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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS Chanceler D. Jacinto Bergmann Reitor José Carlos Bachettini Júnior Pró-Reitora Acadêmica Patricia Haertel Giusti Pró-Reitor Administrativo Eduardo Luis Insaurriaga dos Santos EDUCAT - EDITORA DA UCPel Editor Osmar Miguel Schaefer Editora Executiva Ana Gertrudes Gonçalves Cardoso CONSELHO EDITORIAL Osmar Miguel Schaefer – Presidente Antonio Reges Brasil – UCPel Cezar Augusto Burket Bastos – FURG Christiane Saraiva Ogrodowski – FURG Eduardo Antonio Cesar da Costa – UCPel Erico João Hammes – PUC/RS Fábio Souza da Cruz – UCPel Hiram Larangeira de Almeida Júnior – UCPel Luiz Antônio Bogo Chies – UCPel Manoel Luis Cardoso Vasconcellos – UFPel Raquel Fabiana Lopes Sparemberger – UCPel Vilson José Leffa – UCPel EDUCAT Editora da Universidade Católica de Pelotas Rua Félix da Cunha, 412 Fone (53)2128.8030 - FAX (53)2128.8229 - Pelotas - RS - Brasil 2 Felipe Augusto Rozales Lopes Francis Tanise Casado Cezar Arthur Tavares Pinheiro O Exame Físico Ilustrado EDUCAT Editora da Universidade Católica de Pelotas Pelotas - 2012 3 © 2012 Felipe Augusto Rozales Lopes Francis Tanise Casado Cezar Arthur Tavares Pinheiro Direitos desta edição reservados à Editora da Universidade Católica de Pelotas Rua Félix da Cunha, 412 Fone (53)2128.8297 - Fax (53)2128.8229 Pelotas - RS - Brasil E-mail: educat@phoenix.ucpel.tche.br Loja virtual: http://educat.ucpel.tche.br Editora filiada A revisão textual e de conteúdo é de inteira responsabilidade do(s) autor(es) e do(s) organizador(es). PROJETO EDITORIAL EDUCAT EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Ana Gertrudes G. Cardoso Luísa Härter Remião (bolsista) Felipe Augusto Rozales Lopes Capa: Cíntia Dias Borges Ilustração: Cíntia Dias Borges (designer gráfico), exceto figuras 6.01, 6.02, 6.03, 6.04 e 6.16, que foram feitas por Álvaro Crespo e figuras 8.07 e 8.08 por Fernando Bordin. As imagens foram fotografadas e editadas pelos autores do próprio capítulo. Revisão Ortográfica: Rogério Nascente. L864e Lopes, Felipe Augusto Rozales O Exame Físico Ilustrado / Felipe Augusto Rozales Lopes, Francis Tanise Casado, Cezar Arthur Tavares Pinheiro. - Pelotas, EDUCAT, 2012. 259p. ISBN 978-85-7590-145-8 1. medicina – diagnóstico. 2. medicina – exame físico. I. Título. II. Casado, Francis Tanise. III. Pinheiro, Cesar Arthur Tavares. CDD616.075 Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Cristiane de Freitas Chim CRB 10/1233 4 Agradecimentos Este livro foi uma iniciativa dos alunos da Universidade Católica de Pelotas, ATM 12, que valorizam a prática do que é mais importante na Medicina, saber ouvir e examinar seus pacientes. Agradeço a estes futuros médicos o convite para participar. Cezar Arthur Tavares Pinheiro Gostaríamos de externar nossa imensa gratidão e reconhecimento: Ao Dr. Cezar Pinheiro, que aceitou o convite para ser o professor orientador principal deste livro e sempre esteve à nossa disposição para auxílio e apoio. Aos professores que orientaram os alunos autores dos capítulos. Aos autores, acadêmicos e futuros médicos, pela dedicação. À Universidade Católica de Pelotas e à Educat pelo apoio, suporte e estrutura. Reconhecemos o quanto é trabalhoso e dispendioso publicar um livro, principalmente quando os autores são acadêmicos. À Spinesul, patrocinador, pela aposta no nosso trabalho e à Cíntia Dias Borges, designer gráfico, autora da capa e da maior parte das ilustrações. Dedicamos este livro às nossas famílias, que sempre nos deram apoio durante nossa vida e fizeram o que esteve ao alcance, nos proporcionando inúmeras oportunidades e, também, um estudo de qualidade para que tenhamos sucesso profissionalmente e em nossas vidas. Felipe Augusto Rozales Lopes Francis Tanise Casado 5 Autores Cezar Arthur Tavares Pinheiro Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Pelotas (1978), Residência em Clínica Médica pelo Hospital Ernesto Dornelles de Porto Alegre e Mestrado em Saúde e Comportamento pela Universidade Católica de Pelotas (2002). Especialista em Infectologia pela Sociedade Brasileira de Infectologia. Médico da Universidade Federal de Pelotas, preceptor da Residência de Clínica Médica da UFPEL e professor da Universidade Católica de Pelotas. Felipe Augusto Rozales Lopes Graduando do sexto ano letivo do curso de Medicina da Universidade Católica de Pelotas. Francis Tanise Casado Graduanda do sexto ano letivo do curso de Medicina da Universidade Católica de Pelotas. Email para contato com os autores: felipearlopes@gmail.com 6 Apresentação Durante nosso aprendizado, em nossas idas ao hospital para praticar as manobras do exame físico que havíamos aprendido nas aulas teóricas e práticas, percebemos que nos fazia falta um livro de volume reduzido, com um conteúdo objetivo, de leitura rápida e com imagens autoexplicativas do referido exame. Isso nos motivou a criar esta obra. Muitas vezes surgiam dúvidas quanto à execução das manobras. Levávamos livros pesados, repletos de informações, o que nos dificultava quanto à procura do conteúdo desejado. Precisávamos de um livro prático que nos orientasse durante o contato com o paciente. Resolvemos então organizar um livro objetivo, com um grande número de ilustrações, com fotos tiradas pelos autores e desenhos, quase em sua totalidade, feitos por uma designer. É uma obra escrita somente por alunos e professores da Universidade Católica de Pelotas, a nossa universidade, porém é dedicada a todos os alunos de semiologia médica, independentemente de sua universidade de origem. Este livro tem como objetivo ser um complemento ao estudo da prática semiológica. Não tem a intenção de substituir os tradicionais livros de ensino, que são muito mais completos e que nos deram embasa mento teórico para a composição deste. Felipe Augusto Rozales Lopes Francis Tanise Casado 7 Sumário 1 – Anamnese 09 ...................................................................... 2 – Ectoscopia 19 ..................................................................... 3 - Semiologia dermatológica 38 ............................................. 4 - Cabeça e pescoço 48 ........................................................... 5 – Tórax 73 ............................................................................. 6 - Sistema cardiovascular 84 .................................................. 7 - Semiologia do abdome 112 .................................................. 8 - Sistema musculoesquelético 133 .......................................... 9 - Sistema nervoso 161 ............................................................. 10 - Órgãos genitais masculinos 205 ......................................... 11 - Órgãos genitais femininos 211 ........................................... 12 - Semiologia da gestante 219 ................................................ 13 - Semiologia do recém-nascido, da criança e do adolescente 235 .......................................................................... 8 1 - Anamnese Ângela Crissiela Melo Sandra Mendes Vanessa Louise Collete A anamnese é o caminho fundamental que leva ao diagnóstico e esse por sua vez levará a orientação terapêutica. Assim, é de suma importância que se faça uma boa anamnese. Uma anamnese abrangente inclui: dados de identificação, queixa principal, história da doença atual, história patológica pregressa, história familiar, histórias pessoal e social e revisão de sistemas (PORTO, 2009). IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE Segundo Porto (2009), deve conter os seguintes dados: • Nome • Idade • Sexo • Cor • Estado civil • Profissão • Residência • Procedência • Naturalidade QUEIXA PRINCIPAL De acordo com Bates (2005), deve ser sempre com as palavras usadas pelo paciente. Colocara sua duração é opcional. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA) Esta seção da anamnese consta de um relato completo, claro e cronológico dos problemas que motivaram o paciente a procurar atendimento. Os sintomas devem ser descritos em ordem cronológica e de importância. Deve, também, constar a data de início dos sintomas, a situação em que surgiram, suas manifestações e os eventuais tratamentos realizados. Fazer a investigação dos sintomas quanto a localização, qualidade, quantidade ou gravidade, sequência cronológica 9 (início, duração e frequência), situação em que acontecem, fatores que agravam ou aliviam os sintomas, e manifestações associadas (BATES, 2005). O examinador não induzir respostas. É importante sempre apurar a evolução, exames e tratamentos feitos. Lembrar sempre que a história deve ter início, meio e fim. HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA Doenças comuns na infância: sarampo, rubéola, catapora, coqueluche, caxumba. • Alergias: reações a medicamentos, alergia alimentar, rinite, asma, urticária, eczema... • Infecções e infestações: chagas, difteria, escarlatina, poliomielite, glomérulo e pielonefrite, tétano, bronquite, pneumonia, tuberculose, meningite, doenças venéreas, malária. • Outras doenças: diabetes, hepatite, apendicite, colite, hérnias (incluindo hérnias de disco), hemorroida, febre reumática, cardiopatias, epilepsia, encefalite, AVC. • Cirurgias: tipo, data, indicações, anestesia, transfusões, complicações, resultados. • Traumatismos: tipo, data, complicações e sequelas. ANTECEDENTES FISIOLÓGICOS • Condições na gestação: dieta, doenças, hemorragias, infecções, acidentes, drogas, tabagismo, etilismo, etc. • Nascimento: tipo de parto, complicações, local que se realizou, idade gestacional. • Doenças neonatais. • Alimentação: leite materno; se artificial, avaliar quantitativa e qualitativamente. • Puberdade: menarca, telarca e pubarca. • Desenvolvimento psicomotor e crescimento. • História sexual: ciclo menstrual, libido, gestações, abortamentos, promiscuidade sexual. • Climatério: sintomas do climatério (fogachos, secura vaginal, menopausa, labilidade emocional). HISTÓRIA SOCIAL • Nível educacional. 