1 do livro Inclusão Digital.
Neste momento estamos situados no século XXI. O mundo passa por 
grandes mudanças de caráter organizacional, na alimentação, na agricultura, nas 
relações exteriores, na economia e no comportamento social. Muito se falou e, 
ainda se fala, em Globalização, mas no momento se propaga muito mais na Era 
Digital e Era da Informação. 
Novas exigências nos deparam levando-nos a comportamentos sociais, 
nos induzindo a estar sempre em constante contato com novas informações e 
conectados à Web, para que demos conta da abundância de informação para 
domínio de conhecimentos. Assim, nos tornamos capital humano através de 
novas capacidades adquiridas com as informações que pudermos acessar. 
Isto intensificou a organização da sociedade e transformou-a em “Sociedade 
da Informação”, que vive na “Era do Conhecimento”. Não há dúvidas de que a 
sociedade caminha neste sentido e todos nós estamos caminhando nela. Toda 
essa transformação está acontecendo de forma tão rápida, tão intensa, que nunca 
antes se registraram tantos avanços na história humana. Os últimos 300 anos são 
marcados pela ascensão da Era Industrial e transição para a Era Digital. O fruto 
desta transição seu lugar à Era da Informação ou do Conhecimento.
Neste livro, especificamente na seção um, você encontrará os conceitos 
de inclusão e exclusão digital; na seção dois encontrará os principais conceitos 
sobre Informação, como historicamente a Informação se tornou importante e a 
importância do acesso a ela. Na seção três encontrará conteúdo referente à Lei 
de Acesso à Informação (LAI). Na seção quatro saberá como a informação se 
tornou tão necessária e recebeu o status de Política Pública.
Bons estudos.
Profo Kaio César Gomes da Silva
CAPÍTULO 1
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 entender os principais conceitos relacionados à inclusão e exclusão social; 
 compreender a importância do acesso à informação para alunos e professores, 
bem como na própria formação; 
 compreender o conceito de Informação, Qualidade da Informação e 
Conhecimento;
 compreender as políticas públicas de inclusão digital;
 analisar fontes de pesquisa, repositórios e portais, de informações relativas às 
políticas públicas de inclusão digital;
 compreender o papel e a importância de Lei de Acesso à Informação;
 analisar qual o papel da inclusão digital na sociedade atual e do futuro.
8
 Inclusão Digital
9
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Nos próximos anos a sua profi ssão pode mudar radicalmente. A empresa em 
que você trabalha hoje pode desaparecer nos próximos cinco anos e, talvez, você 
possa trabalhar com algo totalmente diferente do que desenvolve hoje. Atualmente 
se fala que estamos passando por uma “Era de mudanças”, mas podemos afi rmar 
que na verdade estamos em uma mudança de Era. Isso signifi ca que tecnologias 
que antes levavam anos para atingir 100 milhões de usuários hoje levam meses, 
semanas e, em alguns casos, até dias para atingir a mesma quantidade de 
pessoas. A transformação atual é tão rápida em termos de serviços e negócios 
que aqueles que não se transformam, provavelmente, serão transformados. E são 
as tecnologias digitais que vêm tornando esta rapidez possível.
A transformação tecnológica atinge todos os níveis da sociedade. A unidade 
de medida do tempo está cada vez menor. A informação circula rapidamente de 
maneira instantânea e ininterrupta. Inovação, personalização e agilidade são 
pilares para desenvolvimento de produtos e soluções de mercado. Modelos 
empresariais de 30 anos atrás não funcionam mais por não atenderem às novas 
expectativas sociais e à necessidade de respostas cada vez mais rápidas. Segundo 
o Relatório de Sobrevivência das Empresas no Brasil (SEBRAE, 2016), a maioria 
das empresas fecha antes dos cinco anos de atuação. Segundo o relatório, os 
principais motivos para o fechamento precoce são inefi cácia no planejamento e 
difi culdade de captar os desejos do novo consumidor. Consequentemente, não 
inovar é declarar-se morto em poucos anos. Aqueles que dispõem de ferramentas 
capazes de entender desejos e torná-los bens de consumo terão chance de se 
manter no mercado ou estar acima da média em sobrevivência comercial. 
A palavra “cliente” é chave em reuniões estratégicas de marketing ou 
desenvolvimento de produto. Design Thinking é o conceito que mais cresce dentro 
das profi ssões e empresas do futuro. Ele aborda o conceito de desenvolvimento 
de soluções com visão e foco na personalização possível. Remete ao conceito de 
solução “sob medida”, que busca a total satisfação do cliente evitando desperdícios. 
A diferença conceitual do “sob medida” para o Design Thinking está na descoberta 
dos desejos do cliente antes mesmo que o próprio saiba. Muitas vezes, quando 
um determinado cliente procura uma empresa especializada, traz consigo um 
problema e não tem a menor ideia de como se resolver. Ou seja, o cliente não 
tem ciência daquilo que realmente precisa e é aí que o Design Thinking entra. Ele 
desenvolve a proposta com outros produtos ou serviços agregados, sobre os quais 
o cliente não sabia como explicar no momento da procura do serviço. A solução é 
personalizada ao cliente, com valor de mercado e servirá de modelo na solução de 
outros problemas com pequenos ajustes. É claro que o conceito de Design Thinking
é mais profundo, mas já deu para ter noção de como é tratado.
10
 Inclusão Digital
Você pode estar neste momento se perguntando o que essas informações 
acima têm a ver com Inclusão Digital. Esses conceitos serão necessários para 
o melhor entendimento de como devemos propor soluções de inclusão que 
envolvam o uso de tecnologias educacionais, pois a ação de incluir envolve 
contextos sociais, culturais e econômicos. Precisamos entender como é e como 
está o mercado de tecnologia e quais as estratégias para uma efi caz política de 
inclusão digital tanto no âmbito privado como público. Engana-se quem acha 
que o simples fato de ter uma tecnologia digital à disposição ou um recurso 
tecnológico já cumpriu seu papel de incluir um grupo social e que alcançará 
resultados desejados rapidamente. Como mencionado, para incluirpessoas é 
necessário pensar na cultura, na economia em que estas pessoas estão inseridas 
e, principalmente, no tipo de interesse (GADOTTI, 2000). 
As mídias divulgam constantemente resultados positivos quando comparam 
empresas que utilizam tecnologia de ponta, mencionam sempre o ganho de 
produtividade, efi ciência e precisão, em relação às empresas manufatureiras. 
Não há dúvidas em relação a isto, porém esta mesma lógica não fará sentido 
em estratégias de inclusão social. Incluir é capacitar e inserir pessoas, mudar 
comportamentos a partir das novas capacidades adquiridas. Já em uma empresa, 
as motivações que farão um profi ssional utilizar uma nova tecnologia são outras, 
por exemplo, manter o salário todo fi m de mês. Pensar em incluir é planejar “sob 
medida”, é analisar o contexto cultural da comunidade. Para isso, é importante 
pensar na preparação da equipe que executa de frente a inclusão, garantindo que 
ela conheça muito bem o público-alvo. Bertolt Brecht (1964) diz que “para quem 
tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível: 
eles já comeram”. Signifi ca dizer que professores e instrutores de programas de 
inclusão digital têm não só obrigação de possuir capacidade técnica e domínio 
prático de tecnologias educacionais, mas possuir ferramentas que diagnostiquem 
as necessidades do público e que as estratégias de inclusão possam ser 
redirecionadas. Professores e instrutores têm papel fundamental na motivação 
dentro de um projeto de Inclusão Digital. Magda Pischetola (2016, p.1) diz:
Na perspectiva que adotamos neste artigo, a partir de 
estudos anteriores (PISCHETOLA, 2011; 2012; 2015; 
2016),defendemos que as motivações de caráter técnico 
são as que menos infl uenciam a inserção de tecnologias em 
contexto escolar. Ao contrário, partimos do pressuposto de 
que a metodologia adotada pelo professor, sua atitude frente 
aos alunos em sala de aula e o que chamamos de estilo 
motivacional do docente são os elementos que mais impactam 
na presença signifi cativa de TIC nas práticas pedagógicas. 
Este tema será aprofundado no Capítulo 2 deste livro.
11
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
São intrínsecos à atividade docente o planejamento e o desenvolvimento do 
plano de aula. Lá é descrito o que e como será realizado o trabalho em sala de 
aula. Se você for professor, concordará que um mesmo plano de aula, quando 
executado em turmas estudantis diferentes, produzirá resultados e preocupações 
também diferentes. Isso implica dizer o óbvio: que pessoas têm difi culdades e 
limitações, interesses educacionais e habilidades diferentes e a preparação do 
plano de aula precisa ser fl exível em relação a especifi cidades do aluno. Ou 
seja, não há como motivar sem conhecimento prévio do público-alvo. Uma aula 
de informática para uma turma de adolescentes tem o mesmo ritmo e nível de 
interesse igual à de uma turma de alunos da terceira idade? Não há dúvidas 
de que as estratégias de inclusão digital devem ser bem mais aprofundadas se 
queremos alcançar resultados satisfatórios e confi áveis.
FIGURA 1 – REALIDADE DIGITAL DE PESSOAS DE BAIXA RENDA
FONTE: Erasmo (2015)
Em se tratando de um livro que se propõe a tratar do assunto Inclusão Digital, 
ao fazer a leitura, você perceberá o quanto a cultura e os tempos infl uenciam 
em estratégias de inclusão social e norteiam políticas de inclusão no Brasil e no 
mundo, quando os programas de inclusão são implementados com seriedade. 
