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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA DIREITO ANA LUÍZA CARNEIRO DE PALMA BEATRIZ PIERIN VISTOCHI MARIA EDUARDA BOEIRA TOMBINI THUM VIER AS FACES DA LIBERDADE POR BENJAMIN CONSTANT CURITIBA 2020 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO…………………………………………………….……………………... 2. DESENVOLVIMENTO…………………………………………………………………… 3. CONCLUSÃO…………………………………………………………………………….. REFERÊNCIAS………………………………………………………………...................... 1. INTRODUÇÃO A liberdade é multifacetada ao longo dos séculos. O conceito de liberdade é guarnecido com diferentes conotações interpretativas, nos diferentes momentos históricos em que se insere, assim como, possui valoração diferente, para sociedades distintas, por esse motivo os conceitos do passado e os que são conhecidos e adotados na atualidade, não devem ser comparados, pois dotam de um sentido no meio social totalmente diferente, tendo em vista, às conquistas e acontecimentos ocorridos nesse período de tempo, que os fazem pertencer a dois universos, sobre esse ponto de vista, paralelos. Benjamin Constant, em sua obra "Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos", realiza uma abordagem com base nessa distinção, onde afirma, que na antiguidade os conceitos de "liberdade", tal como eram ditos, estavam demasiado longe de apresentar-se de forma consolidada, como nos tempos de hoje, onde existe não somente o conceito, mas bem como o exercício da liberdade, que é garantido e previsto em lei perante ao documento do estado. Diante de tais proposições, é imperioso analisar o momento histórico em que o autor se insere, para assim, compreender as aspirações que o motivaram para o desenvolvimento de sua teoria. Sendo assim, Benjamin Constant, escreve sua teoria e participa ativamente da vida política ao longo de sua trajetória, que ocorre no período da Revolução Francesa e que de forma inicial, isto é nos primeiros momentos da revolução, ele encontrava-se em uma posição de distanciamento, por estar ausente de territórios franceses, fator que tornou possível analisá-la sobre um ponto de vista longínquo e consequentemente mais lúcido. De todo modo, Benjamin Constant, vivencia a revolução ora a distância, ora na ordem cotidiana, estranhado e sobre esse contexto, frente a sua recusa da proposta de esquerda e da direita (no contexto da revolução de napoleão), faz com que Constant pense em um termo médio: a liberdade individual junta a representação de um poder limitado, e é partir desse pensamento que o autor desenvolve sua teoria. Ele desejava entender o fundamento pelo qual o conceito de liberdade que pode propiciar tranquilidade e segurança foi inteiramente desconhecido para as nações livres da antiguidade, tudo isso sobre um papel de observador e agente, a serviço do liberalismo, que foi a fonte de referência máxima para sua teoria política. Diante desse entendimento, inicia-se a análise dos conceitos de liberdade, sobre os dois objetos chave da teoria de Constant, a liberdade na antiguidade e na era moderna. A antiguidade, de uma forma geral é composta por regimes onde o soberano, a figura que representa o estado, realizava o controle sobre todas as relações privadas dos indivíduos da sociedade, de maneira que para eles nada lhes é concedido a independência individual, nem mesmo no que refere-se a escolha de sua própria religião, a faculdade de escolher os cultos e orações, era considerada um crime, logo ela não habita a esfera social no que desrespeito a vida privada do indivíduo. Diferentemente, das questões que demandam da esfera pública, que em grande parte o indivíduo podia realizar suas escolhas, fator que a caracteriza uma liberdade de natureza política, que justifica-se na participação e na desejada soberania do povo. Esse conceito trazia consigo a ideia de virtude, participação ativa nas decisões da esfera política e no papel de agente que cada cidadão exercia, ao expor suas opiniões e elas dotarem de um peso sobre uma tomada de decisão que envolve a sociedade. Dois grandes exemplos a este tipo de regime são as sociedades de Roma e Esparta. Sobre essa análise, o conceito de liberdade para os povos da antiguidade em sua maioria, denotavam uma ideia de junção entre a vida pública e a vida privada, onde os indivíduos tinham uma falsa concepção de que eram soberanos de suas decisões, quando na verdade se sujeitam ao todo, de forma que toda a sua vida privada e liberdade religiosa está vinculada a uma vigilância