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Reportagem sobre Depressão - Revista Mondadori

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98
reportagem
A MENINA QUE SE 
DIZIA QUEBRADA
A DEPRESSÃO É UMA REALIDADE ENTRE OS JOVENS 
EM TODO O MUNDO. O ÍNDICE DA DOENÇA ESTÁ 
AUMENTANDO GRADATIVAMENTE AO LONGO 
DOS ANOS NO BRASIL, E PARTE DOS CASOS NÃO É 
IDENTIFICADA E NEM TRATADA.
por César Fontenelle
Foto por Aimee Vogelsang em Unsplash
99
Enquanto adolescentes gritavam e 
corriam de um lado para o outro no pá-
tio do Colégio Estadual Senador Teotônio 
Vilela, no Bairro Vera Cruz I, em Apareci-
da de Goiânia; os adultos comentavam na 
“Sala dos Professores”:
– A Fernanda?
– Isso mesmo! 
– Essa tal de Fernanda... Nossa!!!
A aluna mencionada pelos docentes 
do ensino médio matutino é a Fernanda 
Helena, na época, do 3⁰ ano 3. Neste tex-
to, a pedido dela, vou chamá-la de apenas 
Helena. Entre seus professores, era co-
nhecida como “questionadora”, devido ao 
seu senso crítico.
Além de muito crítica, Helena, que 
hoje tem 18 anos, era muito “estourada” 
na sala de aula. Pelo menos nas aulas de 
História e Biologia. Isso, quando ela apa-
recia na escola. A garota que usava preto, 
lia mangás e gritava durante a aula, não 
foi a melhor aluna ao longo dos três anos 
do ensino médio, mas fez o que esteve ao 
seu alcance para ser aprovada.
À tarde, ela trabalhava como jovem 
aprendiz em uma empresa, graças ao 
Programa Jovem Aprendiz, que é resul-
tado da Lei Aprendizagem, de número 
0.097/2000, na qual determina-se que as 
empresas de médio a grande porte pos-
suam uma porcentagem equivalente a 5% 
e 15% de jovens aprendizes em trabalho. 
Helena, assim como na escola, frequente-
mente, estava ausente ali.
O motivo de seu não-comparecimen-
to nas aulas e no trabalho era a angústia 
inexplicável que ela sentia. Além disso, a 
jovem se culpava por tudo que fazia e até 
mesmo pelo que não fazia. Ela se sentia 
completamente inútil. A vida para ela ha-
via perdido o sentido, nada mais a alegra-
va. Era como se Helena estivesse morta, 
mas com o corpo vivo. Não sentia fome e 
nem sede.
Só aos 14 anos, depois de muita demo-
ra, o diagnóstico confirmou que a pequena 
Helena sofria de depressão. “O meu diag-
nóstico foi demorado e negligenciado, com 
nove anos eu já tinha sintomas de depres-
são, mas como minha mãe sempre foi mui-
to religiosa, ela me levava em pastores e 
não em um médico especializado”, contou.
O tratamento só foi iniciado aos 14 
anos, quando a mãe viu cortes por todo o 
corpo da filha, principalmente, nos pul-
sos. Então, a genitora, que é evangélica, 
levou-a ao pastor, que por coincidência 
era psicólogo. “Ele me deu algumas ses-
sões de uma espécie de ‘terapia religiosa’”, 
lembrou Helena, que é ateia. “Na verda-
de, a religião e o pastor viviam me dizen-
do que eu estava errada, que estava sendo 
punida por algum pecado, ou que tinha 
algum ser maligno em mim. Coisas que só 
me fizeram sentir pior”. 
Nessa época, no início da adolescência, 
ela começou a pesquisar sobre a doença 
que acabara de ser diagnosticada. “Eu que-
ria entender o porquê de eu ser ‘quebrada’, 
então, estudei um pouco sobre”, contou.
Atualmente, a estudante do curso de 
Análise e Desenvolvimento de Sistemas é 
diagnosticada com Transtorno Depressi-
vo Maior e Transtorno de Ansiedade Ge-
neralizada. Normalmente, ela se sente 
cansada e, às vezes, tem ataques de pâni-
co, sente falta de ar e desmaio. Sua imuni-
dade é baixa por conta da depressão. Ela 
sente muita dor de cabeça, falta de apeti-
te, desânimo, insônia e tem muitos pen-
samentos negativos.
Helena me contou que agora está con-
trolada a base de remédios, mas que três 
anos atrás, teve uma crise muito severa, 
que a levou a tentar se matar.
“Em 2015, aconteceram algumas coi-
sas na minha vida, que prefiro não entrar 
em detalhes, mas que machucaram meu 
psicológico e meu corpo. Eu estava estag-
nada, cansada de sempre acordar e não 
ver sentido no dia, não ter ânimo para ir 
ao trabalho, tão cansada de tudo. Então, 
numa tarde de quinta-feira, minha mãe 
saiu para ir ao supermercado e eu tomei 
quatro cartelas de remédios que sou alér-
gica”, narrou. 