Ao contrário, quando a Inclusão Digital não é bem planejada e séria, usam-se 
constantemente ideologias da era digital e artifícios psicológicos para produzir em 
sociedades a necessidade de compra e consumo de tecnologia (WARSCHAUER, 
2003). A necessidade de consumo tecnológico encontra largo espaço na juventude, 
que é muito mais suscetível ao novo. Por isso, propagam na comunidade escolar, 
com a ajuda das mídias jornalísticas e representantes comerciais, que crianças 
devem ter acesso a tecnologias cada vez mais cedo por seus efeitos benéfi cos na 
aprendizagem e desenvolvimento intelectual, porém os resultados de pesquisas 
12
 Inclusão Digital
indicam que o uso de tecnologias digitais e acesso à internet banda larga, apesar 
de ampliar o acesso ao conhecimento, parece não estar produzindo os resultados 
esperados no que diz respeito à ampliação de desempenho escolar (BELLONI; 
GOMES, 2008).
FIGURA 2 – SÁTIRA SOBRE A MODERNIZAÇÃO NO ENSINO PÚBLICO
FONTE: Angeli Filho (2000)
A crise na educação brasileira se dá por não possuir uma política pública de 
educação que seja fl exível, não permitindo mudanças e acordos nos conteúdos 
escolares, com conteúdos e projetos do interesse dos estudantes que sejam um 
atrativo de aprendizagem e, ainda sim, deixam ao professor a difícil tarefa de motivar 
os alunos para assistir à aula. Resultado: constantes notícias de confl itos sociais e a 
violência dentro das escolas, número alto de professores com problemas de saúde, 
entregas de atestado médico, alunos servindo ao tráfi co de drogas na própria escola 
e resultados catastrófi cos nos principais relatórios internacionais de educação e no 
IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). De acordo com Minayo 
(1994, p. 7), “Não se conhece nenhuma sociedade onde a violência não tenha estado 
presente". Temos que levar em consideração, também, a questão dos danos ao 
patrimônio público. Muitas vezes as escolas públicas possuem equipamentos, mas 
como não há capacitação “sob medida”, do professor para a sua realidade escolar 
e perfi l comunitário, controle efetivo dos materiais disponíveis de laboratórios de 
tecnologia da informação através de Checklist e câmeras de monitoramento que 
inibam a ação de depredação, é gerado mais um problema para o Gestor/Diretor da 
escola ao invés de gerar solução educacional. Isto não gera consciência de que o 
bem público deve ser cuidado e não há sentimento de pertença entre os estudantes. 
BOA
NOTÍCIA
CRIANÇAS!!
AGORA
TEMOS
COMPUTADOR!
13
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
Checklist é um instrumento de controle através de condutas e 
processos de verifi cações de itens ou tarefas a ser realizadas ou 
lembradas.
Os equipamentos que chegam à escola acabam, muitas vezes, não sendo 
utilizados porque o Gestor/Diretor tem atrelados a ele o controle e a conservação do 
patrimônio escolar. Isso inclui dizer que o Gestor/Diretor administra cada patrimônio 
público que está dentro das quatro paredes da escola, administra confl itos entre 
estudantes, administra confl itos entre docentes, responde fi nanceiramente pelas 
contas e despesas escolares, faz atendimento de pais e alunos, entre outros. Então, 
a chegada de equipamentos novos acaba formando efeitos mais preocupantes para 
a gestão do que de inovação educacional. Sem contar com a capacitação em nível 
de gestão, de docência e coordenação que, no entanto, não é oferecida junto com 
as ferramentas de controle e didática à equipe da escola. 
Uma política inclusiva que não leva em consideração esses fatores foi 
encomendada para dar resultados mascarados e/ ou para produzir o senso comum 
de que a tecnologia resolve todos os problemas, bastando à escola que deseja 
receber o programa de inclusão fazer a aquisição dos equipamentos e softwares.
FIGURA 3 – DEPREDANDO O PATRIMÔNIO PÚBLICO
FONTE: Luiz Fernando Cazo (2013)
14
 Inclusão Digital
2 INCLUSÃO DIGITAL X EXCLUSÃO 
DIGITAL
O ato de incluir implica dizer que alguém ou um grupo de pessoas é 
excluído dos benefícios que as tecnologias digitais são capazes de proporcionar. 
Ou seja, quem é excluído continua fazendo as coisas do jeito que sempre fez 
ou que a sua condição fi nanceira lhe permite. A exclusão digital tem relação 
com as disparidades econômicas e sociais, em escala global, entre os países 
industrializados e os países em desenvolvimento. Refere-se às desigualdades no 
acesso e uso de tecnologias digitais (PISCHETOLA, 2016).
Os pilaresda inclusão digital são: acesso signifi cativo à informação, 
desenvolvimento de capacidades para seleção e uso dos recursos postos à 
disposição pela tecnologia, o acesso à rede digital enquanto possibilidade de 
intercambiar opiniões e informações, aprofundar temas de interesse, conhecer os 
eventos mundiais e participar da vida política. O acesso à tecnologia se torna uma 
oportunidade ao desenvolvimento humano e o conceito de exclusão digital acaba 
não só com a desigualdade econômica ou recursos materiais, mas da exclusão do 
desenvolvimento e do conhecimento. Enxergar as pessoas como capital humano, 
dotadas de capacidade de busca por informação para torná-la conhecimento é um 
objetivo da Inclusão Digital. Para isso, não basta apenas ter acesso à tecnologia, 
é necessário haver uma constante capacitação humana, visando à resolução de 
problemas reais encontrados na sociedade, promovendo a motivação pelo uso 
das ferramentas e benefícios digitais.
FIGURA 4 – INCLUSÃO E EXCLUSÃO DIGITAL
FONTE: Geralzão Charges do Jaime (2015)
15
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
Segundo pesquisa da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL, 
2017), a cada 1% de aumento no acesso à internet no Brasil, há um crescimento 
adicional de até 0,19% do produto interno bruto (PIB) do país. Já dados da PNAD 
(Pesquisa por Amostra de Domicílios) divulgados em fevereiro de 2018 apontam 
que 63 milhões de brasileiros não usaram o serviço de internet em 2016. A PNAD 
considera essas pessoas que não têm acesso a conhecimento e informação digital 
como “excluídos digitais”. Quais são as perdas geradas pela exclusão digital? A 
exclusão digital é consequência das desigualdades sociais ou é difi culdade de 
acesso à tecnologia? A expressão “Exclusão Digital” se refere à posse ou ao uso 
de tecnologias digitais?
FIGURA 5 – UTOPIAS TECNOLÓGICAS
FONTE: http://sldeespera.blogspot.com/2014/12/humor-em-
tempos-de-celular.html. Acesso em: 30 mar. 2019.
Segundo os dados da pesquisa da PNAD, o maior uso da internet está na 
comunicação. Ela considera como comunicação a ação de usar e-mail, trocar 
mensagens e outras atividades mais complexas, como busca de vagas de 
emprego, alimentar páginas de blogs, sites, páginas de e-commerce, entre outros. 
A pesquisa aponta que entre os brasileiros o ranking de usabilidade dos serviços 
de internet no Brasil é:
1) Troca de mensagens instantâneas;
2) Assistir a vídeos por streaming;
3) Chamadas de voz e videochamadas.
16
 Inclusão Digital
Streaming é uma forma de transmissão de som e imagem 
(áudio e vídeo) através de uma rede qualquer de computadores 
sem a necessidade de efetuar downloads do que está se 
vendo e/ou ouvindo, pois neste método a máquina recebe as 
informações ao mesmo tempo em que as repassa ao usuário. O 
nome Streaming deriva da palavra stream, que signifi ca pacotes, 
pois a máquina recebe as informações em forma de pacotes para 
serem remontados e transmitidos aos ouvintes. Este armazenamento 
é denominado buferização, que é um miniarmazenamento do que 
será enviado logo em seguida, este armazenamento em buffer ocorre 
sempre que a transmissão é iniciada ou sua volta quando a mesma 
é interrompida.
FONTE: http://www.interrogacaodigital.com/central/o-que-e-streaming.
Se você percebeu, houve uma inclusão social no Brasil através dos serviços 
de internet banda larga aliados aos aplicativos digitais para plataformas mobile 
que, consequentemente, reduziram consideravelmente o custo das ligações 
telefônicas, mudando o modo como as pessoas se comunicam. Primeiramente, o 
acesso a smartphones aumentou através de subsídios do Governo Federal com 
a diminuição dos impostos sobre produtos de informática. O Governo, na época, 
reduziu ou deu isenções através do PIS/COFINS. Isto tornou mais acessível e 
deu poder de compra à população através do subsídio. Em seguida no país, 
iniciou-se o programa de acesso à internet banda larga através das operadoras 
de telecomunicações com a regulamentação da ANATEL, onde a população já 
contava com os benefícios de ter um microcomputador em sua residência, mas 
essas máquinas não estavam conectadas. Depois vieram os serviços de internet 
móvel ofertando os serviços através da contratação de pacotes de internet móvel, 
em que as pessoas já tinham acesso a smartphones a preços acessíveis e devido 
ao surgimento do aplicativo WhatsApp, um aplicativo gratuito que oferece serviço 
de troca de mensagens instantâneas e, mais tarde, começo oferecendo serviços 
de mensagem de voz, chamada de voz e videochamada. 
Vale lembrar que estes programas de inclusão digital impactaram diretamente 
as telecomunicações, possibilitaram que pessoas de estados diferentes pudessem 
se comunicar em Real Time através de videochamadas e chamadas de voz a 
custo reduzido e fi xo.
17
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
Em computação, Real Time ou Tempo Real é uma tarefa que 
deve ser executada obrigatoriamente em um tempo preestabelecido, 
que pode ser curto ou não. O sistema de tempo real não é 
necessariamente veloz, mas precisa processar tarefas nos prazos 
esperados. Em um sistema comum, No Real Time, a preocupação 
central é com o resultado de saída no processamento e não há um 
tempo determinado para tal tarefa (REVISTABW, 2018).
