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A StuDocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade Direito da União Europeia - Resumos Direito da União Europeia (Universidade de Coimbra) A StuDocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade Direito da União Europeia - Resumos Direito da União Europeia (Universidade de Coimbra) Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos https://www.studocu.com/pt/document/universidade-de-coimbra/direito-da-uniao-europeia/resumos/direito-da-uniao-europeia-resumos/2088317/view?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos https://www.studocu.com/pt/course/universidade-de-coimbra/direito-da-uniao-europeia/2834530?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos https://www.studocu.com/pt/document/universidade-de-coimbra/direito-da-uniao-europeia/resumos/direito-da-uniao-europeia-resumos/2088317/view?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos https://www.studocu.com/pt/course/universidade-de-coimbra/direito-da-uniao-europeia/2834530?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos INTRODUÇÃO 1. Generalidades A União Europeia é constituída por três comunidades, pela CECA (Comunidade europeia do Carvão e do Aço), pela EURATOM (Comunidade europeia da Energia Atómica) e pela CEE (Comunidade Económica Europeia), e mais duas organizações de política externa (duas políticas inter- governamentais): Política Externa e Segurança Comum Cooperação Policial e Judiciária em Matéria Penal. A União Europeia foi criada em 1992, pelo tratado de Maastricht e entrou em vigor em 1993. O tratado da União Europeia institui a União Europeia, dizendo que estas são constituídas pelas três comunidades mais duas de políticas externas (PESC e CPJMP). Foram pelo tratado de Amesterdão em 1997 e pelo tratado de Nice em 2000. Os Estados criaram as comunidades e transferem para elas certas competências e assim auto-limitaram-se. 2. Instituições a) Comissão Composta por vinte comissários, é um órgão executivo, é a guardiã dos tratados.1[1] b) Parlamento Europeu Só a partir de 1992 passa a ter poderes legislativos e apenas conjuntamente com o Conselho, mas não tem poderes legislativos autónomos. Tem poderes consultivos, e agora tem a função decisória mas só em conjunto com o Conselho. Na função legislativa a Comissão apresenta a proposta, o Conselho vai decidir, mas o Parlamento Europeu vai dar a sua opinião, o seu parecer, tem uma função decisória, mas está subordinado ao Conselho. Controla politicamente as instituições e tem funções próprias. c) Conselho da União Europeia É o órgão decisório (arts. 202º e 203º TCE). A presidência é rotativa pelos Estados membros de seis em seis meses. d) Conselho Europeu Regulado pelo art. 4 TUE, a presidência varia de seis em seis meses, pelos Estados membros, a presidência compete ao chefe de Estado que tem a presidência do Conselho da União Europeia. e) Tribunal de Justiça; f) Tribunal de Contas. 3. Alargamentos 1[1] O presidente em 2002 e Romano Prodi. Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos Inicialmente, em 1950, eram seis Estados: a França, a Alemanha, a Itália, a Bélgica, a Holanda e Luxemburgo. Em 1973, houve o primeiro alargamento, e entrou a Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido. Depois, houve um segundo alargamento em 1981, onde entrou a Grécia. Em 1986, com o terceiro alargamento entraram Portugal e Espanha. Por fim, em 1995, deu-se o quarto alargamento, entrando a Suécia, a Áustria e a Finlândia. Dos quinze Estados, o Reino Unido, a Dinamarca e a Suécia não fazem parte da União Económica e Monetária, que funciona com doze Estados. Direito comunitário originário, são todos os tratados que alterem ou modifiquem os tratados de adesão2[2]. Direito comunitário derivado, são actos das instituições para dar cumprimento aos tratados. Estes actos pode ser regulamentos3[3], directivas4[4], decisões, recomendações e pareceres, vindo referidos no art. 249º TCE. 2[2] Tratados de Paris, Roma, Maastricht, Amesterdão, Nice. 3[3] Têm aplicabilidade directa e imediata, tem uma obrigação que os Estados têm de cumprir. 4[4] Têm de ser transpostas para uma Lei ou Decreto-lei, obrigando a um resultado, e deixa liberdade quanto à forma e aos meios, a directiva tem um prazo e os tratados têm de cumprir aquela data, senão a comissão pode intentar uma acção de incumprimento no Tribunal de Justiça.~ DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO 4. Introdução histórica A unificação europeia assentou na livre vontade dos Estados, e no livre consentimento destes. As circunstâncias que conduziram ao processo de integração são: 1) Necessidade de assegurar a paz duradoura entre os países da Europa Ocidental; 2) Necessidade de estabelecer laços de coesão entre os países da Europa Ocidental; 3) Necessidade de sobrevivência económica. A Europa viveu durante séculos na balança de poderes, que assentava na ideia de alianças entre Estados nacionais e na hierarquia de potências. A Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 Europa baseada na balança de poderes era geradora de conflitos e esta situação tinha de ser alterada; reconhecendo a igualdade entre estados, esta ideia passava pelos Estados aceitarem restrições à sua liberdade de acção. Era preciso estabelecer a paz e organizar em novos modelos os Estados da Europa, fazendo com que os Estados aceitassem restrições à sua liberdade de acção e foi aqui que assentou o processo de integração. Em 1947, em Haia, Churchill profere um discurso, dando a ideia de que era necessário criar instituições capazes de organizar em novas bases o Estado Europeu, havendo um denominador comum: estas organizações (a criar) deveriam intensificar os laços de coesão entre os Estados da Europa Ocidental. A influência deste discurso levou a que no congresso de Haia se formem duas correntes: 1) Corrente Federalista: a ideia era a criação dos Estados Unidos da Europa, os estados continuavam a ser soberanos, tinha que haver unanimidade da decisão; 2) Corrente pragmática: queria uma Europa unida com uma cooperação entre os Estados soberanos. Os esforços de reconstrução da Europa realizaram-se em duas frentes: da cooperação e da integração, funcionando as duas em simultâneo. Como característica importante das organizações de integração das Comunidades Europeias, os Estados ao participarem nestas organizações há determinadas competências que cabem às organizações, o que vai restringir a liberdade de acção dos Estados. Havia a ideia que as organizações deviam começar pelo terreno económico, esta opção económica foi desenvolvida em dois modelos distintos: 1) Através de uma simples área de comércio livre4[5]; 2) Através de um mercado comum4[6]. 5. Tratado da União Europeia Devido às grandes alterações no panorama político que colmatouem 1989 com a queda do Muro de Berlim, houve necessidade de alterar os tratados até aí existentes. Procedem-se a uma revisão dos tratados e convocou-se duas conferências inter-governamentais para rever os tratados, sobre a União Política e sobre a União Económica que decorreram entre 1991 e 1992, que deram origem ao Tratado da União Europeia4[7]. Este tratado tem uma estrutura tripartida: - Pilar económico (vertente económica), constituído pelas comunidades, destacando-se dentro desta a União Económica e Monetária como objectivo das comunidades. - Duas políticas inter-governamentais (vertente política, que são os pilares políticos: Política Externa e Segurança Comum; Cooperação nos domínios da Justiça e dos Assuntos Internos. 6. Criação das comunidades Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos No seguimento do congresso de Haia, em 9 de Maio de 1950, Chuman, ministro dos negócios estrangeiros, por sugestão se Jean Monet, propôs à RFA a gestão conjunta das produções do carvão e do aço estabelecendo uma estrutura organizativa que os outros Estados europeus pudessem participar4[8], havendo assim um controlo bilateral de duas matérias-primas para qualquer guerra; o acordo iniciou-se com a França e a Alemanha, ao qual se juntaram a Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Itália. Foi lançado deste modo as bases para a criação da CECA, visavam resolver três questões: 1) Questão económica; 2) Questão política; 3) Unificação da Europa. Assim surgiu o tratado de Paris a 18 de Abril de 1951, que entrou em vigor a 25 de Julho de 1952. O que caracterizou a CECA que desde logo a distinguiu das outras organizações, foi que os Estados ao criarem esta organização e a transferirem certas competências, que eram competências estatais para estas organizações, a partir desse momento, não podem mais exercer essas competências livremente, eles auto-limitaram-se. Criaram estas organizações e dotaram-na de órgãos com poderes efectivos: poder de criar legislação própria; produção legislativa autónoma, isto é, produção de legislação independentemente dos Estados. Na conferência de Mecina, foi criada a comissão Spack que foi encarregue de estudar novos projectos. Esta comissão apresentou um novo projecto com a criação de duas novas comunidades: para a economia em geral CEE; outra para o sector da energia atómica CEEA ou EURATOM. Foram assinados dois tratados que criaram as duas novas comunidades, Tratado de Roma em 25 de Março de 1957, que entrou em vigor a 14 de Janeiro de 1958. Os três tratados comunitários (CECA, EURATOM, CEE) foram ao longo do tempo alvo de alterações que decorreram não só das adesões dos novos Estados, como ainda de revisão gerais dos tratados como o Acto Único Europeu (1987), o Tratado da União Europeia (1998/1993) e o Tratado de Amesterdão (1997/1999). Para além destas alterações houve algumas alterações introduzidas pelos tratados de adesão. Outras alterações estabelecem uma estrutura orgânica comum às três comunidades; em 1957 o Parlamento Europeu e o Tribunal passaram a ser comuns às três comunidades; em 1965, realiza-se o tratado de fusão dos executivos, estabelecendo uma Comissão e um Conselho únicos. 