10 • Riscos de trabalho, nível de satisfação no trabalho, relacionamentos, história de acidentes de trabalho, atividades insalubres e uso de equipamentos de proteção individual. • Relacionamento familiar e social. • Alimentação atual – qualitativa e quantitativamente; alterações impostas pela patologia de base. • Hábitos: sono, álcool, fumo, drogas il ícitas, medicamentos, prática desportiva. • Habitação: tipo de casa, saneamento (fossas: séptica, negra ou seca), instalações sanitárias, água potável, etc. • Coabita com animais? Quais? Inquirir sobre o status vacinal dos mesmos. • Banhos de rio. • Viagens para áreas endêmicas. HISTÓRIA FAMILIAR • Ancestrais: estado de saúde, “causa mortis”, idade. Idem aos genitores. • Doenças familiares em outros membros da família: câncer, hipertensão arterial, tireoideopatias, diabetes, epilepsia, doenças alérgicas. • Questionar sobre doenças infectocontagiosas nos contatos não familiares. REVISÃO DE SISTEMAS Segundo Bates (2005), Porto (2009), Lopez Medeiros (2004) e Swartz (2006), a revisão de sistemas é assim dividida: Estado geral • Modificação do peso • Astenia: fraqueza • Febre, se aferida e quanto • Calafrios • Sudorese: transpiração excessiva • Icterícia: coloração amarelada da pele, mucosas e esclera • Cianose: coloração azul-arroxeada da pele Pele 11 • Alterações na coloração • Lesões dermatológicas elementares (lesões, nódulos, feridas) • Alterações na textura • Umidade • Fâneros (condição geral): estruturas visíveis da pele como cabelos, pêlos e unhas Cabeça • Cefaleias frequentes • Traumas • Crises convulsivas • Síncopes ou tonturas Olhos e ouvidos • Perturbações visuais • Modificação na coloração da esclera • Displasia: anomalias/ alterações fisiológicas benignas das células de um tecido • Dor • Inflamações • Zumbido: perceber um som que não está sendo gerado no meio ambiente naquele momento • Surdez • Otorragia: perda de sangue pelo canal auditivo • Alterações na acuidade auditiva ou visual • Última consulta ao oftalmologista Nariz e seios paranasais • Rinorreia (secreção nasal – descrever aspecto: aquoso, purulento, sanguinolento) • Epistaxe: hemorragia nasal • Obstrução nasal • Resfriados frequentes • Espirros • Prurido • Dor na face (na região dos seios da face) • Hiposmia: diminuição do olfato • Cacosmia: sentir mau cheiro 12 Cavidade bucal • Estado de conservação dos dentes • Sangramentos • Uso de próteses • Aftas (lesões ulceradas na mucosa oral) • Halitose: mau hálito • Alterações na voz • Odinofagia: dor de garganta • Sialorreia: aumento na produção de saliva • Data da última consulta ao dentista Pescoço • Dor • Limitações dos movimentos • Aumento da tireioide • Tumorações Gânglios linfáticos • Dor • Aumento de tamanho (cervicais, supraclaviculares, axilares, inguinais, epitrocleanos) Mamas • Desenvolvimento • Mastalgia: dor mamária • Aparecimento de nódulos • Secreção mamilar • Cirurgia • Prática do autoexame Aparelho respiratório • Dor torácica e sua caracterização • Tosse • Dispneia: falta de ar • Escarro (cor e quantidade) • Hemoptise: eliminação de expectoração sanguinolenta através da tosse • Chiados no peito • Data do último RX e resultados 13 Aparelho cardiovascular • Desconforto pré-cordial • Palpitação • Bradicardia: diminuição da frequência cardíaca <60bpm • Taquicardia: aumento da frequência cardíaca>100bpm • Ortopneia: dificuldade respiratória (dispneia) que ocorre quando a pessoa está deitada, fazendo com que tenha que dormir elevada na cama • Dispneia paroxística noturna: dispneia que surge algum tempo após o adormecer, com a pessoa acordando bruscamente com forte sensação de sufocação tendo que levantar-se do leito • Edema: inchaço • Cianose: coloração azul-arroxeada da pele • Hipertensão arterial • Claudicação intermitente: sensação dolorosa, cãibra ou cansaço, percebido nos músculos da panturrilha, de um ou ambos os membros • Resultados de ECG anteriores ou outros exames cardíacos Aparelho digestório • Alterações do apetite • Intolerância alimentar • Anorexia • Disfagia: dificuldade para deglutir • Pirose: sensação de queimação retroesternal • Plenitude pós prandial (empachamento) • Eructações: expulsão de conteúdo gasoso do estômago/ arroto • Náuseas • Êmese: vômito • Hematêmese: vômito com sangue • Meteorismo: flatulência • Descrever o hábito intestinal quanto a periodicidade, forma das fezes, esforço evacuatório. Indagar se houve modificações neste hábito e há quanto tempo. Ritmo intestinal • Diarreia: consiste no aumento do número de evacuações e/ou a presença de fezes amolecidas ou até líquidas 14 • Tenesmo: sensação dolorosa na bexiga ou região anal, com desejo contínuo, mas quase inútil, de urinar ou de evacuar • Acolia: fezes sem cor • Melena: fezes pastosas de cor escura e cheiro fétido, sinal de presença de sangue nas fezes • Enterorragia: evacuação de sangue vermelho pelo ânus • Esteatorreia: fezes volumosas, acinzentadas ou claras, que geralmente são malcheirosas, flutuam na água e têm aparência oleosa, consequência da má absorção de gorduras • Prurido anal • Fissuras anais Aparelho urinário • Cólica renal • Polaciúria: aumento no número de micções • Nictúria: eliminação de urina à noite • Poliúria: aumento do volume de urina em 24 horas maior que 2,5 litros • Oligúria: diminuição do volume urinário • Urgências urinárias • Disúria: dor durante a micção • Jato urinário • Gotejamento • Incontinência: perda involuntária da urina pela uretra • Hematúria: presença de sangue na urina • Piúria: presença de pus na urina • Edema facial • Instrumentação urológica prévia Aparelho genital • Data da últimamenstruação (DUM) • Menarca duração irregular do ciclo • Fluxo alterado • Dismenorreia: menstruação difícil ou dolorosa • Menorragia: fluxo menstrual abundante • Metrorragia: sangramento vaginal anormal • Oligomenorreia: ciclo maior que 35 dias • Polimenorreia: ciclo menor que 21 dias 15 • Hipomenorreia: fluxo menor que dois dias • Hipermenorreia: fluxo maior que oito dias • Sangramento intermenstrual e pós-coito (sinusiorragia) • Leucorreias: corrimento vaginal • Tratamentos realizados • Cirurgias • Gestações • Tipos de parto • Abortamentos • Infecções • Uso de métodos contraceptivos • Menopausa Membros • Marcha • Nódulos • Varizes: são veias dilatadas, alongadas e tortuosas • Flebite: inflamação de vasos • Claudicação • Dor (óssea, muscular, radicular...) • Tremor • Cor • Parestesia • Micoses • Dor articular (artralgia) • Dor muscular (mialgia) • Edema • Flogose: sinais de inflamação - dor, rubor, calor, edema, perda de função • Pé plano • Fraturas • Câimbra • Atrofia muscular Dorso • Dor • Rigidez • Limitação de movimentos • Dor ciática 16 Sistema hematopoiético • Sangramentos (questionar sobre a origem e localização) • Anemia • Tipo sanguíneo • Transfusões • Discrasias sanguíneas: alteração sanguínea - leucopenia, agranulocitose ou anemia aplásica • Exposição a substâncias tóxicas e/ou radiação Sistema endócrino • Nutrição e crescimento • Tolerância ao calor e ao frio • Alterações de pele e fâneros • Relação apetite e peso • Nervosismo • Tremores • Polidipsia: sede em demasia • Polifagia: fome em demasia • Hirsutismo: crescimento excessivo de pelos na mulher • Caracteres sexuais secundários • Pigmentação: alteração da cor da pele por acúmulo de pigmentos Sistema nervoso • Síncope: desmaio • Perda da consciência: diminuição do estado mental • Convulsões: transtorno neurológico súbito e transitório • Crise de ausência: início súbito de alterações da consciência associada a olhar parado, interrupção abrupta das atividades (< 30 segundos) • Tontura: alucinação do movimento • Vertigem: sensação de movimento ou de rotação dos objetos ao seu redor • Alterações da fala • Estado emocional • Distúrbios de orientação • Distúrbios de memória • Alterações do sono • Tremores • Incoordenação de movimentos 17 • Paralisias: perda do movimento • Parestesia: perda da sensibilidade • Dor radicular: dor devido a compressão e/ou a inflamação de terminações nervosas Psiquiátrico • Atos conscientes • Atenção: processo cognitivo pelo qual o intelecto focaliza e seleciona estímulos, estabelecendo relação entre eles • Ideação: pensamentos recorrentes • Intelecto: função cognitiva • Humor: emoção mais persistente, que dá o tom da visão de mundo da pessoa • Emotividade • Vontade: capacidade de iniciativa • Realidade • Delírio: alucinação, loucura, visão • Depressão: distúrbio psiquiátrico afetivo, caracterizado por tristeza intensa e prolongada • Agitação: estado de despertar extremo, irritabilidade, ansiedade, estresse e tensão • Sono: estado ordinário de consciência • Vigia: estado de atenção • Esgotamento nervoso • Neuroses: reação exagerada do sistema emocional em relação a uma experiência vivida • Tratamentos psiquiátricos já usados ou em uso BIBLIOGRAFIA 1. BICKLEY, L.S.; HOELKELMAN, R.A. Bates Propedêutica Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 2. LÓPEZ, M.; LAURENTYS-MEDEIROS, J. Semiologia Médica: As bases do Diagnóstico Clínico. 6 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. 3. PORTO C. C. Semiologia Médica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 4. Swartz, Mark H. Tratado de Semiologia Médica. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 18 2 - Ectoscopia Yuri Martins Wrague Juliana Fiss Pothin Cezar Arthur Tavares Pinheiro Introdução: O exame físico pode ser dividido em duas etapas. A primeira constitui o que se costuma designar como exame físico geral, somatoscopia ou ectoscopia. Através dele são obtidos dados gerais, independentemente dos vários sistemas orgânicos ou segmentos corporais. É obtida, com isso, uma visão do paciente como um todo. A segunda etapa corresponde ao exame dos diferentes sistemas e aparelhos, com metodologia própria e que será estudada em capítulos subsequentes (PORTO, 2009). Sugerimos que seja obedecida a seguinte sequência no exame ectoscópico do paciente: Estado geral: É uma avaliação subjetiva baseada no conjunto de dados exibidos pelo doente e interpretados de acordo com a experiência de cada um. Em outras palavras: é o que apresenta o doente, visto em sua totalidade. Para descrever a impressão colhida, usa-se a seguinte nomenclatura: Bom Estado Geral, Regular Estado Geral, Ruim Estado Geral. A avaliação do estado geral tem utilidade prática, principalmente para se compreender até que ponto a doença atingiu o organismo visto como um todo (PORTO, 2009). Nível de consciência: Para avaliarmos o estado de consciência do paciente devemos observar os seguintes itens (PORTO, 2009).: Perceptividade: compreende a capacidade de responder a perguntas simples Reatividade: capacidade de reagir a estímulos inespecíficos Deglutição: observamos se o paciente deglute normalmente 19 Reflexos: realizamos as manobras de reflexos superficiais e profundos Para caracterizarmos o estado de coma utilizamos a escala de Glasgow (vide capítulo de neurologia). Fala e linguagem: O observador deve estar atento à fala e à linguagem do paciente. Classificam-se suas alterações, como se segue (PORTO, 2009).: Disfonia ou afonia: alteração do timbre da voz, causada por distúrbio no órgão fonador. Dislalia: alteração menor da fala, em que o paciente faz trocas de letras, por exemplo: igreja por “igleja”. Disartria: alteração dos músculos da fonação (ex: voz arrastada, voz baixa, monótona e lenta). Disfasia: perturbação da elaboração cortical da fala. Pode ser sensorial (paciente não compreende o que se diz a ele) ou motora (paciente entende o que se diz, mas não consegue se expressar), ou ainda do tipo misto. Estado de hidratação: São avaliados os seguintes parâmetros: • Alterações abruptas do peso • Alterações da pele quanto à umidade, à elasticidade e ao turgor (Figura 1.01) • Alterações das mucosas quanto à umidade • Fontanelas (nas crianças) • Alterações oculares • Estado geral Sinais e sintomas da desidratação: sede, perda abrupta de peso, enoftalmia, pele pouco elástica, mucosas secas, abatimento, fontanelas deprimidas, oligúria e estado geral comprometido. 20 Figura. 1.01: Manobra para avaliar turgor, umidade e elasticidade da pele Estado de nutrição: Deve ser sistematicamente avaliado lançando-se mão dos seguintes parâmetros (BICKLEY, 2005): • Peso • Musculatura • Panículo adiposo • Desenvolvimento físico • Estado geral • Pele, pelos e olhos Obesidade ou sobrepeso: Excesso de peso decorrente do acúmulo de gordura. Obs: Segundo a WHO (1995), o IMC é um método aplicado universalmente, barato, não invasivo, de simples utilização e constitui uma boa medida para avaliar o excesso de peso e a obesidade. Contudo, não diferencia a ampla variação na distribuição da gordura corporal (OMS, 2004). Resulta da razão entre o peso em quilogramas e o quadrado da altura em metros (kg/m2). A classificação para adultos, proposta pela WHO (1995) é a seguinte: <18,5kg/m2 – baixo peso; 18,5-24,9kg/m2 – peso normal; 25,0-29,9kg/m2 – pré-obesidade; 30,0-34,9kg/m2 – obesidade grau I; 35,0-39,9Kg/m2 – obesidade grau II; 40,0kg/ m2 – obesidade grau III (PORTO, 2009). Hiponutrição ou desnutrição: o peso está abaixo dos valores mínimos normais, a musculatura está hipotrófica e o panículo adiposo escasso. A pele torna-se seca e rugosa ao tato. A desnutrição protéica faz com que os cabelos mudem de cor e se 21 tornem finos, secos e quebradiços. Nos olhos observa-se ressequidão da conjuntiva, perda do reflexo à luz, faltaou diminuição das lágrimas. Segundo critério de Gomes, classificamos a desnutrição em: Desnutrição de primeiro grau: déficit de peso superior a 10% Desnutrição de segundo grau: déficit de peso superior a 25% Desnutrição de terceiro grau: déficit de peso superior a 40% Desenvolvimento físico: Para uma determinação exata requer um estudo antropométrico rigoroso. Contudo, na prática, avaliamos a altura e a estrutura somática. Os achados podem ser enquadrados nas seguintes alternativas (BICKLEY, 2005): •Desenvolvimento normal •Hiperdesenvolvimento: é praticamente sinônimo de gigantismo. Existem duas formas de gigantismo. No gigantismo infantil apresentam as extremidades inferiores muito longas. No gigantismo acromegálico, além da estatura elevada, a cabeça é maior, as arcadas supraorbitárias, os malares e o mento são proeminentes. Nariz aumentado de tamanho, pele grossa, mãos e pés enormes completam o quadro. •Hipodesenvolvimento: confunde-se com nanismo, todavia, não são coisas absolutamente iguais, havendo entre umas e outras diferenças de grau e qualidade. O nanismo se divide em quatro classificações: anão acondroplásico, que apresenta cabeça e tronco com dimensões aproximadas às do adulto normal, enquanto as pernas são curtas e arqueadas. A musculatura é bem desenvolvida e os órgãos genitais são normais. Anãos cretinos caracterizam-se pela falta de desenvolvimento de todas as partes do corpo. Salienta-se o ventre volumoso, os lábios e pálpebras são grossos, o nariz é chato, e a pele é grossa e seca. Os cretinos são sempre de baixo nível mental. Anão hipofisário, tem cabeça e tronco normalmente proporcionados, mas pequenos. Possuem os membros desproporcionalmente longos em relação ao resto do 22 corpo. Os órgãos genitais são hipodesenvolvidos. Estes indivíduos adquirem precocemente aspecto senil. Anão raquítico, depende fundamentalmente de mau desenvolvimento e deformidade da coluna e dos ossos longos. Observam-se ainda tórax cariniforme, rosário raquítico e outras anormalidades próprias do raquitismo. •Hábito grácil: constituição corporal frágil e delgada caracterizada por ossatura fina, musculatura pouco desenvolvida, juntamente com uma altura e um peso abaixo dos níveis normais. • Infantilismo: é a persistência anormal das características infantis na idade adulta. Fácies: Segundo Porto, 2009, as principais fácies anormais são: • Renal • Hipocrática • Leonina • Adenoidiana • Parkinsoniana • Basedowiana • Mixedematosa • Acromegálica • Cushingoide • Mongoloide • Depressão • Pseudobulbar • Paralisia facial • Miastênica • Deficiente mental • Etílica • Esclerodérmica Atitude e decúbito preferido: Definindo-se atitude como a posição adotada pelo paciente no leito ou fora dele, por comodidade, hábito ou com 23 objetivo de conseguir alívio para algum padecimento. Muitas classificações têm sido propostas, sendo que a mais objetiva separa as atitudes em voluntárias e involuntárias (BICKLEY, 2005). Atitudes voluntárias: Ortopnéica: permanece sentado na cama com os pés no chão ou numa banqueta e as mãos apoiadas no colchão para melhorar um pouco a respiração, que se faz com dificuldade (Figura 1.02). Figura 1.02: Paciente em ortopnéia Genupeitoral: o doente fica de joelhos com tronco fletido sobre as coxas, enquanto a face anterior do tórax põe-se em contato com o solo ou colchão (usada nos casos de derrame pericárdico). Cócoras: traz alívio da hipóxia generalizada (Figura 1.03). Parkinsoniana: semiflexão da cabeça, tronco e membros inferiores e, ao caminhar, parece estar correndo atrás do seu próprio eixo de gravidade. 24 Figura 1.03: Paciente se posicionando em cócoras Atitude em decúbito: Decúbito lateral: o paciente se deita sobre o lado da dor. Decúbito dorsal: com pernas fletidas sobre as coxas e estas sobre a bacia. Decúbito ventral: paciente deita-se de bruços e, às vezes, coloca um travesseiro debaixo do ventre. Atitudes involuntárias: Passivo: paciente fica na posição em que é colocado no leito. Ortótono: o tronco e os membros estão rígidos. Opstótono: o corpo passa a se apoiar na cabeça e nos calcanhares, emborcando-se como um arco. Emprostótono: o contrário do opstótono. Pleurostótono: o corpo se curva lateralmente. Posição em gatilho: hiperextensão da cabeça, flexão das pernas sobre as coxas e encurvamento do tronco com concavidade para diante. Torcicolo e mão pendular: na paralisia radial. 25 Mucosas: As facilmente examináveis a olho nu são: as conjuntivais, labiobucal, lingual e gengival. Os seguintes parâmetros devem ser analisados (LÓPEZ, 2004; PORTO, 2009): Coloração: Normal: róseo-avermelhada. Hipocoradal: descoramento das mucosas. Quantifica-se em cruzes (de 1 cruz a 4 cruzes). Pode indicar anemia. Hipercoradas: a tonalidade pode passar a ser vermelho- arroxeada e pode indicar inflamação. Cianose: coloração azulada das mucosas. Icterícia: as mucosas tornam-se amarelas ou amarelo- esverdeadas. Umidade: Revela o estado de hidratação, as mucosas secas adquirem características inconfundíveis: perdem o brilho, os lábios e a língua ficam pardacentos, e todas estas mucosas adquirem aspecto ressequido (Figura 1.04). Figura 1.04: Avaliação da coloração e da umidade das mucosas Presença de lesões Pele Na ectoscopia dermatológica analisamos 10 itens (PORTO, 2009): • Coloração • Umidade • Textura • Espessura 26 • Temperatura • Turgor • Elasticidade • Mobilidade • Sensibilidade • Lesões elementares Vide capítulo de dermatologia para melhores explicações. Musculatura: Na ectoscopia do tecido muscular avalia-se através da inspeção e palpação, a tonicidade e a troficidade muscular. A tonicidade é o estado de semicontração própria do músculo normal e a troficidade corresponde à massa do próprio músculo (BICKLEY, 2005). Inspeção: observa-se o relevo das massas musculares mais volumosas. Semiotécnica da palpação: a palpação é feita com as polpas digitais colocadas em forma de pinça, com o polegar em oponência aos demais dedos da mão. Palpa-se o músculo em repouso e após em contração (Figura 1.05). Sistematização semiológica: 1- Quanto à troficidade: • Musculatura normal • Musculatura hipotrófica • Musculatura hipertrófica 2- Quanto à tonicidade: Tônus normal Hipertonicidade: nota-se um estado de contração ou semicontração do músculo, mesmo em repouso, evidenciado pelo relevo muscular e aumento da consistência à palpação. Hipotonicidade: o tônus está diminuído ou ausente, com perda do contorno da massa muscular e diminuição da consistência. 