3 CONCEITO DE EXCLUSÃO DIGITAL
A existência de exclusão digital – em inglês, Digital Divide – como um 
problema é reconhecida, pela primeira vez, pela NTIA, a Agência Nacional 
de Telecomunicações dos Estados Unidos, que em 1995, publicou o primeiro 
de um total de seis relatórios, sobre as desigualdades nacionais no acesso 
às telecomunicações. No terceiro relatório da agência, a exclusão digital é 
defi nida como a desigualdade socioeconômica dos indivíduos marcada pelo 
nível de acesso às tecnologias da informação e da comunicação (NTIA, 1999). 
Dessa forma, primeiro se considerou que a exclusão digital é defi nida pelo 
nível econômico social, que quanto mais rica é uma sociedade, mais acesso a 
tecnologias da informação e comunicação ela possui. Podemos assim concluir 
que o nível econômico determina o grau de acesso à tecnologia e que a mesma 
pode ser considerada como um item de valor, porém fi ca em segundo plano na 
lista de desejos de consumo, já que depende do aporte fi nanceiro pessoal.
FIGURA 6 – POBREZA DIGITAL?
FONTE: Charges do Correio do Povo, Tacho (2007)
18
 Inclusão Digital
Em 2001, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento 
Econômico) disse “A exclusão digital é a diferença entre indivíduos, famílias, 
empresas e áreas geográfi cas em diferentes níveis socioeconômicos, no que diz 
respeito às oportunidades de acesso às TICs e ao uso da internet banda larga 
para uma grande variedade de atividades” (2001, p.3).
TICs (Tecnologias da informação e comunicação) podem ser 
defi nidas como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados 
de forma integrada, com um objetivo comum. As TICs são 
utilizadas das mais diversas formas, na indústria (no processo de 
automação), no comércio (no gerenciamento, nas diversas formas 
de publicidade), no setor de investimentos (informação simultânea, 
comunicação imediata) e na educação (no processo de ensino 
aprendizagem, na educação a distância). O desenvolvimento de 
hardwares e softwares garante a operacionalização da comunicação 
e dos processos decorrentes em meios virtuais. No entanto, foi 
a popularização da internet que potencializou o uso das TICs em 
diversos campos.
FONTE: https://www.infoescola.com/informatica/
tecnologia-da-informacao-e-comunicacao.
No mesmo ano, 2001, é publicado o Relatório Anual de Desenvolvimento 
Humano do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud), em que 
a avaliação é de que “a internet ajuda a aumentar a distância social entre ricos 
e pobres, porque é em si uma oportunidade” (UNDP, 1999, p. 24). A internet é 
reconhecida como espaço de construção de novos conhecimentos, de interação 
por redes sociais e de acessoa quase todo tipo de informações e não apenas 
como veículo de acesso a serviços. Mas porque a conclusão de que a internet 
aumenta a distância social entre ricos e pobres? 
Como citado na introdução deste Capítulo 1, a inclusão envolve contextos 
culturais, sociais e econômicos e há uma tendência natural das pessoas de classe 
média alta e os mais ricos de utilizar a internet como ferramenta para lucratividade 
comercial, geração de ativos, consumo de bens e serviços, redução de custos e 
comunicação. 
19
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
Em Economia, gerar de ativos signifi ca os meios legais 
necessários para expressar os bens, valores, créditos e direitos que 
formam o patrimônio de uma pessoa singular ou coletiva que são 
avaliados pelo respectivo custo para adquiri-los.
Entre pessoas de classe mais pobre, existe a tendência de que a internet 
seja mais utilizada no entretenimento e não como um gerador de ativos. Aqueles 
que descobrem os benefícios de ter em mãos informações úteis e de qualidade 
percebem que se abre um mundo de possibilidades. Muitos conseguem sair da 
pobreza e ascendem para a classe média alta. Outros acumulam riquezas, se 
tornam empresários, dependendo de sua capacidade de pesquisa, inovação e 
gestão. O autor Napoleon Hill declara que “A lei da economia não respeita e nem 
tolera quem pretende receber sem dar” (1928, p.39). Para adquirir conhecimento 
é necessário pagar seu preço.
FIGURA 7 – FORÇA DE VONTADE X VONTADE DE FAZER FORÇA
FONTE: https://garfi eld.com/. Acesso em: 30 mar. 2019.
Entre os jovens, a sensação do momento é o serviço de vídeo por streaming
através de canais do YouTube, onde consomem informações de acordo com 
interesses temporais. Outro serviço de fi lmes por streaming a custo baixo, muito 
conhecido entre os jovens, é a Netfl ix. Esta plataforma de fi lmes e séries também 
ajudou na inclusão digital no mundo todo e mudou o jeito como as pessoas 
consumem pacotes de internet e o mercado de fi lmes. Em cidades, capitais e 
regiões próximas, eram sempre visíveis lojas de aluguel de mídias digitais, as 
chamadas locadoras de vídeos, onde o consumidor precisa se locomover até 
a loja, escolher um fi lme disponível no catálogo, fazer um cadastro portando 
todos os documentos necessários, executar o pagamento em dinheiro e depois 
voltar para casa e desfrutar do bom fi lme. Muitas vezes, ao iniciar o fi lme em 
20
 Inclusão Digital
seu aparelho, ainda tem a surpresa de estar na posse uma mídia com cortes e 
travamentos, com arranhões ou danifi cada. Assim, volta à loja, pede outra mídia 
com o mesmo fi lme e descobre que a outra já foi alugada. O dono da loja oferece 
a opção de você levar outro fi lme, mas você gostaria daquele primeiro, pede seu 
dinheiro de volta e volta para casa chateado. 
Este exemplo foi citado na intenção de que você consiga enxergar o 
problema que a Netfl ix ajudou a resolver e a nova economia que se formou em 
torno desta plataforma de fi lmes e séries. Para usufruir do serviço, você faz um 
cadastro simples, dá o número de cartão de crédito, espera a conta ser ativada 
e começa escolhendo seus fi lmes preferidos a um preço muito baixo em relação 
às locadoras. O impacto gerado foi o fechamento de praticamente todas as lojas 
locadoras de mídias, que faliram ou mudaram de ramo de negócio.
A palavra “mídia” aqui é defi nida como sendo mídias analógicas 
e digitais compostas por CD (Compact Disc) onde, geralmente, 
são gravados em arquivos de música e documentos digitais; DVD 
(Digital Versatile Disc) onde são gravados arquivos de vídeo como 
shows e fi lmes com imagem digital; Vídeo Cassete ou VCR (Video 
Cassette Recorder) é um aparelho eletroeletrônico que faz a leitura 
de fi tas magnéticas em carretéis plásticos, em que o vídeo é gravado 
com tecnologia analógica.
FIGURA 8 – EM SEGUIDA VEM A NETFLIX
FONTE: http://grooeland.blogspot.com/2009/11/foi-pirataria-
que-venceu.html. Acesso em: 30 mar. 2019.
21
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
Usufruir do serviço de streaming da Netfl ix ou fazer um curso de educação a 
distância em plataforma digital é fazer inclusão digital? Você provavelmente deve 
saber que estes serviços são consumidos por ricos e pobres em todo o mundo. Não 
há barreiras para ser um usuário, basta ter cartão de crédito e sua conta será ativada. 
Mas então porque a tecnologia digital aumenta a distância entre classes sociais, entre 
ricos e pobres, entre quem tem conhecimento e quem não tem? Ela inclui ou exclui 
as pessoas? Ela contribui no trabalho de professores ou gera mais preocupações? 
Que fi que claro a você, profi ssional da educação ou de tecnologia da 
informação: há um abismo imenso, do ponto de vista educacional, entre ser usuário 
consumidor de serviços tecnológicos, majoritariamente, para fi ns de entretenimento, 
diversão e ser um usuário de plataformas digitais e transformador de informação em 
conhecimento. Simplesmente o uso de tecnologia não se traduz em como sendo 
conhecedor e capaz de capacitar outras pessoas. Esta é outra problemática dentro 
do contexto educacional, é uma tremenda confusão e está longe de ser consenso 
na comunidade escolar devido às ideologias do mundo digital. Quando falamos 
em educação, não nos referimos apenas às pessoas que estão matriculadas em 
uma escola de ensino fundamental e médio, nem a um indivíduo matriculado em 
curso de nível superior. Estamos nos referindo àquela educação adquirida através 
de esforço, disciplina, orientações desde a infância, que formam o caráter, que nos 
transformam em cidadãos, a ter capacidade analítica do que é certo e errado, do 
que é bom e ruim para si e para pessoas do nosso convívio social, a educação 
baseada na ética e na moral cívica. Referimo-nos àquela educação que não se 
aprende, necessariamente, em uma escola. Essa educação é a que está em crise e 
compõe o grande abismo entre as classes sociais. 
O “pobre em tecnologia” consume tecnologia para deleite do entretenimento, 
para se sentir melhor e no outro dia enfrentar novamente as difi culdades diárias, ou 
seja, a tecnologia é um elemento motivacional e também possui sua importância. 
O “rico em tecnologia” utiliza os serviços e ferramentas digitais com estratégia 
bem defi nida, para controle produtivo e investimentos de médio e longo prazo. 
Ele adquire ferramentas digitais, paga seu preço com a visão de obter retorno 
oferecendo serviços através de plataformas digitais ou, até mesmo, fabrica suas 
próprias ferramentas e soluções para venda (BUCKINGRAM; WILLETT, 2006). 
Podemos entender que o “rico” aqui pode ser qualquer pessoa independente de sua 
situação fi nanceira no momento. No Brasil chamam isso de empreendedorismo. 
