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LEPTOSPIROSE Profa. Ms. Alessandra Bezerra Doença infecciosa febril de início abrupto, cujo espectro clínico pode variar desde um processo inaparente até formas graves. Sinonímia: Doença de Weil, síndrome de Weil, febre dos pântanos, febre dos arrozais, febre outonal, doença dos porqueiros, tifo canino e outras, embora sejam termos evitados por serem passíveis de confusão. Agente etiológico: Bactéria helicoidal (espiroqueta) aeróbica obrigatória do gênero Leptospira Animais sinantrópicos domésticos e selvagens. Os principais são os roedores das espécies Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto) e Mus musculus (camundongo ou catita). Esses animais não desenvolvem a doença quando infectados e albergam a leptospira nos rins, eliminando-a viva no meio ambiente e contaminando água, solo e alimentos. O R. norvegicus é o principal portador do sorotipo mais patogênicos para o homem. Outros reservatórios são caninos, suínos, bovinos, equinos, ovinos e caprinos. O homem é apenas hospedeiro acidental e terminal, dentro da cadeia de transmissão. Modo de transmissão A infecção humana resulta da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados. Penetração do microrganismo através da pele com presença de lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de mucosas. Transmissão possível - rara: contato com sangue, tecidos e órgãos de animais infectados; transmissão acidental em laboratórios; e ingestão de água ou alimentos contaminados. A transmissão pessoa a pessoa é rara, mas pode ocorrer pelo contato com urina, sangue, secreções e tecidos de pessoas infectadas. Período de incubação Varia de 1 a 30 dias. Período de transmissibilidade Os animais infectados podem eliminar a leptospira através da urina durante meses, anos ou por toda a vida, segundo a espécie animal e o sorovar envolvido. Suscetibilidade e imunidade A suscetibilidade é geral. A imunidade adquirida pós-infecção é sorovar-específica Um mesmo indivíduo pode apresentar a doença mais de uma vez se o agente etiológico de cada episódio pertencer a um sorovar diferente do(s) anterior(es). Manifestações clínicas Variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros clínicos graves, associados a manifestações fulminantes. Fase precoce (fase leptospirêmica) Fase tardia (fase imune) Costuma ser diagnosticada como uma "síndrome gripal", "virose" Fase precoce Instalação abrupta de febre - comumente acompanhada de cefaleia, mialgia, anorexia, náuseas e vômitos Podem ocorrer diarreia, artralgia, hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular, exantema e tosse. A leptospirose é associada à intensa mialgia - região lombar e nas panturrilhas. Tende a ser autolimitada e regride entre 3 e 7 dias sem deixar sequelas. Sufusão conjuntival (30% dos pacientes) - hiperemia e edema da conjuntiva ao longo das fissuras palpebrais Corresponde de 85 a 90% das formas clínicas - poucos casos são identificados e notificados nessa fase da doença, em decorrência das dificuldades inerentes ao diagnóstico clínico e à confirmação laboratorial. Com a progressão da doença, os pacientes também podem desenvolver petéquias e hemorragias conjuntivais. Em menos de 20% dos casos - podem ocorrer hepatomegalia, esplenomegalia e linfadenopatia. Tonalidade alaranjada muito intensa Aparece entre o 3º e o 7º dia da doença Auxilia no diagnóstico da leptospirose - Pior prognóstico devido a sua associação com essa síndrome. Tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica e, ocasionalmente, dor torácica e cianose. A hemoptise franca indica extrema gravidade e pode ocorrer de forma súbita, levando à insuficiência respiratória e a óbito. Fase tardia Em 15% dos pacientes com leptospirose, ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que se iniciam após a primeira semana da doença, mas podem aparecer mais cedo, especialmente em pacientes com apresentações fulminantes. A manifestação clássica da leptospirose grave é a síndrome de Weil - Tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. A síndrome de hemorragia pulmonar - lesão pulmonar aguda e sangramento pulmonar maciço. As manifestações graves