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CONJUNTURA ECONÔNICA - COMPLETO

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Marcelo José Nonnenberg
Técnico de Planejamento e Pesquisa da 
Diretoria de Estudos e Políticas Macroe-
conômicas (Dimac) do Ipea
marcelo.nonnenberg@ipea.gov.br
NÚMERO 35 — 2 ˚ TRIMESTRE DE 2017
SEÇÃO IV
Setor Externo
Sumário
Os dados positivos do setor externo ajudam a manter a estabilidade da economia 
brasileira diante de um cenário interno de incertezas. O saldo comercial atingiu 
níveis elevados que ajudaram a reduzir o deficit em transações correntes para pa-
tamares bem confortáveis.
O comércio exterior brasileiro parece dar sinais de arrefecimento nos meses re-
centes, após um período de recuperação tanto das exportações quanto das impor-
tações. Pelo critério das médias diárias dessazonalizadas, as exportações voltaram 
a cair em maio, ao mesmo tempo que as importações demonstram tendência de 
queda nos três últimos meses. Porém, no acumulado do ano, ainda se nota bastante 
vigor nas exportações, com aumento de 19,6%, impulsionadas pelos básicos, so-
bretudo, e das importações, que cresceram 9,4% principalmente em razão do forte 
crescimento dos produtos intermediários.
Após um período de mais de um ano se recuperando, os preços de exportação 
parecem ter se estabilizado. Como os preços de commodities nos mercados in-
ternacionais estão em queda desde fevereiro, é bastante provável que ao menos 
os preços de básicos e semimanufaturados também caiam nos próximos meses. 
As quantidades exportadas também tiveram um comportamento ruim em abril, 
fortemente influenciadas pelos produtos básicos. Contudo, boa parte dessa que-
da é explicada pela redução das exportações de petróleo, ao passo que o volume 
exportado de produtos agrícolas e pecuários continua em alta. As quantidades im-
portadas de bens intermediários voltaram a cair em abril pelo terceiro mês conse-
cutivo, constituindo a principal causa da queda do quantum importado total. Mas 
as demais categorias também vêm apresentando um comportamento oscilante nos 
últimos meses.
O deficit em Transações Correntes reduziu-se consideravelmente nos meses re-
centes, caindo de US$ 7,2 bilhões nos primeiros quatro meses de 2016 para US$ 
3,5 bilhões em igual período deste ano. Esta queda foi provocada exclusivamente 
pelo aumento do superavit comercial, que passou de US$ 12,4 bilhões para US$ 
20,6 bilhões, enquanto o saldo da Conta de Serviços passou de US$ 8,7 bilhões 
negativos para - US$ 9,9 bilhões e o resultado da conta de Renda Primária foi de 
- US$ 11,9 bilhões para - US$ 14,8 bilhões, todos no mesmo período. Por outro 
lado, a captação líquida de recursos (soma de Conta Capital e Conta Financeira) 
caiu sensivelmente, passando de US$ 4,9 bilhões nos primeiros quatro meses de 
SEÇÃO ELABORADA COM DADOS DIVULGA-
DOS ATÉ O DIA 05/06/2017
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2016 para apenas US$ 1,3 bilhão no mesmo período de 2017. O aumento dos 
Investimentos Diretos e Em Carteira foi compensado pela redução dos Outros 
Investimentos e pela variação negativa de Ativos de Reserva (denotando aumento 
de reservas, da forma como são registrados no balanço de pagamentos).
1 Câmbio e Preços
A taxa de câmbio voltou a se desvalo-
rizar discretamente a partir de março, 
antes, portanto, do agravamento da cri-
se política. No entanto, com base nos 
dados mensais, não se constata piora da 
percepção dos investidores externos, 
havendo uma pequena redução do grau 
de risco da economia brasileira em maio, 
como se observa no Gráfico 1. Apesar 
de não ser possível observar no Gráfico, 
é verdade que, entre a primeira e a se-
gunda quinzena de maio, elevou-se em 
18% o nível dos CDS - título que é dado 
em troca de um determinado risco de 
crédito,. É possível que os eventos no campo da política provoquem um aumento 
da instabilidade cambial nos próximos meses.
2 Balança Comercial
 