7. Dimensão económica e política, da CECA até à União Europeia O objecto da Comunidade Económica Europeia era estabelecer um mercado comum extensivo aos diversos sectores da vida. Pretendia-se que as mercadorias circulassem livremente entre os Estados. O mercado comum assentava em quatro ideias: 1. Criação de uma União Aduaneira (pressupõe uma livre circulação de mercadorias); Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 2. Livre circulação dos factores de produção: pessoas (trabalhadores), bens, serviços e capitais (reconhecimento das quatro liberdades básicas de circulação); 3. Existência de regras de concorrência (política comum de concorrência); 4. Conjunto de políticas comuns a todos os Estados. O Tratado da Comunidade Europeia no art. 23º, define a União Aduaneira, abrange a totalidade do comércio de mercadorias, proibição entre os Estados- membros de direitos aduaneiros ou encargos equivalentes, adopção de uma pauta aduaneira comum nas relações com terceiros. A União Aduaneira implica, para além da livre circulação de mercadorias originárias (art. 23º TCE), a proibição de obstáculos de natureza quantitativa ou de natureza pautal. Pressupõe ainda uma protecção ao comércio exterior comum (pauta aduaneira comum). Um mercado comum pressupõe uma política comum de concorrência. A existência de um mercado comum leva à obrigação de definição de regras comuns de concorrência, que possibilitam aos operadores económicos dos Estados-membros possam competir em igualdade de circunstâncias. São proibidas três práticas: 1) Acordos entre empresas (art. 81º TCE); 2) Uso abusivo de uma posição dominante (art. 82º TCE); 3) Auxílio do Estado às empresas (art. 87º TCE). Tem-se então uma União Aduaneira, um mercado comum e uma união económica4[9]. Com o Acto Único Europeu que introduziu alterações nos tratados originários, visava eliminar os obstáculos ainda existentes à livre circulação4[10]. Havia a ideia de que era preciso harmonizar as lesões dos Estados através de directivas, vincula o Estado-membro quanto a um resultado que tem de ser alcançado. Havia, a ideia de concretizar, de pôr em marcha o mercado comum, agora designado de mercado interno: Alterações ao conteúdo institucional (que vão no sentido de agilizar o processo de tomada de decisões a nível do Conselho através do recurso à regra da maioria). Os tratados deixaram de recorrer de forma sistemática aos acordos de Luxemburgo, ou seja, à votação por unanimidade, à possibilidade de vetarem uma decisão. Consagra uma série de novas políticas comuns (política de acompanhamento, nomeadamente nas áreas da investigação científica, ambiente, política social, política regional). Foi com o Acto Único Europeu que surgiu o conceito de coesão económica e social4[11]. O mercado comum caracteriza-se por uma livre circulação de mercadorias e livre circulação dos outros factores de produção. 8. Evolução em termos monetários e políticos Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos O sistema monetário europeu revelou-se uma experiência bem sucedida porque conseguiu uma substancial redução das variações cambiárias no interior da comunidade. Para além disso estabeleceu ainda a criação do ECU que é uma verdadeira unidade monetária e que de simples instrumento de conta evolui para uma unidade monetária (o ECU não é uma moeda, é uma cabaz de moedas). O sistema monetário europeu teve uma crise na década de 1990 que levou à sua falência, levou à queda deste sistema. A União Económica e Monetária tem objectivos políticos. Em 1988 houve a tomada de decisão de criar um novo grupo de trabalho para estudar os meios para caracterizar a União. Jacques Delors apresentou um relatório para o projecto da União Económica e Monetária um ano depois para a principal base das disposições que existem hoje nos tratados relativas à União Económica e Monetária.Este relatório previa o estabelecimento de uma União Económica e Monetária em três fases, de forma a atingir o objectivo da moeda única. 1ª Fase: Tem início em 1990 até 31 de Dezembro de 1993, e teve como principal objectivo a liberalização total de capitais no interior da comunidade. 2ª Fase: Tem início em Janeiro de 1994 a 1999, cujo objectivo era a de assegurar a convergência das políticas económicas dos diversos Estados. Em Maio de 1998 o Conselho (chefes de Estado e de Governo) determinou quais os países e deliberou quais os Estados passariam em 1 de Janeiro de 1999 à 3ª fase. 3ª Fase: Teve início a 1 de Janeiro de 1999 e é marcada pela fixação das taxas de conversão fixas e irreversíveis entre as moedas nacionais, entre os Estados participantes nesta 3ª fase e pela instituição do Sistema Europeu de Bancos Centrais. A União Económica e Monetária foi a via que os Estados encontram em Maastricht para aprofundar o processo de integração e garantir a sua irreversibilidade. Tem claros objectivos políticos e foi um processo de integração bastante polémico pois foi estabelecido rigorosos critérios económicos e financeiros, foi privilegiado o rigor financeiro e a luta contra a inflação. Foram privilegiados os critérios de origem financeira em deterimento dos de origem real (por ex. o nível de vida). 9. Política externa e segurança comum (PESC) Na década de 70 começou a surgir a cooperação a nível político entre os Estados, e o objectivo desta cooperação era o da afirmação duma política externa comum aos diversos Estados-membros. No entanto estas práticas de cooperação política tinham lugar fora do quadro estabelecido nos tratados, eram meras práticas sem órgãos próprios para o efeito e o respeito pela regra da unanimidade. Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 Esta prática eram simples acordos inter-governamentais instituídos nos tratados pelo Acto Único Europeu e que foram reforçados com a Política Externa e Segurança Comum no Tratado da União Europeia. Com o Tratado da União Europeia reforçou-se a vertente da política externa. O art. 11º TUE, consagra a Política Externa e Segurança Comum e no art. 29º TUE a Cooperação Policial e Judiciária em Matéria Penal. Estas duas políticas são políticas inter-governamentais o que é diferente de políticas comuns porque o seu modo de funcionamento é diferente, a regra de deliberação, a sua iniciativa, as regras de financiamento, são diferentes de todas as políticas comuns: Financiamento, são financiadas pelos orçamentos de Estado; Regra de deliberação, é a unanimidade; Iniciativa, não compete à Comissão4[12]; Quem decide não é o Conselho. 10. Aprofundamento do projecto comunitário O grande objectivo do Acto Único Europeu era concretizar o mercado comum. A Comunidade pressupõe a existência de políticas comuns. O Acto Único Europeu deu impulso aos tratados e veio concretizar o mercado comum. Designa-se Acto Único Europeu porque com um único acto se procedeu à revisão dos três tratados: CECA, EURATOM, CEE; e porque num único instrumento são tratadas as questões relativas às comunidades europeias e à cooperação política europeia que até aqui corria à margem do quadro das comunidades. O grande objectivo do Tratado da União Europeia foi impulsionar no domínio económico4[13] e dotar as comunidades de objectivos políticos através do reforço e aperfeiçoamento dos mecanismos das relações externas4[14]. O princípio da subsidiariedade vem determinar a quem compete o exercício de determinada competência4[15]. As decisões devem ser tomadas o mais próximo possível do cidadão. 11. Conteúdo do Tratado de Amesterdão O Tratado de Amesterdão é a terceira grande revisão dos tratados, mas é a primeira do Tratado da União Europeia. Este tratado não revendo as disposições relativas à União Económica e Monetária completando o Tratado de Maastricht vem dotar a União de maior democracia e eficácia fazendo uma revisão nas instituições e adoptando a Europa ao pós-comunismo. A conferência inter-governamental que originou o Tratado de Amesterdão iniciou-se em Março de 1996 e em cumprimento do art. N, n.