contínua por parte do soberano, que nessa ótica, não somente governa o estado mas a vida de seus cidadãos. Entretanto, dentre a sua maioria, existe apenas uma sociedade que é sujeita a excepcionalidade, Atenas. A sociedade de Atenas era um estado antigo com características da liberdade moderna, por ser considerada a mais comerciante de todas as repúblicas gregas, era a que concedia aos seus cidadãos a maior liberdade individual, o espírito dos comerciantes de Atenas assemelha-se com o espírito dos comerciantes na idade moderna. No entanto, ainda assim, existiam vestígios do conceito de liberdade dos antigos em seu regime, por dotarem de uma população escrava e apresentarem políticas como o ostracismo, que novamente, limitavam a figura dos cidadãos a subordinação da supremacia do corpo social de Atenas. Apesar de apresentarem notórios avanços, ainda lhes faltava bastante para chegarem aos conceitos de liberdade que é dotada pelos modernos. Na modernidade o conceito de liberdade, denota-se com caráter exuberantemente mais amplo. De forma, que dentro dessa definição, abrangem aspectos individuais, quanto direitos políticos, sendo assim, ela caracteriza-se da seguinte forma; é essencialmente a liberdade individual perante ao espaço público, ou ainda, a liberdade do indivíduo de agir como quiser, contanto que nos conformes da lei, sem submeter-se a ninguém além dela, é a segurança que lhe é garantida de não poder ser detido, nem maltratado de forma alguma pelo efeito da vontade arbitrária. Significa desfrutar da faculdade de escolha, o seu trabalho, bem como a maneira que vai exercê-lo, a faculdade de poder ser aquele que irá escolher a sua própria religião e ainda sim, ter o direito de expressar a sua opinião, juntamente com o da propriedade privada, o direito de ir e vir, sem estar submisso a permissões e satisfações a respeito de seus atos, e tendo todos esses exercícios garantidos na lei, como direitos fundamentais de sua vivência. O conceito de liberdade, bem como a sua consolidação na esfera social, carrega uma bagagem ao longo da história, ela vem acompanhada de grandes acontecimentos e feitos, que foram indispensáveis para sua formação, mas que foram de uma forma completa, de imensurável importância, na construção de um conceito que faz jûs a integridade do ser humano, que perante aos seus exercícios merece a garantia da validação de seus atos, tanto na esfera pública, quanto na privada. Dentre esses aspectos, salienta-se um deles, quediante de inúmeros que foram objetos de análise, que tem por base as significativas conquistas no campo da esfera privada, onde o indivíduo da civilização moderna, não atribui o mesmo valor que os antigos para a sua participação política, de maneira, que ele está tão vislumbrado com a sua liberdade individual, que muitas vezes nem sequer se dá ao trabalho de pensar na esfera das políticas públicas, ele não possui tamanho êxtase que o cidadão da civilização antiga possuía quando tomava decisões sobre as políticas sociais, pois agora ele é o governador da sua própria vida e assim, não maneja tempo para dar tamanha importância que dá para si, ao estado. É possível então, distinguir traços distintos nos momentos entre antiguidade e modernidade. Nos tempos antigos, a independência do indivíduo era desrespeito a sua atuação política, diferente dos modernos que independem-se nas questões privadas. Assim, fazendo um contraponto, a opinião do cidadão antigo denota maior relevância nas decisões políticas do que os modernos, nos tempos atuais, pelo fato das sociedades organizarem-se em congregações saturadas, torna-se deveras impossível que cada um consiga demonstrar tamanha relevância nas relações políticas. Desta maneira, uma vez que na antiguidade o enfoque era a parte política, a independência era comprada pela guerra, ela dava segurança, poder, quase tudo que um ser poderia buscar, ela ei de prover, os antigos por sua vez estavam a serviço da guerra. Essa relação de subordinação não é tão distante na era moderna, de maneira que através da integração da prática do comércio, ao longo do tempo na história, os indivíduos passam a estar a seu serviço para alcançar seus desejos. Perante a essas considerações e os entendimentos dos conceitos apresentados por Benjamin Constant, em sua obra, é possível compreender, a importância do conceito de liberdade e suas conquistas ao longo dos séculos, que até hoje possuem tamanha influência. Em uma perspectiva histórica, a humanidade já se aprimorou muito, assim