da leptospirose, como hemorragia pulmonar e insuficiência renal, podem ocorrer em pacientes anictéricos. Comprometimento pulmonar da leptospirose Letalidade geral nos casos de leptospirose notificados no Brasil é de 10% Letalidade nos pacientes que desenvolvem hemorragia pulmonar é maior que 50%. Complicações Insuficiência renal aguda - 16 a 40% dos pacientes. Encefalite, paralisias, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, síndrome de Guillain-Barré e mielite. Miocardite; pancreatite; anemia; e distúrbios neurológicos (confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação meníngea). Em alguns casos, porém, os níveis de anticorpos permanecem elevados por vários meses. Convalescença e sequelas Astenia e anemia podem ser observadas. A convalescença dura de 1 a 2 meses, período no qual podem persistir febre, cefaleia, mialgias e mal-estar geral por alguns dias. A icterícia desaparece lentamente, podendo durar por semanas. Os níveis de anticorpos, detectados pelos testes sorológicos, diminuem progressivamente; A leptospirúria pode continuar por semanas/meses após o desaparecimento dos sintomas. Diagnóstico laboratorial Exames específicos Na fase precoce, as leptospiras podem ser visualizadas no sangue por meio de exame direto - cultura em meios apropriados A cultura finaliza-se (positiva ou negativa) após algumas semanas, o que garante apenas um diagnóstico retrospectivo. Na fase tardia, as leptospiras podem ser encontradas na urina, cultivadas ou inoculadas. Os mais utilizados são o ensaio imunoenzimático (ELISA-IgM) e a microaglutinação (MAT). Exames inespecíficos Exames iniciais e de seguimento Hemograma e bioquímica (ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, TGO, TGP, gama glutamil transferase (GGT), fosfatase alcalina (FA), creatinoquinase (CPK), Na+ e K+) Se necessário, também devem ser solicitados radiografia de tórax, eletrocardiograma (ECG) e gasometria arterial. Na fase inicial da doença, as alterações laboratoriais podem ser inespecíficas. Tratamento Hospitalização imediata dos casos graves, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. Nos casos leves, o atendimento é ambulatorial Vigilância epidemiológica Objetivos: Reduzir a letalidade da doença. Monitorar a ocorrência de casos e surtos. Identificar os sorovares circulantes. ATENDIMENTO AO PACIENTE COM SUSPEITA DE LEPTOSPIROSE Caso suspeito de leptospirose Indivíduo com febre, cefaleia e mialgia, que apresente pelo menos um dos seguintes critérios: Critério 1: antecedentes epidemiológicos sugestivos nos 30 dias anteriores à data de início dos sintomas: • exposição a enchentes, alagamentos, lama ou coleções hídricas • exposição a esgoto, fossas, lixo e entulho • atividades que envolvam risco ocupacional (coleta de lixo e de material para reciclagem, limpeza de córregos, trabalho em água ou esgoto, manejo de animais, agricultura em áreas alagadas) • vínculo epidemiológico com um caso confirmado por critério laboratorial • residir ou trabalhar em áreas de risco para a leptospirose Critério 2: pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: • icterícia • aumento de bilirrubinas • sufusão conjuntival • fenômeno hemorrágico • sinais de insuficiência renal aguda. Anamnese História da doença atual Cronologia de sinais e sintomas Registrar dados referentes a atendimento ou hospitalização anterior recente, incluindo as datas de início dos sintomas, de atendimento e/ou internação. Pesquisa de sinais de alerta Epidemiologia Perguntar sobre antecedentes epidemiológicossugestivos da doença nos últimos 30 dias anteriores ao início dos sintomas (situação de risco, ocupação do paciente), registrando a data e o endereço do local provável de infecção e a ocorrência de casos anteriores de leptospirose humana ou animal. Exame físico • Exame físico geral • sinais vitais: PA, FC, FR e temperatura • observar o estado de hidratação • observar sangramentos • avaliar diurese • avaliar o nível de consciência • investigar a presença de icterícia Dependendo da gravidade do caso, os SSVV deverão ser monitorados a cada 3 horas INDICAÇÕES PARA INTERNAÇÃO HOSPITALAR A presença de um ou mais sinais clínicos de alerta listados a seguir indicam a possibilidade de gravidade do quadro clínico e sugerem a necessidade de internação hospitalar. 