º 2 do TUE. As negociações terminaram em Junho de 197 e foi assinado em Outubro de 1997, entrou em vigor em Maio de 1999. Em primeiro lugar fez-se a revisão de todas as disposições, fez-se a revisão de todos os tratados, depois, fizeram-se as alterações formais eliminando as Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos disposições caducadas e remunerando o conjunto de disposições alteradas. Este tratado limitava-se a fazer a revisão dos tratados. Tem aspectos positivos: Manteve-se a estrutura em três pilares do Tratado da União Europeia, mas ao manter-se, convém salientar a comunitarização da matéria civil da Cooperação nos domínios da Justiça e dos Assuntos Internos. A Política Externa e Segurança Comum não foi comunitarizada, mas introduziram-lhe algumas alterações para ficar mais próxima das políticas comunitárias, mantendo-se o mesmo conteúdo. Aumentou-se o número de casos em que se decide por maioria (reforçou- se a regra da maioria). No pilar comunitário, os Estados introduziram alterações no sentido de dotar a comunidade de objectivos sociais. Reforçou-se os direitos fundamentais da União Europeia (art. 6º - 49º TUE), um Estado para aderir tem que respeitar os princípios do art. 6º TUE. Existência dum procedimento que permite constatar a existência de violações graves e persistentes dos direitos presentes no art. 6º TUE pelos Estados-membros e poder ser retirado o direito de voto no seio do Conselho (art. 7º TUE). A principal crítica é a de que não ter aproveitado esta ocasião para fazer a reforma das instituições comunitárias, com vista aos próximos alagamentos. O tratado de Amesterdão avança no domínio social, enquanto que noutros domínios o avanço foi escasso. Ou outro avanço neste tratado foi a cooperação reforçada. 12. Cooperação reforçada É um mecanismo que permite a alguns Estados avançarem em deterimento de outros. Traduz-se numa aceitação de uma construção diferenciada na Europa. Esta ideia de diferenciação já se encontra noutros domínios, nomeadamente, na União Económica e Monetária. A cooperação reforçada põe em causa a uniformidade e a unidade da aplicação do direito comunitário. Permite que um número de Estados, não inferior a oito (art. 43º/1-d TUE e 11º TCE) avançar quer no pilar comunitário quer no terceiro pilar relativo à cooperação policial e judiciária em matéria penal desenvolvendo acções conjuntas sem que os outros Estados participem. É um mecanismo de cariz subsidiário, porque só é possível accionar este mecanismo, quando não seja possível actuar no âmbito dos processos comunitários. Foi instituído para desbloquear situações de impasse; este mecanismo está aberto a todos os Estados, podendo participar desde o início ou juntarem-se a estes posteriormente (art. 43º/1-g TUE). As cláusulas gerais do art. 43º TUE, vêm juntar-se as cláusulas do art. 11º TCE, se é uma cooperação reforçada a desenvolver no âmbito do pilar comunitário ou juntar-se as cláusulas do art. 40º TUE, se é uma política reforçada no âmbito do terceiro pilar. Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604Os Estados têm em primeiro lugar que obter autorização por parte do Conselho, que deliberar por maioria qualificada (62 votos dos 87). O Conselho vai decidir com base numa proposta apresentada pela Comissão e após parecer dos Parlamento Europeu (parecer obrigatório, mas não vinculado). A Comissão detém o monopólio exclusivo da iniciativa neste domínio. Os Estados têm que solicitar à Comissão um pedido para a instituição da cooperação reforçada. A Comissão pode apenas apresentar a proposta ao Conselho, caso a Comissão não apresente essa proposta os Estados são informados das razões que a levaram a isso (art. 11º TCE). Os Estados que não participem desde o início da cooperação reforçada e que o queiram fazer mais tarde, podem-no fazer, notificado a sua intenção ao Conselho e à comissão (art. 11º/3 TCE) é a técnica de spill-over. Durante a implementação da cooperação reforçada e durante o desenvolvimento das políticas da cooperação reforçada, só tomam parte nas votações os Estados que participem nessa cooperação reforçada. NATUREZA JURÍDICA DAS COMUNIDADES EUROPEIAS 13. Natureza jurídica É impossível determinar a natureza jurídica das Comunidades Europeias4[16], porque as Comunidades Europeias são ainda uma organização recente e ainda não se sabe qual o modelo que vai ser determinado. Actualmente a tendência tem sido o inter-governamental, porque cada vez mais se estão a reforçar os pilares inter-governamentais. Há diversas teses para aferir a natureza jurídica das Comunidades Europeias. 1) Tese Estadual; Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos 2) Tese Federal; 3) Tese Confederal; 4) Tese Internacional Clássica; 5) Tese Supranacional. 14. Tese Estadual Determina que as Comunidades seriam um Estado porque beneficiam duma atribuição de competências dos Estados para as instituições competentes e por outro lado a existência duma estrutura orgânica idêntica à estrutura dos Estados. Os tratados seriam equiparados às constituições estaduais. Críticas: Os tratados são efectivamente vistos muitas vezes como a constituição comunitária e são, mas não podem ser equiparados às constituições dos Estados. As comunidades não dispõem de poder constituinte, quem faz a revisão dos tratados são os Estados. As Comunidades não são um Estado. Elas não têm o poder de auto-organização, característica dos Estados. As competências das comunidades são dominadas pela lógica da especialidade, só têm as competências que lhe foram atribuídas, as competências dos Estados têm vocação universal, os Estados têm todas as competências, em princípio. 15. Tese Federal Há uma aproximação das comunidades ao modelo federal devido à sua evolução histórica e também devido aos Estados atribuírem competências, as que eram concorrentes passaram a ser exclusivas. A regra de deliberação das comunidades é a regra da maioria e não a unanimidade. O Conselho foi pensado como órgão federal. Estes factores contribuíram para a aproximar as comunidades do modelo federal. Apesar desta aproximação das Comunidades à tese federal, ela não é um Estado Federal, porque não é um Estado. O que se encontra é uma ordem jurídica comunitária autónoma da ordem jurídica interna dos Estados, própria e hierarquizada. As normas de direito comunitário, vão ter aplicação imediata na ordem jurídica interna dos Estados. A ordem comunitária é caracterizada pela força do Tribunal de Justiça. O Tratado da União Europeia acabou por reforçar esta vertente federal, através de três vectores. Cidadania da União; Política Externa e Segurança Comum; União Económica e Monetária. As comunidades, embora tenham características de uma federação, não o são. A ordem jurídica comunitária é constituída pelo direito comunitário derivado e originário, mas nunca pela ordem jurídica interna dos Estados. 1) Tese Confederal Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 A definição de confederação que pressupõe a associação de Estados determinada por tratado de que vai resultar a criação de órgãos comuns, que vão prosseguir determinadas competências, geralmente vai resultar a criação de órgãos comuns que vão prosseguir determinadas competências geralmente competências internacionais. As diferenças partem desde logo do facto da comunidade não atingir as competências políticas de uma confederação, as comunidades têm competências políticas em termos de Política Externa e Segurança Comum4[17], e Cooperação Policial e Judiciária em Matéria Penal. Com as comunidades a integração dos Estados que se conseguiu foi por via do económico e não por via do político. 16. Tese internacional clássica Tese que afere as comunidades como uma organização internacional clássica. Parte de uma premissa correcta que é a de que o acto constitutivo das comunidades é o tratado internacional. Outro elemento a favor desta tese é que a modificação do estatuto comunitário dos tratados assenta na vontade dos Estados. O facto das relações entre os Estados serem regidos pelas normas de direito internacional, há um certo número de situações que ainda se decide por unanimidade. Partem de uma premissa correcta4[18], mas não conseguem explicar as outras características das comunidades: Princípio da aplicabilidade directa; Efeito directo; Princípio do primado; Força executória das decisões do tribunal de justiça; Alargamento das competências; Capacidade das comunidades é autónoma (ao criarem regras de direito). O direito comunitário parte da ideia da divisibilidade da soberania dos Estados. 4[16] Aquilo que elas deveriam ser. 4[17] É uma política inter-governamental que assenta na vontade dos Estados. 4[18] As comunidades serem criadas por um tratado. Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos COMPETÊNCIAS DAS COMUNIDADES 17. Paralelo entre competência das comunidades e competência dos Estados Enquanto que as competências dos Estados são tendencialmente universais as comunidades estão limitadas pelo princípio da especialidade, têm a acção limitada pelos seus fins, só podem praticar os actos para prosseguir os fins das comunidades. Os Estados são determinados pela vocação universal, o princípio base é o da competência das competências que é característico dos Estados unitários. As comunidades estão dominadas pela lógica da especialidade, pelo se retira o princípio da competência de atribuição, significa que as comunidades só têm as competências que os Estados previamente lhe atribuíram, pelo que, todas as competências que não são atribuídas às comunidades e não apenas as que são expressamente reservadas, permanecem no âmbito dos Estados. Se as comunidades só têm as competências que os Estados lhes atribuem, todas as outras competências são dos Estados, mesmo as que os Estados não reservaram para isso, não tem que haver uma reserva expressa das competências para que elas sejam dos Estados. As instituições comunitárias, só têm as competências que os Estados lhes atribuíram, e não podem invadiras competências dos outros órgãos para cumprimento das disposições dos tratados. A atribuição de competências pode ser feita por duas formas: Ou através de uma enumeração expressa; Ou através do método funcional de atribuição de competências. Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 No primeiro método enumera-se quais as competências (este método não foi seguido), a enumeração expressa é o chamado método de lista que é corrente, utilizado na construção dos Estados Federais. O segundo método (seguido pelas comunidades), é o método utilizado pelos autores dos tratados, que se serviram dos objectivos das comunidades, para desta forma lhe atribuírem as competências necessárias para os atingir. Tem-se dois sistemas de repartição de competências. 1) O sistema vertical: verifica-se entre as comunidades e os Estados- membros; 2) No interior da comunidade tem-se um sistema horizontal de repartição de poderes de acordo com o qual, cada instituição tem os poderes que os tratados lhe atribuíram para exercer as competências que os tratados prevêem. Quando existem conflitos de competências ou poderes, são sempre resolvidos e atribuídos pelo Tribunal de Justiça. O princípio das competências de atribuição sofreu um desgaste por duas vias distintas: 1) Jurisprudencial, através da acção do Tribunal de Justiça; 2) Política, por acção do Conselho de ministros (Conselho da União Europeia). O Tribunal de Justiça partiu dos fins de integração comunitária (objectivos dos tratados) para com a utilização de determinados métodos de interpretação opera uma mutação das competências concorrentes em competências exclusivas, através da técnica da ocupação do terreno normativo. Essa mutação dava-se pelo seu simples exercício por parte das instituições comunitárias excluindo-se qualquer intervenção das instâncias nacionais. Houve o desvirtuar do princípio das competências de atribuição através do recurso ao mecanismo consagrado no art. 308º TCE, em virtude do recurso a este mecanismo, o Conselho alargou substancialmente o elenco das competências comunitárias e o alargamento das competências concorrentes em exclusivo, entendendo-se que uma acção era importante para atingir o funcionamento do mercado comum recorrendo a este mecanismo. 18. Princípio da subsidiariedade A União Europeia assenta no princípio da subsidiariedade, tal como especificam os artigos A e B do Título I do Tratado da União Europeia. Este princípio contribui para o respeito da identidade nacional dos Estados-membros e constitui uma salvaguarda das respectivas competências. O seu objectivo consiste em que as decisões no âmbito da União Europeia sejam tomadas ao nível mais próximo possível dos cidadãos. O art. 5º TCE contém três elementos principais: - Um limite estrito à acção comunitária (primeiro parágrafo); - Uma regra (segundo parágrafo) para responder à pergunta: “A comunidade deverá intervir?” Esta regra aplica-se a domínios que não são da competência exclusiva da Comunidade; Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos - Uma regra (terceiro parágrafo) para responder à pergunta: “Qual deverá ser a intensidade ou a natureza da acção da Comunidade?” Esta regra aplica-se quer a acção seja ou na competência exclusiva da Comunidade. Estes três parágrafos abrangem três conceitos jurídicos distintos, que têm antecedentes históricos nos actuais tais tratados comunitários ou na jurisprudência do Tribunal de Justiça: - O princípio de que a Comunidade só pode intervir quando lhe forem conferidas competências para tal – o que implica que as competências para tal – o que implica que as competências nacionais são a regra e as da Comunidade a excepção – foi sempre um aspecto fundamental do ordenamento jurídico comunitário (princípio da atribuição de poderes); - O princípio de que a Comunidade só deve intervir quando um determinado objectivo for melhor atingido a nível comunitário do União Europeia a nível dos Estados-membros está presente de forma embrionária ou implícito em algumas disposições do Tratado CECA e do Tratado CEE; o Acto Único Europeu definiu explicitamente este princípio em matéria de ambiente (princípio da subsidiariedade em sentido jurídico estrito); - O princípio de que os meios utilizados pela Comunidade deverão ser proporcionais aos fins em vista é já referido em jurisprudência confirmada no Tribunal de Justiça. Este princípio tem, porém, sido limitado no seu alcance e desenvolvido sem o apoio de um artigo específico do Tratado (princípio da proporcionalidade ou da intensidade). O princípio da subsidiariedade não tem a ver, nem poderá por em causa, as competências atribuídas à Comunidade Europeia pelo Tratado, de acordo com a interpretação do Tribunal de Justiça; fornece, no entanto, uma orientação sobre a forma como tais competências deverão ser exercidas a nível comunitário. A aplicação do princípio deverá respeitar as disposições gerais contidas no Tratado de Maastricht, incluindo a da “manutenção da integridade do acervo comunitário”, sem prejudicar o primado do direito comunitário e se colocar em questão o princípio definido no n.º 3 do art. F do Tratado da União Europeia, segundo o qual a União se dotará dos meios necessários para atingir os seus objectivos e realizar com êxito as suas políticas. A subsidiariedade é um conceito dinâmico que deverá ser aplicado à luz dos objectivos fixados no Tratado. Permite que a intervenção comunitária seja alargada, se necessário, e, por outro lado, permite igualmente que ela seja limitada ou interrompida, se deixar de se justificar. Sempre que da aplicação do critério da subsidiariedade resultar a exclusão da intervenção comunitária, os Estados-membros continuarão, todavia, a dever cumprir, na sua acção, as regras gerais contidas no art. 5º do Tratado, nomeadamente tomando todas as medidas adequadas para assegurar o cumprimento das suas obrigações dele decorrentes e abstendo-se de tomar quaisquer medidas susceptíveis de pôr em perigo os objectivos do mesmo. Não se pode considerar que o princípio da subsidiariedade produza efeitos directos; todavia, a sua interpretação e a verificação do seu cumprimento ficarão Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 sujeitas ao controlo do Tribunal de Justiça, para as questões abrangidas pelo Tratado que institui a Comunidade Europeia. É um princípio que vem regular o exercício das competências; não atribui competências a nenhum órgão, não vem afectar os sistemas de repartição de competências, apenas vem regular o exercício de competências (art. 5º TUE). O exercício de uma competência, em princípio, cabe aos Estados. Critérios de aplicação do princípio da subsidiariedade: - Critério da suficiência; - Critério transfronteiriço; - Critério da dimensão da acção; - Critério da eficácia da acção. Grande objectivo, aproximar as decisões dos cidadãos. Da aplicação deste princípio, tem-se que averiguar (duas teses): 1) Eficácia comparativa vai-se ver se os Estados têm os meios necessários para atingir aquele objectivo; 2) Valor acrescentado4[19] analisa-se a eficácia da acção comunitária e a sua dimensão. Tem-se que analisar em cada momento, se se verifica estes pressupostos.Primeiro analisa-se se os Estados têm os meios necessários para desenvolver aquela acção, se não tiverem, passa para as comunidades. 