como retrocedeu em alguns momentos, mas ainda sim, em meio a tantas conquistas, ainda tem muito o que aprimorar, reavaliar e transformar-se, mas ante ao momento que está agora, como já conceitua o próprio Constant, em meio a as duas espécies de liberdade a que foram mencionadas, é preciso saber combiná-las e acima de tudo entendê-las em meio a sua função, para assim, exercer de forma concreta a faculdade de executá-las. 2. DESENVOLVIMENTO Benjamin Constant, em sua notável obra “Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos” submete algumas distinções e apontamentos sobre duas formas de liberdade que merecem a devida reflexão, para se melhor compreender o presente e alinhar o futuro. Sua análise, sobre a liberdade dos antigos em comparação à dos modernos, exterioriza e desmistifica esse duplo aspecto, por tanto tempo confundidos. A distinção por ele apresentada, ao ser corretamente compreendida, se torna útil para captar a essência da sociedade moderna. Ao delinear a trajetória da liberdade ao longo do séculos, Constant, chega de forma impecável na construção de seu argumento: a necessidade do sistema representativo e os limites do poder. Entre os antigos, os cidadãos participavam diretamente da vida política, eram soberanos nas questões públicas, eles exerciam funções e se comprometiam com o coletivo, com atuação presente e forte, com admiração pela política. O indivíduo no público delibera, vota, legisla, examina, condena, absolve, mas a que custo? A custa da submissão completa a autoridade do todo, a despesa de se tornar um escravo no privado. A independência privada era reprimida em todas as espécies, até mesmo na religião, a vontade era restringida, censurada aos detalhes. As leis regulamentavam todos os âmbitos, todos os momentos, tudo. Essa renúncia da esfera privada e da independência do coletivo era subvertida no prazer, no orgulho e na recompensa social gerada pela participação no coletivo. Essa atmosfera propiciava um sentimento de liberdade falso, o modo que a sociedade estava organizada fazia com que desejassem essa liberdade estritamente coletiva. Segundo Pierret Manent existia uma inocência ao redor da vida política dos antigos, que se tornou inviável na sociedade moderna. O pensador ainda em seu texto faz ressalvas acerca da liberdade em Atenas, pois entre as cidades gregas ela se diferenciava em sua liberdade. Atenas se preocupava com a liberdade comercial e em certo nível com a liberdade individual, não havia um sacrifício tão intenso das liberdades individuais em prol da liberdade coletiva, devido a isso Constant afirma que de todos os Estados antigos, Atenas é o que mais se pareceu com os modernos. Um fator decisivo para tal diferenciação era a relação com o comércio, em Atenas havia a circulação de mercadorias e serviços, dentro e fora de seu território,encontrava-se um espírito comercial semelhante ao de Estados modernos. Atenas chegava até a oferecer benefícios a estrangeiros que decidissem instalar um comércio ou fábrica nas regiões, assegurando a independência tão importante para a liberdade do homem moderno. É possível identificar a diferença da sociedade ateniense com as antigas no exemplo dado pelo autor em “ Na Lacedemônia, fiz um filósofo, os cidadãos acorrem quando um magistrado os chama; mas um ateniense não se conformaria que o considerassem dependente de um magistrado”. Apesar de todas as regalias presentes no território ateniense, em diversos âmbitos as características das nações antigas se faziam presentes, como a população escrava, território limitado, o ostracismo- fortemente criticado por Constant-, supremacia do corpo social, etc. No mundo moderno a situação é o oposto, o indivíduo almeja a liberdade particular, a independência de fazer o que bem deseja, de se expressar, de negar, de revolucionar. Devido a isso, não aceitaram se sacrificar em prol da liberdade política e as instituições que impediam a liberdade individual se tornaram inaceitáveis. O indivíduo moderno não apresenta a ambição pelo coletivo, ele dá as rédeas para que outros deliberem em seu lugar, ele abdica do comprometimento político para desfrutar de mais tempo no particular. Para o homem moderno, não há satisfação em se sacrificar pelo coletivo, a vida privada é sempre preferência, como Constant escreveu “...quer que seus interesses sejam defendidos, mas que não tem tempo para os defender.” Os interesses da coletividade são agudamente negligenciados, a partir do momento que se percebe a impossibilidade