O saldo da balança comercial em maio 
atingiu US$ 7,7 bilhões, o mais alto 
valor do ano e, no acumulado do ano, 
US$ 29,0 bilhões. As exportações al-
cançaram US$ 19,8 bilhões, ao mesmo 
tempo que as importações totalizaram 
US$ 12,1 bilhões. No entanto, quando 
se observam os fluxos com base no cri-
tério de médias diárias dessazonalizadas 
(ver Gráfico 2), é possível perceber que 
o saldo caiu com relação ao mês ante-
rior, após quatro meses consecutivos de 
alta, como resultado de uma queda das 
exportações maior do que a das impor-
tações. 
GRÁFICO 1
Taxa de câmbio nominal, spread do CDS, taxa efeti-
va real do dólar e termos de troca
(índices Agosto de 2014=100)
Fontes: BCB, FMI, Bloomberg e Federal Reserve Bank of Saint Louis
60,0
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Taxa efe�va do dólar CDS (eixo direito)
GRÁFICO 2 
Exportações, importações e saldo comercial: médias 
diárias dessazonalizadas
(Em US$ milhões)
Fonte: Secex/MDIC; 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea 
- 15,0
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- 5,0
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Intervenções líquidas do Banco Central
Bancos –
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As exportações no acumulado do ano ainda estão muito acima dos valores ob-
servados em igual período do ano passado. Como se pode ver na Tabela 1, as 
exportações totais cresceram quase 20% no período. E todas as categorias de pro-
dutos também tiveram aumentos expressivos, com destaque para os básicos, com 
aumento de 28,3%. Dentre esses, os maiores aumentos foram no minério de ferro 
(94,7%) e petróleo (133,4%). Nos demais produtos, destacam-se semimanufatura-
dos de ferro e aço (79,6%) e automóveis (49,5%). Na comparação de maio deste 
ano com o mesmo mês de 2016, as taxas de variação são um pouco menores, com 
aumento de 12,7% no total e 16,9% nos básicos.
No entanto, na comparação com o mês 
anterior, com base no critério de médias 
diárias dessazonalizadas, verifica-se que 
houve uma queda de 10,8% nas exporta-
ções totais, sendo de 12,6% nos básicos 
e de 6,6% nos manufaturados. Ainda é 
cedo para se afirmar que essa queda con-
tinuará nos próximos meses mas, como 
se verá logo adiante, a queda dos preços 
de exportação deve estar influenciando 
este resultado. De toda forma, os básicos, 
após alcançar um pico em fevereiro, re-
trocederam nos três meses seguintes, de 
acordo com o Gráfico 3.
As importações cresceram 9,4% no acumulado do ano até maio e 8,9% na compa-
ração com o mesmo mês do ano passado, como se verifica na Tabela 2. O cresci-
mento no acumulado do ano foi fortemente influenciado pela variação de 25,1% 
nos combustíveis e lubrificantes e de 14,1% nos intermediários, principalmente 
alimentos e bebidas destinados à indústria (25%). Mas chama a atenção a queda de 
18,6% nos bens de capital, acompanhando a queda dos investimentos.
Janeiro-Maio Maio Janeiro-Maio Maio Janeiro-Maio Maio
Básicos 42.867,7 9.703,0 33.413,3 8.298,0 28,3 16,9
Semimanufaturados 12.062,3 2.778,0 10.362,5 2.278,0 16,4 21,9
Manufaturados 30.919,2 6.873,0 28.117,7 6.641,6 10,0 3,5
Op.Espec. 2.082,4 438,0 1.619,3 351,1 28,6 24,8
Total 87.931,5 19.792,0 73.512,8 17.568,7 19,6 12,7
2017 2016 Variação %
TABELA 1 
Exportações por categorias de produtos (2017 e 2016)
(Em US$ milhões)
Fonte: Secex/MDIC; 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea 
GRÁFICO 3 
Exportações por classes de produtos, médias diárias 
dessazonalizadas
(Em US$ milhões)
Fonte: Secex/MDIC,
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea
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Total Geral Básicos Semimanufaturados Manufaturados
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Mas, da mesma forma que no caso das exportações, na comparação com os meses 
anteriores, as importações parecem mostrar um quadro de estagnação, como é 
possível ver no Gráfico 4. Os bens intermediários, que vinham mostrando algum 
dinamismo no final de 2016, começam a apresentar alguma tendência de desa-
celeração. As demais categorias também se encontram virtualmente estagnadas, 
demonstrando que ainda não é possível observar impacto de eventual recuperação 
da economia sobre as importações.
Após um período de mais de um ano se recuperando, os preços de exportação 
parecem ter dado uma parada em março e abril. Essa freada se verifica nas três ca-
tegorias de bens, como se verifica no Gráfico 5. Como os preços de commodities 
nos mercados internacionais estão em queda desde fevereiro, é bastante provável 
que ao menos os preços de básicos e semimanufaturados também caiam nos pró-
ximos meses. Os preços do minério de ferro, por exemplo, que chegaram a US$ 88 
por tonelada em fevereiro, após um vale de US$ 40 no final de 2015, despencaram 
para US$ 70 em abril.
Os índices de quantum de exportação, que também começavam a apontar para 
uma forte recuperação, tiveram um comportamento desanimador em abril, devido 
à queda de 8,8% dos produtos básicos, ao mesmo tempo que os manufaturados 
GRÁFICO 4 
Importações por grandes categorias econômicas, 
médias diárias dessazonalizadas
(Em US$ milhões)
Fonte: Secex/MDIC.
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea.
GRÁFICO 5 
Índices de preços de exportação, por categoria de 
produtos 
(Em índices dessazonalizados, 2006 = 100)
Fonte: Funcex.
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea.
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Bens de consumo semiduráveis e não duráveis
Bens de consumo duráveis
Combus�veis e lubrificantes
Bens de capital (BK)
Bens intermediários (BI)
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Total Básicos Semi-manufaturados Manufaturados
Janeiro-Maio Maio Janeiro-Maio Maio Janeiro-Maio Maio
Bens de consumo semiduráveis e não duráveis 7.340 1.644 6.899 1.283 6,4 28,1
Bens de consumo duráveis 1.801 457 1.738 386 3,6 18,5
Combustíveis e Lubrificantes 6.582 1.342 5.260 984 25,1 36,4
Bens de Capital 6.010 1.180 7.382 1.420 -18,6 -16,9
Bens Intermediários 37.090 7.498 32.517 7.048 14,1 6,4
Total Geral 58.900 12.131 53.830 11.136 9,4 8,9
2017 2016 Variação %
TABELA 2 
Importações por grandes categorias econômicas (2017 e 2016)
(Em US$ milhões)
Fonte: Secex/MDIC.
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea.
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desaceleraram seu crescimento. Mas é preciso destacar que boa parte da queda 
dos básicos se deveu a uma forte variação negativa das exportações de petróleo, 
que haviam dado um salto positivo em janeiro _ confirmado em fevereiro _, com 
relação à média dos meses de 2016 e também de forte queda dos produtos mine-
rais metálicos. Por outro lado, as quantidades exportadas de produtos agrícolas e 
pecuários _ que constituem a maioria dos produtos básicos _ seguem mantendo 
trajetória de forte elevação. Dessa forma, fica muito difícil prever a tendência dos 
próximos meses do quantum exportado.
As quantidades importadas, que também estavam esboçando um crescimento até 
o final do ano passado, voltaram a decepcionar nos últimos meses até abril. Os 
bens intermediários, que constituem a principal categoria econômica, caíram pelo 
terceiro mês consecutivo, o mesmo acontecendo com os bens de consumo durá-
veis. Dessa forma, as quantidades totais também apresentaram variação negativa 
nesse período. Os bens de capital, por sua vez, apresentam um comportamento os-
cilante, mas com um discreto crescimento nos últimos três meses. Esse cenário pa-
rece consistente com a fraca recuperação experimentada pela economia nacional.
3 Balanço de Pagamentos
O déficit em transações correntes reduziu-se consideravelmente nos meses recen-
tes, caindo de US$ 7,2 bilhões nos primeiros 4 meses de 2016 para US$ 3,5 bilhões 
em igual período deste ano, uma queda de US$ 3,7 bilhões, segundo a Tabela 3. 
Esta queda foi provocada exclusivamente pelo aumento do superávit comercial, 
que passou de US$ 12,4 bilhões para US$ 20,6 bilhões, enquanto o saldo da conta 
de serviços passou de - US$ 8,7 bilhões para - US$ 9,9 bilhões e o resultado da 
conta de renda primária foi de - US$ 11,9 bilhões para - US$ 14,8 bilhões, todos 
no mesmo período.
Por outro lado, a captação líquida de recursos caiu sensivelmente, passando de 
GRÁFICO 6
Índices de quantum de exportação, por categoria de 
produtos
(Em índices dessazonalizados, 2006 = 100)
Fonte: Funcex.
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea
GRÁFICO 7
Índices de quantum de importação, por grandes 
categorias econômicas 
(Em índices dessazonalizados, 2006 = 100)
Fonte: Funcex.
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea
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Total Básicos Semi-manufaturados Manufaturados
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Total Capital Intermediários
Duráveis Não-duráveis
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US$ 4,9 bilhões nos primeiros 4 meses de 2016 para apenas US$ 1,3 bilhão no 
mesmo período de 2017. Os investimentos diretos chegaram a aumentar no pe-
ríodo, passando de US$ 21,1 bilhões para US$ 28,8 bilhões. Da mesma forma, os 
investimentos em carteira também aumentaram de - US$ 5,4 bilhões para -US$ 
2,3 bilhões. Mas os outros investimentos caíram de -US$ 11,8 bilhões para - US$ 
17,6 bilhões e a variação de ativos de reserva (que não se confunde com a variação 
de posição de reservas) sofreu queda de US$ 8,4 bilhões, indicando que houve 
aumento de reservas.
A análise do saldo das contas externas 
deve ser complementada com o exame 
da conta denominada Hiato de Recur-
sos, onde estão registradas apenas as 
operações que têm impacto cambial e o 
saldo corresponde às operações líquidas 
do setor não-bancário. Como é possível 
observar no Gráfico 8, nos últimos 3 
meses, o hiato é positivo e crescente, o 
que vem resultando em aumento das re-
servas internacionais do Banco Central e 
aumento dos ativos externos dos bancos 
comerciais em proporções semelhantes. 
Isso indica que, apesar dos dados brutos 
da conta financeira, não tem havido dificuldade de obtenção de financiamento 
externo.
Discriminação 2016 2017
Projeções
em US$ bilhões
Abr Jan-abr Abr Jan-abr
4,486.30,03-9,994.3-8,251.13,481.7-5,214setnerroc seõçasnarT .1
 Balança comercial (bens) 4.627,9 12.394,4 6.742,4 20.554,2 51, 8,951.80
 Exportações1/ 7,592.210,0023,279.761,036.716,676.550,203.51
 Importações2/ 0,631.40,9412,814.747,788.012,282.341,476.01
9,551.1-7,63-0,888.9-7,415.2-0,237.8-6,915.2-soçivreS 
9.2-6,74-5,918.41-9,622.3-1,338.11-1,929.1-airámirp adneR 86,4
1,333-3,34,3560,2515,6893,332airádnuces adneR 
6.3-0,034,482.17,437.1-0,629.47,14ariecnaniF e latipaC atnoC .2 41,6
0,344,06,1311,116,881,1latipac atnoC
Conta financeira3/ 6,486.3-6,928,251.18,547.1-4,738.46,04
.70,160,657.820,805.53,990.128,446.5soterid sotnemitsevnI 656,7
 Investimentos em carteira 1.020,0 -5.405,7 3.722,5 -2.348,8 .. 9,650.3.
,362-...7,772,883,1438,992sovissap e sovita – sovitavireD 6
 Outros investimentos-3.546,7 -11.842,0 -6.627,5 -17.564,8 ... -5.722,8
,114.8-5,013,767.7-9,634.4-4,4464,773.3-avreser ed sovitA 8
5,512.29,1853,852.21,454-seõssimo e sorrE - -42,8
 Memo:
54,1-)%( BIP / setnerroc seõçasnarT 
46,3)%( BIP / síap on oterid otnemitsevnI 
Variação jan-abril 2016-jan-abril 2017
TABELA 3
Balanço de pagamentos: principais contas (2016 e 2017)
(Em US$ milhões)
1/ Exclui mercadorias deixando o território nacional sem mudança de proprietário. Inclui mercadorias entregues no território nacional (exportação ficta), enco-
mendas postais,e outros ajustes
2/ Exclui mercadorias ingressando no território nacional sem mudança de proprietário. Inclui mercadorias entregues fora do território nacional (importação ficta), 
importação de energia elétrica sem cobertura cambial, encomendas postais e outros ajustes.
3/ Para contas de ativo e de passivo, + = aumento de estoque e - = redução de estoque. Conta financeira = -fluxos de investimentos ativos + fluxos de investimen-
tos passivos.
Fonte: Banco Central do Brasil
GRÁFICO 8
Hiato Financeiro 2014-2017
(Em US$ milhões)
Fonte: BCB. 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea.
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Saldo Comercial Exportações Importações
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estre de 2017
4 Conta de Serviços e Renda Primária
O déficit da conta de serviços aumentou ligeiramente nos últimos meses, após um 
longo período de forte redução, de acordo com o Gráfico 9. As contas de Outros 
Serviços e de Transportes vêm se mantendo relativamente estáveis. Certamente, 
a valorização cambial recente voltou a impulsionar as viagens de brasileiros ao 
exterior, aumentando o déficit da conta de Viagens Internacionais e mais do que 
compensando a redução do déficit de Aluguel de Equipamentos. 
Os gastos líquidos com juros, no acumulado em 12 meses, estão aumentando des-
de setembro do ano passado, quando atingiram -US$ 20,7 bilhões, para -US$ 23,5 
bilhões em abril deste ano, como se observa no Gráfico 10. Esse aumento é devido 
à elevação dos pagamentos líquidos de juros de operações intercompanhia, em ra-
zão do aumento expressivo do saldo devedor dessas operações, e dos juros líquidos 
sobre Outros Investimentos. Nota-se também um pequeno aumento nos paga-
mentos líquidos de lucros e dividendos, provavelmente em razão de as empresas 
estrangeiras estarem aproveitando a valorização do real para aumentar as remessas 
de lucros para suas matrizes.
5 Conta Financeira
Como é possível observar na Tabela 4, o ingresso líquido de Investimentos Diretos 
aumentou US$ 7,7 bilhões no primeiro quadrimestre de 2017 com relação a idên-
tico período do ano passado, alcançando US$ 28,8 bilhões. Este aumento resulta 
tanto de uma redução dos ativos (saída de recursos) quanto de elevação de passivos 
(entrada de recursos). Com relação aos Investimentos no Exterior, a principal al-
teração foi a redução das operações com participação de capital, que passaram de 
US$ 3,0 bilhões para US$ 0,9 bilhão no mesmo período. Muito provavelmente, isso 
está relacionado à redução de recursos disponíveis das empresas nacionais para 
realizar investimentos, seja no Brasil seja no exterior. De fato, os investimentos 
GRÁFICO 9
Conta de serviços: valores acumulados em doze 
meses (2012-2017)
(Em US$ milhões)
Fonte: BCB. 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea
GRÁFICO 10
Renda primária: juros, lucros e dividendos – valores 
acumulados em doze meses (2012-2017)
(Em US$ milhões)
Fonte: BCB. 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea.
-60.000,0
-50.000,0
-40.000,0
-30.000,0
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 -
 10.000,0
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 Serviços
 Transportes Viagens
 Aluguel de equipamentos
 Outros serviços de negócio, inclusive arquitetura e eng.
-60.000,0
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-40.000,0
-30.000,0
-20.000,0
-10.000,0
 -
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Lucros e Dividendos Juros
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externos no exterior, no acumulado em 12 meses, como se observa no Gráfico 
4.11, caíram de um pico de US$ 29,2 bilhões em janeiro de 2015 para apenas US$ 
5,9 bilhões em abril de 2017. 
Por outro lado, os Investimentos Diretos no País passaram de US$ 23,8 bilhões 
nos quatro primeiros meses de 2016 para US$ 29,5 bilhões em igual período deste 
ano, devido, basicamente, às operações com participação de capital. Este fluxo foi 
bastante afetado pela recessão e pela perda de confiança na economia brasileira e 
caiu fortemente entre o final de 2014 e meados de 2016, quando voltou a se recu-
perar sistematicamente (ver Gráfico 11).
A saída líquida de investimentos em carteira também se reduziu nos primeiros 
quatro meses do ano, na comparação com igual período do ano passado, passando 
de US$ 5,4 bilhões para US$ 2,3 bilhões, de acordo com a Tabela 5. Na conta de 
ativos, a saída líquida de recursos elevou-se em US$ 2,8 bilhões, devido basicamen-
te à maior saída líquida de investimentos em ações e, principalmente, em fundos 
TABELA 4
Investimentos diretos 
(Em US$ milhões)
1/ Inclui, entre outras, transações em que o cotista residente no Brasil possui 10% ou mais do patrimônio líquido do fundo de investimento no exterior.
Fonte: Banco Central do Brasil 
 