27 Figura 1.05: Palpação do músculo em repouso e após em contração Movimentos involuntários ou hipercinesias: Alguns movimentos involuntários são constantes, enquanto outros ocorrem periodicamente ou em crises. Segundo Porto, 2009, os principais são: Tremores: movimentos alternantes, rápidos e regulares, de pequena ou média amplitude, que afetam principalmente as partes distais dos membros. Para avaliação solicita-se que o paciente estenda as mãos com as palmas voltadas para baixo e os dedos separados. 28 Movimentos coréicos: são movimentos involuntários, amplos, desordenados, de ocorrência inesperada e arrítmicos, multiformes e sem finalidade. Se localizam principalmente na face nos membros. Movimentos atetósicos: involuntários, ocorrem nas extremidades, lentos e estereotipados lembrando um movimento reforme ou os movimentos dos tentáculos do polvo. Podem ser uni ou bilaterais. Hemibalismo: movimentos abruptos, violentos, de grande amplitude, rápidos e geralmente limitados a uma metade do corpo. Mioclonias: contrações musculares breves, rítmicas ou arrítmicas, localizadas ou difusas que acometem um músculo ou um grupo muscular. Mioquinias: contrações fibrilares de tipo ondulatório que surgem em músculos íntegros, principalmente no orbicular daspálpebras, quadríceps e gêmeos. Asterix: movimentos rápidos de amplitude variável, nos segmentos distais e têm certa semelhança com o bater de asas das aves. Para avaliação, o paciente estende os braços e superestende as mãos de modo a formar um ângulo de quase 90° com o antebraço. O médico força para trás as mãos do paciente. Tiques: movimentos involuntários, aparecem em determinado grupo muscular repetindo-se sucessivamente. Convulsões: movimentos musculares incoordenados, involuntários e paroxísticos, que ocorrem de maneira generalizada ou em apenas alguns segmentos do corpo. Existem três tipos de convulsões fundamentais: as tônicas, as clônicas e as tônico-clônicas. Tetania: caracteriza-se por crises exclusivamente tônicas quase sempre localizadas nas mãos e pés, por isso denominadas de “espasmos carpo podais”. Fasciculações: contrações breves, arrítmicas e limitadas a um feixe muscular. Exame dos linfonodos: Semiotécnica: o exame dos linfonodos se faz mediante inspeção e palpação (PORTO, 2009). Palpação: é realizada com as polpas digitais e a face ventral dos dedos médio, indicador e anular (Figura 1.06). 29 Figura 1.06: Palpação dos linfonodos cervicais Sistematização da investigação semiológica: • Localização • Tamanho ou volume • Consistência • Mobilidade • Sensibilidade • Alterações da pele circunjacente. Veias superficiais: É importante avaliar: trajeto, calibre, estado da parede, estado da pele circunjacente, direção do fluxo sanguíneo, sensibilidade, presença de frêmito e sopro. É importante também avaliar a presença de circulação colateral. A qual significa a presença de circuito venoso anormal visível ao exame da pele. Indica a dificuldade ou o impedimento do fluxo venoso através dos troncos venosos principais. Aplica-se a técnica para verificação da direção do fluxo sanguíneo: comprime-se a veia a ser analisada com as polpas digitais dos dois indicadores um ao lado do outro e que vão afastando-se lentamente até atingir 5 - 10 cm um do outro. Após retira-se um dos dedos procurando-se observar o reenchimento daquele segmento venoso. Repete-se a manobra agora descomprimindo a outra extremidade e verificando se houve enchimento do vaso. A manobra deve ser repetida 2 ou 3 vezes 30 para não deixar dúvidas e, ao terminá-la, o examinador estará em condições de saber em que sentido corre o sangue. Conhecidas a localização e a direção do fluxo, podem ser caracterizados quatro tipos fundamentais de circulação colateral: tipo braquiocefálica, tipo cava superior, tipo porta e tipo cava inferior (PORTO, 2009). Edema: Semiotécnica: com a polpa digital do polegar ou do indicador, faz-se uma compressão, firme e sustentada, de encontro a uma estrutura rígida subjacente à área em exame, seja a tíbia (Figura 1.07), o sacro ou os ossos da face. E observa-se uma fóvea. Através dessa fóvea analisamos: Localização: localizado ou generalizado Intensidade: refere-se à profundidade da fóvea graduada em cruzes (de 1+ a 4+) Consistência: • Edema Mole: retenção hídrica de duração não muito longa; facilmente depreciável • Edema Duro: traduz existência de proliferação fibroblástica; longa duração Elasticidade: • Edema Elástico: a pele volta rápido para o lugar quando comprimido; típico de edema inflamatório • Edema Inelástico: a pele custa a voltar ao normal. Temperatura da pele circunjacente: • Normal: a mais frequente no edema • Quente: edema inflamatório • Fria: traduz comprometimento da irrigação sanguínea Sensibilidade da pele circunjacente: • Edema Doloroso: edema inflamatório • Edema Indolor Outras alterações da pele circunjacente: • Mudança de coloração: palidez, cianose ou vermelhidão • Textura e espessura: lisa e brilhante que acompanha edema recente e intenso, espessa que aparece em edema 31 de longa duração e enrugada quando o edema está sendo eliminado (PORTO, 2009). Figura 1.07: Avaliação de edema pré-tibial Temperatura corporal: A temperatura corporal é verificada por intermédio do termômetro clínico graduado em graus Celsius (°C). A temperatura corporal pode apresentar variações na dependência do local onde será procedida a sua mensuração. Desse modo ele pode ser: axilar, oral, retal, timpânico arterial pulmonar, esofágica, nasofaríingeana e nasovesical (PORTO, 2009). Semiotécnica: Axilar: aceita-se valores entre 35,5 - 37,0°C. Para sua medição é necessário a higiene da axila e do termômetro, evitando-se a presença de umidade no local tíbia (Figura 1.08). No Brasil este local é o mais utilizado. 32 Figura 1.08: Aferição de temperatura axilar Oral: aceita-se valores entre 36 - 37,4°C. A mensuração é feita pela colocação do termômetro na região sublingual. Antes do procedimento é preciso certificar-se que o paciente não ingeriu alimentos quentes ou frios. Além disso, durante a verificação a respiração deve ser feita exclusivamente pelo nariz. Retal: Aceita-se valores entre 36 - 37,5°C. A aferição é feita pela colocação do termômetro na ampola retal. Neste caso, há uma diferença anatômica no termômetro, visto que seu bulbo é redondo. Sinal de Lenander: a temperatura retal ultrapassa a axilar em 1°C. Febre: significa temperatura corporal acima da faixa da normalidade. Síndrome febril: além da elevação da temperatura, ocorrem vários outros sinais e sintomas, cujo aparecimento e intensidade variam em relação direta com a magnitude da hipertermia, destacando-se a astenia, a inapetência cefaleia, a taquicardia, a taquipneia, a taquisfigmia, a oligúria dor no corpo, calafrios, a sudorese, náuseas, vômitos, delírio, confusão mental e até convulsões. Características semiológicas da febre: Devem ser analisados: Início: pode ser súbito ou gradual; 33 Intensidade: utiliza-se a seguinte classificação feita pelo Porto: - Leve: <37,5°C; - Moderada: 37,5 - 38,5°C; - Alta: >38,5°C Duração: tem-se procurado estabelecer um conceito de febre prolongada. Usamo-lo quando a febre permanece por mais de 10 dias tendo ou não caráter continuo. Evolução: só se poderá saber o modo de evolução da febre pela análise de um quadro térmico. Gráfico ou quadro térmico: é o registro da temperatura em uma tabela, dividida no mínimo em dias. Unem-se por uma linha os valores da temperatura. Fica inscrita a curva térmica do paciente. Por classificação, descrevem-se os seguintes tipos evolutivos de febre: Contínua: aquela que permanece sempre acima do normal, com variações de até 1°C e sem grandes oscilações. Ex: febre tifoide e pneumonia. Irregular ou séptica: registram-se picos muitos altos intercalados por temperaturas baixas ou períodos de apirexia. Não há qualquer caráter cíclico nestas variações. Mostram-se totalmente imprevisíveis e são bem evidenciadas quando se fazem as tomadas da temperatura várias vezes ao dia. Ex: típico da septicemia. Remitente: há hipertermia diária com variações de mais de 1°C e sem períodos de apirexia. Intermitente: neste tipo a hipertermia é clinicamente interrompida por um período de temperatura normal. Por vezes, o período de apirexia dura 2 dias. A primeira se denomina cotidiana; a segunda terçã; a última quartã. Ex: febre terçã da malária. Recorrente ou ondulante: caracteriza-se por um período de temperatura normal que dura dias ou semanas, até que seja interrompido por períodos de temperatura elevada. Hipotermia: diminuição da produção de calor ou aumento da sua perda. Corresponde à hipotermia temperatura corporal abaixo de 35,5°C na região axilar. 