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ANÁLISE FILME DAENS

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CONTEXTO HISTÓRICO-ECONÔMICO E SOCIAL
O filme descreve a história de Adolf Daens (Jan Decleir), um padre belga que se transfere para a cidade de Aalst, na Bélgica, no final do século XIX. Ao chegar lá, se depara com a infâmia em que a população local era submetida durante o processo de industrialização. O século XIX é marcado pelo fortalecimento do sistema de produção capitalista, que teve início com o término do sistema feudal. Com o início desse novo sistema econômico o mundo do trabalho enfrentou demasiada transformações, pois alterou as condições de vida do trabalhador que antes só trabalhava no campo. 
Esse mesmo século foi marcado também pela Revolução Industrial, que causou um grande avanço tecnológico – visto que há uma transição da produção artesanal para a maquinaria, e científica. A população se deslocou do meio rural para as cidades, causando enormes concentrações urbanas, principalmente nos arredores das fábricas. 
O que se podia observar eram as péssimas condições de vida desses operários onde vendiam seu único bem – sua força de trabalho, com jornadas exaustivas de até 16 horas de trabalho e salários insignificantes, em locais insalubres, onde devido a divisão social do trabalho, esses operários repetiam os mesmos movimentos nas máquinas sem pausas. Como não havia leis e garantias trabalhistas, ocorria margens para que houvesse abusos dos patrões – assédio moral e sexual.
Mesmo com a intensa jornada de trabalho e um mísero salário, a elite decide combinar o mesmo valor salarial e utiliza-se do método de sistema salarial escocês, que consiste em 3 (três) operários para 4 (quatro) máquinas, e empregar apenas mulheres e crianças, já que assim, o pagamento do salário se reduziria a metade, que ocasionaria um grande aumento nos lucros. Cresce então o número de mulheres e crianças nas fábricas, inclusive de mulheres com crianças de colo.
PRINCIPAIS PERSONAGENS
Como já citado no decorrer dessa análise, Adolf Daens é um padre que se transfere para a cidade de Aalst que ao observar a condição de vida miserável dos operários, se junta a eles na luta por melhores condições de vida e trabalho. Ao chegar na cidade, Daens se instala na casa de seu irmão, Pieter Daens ( Wim Meuwissen), que é dono do jornal local – “O Operário”, que por meio deste, Adolf publica um artigo titulado como “Chega de crianças mortas em Aalst”, onde ele denuncia toda a exploração de trabalho infantil nas fábricas têxtil após presenciar a morte da menina Nini, que depois de ser expulsa da fábrica morreu de frio. A mesma não tinha amparo familiar, era humilhada e subjugada por estar grávida.
Nesse mesmo artigo, Daens citou que “crianças morrem de frio diante a fábrica de roupas para os ricos”. Posteriormente à publicação desse artigo, a classe dominante se revolta diante do conteúdo da matéria e vão contactar Charles Woeste (Gérard Desarthe), que é presidente do partido católico e defensor dos interesses da burguesia no parlamento. Diante disso é feita uma reunião onde o dono da fábrica têxtil Eugene Borremans (Idwig Stephane) aparenta ser o mais insatisfeito e busca reduzir o salário dos operários. Em virtude do artigo publicado é atraído para a cidade um comitê que irá realizar a investigação da presença dessas crianças na citada indústria de tecidos, onde o contramestre Schmitti (Johan Leysen) as mantém trancadas em um armário. 
Com a chegada do comitê a fábrica de tecidos, Nette Scholliens (Antje de Boeck) tenta alertá-los sobre as crianças presas no armário, mas eles não entendem sua língua Flamenga – o que já é um segundo problema durante a trama, que na Bélgica utilizavam o idioma francês e flamengo. Foi também Nette que esteve à frente da primeira manifestação, logo após a morte de uma criança que tinha como função pegar as lãs que estavam no chão das fábricas.
Com as reclamações geradas pelo artigo de Daens, Woeste vai em busca do Monsenhor Goossens (Alex Wilequet), Bispo da Igreja Católica, que permitia ser influenciado pelos interesses da burguesia e adiante, segue perseguindo Daens, logo transferindo-o de Aalst para Roma por alguns dias.