19. Instituições As três comunidades europeias4[20] são associações de Estados que correspondem em larga medida ao conceito clássico de organizações internacionais inter-governamentais4[21]. As três comunidades europeias dispõem, actualmente, dos seguintes órgãos: a) Órgãos de direcção política: aos quais cabe, com a liberdade de apreciação necessária a quem actua no plano político, fazer as opções e tomar as grandes decisões sobre a evolução do processo de integração europeia, estes órgãos políticos são três. 1) Conselho Europeu, constituído pelos chefes de Estado ou de Governo dos países membros; 2) Conselho da União Europeia, constituído por representantes dos Estados membros, de nível ministerial; e 3) Parlamento Europeu, composto por representantes (eleitos) dos povos dos estados-membros. b) Órgãos de direcção, decisão e execução: aos quais incumbe, com inteira autonomia de apreciação e de decisão, no quadro de competências que os próprios tratados lhes conferem, definir as orientações, adoptar os actos de carácter normativo, realizar as acções necessárias e tomar, em geral, as medidas adequadas à boa aplicação dos tratados. Esses órgãos são: 1) Parlamento Europeu; 2) O Conselho da União Europeia; 3) A Comissão das comunidades europeias Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos c) Órgãos de controlo 1º De controlo orçamental e de controlo político da actividade comunitária a cargo do Parlamento Europeu; 2º De controlo jurisdicional, a cargo do Tribunal das Comunidades Europeias, a que está associado o tribunal de primeira instância, incumbidos de “assegurar o respeito do direito na interpretação e aplicação” dos tratados; 3º De controlo financeiro, a cargo do Tribunal de contas, ao qual compete a fiscalização da cobrança de receitas e da regularidade da efectivação das despesas das comunidades. d) Órgãos auxiliares, órgãos consultivos, órgãos administrativos, e órgãos de apoio financeiro de diversa índole. COMISSÃO 20. Composição da Comissão É uma instituição de carácter predominantemente técnico, mas de uma importância fundamental na engrenagem comunitária. É constituída por altas personalidades nomeadas pelos Estados-membros, mas independentes destes. É composta por vinte membros (comissários), número que poder modificado pelo Conselho, deliberando por unanimidade. Só os nacionais dos Estados- membros podem ser nomeados comissários europeus; deve incluir pelo menos, um nacional de cada estado-membro e nunca mais de dois com a mesma nacionalidade, embora, na prática a Espanha, a França, a Alemanha, a Itália e Reino Unido, nomeiam dois comissários cada (art. 213º TCE). Os comissários têm de ser independentes, ou seja, não devem solicitar informações ao seu governo e ao Conselho, são técnicos que oferecem garantias de independência. Exercem funções por um período de cinco anos (art. 214º TCE). Os comissários desempenham as suas funções no interesse geral das comunidades e não dos Estados. Embora, tenham o poder de autorizar os Estados a adoptar cláusulas de salvaguarda, derrogatórias das regras dos tratados. 21. Nomeação da Comissão Os comissários são escolhidos por um processo que vem referido no art. 214º TCE e funciona a dois momentos: os governos dos Estados membros designam de comum acordo a personalidade que gostavam de ter como presidente da Comissão, depois o presidente da Comissão com os governos dos Estados- membros designam conjuntamente as personalidades que tencionam nomear membros da Comissão. Estabelece-se nos tratados uma obrigação de aprovação do Parlamento Europeu para a composição da Comissão. A consulta do Parlamento Europeu é obrigatória num primeiro momento para a figura do presidente e num segundo momento para o colégio dos comissários. Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 O presidente e os demais membros são sujeitos a um voto de aprovação do Parlamento Europeu, a aprovação é colegial e não individual. A cessação de funções dos comissários pode ser individual ou colectiva: Individual, por demissão voluntária, sucessões normais ou por morte (art. 215º TCE) ou compulsiva (art. 216º TCE) é uma sanção que só o Tribunal de Justiça a pedido do Conselho ou da própria Comissão, pode aplicar a qualquer comissário europeu que deixe de preencher os requisitos necessários ao exercício das suas funções ou que tenha cometido falta grave. Colectiva, verifica-se quando o Parlamento Europeu aprova uma moção de censura às actividades da Comissão (art. 201º TCE). 22. Independência da Comissão e dos seus membros A Comissão é um órgão colegial, cada um dos seus membros individualmente gozam da independência efectiva, quer em face dos Estados-membros, quer do Conselho (arts. 213º a 216º TCE). Politicamente, porém, a Comissão depende do Parlamento Europeu e os seus actos estão sujeitos a controlo jurisdicional a cargo do Tribunal de Justiça. A independência resulta concretamente: Das qualidades pessoais dos membros da Comissão; Do regime do exercício do cargo: os membros da Comissão desempenham as suas funções no interesse geral da comunidade e com total independência (art. 213º/2 TCE); Do regime de remuneração que garante dependência económica, a nível elevado, dos membros da Comissão; Dos poderes que lhe são conferidos pelos tratados, de autorizar os Estados a recorrer, em caso de necessidade, a cláusulas de salvaguarda e a utilizar a possibilidade de derrogação às regras de concorrência (art. 249º TCE); Da competência que cabe à Comissão, na sua qualidade de guardiã dos tratados, de velar pela aplicação das suas disposições (art. 211º TCE), agindo contra os Estados que as violem e podendo mesmo, quando em seu critério o julgue oportuno, proceder judicialmente contra eles (art. 26º TCE), no Tribunal de Justiça das comunidades europeias. Convém referir que a Comissão não deve, de modo algum, ser considerada como um órgão hierarquicamente inferior ao Conselho e, portanto, subordinada a este último; a Comissão é dele totalmente independente, como de resto lhe é imposto pelo exercício das competências que os tratados lhe conferem. 23. Competências da Comissão Embora a Comissão seja uma única, as suas atribuições são diferentes consoante o âmbito do tratado. a) Competência da Comissão no âmbito do tratado CECA A Comissão propõe, decide e executa, ela tem o essencial de todos os poderes, ela tem praticamente todos os poderes e o Conselho só em casos Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos excepcionais tem o poder de decisão, o Conselho tem essencialmente um poder consultivo, é um órgão consultivo. Cabe ao Conselho o poder de decisão, mas vai adopta-lo com base na proposta da Comissão e parecer do Parlamento Europeu. b) Competências da Comissão ao nível do TCE Tem o poder de iniciativa, a regra é de que o Conselho não pode tomar uma decisão sem ser com base numa proposta previamente apresentadapela Comissão, podendo vir a ser anulado pelo Tribunal de Justiça (se o fizer sem a proposta da Comissão). Se a Comissão se recusar a apresentar propostas, há um mecanismo referido no art. 208º TCE que estabelece que o Conselho solicite à Comissão que esta lhe apresente propostas. No entanto é lícito à Comissão não acatar o pedido de apresentar propostas do Conselho se se traduzir em propostas que sejam violações das regras dos tratados. Mas quando não se traduz numa violação às regras dum tratado pode ser intentado um recurso por omissão contra a Comissão se esta nada disser (recurso implícito), art. 232º TCE; sendo uma recusa explícita, à lugar a um recurso de anulação, art. 230º TCE, se houver uma tomada de posição mesmo que se traduza numa negação à tomada de propostas há um recurso de anulação. À Comissão cabe desencadear o processo apresentando propostas que o Conselho vai decidir, apresentado ao Parlamento Europeu para seu parecer. 24. Propostas da Comissão Duas regras, que estão expostas no art. 250º TCE. O Conselho pode adoptar um acto diferente da proposta apresentada pela Comissão, mas só por unanimidade. A Comissão pode alterar a sua proposta as vezes que achar necessário, mas quando o texto final é substancialmente diferente à proposta apresentada ao Parlamento Europeu, esta tem de ser apresentada novamente (como se de uma nova proposta se tratasse). A proposta, no seio da Comissão, é elaborada em três fases: a) Fase da documentação Há um estudo de direito comparado com dados estatísticos nos diversos Estados; há uma recolha de legislação nos diversos Estados sobre aquela matéria. b) Fase da consulta A direcção geral que tem a responsabilidade pelo pelouro, vai ter de consultar técnicos e está em permanente contacto com especialistas técnicos para discutir aquela proposta, e com os serviços que entender necessários, especializados para o efeito. c) Fase da decisão A Comissão funciona em colégio, delibera por maioria, podendo ainda deliberar por reunião ou por escrito. 