71026102oãçanimircsiD
Abr Jan-abr Ano Abr Jan-abr
Total 5644,8 21099,3 71115,0 5508,0 28756,0 7656,7
Ativos (no exterior) 1192,0 2670,1 7815,1 69,5 774,4 -1895,7
 Participação no capital – total1/ 1155,5 3022,0 8040,4 88,6 867,3 -2154,7
 Participação no capital, exceto lucros reinvestidos 1167,5 2883,5 6693,8 -39,3 400,1 -2483,4
 Participação no capital – lucros reinvestidos no exterior -12,0 138,5 1346,7 127,9 467,2 328,7
 Operações intercompanhia 36,5 -351,9 -225,3 -19,2 -92,9 259,0
-6,8827,523,78216,6837,371roiretxe oa sodidecnoc sotidérC 98,0
1839,446,21515,8372,731roiretxe od sadibecer seõçazitromA ,6 -356,9
Passivos (no país) 6836,8 23769,4 78930,2 5577,4 29530,4 5761,0
 Participação no capital – total1/ 4770,6 14634,1 54020,9 6936,5 22126,9 7492,8
 Participação no capital, exceto lucros reinvestidos 4161,1 11220,9 44884,0 6554,5 20438,0 9217,1
 Participação no capital – lucros reinvestidos no Brasil 609,4 3413,3 9136,9 382,0 1688,9 -1724,4
 Operações intercompanhia 2066,3 9135,3 24909,2 -1359,1 7403,5 -1731,8
20,76636,600364,341817,4844roiretxe od sodibecer sotidérC 2218,3 4074,9
410,62054,790832,80094,8142roiretxe oa sagap seõçazitromA 814,9 5806,7
Variação jan-abril 
2016-jan-abril 2017
GRÁFICO 11
Investimentos Diretos no Exterior e no País– valores 
acumulados em doze meses (2012-2017)
(Em US$ milhões)
Fonte: BCB. 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea.
 -
 20.000,0
 40.000,0
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 Inves�mentos diretos no exterior
 Inves�mentos diretos no país
GRÁFICO 12
Investimentos em Carteira e Outros Investimentos 
no Exterior e no País– valores acumulados em doze 
meses (2012-2017)
(Em US$ milhões)
Fonte: BCB. 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea.
-40.000,0
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Inves�mentos em carteira –
–
a�vos
Inves�mentos em carteira passivos
 Outros inves�mentos - A�vos
 Outros inves�mentos- Passivos
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de investimento. Na verdade, o aumento de aplicações em fundos de investimentos 
no exterior nesse período apenas recupera parcialmente uma forte queda ocorrida 
em 2015 e 2016. Já na conta de passivos, verifica-se uma substancial elevação na 
captação líquida, que passa de - US$ 5,0 bilhões nos primeiros quatro meses de 
2016 para US$ 0,8 bilhão no mesmo período de 2017. Os investimentos em ações 
caíram fortemente no período, dando continuidade a uma queda que teve início 
em maio de 2015 e prossegue até hoje. Mas a grande alteração foi observada na 
captação de títulos de renda fixa negociados no mercado doméstico, que se elevou 
em US$ 11,4 bilhões no período, em grande parte devido às operações realizadas 
em abril.
A saída líquida de Outros Investimentos, por sua vez, ampliou-se bastante nos 
primeiros quatro meses deste ano, na comparação com o mesmo período do ano 
passado. A saída de recursos na conta de ativos ampliou-se em US$ 5,7 bilhões, 
basicamente em razão do aumento do item Créditos Comerciais e Adiantamentos 
(que havia caído fortemente no primeiro semestre de 2016). Na conta de passivos, 
praticamente não houve alteração, apenas uma troca de operações de curto prazo 
para de longo prazo.
Porém, examinando-se os dados numa perspectiva temporal um pouco maior, 
como é feito no Gráfico 12, verifica-se que, entre maio de 2015 e maio de 2016, 
houve uma redução extremamente forte nas contas de ativos (ingressos no país) 
tanto de Investimentos em Carteira quanto de Outros Investimentos e, a partir daí, 
a tendência de queda permaneceu, ainda que bastante atenuada. 
TABELA 5
Investimentos em carteira
(Em US$ milhões)
1/ Inclui transações em que o cotista residente no exterior possui menos de 10% do patrimônio líquido do fundo de investimento no Brasil. 
2/ Inclui juros reinvestidos. 
Fonte: Banco Central do Brasil 
71026102oãçanimircsiD
Abr Jan-abr Ano Abr Jan-abr
 9432-2273 61291- 6045-0201latoT 3057
0613156 995-283 853-sovitA 2778
 01- 23- 807- 4201- 1121-seõça me sotnemitsevnI 1014
 Fundos de investimento1/ 118 166 15 683 1983 1817
8811 1-490421537axif adner ed solutíT -53 
1183734 51891- 3205-266sovissaP 5835
 9341- 505-143661637511seõça me sotnemitsevnI -5055 
 4081- 698-116610732611ocitsémod odacrem on sadaicogeN -5505 
 Negociadas no mercado externo (Depositary Receipts ) -5 -85 -270 391 365 450
 Fundos de investimentos1/ 424 866 4245 122 399 -467 
25817574 10403- 5059- 919-axif adner ed solutíT 11357
 Negociados no mercado doméstico2/ -125 -7195 -26664 4351 3235 10430
 3831-604 7373- 1132- 497-onretxe odacrem on sodaicogeN 927
Variação jan-abril 
2016-jan-abril 2017
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estre de 2017
71026102
oãçanimircsiD
Abr Jan-abr Ano Abr Jan-abr
Total 3275-56571-7266-46172-24811-7453-
Ativos 4666 14876 33442 7784 20528 5651
 Outras participações em capital 23 173 757 0 0 -173
 Moeda e depósitos 2970 5503 -2494 5486 6443 940
532-06-52872672-somitsérpmE -862
 Créditos comerciais e adiantamentos 1825 8639 34538 2388 14209 5570
 Outras contas a receber/1 -126 -65 -184 -31 111 177
Passivos 1119 3034 6278 1157 2963 -71
 Outras participações em capital 0 0 0 0 0 0
272001-183-4551699sotisóped e adeoM -1282
3393-4731-93131-7653-1391-somitsérpmE -367
 Curto prazo -1551 8569 3839 101 -153 -8722
 Longo prazo -380 -12136 -16978 -1475 -3780 8356
56371279408593754515675sossergnI 1908
54112744685565295725416seõçazitromA -6447
 Créditos comerciais e adiantamentos 2051 5041 19767 2626 6615 1574
 Outras contas a pagar/1 3 6 31 5 9 3
0
Variação jan-abril 2016-jan-
abril 2017
TABELA 6
Outros Investimentos
(Em US$ milhões)
1/ Inclui seguros, fundos de pensão e garantias.
2/ Inclui depósitos de organismos internacionais.
Fonte: Banco Central do Brasil
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estre de 2017
Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac)
José Ronaldo de Castro Souza Júnior – Diretor
Marco Antônio Freitas de Hollanda Cavalcanti – Diretor Adjunto
Grupo de Conjuntura
Equipe Técnica:
Christian Vonbun
Estêvão Kopschitz Xavier Bastos
Francisco Eduardo de Luna e Almeida Santos
Leonardo Mello de Carvalho
Marco Aurélio Alves de Mendonça
Marcelo Nonnenberg
Maria Andréia Parente Lameiras
Mônica Mora Y Araujo de Couto e Silva Pessoa
Paulo Mansur Levy
Vinicius dos Santos Cerqueira
Sandro Sacchet de Carvalho
Equipe de Assistentes:
Augusto Lopes dos Santos Borges
Beatriz Cordeiro Araújo
Felipe dos Santos Martins
Luciana Pacheco Trindade Lacerda
As opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, não 
exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou do 
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.
É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Repro-
duções para fins comerciais são proibidas.
1º Trimestre 
2017 
34 
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 
Governo Federal 
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão 
Ministro interino Dyogo Henrique de Oliveira 
 