Bill Gates, um magnata da tecnologia da informação e dono da Microsoft, 
contou em sua página ofi cial na web (https://www.gatesnotes.com) quese tivesse 
apenas dois dólares por dia, ele criaria galinhas e faria fortuna. Trata-se de exercer 
uma postura diante de informações e conhecimento adquiridos. “Galinhas são 
fáceis de cuidar e custam pouco para se manter”, afi rma Gates. Não se trata de 
ideologia econômica, mas de exemplo prático de como usar os benefícios que a 
22
 Inclusão Digital
informação proporciona. Você pode não concordar, mas precisa saber que o perfi l 
social interfere na inclusão digital e na educação.
FIGURA 9 – EDUCAÇÃO ANTIGA X EDUCAÇÃO MODERNA
FONTE: http://saltandobarreiras.blogspot.com/2012/11/educacao-
antiga-versos-atual-roberto.html. Acesso em: 30 mar. 2019.
Buckingham e Willett (2006) afi rmam que, nos próximos anos, o grau 
de acessibilidade às mídias digitais aumentará de forma signifi cativa, graças 
à redução dos custos, mas continuaremos a ver a polarização crescente 
no que eles chamam de “ricos em tecnologia” e os “pobres em tecnologia”. 
Van Dijk (2005) demonstra em sua pesquisa que com o advento tecnológico 
a diferença econômica social nos países ricos tendeu a diminuir e, em paísesem desenvolvimento, tendeu a aumentar. Se você fi cou confuso, podemos usar 
a analogia da problemática da questão de ter alimentação saudável ou não: há 
ricos que se alimentam mal, mas a maioria que possui acesso a planos de saúde, 
médicos particulares, academia e personal trainer, ou seja, aqueles que têm 
acesso a uma equipe multidisciplinar de saúde, tendem a manter uma alimentação 
mais saudável pelo acesso à informação nutricional de qualidade e enxergam a 
alimentação como um investimento que não tem preço. 
Os mais pobres não têm condições de manter a alimentação saudável ou 
é ausência de acesso à informação de qualidade? Para quem quiser aprofundar 
esse assunto, indicamos um artigo:
23
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
Artigo: Qualidade da alimentação: percepções de participantes 
do programa bolsa família.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
csc/v17n3/v17n3a15.pdf.
O artigo (USCHIMURA et al., 2012) fala sobre a variedade de alimentos que 
a população do Programa Bolsa Família tem acesso. Conclui-se na pesquisa 
que na maior parte dos casos as pessoas se alimentam semelhantemente a 
seus parentes, sem a preocupação por informações nutricionais e sim, pela 
comodidade e baixo custo alimentar. Independentemente de ter ou não dinheiro, 
conclui dizendo:
o fato de o consumo alimentar se assemelhar ao de seus 
pares, pautando-se, portanto, por vivências compartilhadas em 
uma dada cultura, e não por um saber científi co (que poderia 
ser representado pela composição nutricional, adequação, 
proporcionalidade entre grupos de alimentos)”[...]. É presente, 
entre os entrevistados, a caracterização de sua alimentação 
como tendo pouca variedade. Nesse caso, evidencia-se 
um refl exo do pouco acesso que estas famílias têm a uma 
alimentação adequada (USCHIMURA, 2012, p. 690).
Não basta apenas oferecer dinheiro às famílias para compra de alimentos, 
mas é necessário trabalhar a educação alimentar em paralelo. A mesma 
lógica acontece com a questão da inclusão digital. Não basta apenas oferecer 
equipamentos com tecnologia de ponta com os mais sofi sticados softwares. 
Devemos capacitar àqueles que capacitarão, fazendo primeiro a inclusão digital 
de quem capacita (professores, instrutores, coordenadores). E esta capacitação 
deve ser avaliada através de resultados, devolutivas e demonstrações práticas 
do conteúdo aprendido. Aqueles que se empenharam em obter informação de 
qualidade, podemos chamar de “ricos de conhecimento”. E aqueles que buscam 
apenas diversão, entretenimento ou indicações através de terceiros, “pobres de 
conhecimento”. 
Numa política de inclusão digital, o objetivo principal é converter os “pobres 
de conhecimento” em “ricos” dando-os autonomia para o mundo digital. Portanto, 
esta é a face da inclusão e exclusão digital que deve ser levada em consideração 
em planejamentos de programas de inclusão, da escola primária à pós-graduação, 
e que exclusão digital também é questão de preferência cultural. Lembrando mais 
uma vez que o interesse do aluno por conhecimento fortalece a educação e torna 
o processo mais efetivo (GADOTTI, 2000).
24
 Inclusão Digital
FIGURA 10 – EDUCAÇÃO MIDIÁTICA
DONA
HERMENGARDA?
ABRAM O LIVRO
NA PÁGINA 21,
TURMA.
PELO MENOS NOSSAS
TELEVISÕES NOS ENTEDEM.
NÃO É ASSIM QUE A MINHA GERAÇÃO
ASSIMILA INFORMAÇÃO. SERÁ QUE
VOCÊ NÃO PODERIA RESUMIR
TUDO EM FACTÓIDES?
SIM,
CALVIN?
FONTE: https://novaescola.org.br/conteudo/3621/calvin-
e-seus-amigos. Acesso em: 30 mar. 2019.
Na próxima seção deste livro falaremos da importância do acesso à 
informação e mais que isso, do acesso à informação de qualidade.
4 IMPORTÂNCIA DO ACESSO À 
INFORMAÇÃO
Estamos cercados por leis e ordens por onde quer que andemos. Nos 
últimos 300 anos iniciou uma era de desenvolvimento de novas tecnologias 
para aproveitar e utilizar vários tipos de energias. A corrida ao desenvolvimento 
industrial deu habilidades para transformar o ambiente em que vivemos, reduziu o 
custo de produção de produtos manufaturados e transformou o homem industrial 
no homem moderno que conhecemos hoje. Esse período é conhecido como a 
Era Industrial ou Revolução Industrial, onde os principais avanços e estruturas 
foram pensados e implementados para organização social atual. As estruturas e 
a sociedade organizada que vemos hoje são apenas um tipo visível de ordem 
criada para o futuro, mas existe um tipo de ordem que é invisível, mas que está 
presente nos lugares onde há população organizada, que é tão complexa quanto 
podemos entender. É algo que a natureza vem utilizando por bilhões de anos, 
chamado de Informação.
Tão presente na vida das pessoas, a informação e, em especial, a informação 
pública é base para que possa haver participação ativa dos homens na sociedade, 
tendo garantido a acesso a direitos e usufruindo de serviços públicos obrigatórios. 
A informação, segundo o dicionário Aurélio, é o ato ou efeito de informar-se. Cintra 
et al. (2002, p. 20) diz:
25
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
Nos anos 70, a noção de informação, bem como os termos que 
a representam tomam vulto, seja na constituição dos discursos, 
seja na criação de disciplinas específi cas. Acredita-se mesmo 
que a sua expansão represente, na sociedade ocidental, 
um dos maiores sucessos de uma palavra no século XX. A 
utilização recorrente da palavra gerou, como é natural, uma 
variação conceitual. Assim fala-se do conceito de informação 
em diferentes áreas do conhecimento [...]
Para o matemático Claude Shannon (1948), considerado o pai da Teoria da 
Informação, o conceito de informação está estrelado ao conceito de entropia, que 
é o grau de casualidade, de indeterminação que uma coisa pode possuir. Quanto 
maior a informação, menor será a entropia. Em computação, informações são dados 
processados e tratados, que são resultado do que é enviado (entrada de dados), do 
processamento e da saída de dados. As informações têm signifi cado e podem ser 
tomadas decisões a partir da informação que chega (saída de dados). Para Bateson 
(1979), a informação é um ponto de vista para interpretação de eventos e objetos 
que antes eram invisíveis e, após interpretados, se tornam visíveis. Shannon e 
Weaver (1949) separaram o conceito de informação em duas perspectivas: 
1) Informação Sintática – que tem a ver com o volume da informação;
2) Informação Semântica – que remete ao signifi cado ou àquilo que se 
entende a partir do que se tem.
Dretske (1981) argumentava que a informação é uma mercadoria capaz de 
produzir conhecimento e conhecimento, diz ele, é identifi cado como a crença 
produzida ou sustentada pela informação. Portanto, o termo informação tem 
variadas defi nições, mas neste livro iremos focar nas relações entre informação e 
conhecimento e de como adquirir informação de qualidade na Era da Informação.
Era da Informação é o nome dado ao período que vem após a era 
industrial na década de 1980 com a invenção do microprocessador.
Como vimos, o conceito de informação é difícil de ser descrito e entendido, são 
várias defi nições e para cada área do conhecimento há variação no entendimento 
do signifi cado do conceito informação. Mas os cientistas descobriram que a 
informação é a parte fundamental do nosso planeta. Não há como falar de 
informação sem mencionar o que as coisas representam para nós através de seus 
símbolos e códigos, que é a Informação Sintática, defi nida por Shannon e Weaver 
em 1949. E a partir do código, do símbolo que a informação ganhar representação 
26
 Inclusão Digital
e signifi cado, chamada Informação Semântica. A transmissão da informação 
começou a partir do surgimento da escrita através de símbolos e códigos, como 
mostrado no Quadro 1:
QUADRO 1 – A ESCRITA E O SURGIMENTO DO ALFABETO
No início, a escrita era feita através de desenhos: uma imagem estilizada 
de um objeto signifi cava o próprio objeto. O resultado era uma escrita complexa 
(havia pelo menos 2.000 sinais)e seu uso era bastante complicado. Essa 
escrita, na forma de desenhos, se chamava pictográfi ca. Os sinais tornaram-
se gradativamente mais abstratos, tornando o processo de escrever mais 
objetivo. O sistema pictográfi co evoluiu para uma forma escrita totalmente 
abstrata, composta de uma série de marcas na forma de cunhas e com um 
número muito menor de caracteres. Esta forma de escrita fi cou conhecida 
como cuneiforme (do grego, em forma de cunha) e era escrita em tabletes de 
argila molhada, usando-se uma espécie de caneta de madeira com a ponta 
na forma de cunha. Quando os tabletes endureciam, forneciam um meio 
quase indestrutível de armazenamento de informações. A escrita cuneiforme 
era composta de aproximadamente 600 símbolos, distribuídos de cima para 
baixo e da direita para a esquerda. A escrita cuneiforme foi usada para a forma 
escrita das línguas da Assíria e Babilônia, línguas bastante diferentes da 
sumeriana. Embora a escrita cuneiforme fosse muito menos adaptada a estas 
línguas, a escrita foi amplamente usada no Oriente Médio, numa vasta gama de 
documentos, desde registros comerciais até cartas de reis. A escrita cuneiforme 
evoluiu para a escrita ideográfi ca não utilizava apenas rabiscos e fi guras 
associados à imagem que se queria registrar, mas sim uma imagem ou fi gura 
que representasse uma ideia, tornando-se posteriormente uma convenção de 
escrita. Os leitores dependiam do contexto e do senso comum para decifrar 
o signifi cado. As letras do nosso alfabeto vieram desse tipo de evolução. 