Depois de uma pausa e um respiro fun-
do, Helena continuou: “Comecei a passar 
muito mal e perdi a coordenação motora. 
Eu não conseguia respirar direito, meu 
coração parecia que ia sair pela boca. Meu 
depressão
100
depressão
irmão me achou no chão do quarto e cha-
mou a vizinha, que é enfermeira. Ela me fez 
vomitar a maior parte da medicação, e eu 
desmaiei. Não me lembro de mais nada, só 
de acordar tomando antialérgico na veia”, 
terminou, não querendo mais falar sobre.
Ela me contou que tem medo de ten-
tar suicídio novamente e seus pais a in-
ternarem. Fato que pode vir a acontecer, 
já que o psiquiatra que a acompanha 
alertou-a sobre a alta probabilidade disso 
se concretizar. 
Hoje, Helena toma, diariamente, dois 
comprimidos de Sertralina de 50mg pela 
manhã. À noite, um comprimido de Zol-
pidem de 10mg. Não faz psicoterapia. Diz 
que já fez, porém não gostou e, por isso, 
parou. Perguntada o porquê de não ter 
gostado, preferiu não me responder.
Sem muitos amigos, por não conseguir 
se socializar, Helena conta que os poucos 
que tem sabem da depressão e não sabem 
lidar com isso. Então, se afastam durante 
os episódios de crise. Esse é um dos moti-
vos pelos quais ela nunca gostou de ir à es-
cola; no fundamental, ela sofria bullying. 
Já sobre o ensino médio, não sente sau-
dades da escola. A “questionadora” lem-
bra que estava sempre atrasada e cheia 
de matérias perdidas pelo fato de faltar 
muita aula. “Eu cheguei a me ausentar 
por uma semana toda”, lembrou. No tra-
balho, os chefes não sabiam da depressão, 
apenas os colegas. 
Na família, Helena disse que sua mãe 
ficou muito chateada quando recebeu o 
diagnóstico. “Até hoje ninguém consegue 
entender, então, só ignoram o assunto. 
Porém, meu namorado sempre me ajuda 
durante minhas crises”.
Na conversa entre os professores du-
rante o recreio, Maikon dos Santos Silva 
observava, criticamente, a atitude de seus 
colegas para com a aluna. Professor de 
Biologia da Rede Estadual de Ensino do 
Estado de Goiás há oito anos e irmão de 
um depressivo, ele se aproximou de Hele-
na para ajudá-la. 
Foi no primeiro semestre do último 
ano dos alunos, que ele falou do irmão 
em sala. A frequente ausência da aluna – e 
até mesmo o mau cheiro de Helena – le-
vou Maikon a querer acolher e apoiar a 
estudante. Assim, eles conversavam sobre 
a doença e sobre o estado em que ela se 
encontrava no momento.
“Eu gosto de tirar um tempo da aula 
para falar com a turma sobre alcoolismo e 
discutir com eles o que leva uma pessoa a 
beber muito. Não é só sem-vergonhice. O 
meu irmão era um alcoólatra amarrado na 
depressão. Quando ele tinha a crise forte, 
a válvula de escape dele era a bebida, por 
exemplo. Então, para exemplificar que não 
é tão simples assim, eu contei para meus 
alunos essa questão particular”, me narrou 
Maikon na recepção de sua escola especia-
lizada em acompanhamento escolar. 
Do docente que a acompanhou duran-
te todo o ensino médio, Helena se lembra 
com carinho. “O Maikon sempre contava 
que o irmão dele era depressivo, então, 
eu me abri com ele”. Perguntada se o pro-
fessor a ajudou, ela respondeu que sim. 
“O professor me escutava sempre que eu 
queria conversar, ele dava uns conselhos e 
brincava com a situação, mas sempre era 
gentil comigo. Isso me ajudou bastante”.
Helena, que significa “a reluzente”, “a 
resplandecente”, não conseguiu ver luz e 
brilho durante os episódios de crise que 
teve. A médica psiquiatra Suzy Mara Maia 
dos Reis Alfaia me recebeu numa tarde 
em sua casa e me contou que essa “falta de 
luz”, ou seja, de ânimo, é um dos primei-
ros sintomas da depressão. 
Suzy explicou que a depressão é um 
quadro de rebaixamento do humor, que se 
inicia e aumenta progressivamente. Triste-
za, desânimo, apatia e pensamentos pessi-
mistas são os primeiros sintomas,de acor-
do com a psiquiatra. “A depressão é uma 
doença que chega a mudar não só a energia 
da pessoa, mas também a forma de pensar. 