do homem de retornar a política antiga. Benjamin Constant, em sua obra, discorre sobre três fatos que propiciaram essa transição na liberdade. O primeiro é o processo civilizador que deu nascimento ao Estado moderno, o mundo antigo era extremamente fechado e com espírito bélico, a guerra era impelida a todo momento. Já com o Estado moderno os territórios se definem, se tornam suficientes, gerando uma tendência a paz, há tantos homenslivres que desempenham diversas funções que a influência individual é reduzida quase ao absoluto. Essa diferença promove a segunda característica, o desenvolvimento do comércio. Como Constant diz em sua obra, “A guerra é anterior ao comércio” , eles trabalham para o mesmo fim, logo, os modernos devido ao processo civilizador, recorreram ao comércio para se possuir o que deseja. Notaram que a guerra se tornava cada vez menos eficaz, e que os negócios ofereciam cada vez mais benefícios, especialmente no particular. O comércio alavancou o desejo pela independência individual, por meio dele o homem moderno podia se satisfazer e atender suas necessidades. O comércio produz inúmeros efeitos, não cabíveis nesta resenha, mas vale ainda ressaltar que ele cria uma dependência, um freio na autoridade. Os indivíduos decidem o que fazer com seu crédito, aproximando as nações, se emancipando das operações do Estado. O dinheiro se torna a mais preciosa arma. O terceiro componente desta transformação é a abolição da escravatura, que foi fundamental para a derrocada da antiga liberdade política. O sistema participativo de política se sustentava no trabalho escravo, o ócio só era possível enquanto o escravo realizava todos os trabalhos necessários. Com a abolição, a população se viu obrigada a trabalhar, reduzindo seu tempo livre para a administração coletiva. Após essa transformação na sociedade, o sentimento dos indivíduos se adaptou a uma nova perspectiva. O altruísmo coletivo, com a inocência e com a idéia de se sacrificar pelo coletivo se cambiou para um cidadão egoísta, que se dedicava a seus prazeres e seus interesses. Logo, se constatou que a liberdade teria que ser para todos e um impasse se instala pois seria necessário um novo sistema para que isso se concretizasse. A partir desse impasse, Constant apresenta a necessidade do sistema representativo. O sistema representativo se encaixa com a liberdade moderna, pois o homem que não está disposto a se sacrificar pelo coletivo, oferece uma parcela de seus direitos a um substituto que desempenha a função política por ele. Como escrito no texto “O sistema representativo é uma procuração dada a um certo número de homens pela massa do povo que deseja ter seus interesses defendidos e não tem, no entanto, tempo para defendê-los”. Porém, Constant adverte que neste sistema, a vigilância deve ser constante pois o perigo da liberdade moderna reside justamente em renunciar levianamente nosso direito de participar do poder político. Constant defendia que a deliberação pública deveria ser voluntária, e como o indivíduo no estado moderno tem sua liberdade individual, poderia optar por fazê-la ou não, caso não a desejasse deveria preocupar-se apenas em fiscalizar seus representantes. Constant desenvolve a importância de se conciliar as duas espécies de liberdade abordadas, pois a nação cresce ao regular a liberdade política e ao ceder a liberdade individual a seus cidadãos. Ele reclama a liberdade civil em conjunto com as formas de liberdade política, para que não se manifestem governos ilegítimos ou déspotas, e que os governantes que vierem ao poder não hajam com arbitrariedade. O governo se concretiza com novos deveres, com mais contenções e limitações, o despotismo não se torna mais possível entre os modernos. A autoridade agora é contida, deve respeitar os hábitos, afetos, interesses dos indivíduos pois caso ela se veja atacada, a defesa pela população será muito mais ímpia. O zelo pela combinação de liberdades é primordial, pois por estarmos menos apaixonados por ela, o risco de negligenciar nossas garantias é constante. 