1) Se o paciente apresentar 1 ou mais dos sinais de alerta, deve-se indicar a internação, iniciar a antibioticoterapia e as medidas de suporte direcionadas para os órgãos-alvo acometidos (pulmões e rins). 2) Os pacientes que não apresentarem sinais de alerta poderão ser tratados ambulatorialmente. A antibioticoterapia é indicada sempre que há suspeita do diagnóstico de leptospirose. 3) Os pacientes que não apresentarem sinais de alerta deverão ser orientados quanto à hidratação, uso de sintomáticos e busca por atendimento médico para reavaliação após 24 a 72 horas, ou retorno, a qualquer momento, se constatarem o aparecimento de sinais de alerta ou piora do quadro clínico. Quimioprofilaxia para leptospirose Qualquer indivíduo que entrou em contato com a água ou lama das enchentes é passível de se infectar e manifestar sintomas da doença - não há indicação técnica para a realização da quimioprofilaxia contra a leptospirose Esta tem indicação apenas quando um grupo pequeno e bem identificado é exposto a uma situação de risco. Na situação atualmente encontrada nas áreas com ocorrência de enchentes, as medidas a serem adotadas são as seguintes: Divulgar ações de proteção entre a população vulnerável Manter vigilância ativa para identificação oportuna de casos suspeitos de leptospirose; tendo em vista que o período de incubação da doença pode ser de 1 a 30 dias Notificar imediatamente todo caso suspeito da doença Realizar tratamento oportuno dos casos suspeitos. A vacina só está disponível para ser aplicada em animais. Mesmo assim, embora evite que fiquem doentes, não impede que sejam infectados pela Leptospira nem que transmitam a bactéria pela urina. Raiva Antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus presente na saliva e secreções do animal infectado, principalmente pela mordedura e lambedura. Caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda que apresenta letalidade de aproximadamente 100%. Encefalite rábica e hidrofobia. Agente etiológico O vírus rábico pertence à família Rhabdoviridae e gênero Lyssavirus. No Brasil, foram encontradas 7 variantes antigênicas Modo de transmissão Penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas. O vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e, posteriormente, o sistema nervoso central. A partir daí, dissemina-se para vários órgãos e glândulas salivares, onde também se replica, sendo eliminado pela saliva das pessoas ou animais enfermos. Reservatório Brasil - caninos e felinos constituem as principais fontes de infecção nas áreas urbanas. Os quirópteros (morcegos) são os responsáveis pela manutenção da cadeia silvestre, entretanto, outros mamíferos, como canídeos silvestres (raposas e cachorro do mato), felídeos silvestres (gatos do mato), outros carnívoros silvestres (jaritatacas, mão pelada), marsupiais (gambás e saruês) e primatas (saguis), também apresentam importância epidemiológica nos ciclos enzoóticos da raiva. Na zona rural, a doença afeta animais de produção, como bovinos, equinos e outros. Apenas os mamíferos transmitem e são acometidos pelo vírus da raiva. Período de incubação É extremamente variável, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no homem. Em crianças, o período de incubação tende a ser menor que no indivíduo adulto. Para cada espécie animal, o período de incubação é diferente, variando de 15 dias a 4 meses, exceto para os quirópteros, cujo período pode ser maior. Período de incubação está diretamente ligado a: Localização, extensão e profundidade da mordedura Arranhadura, lambedura ou contato com a saliva de animais infectados Distância entre o local do ferimento, do cérebro e troncos nervosos Concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral. Período de transmissibilidade Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença. A morte do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas. Ainda não se sabe ao certo sobre o período de transmissibilidade de animais silvestres. Especificamente os quirópteros podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente. Suscetibilidade