Deixa mais pessimista, a pensar que tudo 
vai dar errado, que a vida está ruim, que 
não quer viver, chegando ao ponto, enfim, 
a pensar no autoextermínio”.
A alteração do sono e do apetite, além 
de sintomas cognitivos como desatenção, 
lentidão, esquecimento e erros frequentes 
no dia a dia são sinais importantes de se 
101
notar em um adolescente com depressão, 
de acordo com a psiquiatra. “A depressão 
pode alterar o corpo como um todo. Não 
só apresentando sintomas cognitivos, mas 
também físicos, somáticos, como dor no 
corpo, alteração no intestino, diarreia, 
gastrite e manchas na pele”, elucidou.
A Organização Mundial da Saúde 
(OMS) define a depressão como uma do-
ença mental. No entanto, Suzy explica 
que pelo fato da mente estar no contro-
le do corpo, vários outros reflexos, isto é, 
sintomas físicos, se manifestam nele. As-
sim, a manifestação da doença é individu-
al, cada pessoa a sente de uma forma. 
Andrew Solomon nasceu em Nova York, 
em 1963. Ele é escritor, ativista, conferen-
cista e autor do best-seller “O demônio do 
meio-dia: uma anatomia da depressão”. 
No livro publicado no Brasil pela Compa-
nhia das Letras, Solomon descreve sua ex-
periência com a doença e os episódios de 
crise da forma mais poética possível.
Para ele, depressão é a imperfeição 
no amor. “Para poder amar, temos que 
ser capazes de nos desesperarmos ante 
as perdas, e a depressão é o mecanismo 
desse desespero. Quando ela chega, des-
trói o indivíduo e finalmente ofusca sua 
capacidade de dar ou receber afeição. É a 
solidão dentro de nós que se torna mani-
festa e destrói não apenas a conexão com 
outros, mas também a capacidade de es-
tar em paz consigo mesmo”. 
Solomon conta, em seu livro, que a de-
pressão é tanto nascimento quanto morte. 
O autor compara a doença com a conhe-
cida trepadeira. Para ele, o surgimento da 
depressão é o nascimento da planta:
Há pouco tempo, voltei a um bosque em que brincava quando criança 
e vi um carvalho, enobrecido por cem anos, em cuja sombra eu costumava 
brincar com meu irmão. Em vinte anos, uma enorme trepadeira grudara-se 
a essa árvore sólida e quase a sufocara. Era difícil dizer onde a árvore termi-
nava e a trepadeira começava. Esta enrolara-se tão completamente em torno 
da estrutura dos galhos da árvore que suas folhas pareciam à distância ser as 
da árvore. Só bem de perto podia-se ver como haviam sobrado poucos ramos 
vivos e quão poucos gravetos desesperados brotavam do carvalho, espetando-
-se como uma fileira de polegares do tronco maciço, suas folhas continuando o 
processo de fotossíntese ao modo ignorante da biologia mecânica. Tendo aca-
bado de sair de uma depressão severa, na qual eu dificilmente colhia os pro-
blemas de outras pessoas, me senti cúmplice daquela árvore. Minha depressão 
havia tomado conta de mim como aquela trepadeira dominara o carvalho. 
Um dia antes da conversa com a psi-
quiatra, a psicóloga clínica, Bárbara Bor-
ghi, me recebeu para um bate-papo em 
seu consultório no Jardim Goiás. Entre 
um gole e outro do chá de erva-cidreira e 
comentários sobre o livro de Solomon, ela 
me contou que é perceptível o aumento 
de adolescentes e jovens que a procuram 
para tratar de depressão.
Para Bárbara, a psicoterapia é impor-
tante no tratamento do depressivo para 
entender, levando em consideração a 
história de vida do paciente, o porquê do 
sentimento e das respostas depressivas. 
Além, claro, de acolher ajudando, para 
que ele consiga interagir de uma forma 
melhor com o ambiente que o cerca. “O 
psicólogo vai tentar compreender o sofri-
mento trazido pelo indivíduo e, a partir 
dessa compreensão, vamos traçar juntos 
estratégias de interação com o ambiente 
para promover uma qualidade de vida 
melhor”, explicou. 
Há um ano, a OMS lançou o relatório 
“Depressão e outros distúrbios mentais 
comuns: estimativas globais de saúde”. 
Nele, lê-se que 322 milhões de pessoas em 
todo o mundo vivem com este transtorno 
mental, a maioria mulheres. 
O documento ainda aponta que o nú-
mero de pessoas que vivem com depres-
são aumentou 18% entre 2005 e 2015. No 
Brasil, a depressão atinge 11,5 milhões de 
pessoas (5,8% da população), enquanto 
distúrbios relacionados à ansiedade afe-
tam mais de 18,6 milhões de brasileiros 
(9,3% da população).