25. Organização Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 A comissão funciona e delibera em colégio, o que significa que as competências que lhe são atribuídas pelo direito comunitário pertencem ao colectivo dos seus membros e devem exprimir-se sob a forma de actos- decisões, directivas, regulamentos, recomendações, pareceres ou propostas (art. 249º TCE) – resultantes de uma deliberação colegial adoptada em reunião da Comissão formalmente convocada e na qual as deliberações são tomadas por maioria dos membros que a compõem (art. 219º TCE). A Comissão só pode deliberar validamente se na reunião estiver presente o número mínimo de membros (quórum) fixado no seu Regulamento Interno (art. 219º TCE, art. 7º RI). a) O sistema de deliberação por escrito O Regulamento Interno da Comissão prevê que o acordo dos seus membros em relação a qualquer proposta de um deles possa ser dado por escrito (arts. 4º- b, 12º RI). A deliberação por escrito efectua-se através de um texto escrito que é transmitido aos comissários para eles manifestarem a sua opinião, se não levantarem reservas deliberam por escrito ou então solicitam a inscrição para uma deliberação de debate oral. Uma proposta sobre a qual nenhum membro da comissão haja manifestado reservas ou objecções durante o prazo fixado para o processo de deliberação por escrito é considerada como aprovada pela comissão, do que se fará menção na acta da reunião seguinte. O funcionamento do sistema da deliberação por escrito exige, a unanimidade (expressa ou tácita) dos membros da comissão (art. 12º RI). b) Delegação de poderes O Regulamento Interno (art. 13º) prevê que as actividades da comissão sejam repartidas por sectores ou pelouros e que cada um destes, abarcando uma ou mais direcções gerais, fique colocado sob a chefia de um comissário habilitado a tomar, sob a responsabilidade da comissão, todas ou parte das medidas exigidas pela preparação e execução das deliberações do órgão colegial. A delegação de poderes assim operada a favor dos membros da Comissão poderá também ser conferida a funcionários superiores ou a órgãos dependentes da comissão. Tal delegação deverá, porém ser feita em termos que não impliquem a transferência para o delegatário de poderes de decisão autónomos em relação à Comissão. 26. A Comissão como guardiã dos Tratados A Comissão é a guardiã dos tratados, cabe a ela, velar pelo correcto cumprimento dos tratados, pela correcta aplicação dos tratados. A Comissão não é só a guardiã dos tratados, mas de todo o direito comunitário (originário e derivado), tendo esses sujeitos a obrigação de prestar as informações à Comissão, art. 21º TCE. Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos Para o cumprimento desta missão de guardiã dos tratados, a Comissão dispõe de três categorias de poderes cujo uso é adquirido pelo bom funcionamento das comunidades. - Poderes de controlo; - Poderes de apreciação e autorização do recurso pelos Estados-membros a cláusulas de salvaguarda e outras medidas derrogatórias das disposições dos tratados; - Poderes de sanção. a) Poderes de controlo Tendo em vista assegurar o bom cumprimento dos tratados, dispõe a Comissão de importantes poderes de controlo com que se pretendem habilitá-la a bem cumprir as missões a seu cargo e que se traduzem em poderes de fiscalização e no direito de acção contra os que violem a legalidade comunitária. 1) Poderes de fiscalização: A Comissão tem o direito de exigir dos Estados-membros e das empresas as informações de que careça para o desempenho das suas atribuições, bem como o de proceder às verificações que julgar necessárias (arts. 10º e 284º TCE). 2) Direito de acção: no cumprimento da sua missão de guardiã dos tratados cumpre à Comissão velar pela estrita observância das regras comunitárias, tanto por parte dos Estados-membros como por parte das outras Instituições e procurar coagi-los – judicialmente se necessário – a respeitá-las: Acção por incumprimento (art. 26º TCE); Recurso de anulação (art. 230º e 231º TCE); Recurso por omissão (art. 232º TCE). b) Poderes para autorizar a adopção de medidas derrogatórias das disposições dos tratados Cabe à Comissão apreciar e decidir da legalidade, necessidade e oportunidade do recurso, por parte dos Estados-membros ou das empresas, a certas medidas que impliquem derrogação das disposições dos tratados: Autorização de medidas de salvaguarda; Fiscalização da concessão, pelos Estados, de ajudas a empresas nacionais (arts. 87º, 88º/2 TCE); Derrogação de certas regras de concorrência (art. 81º TCE). c) Poderes de sanção A Comissão pode exercer poderes de sanção: Contra os Estados: a Comissão pode propor ao Tribunal de Justiça, no caso previsto no art. 228º/2 CE, que este aplique sanções pecuniárias aos Estados que persistam no incumprimento das suas obrigações pecuniárias. Contra operadores comunitários (indivíduos ou sociedades). Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 27. Poderes de execução da Comissão Ele pode exercer a função de execução delegada pelo Conselho (arts. 211º, último paragrafo e 202º último paragrafo TCE).O Conselho ao contrário da Comissão não é um órgão permanente, daí que o conselho delegue essa competência de execução num órgão permanente, que é a Comissão. O Conselho vai delegar, mas não se abstrai de controlar e fiscalizar; acompanha a acção da Comissão através de comités constituídos por representantes dos Estados a nível de funcionários que agem de acordo com as instruções nacionais são comités criados especialmente para o efeito. São os chamados comités de gestão e regulamentação. Outro poder da Comissão, é o poder de gestão administrativa relativamente aos seus serviços e funcionários; patrimonial (art. 282º TCE), a Comissão e dotada de personalidade jurídica, podendo contrair contratos e estar em juízo, quanto à gestão financeira (arts. 273º e 274º TCE). A Comissão gere ainda os fundos comunitários. Outro poder da Comissão, é a sua participação de acordos internacionais (art. 300º TCE). Cabe à Comissão apresentar uma recomendação no sentido da necessidade de negociar determinado acordo. Existem dois processos de negociação: Expedito: não é necessário o parecer do Parlamento Europeu; Longo: é necessário o parecer do Parlamento Europeu. CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA 28. Natureza Tem uma dupla natureza: inter-governamental pela sua composição, é composto pelos representantes dos Estados membros a nível ministerial que participam no Conselho enquanto representantes do Estado; é também um órgão comunitário porque o objectivo do Conselho é realizar os objectivos da comunidade sendo que estes objectivos da comunidade vão contra os interesses dos Estados, porque votam por maioria e mesmo que um Estado vote contra, a decisão pode ser aprovada e começar a vigorar nesse estado. O Conselho responde ao conceito tradicional de órgão inter-governamental de carácter representativo, o que equivale a dizer que os seus membros participam nas deliberações na qualidade de representantes dos Estados-membros – que neles delegaram um poder de representação – e não, em nome pessoal (art. 203º TCE). Este carácter de órgão representativo dos Estados é acentuado pela circunstância de que algumas das suas deliberações obedecem à regra da unanimidade. O Conselho surge como uma instituição dotada de uma dupla natureza – inter-governamental e comunitária – em que o carácter de órgão da União Europeia ou de órgão da colectividade dos Estados que nele participam avulta Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos mais ou menos consoante os problemas de que se ocupa e os termos é chamado a resolvê-los. 29. Composição do Conselho O Conselho é composto por um representante de cada Estado-membro (art. 203º TCE). Estes representantes são obrigatoriamente de nível ministerial. Os representantes dos governos nacionais no Conselho não são representantes permanentes dos Estados-membros. Cada Governo far-se-á representar pelo seu membro que, consoante as matérias a tratar e as circunstâncias do momento, lhe pareça o mais indicado para assegurar em cada reunião do Conselho a defesa dos interesses nacionais. A presidência do Conselho das Comunidades Europeias é exercida, rotativamente, por cada um dos seus membros, pelo período de seis meses. 30. COREPER É o comité dos representantes permanentes, o Conselho não é um órgão permanente, daí que os Estados-membros tenham decidido instituir em Bruxelas um representante assistido por um representante adjunto. Vai preparar os trabalhos do Conselho e exercer os mandatos que o Conselho lhe confiar (art. 207º TCE e 17º RI). A criação do COREPER surge na década de 60, na mesma altura da fusão dos executivos, é uma instância de diálogo e de controlo. São grupos de trabalho constituídos por técnicos nacionais para análise do assunto em causa. Não obstante o papel cada vez mais importante que o COREPER tem vindo a desempenhar no processo comunitário de decisão, não se trata de um comité de suplentes dos ministros, habilitados a decidir em seu nome. É que, tal como acontece com a Comissão, não é permitido ao Conselho delegar os seus poderes de decisão. O COREPER apresenta-se simultaneamente como uma instância de diálogo e um órgão de controlo. O diálogo tem lugar, antes de mais, entre os próprios representantes permanentes dos Estados-membros, que confrontam e tentam concertar os diversos pontos de vista nacionais; a par disso, entre cada representante permanente e o respectivo Governo, o qual apresenta os pontos de vista tanto dos seus parceiros como da comissão, procurando obter uma clara definição da posição nacional que o habilite a agir com segurança no quadro comunitário, finalmente, entre o COREPER e a Comissão que com ele debate todas as propostas que devam ser objecto de deliberação do Conselho. 