34 É considerada: - Leve 32,0 - 35°C; - Moderada: 30,0 - 32,0°C; - Grave: <30,0°C. O exame físico de um paciente com hipotermia fica bastante prejudicado. A pele encontra-se em geral, seca, fria e pálida, podendo ocorrer edema. Em temperaturas extremamente baixas, as áreas superficiais podem congelar o que ocorre principalmentenos pavilhões auriculares e nos dedos das mãos e nos pés (PORTO, 2009). Postura e atitude na posição de pé: Podemos classificar a postura da seguinte maneira: boa postura, postura sofrível, má postura (LÓPEZ, 2004). As afecções da coluna costumam acompanhar-se de alterações da posição, cabendo neste ponto referências à cifose (alteração da forma da coluna dorsal com concavidade anterior, vulgarmente designada “corcunda”.), lordose (cervical ou lombar, é o encurvamento da coluna vertebral, formando concavidade para trás) e escoliose (desvio lateral da coluna em qualquer segmento vertebral, sendo mais frequente na coluna lombar ou lombo dorsal). Vide capitulo de Ortopedia para melhores explicações. Biótipo ou tipo morfológico: É o conjunto de características morfológicas apresentadas pelo individuo. Classificam-se: Longilíneo: pescoço longo e delgado, tórax afilado e chato, membros alongados em franco predomínio sobre o tronco, musculatura delgada e panículo adiposo pouco desenvolvido e tem tendência à estatura elevada. (ângulo de charpy menor que 90°) Mediolíneo: equilíbrio entre os membros e o tronco, desenvolvimento harmônico da musculatura e do panículo adiposo. (ângulo de charpy entorno de 90°) Brevelíneo: pescoço curto e grosso, tórax alargado e volumoso, membros curtos em relação ao tronco, musculatura desenvolvida e panículo adiposo espesso, tendência em ter baixa estatura. (ângulo de charpy maior que 90°) (LÓPEZ, 2004) 35 Marcha: Deve ser analisado solicitando-se ao paciente que caminhe certa distância, descalço, de preferência com calção, com olhos abertos e fechados, indo e voltando sob a observação do examinador. Segundo Porto, 2009, os tipos de marcha anormal mais característicos são: Marcha elicópode, ceifante ou hemiplégica: ao andar, o paciente mantém o membro superior fletido em 90° no cotovelo e em adução e a mão fechada em leve pronação. O membro inferior do mesmo lado é espástico e o joelho não flexiona. Devido a isso, a perna tem que se arrastar pelo chão, descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. Lembra o movimento de uma foice em ação. Marcha anserina ou do pato: para caminhar, o paciente, acentua a lordose lombar e vai inclinando o tronco ora para a direita, ora para a esquerda, alternadamente, lembrando o andar de um pato. Marcha parkinsoniana: o doente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento automático dos braços. A cabeça permanece inclinada para frente e os passos são miúdos e rápidos dando a impressão de que vai cair para frente. Marcha cerebelar ou de ébrio: o doente ziguezagueia como um bêbado. Marcha tabética: o paciente mantém o olhar fixo no chão; os membros inferiores são levantados abrupta e explosivamente e, ao serem recolocados no chão, os calcanhares tocam o solo pesadamente. Com os olhos fechados a marcha piora acentuadamente ou se torna impossível. Marcha de pequenos passos: paciente dá passos muito curtos e, ao caminhar, arrasta os pés como se estivesse dançando. Marcha vestibular: apresenta lateropulsão quando anda; é como se fosse empurrado para o lado quando tenta se mover em linha reta. Marcha escarvante: ao tentar caminhar toca com a ponta do pé no solo e tropeça. Para evitar, levanta acentuadamente o membro inferior, lembrando o “passo de ganso” dos soldados prussianos. Marcha claudicante: ao caminhar, o paciente manca para um dos lados. 36 Marcha em tesoura ou espástica: os dois membros inferiores enrijecidos e espásticos permanecem semifletidos, os pés se arrastam e as pernas se cruzam uma na frente da outra quando o paciente tenta caminhar. Vide capitulo de Neurologia para melhores explicações. BIBLIOGRAFIA 1. BICKLEY, L.S.; HOELKELMAN, R.A. Bates Propedêutica Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 2. LÓPEZ, M.; LAURENTYS-MEDEIROS, J. Semiologia Médica: As bases do Diagnóstico Clínico. 6 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. 3. PORTO C. C. Semiologia Médica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 37 3 - Semiologia dermatológica Taniela Marli Bes Hiram Laranjeira de Almeida Júnior PELE Para uma adequada avaliação da pele é necessário conhecimento das técnicas semiológicas, assim como, iluminação adequada e desnudamento da região a ser examinada. Existem alguns elementos básicos que devem ser considerados no exame dermatológico, os quais são: coloração, integridade, umidade, textura, espessura, temperatura, elasticidade, mobilidade, turgor, sensibilidade e distribuição das lesões (PORTO 2009). ALTERAÇÕES DA COLORAÇÃO A avaliação da coloração cutânea depende da cor de cada paciente. Em pacientes de cor branca ou pardo claros uma coloração rosada é o aspecto normal. Já em pacientes de coloração cutânea mais escura é difícil avaliar algumas variações da mesma. É importante sempre comparar regiões homólogas para reconhecer diferenças segmentares. 1. Palidez: ocorre atenuação ou desaparecimento da coloração rosácea. Em indivíduos de cor negra só se consegue constatar palidez nas palmas e plantas. Pode ser localizada ou generalizada. A generalizada pode ser por vasoconstrição, de origem neurogênica ou hormonal, ou por redução verdadeira das hemácias. Já a palidez localizada tem na isquemia a causa principal (SAMPAIO, 2008). 2. Eritema ou vermelhidão: coloração rósea aumentada por maior vascularização devido à vasodilatação (Figura 2.01). Pode ser generalizada ou localizada. A generalizada ocorre em quadros febris, policitêmicos, exposição solar crônica ou em pacientes com doenças que acometam a pele em sua totalidade, sendo nesses casos denominada eritrodermia. A vermelhidão localizada pode ser fugaz quando provém de um fenômeno vasomotor ou duradoura, como em processos inflamatórios (PORTO, 2009). 38 Figura 2.01: Máculas eritematosas no dorso da mão em caso de erisipelóide. Essas lesões são denominadas máculas ou manchas eritematosas. Quando por aumento do número de vasos na pele devem ser classificadas como manchas angiomatosas 3. Cianose: coloração azulada da pele que se manifesta quando a hemoglobina reduzida está superior a 5g/100ml. As áreas cianóticas são melhor visualizadas nos lábios, no ápice nasal, nos lóbulos da orelha, no leito ungueal e na polpa digital. Quanto à intensidade é classificada em leve, moderada e intensa. Pode ser localizada ou generalizada. A localizada ocorre devido à obstrução venosa (PORTO, 2009). 4. Icterícia: coloração amarelada da pele, da mucosa e das escleras resultante do acúmulo de bilirrubinas no sangue devido a hepatopatologias e lesões obstrutivas em vias biliares extra-hepáticas (HARRISON, 2009). 5. Alterações melânicas: o aumento de melanina caracteriza-se por máculas amarronadas, sendo descritas como manchas ou máculas hipercrômicas. A diminuição de melanina deve ser descrita como mancha hipocrômica e a ausência de melanina (Figura 2.02), típica do vitiligo, é uma mancha acrômica (AZULAY, 2011). 39 Figura 2.02: Acromia secundária à lesão de lúpus, com algumas áreas eritematosas 6. Púrpuras: são lesões por extravasamento de sangue na pele e diferenciam-se do eritema por não sumirem à digitopressão (PORTO, 2009). Quando puntiformes são denominadas petéquias (Figura 2.03). Figura 2.03: Petéquias 40 UMIDADE Para avaliar a umidade deve-se palpar a pele com as polpas digitais. A pele pode estar com umidade normal, seca, com umidade aumentada ou sudorética (PORTO, 2009). ESPESSURA Para avaliar a espessura da pele faz-se pinçamento de uma dobra cutânea com os dedos indicador e polegar, sem incluir tecido subcutâneo na prega, podendo constatar pele de espessura normal, pele atrófica ou pele hipertrófica (PORTO, 2009). TEMPERATURA Para avaliar a temperatura da pele usa-se a face dorsal da mão e dos dedos e sempre se compara com o lado homólogo, pois diferenças de temperatura em regiões homólogas têm significado semiológico importante,podem indicar distúrbios circulatórios. Na avaliação pode-se encontrar temperatura normal, aumentada ou diminuída (PORTO, 2009). ELASTICIDADE E MOBILIDADE Ambas devem ser analisadas simultaneamente. Elasticidade é a propriedade que o tegumento tem de se estender e retornar à posição inicial quando tracionado e mobilidade é sua capacidade de movimentar-se sobre planos profundos. Deve-se pinçar uma prega cutânea com polegar e indicador e deslizá-la em todas as direções. Assim pode-se encontrar elasticidade normal, pele hipo ou hiperelástica e mobilidade normal, reduzida ou aumentada (PORTO, 2009). TURGOR Para avaliar turgor pinça-se com polegar e indicador uma prega de pele com tecido subcutâneo. Julga-se turgor normal quando a prega se desfaz rapidamente, o que indica pele hidratada (PORTO, 2009). SENSIBILIDADE Deve-se avaliar sensibilidade dolorosa, tátil e térmica. Semiotecnicamente se avalia sensibilidade dolorosa tocando com a ponta de uma agulha na área, tátil fazendo leve ficção com uma 41 mecha de algodão e a térmica com dois tubos de ensaio, um com água fria e outro com água quente (PORTO, 2009). ALTERAÇÕES DO RELEVO OU LESÕES ELEMENTARES SÓLIDAS Pápula: é uma lesão sólida elevada com menos de 1cm de diâmetro (Figura 2.04). Lesões maiores devem ser descritas como placas papulosas (PORTO, 2009). Figura 2.04: Pápulas hipercrômicas Nódulo: é uma lesão sólida mais palpável que visível (Figura 2.05). Figura 2.05: Nódulos subcutâneos 42 Urtica: são formações eritêmato-edematosas, de forma variável e sempre fugazes. Queratose: modificação da espessura da pele, que a torna mais consistente, dura e inelástica devido ao espessamento da camada córnea. Ex: calo. Vegetação: lesões sólidas e salientes, com superfície em couve-flor; quando rica em queratina deve ser descrita como verrucosidade. Liquenificação: espessamento da pele com acentuação das linhas naturais. Edema: pele lisa e brilhante devido ao acúmulo de líquido no espaço intersticial (PORTO, 2009). LESÕES ELEMENTARES LÍQUIDAS Vesícula: lesão pequena, com conteúdo liquido, geralmente translúcido, medindo menos