A depressão, de acordo com o rela-
tório, é uma doença comum em todo o 
mundo. Ela é diferente das flutuações re-
gulares de humor e das respostas emocio-
nais de curta duração aos desafios da vida 
cotidiana. Especialmente quando de lon-
ga duração e com intensidade moderada 
ou grave, a depressão pode se tornar uma 
séria condição de saúde. 
O documento deixa bem claro que a 
depressão pode levar a um grande sofri-
mento e disfunção no trabalho, na escola 
ou no meio familiar e ao suicídio. Cerca 
de 800 mil pessoas morrem por suicídio 
depressão
102
a cada ano – sendo a segunda principal 
causa de morte entre pessoas com idade 
entre 15 e 29 anos.
No final da conversa que tive com a 
Helena, ela me contou que gostaria de di-
zer que a maioria das pessoas pensam que 
depressivos são frescos, ou que tomando 
um remédio estarão bem como se fosse 
uma gripe. Ela continuou: “Mas não é as-
sim. A dor continua ali, os pensamentos 
continuam me torturando, eu continuo 
me culpando e me cobrando mesmo sem 
conseguir sair do lugar”.
Por fim, Helena confessou esperar fi-
car melhor. “100%”, em suas palavras. Ela 
contou também querer viajar muito, co-
nhecer outras culturas e outros países. 
Logo, quando estiver velha, se lembrar da 
sua adolescência e juventude como dias 
que a fizeram mais forte.
“OS 13 PORQUÊS”
No dia seis de junho, fui surpreen-
dido com a seguinte manchete em um 
portal de notícias: “Nem fãs de 13 Re-
asons Why querem nova temporada: 
‘Só fazem pelo dinheiro’”. O anúncio 
de que a série ganhará uma terceira 
temporada em 2019 levou milhares de 
jovens a discutirem se há, verdadeira-
mente, a necessidade de uma continu-
ação da história. 
Na rede social Twitter, telespectado-
res afirmaram que o drama deveria ter 
acabado logo na primeira temporada. 
O internauta Glauber Monteiro defen-
deu que a continuidade da série não é 
problemática apenas pela falta de his-
tória, mas por prestar um desserviço à 
sociedade e fazer sensacionalismo com 
temas como saúde mental e depressão.
O site especializado em cinema e 
séries “Adoro Cinema” também ques-
tionou a continuação da produção da 
Netflix. “Ame ou odeie, 13 Reasons Why 
foi um dos lançamentos mais populares 
de 2017. Sem medo de falar sobre alguns 
assuntos bem pesados no universo ado-
lescente, a série rapidamente se tornou 
um grande fenômeno nas redes sociais. 
Diante de tamanho sucesso, a Netflix 
não perdeu tempo em anunciar a reno-
vação do show. Agora, fica a pergunta 
que não quer calar: a continuação é re-
almente necessária?”. 
13 Reasons Why é uma série de tele-
visão baseada no livro de mesmo nome, 
do escritor americano Jay Asher, e adap-
tado por Brian Yorkey para a plataforma 
Netflix. A trama gira em torno da per-
sonagem Hannah Baker, uma estudante 
que se suicida após uma série de falhas 
culminantes, provocadas por pessoas 
selecionadas dentro de sua escola. Uma 
caixa de fitas cassete gravadas pela garo-
ta antes de se matar relata treze motivos 
pelos quais ela tirou sua própria vida. 
Além disso, mostra-se, de maneira ex-
plícita, como a personagem tira a pró-
pria vida – ponto que poderia ser visto 
como um “tutorial” de suicídio.
depressão
 A imagem de 
divulgação do seriado 
não exibe os perigos 
que pode trazer a 
quem o assistir
103
ENTRE SEM BATER
Há muito desconhecimento quanto à 
Psicoterapia na sociedade brasileira. Ainda 
é comum ouvir que o psicólogo é um es-
pecialista que sóatende “louco”. Por conta 
dessa ignorância, pessoas necessitadas de 
acolhimento prolongam o sofrimento. 
A psicologia é extremamente ampla 
e apresenta diferentes facetas. Numa 
conversa com Jaquelyne Rosatto Melo, 
psicóloga clínica, mestre em Psicologia 
e professora da Unialfa, ela diz acredi-
tar que existe algo que une as mais di-
ferentes abordagens teóricas e atuações 
da psicologia: a preocupação com o ser 
humano e o seu bem-estar. 
Por causa do seriado, a depressão, que 
era dita como assunto tabu, esteve nas ro-
das de discussão no mundo e chegou aos 
Trendings Tops. Inclusive, no grupo de 
psiquiatras que a doutora Suzy faz parte. 
Na visita que a fiz, ela me contou que não 
assistiu ainda à série, pois está muito ocu-
pada cuidado da filhinha de um ano. 