e imunidade Todos os mamíferos são suscetíveis. A imunidade é conferida por meio de vacinação, acompanhada ou não por soro. Pessoas que se expuseram a animais suspeitos de raiva devem receber o esquema profilático, inclusive indivíduos com profissões que favorecem a exposição. Profissionais expostos: Veterinários, Treinadores de cães Vacinadores de animais Profissionais de laboratórios que trabalham com vírus da raiva Leituristas de medidor de consumo Carteiros Manifestações clínicas Pródromos (2 a 10 dias) e os sinais clínicos são inespecíficos. A infecção progride, surgindo manifestações de ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes, febre, delírios, espasmos musculares involuntários, generalizados, e/ou convulsões. Mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, anorexia, cefaleia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia. Linfoadenopatia, por vezes dolorosa à palpação, hiperestesia e parestesia no trajeto de nervos periféricos - próximos ao local da mordedura, bem como alterações de comportamento. Manifestações clínicas Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorreia intensa Hidrofobia, disfagia, aerofobia, hiperacusia, fotofobia. O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de 2 a 7 dias. Evolui para paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Diagnóstico A confirmação laboratorial em vida, dos casos de raiva humana, pode ser realizada por: • imunofluorescência direta (IFD) nas amostras de tecido bulbar de folículos pilosos, obtidos por biopsia de pele da região cervical, raspado de mucosa lingual (swab) ou de tecidos de impressão de córnea • prova biológica (PB) – isolamento do vírus • detecção de anticorpos específicos no soro ou líquido cefalorraquidiano A realização da autópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica. O SNC (cérebro, cerebelo e medula) deverá ser encaminhado para o laboratório, conservado refrigerado, quando a previsão de chegada ao laboratório for de até 24 horas, e congelado após esse prazo. Na falta de condições adequadas de refrigeração, conservar em solução salina com glicerina a 50%, em recipientes de paredes rígidas, hermeticamente fechados, com identificação de material de risco biológico e cópia da Ficha de Investigação da Raiva. Tratamento Em 2004, foi registrado nos Estados Unidos o 1º relato de tratamento de raivahumana em paciente que não recebeu vacina ou soro antirrábico e evoluiu para cura. Protocolo de Recife – resultou em cura de raiva humana no país Deve ser adotado frente a casos confirmados da doença. O tratamento deve ser aplicado o mais precocemente possível. Indução de coma, uso de antivirais e reposição de enzimas, além da manutenção dos SSVV do paciente. A aplicação deve ser orientada diretamente pela equipe da SVS/MS. Medidas de prevenção e controle da raiva humana Vacina raiva (inativada) Profilaxia da raiva humana - administrada em indivíduos expostos ao vírus da doença, em decorrência de mordedura, lambedura de mucosa ou arranhadura provocada por animais transmissores, ou como profilaxia em pessoas que, por força de suas atividades ocupacionais, estão permanentemente expostas ao risco da infecção pelo vírus. Em algumas situações, a indicação da profilaxia é complementada com a administração de soro. A vacina raiva é apresentada sob a forma liofilizada, acompanhada do diluente, em ampolas contendo dose única de 0,5mL ou 1,0mL, conforme o laboratório produtor. 3 doses (0, 7, 28) Dose e via de aplicação Via IM A aplicação deve ser profunda, na região do deltoide ou vasto lateral. Via intradérmica 0,1mL - inserção do músculo deltoide Não está indicada para pessoas em tratamento com drogas que possam diminuir a resposta imunológica Para certificar que a vacina por via intradérmica foi aplicada corretamente, observar a formação da pápula na pele Se, eventualmente, a vacina for aplicada erroneamente por via subcutânea ou intramuscular, deve-se repetir o procedimento e garantir que a aplicação seja feita por via intradérmica. Contraindicações Não há contraindicação específica para a profilaxia pós-exposição considerando-se a gravidade e a evolução fatal da doença. A