 
 
Fundação pública vinculada ao Ministério do Planejamento, 
Desenvolvimento e Gestão, o Ipea fornece suporte técnico 
e institucional às ações governamentais – possibilitando 
a formulação de inúmeras políticas públicas e programas de 
desenvolvimento brasileiro – e disponibiliza, para a sociedade, 
pesquisas e estudos realizados por seus técnicos. 
 
Presidente 
Ernesto Lozardo 
 
Diretor de Desenvolvimento Institucional, Substituto 
Carlos Roberto Paiva da Silva 
 
Diretor de Estudos e Políticas do Estado, das 
Instituições e da Democracia 
Alexandre de Ávila Gomide 
 
Diretor de Estudos e Políticas 
Macroeconômicas 
José Ronaldo de Castro Souza Júnior 
 
Diretor de Estudos e Políticas Regionais, 
Urbanas e Ambientais 
Alexandre Xavier Ywata de Carvalho 
 
Diretor de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação 
e Infraestrutura 
João Alberto De Negri 
 
Diretora de Estudos e Políticas Sociais 
Lenita Maria Turchi 
 
Diretor de Estudos e Relações Econômicas e 
Políticas Internacionais 
Sérgio Augusto de Abreu e Lima Florêncio Sobrinho 
 
Assessora-chefe de Imprensa e 
Comunicação 
Regina Alvarez 
 
Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria 
URL: http://www.ipea.gov.br 
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 3 
Economia Mundial 
Paulo Mansur Levy1 
 
A economia mundial encontra-se em um momento paradoxal: por um lado, os 
sinais de crescimento da atividade econômica e de aceleração da inflação tornaram-se 
mais fortes; por outro, a chegada de Donald Trump à presidência nos Estados Unidos da 
América (EUA), associada ao Brexit e à realização de eleições em países-chave da Área 
do Euro (AE) ao longo de 2017, colocou novos elementos de incerteza no cenário 
mundial. No caso de Trump, o risco se refere às políticas econômicas e à postura da nova 
administração em relação ao comércio internacional e à imigração; no caso dos países 
europeus, o risco relaciona-se à própria sobrevivência do euro como moeda em caso de 
vitória de partidos que defendem a saída de seus países da AE. 
Em relação às perspectivas de crescimento da economia mundial, o Fundo 
Monetário Internacional (FMI) divulgou em janeiro a atualização de suas projeções, 
mantendo-as nos mesmos níveis das de outubro do ano passado. Isso não acontecia 
desde 2014. Nesse período, as atualizações em relação às projeções anteriores sempre 
foram para baixo. Como se pode ver pelo Gráfico 1, a aceleração do crescimento da 
economia mundial – de 3,1% em 2016 para 3,4% em 2017 e 3,6% em 2018 – refletiria 
principalmente a recuperação do crescimento em economias emergentes - de 4,1% em 
2016 para 4,5% em 2017 e 4,8% em 2018 -, enquanto o movimento de alta nos países 
avançados seria mais modesto, de 1,6% em 2016 para 1,9% em 2017 e 2,0% em 2018. 
Obviamente,há grandes diferenças dentro de cada um desses grupos. Entre os 
países desenvolvidos, a aceleração do crescimento seria relativamente forte nos EUA e 
na Área do Euro, enquanto as projeções para Japão e Reino Unido mostram crescimento 
menor. Entre os emergentes, as projeções são de aceleração do crescimento na Rússia, 
Índia, ASEAN-52 e Brasil. Em sentido contrário, destacam-se as desacelerações 
projetadas para China - de 6,7% em 2016 para 6,5% e 6,0% em 2017 e 2018, 
respectivamente - e para o México, de 2,2% para 1,7% e 2,0%, respectivamente (Tabela 
1). 
 