Algumas escritas ideográfi cas mais conhecidas são os hieroglífi cos egípcios, 
as escritas sumérias, minoica e chinesa, da qual provém a escrita japonesa. 
A escrita alfabética apesar de ter sua origem nos ideogramas perde seu valor 
ideográfi co e assume a função de representação fonográfi ca, passando por 
inúmeras transformações. Primeiro surgiram os silabários, conjunto de sinais 
específi cos para representar as silabas, isto é, os sinais representavam silabas 
inteiras em vez de letras individuais. Os fenícios inventaram um sistema 
reduzido de caracteres que representavam o som consonantal, característica 
das línguas semíticas encontrada hoje na escrita árabe e hebraica. Mais 
tarde, por questão de facilidade, dado ao tamanho das peças que serviam 
para escrita, os escribas, homens letrados vindos das classes populares 
livres ou escravas, responsáveis pela escrita dos textos que circulavam entre 
a nobreza e aristocracia, passaram a escrever, buscando uma convenção 
27
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
de forma e direção, da esquerda para a direita, resultando na forma atual do 
sistema alfabético japonesa. A escrita alfabética, apesar de ter sua origem nos 
ideogramas, perde seu valor ideográfi co e assume a função de representação 
fonográfi ca, passando por inúmeras transformações. Primeiro surgiram os 
silabários, conjunto de sinais específi cos para representar as sílabas, isto 
é, os sinais representavam sílabas inteiras em vez de letras individuais. Os 
fenícios inventaram um sistema reduzido de caracteres que representavam 
o som consonantal, característica das línguas semíticas encontrada hoje 
na escrita árabe e hebraica. Mais tarde, por questão de facilidade, dado ao 
tamanho das peças que serviam para escrita, os escribas, homens letrados 
vindos das classes populares livres ou escravas, responsáveis pela escrita dos 
textos que circulavam entre a nobreza e aristocracia, passaram a escrever, 
buscando uma convenção de forma e direção, da esquerda para a direita, 
resultando na forma atual do sistema alfabético. A inventividade dos escribas 
evidenciou-se na criação do sistema alfabético, no início do ano de 2000 a.C. 
A escrita alfabética tenta se aproximar da fonética e é representada por uma 
análise minuciosa dos sons silábicos, nos quais cada fonema corresponde a 
uma letra. Primeiramente, foi criada pelos fenícios, baseando-se numa análise 
consonantal composta por 22 signos e mais tarde foi aperfeiçoada e ampliada 
pelos gregos com a junção das vogais, estando agora formada por consoantes 
e vogais. O alfabeto passa a ser composto por 24 letras. Com a transposição 
da escrita para os computadores, surge a escrita eletrônica, presente nas 
mídias eletrônicas, não se limita aos textos verbais, podendo os elementos 
de escrita ser palavras, imagens, sons, ações ou processos realizados por 
computador. Em vez de ler parágrafos, o leitor pode ver cenas em um vídeo, 
observar uma sequência de fotografi as, ouvir uma narração oral ou escutar um 
fragmento musical.
FONTE: Adaptado de http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/
impresso/imp_basico/e1_assuntos_a1.html. Acesso em: 2 dez. 2018.
Podemos perceber que com o surgimento dos computadores houve uma 
mudança signifi cativa do entendimento do universo. À primeira vista, a informação 
parece ser uma ideia muito simples e palpável e, consciente ou inconscientemente, 
nós a trocamos e compartilhamos uns com os outros. Mas entendê-la e utilizá-la 
vem sendo um processo longo e complexo. O poder da informação foi inicialmente 
vislumbrado mais de 5000 anos atrás, quando uma tecnologia revolucionária, 
que colocaria a humanidade rumo ao mundo moderno, foi desenvolvida. De 
todas as invenções e criações do homem, há uma que é muito simples e muito 
complexa e que, ao longo dos tempos, foi sendo aperfeiçoada e mudou a forma 
como a humanidade pensa e suas formas de interação (GONTIJO, 2004). É uma 
tecnologia capaz de criar, construir e destruir ao mesmo tempo: a Escrita.
28
 Inclusão Digital
Fundamentalmente, a escrita se compõe na transmissão e armazenamento de 
informação. As palavras escritas permitem que ideias perdurem por eras. Quando 
as civilizações antigas descobriram que ideias poderiam ser representadas por 
símbolos e que a informação poderia ser transmitida e viver através dos séculos 
fora do cérebro humano, foi uma ideia que fascinou os antigos mesopotâmios 
(CAMPELLO, 2005). A informação foi armazenada em argila por milhares de 
anos. Podemos encontrar ideias de 4000 anos atrás em tabuletas de argila. 
Ideias, diálogos, esperanças humanas da época, literaturas, rezas e todo tipo de 
manifestações da alma humana fi xados em argila ainda podem ser traduzidos hoje.
Ao transformar os sons em símbolos, os escribas mesopotâmios descobriram 
que a informação podia ser facilmente modifi cada de uma forma para outra. De 
algo que existia a partir de sons da fala, para algo armazenado em tabuletas de 
argila, a humanidade descobriu o real poder dos símbolos. Esta era a tecnologia 
da informação de 4000 anos atrás usada por reis, comerciantes, produtores 
rurais, médicos e pessoas comuns. Mas no século XIX, durante a Revolução 
Industrial, as coisas começam a mudar. Em meio a um turbilhão de invenções 
e ideias, uma série de tecnologias aparentemente desconexas surgiria dando o 
status de poder aquilo que se chama de informação. A maioria das tecnologias 
que surgiram no período da Revolução Industrial era de origem prática através 
de testes e tentativas, e não de teorias ou estudos complexos. Elas começaram a 
revelar que a informação é um conceito muito mais profundo e poderoso do que 
antes se pensava. 
Uma das primeiras desta nova espécie de tecnologia de informação seria 
desenvolvida na cidade de Lyon, França, no fi m do século XVIII, que é a máquina 
de tecelagem. O mercado de tecido de Lyon fi cou famoso e se tornou o principal 
mercado de seda do mundo, onde residiam os melhores artesãos, se tornou um 
lugar de grande opulência, grandiosidade e de economia promissora. Ela se 
tornou o maior mercado de tecelagem do mundo e, além dos fabricantes de seda, 
roupas e tecidos, que tiveram oportunidades de enriquecimento, os fabricantes 
de máquina de tecelagem eram muito solicitados na venda de novas máquinas. 
Uma profi ssão promissora que surgiu na época e que também pôde aproveitar 
a nova economia foi a de mecânico, que era solicitado pormanter as máquinas 
em funcionamento e fazer manutenções. Como a economia de tecidos era muito 
promissora, começa a corrida para o desenvolvimento de novos modelos de 
teares, mais resistentes, menos barulhentos, mais modernos, mas algo mais 
importante aconteceu que deu ainda mais poder aos que dependiam desta 
economia. Foi o surgimento da máquina a vapor. As fábricas de tecidos possuíam 
máquinas que necessitavam de operadores, chamadas de máquinas manuais. 
Com o surgimento da máquina a vapor, os donos de teares não necessitavam 
do mesmo quantitativo de pessoas para operar as máquinas, que agora eram 
automatizadas com motor a vapor. Esta foi outra revolução na Era Industrial.
29
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
Máquina de Tecelagem surgiu no século XVIII revolucionando o 
mercado de tecidos em Lyon. O trabalho que antes só era realizado 
por mãos humanas agora passou a ser realizado por uma máquina 
mecanicamente controlada, capaz de fazer o entrelaçamento de 
fi os de trama (transversais) com fi os de teia (urdume) formando o 
tecido. Reduziu-se o tempo que se levava para fabricar um tecido 
e aumentou-se a qualidade e a precisão do entrelaçamento. 
Consequentemente, barateou o preço fi nal dos tecidos e foi um 
grande salto no mercado de roupas da época.
FIGURA 11 – TEAR DE JACQUARD
FONTE: http://www.stylourbano.com.br/o-tear-jacquard-nao-so-revolucionou-a-
industria-textil-mas-foi-o-primeiro-computador-do-mundo/. Acesso em: 30 mar. 2019.
Você pode estar pensando que a invenção da máquina a vapor trouxe 
desemprego para Lyon e, consequentemente, com uma população com muitas 
pessoas desempregadas, o que se poderia esperar é uma crise sem tamanho. 