vacina são seguras, bem toleradas e podem ser administradas para crianças de qualquer idade, gestantes, lactantes, pacientes com doenças intercorrentes e imunocomprometidos, incluindo aqueles com HIV/AIDS. Soro antirrábico (SAR) Indicação: profilaxia da raiva humana após exposição ao vírus rábico. Sua indicação depende da natureza da exposição e das condições do animal agressor. Não é necessário quando o paciente recebeu esquema profilático completo anteriormente. Deve ser recomendado, se houver indicação, em situações especiais, como pacientes imunodeprimidos ou dúvidas com relação ao esquema profilático anterior. Não deve ser utilizado em situação de reexposição ao vírus da raiva ou em caso de pessoas que já tenham feito seu uso anteriormente. Imunoglobulina antirrábica humana (IGHAR) Solução concentrada e purificada de anticorpos, preparada a partir de hemoderivados de indivíduos imunizados com antígeno rábico. É um produto mais seguro que o soro antirrábico de origem animal, porém de produção limitada e, por isso, de baixa disponibilidade e alto custo. Indicação Em substituição ao SAR, nas seguintes situações especiais: Hipersensibilidade ao SAR História pregressa de utilização de outros heterólogos (origem equídea) Contatos frequentes com animais, principalmente com equídeos, por exemplo, nos casos de contato profissional (veterinários) ou por lazer. Dose única Acidentes leves Ferimentos superficiais, pouco extensos, geralmente únicos Mordeduras ou arranhaduras causadas por unha ou dente Lambedura de pele com lesões superficiais. Acidentes graves Ferimentos na cabeça, face, pescoço, mão, polpa digital e/ou planta do pé; Ferimentos profundos, múltiplos ou extensos Lambeduras de mucosas Lambeduras de pele onde já existe lesão grave Ferimentos profundos causados por unha de gato Qualquer ferimento provocado por morcego Tronco e membros (exceto mãos, polpas digitais e planta dos pés); Leishmaniose Doença infecciosa, porém, não contagiosa, causada por parasitas do gênero Leishmania. Os parasitas vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo (macrófagos) Classificação: Leishmaniose tegumentar ou cutânea Leishmaniose visceral ou calazar Leishmaniose tegumentar Doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoário, de transmissão vetorial, que acomete pele e mucosas. Sinonímia Úlcera de Bauru, nariz de tapir, botão do Oriente 2 -3 semanas após a picada pelo flebótomo aparece uma pequena pápula avermelhada que vai aumentando de tamanho até formar uma ferida recoberta por crosta ou secreção purulenta. A doença também pode se manifestar como lesões inflamatórias nas mucosas do nariz ou da boca. Reservatórios Várias espécies de animais silvestres (roedores, masurpiais, edentados e canídeos silvestres), sinantrópicos (roedores) e domésticos (canídeos, felídeos e equídeos). Com relação aos animais domésticos, seu papel na manutenção do parasito no meio ambiente ainda não foi esclarecido. Modo de transmissão Picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas. Não há transmissão de pessoa a pessoa. Período de incubação No homem, em média de 2 meses, podendo apresentar períodos mais curtos (2 semanas) e mais longos (2 anos). Suscetibilidade e imunidade A suscetibilidade é universal. A infecção e a doença não conferem imunidade ao paciente. Manifestações clínicas Forma cutânea Lesões indolores, com formato arredondado ou ovalado Bordas bem delimitadas e elevadas, fundo avermelhado e com granulações grosseiras Base eritematosa, infiltrada e de consistência firme Manifestações clínicas Forma mucosa (mucocutânea) Presença de lesões destrutivas localizadas na mucosa, em geral nas vias aéreas superiores. Complicações Infecção secundária das úlceras Lesões na boca e faringe podem causar sialorreia e dificuldade na deglutição, levando à desnutrição. Em lesões avançadas da laringe, pode haver perda da voz e obstrução da passagem do ar, causada pelo edema ou pela cicatriz retrátil Lesões conjuntivais podem levar a distorções da fenda ocular e, raramente, à perda do olho. Miíase pode surgir como complicação de úlceras. Meningite pode ser uma complicação da disseminação da infecção de uma úlcera da face