31. Deliberações do Conselho O Conselho funciona de acordo com o Regulamento Interno (art. 207º/3 TCE). Para que o Conselho possa deliberar validamente tem que estar presentes oito membros do Conselho dos quinze representantes. O Conselho funciona em regime de colégio: as suas deliberações resultam de uma discussão e votação que exigem, em princípio a reunião de todos os Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 membros do Conselho, sem prejuízo de qualquer deles poder ser representado por outro em caso de votação (art. 205º/3 e 206º TCE; arts. 3º e 9º RI). A Comissão participa nas reuniões do Conselho, quando o Conselho analisa uma proposta sua para que o processo decisório seja mais célere e para que exista uma maior colaboração entre os dois órgãos. Quanto às deliberações do Conselho: O princípio é a deliberação colegial à semelhança do que acontece na Comissão (art. 206º TCE e art. 3º RI). A deliberação pode ser por escrito em casos de urgência desde que todos os membros estejam de acordo em deliberar desta forma. 32. Votação segundo as regras dos Tratados Esta processa-se de um dos seguintes modos: a) Maioria simples; b) Maioria qualificada; c) Maioria duplamente qualificada; d) Unanimidade. O art. 205º/1 TCE consagra a regra que é a maioria simples “salvo disposição em contrário”4[22]; o n.º 2 do art. 205º TCE no primeiro parágrafo, refere-se à maioria qualificada (62 votos dos 87). No segundo parágrafo do art. 205º/2 TCE, estão referidas as situações em que é necessário maioria duplamente qualificada, existindo para isso duas condições: 62 votos que exprimam a votação favorável de dez Estados- membros. É necessário que o Conselho delibere por maioria duplamente qualificada quando não existe proposta da Comissão. Quando se refere que o Conselho delibera por maioria qualificada sob proposta da comissão, é maioria qualificada simples, mas quando não refere proposta da comissão é por maioria duplamente qualificada, porque quando a comissão apresenta uma proposta deve ter em conta os interesses comunitários, quando isso não acontece, exige-se as duas condições4[23] para salvaguardar os interesses comunitários. O art. 205º/3 TCE refere-se à unanimidade, as abstenções dos membros presentes ou representados não impede que sejam tomadas deliberações do Conselho que exijam unanimidade. Foram aumentados os casos em que se delibera pelo processo de co-decisão o Conselho delibera conjuntamente com o Parlamento Europeu. O Conselho para além destes modos de deliberar, também delibera por co- decisão (art. 251º TCE), introduzido pelo Tratado de Maastricht, no Tratado da União Europeia decide o Conselho com o Parlamento Europeu,é mais democrático porque o Conselho não pode impor a sua posição ao Parlamento Europeu; e cooperação (art. 252º TCE), introduzido pelo Acto Único Europeu apenas em matérias relativas à União Económica e Monetária. Existiram, quanto às regras de deliberação, duas perturbações históricas, que são os acordos de Luxemburgo e de Joanina. a) Acordo de Luxemburgo Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos Quando chegou o momento (1965, ainda com seis Estados) de passar da regra da unanimidade para a regra da maioria que estava prevista nos tratados, a França opôs-se. Era então o General De Gaulle presidente da república francesa, abandonou a reunião do Conselho não participando nas reuniões durante seis meses (crise da cadeira vazia), porque se insurgiria contra os elevados poderes que a Comissão tinha. Quando foi ultrapassada a crise, visto que a França bloqueou o processo de decisão, os outros cinco Estados apresentam à França a vontade de continuar com o projecto das comunidades. Mas a França não queria ficar de fora deste projecto, a solução encontrada foi o acordo de Luxemburgo, este compromisso consiste numa declaração comum relativamente ao modo de deliberação e sobre as relações, a cooperação entre a Comissão e o Conselho. Sempre que no seio do Conselho uma decisão deva ser tomada por maioria qualificada, e sempre que um Estado invocar um interesse muito importante devem num prazo razoável encontrar uma solução que possa ser adoptada por todos os membros do conselho. A França ao contrário dos outros cinco Estados, considera que quando se trata de interesses muito importantes deve chegar-se a uma acordo unânime para todos os outros basta a maioria. b) Acordos de Joanina Na altura, com doze Estados-membros e estando para entrar os quatro países nórdicos e por iniciativa da Inglaterra, foi estabelecido um regime provisório de maioria qualificada que devia vigorar até à conferência de 1996 que culminou com o tratado de Amesterdão. O Reino Unido pretendia, tendo em conta o alargamento e o aumento do número de votos, o que tornava mais difícil o Reino Unido atingir uma minoria de bloqueio que era formado por vinte e três votos e passar a ser com vinte e seis votos4[24], então estabeleceu-se com o acordo dos outros Estados um regime provisório de minoria de bloqueio com vinte e três votos até 1996.4[25] 33. Competências do Conselho da União Europeia Assegura a coordenação das políticas económicas gerais dos Estados- membros4[26]. O poder de decisão é o principal poder no âmbito do Tratado de Roma4[27]. É um poder de decisão condicionado às propostas apresentadas pela comissão, não é um poder de decisão autónomo porque isso é excepcional, a regra é o poder de decisão, que o conselho tem é dependente de uma proposta da Comissão. A Comissão tem um poder de decisão no âmbito do Tratado da União Europeia (primeiro pilar da comunidade), mas também dos outros dois pilares a nível comunitário (Política Externa e Segurança Comum e Cooperação Policial e Judiciária em Matéria Penal). É um poder decisório-normativo, mas em alguns casos é partilhado com o Parlamento Europeu. O Parlamento Europeu tem vindo a ver os seus poderes políticos e decisórios alterados e reforçados a nível decisório, com o Acto Único Europeu, foram reforçados com a cooperação; e depois com a co-decisão no Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 Tratado da União Europeia em que o Parlamento Europeu tem um poder de decisão conjuntamente com o Conselho. É um poder de decisão que é partilhado cada vez mais com o Parlamento Europeu, são cada vez mais os casos em que se estabeleceu o processo de co-decisão em vez do processo regra ou comum (processo de consulta). O Conselho temo seu poder de decisão limitado aos actos estabelecidos na legislação comunitária, são expressamente previstos, isto é, não têm uma competência normativa geral. Quando uma acção do Conselho for necessária para atingir um objectivo da comunidade sem que se tenha previsto os poderes para o efeito, aplica-se o art. 308º TCE, chamado por “saco sem fundo”. O Conselho decide por unanimidade com base na proposta da Comissão e sob consulta do Parlamento Europeu. CONSELHO EUROPEU 34. Introdução Na versão originária dos tratados, não estava previsto a existência do Conselho da Europa, estava previsto o Parlamento Europeu, a Comissão, o Tribunal de Justiça e um Conselho (da União Europeia). Mas os Estados começaram a sentir a necessidade de concretizar as políticas nacionais com as políticas seguidas pela comunidade. Os chefes de Estado e de Governo começaram a reunir-se (os mais altos representantes do Estado), só que eram reuniões esporádicas, eram reuniões importantes, mas o seu funcionamento fugia ao quadro comunitário, em que se resolvia problemas comunitários. Na década de 70, decidiu-se que era necessário um órgão para tomar estas decisões de consertação comunitária, e na Cimeira de Paris em Dezembro de 1974 nasceu o conselho, que assentou na vontade dos Estados por sufrágio universal e directo, tendo sido consagrado pelos tratados no Acto Único Europeu. 