de 1 cm de diâmetro. Bolha: lesão elevada, com conteúdo líquido, medindo mais que 1 cm de diâmetro, pode ter conteúdo hialino ou hemorrágico (Figura 2.06). Figura 2.06: Bolha hemorrágica Pústula: é uma vesícula ou bolha com conteúdo purulento. Abscessos: são coleções purulentas circunscritas e proeminentes. São flutuantes, de localização subcutânea ou hipodérmica e podem ser de tamanhos variáveis. Abscessos 43 podem ser classificados em frios e quentes, sendo este designado na presença de sinais flogísticos (PORTO, 2009). LESÕES ELEMENTARES POR PERDA TECIDUAL Erosão: ocorre com a perda do epitélio sem perda da derme (Figura 2.07). Quando traumática é chamada de escoriação. Figura 2.07: Erosões submamárias em caso de pênfigo vulgar Úlcera: perda de estruturas que compõem a epiderme e parte da derme adjacente. A ulceração, ao oposto da erosão, deixa cicatriz. Fissuras: são perdas teciduais lineares, superficiais ou profundas, sem intervenção de instrumentos cortantes. Costumam localizar-se em dobras cutâneas ou próximas a orifícios naturais. Fístulas: são pertuitos cutâneos que fazem conexão com focos de supuração e fazem com que o conteúdo possa fluir. Escamas ou descamações: são lâminas epidérmicas secas que se desprendem (descamação lamelar) devido ao acúmulo de extrato córneo. Quando têm aspecto farináceo, são denominadas de descamação furfurácea. Crosta: é formada a partir dos ressecamentos de exudatos líquidos que recobrem uma área cutânea previamente lesada. Pode ser amarelada (serosa ou melissérica), com pus (purulenta) ou avermelhada (sanguinolenta). Escara: porção de tecido cutâneo necrótico. A área se torna escura, insensível e é separada do tecido hígido por um sulco (SAMPAIO, 2008). 44 ALTERAÇÕES NA TEXTURA DA PELE Para avaliar textura deslizam-se as polpas digitais sobre a superfície cutânea Atrofia: adelgaçamento de pele, o que a torna fina, lisa, translúcida e pregueada (Figura 2.08). Pode ser fisiológica (senil). Figura 2.08: Lesões atróficas lineares (estrias) por uso de corticoide tópico potente Cicatriz: é a reposição de tecido destruído pela proliferação de tecido fibroso subjacente. Podem ter tamanho, forma e coloração variáveis, dependendo da lesão primária e das características do paciente. Fibrose ou esclerose: aumento da consistência da pele (Figura 2.09), a qual pode estar aderida a planos profundos (PORTO, 2009). 45 Figura 2.09: Placa esclerótica no dorso do pé em caso de esclodermia localizada FÂNEROS CABELOS e PÊLOS No exame dos cabelos e pêlos deve-se avaliar o tipo de implantação, pois varia de acordo com o sexo e as alterações endócrinas, a distribuição, a quantidade, a coloração, assim como o brilho, a espessura e a consistência. O aumento e a diminuição dos mesmos são descritos como hiper ou hipotricose (Figura 2.10). O termo alopecia também é utilizado para descrever sua diminuição ou ausência (PORTO, 2009). 46 Figura 2.10: Hipotricose de sobrancelha e cílios em enfermidade genética UNHAS São placas queratinizadas, se originam na matriz, que é área esbranquiçada em meia-lua (lúnula) vista melhor no polegar. No exame semiológico das unhas deve-se avaliar configuração, forma de implantação, espessura, superfície, consistência, brilho e coloração. Os seguintes termos devem ser utilizados na descrição das alterações: paquioníquia (espessamento da lâmina ungueal); onicólise (descolamento da lâmina ungueal); paroníquia (edema periungueal); leuconíquia e melanoníquia para aspecto esbranquiçado e escuro respectivamente (PORTO, 2009). BIBLIOGRAFIA 1. AZULAY R. D.; AZULAY D. R. Dermatologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 2. BRAUNWALD, E.; FAUCI, A.S.; KASPER, D. L. et al. Harrison: Princípios de Medicina Interna. 17. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009. 3. PORTO C. C. Semiologia Médica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 4. SAMPAIO, A.P.P.; RIVITTI, E.A. Dermatologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Artes Médicas, 2008. 47 4 - Cabeça e pescoço José Camilo de Souza Junior Marco André Feracin Cezar Arthur Tavares Pinheiro A semiologia da cabeça e do pescoço é a parte essencial no exame clínico do paciente, visto que alterações nessa região podem ser fruto de doença local ou manifestação de doença sistêmica (PORTO, 2009). 1 - Cabeça: A sequência do exame sempre começará pela inspeção, onde é necessária a avaliação da pele, sobre distribuições de pêlos, presença de simetria, cicatrizes, tumorações, ulcerações, pigmentações, entre outros. Deve-se ter em mente uma ordem de avaliação por partes, a qual está disposta adiante. CRÂNIO Na inspeção e exame físico do crânio devemos observar: Forma: Dolicocéfalo: a largura é menor que o comprimento Mesocéfalo: medidas semelhantes Braquicéfalo: a largura é maior que o comprimento Tamanho: Microcefalia: é uma condição neurológica em que o tamanho da cabeça é menor do que o tamanho considerado ideal para a idade do lactente e/ou criança. Macrocefalia: é uma condição neurológica em que o tamanho da cabeça é maior do que o tamanho típico para a idade do lactente e/ou criança. 48 Posição: Torcicolo: inclinação lateral da cabeça devido ao enrijecimento dos músculos do pescoço, tornando o movimento limitado e doloroso. Pode ser congênito ou adquirido. Movimentos: Tiques: movimentos involuntários, súbitos e repetitivos, que envolvem um determinado grupo de músculos. Coréicos: movimentos involuntários e descoordenados dos membros dos músculos da face. Tremores: movimento oscilatório, ritmado, mais ou menos regular, produzido por contrações alternadas ou irregulares, porem sincrônicas, de músculos antagonistas. Palpação do crânio: Procurar por abaulamento ou retrações,pontos dolorosos, estado das fontanelas ou tumores do couro cabeludo ou ósseo. Cabelo: Verifique quantidade, implantação e distribuição, textura e padrão de perda, se houver. Couro cabeludo: Verifique se há descamações, protuberâncias, abaulamentos ou retrações. Também é importante delimitar as suturas e a presença de áreas de sensibilidade aumentadas, nervos ou outras lesões. FACE Conforme Bickley (2005), a inspeção da face é realizada a partir do momento em que o paciente entra no consultório. Devemos observar a cor da pele, se há ou não a presença de palidez, icterícia ou cianose, sinais importantes e que podem indicar outras patologias, a textura, a espessura e a presença de lesões. Queda das sobrancelhas podem estar presente na sífilis, na hanseníase e o hipotireoidismo. 49 Infecções: Erisipela: infecção cutânea provocada geralmente por bactérias, causando usualmente eritema, edema e dor. Herpes Zoster: é uma virose de incidência rara e que provoca afecções na pele. Fácies: é a expressão facial do indivíduo e que, por suas características, pode lembrar determinadas doenças. Atípica – fácies normal, não lembra nenhuma doença Acromegalia – aspecto grotesco; proeminência dos ossos frontais e malares; há acentuado desenvolvimento da mandíbula (prognatismo acentuado = proeminência da mandíbula [maxilar inferior]), há crescimento excessivo das partes moles distais do corpo (onde existem condroblastos, há crescimento), principalmente extremidades; causado por adenoma de hipófise produtor de TSH. Mixedematosa: observa-se intumescimento difuso (infiltração edematosa) do rosto, pálpebras semicerradas, tornando os olhos pequenos; lábios grossos, boca semiaberta com macroglossia; pele pálida e seca, supercílios escassos; madarose (queda dos supercílios nos terços externos); a alteração da pele é o sinal que chama mais atenção - observa-se uma tumefação difusa, lembrando uma almofada (diferente do edema comum, não cede à pressão digital), principalmente na face e dorso das mãos; a pele do rosto é amarelada, com poucos pêlos, rosto com expressão sonolenta, causada pelo hipotireoidismo. Síndrome de Cushing: devido à hiperfunção do córtex adrenal e que causa face de “lua cheia”, acne, hirsutismo, obesidade centrípeta, gibosidade, estrias violáceas no abdome. Hipocrática: característica das caquexias com expressão de sofrimento. Síndrome renal: edema acentuada das pálpebras, bilateral, frequentemente pior pela manhã. Tetânica: contração involuntária da musculatura facial com trismo (fechamento involuntário dos dentes) formando o “sorriso sardônico”. Mongoloide: prega epicântica, ponte nasal baixa, orelhas de implantação baixa e micrognatismo que caracterizam a fácies da Síndrome de Down. 50 Parkinsonismo: representada por uma fisionomia inexpressiva, mímica facial diminuída; olhar parado, vago e fixo; imobilidade palpebral e elevação dos supercílios; cabeça um pouco inclinada para frente; esse conjunto dá a impressão de uma figura de máscara: “fácies de máscara”. Fácies leonina ou lepromatosa: nas fases avançadas da lepra lepromatosa; infiltração da pele - o rosto é deformado pelos múltiplos tubérculos, face com rugas rígidas, principalmente ao nível das regiões malares, aletas nasais, fronte e mento, há também madarose e possivelmente ausência de parte do lábio, do nariz ou da orelha. Fácies de paralisia facial: evidente assimetria do rosto, desvio da comissura labial para o lado são (paralisia dos músculos antagônicos), aumento da fenda palpebral e desaparecimento dos sulcos faciais do lado paralisado; na paralisia facial periférica, o doente não consegue enrugar a testa do lado lesado por comprometimento do nervo facial superior, o que não ocorre na paralisia central. A configuração e a expressão facial podem prestar grande auxílio ao diagnóstico clínico. Seria interminável citar todas as fácies descritas. Consideramos unicamente as clássicas e as devidas a processos gerais e sistêmicos (BICKLEY, 2005). Paralisia facial: Avaliar a simetria da face (paralisia do VII par