1 Técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do 
Ipea. E-mail: <paulo.levy@ipea.gov.br>. 
 
2 Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã. 
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 4 
GRÁFICO 1 
Crescimento do PIB: observado e projeções do FMI (2000 – 2018) 
(Em %) 
 
Obs.: Projeções a partir de 2017. 
Fonte: World Economic Outlook – FMI. Elaboração: Ipea/Dimac/Gecon. 
 
 
As projeções do FMI contemplam também uma aceleração do crescimento do 
volume de comércio internacional que passou de estimados 1,9% em 2016 para 3,8% 
em 2017 e 4,1% em 2018. Como se pode ver no Gráfico 2, ao longo da década de 2000, 
o comércio internacional chegou a crescer a uma taxa quase duas vezes maior que a 
taxa de crescimento do PIB mundial. Porém, desde 2011 essas taxas têm sido muito 
próximas. Os dados do CPB – instituto localizado na Holanda que faz estimativas para a 
evolução do comércio internacional – mostram que no final de 2016 o volume de 
comércio crescia a taxa próxima a 2% anuais, superior ao ritmo do final de 2015 (1,3% 
anuais), mas bem inferior à taxa média de 6,7% ao ano registrada entre 2002 e 2007. 
-4
-2
0
2
4
6
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Mundo Avançados Emergentes
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 5 
TABELA 1 
Crescimento do PIB: observado e projeções do FMI (WEO - Janeiro de 2017) 
(Em %) 
Crescimento real do PIB 
(%) 
Média 
2009-2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017(p) 2018(p) 
Mundo 2,8 3,4 3,4 3,4 3,2 3,1 3,4 3,6 
Economias desenvolvidas 0,4 1,2 1,4 1,8 2,1 1,6 1,9 2,0 
 Área do Euro -0,3 -0,7 -0,4 0,9 2,0 1,7 1,6 1,6 
 Reino Unido -0,4 0,3 1,7 2,9 2,2 2,0 1,5 1,4 
Estados Unidos 0,3 2,3 2,2 2,4 2,6 1,6 2,3 2,5 
Japão -0,6 1,5 1,6 0,0 1,2 0,9 0,8 0,5 
Países emergentes e em 
desenvolvimento 5,5 5,1 5,0 4,6 4,1 4,1 4,5 4,8 
Ásia 8,2 6,7 7,0 6,8 6,7 6,3 6,4 6,3 
China 9,7 7,9 7,8 7,3 6,9 6,7 6,5 6,0 
Índia 7,5 4,7 6,9 7,2 7,6 6,6 7,2 7,7 
América Latina e Caribe 3,0 2,9 2,9 1,3 0,1 -0,7 1,2 2,1 
México 1,5 4,0 1,4 2,2 2,6 2,2 1,7 2,0 
Brasil 3,3 1,0 2,7 0,1 -3,8 -3,5 0,2 1,5 
Europa Central e Oriental 2,0 1,4 2,9 2,8 3,7 2,9 3,1 3,2 
Comunidade de Estados 
independentes 1,0 3,4 2,2 1,0 -2,8 -0,1 1,5 1,8 
Rússia 0,2 3,4 1,3 0,7 -3,7 -0,6 1,1 1,2 
Oriente Médio e Norte da 
África 4,1 4,8 2,4 2,7 2,5 3,8 3,1 3,5 
África Subssariana 4,5 4,4 5,2 5,1 3,4 1,6 2,8 3,7 
África do Sul 1,7 2,5 2,2 1,6 1,3 0,3 0,8 1,6 
Comércio Internacional - 
volume 2,8 2,9 3,3 3,7 2,7 1,9 3,8 4,1 
Fonte: World Economic Outlook – FMI 
Elaboração: Ipea/Dimac/Gecon. 
 
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 6 
GRÁFICO 2 
Crescimento do PIB e do comércio mundial: observado e projeções do FMI (2000 – 
2018) 
(Em %) 
 
Obs.: Projeções a partir de 2017. 
Fonte: World Economic Outlook – FMI 
Elaboração: Ipea/Dimac/Gecon. 
 
A perspectiva mais favorável para a atividade econômica mundial aparece 
também nos resultados mais recentes dos índices de gerentes de compras, os 
Purchasing Managers' Indexes (PMI, na sigla em inglês),um indicador de sentimento que 
cobre os setores industrial e de serviços. De acordo com essas sondagens, o indicador 
tem revelado expansão da atividade econômica (quando assume valores acima de 50 
pontos) já por vários meses, inclusive acelerando neste início de 2017 no que se refere 
à indústria para atingir, em termos globais, o patamar mais elevado desde 2011. Nos 
EUA, o PMI da indústria desacelerou ligeiramente em fevereiro, mas o ISM – indicador 
semelhante ao PMI – manteve a trajetória de expansão. Na AE, o PMI da indústria 
também cresceu em fevereiro para atingir o nível mais elevado em seis anos, enquanto 
na China, apesar das oscilações, a tendência também é de recuperação desde meados 
do ano passado. No índice composto, que agrega o sentimento de empresários do setor 
de serviços aos da indústria de transformação, o quadro é semelhante, ainda que em 
fevereiro tenha havido leve redução em termos globais. Destaca-se o comportamento 
na AE, onde o PMI dos serviços alcançou o nível mais elevado em seis anos. 
-15
-10
-5
0
5
10
15
PIB Comércio de bens e serviços em volume
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 7 
GRÁFICO 3 
PMIs: Indústria 
(índice em pontos) 
 
Fonte: Bloomberg. 
Elaboração: Ipea/Dimac/Gecon. 
 
GRÁFICO 4 
PMIs: Composto 
(índice em pontos) 
 
Fonte: Bloomberg. 
Elaboração: Ipea/Dimac/Gecon. 
 
40
42
44
46
48
50
52
54
56
58
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17
EUA China ZE
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 8 
 
 
Commodities 
Em parte como reflexo desse quadro mais favorável, em parte como 
consequência de mudanças pelo lado da oferta dos diferentes produtos, os preços de 
commodities mostraram forte reação ao longo do ano passado. No primeiro trimestre 
de 2016, na esteira da crise de desconfiança em relação à China e ao crescimento global, 
os preços de commodities atingiram o fundo do poço. Desde então, contudo, o 
movimento de recuperação atingiu praticamente todos os grupos, com destaque para 
as commodities ligadas a energia e as metálicas. Em fevereiro, o preço médio das 
commodities apresentava crescimento anual de 41,4%, energia, 66%, metais, 38%, e 
alimentos, 12,4%. Em particular, alguns itens importantes na pauta das exportações 
brasileiras tiveram alta pronunciada no período: o preço do minério de ferro aumentou 
90%, enquanto o da soja aumentou 19,6%. 
GRÁFICO 5 
Preços de Commodities – Combustíveis e demais (jan./2005 – fev./2017) 
(Índice, 2005=100) 
 
Fonte: FMI. 
Elaboração: Ipea/Dimac/Gecon. 
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2005M1 2007M1 2009M1 2011M1 2013M1 2015M1 2017M1
Total Combustíveis Outras
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 9 
GRÁFICO 6 
Preços de Commodities – Alimentos e Metais (jan./2005 – nov./2016) 
(Índice, 2005=100) 
 
Fonte: FMI. 
Elaboração: Ipea/Dimac/Gecon. 
 