35. Composição e funcionamento do Conselho Europeu É composto pelos chefes de Estado ou de Governo e são assistidos pelos ministros dos negócios estrangeiros dos Estados-membros. Reúnem-se pelo menos duas vezes por ano, sob a presidência do chefe de Estado ou de governo que exercer a presidência do Conselho da União Europeia, que é rotativo de seis em seis meses. Quais as implicações que a criação do Conselho europeu teve nas outras instituições comunitárias? Em termos teóricos não afectou o funcionamento das instituições comunitárias, as regras dos tratados na foram adoptadas e a criação do Conselho Europeu não afectou. Na prática afectou, porque assentou o pendor inter-governamental, reforçou- se o vector inter-governamental, o papel da comissão e do Conselho da União Europeia ficariam afectados porque foi criado um órgão inter-governamental que Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos reúne ao mais alto nível. O próprio Conselho da União Europeia teve o seu prestígio diminuído porque deixou de ser dominante e também porque o Conselho é um órgão de recursos onde vão ser analisados problemas ao mais alto nível. Obviamente que existe uma relação entre Conselho da União Europeia e o Conselho Europeu que é feita pelos ministros dos negócios estrangeiros. O Conselho Europeu é um órgão distinto do Conselho da União Europeia, e a diferença reside apenas na sua composição, existia uma grande confusão entre eles, porque o Acto Único Europeu não refere as competências do Conselho Europeu. Entendia-se que o Conselho era um só e diferia de designação dependente de quem reúne, se é a nível ministerial ou ao mais alto nível. O Tratado da União Europeia vem definir as competências do Conselho Europeu, distinguindo-se assim os dois órgãos. O Conselho Europeu é um órgão de consertação de política no quadro comunitário, é um órgão importante para a definição da Política Externa e Segurança Comum. PARLAMENTO EUROPEU 36. Natureza do Parlamento Europeu Embora organizado e funcionadosegundo o modelo dos parlamentos nacionais, a verdade é que o Parlamento Europeu não possui todas as competências que normalmente são atribuídas às assembleias dos Estados- membros, o Parlamento Europeu, com efeito: - Só em determinados casos participa no exercício do poder normativo; - Tem uma intervenção limitada no estabelecimento do orçamento comunitário; - É reduzido o seu poder de controlo político do Conselho das Comunidades Europeias, Isto não impede, porém, que caibam ao Parlamento Europeu importantes competências: - Controla politicamente a Comissão das Comunidades Europeias, influenciando por diversas formas as actividades desta instituição; e embora seja reduzida, é inegável a sua competência para exercer o controlo político do Conselho. - Exerce uma importante competência consultiva; - Participa por diversas formas no processo comunitário de decisão; - Intervém de uma forma limitada mas determinante, no estabelecimento do orçamento comunitário. 37. Sua composição O Parlamento Europeu vem consagrado nos arts. 189º a 201º TCE. É composto pelos representantes dos povos dos Estados reunidos na comunidade e exerce os poderes que lhe são atribuídos pelo Tratado das Comunidades Europeias. Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 O Parlamento Europeu é comum às três comunidades. Quanto à sua sede, esta é em Estrasburgo, onde se realizam as doze sessões plenárias mensais, incluindo a sessão orçamental. As sessões plenárias suplementares realizam-se em Bruxelas (art. 196º TCE; arts. 10º, 11º e 12º RI). Os membros do Parlamento Europeu agrupam-se em grupos políticos e não em grupos nacionais (famílias políticas), art. 298º RI. O número mínimo para a constituição de grupos políticos varia consoante as nacionalidades. As comissões especializadas são diversas, dependendo das propostas em causa e compete-lhes tomar as resoluções que o Parlamento Europeu irá tomar numa sessão plenária. 38. Competências do Parlamento Europeu Embora organizado e funcionando segundo o modelo dos parlamentos nacionais, a verdade é que o Parlamento Europeu não possui todas as competências que normalmente são atribuídas às assembleias parlamentares dos Estados-membros. - Só em casos determinados participa no exercício do poder normativo; - Tem uma intervenção limitada no estabelecimento do orçamento comunitário; - É reduzido o seu poder de controlo político do Conselho das Comunidades Europeias. Isto não impede, porém, que caibam ao Parlamento Europeu importantes competências: - Controla politicamente a Comissão das Comunidades Europeias: influenciado por diversas formas as actividades desta Instituição; e, embora seja reduzida, é inegável a sua competência para exercer o controlo político do Conselho. - Exerce uma importante competência consultiva; - Participa por diversas formas no processo comunitário de decisão. - Intervém, de forma limitada mas determinante, no estabelecimento do orçamento comunitário. 39. Controlo político da Comissão e do Conselho Segundo os tratados, a Comissão é politicamente responsável perante o Parlamento Europeu que pode, mediante a aprovação de uma moção de censura forçá-la a demitir-se. O Parlamento Europeu conseguiu, através de um conjunto de práticas que ao longo dos tempos foram sendo estabelecidas, dispor de diversos meios que lhe permitem exercer um controlo permanente e influenciar eficazmente a acção da comissão e do Conselho. a) A moção de censura à Comissão O Parlamento Europeu é um órgão de controlo político da Comissão e do Conselho, e exerce-o através da moção de censura (art. 201º TCE). Este poder do Parlamento Europeu de provocar, através da aprovação de uma moção de censura, a demissão colectiva dos comissários europeus, é o Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 https://www.studocu.com/pt?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=direito-da-uniao-europeia-resumos reflexo no quadro institucional das Comunidades Europeias do princípio da responsabilidade do Governo perante o respectivo parlamento nacional. Só a Comissão é no entanto, passível de uma moção de censura. Nos termos do art. 34º do Regulamento Interno do Parlamento Europeu, um décimo dos membros que compõem o Parlamento Europeu pode apresentar ao Presidente do Parlamento Europeu uma moção de censura à Comissão. A moção deverá conter a menção “moção de censura” e ser fundamentada. A moção será transferida à Comissão. Para a aprovação da moção é necessário a maioria de dois terços dos votos expressos, a qual deverá igualmente corresponder à maioria dos membros que compõem o Parlamento Europeu. O resultado da votação será notificado aos Presidentes do Conselho e da Comissão. b) Outros processos de controlo político 1) Intervenção parlamentar na nomeação do Conselho: cabe aos Estados- membros designar, de comum acordo, a personalidade que tencionam nomear presidente da Comissão, só a podem designar após a aprovação do Parlamento Europeu. O Presidente e demais membros da Comissão “são colegialmente sujeitos a um voto de aprovação do Parlamento Europeu”, e só após essa aprovação poderão ser nomeados, tomar posse e assumir funções (art. 214º TCE). 2) O debate da investidura: o Presidente da Comissão designado comparece perante o Parlamento Europeu para aí expor, em declaração aprovada, os seus propósitos como responsável do executivo comunitário (art. 140º TCE, 32º Regulamento Interno do Parlamento Europeu). 3) As questões escritas e orais: é permitido aos Parlamentares europeus pôr questões sobre qualquer assunto, tanto à Comissão como ao Conselho (art. 197º TCE; arts. 42º a 44º Regulamento Interno do Parlamento Europeu). Tais perguntas podem ser escritas ou orais. As perguntas são sempre formuladas por escrito; as respostas é que podem ser dadas por escrito ou oralmente. 4) Controlo exercido pelas comissões permanentes: as comissões do Parlamento Europeu seguem a prática de convidar os membros da Comissão a comparecer perante elas para lhes expor os seus projectos ou intenções sobre problemas pendentes, e responder às suas perguntas. 5) As resoluções e recomendações: as resoluções do Parlamento Europeu visam exprimir a sua posição sobre uma questão importante ou de princípio, a fim de influenciar uma questão importante ou de princípio, a fim de influenciar a acção da Comissão ou do Conselho e alertar para tal questão a opinião pública europeia (arts. 48º a 54º Regulamento Interno do Parlamento Europeu). Tais resoluções são votadas pelo Parlamento Europeu a encerrar um debate geral, com base na proposta de resolução elaborada pela comissão parlamentar competente na matéria de que se trata. Descarregado por Joana Silva (joanacrsilva09@gmail.com) lOMoARcPSD|6532604 40. A competência consultiva do Parlamento Europeu O Parlamento Europeu é frequentemente solicitado a dar pareceres sobre os mais importantes actos que o Conselho ou a Comissão se propõem adoptar. Os pareceres do Parlamento Europeu não são em geral vinculativos; mas qualquer caso permitem-lhe exprimir por essa via, em relação às matérias sobre que é consultado, o ponto de vista dos representantes “dos povos dos Estados reunidos na comunidade”. Tais pareceres incidem sobre quatro categorias de texto: 1) Projectos de actos da autoridade comunitária;
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