Mas, na realidade, quando uma nova economia surge, traz com ela oportunidades 
de negócios e toda uma cadeia de supplychain se estabelece, se forma ao redor 
da nova economia. Assim, só fi ca em crise aqueles que se limitam em procurar 
emprego no ofício que sempre exerceram. Os acomodados estão sempre 
em crise. Na época, o tear era o mecanismo mais complexo que já construído 
pela humanidade. Ele, em termos modernos, se tornou um hardware de grande 
importância para a economia da tecelagem de Lyon. Em 1804, Joseph Marie 
30
 Inclusão Digital
Jacquard inventou um tipo de máquina de tear que podia ser programado para 
fazer o desenho que o “designer” da época pudesse criar. Mas o que chama 
atenção na história de Jacquard é que ele não era um estudioso do ramo 
da engenharia e nem da matemática. Ele era fi lho de tecelões e trabalhou na 
tecelagem em máquinas manuais desde os dez anos de idade. Era responsável 
por alimentar os teares com os fi os de teia e trama.
Supplychain consiste num conceito que abrange todo o 
processo logístico de determinado produto ou serviço, desde a 
sua matéria-prima (fabricação) até a sua entrega ao consumidor 
fi nal. O supplychain é constituído por vários integrantes, que atuam 
em diferentes etapas durante o processo, como: fabricantes, 
fornecedores, armazéns, distribuidoras, varejistas e, por fi m, os 
consumidores. 
O que a história da economia têxtil de Lyon, França, tem a ver com tecnologia 
da informação? É que máquina de tear de Joseph Marie Jacquard funcionava de 
maneira automática e era programável para tecer os desenhos pensados pelos 
designers da época. A programação da máquina era feita através da tecnologia de 
cartões perfurados, chamados de cartões perfurados de Jacquard, que mudaram 
as rotinas de produção de toda a indústria têxtil da época e, poucos anos depois, 
a tecnologia teve uma decisiva infl uência no ramo da computação. Ou seja, a 
informação dos desenhistas estava sendo traduzida na linguagem da máquina de 
tear com os cartões perfurados através de instruções, essas instruções do cartão 
transmitiam os comandos para máquina tear formar a imagem no tecido. 
A IBM expandiu esta tecnologia de Jacquard e desenvolveu cartões 
programáveis para computadores eletrônicos em 1950 e a introduziu no mercado 
de computação em 1958 como o meio mais rápido de transpassar códigos de 
programação e gerar documentos e processamento de dados. Foi o marco inicial e 
a corrida para o desenvolvimento de computadores mais sofi sticados e com mais 
funcionalidades, até chegar ao modelo de computadores que conhecemos hoje. 
A invenção de Jacquard em 1804 infl uenciou as formas de desenvolvimento da 
computação e, principalmente, o desenvolvimento de sistemas computacionais.
31
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
FIGURA 12 – IBM 82 CARD SORTER – CARTÃO PERFURADO DA IBM
FONTE: http://www.wikiwand.com/en/IBM_card_sorter. Acesso em: 30 mar. 2019.
Podemos compreender que nada se cria do nada. A informação é cíclica, passa por 
mudanças e atualizações de tempos em tempos e se repete em um dado ritmo. A máquina 
de tear de Jacquard acelerou a fabricação de tecidos e revelou um conceito poderoso da 
informação: a abstração da informação. Em computação, o sistema omite determinadas 
informações dos dados armazenados, por exemplo, onde e como esses dados são 
mantidos. Para que os dados sejam recuperados, os sistemas contam com algoritmos de 
busca efi cientes, que ao encontrar o dado requerido, em formato desconhecido, o traduzem 
e o tornam disponível ao usuário. Uma vez que o usuário não tem conhecimento de 
computação, a complexidade é escondida através de níveis de abstração, que simplifi cam 
a interação com os dados, e o sistema. Jacquard mostrou que é possível pegar a essência 
de uma ideia, extrair a informação vital e representá-la de outra forma.
O mundo antes da tecnologia da informação e da telecomunicação era um 
lugar muito diferente do que temos hoje. Só era possível enviar mensagens 
através de cartas ou de mensageiros e o mesmo se aplica a objetos. O mensageiro 
era alguém que corria muito rápido, ou que possuía um cavalo, ou através de 
uma embarcação, dependendo da distância. Ou seja, o mundo só disponha de 
meios físicos para envio de mensagens e meios físicos para o serviço de entrega. 
No século 19, a velocidade na qual se podia enviar a informação aumentou 
consideravelmente graças à invenção da eletricidade. Logo após a invenção, 
muitos se animaram com o potencial da mesma como meio de transmissão de 
mensagens. Se ela pudesse ser controlada, se tornaria o meio de transmissão 
de dados perfeito. Mas um problema apareceu diante da invenção: como usar 
um sinal simples para enviar mensagens complexas? Foi aí que surgiu Samuel 
Morse com seu invento simples e de fácil decodifi cação. O invento de Morse 
usando uma coleção de impulsos elétricos longos e curtos, ao ser ouvido do outro 
lado, possibilitava soletrar as letras do alfabeto. O invento de Samuel Morse é 
chamado de telégrafo. Em alguns anos a rede de telégrafos se espalhou pelo 
32
 Inclusão Digital
mundo inteiro, constituindo as fundações da moderna Era da Informação. Foi um 
dos mais importantes programas de Inclusão Digital de escala global. Jacquard 
e Samuel Morse são exemplos de pessoas que encontraram novas maneiras 
de manipular, processar e transmitir informação. O que havia começado com a 
invenção da escrita milhares de anos atrás havia culminado na ligação do planeta 
inteiro através de uma rede de cabos elétricos carregando informação altamente 
abstrata (código morse) a uma velocidade incrivelmente rápida.
FIGURA 13 – TELÉGRAFO DE SAMUEL MORSE
FONTE: https://www.estudopratico.com.br/primeira-demonstracao-
publica-do-telegrafo/. Acesso em: 30 mar. 2019.
Para as pessoas do fi nal do século XIX, a habilidade de manipular e transmitir 
informação estava no auge, mas aí a informação se tornou muito mais fundamental do 
que qualquer pessoa poderia imaginar devido à nova estrutura de comunicação que 
apareceu. Logo fi cou claro para as sociedades que a informação não se relaciona apenas 
com a comunicação humana e é uma ideia muito mais ampla. A verdadeira natureza da 
informação está em poder enxergar algo ou ideia,transmiti-la das mais variadas formas 
através de suas tecnologias e poder recuperá-la em forma de dado quando necessário.
Historicamente falando, nas sociedades modernas, podemos perceber que 
as motivações para avanços tecnológicos, em qualquer área do conhecimento, 
sempre giram em torno da disseminação e acesso à informação. Ela sempre é 
o marco de acontecimentos e da ciência. Cientistas estão sempre disponíveis a 
desvendar problemas da humanidade, sempre pautados de todo um arcabouço 
de informação e autores que estudaram o assunto até um determinado ponto, 
que norteiam suas pesquisas. Não se trata de algo aleatório como, ao fazer 
uma perfuração no solo para encontrar o lençol freático, um proprietário de 
um determinado terreno descobre que ali há petróleo. Não há mais dúvidas de 
que a informação é importante para avanços da sociedade, mas mais ainda, o 
importante é ter o acesso à informação e informação de qualidade. 
No fi nal do século XIX e começo do século XX, o gargalo das sociedades 
organizadas era a falta de fontes para acesso à informação. Basicamente, os 
privilegiados economicamente tinham acesso à informação através de escolas 
33
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
de base, os mais ricos investiam em curso superior, onde existiam bibliotecas 
universitárias, ou na compra de livros em viagens a outras cidades onde havia livrarias. 
Os mais pobres não tinham acesso a escolas e nem a livros com facilidade. Hoje, 
em pleno século XXI, o problema está na abundância de informações. O professor 
e fi lósofo brasileiro Mario Sérgio Cortella disse em uma palestra no programa Café 
Filosófi co que algumas pessoas navegam na internet e boa parte naufraga. Quando 
levamos em conta que a grande maioria dos usuários de servidos de internet não foi 
capacitada para fazer um acesso consciente dos perigos e para identifi car quando 
uma informação é verdadeira ou mentirosa em parte. Se você é professor, vai 
concordar que hoje em dia é complicado exercer a prática de pesquisa escolar ou 
acadêmica pelo seguinte motivo: abundância de informação na web, aliadaà falta de 
treinamento ou capacitação para fi ltrar a informação necessária e o efeito psicológico 
de impaciência que os smartphones têm causado nas pessoas (BARR; STOLZ; 
PENNYCOOK, 2015). A problemática está na grande massa populacional mundial 
que não sabe como coletar, fi ltrar, minerar informações confi áveis e de qualidade, são 
meros usuários de tecnologia. Já se dizia que “quantidade não é qualidade” e isso se 
traduz perfeitamente para o contexto social na ação de pesquisa na web. 
Minerar é uma expressão que remete à mineração de dados em 
computação, que nada mais é que o processo de explorar grandes 
quantidades de dados à procura de padrões consistentes.
Recomendamos a leitura do livro Data Science para negócios, 
dos autores Foster Provost e Tom Fawcett. No livro dizem (2016, p. 2):
É importante compreender Data Science, mesmo que 
você nunca vá aplicá-lo. O pensamento analítico de dados 
permite avaliar propostas para projetos de mineração de 
dados. Por exemplo, se um funcionário, um consultor 
ou um potencial alvo de investimento propõe melhorar 
determinada aplicação de negócios a partir da obtenção 
de conhecimento de dados, você deve ser capaz de 
avaliar a proposta de maneira sistemática e decidir se ela 
é boa ou ruim. Isso não signifi ca que será capaz de dizer 
se será bem-sucedido — pois projetos de mineração de 
dados, muitas vezes, exigem experimentação —, mas 
você deve conseguir identifi car falhas óbvias, hipóteses 
fantasiosas e partes faltando.