Entretanto, me relatou que a discus-
são entre seus colegas psiquiatras foi so-
bre a capacidade que o adolescente tem 
de absorver a coletividade. Eles viram a 
série como um estímulo, pois, de acordo 
com os especialistas, o adolescente quer 
se identificar. Por isso, a preocupação. 
Porém, ela acredita que a depressão e a 
sua maior consequência, o suicídio, de-
vem ser discutidos nos meios de comu-
nicação como prevenção. 
Hannah era uma adolescente comum 
de 17 anos. Ela passou pelo o que a psi-
quiatra chama de “crise da adolescên-
cia”, período em que não se acha amado, 
sente ausência de afeto, ou de querer se 
revoltar, ou seja, normal. 
Porém, Suzy alerta que esses sinais 
são normais até certo ponto. Ao perce-
ber sintomas descritos no início deste 
texto, a atenção deve ser redobrada. “Se 
um coleguinha começou a pensar que a 
vida não vale a pena, é bom procurar por 
ajuda, de falar com alguém para que isso 
não se aumente. Conversar sobre de-
pressão deve ser algo normal”, finalizou.
“Em todos os campos de atuação que 
já exerci na psicologia, é sempre esse o 
objetivo, pensar sobre formas de con-
tribuir com o bem-estar do ser huma-
no. Longe de uma visão romântica de 
bem-estar, que estaria mais próximo a 
ideia de plenitude e completude, mas 
um bem-estar que se relaciona com a 
responsabilização desse indivíduo sobre 
sua própria vida, o que pode lhe garantir 
uma maior autonomia nas suas tomadas 
de decisões e a forma como se coloca no 
mundo”, declarou a psicóloga.
No nosso bate-papo, Jaquelyne disse 
que não compartilha da noção de que o 
psicólogo “ajuda” as pessoas, para ela, 
esse termo vai de encontro a concep-
ção de autonomia que deve orientar o 
trabalho de um psicólogo. “No lugar de 
ajudar, podemos dizer que o psicólogo é 
um profissional preparado para acolher 
o sofrimento do outro”, disse.
 É dessa forma também que Barbara 
Borghi, já citada neste texto, vê o exercício 
da profissão. Quando ela me recebeu em 
seu consultório, contou que dependendo 
do estado de saúde e financeiro do pacien-
te, o valor da sessão pode ser revisto para 
que não haja abandono do tratamento.
Jaquelyne explicou ainda que o psi-
cólogo é aquele que acolhe sem precon-
ceitos, sem julgamentos e sem, a priori, 
tudo aquilo que for dito. Ela disse en-
tender o sofrimento como inerente ao 
ser humano. “Todos sofremos, por isso, 
não acredito que seja o sofrimento que 
leve o sujeito a procurar ajuda psicoló-
gica, acredito que seja o desejo de fazer 
algo com a dor que o sujeito sente”.
A professora de Psicologia Social e 
Psicanálise da Unialfa lamenta ainda 
encontrar socialmente alguns estigmas 
que dificultam o acesso da psicologia 
àqueles que precisam, como a ideia de 
que psicólogo é coisa de “doido” ou que 
ir ao psicólogo é sinal de fraqueza. Ja-
quelyne concluiu nossa conversa afir-
mando que ir ao psicólogo é sinal de 
força. “Só quem realmente se propôs a 
realizar a árdua tarefa de pensar e falar 
sobre si sabe como é difícil se ver com 
depressão
104
questões que muitas vezes escondemos 
de nós mesmo”, finalizou. 
Pensando em facilitar a busca por 
essa ajuda, a partir de 30 de junho deste 
ano, os 26 estados do Brasil mais o Dis-
trito Federal passaram a ser contempla-
dos pelo atendimento gratuito por meio 
do número 188. O Centro de Valorização 
da Vida (CVV) é uma associação civil sem 
fins lucrativos, filantrópica, reconhecida 
como de Utilidade Pública Federal, desde 
1973. O CVV presta serviço voluntário e 
gratuito de apoio emocional e preven-
ção do suicídio para todas as pessoas que 
querem e precisam conversar, sob total 
sigilo e anonimato. 
Os contatos com o CVV são feitos pelo 
telefone 188 – 24 horas e sem custo de 
ligação – ou pessoalmente, nos 89 pos-
tos de atendimento, ou pelo site www.
cvv.org.br, por chat e e-mail. Nesses ca-
nais, são realizados mais de 2 milhões 
de atendimentos anuais, por aproxima-
damente 2.400 voluntários, localizados 
em todo Brasil.
Além dos atendimentos, o CVV desen-
volve, no país, outras atividades relaciona-
das a apoio emocional, com ações abertas à 
comunidade que estimulam o autoconhe-
cimento e melhor convivência em grupo e 
consigo mesmo. Para obter mais informa-
ções, é interessante visitar o site do Cen-
tro, por ser bem claro e explicativo. 
