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FUNCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL PELA ORDEM CONSTITUCIONAL - Sara Simonato Tosato * - Bruno Martins Ribeiro Bastos ** RESUMO: O Direito Civil há muito deixou de ter a exclusividade na regulamentação da vida privada do homem. A Constituição Federal de 1988 abordou interesses públicos, privados, individuais e sociais. A Assembléia Nacional Constituinte atendeu aos anseios populares e acostou em seu texto legal direitos do consumidor, dos companheiros, dos empreendedores, das crianças, mulheres e idosos – a partir da influência direta de outros países que passaram a considerar o homem como razão e fim do direito, daí a necessidade de uma proteção efetiva de seus interesses. Apesar disso, a nova ordem constitucional não se afastou dos interesses sociais. O direito civil continua amparado pelo princípio da autonomia e liberdade, contudo, seu exercício não pode ferir ou prejudicar interesses metaindividuais, ou seja, deve atender sua função social. O princípio da função social, antes aplicado apenas à propriedade privada também é aplicada a outros ramos do direito civil, sobretudo o contrato e a empresa. Estes são os temas que passam a ser abordados. PALAVRAS-CHAVE: função; social; propriedade; contrato; empresa; civil. SUMÁRIO 1. Evolução social e legal do Estado Liberal para o Estado Social e Democrático de Direito e a busca pela funcionalização do Direito. 2. A aplicação da função social no Direito Civil. 2.1. – A função social dos contratos. 2.2 – A função social da empresa. 3. Conclusão 1. Evolução social e legal do Estado Liberal para o Estado Social e Democrático de Direito e a busca pela funcionalização do Direito. A ordem jurídica há muito fora dividida entre o Direito Público e o Direito Privado, aquele responsável pela administração da máquina pública e do Estado; este por regulamentar a vida do homem civil – o direito das gentes.1 Tal dicotomia, ora ultrapassada, refletia a atuação do Estado da vida particular do homem – o que era mínima. Após a vitória de Napoleão Bonaparte; o fim do absolutismo monárquico e a ascensão da burguesia, o Código Civil francês, de 1804, dedicou-se a garantir liberdades ao homem, liberdade de contratar, liberdade de ter propriedade e negociá-la. Não importava o motivo, a razão ou a finalidade: o direito de propriedade e a liberdade de contratar eram direitos subjetivos, individuais, irrestritos, invioláveis e absolutos. A era das codificações visava superar a insegurança medieval, daí a necessidade de garantir de forma rígida e inflexível a liberdade aos civis – o repúdio à flexibilização da norma tinha como objetivo evitar abusos, impedir que a lei fosse distorcida e utilizada para prejudicar aqueles que deveria defender. Mas a busca por esta estabilidade das relações jurídicas, da aplicação da lei, o perfil individualista dos códigos oitocentistas e a concepção de perfeição do sistema normativo defendido pela Escola da Exegese não se adequavam às novas realidades do século XIX – sobretudo com os ideais socialistas e anarquistas que afloravam na Europa industrializada. A liberdade tão sonhada pela classe burguesa fomentou seu desenvolvimento, como também excitou as desigualdades sociais, a exploração da mão-de-obra, a onerosidade contratual, a utilização indiscriminada da propriedade, entre outros problemas sociais. O homem, sempre passível de erro, é egoísta por natureza, e não soube conviver com a liberdade posta pelo Estado Liberal. A intervenção mínima do * Mestre em Direito Privado pela UNIFLU, professora de Direito Civil e Consumidor da Unes e Facastelo, advogada. ** graduando pela Unes. Pesquisador. 1 “ Três pilares fundamentais, em cujos vértices se assenta a estrutura do sistema privado clássico, encontram-se na alça dessa mira: o contrato, como expressão mais acabada da suposta autonomia da vontade; a família, como organização social essencial à base do sistema, e os modos de apropriação, nomeadamente a posse e a propriedade, como títulos explicativos da relação entre as pessoas e sobre coisas”. FACHIN, Luiz Edson. Teoria crítica do direito civil à luz do novo Código Civil Brasileiro. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p.12-13. Estado na vida do homem civil já não é suficiente para administrar a sociedade, daí a necessidade de gerência, ainda que ínfima, do Estado. As Constituições mexicana e alemã, de 1917 e 1919, respectivamente, inovaram ao exigir uma utilidade/finalidade para o direito de propriedade – passaram a encarar a propriedade como um bem que deve estar a serviço também da comunidade que a cerca.2 O resultado da barbárie das duas grandes guerras mundiais só ajudou a promover e garantir direitos ao homem, direitos estes que deveriam ser positivados em um texto seguro e firme, a Constituição. Após a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, editado pela ONU, em 1945, diversos países do mundo passaram a materializar em sua lei suprema os direitos e garantias fundamentais. A Constituição que antes tratava apenas de matérias de ordem pública agora tutela também interesses particulares do homem; ao mesmo tempo que o Código Civil passou a se preocupar com o social. A visão jusnaturalista do homem e a positivação destes direitos foram essenciais para a proteção constitucional do cidadão – antes resguardado apenas pela codificação civil. É notório o movimento iniciado na segunda metade do século XX de preocupação com a coletividade e que perdura até os dias atuais – é o que os constitucionalistas chamam de direitos de 3ª geração, ou dimensão. A igualdade substancial passa a ser uma preocupação do legislador contemporâneo, que percebeu a fragilidade da igualdade formal disposta no Estado de Direito. A antiga e ultrapassada divisão entre direito público e privado só deve ser hoje utilizada para fins acadêmicos já que existe uma interdisciplinaridade na presente Constituição Federal. Toda essa visão social e comunitária refletiu no primeiro direito do homem: a propriedade privada. A propriedade privada, antes um direito sagrado do homem (indivíduo) agora é tratada como um direito individual – mas que deve atender aos anseios globais, ou seja, deve servir e ser útil, enfim, ter uma finalidade social. 2 Discuti-se possível mudança na visão dos direitos subjetivos, sobretudo o direito de propriedade. Stefano Rodotà argumenta uma reconstrução do instituto da propriedade privada; enquanto Leon Duguit nega a própria existência dos direitos subjetivos enquanto categoria jurídica. O direito, enfim, foi criado em atenção ao indivíduo, tendo por objetivo ordenar sua convivência com outros indivíduos. O exercício de seus direitos, embora privados, deve atender a uma finalidade social. A função social do direito, que se refere sobretudo aos contratos e à propriedade, deve, pelo indivíduo ser atendida. Assim, o sujeito não exercitará seus direitos egoisticamente, mas tendo em vista a função deles, e a finalidade social que objetivam. O ato, embora conforme a lei, se for contrário a essa finalidade é abusivo e, em conseqüência, atentatório ao direito.3 A Constituição republicana brasileira de 1891 manteve a idéia de plenitude do exercício do direito de propriedade. Foi só em 1934 que o Brasil, influenciado pelas Constituições mexicana e de Weimar, reconheceu a necessidade da atenção ao interesse social ou coletivo no exercício do direito de propriedade; o que foi reafirmado mais tarde com a Constituição de 1946 que passou a condicionar, de forma extremada, o exercício do direito de propriedade ao bem estar social. Dentre várias inovações a Constituição Federal de 1988 passou a tratar a função social da propriedade como um direito e garantia fundamental e um princípio norteador da Ordem Econômica nacional, além disso, um dos objetivos da República descrito no art. 3º é a construçãode uma sociedade solidária – e como norma principiológica que é, deve ter eficácia máxima. Além disso, a função social deixa de ser uma limitação à propriedade privada e passa a ser reconhecida como um atributo que integra a mesma, conforme arts. 5º, XXIII, 170, III, 182, §§2º e 4º, 184 e 186 da Constituição Federal. O princípio da dignidade da pessoa humana pode ser entendido como a valorização do homem como sujeito e objeto do direito; que garante ao homem 3 REQUIÃO, Rubens. Abuso de direito e fraude através da personalidade jurídica. Revista dos Tribunais, São Paulo: Revista dos Tribunais , n. 410, p. 16, dez. 1969. citado por MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ação Civil Pública. Em defesa do meio ambiente, do patrimônio cultural e dos consumidores. Revista dos Tribunais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p.448. Desde o século XIII, São Tomas de Aquino já entendia que apesar da propriedade ser um direito natural, existente para satisfação das necessidades dos homens, não é um direito absoluto, não devendo ser um fim em si mesmo, mas sim destinada a assegurar a paz social. A Constituição Federal de 1967 já trazia em seu art. 157: “A ordem econômica tem por fim realizar a justiça social, com base nos seguintes princípios: (...) III – a função social da propriedade.” O dispositivo foi acolhido pela EC de 1969 e também pela CF 1988. A exemplo a função social do contrato disponível em SALOMÃO FILHO, Calixto. Função social do contrato: primeiras anotações. Revista dos Tribunais, São Paulo, n. 823, p. 70-84, maio. 2004. uma qualidade de vida; uma condição mínima existencial; uma situação básica e essencial para sobrevivência de qualquer um.4 Tal princípio serve para corroborar a visão constitucional de tutela ao homem – ou melhor, aos homens. Apesar de transparecer um direito individual, este é um dos fundamentos da República – e por isso um princípio social – mais uma justificativa para a função social. Essa funcionalização pode ser caracterizada como “a atribuição de um poder que se desdobra como dever” que busca atender não um interesse exclusivo do indivíduo, mas interesses maiores, coletivos, sociais.5 É a consagração do princípio da solidariedade social trazendo reflexos para todos os ramos do direito e da sociedade. Como salienta Guilherme Calmon Nogueira da Gama e Adrea Leite Ribeiro de Oliveira, a função social “não significa socializar a propriedade e sim atender às diretrizes e postulados do plano diretor – no caso da propriedade imóvel urbana – ou de leis especiais, como o Estatuto da Terra e o Estatuto da Cidade”6. A orientação legal determina que a propriedade deva sim ser explorada, contudo não deve o proprietário se valer de mão-de-obra escrava, do trabalho infantil ou desenvolver cultivo de espécies proibidas, como plantas que são base para substâncias alucinógenas, ou atividades que degradem o meio ambiente. O antigo Código Civil brasileiro, que sofria forte influência do Código Napoleônico, hoje, renovado, abandona a visão patrimonial e individualista do Direito Civil e dedica-se a humanização do Direito – daí falar-se no fenômeno da despatrimonialização do Direito Civil. Constituições anteriores já tratavam da função social da propriedade e a Constituição atual dedicou dois artigos à função social da propriedade urbana e rural, art. 182 e 186, CF. Essa orientação foi seguida de perto pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) e pelo Código Civil de 2002 de tal modo que a 4 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001, p. 32. 5 MARTINS-COSTA, Judith. Diretrizes teóricas do novo Código Civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 148. 6 GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Função Social no Direito Civil. São Paulo: Atlas, 2007, p. 52. função social foi estendida para outros institutos da ordem privada, além da propriedade, tais como o contrato e a empresa. 2. A aplicação da função social no Direito Civil 2.1. – A função social dos contratos A função social do contrato também decorre da determinação constitucional que preza pela solidariedade social e a dignidade da pessoa humana, resguardando, além dos interesses individuais, os interesses comuns de toda a sociedade. Como adverte a acadêmica Maria Celina Bodin de Moraes, “o negócio jurídico, no direito contemporâneo, deve representar, além do interesse individual de cada uma das partes, o interesse prático que esteja em consonância com o interesse social e geral”.7 O Código Civil de 2002 preservou grande parte do Código de 1916 idealizado por Clóvis Beviláqua. Esse, por sua vez, influenciado pelos ideais liberais, codificou os princípios defendidos pelos códigos oitocentistas na regulamentação dos contratos: o princípio da autonomia da vontade (ou liberdade contratual)8; o princípio da obrigatoriedade do contrato (intangibilidade do conteúdo contratual)9 e o princípio da relatividade dos efeitos contratuais às partes (relatividade subjetiva)10. Miguel Reale harmonizou tais princípios clássicos com a nova realidade social ao coordenar o anteprojeto do novo Código Civil. Reuniu no mesmo texto princípios liberais/individualistas com princípios sociais/coletivos. Além do princípio da boa-fé objetiva, do princípio da igualdade substancial (ou equivalência material), o contrato deve atender à sua função social. 7 MORAES, Maria Celina Bodin de. A causa dos contratos. Revista Trimestral de Direito Civil. Rio de Janeiro: Padma, n.21, jan-mar. 2003, p.100. E ainda continua a lecionar: “o ordenamento civil brasileiro não dá qualquer guarida a negócios abstratos, isto é, a negócios que estejam sujeitos tão somente à vontade das partes, exigindo, ao contrário, que os negócios jurídicos sejam causais, cumpridores de uma função social”. (p. 119). 8 A autonomia da vontade é demonstrada através da liberdade que as partes têm de contratar com quem, como, quando e o que quiser. 