34
 Inclusão Digital
Portanto, se capacitar é poder desfrutar de maneira sólida e verdadeira dos 
benefícios que a Web nos dá gratuitamente. Até a Google lançou um curso on-
line para ensinar a desenvolver buscas avanças em sua plataforma. O curso é 
intitulado Power SearchingwithGoogle (Busca Avançada com o Google, tradução 
livre), que tem como conceito de capacitar os alunos adquirindo conhecimentos 
avançados sobre a ferramenta Google, mostrando recursos de que nem todos 
têm conhecimento. A Google sabe que a grande maioria das pessoas aprendeu 
a realizar pesquisas em sua plataforma de forma empírica, sem muitos 
procedimentos de pesquisa ou métodos científi cos. "Power Searching with Google 
é um curso on-line baseado em técnicas de pesquisa e em como usá-las para 
resolver problemas do dia a dia", diz a página ofi cial do curso (GOOGLE, 2012). O 
conteúdo programático inclui atividades interativas, oportunidade de se conectar 
com usuários utilizando o Google Groups, Google+ e Hangout. Além do mais, o 
curso dá direito a certifi cado, enviado por e-mail aos usuários que concluírem o 
curso passando obtendo a nota mínima na prova on-line. 
Recomendamos o acesso ao curso através do link: http://www.
powersearchingwithgoogle.com/
No Brasil existe a Lei no 12.527/2011, também conhecida como Lei de Acesso 
à Informação, e possui sua importância para o desenvolvimento e consolidação da 
participação do cidadão na sociedade brasileira de maneira ativa e no controle da 
coisa pública. Na seção a seguir deste Capítulo 1, falaremos sobre a importância 
da lei e seus benefícios. 
5 LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO
No Brasil vigora atualmente a Constituição Federal de 1988, onde, no Artigo 
5º, Inciso XXXIII, está escrito: 
– todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações 
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que 
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, 
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança 
da sociedade e do Estado (BRASIL, 1988).
A consolidação da cidadania participativa é de absoluta importância para que 
a sociedade possa exigir do Estado atendimento efi caz aos direitos e garantias 
descritos na Constituição Federal de 1988. Quando o cidadão participa de forma 
35
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
ativa da gestão pública, as ações dos governantes tendem a se tornar mais 
transparentes e com um grau de legitimidade, o que é bastante relevante para o 
desenvolvimento e consolidação do Estado democrático de Direito. 
Recomendamos aqui a leitura do artigo A importância da Lei de 
Acesso à Informação no desenvolvimento da cidadania participativa 
e no controle da res publica, dos autores Dijeison Tiago Rios 
Nascimento e Túlio Da Luz Lins Parca. 
Veremos a seguir um trecho do artigo no Quadro 2 deste livro:
QUADRO 2 – IMPORTÂNCIA DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO (LAI)
A importância da Lei de Acesso à Informação no desenvolvimento da 
cidadania participativa e no controle da res publica (trecho)
Um dos desafi os apresentados no contexto em que vivemos está 
relacionado ao efetivo uso das ferramentas de participação popular 
disponibilizadas pelo Estado, sendo que por meio delas é possível que o 
cidadão tenha condições concretas de participar e de interferir de forma 
positiva no processo decisório e na formação dos atos de governo. A conjuntura 
política nacional deixa evidente a necessidade de ativismo da sociedade civil 
no contexto das decisões estatais, participação que não pode fi car restrita ao 
voto em período de eleições, plebiscitos ou referendos, mas que deve avançar 
para o campo do controle da res publica e da defi nição de políticas destinadas 
à busca do bem-comum. Ou seja, o atual contexto sócio-político demanda que 
a cidadania não fi que restrita à titularidade de direitos políticos. 
Após a entrada em vigência da Lei federal n. 12.527/2011, também 
conhecida como Lei de Acesso à Informação – LAI, o povo brasileiro passou 
a contar com um importante instrumento facilitador da atuação do cidadão na 
esfera governamental, pois ela determina que o acesso às informações estatais 
seja a regra, e o sigilo, a exceção. Nesse sentido, faz mister o entendimento de 
Branco e Mendes a respeito da referida lei: 
Trata-se de importante marco para a observância da 
publicidadecomo preceito geral e do sigilo como exceção, 
por meio de medidas que devem ser executadas de acordo 
36
 Inclusão Digital
com os princípios básicos da Administração Pública e por 
diretrizes que zelam e incentivam a ampla transparência 
(BRANCO; MENDES, 2014, p. 850).
Ademais, ressalta-se a opinião do especialista em liberdade de informação, 
GregoyMichener, que analisa o histórico do acesso às informações, bem como 
a fi nalidade de se alcançar um governo republicano e transparente: As leis de 
liberdade de informação representam um meio para um fi m; que é um governo 
aberto. Enquanto podemos reclamar a respeito da efi ciência das leis de acesso, 
as informações que os cidadãos precisam estão muito mais disponíveis hoje 
do que há vinte ou até dez anos, graças, em parte, aos aprimoramentos na 
gestão de informações digitais. Mas a necessidade de buscar compromissos 
mais fi rmes para a abertura também é maior do que nunca. A rápida mudança 
no sentido da abertura que agora está em ação certamente encontrará novas 
maneiras de se proteger contra o sigilo injustifi cado (MICHENER, 2011, p. 23). 
A LAI traz no seu escopo uma série de dispositivos que buscam facilitar e 
desburocratizar o acesso às informações públicas, o que tem determinado uma 
mudança gradual e importante na cultura das organizações públicas e na forma 
de atendimento às demandas dos cidadãos brasileiros. Diante do exposto, 
surge a indagação que serve de elemento basilar para a realização deste 
breve estudo: busca-se saber em que medida a Lei de Acesso à Informação 
contribui para o desenvolvimento e consolidação da cidadania participativa no 
Brasil, e de que forma ela tem contribuído para o aperfeiçoamento do controle 
da res publica por parte dos cidadãos.
Para ser possível obter a resposta adequada ao apontamento realizado 
em epígrafe, torna-se importante abordar os seguintes temas: 
1) o conceito de cidadania; 
2) a importância da Lei de Acesso à Informação no contexto da 
sociedade brasileira; 3) atuação do governo para disciplinar o uso da 
LAI; 
4) o perfi l dos cidadãos que têm utilizado esse instrumento com o intuito 
de obter informações do Estado; 
5) quais os tipos de informações são mais demandados. 
Saber o motivo para a solicitação de acesso à informação por parte de 
cada cidadão poderia ser um dado bastante interessante e rico de signifi cado, 
mas a LAI proíbe qualquer tipo de motivação ou pedido de justifi cativa por 
parte do Estado brasileiro para a disponibilização do acesso.
FONTE: https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/cadernovirtual/
article/view/1200/720. Acesso em: 2 dez. 2018.
37
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
Podemos perceber que a Lei de Acesso à Informação regulamentou o 
importante direito previsto no artigo 5º da Constituição Federal, que diz que todos 
podem solicitar dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou 
do interesse geral. Este Lei garante o acesso à informação pública e é um direito 
fundamental que já se encontrava previsto em diversos acordos e convenções 
internacionais que o governo brasileiro já havia assinado. 
A Lei deve ser aplicada e cumprida por todos os órgãos e entidades da 
administração pública – federal, estadual e municipal – e também vale para os 
três poderes: Executivo, Judiciário, Legislativo, além das Cortes de Contas e do 
Ministério Público. Ela vale também para entidades privadas sem fi ns lucrativos 
que recebam, para a realização de ações do interesse público, recursos públicos 
direto do orçamento ou por meio de convênios e termos de cooperação. Qualquer 
pessoa pode solicitar essas informações. Basta se identifi car, requerer a 
informação e especifi car as informações solicitadas. Não é necessário especifi car 
os motivos pelos quais se estão fazendo os pedidos. 
Uma dúvida recorrente dos cidadãos é em relação a como pode ser feito 
o pedido de acesso à informação. Segundo o Artigo X da Lei de Acesso à 
Informação, o pedido pode ser feito através de qualquer meio legítimo, que são: 
e-mails; fax ou petição protocolar. Assim, os requisitos legais de pedido de acesso 
serão preenchidos. Feito o pedido, o órgão ou entidade pública deve conceder o 
acesso imediatamente. Porém, em alguns casos, isso não é possível e a Lei de 
Acesso à Informação prevê um tempo de 20 dias para o órgão público entregar 
essas informações e existe a possibilidade de prorrogação do prazo em mais dez 
dias, desde que seja manifestadamente justifi cado (UNESCO; AGU, 2011). 
A transparência e o acesso são a regra, mas a Lei de Acesso à Informação 
traz algumas exceções. É o caso de dados que possam violar a intimidade de 
uma determinada pessoa ou servidor público, informações sigilosas que foram 
decretadas por determinada autoridade e de informações que são sigilosas por 
conta de outro diploma legal, por exemplo, sigilo bancário e fi scal. A utilização 
dessa Lei é extremamente importante porque ela garante a transparência da coisa 
pública e a fi scalização por parte da sociedade. Além disso, se um agente público 
se recusar, retardar ou prestar informação de forma incorreta, ele pode ser punido 
e responder por improbidade administrativa (UNESCO; AGU, 2011).
Na próxima seção trataremos das Políticas de Inclusão Social. É importante 
compreender que para uma mudança acontecer em uma sociedade por inteiro ou 
em boa parte dela, deve aliar o apoio político em forma de programas sociais de 
inclusão e força política através de leis federais. Ainda mais falando de Brasil, que 
é um país de dimensões continentais, onde alguns estados possuem quantitativo 
populacional e dimensões superiores a muitos países em outros continentes, 
38
 Inclusão Digital
é importante tratar deste assunto para que não pensemos no futuro que, com 
apenas a nossa força de vontade em realizar projetos e mudanças sociais, não 
sejamos um otimista alienado, nem o pessimista extremo. E se você é professor, 
que estas ferramentas o ajudem a entender a educação com “olhos de águia” e 
não com “olho de urubu”.
Fazemos alusão a olho de águia porque as águias conseguem 
enxergar uma presa a quilômetros de distância enquanto estão 
sobrevoando. Já o urubu, embora tenha boa visão no voo, está 
sempre à procura por carniça, por coisa podre.