craniano), através de manobras que testam a mímica facial, solicitando ao paciente para fechar os olhos, enrugar a testa, expor os dentes e a língua. Com isso há possibilidade de diferenciar a paralisia periférica da paralisia central. Sinais da paralisia muscular: • Hemiface ipsilateral sem prega nasolabial (queda do canto da boca) • Sinal de Bell: a paralisia facial de Bell é uma paralisia facial periférica, ou seja, acomete o nervo facial depois de ele já ter deixado o cérebro. • Ausência de rugas ou pregas ao redor dos olhos • Canto da boca retrai para o lado oposto ao sorrir • Baba saliva pelo canto da boca paralisado • Lacerações na mucosa oral do lado paralisado • Olho seco com irritação corneana 51 Paralisia Facial Periférica: Alterações (Figura 3.01): 1 - O olho não se fecha, o globo ocular gira para cima 2 - A comissura nasolabial fica retificada 3 - A testa não enruga e a sobrancelha não se eleva 4 - Há paralisia da porção inferior da face 5 - O olho fecha, às vezes com discreta paresia 6 - A comissura nasolabial fica retificada 7 - A testa enruga e as sobrancelhas se elevam 8 - Há paralisia da porção inferior da face Figura 3.01: Paralisia Facial Periférica e Paralisia Facial Central OLHO O exame dos olhos pode ser iniciado com a inspeção das pálpebras à procura de alterações como edema uni ou bilateral, lesões como xantelasma (placas amareladas na região medial das pálpebras causadas por depósitos de colesterol na hipercolesterolemia), ptose (queda da pálpebra superior), 52 exoftalmia, ectrópio (borda da pálpebra inferior voltada para fora), entrópio (borda voltada para dentro), terçol ou hordéolo (inflamação aguda do folículo piloso e um cílio) e o chalázio (inflamação crônica da glândula meiboniana). Na inspeção da pálpebra, observara a cor, a presença de edema, a posição relativamente aos glóbulos oculares e a adequação do fechamento palpebral (BICKLEY, 2005). Região periocular: Cílios: Triquíase: quando se encontram virados para dentro Madarose: perda ou queda dos cílios Poliose: cílios brancos Globo ocular: Exoftalmia: é a protuberância do olho anteriormente, para fora da órbita Enoftalmia: é o afundamento do globo ocular, para dentro da órbita Nistagmo: oscilações rítmicas repetidas e involuntárias de um ou ambos os olhos Estrabismo convergente: desvio de um dos olhos para dentro Estrabismo divergente: desvio de um dos olhos para fora Sobrancelhas: inspecione as sobrancelhas, registrando quantidade e distribuição dos pêlos, bem como, a presença de qualquer descamação na pele subjacente. Pupilas: Forma: arredondada ou levemente ovalada Localização: central Tamanho: variável de acordo com claridade do ambiente: • Miose: pupila contraída • Midríase: pupila dilatada • Anisocoria: pupilas de tamanhos diferentes Reflexos: Fotomotor: é o reflexo que nos permitirá avaliar a contração pupilar. Peça ao paciente que olhe para um ponto distante e 53 ilumine obliquamente cada uma das pupilas com uma luz forte; verifique: reação direta – constrição pupilar no mesmo olho e reação consensual – constrição pupilar no olho oposto ao estímulo luminoso. Se a reação à luz estiver comprometida ou for duvidosa, teste a reação à aproximação de objetos com uma iluminação ambiente normal. Teste um olho por vez, o que facilita a observação das reações pupilares sem a distorção provocada por movimentos extraoculares. Segure um lápis ou mantenha o seu dedo a cerca de 10 cm do olho do paciente. Peça ao paciente para olhar, alternadamente, para o lápis ou o seu dedo e para um objeto distante diretamente atrás dele. Observe a presença de constrição pupilar associada ao esforço de focalizar objetos próximos. Acomodação: convergência: ao aproximar um objeto luminoso há a contração das pupilas e convergência dos globos oculares. Motilidade:Paralisia orbicular: lagoftalmia (VII par) – sinal de Bell Paralisia do elevador da pálpebra superior: ptose (III par) Paralisia músculo tarsal de Müler: ptose (simpático) Movimentação ocular: depende da ação coordenada de seis músculos divididos em dois grupos, os retos e os oblíquos. Retos: inferior (III par), superior (III par), lateral (VI par) e medial (III par) Oblíquos: inferior (III par) e superior (IV par) O exame para testar a motricidade ocular e verificar a integridade dos III, IV e VI pares cranianos é o teste da bandeira inglesa. O exame é feito solicitando ao paciente que acompanhe o movimento da caneta ou dedo apenas com os olhos, sem mover a cabeça. Com a caneta a uma distância de aproximadamente 60 cm do rosto do paciente, deve-se imitar o desenho da bandeira inglesa (Figuras 3.01 e 3.02). Figura 3.02: Bandeira inglesa 54 Figura 3.03: Bandeira inglesa, execução Estudo da acuidade visual: a acuidade visual é testada em cada olho separadamente, ocluindo o olho que não está sendo avaliado. O método mais usado é o da carta ou quadrado de Snellen, que deve ficar a uma distância de 6 metros do paciente. Esta carta apresenta letras de diferentes tamanhos sendo possível determinar a melhor acuidade visual. O método para identificar a acuidade visual para perto é a tabela de Jaegger, a distância ideal para leitura desta tabela é de 33 cm (BICKLEY, 2005). Diminuição da acuidade visual: ambliopia Abolição da acuidade visual: amaurose Vícios de refração: ametropias (miopia, hipermetropia, presbiopia e astigmatismo) Estudo do campo visual: hemianopsias, amaurose. Campos visuais por confrontação: inicie com os campos temporais. Posicione à frente do paciente e solicite-o que olhe nos seus olhos e em seguida com os braços abduzidos na altura dos ouvidos do paciente, comece a aduzir lentamente, oriente-o a apontar o momento que visualizar seus dedos. Devem-se testar também os campos superiores e inferiores, movimentando os dedos acima da cabeça do paciente e abaixo desta de forma lenta em direção central até o paciente referir enxergá-los. É importante realizar este teste avaliando cada olho de forma independente, para isso pode-se pedir ao paciente que oclua um dos olhos com a mão enquanto testamos o outro olho (Figura 3.04). 55 Figura 3.04: Campos visuais por confrontação Aparelho lacrimal: inspecione sucintamente as regiões das glândulas e do saco lacrimal quanto à presença de edema. Investigar a presença de lacrimejamento excessivo ou ressecamento ocular. Conjuntiva e esclerótica: peça ao paciente para olhar para cima enquanto você comprime suas duas pálpebras inferiores com os polegares, expondo a esclerótica e a conjuntiva. Inspecione a esclerótica e a conjuntiva palpebral, verificando cor e registrando o padrão vascular observado sob o fundo branco da esclerótica. Pesquise nódulos ou edemas. Caso você precise de uma visão global do olho, coloque o polegar e o indicador, respectivamente, sob os ossos da bochecha e da sobrancelha e afaste bem as pálpebras. Peça ao paciente que olhe para a direita, para a esquerda e para baixo. Esta técnica proporciona uma boa visualização da esclerótica e da conjuntiva bulbar, mas não da conjuntiva palpebral superior. Para isso, é necessário everter a pálpebra (Figura 3.05). 56 Figura 3.05: Exame da conjuntiva e da esclerótica Córnea e cristalino: com uma iluminação oblíqua, pesquise nas córneas dos dois olhos a presença de opacificação, registrando aquelas observadas no cristalino visualizadas através da pupila. Íris: inspecione as duas íris ao mesmo tempo. As marcações devem estar claramente definidas. Teste de convergência: peça para o paciente que acompanhe o seu dedo ou o lápis enquanto você o desloca na direção do nariz dele. Os olhos convergentes normalmente acompanham o objeto até 5 cm a 8 cm do nariz (Figura 3.06). Figura 3.06: Teste da convergência Exame oftalmoscópico (fundo de olho): Segundo Bickley (2005), o exame oftalmoscópio é de grande importância devido à ampla gama de doenças que afetam o olho, causando alterações que podem ser visualizadas através deste procedimento. Para uma melhor visualização do fundo de 57 olho, escureça o recinto. Gire o disco de lente para 0 dioptria (a dioptria é a unidade que mede o poder de uma lente para convergir ou divergir luz). Nessa dioptria, a lente nem converge nem diverge a luz. Mantenha o dedo na margem do disco da lente, para que possa girar o disco e focalizar a lente para examinar o fundo de olho. Peça ao paciente para olhar para um ponto fixo. A cerca de 40 cm deste e a um ângulo de aproximadamente 15º lateralmente a sua linha de visão, ilumine a pupila com o feixe luminoso do oftalmoscópio, observe o reflexo vermelho e desloque o aparelho e o rosto até se aproximar bem da pupila (Figura 3.07). Através dela observa-se o fundo de olho onde devemos analisar o disco óptico ou papila, a retina, os vasos retinianos e a mácula (Figura 3.08). Etapas para o exame do disco óptico e da retina: primeiramente, localize o disco óptico. Procure a estrutura redonda amarelo- alaranjada situada na parte nasal da retina. Se, de início, você não conseguir observá-la, siga o vaso sanguíneo no sentido central até conseguir. Inspecione o disco óptico: • A claridade ou nitidez do contorno do disco • A coloração do disco • O tamanho da escavação fisiológica central, se existir • A presença de pulsações venosas • A simetria comparativa dos olhos e achados do fundo de olho Inspecione a retina: inclusive artérias e veias que se dirigem para a periferia, cruzamentos arteriovenosos, a fóvea e a mácula. Diferencie artérias e veias com base nas características listadas abaixo: Cor: Artérias: vermelho-claro Veias: vermelho-escuro Tamanho: Artérias: menor Veias: maior 58 Reflexo luminoso: Artérias: intenso Veias: irrelevante ou ausente Figura 3.07: Posição para o exame de fundo de olho Figura 3.08: Imagem de um fundo de olho e exemplo de cruzamento de uma artéria sobre