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Nova Lei de Imigração Brasileira

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A NOVA LEI DE MIGRAÇÃO BRASILEIRA E SUA REGULAMENTAÇÃO DA 
CONCESSÃO DE VISTOS AOS MIGRANTES – RESENHA 
Camila Gomes Rabello – 2018770444 
Giovanna Moreira – 2018770150 
Luca Ferro Medeiros dos Santos – 2018770282 
Marina Câncio de Mattos Pires – 2018770517 
Raphael Campello Maia - 2018770371 
 
O artigo de autoria dos Professores Aylle de Almeida Mendes e Deilton 
Ribeiro Brasil objetiva analisar a Lei de Migração, 13.445/2017, bem como o 
decreto que a regulamenta, Dec. 9.199/17, comentando inovações trazidas pela 
nova legislação, bem como dispositivos vetados e contradições entre os 
diplomas referidos. 
Inicialmente, reconhecem os autores que a Nova Lei de Imigração 
representa um enorme avanço nas políticas migratórias brasileiras. Elucidam 
que, antes, sob a vigência do Estatuto do Estrangeiro, a questão migratória no 
Brasil era vista como assunto de segurança nacional, pois, o contexto da 
promulgação do estatuto, 1949, era de instabilidade política, o não-nacional era 
tratado como ameaça aos brasileiros. 
Em razão disso, a concessão de vistos a estrangeiros era 
discricionaridade do Estado, que ao seu capricho decidia sobre a aptidão para 
receber visto brasileiro todo e qualquer estrangeiro ou apátrida que o desejasse. 
Nesse sentido, comentam as figuras trazidas pela nova legislação, 
algumas presentes na anterior e algumas inéditas, sendo elas: o imigrante, o 
emigrante o visitante, o residente fronteiriço e o apátrida. De forma geral, 
considerasse o imigrante o estrangeiro que vem residir em solo pátrio, enquanto 
é emigrante o brasileiro que deixa o país para residir em solo estrangeiro. O 
visitante, por sua vez é aquele que vem ao Brasil, contudo, sem intenção de fixar 
residência. Já o residente fronteiriço possui domicílio em país estrangeiro que 
compartilhe fronteira com o Brasil, podendo então transitar em solo nacional, 
mas com residência no estrangeiro. Por fim, o apátrida é aquele que não possui 
nacionalidade alguma. 
No que toca o conceito de imigrante, foi vetado o inciso I do art. 1° da lei, 
haja vista que o conceito adotado para esta figura abrangia, também, o residente 
fronteiriço, pois não mencionava a necessidade de constituição de moradia fixa 
no Brasil. Contudo, os autores argumentam pela incompatibilidade do referido 
veto com a Constituição Federal, tanto em seu preâmbulo, quanto em relação ao 
art. 3, I, agindo o veto em dano aos princípios da fraternidade e da solidariedade. 
Todavia, elogiam os autores o novo regramento na medida em que se 
adapta às convenções internacionais referentes a migração e direitos humanos, 
buscando a nova legislação harmonia com princípios internacionalmente 
difundidos, como universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos 
humanos, vedação a xenofobia, racismo bem como outras formas de 
discriminação, a não criminalização da imigração, a promoção de entrada regular 
e humanitária, dentre outros. 
Ademais, comentam o art. 4 da 13.445/17, que garante aos imigrantes 
direito a vida, liberdade, propriedade, saúde, reunião familia, saúde, previdência 
social, educação etc., representando uma equivalência entre imigrantes e 
nacionais. 
Assim, trazem o art. 13, II, da Declaração Universal de Direitos Humanos, 
que versa todo homem ter direito de deixar qualquer país, inclusive seu próprio 
e a ele regressar. Contudo, reiteram que aos Estados não há obrigação de 
receber imigrantes, sendo discricionária das Nações as políticas em relação a 
essa questão. 
Nesse sentido, no Brasil, em tempos de paz, qualquer pessoa pode entrar 
e permanecer em solo nacional, desde que satisfaças os requisitos previstos na 
Lei de Imigração bem como no decreto que a regulamente, sendo assegurada a 
dignidade humana, o que comentam ser qualidade intrínseca e distintiva 
reconhecida em cada pessoa. 
Avançando na matéria, os autores citam os tipos de vistos estabelecidos 
pela nova legislação, sendo eles o de visita, o temporário, o diplomático, o oficial 
e o de cortesia. Explicam que o visto de visita se aplica àquele que vêm ao Brasil 
sem intenção de estabelecer residência, o temporário abrange aqueles que 
estabelecerão residência por tempo determinado, o diplomático e o oficial são 
conferidos a agentes estrangeiros a serviço de outros Estados em solo nacional, 
e o de cortesia poderão ser concedidos aos funcionários ou familiares que os 
acompanham. 
No que tange os vistos temporários, os autores elucidam a gama de 
subcategorias presente nesse conceito, sendo diferenciados pelo objetivo da 
migração, podendo ser para tratamento de saúde, estudo, reunião familiar e 
acolhida humanitária, sendo este último inovação trazida pela 13.455/17, 
consistindo no visto concedido a estrangeiros cujo país encontra-se em situação 
de instabilidade política ou catástrofe, seja humanitária ou natural, e, também, 
aos apátridas. 
Em considerações adicionais sobre o decreto, os autores esclarecem que 
o ato do executivo ultrapassa a mera regulação da Lei de Imigração e, em alguns 
momentos, até mesmo a contradiz. Tal fato se faz claro ao analisar alguns dos 
vetos, como ao art. 118, que admitia anistia aos imigrantes que entraram em 
território nacional antes de 6 de julho de 2016, sendo o veto contrário ao princípio 
do incentivo a regularização e entrada legal. 
Também pode-se falar em retrocesso na medida que o decreto 
estabelece, como critério exclusivo na concessão do visto, agir de maneira 
agressiva, insultosa ou desrespeitosa para/com os funcionários consulares, 
gerando insegurança jurídica e conferindo discricionaridade ao Estado nessa 
matéria. 
Em conclusão, afirmam os autores que embora a Lei de Imigração traga 
diversos avanços na questão das políticas migratórias brasileira, bem como a 
harmonização com princípios e conceitos internacionalmente aceitos e 
aplicados, o decreto age na contramão, ultrapassando a mera regulação e, em 
alguns dispositivos, até mesmo contradizendo princípios que a própria legislação 
estabelece, razão pela qual deve ser revisto nas partes mencionadas, atribuindo 
o dever de vigilância a sociedade civil. 
Dessa forma, são precisos os autores ao apontar o avanço trazido pela 
Lei 13.455/17, afinal, o regramento antigo baseava-se em um contexto social 
completamente diferente e que deve ser superado. No cenário atual, de um 
mundo completamente conectado, com tecnologias que facilitam o transporte 
internacional e até intercontinental, a migração é uma realidade. 
Ademais, inova a lei de maneira extremamente positiva na questão do 
visto humanitário, diante de alguns exemplos ao redor do globo nas últimas 
décadas, como o caso dos refugiados sírios, principalmente na Europa, e os 
venezuelanos, na região norte do Brasil, é fundamental que o ordenamento 
evolua no sentido de proteger os direitos humanos de estrangeiros, face a 
crescente onda de xenofobia causada por estar migrações.

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