O petróleo, em particular, apresentou forte reação ao longo do ano passado, 
tendo oscilado em fevereiro em torno de US$ 55/barril, 70% acima do preço vigente um 
ano antes. Esse aumento reflete, em parte, a recuperação da demanda, e em parte 
mudanças no quadro de oferta. Em novembro, os produtores da Organização dos Países 
Exportadores de Petróleo (OPEP) fecharam acordo ao qual aderiram produtores 
independentes, em especial a Rússia, para redução da produção em aproximadamente 
1,2 milhão de barris/dia, para um nível de 32,5 milhões de barris/dia que corresponde a 
aproximadamente um terço da demanda mundial. No entanto, esse movimento de 
corte da produção, combinado com o aumento dos preços ao longo do último ano, deu 
lugar à expansão da produção a partir de fontes não convencionais nos EUA, o que tem 
contribuído para manter os preços relativamente estáveis. De fato, o número de sondas 
de perfuração nos EUA aumentouquase 90% ao longo do segundo semestre do ano 
passado, refletindo as condições mais favoráveis do mercado e introduzindo assim um 
mecanismo regulador que impede altas muito pronunciadas no preço do petróleo. 
Diante disso, as projeções são de que não deve haver variações pronunciadas do 
preço do petróleo em 2017. A projeção do Banco Mundial, conforme o Commodity 
Markets Outlook, de janeiro de 2017, é de estabilidade no atual patamar. O cenário 
também é de relativa estabilidade de preços nas demais commodities, para as quais as 
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100
120
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2005M1 2007M1 2009M1 2011M1 2013M1 2015M1 2017M1
Alimentos Metais
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 10 
projeções captam um crescimento médio, no caso dos metais, basicamente pelo efeito 
carry over herdado de 2016. 
 
Estados Unidos 
A economia norte-americana parece ter consolidado sua trajetória de 
recuperação, não obstante o resultado inferior ao esperado do PIB no quarto trimestre 
de 2016. O principal indicador neste sentido vem do mercado de trabalho, onde a taxa 
de desemprego se aproxima dos níveis pré-crise e se situa abaixo do nível compatível 
com a estabilidade de preços. Em fevereiro, foram criadas 235 mil novas vagas nos 
mercados de trabalho não agrícola (210 mil na media dos três últimos meses) e a taxa 
de desemprego caiu 0,1 ponto percentual (p.p.), para 4,7%. Os salários por hora 
trabalhada aceleraram os ganhos em relação a igual período do ano anterior, de 2,6% 
em janeiro para 2,8% em fevereiro. A elevação da taxa de juros pelo Federal Reserve 
(Fed) em dezembro reflete esse quadro de aquecimento do mercado de trabalho. 
Porém, aquilo que deveria ser um processo gradual de normalização das condições 
monetárias nos EUA ganhou uma nova dimensão, envolvendo a perspectiva de altas 
mais acentuadas, após a eleição de Trump, como comentado mais adiante. 
O PIB do quarto trimestre de 2016 cresceu 1,9% em termos trimestrais 
dessazonalizados e anualizados (Tabela 2). Embora a maior contribuição tenha vindo do 
consumo, destaca-se a forte recuperação dos investimentos fixos, que cresceram 3,2% 
após quatro trimestres de variação negativa ou nula. Esse comportamento refletiu em 
parte a retomada dos investimentos na produção de petróleo (5,6%, após seis trimestres 
em que a queda trimestral anualizada foi, em média, de 15,5%), conforme mencionado 
anteriormente. Refletiu também a retomada dos investimentos em construção 
residencial, que registraram variação anualizada de 9,6%, voltando a exibir dinamismo 
após dois trimestres de queda. A contribuição da variação de estoques para o 
crescimento foi significativa, adicionando 0,9 ponto percentual (p.p.) no trimestre e 
explicando quase a metade do crescimento no período (Tabela 3). Por fim, as 
exportações líquidas contribuíram com -1,7 p.p. para o crescimento, resultado da queda 
de 4,0% das exportações e do crescimento de 8,5% das importações. 
 
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 11 
TABELA 2 
Estados Unidos – PIB - Variação Trimestral, com ajuste sazonal e anualizada 
(Em %) 
 
1º tri. 
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2º tri. 
2015 
3º tri. 
2015 
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2015 
1º tri. 
2016 
2º tri. 
2016 
3º tri. 
2016 
4º tri. 
2016 
PIB 2,0 2,6 2,0 0,9 0,8 1,4 3,5 1,9 
Consumo Pessoal 2,4 2,9 2,7 2,3 1,6 4,3 3,0 3,0 
Investimento Privado 
Bruto 9,9 1,0 2,0 -2,3 -3,3 -7,9 3,0 9,2 
Investimento Fixo 3,7 4,3 5,7 -0,2 -0,9 -1,1 0,1 3,2 
Investimento Não-
Residencial 1,3 1,6 3,9 -3,3 -3,4 1,0 1,4 1,3 
Investimento 
Residencial 13,3 14,9 12,6 11,5 7,8 -7,7 -4,1 9,6 
Variação de Estoques ..... ..... ..... ..... ..... ..... ..... ..... 
Exportação Líquida de 
Bens e Serviços ..... ..... ..... ..... ..... ..... ..... ..... 
 Exportações -5,8 2,9 -2,8 -2,7 -0,7 1,8 10,0 -4,0 
 Importações 5,6 2,9 1,1 0,7 -0,6 0,2 2,2 8,5 
Gastos do Governo 
em Consumo e 
Investimento 2,6 3,2 1,9 1 1,6 -1,7 0,8 0,4 
Fonte: Bureau of Economic Analysis (BEA). 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea. 
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 12 
TABELA 3 
Estados Unidos – PIB - Contribuição para a Variação Trimestral, com ajuste sazonal e 
anualizada 
(Em %) 
 
1º tri. 
2015 
2º tri. 
2015 
3º tri. 
2015 
4º tri. 
2015 
1º tri. 
2016 
2º tri. 
2016 
3º tri. 
2016 
4º tri. 
2016 
PIB 2,0 2,6 2,0 0,9 0,8 1,4 3,5 1,9 
Consumo das 
Famílias 1,6 1,9 1,8 1,5 1,1 2,9 2,0 2,1 
Investimento 
Privado 1,6 0,2 0,4 -0,4 -0,6 -1,3 0,5 1,5 
Investimento Fixo 0,6 0,7 0,9 0,0 -0,2 -0,2 0,0 0,5 
Não-residencial 0,2 0,2 0,5 -0,4 -0,4 0,1 0,2 0,2 
Residencial 0,4 0,5 0,4 0,4 0,3 -0,3 -0,2 0,4 
Variação de 
Estoques 1,0 -0,5 -0,6 -0,4 -0,4 -1,2 0,5 0,9 
Exportações 
Líquidas de Bens e 
Serviços -1,7 -0,1 -0,5 -0,5 0,0 0,2 0,9 -1,7 
Exportações -0,8 0,4 -0,4 -0,3 -0,1 0,2 1,2 -0,5 
Importações -0,9 -0,4 -0,2 -0,1 0,1 0,0 -0,3 -1,2 
Gastos do Governo 
- consumo e 
investimento 0,5 0,6 0,3 0,2 0,3 -0,3 0,1 0,1 
Fonte: Bureau of Economic Analysis (BEA). 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea. 
 