uma veia Os números da Figura 3.08 correspondem a: 1 – Artéria 2 – Veia 3 – Disco óptico 4 – Escavação fisiológica 59 Finalmente, direcione o feixe de luz lateralmente ou solicite ao paciente para olhar diretamente para a luz e inspecione a fóvea e a mácula circundante. Exceto em pessoas idosas, um minúsculo reflexo no centro da fóvea irá ajudá-lo a se orientar. Reflexos luminosos brilhantes são comuns na região macular de jovens. NARIZ: Conforme Porto (2009), o exame do nariz é realizado basicamente pela inspeção e pela rinoscopia anterior e posterior. À inspeção devemos analisar a forma, o tamanho, a cor, as movimentações das asas do nariz nas insuficiências respiratórias e nas pneumonias graves e o sentido do olfato. Pesquise a presença de assimetrias ou deformidades nasais que podem ser próprias ou não patológicas ou patológicas como as traumáticas, a acromegalia, tumores, entre outras. Algumas patologias apresentam alterações características no nariz como por exemplo: • Nariz em sela na sífilis • No LES coloração avermelhada pelo eritema escamoso nos malares e no nariz • Rinofima no alcoolismo • Avermelhado na acne rosácea • Azulado na cianose Inspecione a parte interna do nariz, com um otoscópio, usando o maior espéculo otológico disponível. Incline a cabeça do paciente um pouco para trás e introduza o espéculo delicadamente no vestíbulo de cada narina, evitando o contato com o septo, que é mais sensível. Deve-se inspecionar a mucosa nasal, o septo nasal e verificar a presença ou não de anormalidade como úlceras ou pólipos. Rinoscopia posterior: deve ser realizada por especialista por ser um exame de grande dificuldade técnica e que necessita de anestesia. Seios paranasais: o exame é feito palpando-se com os polegares diretamente sobre os seios frontais e maxilares, verificando a existência ou não de dor. Aperte a parte ósseadas sobrancelhas, de cima para baixo (cuidado com os olhos), para 60 palpar os seios frontais. Em seguida, aperte os seios maxilares, de baixo para cima (Figura 3.09). Figura 3.09: Exame dos seios paranasais OUVIDO: Quanto à inspeção e ao exame físico do ouvido, devem-se observar deformidades, aumento ou diminuição de uma ou ambas, orelhas supranumerárias, presença de nódulos úricos, tumores malignos (epiteliomas), cistos sebáceos e hematomas (BICKLEY, 2005). Conduto auditivo externo: é avaliado pela otoscopia, feita através de um otoscópio. Audição: pode ser de dois tipos – por via aérea ou óssea. A via aérea, que analisa a audição neurossensorial dura o dobro, em tempo, da audição por via óssea. Existem dois tipos de surdez – por lesão na cóclea ou por obstrução do conduto auditivo externo. Para avaliação existem dois testes – de Rinne e de Weber. Canal auditivo e tímpano: para retificar o canal auditivo, segure firme e delicadamente o pavilhão auricular, tracione-o para cima e para trás, afastando-o um pouco da cabeça. Introduza o espéculo delicadamente no canal auditivo, direcionando um pouco para baixo e para frente (Figura 3.10). Inspecione o canal auditivo, registrando presença de secreção, corpos estranhos, vermelhidão da pele ou edema. Inspecione o tímpano, registrando sua coloração e seu contorno. Identifique o cabo do martelo, 61 observando sua posição, e inspecione o processo curto do martelo. Figura 3.10: otoscopia Acuidade auditiva: para avaliar a audição examine um ouvido de cada vez. Peça ao paciente que tampe um dos ouvidos com o dedo. Em seguida, a uma distancia de 30 a 60 cm do paciente, expire totalmente e cochiche suavemente na direção do ouvido não ocluído. Se necessário, aumente o tom de sua voz até um cochicho de média intensidade, um cochicho forte e, em seguida, um tom de voz baixo, médio e alto. Para garantir que o paciente não lerá os seus lábios, cubra a boca e obstrua a visão do paciente (LÓPEZ, 2004). Condução aérea e óssea: introduza uma discreta vibração no diapasão. Teste de lateralização (Weber): apoie a base do diapasão em suave vibração firmemente no topo da cabeça do paciente ou no meio da sua testa (Figura 3.11). Pergunte onde ele escuta o som: se em um ou nos dois lados. Normalmente, o som é escutado na linha média ou nos dois ouvidos. Se o paciente nada ouvir, tente novamente, aplicando uma compressão um pouco mais firme do diapasão sobre a cabeça. Na perda auditiva unilateral de condução, o som é percebido lateralmente ao ouvido comprometido. Na perda sensorineural unilateral, o som é percebido no ouvido íntegro. 62 Figura 3.11: Teste de lateralização (Weber) Teste de Rinne: compare a condução aérea (CA) e a condução óssea (CO). Coloque a base do diapasão em suave vibração sobre o osso mastoide, por trás da orelha e no mesmo nível que o canal auditivo (Figura 3.12). Quando o paciente deixar de ouvir o som, aproxime o diapasão rapidamente do canal auditivo e verifique se o paciente volta a escutá-lo. Normalmente, o som é escutado mais tempo quando é conduzido através do ar do que através do osso (CA > CO). Na perda auditiva de condução, o som é percebido através do osso por um intervalo tão ou mais longo do que o som conduzido pelo ar (CO = CA ou CO > CA). Na perda auditiva sensorineural, o som é ouvido por mais tempo através do ar (CA > CO) (BICKLEY, 2005). Figura 3.12: Teste de Rinne 63 BOCA E FARINGE Exame físico: de acordo com Porto (2009), verificar se há prótese total, retirá-la para exame da mucosa subjacente. Mucosa edemaciada e vermelho brilhante sugerem ferida causada pela prótese. Podem ocorrer espessamento ou infiltrações teciduais sugestivas de malignidade. (3) Com o paciente de boca aberta e a língua colocada para fora, com um abaixador de língua visualizar a orofaringe. Examine os pilares anteriores e os posteriores, as amígdalas, a úvula e a faringe posterior. Com uma espátula testar o IX e o X pares cranianos. Procure notar sua coloração, sua simetria e ver se não há exsudato, edema, ulceração ou hipertrofia das amígdalas. Examinar os lábios: avaliar coloração, umidade, existência de nódulos, ulcerações ou rachaduras. Mucosa oral: examine a boca do paciente e, com ajuda de uma boa iluminação e um abaixador de língua, pesquise a coloração da mucosa oral e a presença de úlceras, placas esbranquiçadas e nódulos (Figura 3.13). Figura 3.13: Exame da cavidade oral Gengiva e dentes: note a coloração das gengivas, que geralmente é rosada. A pigmentação segmentar é comum em pessoas negras, porém pode também aparecer em outras pessoas. Inspecione a borda das gengivas e as papilas interdentárias, pesquisando a presença de edema ou ulcerações. Inspecione os dentes (BICKLEY, 2005). Céu da boca: inspecione a cor e a arquitetura do palato duto. 64 Língua e assoalho da boca: peça ao paciente que coloque a língua para fora e verifique a sua simetria. Esta manobra serve para testar o nervo hipoglosso (XII par). Observe a coloração e a textura da língua. Inspecione os lados e a superfície inferior da língua e do assoalho da boca, regiões onde o câncer é mais frequente (Figura 3.14). Figura 3.14: Exame da língua Faringe: peça ao paciente que abra a boca novamente, desta vez sem colocar a língua para fora, e solicite a ele diga “ah” ou boceje. Este gesto permite uma boa visualização da faringe. Se isso não for possível, comprima firmemente, com o abaixador de língua, a região média da língua arqueada. Simultaneamente, peça ao paciente que diga “ah” ou boceje. Observe a elevação do palato mole – este é um teste para o X par craniano (nervo vago). Examine o palato mole, os pilares anteriores e posteriores, a úvula, as amígdalas e a faringe posterior. Observe coloração e a simetria, bem como, a existência de exsudatos, edema, ulcerações ou hipertrofia amigdaliana. 2 - Pescoço: INTRODUÇÃO O pescoço normalmente é cilíndrico e de contorno regular sem abaulamento ou retrações. Sua posição fisiológica é mediana e acompanha o grande eixo da coluna. A mobilidade 65 deve ser livre e indolor, e os batimentos arteriais são rítmicos, fortes, amplos, com movimentos de expansão e retração (PORTO, 2009). Exame físico: Inspecione o pescoço, verificando simetria e presença de massas ou cicatrizes. Pesquise aumento de glândulas e gânglios visíveis. Avalie forma e volume, aumento da tireoide, linfonodos, parótidas, tumorações (Figura 3.15). Quanto à posição pode ser normal/mediana, seguindo eixo da coluna. Pode haver alterações como torcicolo, afecções da coluna cervical (fraturas, luxações). Quanto à movimentação pode ser ativa e passiva, com flexão, extensão, rotação, lateralização. Localizar e comparar batimentos arteriais e venosos, os pulsos carotídeos e venosos. Figura 3.15: Exemplo de aumento da tireóide caracterizando bócio Palpação de linfonodos: para palpar linfonodos deve-se expor o pescoço por completo, o médico se posiciona à frente ou atrás do paciente e deve estar atento para não confundir com estruturas da região (parótidas e glândulas salivares). A palpação se dá através das polpas digitais e face ventral dos dedos médio, indicador e anular. Observar tamanho, formato, delimitação, consistência e hipersensibilidade dos gânglios (Figura 3.16). 66 Figura 3.16: Palpação de linfonodos Linfonodos a serem palpados (Figura 3.17): 1. Pré-auriculares: à frente da orelha 2. Auriculares posteriores: sobre o processo mastoide 3. Occipitais: na base do crânio 4. Amigdalianos: ângulo da mandíbula 5. Submandibulares: entre o ângulo e a ponta da mandíbula 6. Submentonianos: na linha média, um pouco atrás da ponta da mandíbula 7. Cervicais superficiais: superficiais aos esternomastoideos 8. Cervicais posteriores: borda anterior do trapézio 9. Cervicais profundos: profundamente ao esternomastoideo 10. Supraclaviculares: entre a clavícula e o esternomastoideo
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