INSTITUIÇÕES SOCIAIS
No filme a Igreja Católica é exibida como uma instituição que está ciente de todos os problemas de pauperização sofridos pelos operários e suas famílias. A Igreja tinha a missão de doutrinar a massa operária para o bom andamento do sistema, mas antagonicamente, via-se forçada a seguir suas doutrinas pelo bem estar social de todos. O que se torna mais explícito no filme é a separação dos ricos e dos pobres em lados opostos durante a celebração da missa. A Igreja compactuava com a classe dominante para conter qualquer propagação dos ideais socialistas.
O socialismo buscava transformações sociais que entre elas estão a distribuição de renda equilibrada e a extinção de classes sociais, o que de forma alguma foi aceita pela burguesia. Os socialistas instigavam o povo às mudanças e lutas pelos direitos, através de jornais. Apesar de negarem a fé cristã, os socialistas se uniram ao padre Daens, e com isso enfraqueciam a influência da Igreja perante a população.
CONFLITO CENTRAL DO ENREDO
O filme relata as consequências trazidas pelo sistema econômico imposto – o capitalista. Com a chegada desse novo sistema, a burguesia juntamente com a Igreja se tornara a classe dominante, e os trabalhadores, a classe dominada. Onde para a burguesia somente os interessavam o lucro, e com isso, podia se observar a dura realidade de vida dos operários que trabalhavam por cerca de 16 horas a custa de míseros 1,40 francos. Para aumentar ainda mais seus lucros, a burguesia empregou somente mulheres e crianças, pois recebem apenas metade do valor de um salário.
Padre Daens se revolta ao presenciar os problemas vividos pelos operários, e se une a eles na luta por melhores condições de vida e por seus direitos trabalhistas, utilizando-se de publicações de artigos no jornal do seu irmão, onde incita a população a lutar contra as injustiças no qual estavam sendo submetidos. Situação essa que não é recebida da melhor forma pelos burgueses que iniciam estratégias para calar o discurso do padre Daens. 
Por Daens fazer parte da Igreja Católica, ele se mantinha em condição delicada entre a sua fé e sua conscientização política. Visto que a Igreja enxergava os abusos acometidos nas fábricas, porém, condescendiam com a burguesia.
Em âmbito político, sob uma grande pressão popular, foi aprovado o sufrágio universal para maiores de 25 anos. Sendo assim, para representar e defender os interesses da população, Daens se candidata a uma vaga no Parlamento belga, pelo Partido Social Cristão.
Bastante incomodados com as atitudes do padre, a burguesia articula formas de repressão para o agora eleito parlamentar Daens, levando o caso das atitudes do mesmo para ser julgado pelo Papa Leão XIII, no Vaticano. Assim, o padre parlamentar volta de seu encontro com o Papa com a ordem de afastamento dos socialistas para que Daens não seja o causador da divisão do Partido Católico. Mas diante disso, o padre resolve prosseguir sua luta em defesa da população.
DESFECHO / MENSAGEM DA TRAMA
O filme trás a tona a condição paupérrima da vida dos operários imposta pelo sistema capitalista e a burguesia, juntamente da Igreja conservadora, onde de um lado é possível observar os capitalistas dispostos a retirar o máximo de lucro da força de trabalhos desses operários – homens, mulheres e crianças, que sofriam fome, violência física e sexual nas fábricas têxtil. Realidade essa que perdura nos dias atuais no mundo inteiro. Essa realidade coagiu Daens a várias reflexões, fazendo com que ele se colocasse disposto a confrontar a classe dominante. Mas que para isso ele teria que enfrentar a burguesia e todos seus interesses e ganâncias.
 O padre parlamentar Daes, após prosseguir com a luta pela melhoria de vida e dos direitos dos trabalhadores, segue suspenso das suas ocupações sacerdotais. 
É retratado durante todo o filme as condições de trabalho, o conflito entre burguesia e proletariado – capitalistas e trabalhadores,os ideais socialistas que negavam a fé cristã e enfraqueciam sua influência, a luta pelo sufrágio universal, entre outros problemas bastante comuns em nossa atualidade.

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