9 A obrigatoriedade do contrato pode ser demonstrada pelos brocardos: pacta sunt servanda (o qual afirma que as partes estão vinculadas à avença que firmaram) e a cláusula rebus sic stantibus (que condiciona o cumprimento do contrato na forma e condição que as partes convencionaram). 10 Os contratos, em regra, só produzirão efeitos para os contratantes envolvidos, estes é que estarão obrigados a cumprir o negócio jurídico, na forma como contratar. O ilustre professor defendeu seu ponto de vista na exposição de motivos do anteprojeto do Código Civil, principalmente quanto aos direitos obrigacionais e explica a necessidade de “tornar explicito, como princípio condicionador de todo o processo herminêutico, que a liberdade de contratar só pode ser exercida em consonância com os fins sociais do contrato, implicando os valores primordiais da boa-fé e da probidade. Trata-se de preceito fundamental, dispensável talvez sob o enfoque de uma estreita compreensão do Direito, mas essencial à adequação das normas particulares à concreção ética da experiência jurídica”11 O art. 421, CC, determina que “a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”, e o art. 2.035, parágrafo único, CC, que “nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos”. Sem dúvida que a função social é considerada um princípio e uma cláusula geral. Princípio por se tratar de um valor/vetor que deve servir de orientação nas relações negociais; e é uma cláusula geral por estar subentendida em todos os pactos firmados ainda que não haja menção expressa do comprometimento das partes com o social. Discute-se a existência da eficácia da função social nos contratos. Entendem alguns doutrinadores que a função socialsó possui eficácia interna, ou seja, só alcança as partes contratantes. Outros argumentam também a eficácia externa, essa atingindo terceiros não interessados diretamente na avença. De toda forma a orientação dos doutos civilistas que compõem as Jornadas de Direito Civil é que a função social além da eficácia externa também possui reflexos internos no contrato, conforme diversos enunciados publicados por aquela banca.12 A eficácia interna da função social do contrato não se confunde com o princípio da boa-fé objetiva. Este estabelece que as partes devam agir segundo os padrões normais de lealdade e probidade que se espera do homem médio, guardando os contratantes à máxima honestidade entre si, ou seja, a boa-fé é 11 REALE, Miguel. O projeto do novo Código Civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1986, p.71. 12 Conforme demonstrado no Enunciado 360 da IV Jornada de Direito Civil do Conselho de Justiça Federal: “O princípio da função social dos contratos também pode ter eficácia interna entre as partes contratantes”. endógena; enquanto aquele “consiste em abordar a liberdade contratual em seus reflexos sobre a sociedade (terceiros) e não apenas no campo das relações entre as partes que o estipulam (contratantes)”13 – daí conclui ser a função social contrato exógena Na eficácia externa o legislador não pretendeu promover a prática altruísta generalizada entre os civis por meio do contrato, mas quis evitar que os contratos fossem firmados com intuito de prejudicar terceiros, a sociedade ou o Estado, ou seja, a função social se manifesta nos contratos como um atuar negativo, as partes podem negociar, mas não devem fazê-lo se essa avença for de encontro a interesses sociais tais como, os contratos de adesão leoninos, os contratos obrigatórios abusivos (convenção coletiva e contrato de seguro obrigatório automobilístico), contratos que ofendam interesses metaindividuais (tais como os direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos estabelecidos no art.81 do Código de defesa do Consumidor), os contratos que prejudique de alguma forma o meio ambiente e os contratos estabelecidos com objetivo especulativo.14 A conclusão do Conselho de Justiça Federal no Enunciado 23 da I Jornada de Direito Civil foi: “A função social do contrato prevista no art.421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana”. Nelson Rosenvald em artigo sobre o tema explica que a função social surge “não para coibir a liberdade de contratar, como induz a literalidade do art. 421, mas para legitimar a liberdade contratual. A liberdade de contratar é plena, pois não existem restrições ao ato de se relacionar com o outro. Todavia, o ordenamento jurídico deve submeter a composição do conteúdo do contrato a um controle de merecimento, tendo em vista as finalidades eleitas pelos valores que estruturam a ordem Constitucional”.15 13 THEODORO Jr., Humberto. O contrato e sua função social. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 29 14 TARTUCE, Flávio. Função social dos contratos do Código de Defesa do Consumidor ao Código Civil de 2002. São Paulo: Método, 2007, p.245 e ss; 15 ROSENVALD, Nelson. A função social do contrato, in HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes; TARTUCE, Flávio. Direito Contratual – temas atuais. São Paulo: Método, 2007, p. 85. O autor exemplifica diversas formas de violação da função social do contrato; dentre eles, um negócio jurídico com objetivo a formação de oligopólios, o que importaria em intervenção do CADE; e ainda um empreendimento em área de preservação ambiental, situação que dependeria da atuação do Ministério Público. Lembra ainda que o contrato além de ter que respeitar terceiros deve também ser respeitado por estes. Ilustra o caso com a quebra de contrato do cantor Zeca Pagodinho com a cervejaria Schincariol. O caso em tela levou a empresa a processar o cantor por quebra contratual, mas poderia ainda ter a empresa processado a Brahma por aliciamento e quebra do contrato de exclusividade – mesmo o contrato só envolver o artista e a Schincariol a conclusão a que chega o autor é que a concorrência deveria respeitar o contrato firmado.16 2.2 – A função social da empresa O princípio da função social encontra fundamento constitucional no princípio da solidariedade e ainda no valor social da livre iniciativa, estabelecido no art. 1º, III da CF como fundamento da República. 17 A Constituição Federal traz ainda em seu art.170, caput, a determinação que a ordem econômica deve assegurar a todos existência digna atendendo, dentro outros, o princípio da função social. Tratando-se da função social da empresa, Fábio Konder Comparato verifica que esta funcionalização decorre do princípio constitucional de função social da propriedade, ainda que essa propriedade seja um bem onde o titular não exerça um direito real de propriedade, considerando a empresa como um bem de produção, detendo seu titular o controle idêntico ao proprietário de direito real, “também o poder de controle empresarial, o qual não pode ser 16 Idem, ibidem, p.97. 17 Não se chega ao extremo de entender que a propriedade é um direito coletivo como pregava o movimento comunista, em seu Manifesto: “O capital não é, pois, uma força pessoal; é uma força social. Assim, quando o capital é transformado em propriedade comum, pertence a todos os membros da sociedade, não é uma propriedade pessoal que se transforma em propriedade social. O que se transformou foi apenas o caráter social da propriedade”. qualificado como um ius in re, há de ser incluído na abrangência do conceito constitucional de propriedade.”18 Nesse mesmo sentido é a posição de Eros Roberto Grau ao entender que a função social da empresa decorre do poder de controle sobre os bens de produção, devendo o proprietário exercer esse poder em benefício e sem causar prejuízos a terceiros, inclusive sofrendo alguns limites ao exercício do direito de propriedade. 19 Traz ainda consigo a idéia do estabelecimento de comportamentos positivos e negativos, instrumentalizando a utilização do capital a favor da pessoa humana. A atividade empresarial, vetor importante para economia nacional, goza de liberdade no desenvolvimento das atividades econômicas (art. 1º, inc. IV), tendo como princípios informadores para o exercício da empresa aqueles dispostos no art. 170 da Constituição Federal que tratam dos Princípios Gerais da Atividade Econômica20, ou seja, a empresa para que atinja sua função social21 deve obedecer a alguns princípios: Art. 170 – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I – soberania nacional; II – propriedade privada; III –função social da propriedade; IV – livre concorrência; 18 COMPARATO, Fábio Konder. Estado, empresa e função social. Revista dos Tribunais, São Paulo: Revista dos Tribunais , n. 732, out. 1996, p. 43/44. 19 GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988: interpretação e crítica. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 248/250. 20 “[...] a iniciativa econômica privada é amplamente condicionada no sistema da Constituição econômica brasileira. Se ela se implementa na atuação empresarial, e esta se subordina ao princípio da função social, para realizar ao mesmo tempo o desenvolvimento nacional, assegurada a existência digna de todos, conforme os ditames da justiça social, bem se vê que a liberdade de iniciativa só se legitima quando voltada à efetiva consecução desses fundamentos, fins e valores da ordem econômica”. SILVA, José Afonso. Comentário contextual à Constituição. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 71321 Função social não se confunde com responsabilidade social, esta é considerada um ato voluntário do empresariado, que a partir da atividade desenvolvida proporcionam alguma melhoria (benefício) para sua comunidade; já a função social é um princípio constitucional cogente derivado do exercício da atividade da empresa, há muito já existente no ordenamento jurídico brasileiro como pode ser observado no parágrafo único do art. 116 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que assim dispõe: “O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender.” V – defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente; VII – redução das desigualdades regionais e sociais; VIII – busca do pleno emprego; IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Os princípios constitucionais também são normas, que gozam de mandamentos eficazes e que apesar de não conterem “respostas definitivas para as questões jurídicas sobre as quais incidem, mas apenas mandamentos ‘prima facie’, que podem, eventualmente, ceder em razão da ponderação com outros princípios”, possuem aplicabilidade corrente 22. As normas constitucionais de que trata o art. 170 da Constituição Federal consagram valores e objetivos que devem ser perquiridos de forma eficiente por toda legislação ordinária, de modo a auxiliar sua interpretação e orientar o legislador infraconstitucional. Possuem ainda valores utilizados na interpretação do Direito, neste caso, havendo mais de um princípio aplicado ao caso, privilegia-se um em detrimento do outro – aquele que melhor se adequar ao caso –23 tratando-se de conflito entre interesses intra-empresariais e extra-empresariais, nesse estão inseridos os interesses da comunidade local, regional e nacional, Fábio Konder Comparato conclui que devem prevalecer os interesses extra-empresariais.24 Essa também parece ser a conclusão da I Jornada de Direito Civil, onde em seu enunciado 53 está previsto que se deve “levar em consideração o princípio da função social na interpretação das normas relativas à empresa, a despeito da falta de referência expressa.” O atendimento aos nove princípios dispostos acima importará no atendimento da função social da empresa, contudo eles não gozam de 22 SARMENTO, Daniel. A ponderação de interesses na Constituição Federal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002, p. 55. Diferente dos princípios gerais do direito, previsto no art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil, utilizados de forma subsidiária pelo juiz em casos de omissão e lacunas legislativas. 23 BARROSO, Luís Roberto; BARCELLOS, Ana Paula. O começo da história: a nova interpretação constitucional e o papel dos princípios no direito brasileiro. In: Luís Roberto Barroso (org.) A nova interpretação constitucional: ponderação, direitos fundamentais e relações privadas. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 327 e ss. 24 COMPARATO, Fábio Konder. O poder de controle na sociedade anônima. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 296. citado por BANDEIRA, Gustavo. Dano ambiental e violação da função social da pessoa jurídica. Fundamento para a responsabilização patrimonial do sócio: Relativização da pessoa jurídica. Revista da EMERJ, v. 7, n. 28, 2004, p. 177. homogeneidade funcional, sendo alguns quase antagônicos, agrupando-os a doutrina em duas categorias diferentes: os princípios de funcionamento e os princípios fins. Os princípios de funcionamento tratam da dinâmica das relações produtivas e condicionam a atuação empresarial ao cumprimento dos incisos I a VI, do art. 170 da CF, a saber: (i) soberania nacional, (ii) propriedade privada, (iii) função social da propriedade, (iv) livre concorrência, (v) defesa do consumidor, (vi) defesa do meio ambienta, e (vii) respeito ao trabalhador, este último previsto no caput do artigo, para que a mesma atinja sua função social. Já os princípios fins são considerados os objetivos e metas almejadas pela ordem econômica e social do Estado existentes nos incisos VII a IX, do referido artigo constitucional, ou seja, (i) existência digna para todos, (ii) redução das desigualdades regionais e sociais, (iii) busca do pleno emprego, e (iv) tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país. Segundo Marçal Justen Filho, a personalização da pessoa jurídica importa no desenvolvimento da atividade econômica, e por isso os incentivos