A psiquiatra Suzy informou que a pre-
feitura de Goiânia oferece os Centros de 
Atenção Psicossocial (Caps), que são uni-
dades específicas para atendimento di-
ário a pacientes psiquiátricos e pessoas 
com necessidades decorrentes do uso de 
álcool e outras drogas. 
As unidades são responsáveis por orga-
nizar a rede de atenção em saúde mental 
e regular sua porta de entrada. O serviço 
comunitário funciona com porta aberta 
e de forma substitutiva aos hospitais psi-
quiátricos e tratamento via internação.
A seguir, estão listados alguns pontos 
de apoio psicológico em Goiânia. As clí-
nicas-escola costumam ter períodos de 
triagem e algumas prestam atendimento 
emergenciais.
GRATUITO:
CLÍNICA-ESCOLA – UFG
Tel.: (62) 3209-6208
Horário de atendimento: segunda à sexta das 7h30 às 
19h30.
CLÍNICA-ESCOLA – CEPSI – PUC/GO
Tel.: (62) 3946-1198/3946-1249
Horário de atendimento: segunda à sexta das 7h às 
12h30 e das 13h às 22h. Sábado, das 08h às 12h.
CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA – UNIP
Tel.: (62) 32818581
SERVIÇO DE PSICOLOGIA APLIADA – FACULDADE 
ESTÁCIO
Tel.: (62) 3601-4934
Horário de atendimento: segunda à sexta das 8h às 21h. 
Sábados, das 8h às 16h.
NÚCLEO DE PSICOLOGIA APLICADA – UNIVERSO
Tel.: (62) 3238-3719
Horário de atendimento: 08h às 21h.
CLÍNICA-ESCOLA UNIALFA
Tel.: (62) 3272-5089
Horário de atendimento: segunda à sexta-feira das 14h 
às 19h. Sábado, das 08h às 13h.
VALOR SOCIAL:
REDE DE PSICOLOGIA
Tel.: (62) 3922-3204/ 98111-4882
ARMAZÉM DE DENTRO
Tel.: 39223902
INSTITUTO OLHOS DA ALMA SÃ
Tel.: (62) 3204-2565
ITGT – INSTITUTO DE TREINAMENTO E PESQUISA 
EM GESTALT-TERAPIA DE GOIÂNIA
Tel.: (62) 3941-9798
INSTITUTO SKINNER
Tel.: (62) 3609-0942/ (62) 98148-1881
depressão
105
reportagem
Eu sei, pessoalmente, 
que não há nada no 
mundo que o corpo 
físico possa sofrer 
que se compare 
à desolação e à 
prostração da mente.
Charles Spurgeon
pastor batista
“
”
106
Cinema
PARA 
APRENDER 
VENDO
Im
ag
em
 d
e 
di
vu
lg
aç
ão
107
Cinema
SINOPSE
CURIOSIDADES
DETALHES
FONTE
Data de lançamento: 30 de abril de 
2015 
Duração: 1h 42min
Direção: Daniel Barnz
Elenco: Jennifer Aniston, Adriana 
Barraza, Anna Kendrick e mais
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA
Título original : Cake
Distribuidor: California Filmes
Ano de produção: 2014 
Tipo de filme: longa-metragem
Idiomas: Inglês, Espanhol
www.adorocinema.com
Claire Simmons (Jennifer Aniston) é 
uma mulher traumatizada e depressi-
va, que busca ajuda em um grupo para 
pessoas com dores crônicas. Lá, ela des-
cobre o suicídio de um dos membros do 
grupo, Nina (Anna Kendrick). Claire fica 
obcecada pela história desta mulher, 
e começa a investigar a sua vida. Aos 
poucos, começa a desenvolver uma re-
lação inesperada com o ex-marido de 
Nina, Roy (Sam Worthington).- Jennifer Aniston se inspirou em 
sua amiga e colega, Stacy Courtney. 
Courtney trabalhou como dublê até 
que, envolveu-se em um grave aci-
dente imobilizando suas pernas, que 
imediatamente pôs uma pausa em 
sua carreira. Ela vivia com dor crôni-
ca por anos, passou por 23 cirurgias 
e tornou-se viciada em OxyContin. No 
entanto, ela não desistiu e ‘ressusci-
tou’ sua carreira. Ela trabalhou como 
coordenadora de dublês neste filme.
- Jennifer Aniston não usou ma-
quiagem alguma no filme, exce-
to para criar suas falsas cicatrizes e 
quando Roy (Sam Worthington) vai 
almoçar em sua casa.
Foto por maxime caron em Unsplash
OS DESAFIOS PARA O COMBATE 
À DEPRESSÃO NO BRASIL
Tema 7
• O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
• O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
• A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
• A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
• A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas 
desconsiderado para efeito de correção.