3. CONCLUSÃO Objeto de muitas teorizações filosóficas, em sua origem grega, Eleutheria remete à liberdade de movimento do corpo pela ausência de restrições e limitações externas. É a partir desse conceito que o pensador, Benjamin Constant, apresenta-nos suas ideias de liberdade individual e de liberdade coletiva perante sua época. Historicamente moldada, a concepção de liberdade foi se remodelando no decorrer do tempo, porquanto havia um leve enquadramento do conceito diante das diversas sociedades e épocas a qual estava inserida. Em face às inúmeras alterações sobre o entendimento dos conceitos ao longo da história da humanidade, não se deve fazer analogia entre eles, pois apesar de possuírem a mesma base principiológica, podem ser compreendidos de modos opostos, como foi visto anteriormente. Assim, a análise de Benjamin Constant traz um vultuoso comparativo entre as duas concepções de liberdade consoante conceitos acima assinalados. A liberdade dita coletiva e a individual tendem para cada lado em diferentes tempos. Hodiernamente, a liberdade individual é a qual prepondera. O indivíduo está mais voltado ao seu interesse pessoal. É um ser egoísta. Definição paralela com o fundamento tratado por Thomas Hobbes, em sua ilustre obra “O Leviatã”, o autor acredita que cada homem é diferente do outro e que a vida social é definida pelo egoísmo dessa diferença e pela convenção da convivência em grupo. Sobre esse aspecto, o Estado em que esses indivíduos vivem é artificial, um meio criado por eles mesmo para alcançar da melhor forma seus objetivos egoístas. Portanto, com o notório avanço da expressão “liberdade” e sua definição no cotidiano, o homem não é visto mais como um ser político quanto era na antiguidade, no qual sua vida era baseada nas decisões políticas do soberano na Pólis grega. O indivíduo da atualidade busca por uma satisfação pessoal, deixando de lado a ambição com o bem social para usufruir das conquistas no âmbito particular. Conforme a citação pensada por Constant “...quer que seus interesses sejam defendidos, mas que não tem tempo para os defender” é a mais pura evidência de que a independência individual é a primeira das necessidades modernas. Consequentemente, esse descaso atual com o coletivo, tendo como base ora a política, ora as relações interpessoais. Afora isso, outro componente para essa notável remodelagem do conceito de liberdade é o comércio, que ocasionou uma mudança tornando o dinheiro uma arma poderosa. Em outros tempos, o que delimitava o ser humano eram os próprios seres humanos, pelo poder de soberano exercido pelos Estados Antigos ou pela prática da escravatura. Com a abolição dessa prática deplorável, a população teve que se enquadrar nessa nova realidade e trabalhar, assim apresentou-se uma brusca queda no tempo desses povos na administração coletiva. O conceito fundamental de liberdade era um ultraje à sociedade da época onde a autonomia do indivíduo era cerceada de diversos modos e até hoje esse conceito é posto como concreto, apesar de não fazer jus a esse ideal. Enfim, seria a liberdade uma condição intransponível do homem, da qual, o ser humano está condenado a ser livre, como dizia Sartre em “A concepção de liberdade”, ou uma aspiração inalcançável como condição individual, conforme a ética de Espinoza? Pode-se dizer que a obrade Benjamin Constant, aqui resenhada, é primordial para a compreensão de um dos direitos fundamentais assegurados pela Constituição Federal do Brasil de 1988 (Art. 5º, Caput). Não obstante, não se pode olvidar que tanto em tempos modernos quanto na antiguidade a liberdade não é um direito absoluto, mas um direito limitado, posto que ela se delimita no aspecto proposto pelo próprio legislador, como na sentença referente ao direito da livre locomoção, evidenciando a expressão “em tempos de paz”. Concluindo, o ideal seria uma busca pelo equilíbrio entre as duas faces da liberdade, mesmo que em dados momentos elas tendam mais para um dos lados. A aplicação isolada de uma de suas formas, excluindo-se integralmente a outra, seria perigoso, como alerta Henri-Benjamin Constant a todos. Importante ressaltar a participação da população nas atividades democráticas, no intuito da harmonização social e individual. REFERÊNCIAS CONSTANT, BENJAMIN. A liberdade dos antigos comparada à dos modernos. 1° Edição. São Paulo: Câmara brasileira do livro,2019. BUENO MENDES, MARCELO; DE CASTRO SACZUK, THAINÁ. Danton - A tragédia revolucionária. Juruá Editora, 2019. A LIBERDADE DOS ANTIGOS COMPARADA A LIBERDADE DOS MODERNOS. EDISCIPLINASUSP. Disponível em <file:///Users/user/Desktop/slides%20benjamin%20e%20liberdade%20.pdf> Acesso em 24, ago. 2020 A LIBERDADE INDIVIDUAL PARA BENJAMIN CONSTANT. TESES USP. Disponível em <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-26092008-171900/publico/DI SSERTACAO_GABRIELA_DOLL_GHELERE.pdf> Acesso dia 24, ago. 2020
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