legais e a proteção dada à pessoa jurídica possuem conseqüências benéficas para a comunidade e o Estado que a integra – desde que o incentivo oferecido seja maior que aquele dado ao exercício isolado da atividade, como a proteção dos sócios e seus bens particulares das condutas praticadas societariamente.25 Considerando que o exercício da atividade empresarial importa em receita tributária para o Estado; fomenta produção de riquezas e aumenta emprego à sua população, o Estado estimula e incentiva o exercício empresarial dentro dos moldes de funcionalização da empresa, por estas e outras razões o princípio da preservação da empresa incide no sentido de apoiar a continuidade e a manutenção de todos benefícios gerados pela atividade empresarial.26 25 JUSTEN FILHO, Marçal. Desconsideração da personalidade no direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 49. In: BANDEIRA, Gustavo. Dano ambiental e violação da função social da pessoa jurídica. Fundamento para a responsabilização patrimonial do sócio: Relativização da pessoa jurídica. Revista da EMERJ, v. 7, n. 28, 2004,, p. 174. 26 O princípio da preservação da empresa pode ser notado na Lei de Falências (Lei nº 11.101 de 09 de fevereiro de 2005), “Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade Tem a empresa uma óbvia função social, nela sendo interessados os empregados, os fornecedores, a comunidade em que atua e o próprio Estado, que dela retira contribuições fiscais e parafiscais. Considerando-se principalmente três as modernas funções sociais da empresa. A primeira refere-se às condições de trabalho e as relações com seus empregados [...] a segunda volta-se ao interesse dos consumidores [...] a terceira volta-se ao interesse dos concorrentes [...]. E ainda mais atual é a preocupação com os interesses de preservação ecológica urbano e ambiental da comunidade em que a empresa atua.”27 Dentre estas funções, a empresa deve atender a anseios internos (intra- empresariais) e externos (extra-patrimoniais). Aqueles relativos à vontade dos agentes da própria sociedade, como as relações de trabalhos28, a relação entre sócios e administradores, e o lucro. Já as limitações externas, ou exógenas, são estranhas à atividade empresarial, e relacionam-se com as aspirações sociais e coletivas, a saber, por exemplo a livre concorrência29; a defesa do consumidor30; e a proteção do meio ambiente. econômica”. Para alguns doutrinadores a recuperação falimentar é uma forma de manutenção da função social da empresa que deve atender não só a vontade dos sócios e interesse dos credores, como ainda a situação dos trabalhadores. Assim, os artigos 56 e 58 da referida lei devem ser interpretados à luz do dispositivo 170 da CF, permitindo ao juiz, se houver motivo para isso, optar pela decretação da recuperação da empresa, ainda que esteja em desacordo com a maioriados votos dos credores – caso contrário a vertente incentivadora da função social da empresa restaria prejudicada. PEREZ, Viviane. Função Social da Empresa: uma proposta de sistematização do conceito. 2006. f. 154. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação da Faculdade de Direito, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como requisito para obtenção do título de Mestre em Direito Civil. RJ: 2006, p. 88/89. Trabalho posteriormente publicado pela Ed. Renovar em 2008. 27 CARVALHOSA, Modesto e LATORRACA, Nilton. Comentários à lei de sociedades anônimas. São Paulo: Saraiva, 1998. v. 3, p.237/238. 28 A “empresa não deverá sacrificar a sua própria subsistência em prol dos trabalhadores, mas deve trabalhar a fim de assegurar a sua função social e não apenas utilizar a força humana como uma força de produção tão-somente”. DAVIES, Christian Galvão e SCALZO, Juliana Canarim. Função social da empresa e do contrato. Revista de Direito Internacional e Econômico. Porto Alegre. v.3, n.14, jan./fev./mar. 2006., p. 14. 29 A livre concorrência visa garantir a liberdade e a abertura do mercado econômico à novos produtos e serviços, bem como fomentar a competição, a oferta e a procura e a circulação de capitais – para tanto contemos com o CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica. “Se a concorrência não é protegida e o mercado passa a ser dominado por poucos, sem que haja fiscalização governamental, a tendência é o aumento dos preços das mercadorias, a queda da qualidade dos produtos, a redução de alternativas de compra, a estagnação tecnológica, pois não existe a competitividade que obriga ao aperfeiçoamento dos processos, através de pesquisas e adoção de métodos produtivos e administrativos mais eficazes.” SOUTO, Marcos Juruena Villela. Aspectos jurídicos do planejamento econômico. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000, p. 130. Não raras vezes verifica-se conflito entre estes interesses internos e externos que deve a sociedade empresária atender. Diante dessa colisão de interesses Fábio Konder Comparato conclui que há de prevalecer os interesses extra-patrimoniais sobre os intra-empresariais a fim que possa essa sociedade empresária atender a função social esperada pela Constituição Federal, mas alerta que essa função social não pode “servir como mero disfarce retórico para o abandono, pelo Estado, de toda política social, em homenagem à estabilidade monetária e ao equilíbrio das finanças públicas”. Delegar às sociedades empresárias o atendimento a anseios sociais é uma incongruência. O que se espera do regime capitalista é a geração de lucro, admitindo-se, que em busca do lucro, o sistema empresarial como um todo exerça a tarefa necessária de produzir ou distribuir bens e de prestar serviços no mercado de consumo. Porém, daí concluir que dessa atividade econômica é responsável por acudir as carências sociais de modo a evitar os abusos, é uma “perigosa ilusão”. O legislador não espera que haja um sacrifício dos lucros da empresa em prol da coletividade brasileira, mas que dessa atividade não decorra prejuízos a terceiros, ao meio ambiente, nem a população. Quando a Constituição define como objetivo fundamental de nossa República “construir uma sociedade livre, justa e solidária” (art. 3º, I), quando ela declara que a ordem social tem por objetivo a realização do bem-estar e da justiça social (art. 193), ela não está certamente autorizando a renúncia do Estado, como órgão encarregado de guiar e dirigir a nação em busca de tais finalidades31. 3. Conclusão Face ao exposto, verifica-se que as mudanças sociais do século XX tiveram reflexos na ordem constitucional, e esta por sua vez forçou a 30 Além do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990) o próprio CADE (instituído pela Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994) desenvolve políticas de proteção ao consumidor e ao mercado econômico nacional. 31 COMPARATO, Fábio Konder. Estado, empresa e função social. Revista dos Tribunais, São Paulo, n. 732, out. 1996, p. 45/46. O sentido etimológico da palavra governo, como todos sabem, é o de piloto (kubernetes, em grego). O que se espera de um piloto é que ele saiba conduzir a nave, em quaisquer condições, rumo ao porto de destino. Esse porto de destino, no Estado Democrático e Social é o estabelecimento de condições de vida dignas para todos, sem preferências ou discriminações.” COMPARATO, Fábio Konder. Estado, Empresa e Função Social. Revista dos Tribunais: São Paulo – 732, out. 1996, ano 85, p.46. adequação de toda norma infraconstitucional – nas palavras do professor Reale, a comprovação da teoria tridimensional do Direito: “fato, valor e norma”. O movimento crescente na Europa de constitucionalização do Direito Civil chega ao Brasil e influencia a Constituinte. A Constituição Federal de 1988, atendendo os anseios sociais regulamenta diversos direitos do indivíduo, do homem, do particular. Os direitos das mulheres, das crianças, dos consumidores, idosos, empresários, companheiros, proprietários estão todos agora, resguardados pela lei máxima do Estado. Mas essa mesma Constituição determinou que os direitos – ainda que da ordem privada – devam atender a sua função social. O princípio da função social, originado da propriedade, tem reflexos também nos contratos e na empresa. A função social da propriedade urbana ou rural depende da atuação e adequação dessa propriedade às normas e diretrizes postas pelo plano diretor. Já o contrato demonstra sua funcionalização quando os contratantes agem sem prejudicar a outra parte contratante, terceiros e o Estado. Por fim, a empresa para adequar sua atividade aos anseios sociais deve empregar mão- de-obra local; fomentar a circulação de bens, serviços e valores; pagar impostos e não degradar o meio ambiente. Assim, a função social do direito deixa de ser um princípio abstrato e passa a se tornar uma bela realidade social. Referências: AMARAL, Francisco Direito Civil Brasileiro : Introdução. Ed. Renovar BANDEIRA, Gustavo. Dano ambiental e violação da função social da pessoa jurídica. Fundamento para a responsabilização patrimonial do sócio: Relativização da pessoa jurídica. Revista da EMERJ, v. 7, n. 28, 2004. BARROSO, Luís Roberto (org.) 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