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3 - Dos direitos das pessoas com deficiência e dos idosos

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3 - Dos direitos das pessoas com deficiência e dos idosos
3.1 Pessoas com deficiência: inclusão social, acessibilidade, planos e programas
	Ao examinarmos a forma como as pessoas com deficiência foram tratadas ao longo da história, constatamos que esse tratamento passou por várias fases, desde a de eliminação, a do assistencialismo, a da integração, e finalmente, a da inclusão.
FASES DE DESENVOLVIMENTO DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIENCIA 
 
 
	A entrada na quarta fase da história de evolução dos direitos humanos das pessoas com deficiência – fase da inclusão – foi resultado, em especial, dos efeitos das duas Grandes Guerras Mundiais, em virtude do grande número de mutilados advindos do combate e da necessidade de sua reabilitação (TISESCU; SANTOS, 2014). Essa nova realidade mudou a mentalidade social, não somente em relação às pessoas mutiladas pela guerra, mas também em relação aos deficientes, “a diversidade social passa a ser objeto de aceitação social. Não se busca mais a ‘cura’ para as deficiências nem se imputa o ônus da adaptação apenas ao com deficiência” (TISESCU; SANTOS, 2014, p. 377). 
	Aqui se inicia a elaboração de normas internacionais e nacionais voltadas à proteção dos deficientes. Flávia Piovesan (2015, p. 303) ressalta que “de ‘objeto’ de políticas assistencialistas e de tratamentos médicos, as pessoas com deficiência passam a ser concebidas como verdadeiros sujeitos, titulares de direitos”.
PRINCIPAIS NORMAS INTERNACIONAIS
 
 
A CONVEÇÃO E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 O Brasil assinou a convenção em 30 de março de 2007, o Congresso Nacional a ratificou pelo Decreto Legislativo 186/2008, e o Decreto 6.949. de 25 de agosto de 2009, a promulgou.
 Foi a primeira sobre direitos humanos a ser incorporada com status de Emenda Constitucional, por ter cumprido o disposto no §3.0 do artigo 5.0 da Constituição Federal/88.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 • Lei n. 7.853/89 – Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. 
• Lei n. 8.899/94 – Concede passe livre às pessoas portadoras de deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual. 
• Lei n. 10.226/01 – Acrescenta parágrafos ao art. 135 da Lei 4.737, de 15 de julho de 1965, que institui o Código Eleitoral, determinando a expedição de instruções sobre a escolha dos locais de votação de mais fácil acesso para o eleitor deficiente físico. 
• Lei n. 11.133/05 – Institui o Dia Nacional de Luta da Pessoa Portadora de Deficiência.
 Em 6 de janeiro de 2016, entrou em vigor o chamado Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015), que adotou o mesmo conceito de deficiência da Convenção da ONU: 
Art. 2.º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
	O Estatuto estabelece conceitos elementares, como o de acessibilidade, o de barreiras, o de pessoa com mobilidade reduzida, entre outros (art. 3º da Lei n. 13.146/2015). Institui, entre os direitos fundamentais: 
	O Estatuto também prevê um rol de crimes relacionados à ofensa aos direitos das pessoas com deficiência (arts. 88 a 91).
3.2 Pessoas idosas: o estatuto do idoso, qualidade de vida e proteção 
	A preocupação com a pessoa idosa, como objetivo legislativo, é algo muito recente, pois até há pouco tempo se entendia que a moral e os bons costumes dariam conta dessa proteção.
ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL 
Estatisticamente, em 2012 existiam:
“aproximadamente 810 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos em todo o mundo e a tendência é ultrapassar a cifra de 2 bilhões em 2050, quando as pessoas mais velhas irão ultrapassar o número dos mais jovens (menores de 14 anos), pela primeira vez na história” (MAIO, 2013, p. 33).
LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL
 Somente em 1998 – por meio do Protocolo de San Salvador (Protocolo Adicional à Convenção Americana, referente aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais - Pacto de San José da Costa Rica, de 1969) - é o que houve uma preocupação internacional na adoção de normas especiais sobre o tema.
 É o único instrumento internacional vinculado, de conteúdo obrigatório.
LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL: ATUAÇÃO DA ONU 
 Não há uma Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas Idosas.
 Em 1982, a Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento aprovou o Plano de Ação Internacional de Viena sobre o Envelhecimento.
 Em 1991, a Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio da Resolução 46/91, “instituiu carta contendo alguns princípios aplicáveis à proteção e promoção dos direitos das pessoas idosas: independência, participação, cuidados especiais e dignidade”.
 Em 1992 a Conferência Internacional sobre o Envelhecimento reuniu-se para dar seguimento ao Plano de Ação, adotando a Proclamação do Envelhecimento. 
 Em 2002, a Segunda Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento foi realizada em Madrid. Com o objetivo de desenvolver uma política internacional para o envelhecimento para o século XXI, a Assembleia adotou uma Declaração Política e o Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento de Madrid.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 
Constituição Federal de 1988
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. 
§1.º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares. 
§2.º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. 
• Lei n. 8.842/94
 dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso, estabelecendo que se considera idosa a pessoa maior de 60 anos de idade. Essa lei foi regulamentada pelo Decreto n. 1.948/96, dispondo sobre a Política Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (PNDPI).
• Lei n. 8.742/93(LOAS)
 dispõe sobre a Organização da Assistência Social e que configura a garantia de percebimento de um salário mínimo ao idoso com 70 anos ou mais, desde que o mesmo comprove que não possui meios de prover a própria subsistência e não encontra na família esse amparo. 
• Lei n. 10.048/ 2000
 dispõe sobre a prioridade no atendimento do idoso, maior de 60 anos, em todos os bancos, órgãos públicos e concessionários de serviço público. 
• Lei n. 10.173/ 2001
 promoveu significativa mudança no Código de Processo Civil, permitindo a prioridade na tramitação de processos judiciais a idosos, maiores de 65 anos, em qualquer instância ou tribunal.
	Finalmente, o marco legislativo no âmbito nacional foi o Estatuto do Idoso, por meio da sanção da:
 Lei n. 10.741/2003. 
 Estatuto do idoso 
	“O Estatuto do Idoso, não só foi um marco jurídico e político importante, como também mostrou ser uma lei amplamente inovadora, ousada e avançada, além de protetiva deste grupo vulnerável”, assegurando, com absoluta prioridade, vários direitos humanos a eles.
 
