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Resenha - o oleo de lorenzo

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
Centro de Ciências Farmacêuticas
CURSO DE NUTRIÇÃO – 6ª FASE
FISIOPATOLOGIA III
Professor: Alessandro Guedes
Acadêmica: Susanne de Andrade C. Botelho
Resenha do filme: O ÓLEO DE LOREZENDO, 1992. 
O filme tem início na África Oriental em 1983, época em que o menino Lorenzo e seus pais moraram por três anos em Comores. A criança aprendeu o idioma do lugar, frequentava escola local e brincava com os nativos. Sempre muito ativo e inteligente, falando três idiomas. A família retorna para a Washington, e começa algumas reclamações por parte dos professores sobre o comportamento de Lorenzo, relatando episódios de agressividade e desordem, como também sugere o afastamento do menino das aulas. Confusa, a família tenta entender o que ocorre junto ao conselho estudantil, onde é sugerido que o menino estude em um colégio especial por ele ser hiperativo. A família também supõe que ele poderia ter pegado algum tipo de parasita na África caracterizando um tipo de doença negligenciada, o que levou a desenvolver esse tipo de comportamento. 
Sem saber os motivos aos quais levaram o menino a mudar o comportamento, até mesmo dentro de casa, em reuniões familiares como no natal, onde o garoto acidenta-se brincando de bicicleta e cai de uma cadeira tentando pegar uma bolinha na árvore de natal, os pais buscam ajuda médica. 
Segundo primeiros exames, não há nada de errado com o cérebro do menino, aparentemente normal. Não havia como responder o porquê do comportamento diferente dele. Após observarem momentos em que o menino começa a ter dificuldades na audição, juntamente com os ataques agressivos, os pais levam Lorenzo para uma bateria de exames para descobrir o que de fato acontece com ele. 
O diagnóstico chega aos pais do garoto, sobre um ramo de doenças raras chamado Leucodistrofias. Lorenzo possui uma delas chamada ALD (adrenoleucodistrofia), uma doença pouco ainda estudada naquela época. Explica que a ALD é uma deficiência metabólica que causa a degeneração do cérebro, que afeta apenas meninos entre cinco a dez anos de idade, tendo como consequência uma evolução implacável e morte inevitável, sem tratamentos para reversão. Foi dito que a morte ocorre dentro de dois anos após o diagnóstico.
Lorenzo apresentou sinais definitivos da doença: nível anormal de gordura no sague, um ácido graxo de cadeia longa. Essas gorduras de certa forma “destroem” o cérebro pois há uma deficiência na enzima de metabolização. Então, ocorre um acúmulo nas células nervosas parecido com as obstruções nas artérias, e isso de alguma maneira liquefaz a substância branca do cérebro. 
Com a notícia os pais começam a buscar pesquisas feitas com casos parecidos, entre as doenças raras associadas as Leucodistrofias. Sinais e sintomas relatados durante a progressão da doença como hiperativo, desorientado, mutismo, perda de visão, paralisia, surdez, mal humor, ataques, atrofia, demência e morte. 
A partir de então, a medicina começa a ter interesse pelo caso da criança, recorrendo a pesquisas, testes e dietas específicas. Os pais concordam em sujeitar o menino para as aulas de medicina e estudos relacionados a neurologia infantil, onde já trabalham com esse tipo de caso com uma dieta restritiva. Com a inclusão da criança nas pesquisas, foi informado aos pais que para entender a doença, era necessário entender bioquímica e fisiologia. A ALD é uma doença ligada ao cromossomo X (da mãe) e passado para o filho se for menino. Seria necessário um estudo genético que prevê se familiares como irmã e filhas poderiam ser portadoras da doença e a probabilidade de nascer criança do sexo masculino com a doença. 
No decorrer da história, os próprios pais começam a estudar biologia, bioquímica, fisiologia dentre outras, como forma de entender a doença e contribuir para um melhor tratamento no retardamento da doença. Concluíram que as gorduras saturadas de cadeira longa são introduzidas pela alimentação ou produzida pelo organismo (biossíntese). Normalmente não são prejudiciais pois existe a enzima que elimina o excesso. Porém no Lorenzo, a enzima é defeituosa geneticamente onde leva ao acúmulo dessas gorduras. Estas, são feitas de átomos de carbono, e no menino os saturados C24 e C26 sobem até quatro vezes seu nível normal. 
A dieta orientada de exclusão desse tipo de gordura, deveria baixar os níveis, porém ocorre o contrário. Assim, os pais continuam os estudos para entender esse fenômeno, foi quando a mãe encontra um estudo de 1979 feito com ratos poloneses com acúmulo de ácidos graxos que explica que, os animais foram desprovidos de uma gordura específica em sua dieta, e as células compensaram com uma super produção, não tendo efeito desejado pois deveria desacelerar a biossíntese. O estudo também fala sobre um conceito de manipulação de ácidos graxos, acrescentando outro tipo de gordura na dieta. 