OBSERVAÇÕES:
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, 
redija um texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema OS DESAFIOS PARA O 
COMBATE À DEPRESSÃO NO BRASIL apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize 
e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Retirado de: nexojornal.com.br
Retirado de: atribuna.com.br
A depressão é considerada uma das doenças mentais mais comuns do mundo. Frequentemente, ela se apresenta de forma 
crônica, o que significa que é parte constante da vida de quem sofre dela. É um problema agravado pelo estigma, que associa a 
depressão à fraqueza ou inadequação. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, conduzida pelo IBGE em parceria com o 
Ministério da Saúde, apontam que cerca de 7,9% da população brasileira sofre de depressão. Entre essas pessoas, 78,8% não recebem 
nenhum tipo de tratamento, que chega de forma desigual aos pacientes. Os dados fazem parte do trabalho “Desigualdades no 
acesso ao tratamento de depressão: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde Brasileira - PNS”, publicado em novembro de 2016 
no “Jornal Internacional por Igualdade na Saúde” por pesquisadores da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e da USP 
(Universidade de São Paulo). 
O estudo descobriu que brancos têm uma probabilidade menor de sofrer de depressão no país. E a maior probabilidade de 
obter tratamento. A pesquisa também apontou que as regiões Norte e Nordeste são aquelas onde a maior proporção de depressivos 
não têm nenhum tratamento. Entender quem são os depressivos do Brasil e quais deles não se tratam é importante porque, além de 
piorar a qualidade de vida de forma geral, a depressão está associada diretamente a outros problemas que poderiam ser mitigados 
por meio do cuidado adequado.
Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo. 
Em dez anos, de 2005 a 2015, esse número cresceu 18,4%. E esse total, que representa cerca de 5% da população mundial, só deve 
aumentar com o tempo, fazendo com que a doença se torne a segunda maior preocupação em termos de saúde pública no planeta. 
Quando nos voltamos ao Brasil, temos 5,8% da população sofrendo de depressão, ou seja, um total de 11,5 milhões de brasileiros. 
Ainda de acordo com a OMS, entre os países da América Latina, o Brasil é o que possui maior número de pessoas em depressão.
“São números assustadores e, ainda assim, nos deparamos com muito preconceito disseminado culturalmente. Por 
exemplo, é como ouvir pessoas dizendo que depressão não é doença e, sim, frescura; que para ficar bom é só ter força de vontade; 
que para se ajudar tem que sair de casa; entre tantas outras falácias do mundo pós-moderno’’, explica a psicóloga e neuropsicóloga 
Elaine Di Sarno.
O tratamento de depressão é um privilégio no Brasil
Brasil tem o maior número de casos de depressão da América Latina
Como seria esse tema no Enem
110
redação
TEMA OS DESAFIOS PARA O COMBATE À DEPRESSÃO NO BRASIL
Autor Victor Uchôa
Dissertação Em seu quadro “Noite Estrelada”, Vincent Van Gogh desenhou um céu extremamente limpo e brilhan-te. Clássico impressionista, essa obra foi elaborada em um dos momentos de loucura do pintor, no qual 
encontrava-se preso em um manicômio e sonhava com sua liberdade. Metaforicamente, pode-se afirmar, 
de forma irrefutável, que o cenário da depressão no Brasil é um símbolo atemporal do manicômio, o qual 
o tecido social enfrenta desafios para se libertar. Essa conjuntura é fruto inegável do sistema capitalista 
vigente que promove uma vivência social patológica. Assim, entre os elementos que cristalizam esse panorama, 
salientam-se, expressivamente, o âmbito escolar altamente normativo, juntamente com a atuação tendenciosa 
da mídia que solidifica tal problemática estarrecedora.
Observa-se, pois, que o sistema de ensino contemporâneo, aliado ao capitalismo em vigor, alicerça a 
dificuldade em combater o cenário depressivo em pauta. Essa realidade advém do fato de as escolas, 
respaldadas no discurso capitalista de aceleração cotidiana e de necessidade de indivíduos adaptados a esse 
ritmo, disseminarem um ideal sobre o imaginário coletivo que visa padronizar os alunos, criando, desse 
modo, um sistema educacional que não entende que a preparação emocional do sujeito é fundamental para 
a preparação de uma sociedade em que as pessoas tenham autonomia e felicidade, gerando uma ignorância 
coletiva que dificulta o combate à depressão. Esse raciocínio assemelha-se a afirmação do filósofo Immanuel 
Kant, que defendeu que “o homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”, dado que diante dessa 
ausência de serviço psicológico e comunicativo por parte dos colégios, desenvolvem-se analfabetos emocionais 
exponencialmente vulneráveis à depressão.