6 POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO 
DIGITAL
Começaremos este assunto lendo o Quadro 3, uma parte do artigo intitulado 
Políticas Públicas de Inclusão Digital: desafi os educacionais na sociedade 
contemporânea, publicado na Revista do Desenvolvimento Regional – Faccat – 
Taquara/RS em 2015, que diz:
QUADRO 3 – DESAFIOS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO
Políticas Públicas de Inclusão Digital: desafi os 
educacionais na sociedade contemporânea
De modo geral, as políticas públicas buscam atender aos interesses 
do governo, principalmente o regado pelo sistema capitalista, que difi culta 
o desenvolvimento humano, o qual, para Sen (2010), além de melhorar 
a qualidade de vida, infl uencia as habilidades produtivas das pessoas, e, 
portanto, o crescimento econômico. Cabe ressaltar que as políticas públicas 
comungam com as políticas sociais, ou seja, cada política pública vai infl uenciar 
a vida social das pessoas, a repercussão de suas ações abrange várias 
áreas, daí o interesse de outros campos, como os relacionados à economia, 
sociologia, antropologia, geografi a, de serem contemplados por elas. Partindo 
da premissa de que o Brasil é um país em desenvolvimento, Sen (2010) 
enfatiza a importante necessidade de iniciativas de política pública na criação 
de oportunidades sociais, visto que, nos países ricos, as ações voltadas para 
a educação, saúde, reforma agrária possibilitaram o processo de expansão 
39
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
econômica da população. As bases que atendem a sociedade precisam ser 
dialogadas, com a participação ativa das pessoas, para construir a “espinha 
dorsal” que atenderá aos seus anseios e necessidadesda sociedade. 
Portanto, as políticas públicas encontram-se inseridas no contexto político, 
articuladas pelos interesses do momento, mas, ao mesmo tempo, regem a 
ordem de como devem ocorrer os fatos e também o esforço de oferecer a 
igualdade de direitos a todos os cidadãos. No entanto, hoje a sociedade não 
pode apenas esperar pelos serviços públicos, existem outros atores, como 
empresas e organizações não governamentais, que precisam fazer parte da 
estrutura e iniciar práticas de bem comum a todos. [...]
FONTE: Adaptado de https://seer.faccat.br/index.php/coloquio/
article/download/223/191. Acesso em: 2 dez. 2018.
Podemos concluir que toda política pública visa ao interesse do governo em 
exercício. Portanto, as estratégias públicas, o planejamento e a forma como o 
projeto de inclusão é realizado dependem da ação e do perfi l do governo que 
foi eleito no processo democrático. A importância do acesso à informação é o 
que oportuniza à sociedade avaliar os resultados dos serviços prestados, 
porém pouquíssimas pessoas disponibilizam tempo para exercer sua cidadania 
e participar ativamente da política e do bem público. O conhecimento ao qual 
acabam tendo acesso, geralmente, vem através das mídias jornalistas que, em 
geral, são contratados pelo governo em exercício para publicizar as ações de 
caráter positivo e “marqueteiro", de atendimento às comunidades, abstraindo da 
população o que realmente ocorre na administração da coisa pública. Deste modo 
é impossível exercer cidadania em qualquer lugar do mundo. 
O termo “marqueteiro” é comumente ligado ao marketing político 
e/ou eleitoral, no entanto, pode designar o profi ssional de marketing 
em qualquer de suas áreas de atividade, como: profi ssional de 
marketing ambiental, profi ssional de marketing estratégico etc.
Na Teoria do Poder, há um conceito conhecido que diz: “a maioria 
organizada domina às minorias desorganizadas”. Então os governos sabem 
que para manter sua governabilidade, em meio a desserviços e corrupção, nas 
instituições públicas, é necessário manter o povo ocupado e desorganizado. 
Mas isto está mudando devido ao advento da internet banda larga e às novas 
mídias sociais. Intelectuais que não fazem parte das mídias convencionais estão 
40
 Inclusão Digital
aparecendo e se tornando notórios por serviços prestados em formato de vídeo 
e publicam até livros. 
Outro conceito do poder é que quem domina a informação determina o 
futuro. Pudemos assistir às eleições presidenciáveis de 2018 no Brasil, a vitória 
do deputado Jair Bolsonaro, que não possuía apoio das mídias jornalísticas 
convencionais e nem de partidos políticos de base. Basicamente, Bolsonaro 
se comunicou e conquistou eleitores através das redes sociais e recursos 
tecnológicos gratuitos, como videochamadas, mensagens por WhatsApp e 
livestream através do Facebook, utilizando um smartphone comum e internet 
banda larga. Ou seja, as mídias jornalísticas convencionais detinham o poder 
a informação e comunicação de notícias, formando uma espécie de cartel 
informacional. As notícias eram as mesmas em qualquer emissora de televisão, 
rádio, jornais e com cunho ideológico. Isso ocorreu durante anos no Brasil e 
comprometeu o livre exercício da cidadania da população brasileira. Porém, entre 
os anos 2013 e 2018, deu início o fenômeno social de rejeição ao sistema político 
que demonstrava sinais de corrupção sistêmica e organizada. Este fenômeno é 
marcado por investigações criminosas e a rejeição ao sistema político brasileiro e 
das mídias tradicionais. 
Livestream é uma plataforma de streaming de vídeo que permite 
a seus usuários assistir e transmitir vídeos utilizando uma câmera e 
um computador ou smartphone através da internet.
Mídias tecnológicas alternativas ganharam força através da publicação 
de vídeos dos chamados YouTubers, que prestaram serviços na publicação 
de informações reais e vídeos ao vivo através de livestream. Perceberam a 
importância da informação e seu poder de mudança cultural e social? Hoje 
podemos vislumbrar um canal de conteúdo e compartilhamento de vídeos que 
possui a participação de pessoas comuns do meio social, pessoas famosas, 
intelectuais e professores, e até as instituições públicas publicam vídeos 
institucionais de conteúdo útil à população e possuem canal de vídeos, como: 
TCU (Tribunal de Contas da União), STF (Supremo Tribunal Federal), Petrobras, 
Banco do Brasil, entre outros. Uma população só é realmente livre se tiver as 
informações que precisa para exercer cidadania.
41
INCLUSÃO DIGITAL – BASE CONCEITUAL Capítulo 1 
FIGURA 14 – PROFISSÕES ATUAIS
FONTE: http://www.portalnews.com.br/_conteudo/2017/11/
opiniao/69361-charge.html. Acesso em: 30 mar. 2019.
No momento em que as pesquisas evidenciam o fracasso das iniciativas 
que promovem a ideia de adquirir infraestrutura e equipamentos tecnológicos, e 
através do aumento no acesso à internet banda larga da população o acesso a 
redes sociais, iniciou-se a divulgação de TICsquepromovem oportunidades sociais, 
reafi rmando o conceito de que exclusão social é um problema de caráter social, 
mais do que técnico (VAN DIJK, 2005). Do ponto de vista europeu, o potencial da 
sociedade da informação deve ser, principalmente, o de distribuir de forma mais 
equitativa os recursos entre os indivíduos, oferecendo novas oportunidades de 
trabalho e superar as barreiras geográfi cas tradicionais (AFELE, 2003). 
Segundo Gurstein (2003, p.45),
[...] mensurar o acesso às Tecnologias da Informação e Comunicações não 
é tão simples – nada novo para a Comunicação, que já há muito percebeu que 
teorias do tipo “acesso” e “não acesso” são pouco condizentes com a realidade. O 
que temos, de fato, são múltiplos níveis de acesso, portanto, na mesma medida, 
múltiplos níveis de exclusão. Primeiro, porque não temos apenas uma tecnologia 
da informação, mas várias. Segundo, porque há diferentes níveis de qualidade de 
acesso a cada uma dessas tecnologias. E terceiro, porque há uma diferença muito 
grande entre o simples “acesso” e o efetivo “uso”. Enquanto “acesso” é um termo 
que simplesmente indica uma funcionalidade técnica ou relativa à infraestrutura, 
o termo “uso” é bem mais amplo, e se relaciona à capacidade de aplicação das 
TICs para se alcançar objetivos individuais ou coletivos.
42
 Inclusão Digital
Política de Inclusão Digital se trata de inserir a questão em uma refl exão 
mais ampla sobre a inclusão e a exclusão social, através da qual se possa pensar 
não só em termos de distribuição de recursos, mas de maior participação dos 
indivíduos na era digital. Isto signifi ca que devemos compreender os temas da 
atualidade política que estejam que estejam conectados e tratar cada um segundo 
suas necessidades, cultura, situação econômica e educacional. E isso também 
signifi ca que as instituições precisam se adaptar rapidamente às mudanças em 
curso e é aí onde está o grande desafi o. O time de aplicação de novos projetos 
é outro. Ele gira em torno dos interesses do governo em exercício e isso é muito 
mais notório quando falamos em termos de educação. Vendo desta perspectiva, 
a questão não é mais de exclusão digital, mas de isolamento institucional para a 
política pública (WARSCHAUER, 2003).
Time não tem a conotação de tempo cronológico, mas sim, no 
sentido de acompanhar as mudanças em curso. Tem o sentido de 
sincronizado com os acontecimentos.
Como resolver problemas de caráter político em relação à exclusão 
digital? Primeiramente, como citado neste livro, tomando consciência da devida 
importância da informação e se informando indo atrás de veículos alternativos de 
informação de qualidade, os chamados “curadores” de informação. Muito mais 
que ir ao curador, devemos aprender a verifi car as informações que nos são 
passadas no cotidiano, inclusive informações de curadores, identifi cado se são 
tendenciosos ou se estão ligados a determinadas ideologias. Em segundo lugar, 
exercer a Lei de Acesso à Informação,

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