Os pais participaram do 1 º Simpósio Internacional de ALD em 1984, onde afirmaram que as crianças estavam com dieta de exclusão de saturados C24 e C26 sem efeitos positivos. Foi quando mencionaram o estudo dos ratos poloneses e outro teste feito com células da pele humanas, através dos fibroblastos portando a falha genética incubados com ácido oleico (monoinsaturados C18, componente principal do azeite de oliva) onde teve a redução dos saturados citados em mais de 50%. Porém a forma pura seria tóxica para humanos, sendo necessário ser na forma de triglicerídeos que é comestível e ainda inexistente. A ideia seria extrair C24 e C26 do azeite de oliva comum, porém o recurso seria caro e complicado. 
Dessa forma, os pais entraram em contato com laboratórios para produzir o óleo e começaram a introduzir na dieta com 30g ao dia para não danificar o fígado da criança. Os exames mostraram a redução considerável de 50% e com isso queriam que outros pais fizessem o mesmo para seus filhos, infelizmente sem o apoio da medicina no momento. 
Um ano após o diagnóstico de Lorenzo, em 1985, os pais voltam a estudar sobre os lipídios onde verificou que os estudos concentravam no meio da cadeia porque os saturados de cadeia média estão ligados ao colesterol, mas quase nada relativo sobre os de cadeia longa que seria do C18 ao C26. Posteriormente, Augusto, pai da criança entende que a há uma enzima para ambas cadeias. Sendo assim, se manter a enzima ocupada produzindo monoinsaturados ela deixaria de alongar os saturados, sendo um princípio chamado “inibição competitiva”. Isso explicava por que o ácido oleico só era parcialmente bem sucedido. Pois se C18 está muito baixa na cadeia, a ideia seria acrescentar uma barreira impedindo que os saturados subam na cadeia entre C22 e C24, adicionando então monoinsaturados C22 que é um ácido erúcico. 
O ácido erúcico é o principal componente do óleo de semente de colza, muito consumido na China e Índia (o óleo de canola também é originada dessa planta), só que alguns estudos feitos com animais provaram efeitos colaterais como cardíacos, mesmo sabendo dos riscos, os pais mais uma vez conseguiram um laboratório para a produção desse óleo na forma de triglicerídeos puro para a dieta de Lorenzo. 
A tia materna do menino, portadora da doença, serviu para experimentar o óleo. Não tendo efeitos colaterais nos exames, chegou a vez do garoto. Em 1986, foi feita a introdução na dieta de Lorenzo. Para a dosagem foi oferecido 8 g do óleo. Posteriormente, o resultado dos exames demonstrou normalidade para os níveis de C24 e C26. Assim, foi divulgado para outros pais tentarem a dieta já no início da doença para evitar as consequências da doença como foi ocorreu com o menino. 
Aos poucos Lorenzo melhorou alguns sinais, não precisando de respiração mecânica, não tendo quadros de convulsões, começou a conseguir a engolir a própria saliva que antes sofria engasgos, retornando a visão e poucos movimentos com os olhos, cabeças e dedos para comunicação. 
Infelizmente certos danos na Mielina são irreversíveis, mesmo as funções vitais intactas e percebendo as reações externas como toque, frio, dor, porém, no neocórtex,
o cérebro superior está preso, como imaginação, razão, memória, as coisas que fazem um ser humano. 
Até hoje Augusto e Michaela, pais de Lorenzo continuam levantando fundos e atuando na força tarefa científica conhecida como “The Myelin Project”, pois um estudo feito com animais que nasceram sem a mielina, onde foi implantado células nervosas com intenção de desenvolver mielina, teve sucesso. Com isso, poderá ser feito testes em humanos no benefício para portadores da ALD como também para o tratamento da esclerose múltipla dentre outras. A partir de 1992 os médicos passaram a prescrever o Óleo de Lorenzo, pois se feito o diagnóstico no início, o tratamento será bem sucedido.
O filme revela o sofrimento de quem desenvolve a doença rara, onde foi confundida com uma doença neglincecomo para os familiares e amigos. Porém, revela um aspecto científico bastante importante, no qual existe um limite tênue entre automedicação e consequente, e pessoas que buscam alternativas não formais fora o que a medicina oferece. 
Sabe-se que valor da vida do filho do casal era mais importante do que qualquer coisa, dessa forma, não satisfeitos com os resultados da doença e vagas informações sobre metodologias e tratamentos, os mesmos buscaram se informar e apender sobre o que acontece com o corpo, e o que acontece quando essa doença se manifesta. Foi visto que o conhecimento adquirido do casal contribuiu para o avanço de estudos da doença, como também a melhora na dieta para equilíbrio lipídico, como consequência o retardamento dos efeitos da ALD. 
Importante salientar que, o mundo acelerado de informações hoje em dia, pode induzir pessoas a buscarem soluções milagrosas recorrendo a métodos inconfiáveis e que podem ser prejudiciais. Sendo assim, vale lembrar que as pesquisas científicas comprovadas têm efeito sobre falácias pouco desenvolvidas. Porém, vale a participação popular para ajudar na compreensão sendo elas cabíveis de estudo aprofundado, como os pais de Lorenzo fizeram, sempre com a parceria com médicos e cientistas para reavaliação de teorias.

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