para a base do crânio. Diagnóstico laboratorial Parasitológico – esfregaço da lesão ou imprint de fragmentos de tecido do paciente Imunológicos Molecular – reação em cadeia da polimerase (PCR). Tratamento 1ª escolha Antimonial pentavalente (exceção dos pacientes coinfectados com HIV e gestantes) 2ª escolha Anfotericina B e o isotionato de pentamidina Eletrocardiograma Hemograma Exame bioquímico (função renal, pancreática, hepática ) Recomendações Repouso físico relativo Abstinência de bebidas alcoólicas Em pacientes com idade acima dos 50 anos, portadores de cardiopatias, nefropatias, hepatopatias ou doença de Chagas, deverá ser feita rigorosa avaliação clínica antes e durante o tratamento Critérios de cura O critério de cura é clínico. Indicado o acompanhamento regular por 12 meses Para fins de encerramento do caso no Sinan, não é necessário aguardar o término do acompanhamento. Epitelização das lesões ulceradas, com regressão total da infiltração e do eritema, até 3 meses após a conclusão do esquema terapêutico. Nos casos em que não se cumpriram os critérios supracitados, sugere-se o prolongamento da observação até se completarem 6 meses. Para os acometidos pela forma mucosa é definido pela regressão de todos os sinais e comprovado pelo exame otorrinolaringológico, até 6 meses após a conclusão do esquema terapêutico. Doença crônica e sistêmica, que, quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos. Sinonímia: Calazar, esplenomegalia tropical, febre dundun. Agente etiológico: Protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania. Nas Américas, a Leishmania (Leishmania) chagasi é a espécie comumente envolvida na transmissão da leishmaniose visceral (LV). Leishmaniosevisceral Afeta as vísceras (ou órgãos internos), sobretudo fígado, baço, gânglios linfáticos e medula óssea, podendo levar à morte quando não tratada. Reservatórios Na área urbana, o cão (Canis familiaris) é a principal fonte de infecção. No ambiente silvestre, os reservatórios são as raposas (Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous) e os marsupiais (Didelphis albiventris). Modo de transmissão: A transmissão ocorre pela picada dos vetores infectados pela Leishmania (L.) chagasi. Não ocorre transmissão de pessoa a pessoa. Período de incubação No homem, é de 10 dias a 24 meses, com média entre 2 e 6 meses No cão, varia de 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 meses. Manifestações clínicas Doença crônica e sistêmica Febre de longa duração Perda de peso Astenia Adinamia Hepatoesplenomegalia Anemia, dentre outras. Quando não tratada, pode evoluir para o óbito em mais de 90% dos casos. Diagnóstico laboratorial Exames imunológicos Exames parasitológicos. Tratamento Antimonial pentavalente Anfotericina B - Opção no tratamento de gestantes e de pacientes que tenham contraindicações ou que manifestem toxicidade ou refratariedade relacionada ao uso dos antimoniais pentavalentes. SINTOMAS - Leishmaniose visceral: - Leishmaniose cutânea: Febre irregular, prolongada Anemia Indisposição Palidez da pele e ou das mucosas Falta de apetite Perda de peso Aumento do fígado e do baço Pápula avermelhada que vai aumentando de tamanho até formar uma ferida recoberta por crosta ou secreção purulenta. A doença também pode se manifestar como lesões inflamatórias nas mucosas do nariz ou da boca. Vamos praticar! A leptospirose é um relevante problema de saúde pública principalmente devido à alta incidência e letalidade. Frequentemente ocorre em locais cuja infraestrutura sanitária é deficiente ou inexistente e que apresentam altas infestações de roedores. Durante as estações chuvosas e inundações, esses fatores propiciam a disseminação da leptospira no ambiente, e consequentemente aumenta a probabilidade da ocorrência de surtos. Considerando a importância dos dados epidemiológicos, laboratoriais e clínicos para o diagnóstico da leptospirose, analise o caso a seguir: a) De acordo com o relato, quais dados clínicos sugerem hipótese diagnóstica de leptospirose? b) Quais diagnósticos de enfermagem é possível identificar nesse caso? Sugira um plano de cuidados de enfermagem.
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