3.3 Cuidados especiais e combate à violência 
Estatisticamente, sabe-se que o número de pessoas idosas cresce de forma exponencial: 
De acordo com projeções das Nações Unidas (Fundo de Populações), “uma em cada 9 pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, e estima-se um crescimento para 1 em cada 5 por volta de 2050”. [...] Em 2050 pela primeira vez haverá mais idosos que crianças menores de 15 anos. 
Em 2012, 810 milhões de pessoas têm 60 anos ou mais, constituindo 11,5% da população global. Projeta-se que esse número alcance 1 bilhão em menos de dez anos e mais que duplique em2050, alcançando 2 bilhões de pessoas ou 22% da população global”. Já no Brasil, segundo pesquisa do IBGE, a população idosa totaliza 23,5 milhões de pessoas (SDH, s.d.,p.1).
POLÍTICAS PÚBLICAS
gjh
	A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República aponta as seguintes políticas públicas e planos setoriais propostos de forma conjunta com a sociedade nesse tema:
 O governo federal implantou, em 2011, o módulo Idoso no Disque Direitos Humanos (DDH – 100).
 Dados do DDH-100 entre 2011 e 2012:
 
ESTATUTO DO IDOSO
	O Estatuto do Idoso apresenta 14 tipos penais, ou seja, crimes visando à tutela dos direitos dos idosos, sendo alguns novos e alguns adaptações de crimes já existentes. A seguir, os crimes novos são relacionados: 
• ao combate à discriminação (art. 96); 
• à punição da negativa por entidades em realizar o acolhimento na tentativa de obrigar a outorga de procuração (art. 103); 
• à retenção do cartão magnético de conta bancária com o objetivo de recebimento ou ressarcimento de dívida (art. 104); 
• à exibição ou veiculação de informações ou imagens depreciativas ou injuriosas em relação à pessoa do idoso (art. 105);
• à indução da pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de administração de bens ou disposição (art. 106); 
• ao ato de lavrar ato notarial (ex.: escritura pública de compra e venda de imóvel) que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos e sem a devida representação legal (art. 108).
	É claro que o combate à violência contra o idoso não passa somente pelo âmbito da penalização das condutas, muito menos pela efetivação destas penas pelo agente público. Vai muito além! São necessárias políticas públicas de atendimento aos direitos humanos dos idosos para evitar que eles fiquem em situação de risco, assegurando-lhes os direitos básicos. São indispensáveis ações educacionais voltadas à conscientização da população em relação a esses direitos (inclusive dos próprios idosos e de seus familiares) e a capacitação dos agentes públicos, tanto no âmbito da saúde pública, da assistência social, como de todo o funcionalismo público.
	 É possível passar horas e horas a tecer comentários em relação às práticas necessárias para a efetivação das medidas de respeito aos direitos dos idosos, mas, ao que parece, tudo passa por uma reviravolta moral, no restabelecimento de valores morais de proteção da pessoa humana, naquela visão de proteção do mais fraco, em especial, de respeito ao próximo e àquele que eventualmente já cuidou de você.

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