O setor imobiliário tem oscilado em torno de uma trajetória de recuperação. As 
vendas de imóveis residenciais novos e usados em janeiro cresceram 5,5% e 3,8%, 
respectivamente, em relação a janeiro de 2016, desacelerando em relação ao 
desempenho do último trimestre de 2016, (10,5% e 7,0%, respectivamente, na mesma 
base de comparação). A construção de novas casas aumentou 10,5%, mantendo o ritmo 
do último trimestre de 2016. Há alguma preocupação no setor com e elevação das taxas 
de juros e seu impacto sobre financiamentos por hipotecas, mas o ânimo dos 
consumidores – por exemplo, captado na sondagem da Universidade de Michigan – 
registrou forte aumento a partir de outubro de 2016, após a eleição de Trump. 
Como mencionado na discussão sobre o comportamento do preço das 
commodities, os preços do petróleo subiram fortemente ao longo de 2016. Isso 
impactou a inflação ao consumidor, via preços de combustíveis: a variação anual do 
Índice de Preços ao Consumidor (CPI na sigla em inglês) passou de próxima de zero no 
segundo semestre de 2015 para 2,5% em janeiro último. Se for considerado apenas o 
núcleo do CPI, a variação é bem mais modesta: de 2% para 2,3% no mesmo período. 
Movimento menos intenso ocorreu com o deflator das despesas de consumo – medida 
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 13 
seguida pelo Fed para calibrar a política monetária tendo como meta inflação anual de 
2%. 
Em função dessa aceleração da inflação e de um desempenho favorável no 
mercado de trabalho, o Fed passou a sinalizar com uma normalização mais rápida da 
política monetária: os juros subiram em dezembro de 2016, e a perspectiva é de novas 
elevações a partir da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (FOMC) em 
março. Adicionalmente, há forte expectativa de que a nova administração deve 
implementar uma política fiscal mais expansionista envolvendo cortes de impostos e 
aumentos de gastos militares e em infraestrutura. O mercado financeiro reagiu após a 
eleição de Trump, puxando fortemente os juros dos títulos de 10 anos do Tesouro norte-
americano, que passaram de 1,4% a.a. em julho para 2,6% a.a. em dezembro. Desde 
então, houve uma ligeira acomodação, com pequeno recuo da taxa para 2,4% a.a. em 
março (Gráfico 7). 
GRÁFICO 7 
Taxa de Juros dos Títulos do Tesouro Norte-Americano de 10 anos (jan./2013 – 
mar./2017) 
(Em %) 
 
Fonte: Bureau of Economic Analysis (BEA). 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea. 
 
 
A chegada de Trump à presidência dos EUA aumentou as incertezas em relação 
às perspectivas econômicas norte-americanas, e, por extensão, às da economia 
mundial. O mercado reagiu favoravelmente num primeiro momento, com a bolsa de 
valores (S&P 500) valorizando 10% no período após a eleição e meados de dezembro, e 
continuando pelo menos até o início de março. Por detrás dessa reação está a 
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Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 14 
perspectiva de menor regulação em áreas como saúde, sistema financeiro, meio 
ambiente e energia, além de uma proposta, ainda não especificada, de ampla reforma 
tributária, com redução das alíquotas mais altas e da taxação sobre os lucros das 
empresas. Além disso, a introdução de uma cláusula de ajustamento de fronteira 
(Border Adjustment Tax, BAT na sigla em inglês) no pagamento do imposto de renda 
pode favorecer alguns setores produtivos ao estimular a utilização de insumos 
produzidos domesticamente e as atividades exportadoras, embora prejudique outros 
setores, especialmente os ligados ao varejo. 
A ênfase no protecionismo comercial e as barreiras à imigração podem ser vistos 
como choques negativos de oferta num contexto em que já há dúvidas sobre o real 
potencial de crescimento da economia norte-americana após a crise financeira de 
2007/08. Esse viés protecionista certamente terá impactos inflacionários, que se 
somariam à perspectiva de uma política fiscal mais expansionista, além de produzir forte 
abalo na economia global na medida em que os Estados Unidos são os maiores 
importadores do mundo. 
 
Área do Euro 
Na Europa, os indicadores mais recentes de atividade, como destacado 
anteriormente, apontam para uma ligeira aceleração do crescimento. No caso do PIB da 
AE, o crescimento de 0,4% no último trimestre de 2016 manteve-se estável em relação 
ao trimestre anterior. A principal contribuição veio do consumo, cujo crescimento 
acelerou ligeiramente para 0,4%. No entanto, o destaque foi o investimento fixo, cuja 
variação passou de -0,7% no terceiro trimestre para +0,6% no quarto. Essa reação do 
investimento pode estar refletindo condições de financiamento mais favoráveis à 
medida que a política de expansão quantitativa, que mantém baixas as taxas de juros de 
longo prazo, e de taxas negativas de remuneração para os depósitos dos bancos no 
Banco Central Europeu ampliam a oferta de crédito. De fato, o ritmo de crescimento dos 
empréstimos do sistema financeiro ao setor privado na AE vem acelerando 
gradualmente. No caso das empresas, no início de 2016 a variação anual do estoque de 
crédito era de -0,4%, tendo passado no início de 2017 para 0,5%; no caso das famílias, o 
crescimento já vinha relativamente forte desde a segunda metade de 2015, tendo 
alcançado 2% em janeiro último. 
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 15 
TABELA 5 
AE – PIB - Variação Trimestral, ante ao período anterior, com ajuste sazonal 
(Em %) 
 
1º 
tri. 
201
5 
2º 
tri. 
201
5 
3º 
tri. 
201
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4º 
tri. 
201
5 
1º 
tri. 
201
6 
2º 
tri. 
201
6 
3º 
tri. 
201
6 
4º 
tri. 
201
6 
PIB 0,8 0,4 0,3 0,5 0,5 0,3 0,4 0,4 
Consumo das Famílias 0,3 0,3 0,2 0,2 0,4 0,2 0,2 0,2 
FBKF 0,3 0,0 0,2 0,3 0,1 0,3 -0,1 0,1 
Variação de Estoques -0,1 -0,2 0,2 0,2 -0,2 -0,2 0,2 0,1 
Gastos do Governo 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,1 
Exportações Líquidas de Bens e 
Serviços 0,2 0,2 -0,4 -0,3 0,1 0,0 0,2 -0,1 
Fonte: Eurostat. 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea. 
TABELA 6 
AE – PIB - Contribuição para a Variação Trimestral, ante ao período anterior, com 
ajuste sazonal 
(Em %) 
 
1º 
tri. 
2015 
2º 
tri. 
2015 
3º 
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2015 
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2015 
1º 
tri. 
2016 
2º 
tri. 
2016 
3º 
tri. 
2016 
4º 
tri. 
2016 
PIB 0,8 0,4 0,3 0,5 0,5 0,3 0,4 0,4 
Consumo das Famílias 0,5 0,5 0,4 0,4 0,7 0,3 0,3 0,4 
FBKF 1,6 0,0 0,8 1,4 0,3 1,2 -0,7 0,6 
Gastos do Governo 0,3 0,3 0,5 0,5 0,7 0,3 0,1 0,4 
Exportações 2,7 1,2 0,2 0,8 0,2 1,3 0,3 1,5 
Importações 2,5 0,8 1,2 1,5 -0,1 1,4 -0,1 2,0 
Fonte: Eurostat. 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea. 
 
O crescimento da demanda doméstica parece ter estimulado as importações, 
cuja taxa de crescimento passou de -0,1% no terceiro trimestre para 2% no quarto. As 
exportações também aceleraram, de 0,3% para 1,5%. Assim, a contribuição do setor 
externo para a variação trimestral do PIB foi negativa no quarto trimestre (-0,1 p.p.), 
contrastando com contribuições não negativas nos três trimestres anteriores. Talvez 
esse desempenho reflita o esgotamento do impulso associado à forte desvalorização do 
Euro (mais de 30%) ocorrida entre maio de 2014 e março de 2015. Por outro lado, seria 
razoável esperar que esse efeito voltasse a se mostrar relevante no futuro próximo dado 
que, no último trimestre de 2016, ocorreu nova desvalorização, da ordem de 8,2%, 
embora tenha havido alguma apreciação (1,5%) neste início de 2017. 
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 16 
A inflação acelerou de maneira rápida e até certo ponto inesperada na AE nos 
últimos meses. Em janeiro, os preços ao consumidor apresentaram variação de 1,8%, 
após um primeiro semestre de 2016 em que essas varrições oscilaram entre valores 
negativos e apenas levemente positivos. Claramente, a aceleração decorre dos preços 
de combustíveis, que caíam à taxa anual de 5,4% em julho de 2015 e passaram a crescer 
à taxa de 2,5% em janeiro último. O núcleo da inflação (excluindo energia, alimentos, 
álcool e tabaco) continuava crescendo 0,9%, taxa bem inferior à meta de 2% do 
European Central Bank (ECB) (Gráfico 8). 
 