Ademais, a parcialidade dos meios midiáticos é outro fator que, adjunto ao sistema de acumulação de 
capitais que rege o corpo social, aprofunda os desafios para combater a depressão enunciada. Tudo isso 
ocorre pela razão de a mídia atuar como uma empresa de comunicação que defende seus patrocinadores 
para não perder sua monetização, sendo esses investidores, majoritariamente, adeptos de ideias conservadoras, 
as quais não classificam a depressão como uma doença, fazendo, assim, com que a mídia reproduza esses 
estereótipos ao reduzir e silenciar esse assunto letárgico. Essa ideia é análoga ao pensamento do imperador 
francês Napoleão Bonaparte, que afirmara: “Tenha mais medo de três jornais do que cem baionetas”, visto 
que, ao não explicitar uma visão ampla sobre a depressão para manter o espaço de poder de seus patroci-
nadores regressistas, a mídia acaba legitimando tal mazela e influenciando um comportamento público que 
dificulta o combate dessa determinada realidade.
Destarte, é de vital importância contornar esses desafios para combater a depressão. Para tanto, é 
necessário focar no cerne da questão: o capitalismo. Logo, o Governo Federal, em conjunto com seus mi-
nistérios, deve criar um Programa de Combate à Depressão que vise sanar tal problemática. Desse modo, 
esse Programa, com o auxílio do Ministério da Educação, deve rogar ao Congresso que elabore leis que 
modifiquem as Diretrizes Curriculares Nacionais a fim de implantar nas escolas disciplinas que debatam 
sobre a depressão. Além disso, esse Programa criará um Fundo Nacional que patrocine palestras públicas e 
propagandas midiáticas, as quais busquem instruir a nação sobre os males que essa determinada patologiatraz e como lidar com eles. Esse Fundo também poderá ser usado para contratar psicólogos para as 
escolas, visando frear esse quadro depressivo. Somente desse modo o país viverá sua noite estrelada perante 
ao cenário de depressão vigente.
111
redação
TEMA OS DESAFIOS PARA O COMBATE À DEPRESSÃO NO BRASIL
Autor Carlos Daniel
Dissertação “Ouves-me, mas não me escutas”. A afirmação do poeta francês Jean Antoine de Baïf ilustra perfeita-mente os desafios para combater a depressão no Brasil, uma vez que ouvir remete ao sentido da audição e, 
escutar, é interpretar aquilo que se ouve; assim, ouve-se muito acerca da depressão, mas pouco se interpreta 
essa realidade. Inegavelmente, a origem inconteste desse cenário está no capitalismo, exclusor daqueles que 
não se padronizam de maneira formal. Desse modo, entre os fatores contribuintes para o aprofundamento 
dessa problemática, pode-se destacar o alto nível de normatividade social, bem como a escola formal.
Em primeiro plano, as fortes normas sociais, aliadas ao capitalismo, alicerçam o desafiador combate à 
depressão no Brasil. Isso ocorre porque o sistema econômico vigente dita padrões estéticos, comportamentais 
e de felicidade que a sociedade almeja alcançar em todo o tempo e o indivíduo que não atinge esse ideal 
de sucesso é segregado, perenizando a depressão neste, já que estar fora do modelo de vida normativo é um 
fracasso na interpretação do depressivo, predisposto ao pessimismo. Esse raciocínio é análogo ao do sociólogo 
polonês Zygmunt Bauman, para quem “A invisibilidade é equivalente à morte”, dito que estar excluído da 
normatividade global e com depressão é estar socialmente morto, pois a depressão não é tendência capita-
lista, logo, não será eficientemente combatida.
Além disso, a escola formal, somada ao capitalismo exclusor, colabora com o contexto dos desafios para 
combater a depressão no Brasil. Esse contexto advém de o compromisso da escola não ser com o aluno, mas 
sim com o lucro gerado em seu sucesso acadêmico, cristalizando uma exigência da performance estudantil em 
testes padronizados que reduzem a função social da escola e legitimam um espaço que afirma estereótipos, 
hierarquias e normas sociais. Consequentemente, os jovens, ao terminarem a escola, tornam-se adultos sem 
ferramentas emocionais para lidar com o cotidiano. Exemplo claro dessa realidade é o Brasil ser o país 
mais depressivo da América Latina segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Diante do exposto, é nítido que as dificuldades para combater a depressão têm como cerne o capitalismo 
que exclui quem não se enquadra nos padrões de consumo e normatividade. Para resolver esse problema, 
o Governo Federal deve criar um Plano Nacional de Combate à Depressão que proponho ao Congresso a 
alteração das Diretrizes Curriculares Nacionais para incluir nos ensinos fundamental e médio disciplinas 
como educação emocional, espaço coletivo e cidadania. Também, é dever desse Plano criar um Fundo de 
Investimentos que destine verbas públicas para palestras em ambientes escolares e corporativos acerca da 
importância da diversidade e da depressão como um problema recorrente que pode sem combatido.

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