GRÁFICO 8 
Área do Euro - Índice de Preços ao Consumidor – cheio e núcleo (jan./2010 – fev./2017) 
(Variação interanual, em %) 
 
Fonte: Eurostat. 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea. 
 
Assim, apesar de pressões visando reverter a atual política de aquisição de ativos 
pelo ECB, é provável que o programa se mantenha até o final do ano, como anunciado 
na reunião de dezembro, embora os quantitativos tenham sido reduzidos. Além disso, 
as incertezas tendem a turvar o horizonte com a perspectiva de que, nas eleições que 
vão acontecer na França, Holanda e Alemanha, partidos nacionalistas reforcem a 
tendência protecionista e isolacionista, afetando a própria existência da Área do Euro, o 
comércio internacional e a recuperação da economia. 
 
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IPC Cheio IPC núcleo
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 17 
 
China 
Na China, ainda o polo dinâmico da economia mundial, especialmente pela 
influência sobre o resto da Ásia, o crescimento manteve-se estável em torno de 6,7% ao 
ano ao longo de 2016, contrariando as expectativas do início do ano passado, que 
apontavam para uma desaceleração forte. No último trimestre, o crescimento acelerou 
ligeiramente para 6,8% na comparação anual. Embora as estatísticas de atividade 
econômica relativas ao primeiro bimestre do ano sejam divulgadas com defasagem 
devido ao feriado do ano novo lunar, há indicações de que o ritmo de expansão tenha 
se mantido no início de 2017. Assim, como comentado anteriormente, os PMIs do 
primeiro bimestre na China mostram um momento positivo para as atividades industrial 
e de serviços, apoiado tanto na expansão da produção (no caso dos serviços, novos 
negócios) quanto da demanda, captada pelo volume de novos pedidos no caso da 
indústria. 
Por outro lado, a inflação, que vinha acelerando ao longo do ano passado e em 
janeiro atingiu 2,4% no índice de preços ao consumidor, recuou em fevereiro, na 
variação anual, para 0,8%. Essa volatilidade reflete o comportamento do preço de 
alimentos, que em fevereiro caíram 4,3% ante fevereiro de 2016. Porém, também o 
núcleo da inflação ao consumidor desacelerou, passando de 2,4% em janeiro para 2% 
em fevereiro. Essas flutuações, contudo, não encobrem o fato de que a inflação acelerou 
ao longo de 2016, refletindo uma intensificação da atividade econômica no período. 
Essa trajetória é ainda mais evidente no caso dos preços ao produtor, cuja variação anual 
passou de -5,9% em dezembro de 2015 para7,9% em fevereiro de 2017. 
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 18 
GRÁFICO 9 
China - Índice de Preços ao Consumidor e Produtor (jan./2010– fev./2017) 
(Variação Interanual, em %) 
 
Fonte: CEIC. 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea. 
 
Essa percepção de que a atividade econômica teria recuperado um ritmo mais 
forte ao longo de 2016 é reforçada pelo comportamento do comércio exterior. Em 
janeiro, a variação anual das exportações foi de 7,9%, ante variação média anual de -
5,5% ao longo de 2016, enquanto as importações cresceram 16,7%, contra variações 
médias anuais em 2016 de -5,3%. Em fevereiro, o crescimento das exportações voltou a 
ficar negativo, em -1,3% – possivelmente pelo efeito das antecipações de vendas 
externas em janeiro devido ao feriado de ano novo de fevereiro –, mas o crescimento 
das importações acelerou ainda mais, para 38,1% na comparação anual. Mesmo 
considerando o aumento de preços de commodities importadas pela China, o 
crescimento do volume importado permanece robusto: 18,8% em janeiro e 16,6% em 
fevereiro, na comparação anual. 
 
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IPC IPC-núcleo IPP
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 19 
GRÁFICO 10 
China – Exportações e Importações em valor (jan./2010 – fev./2017) 
(Variação Interanual, em %) 
 
Fonte: CEIC. 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea. 
 
O momento da atividade econômica chinesa tem se mantido pelo impulso fiscal 
e aumento da oferta de crédito. No caso da política fiscal, essa é uma tendência presente 
também em outros países tanto avançados quanto emergentes. O gráfico a seguir 
mostra o comportamento do resultado primário estrutural do governo geral calculado 
pelo FMI para diversos países. Observa-se que para todos houve um aumente do déficit 
ou redução de superávit, indicando política fiscal expansionista. Contudo, a tendência é 
mais evidente para a China, refletindo-se principalmente em aumento dos 
investimentos em infraestrutura. 
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Exportações Importações
Carta de Conjuntura | 34 | 1o trimestre de 2017 20 
GRÁFICO 11 
Resultado Fiscal Primário Ajustado para o Ciclo Econômico (2007-2016) 
(Em % do PIB potencial) 
 
Fonte: Fiscal Monitor - FMI. 
Elaboração: Gecon/Dimac/Ipea. 
A expansão do crédito tem sido outro elemento importante para sustentar a 
atividade econômica na China. A concessão de novos empréstimos acelerou a partir do 
final de 2015 e tem mantido ritmo relativamente forte, ainda que com oscilações, desde 
então. No primeiro bimestre de 2017 a taxa de crescimento foi de 10% (considerando a 
média móvel de 3 meses) para o financiamento total e de 6% para os empréstimos 
bancários – uma desaceleração em relação ao segundo semestre de 2016, mas superior 
ao ritmo de 2015. O banco central chinês (Banco do Povo) tem procurado manter 
condições favoráveis no mercado de crédito ao mesmo tempo em que implementa 
medidas regulatórias que reduzam o grau de alavancagem do sistema financeiro. A 
despeito da aceleração da inflação, esta permanece aquém da meta informal de 3% a.a. 
sugerida por declarações de dirigentes do banco central chinês. Isso tem permitido que 
as taxas de juros permaneçam em patamares relativamente baixos desde o início do ano 
passado: 1,5% a.a. para depósitos e um teto de 4,35% a.a. para empréstimos. 
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-5,0
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-1,0
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2,0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Avançados Emergentes China
1
Maria Andréia Parente Lameiras
Técnico de Planejamento e Pesquisa da Di-
retoria de Estudos e Políticas Macroeconô-
micas (Dimac) do Ipea.
maria-andreia.lameira@ipea.gov.br.
NÚMERO 35 — 2 ˚ TRIMESTRE DE 2017
SEÇÃO VI
Mercado de Trabalho
Sumário
Os dados mais recentes de emprego revelam que o mercado de trabalho brasileiro 
continua em processo de ajuste, combinando certa estabilidade da taxa de desem-
prego com uma recuperação dos rendimentos reais. Não obstante ao fato de que, 
na comparação interanual, haja uma clara tendência de desaceleração no ritmo 
de crescimento da desocupação, a taxa de desemprego no país vem se mantendo 
em patamar elevado, gerando um contingente cada vez maior de desempregados. 
A análise mais detalhada dos números do mercado de trabalho, baseada nos mi-
crodados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), 
revela que a taxa de permanência no desemprego vem aumentando.
 
Ao longo do primeiro trimestre de 2017, 48% dos trabalhadores que estavam de-
socupados não conseguiram nenhuma colocação no mercado de trabalho, resul-
tando num incremento de 0,4 p.p. em relação ao observado no mesmo período de 
2016 (44%) e numa elevação ainda maior quando comparada ao período pré-crise 
(35%).
Com base na análise dos microdados, é possível identificar que a participação mas-
culina na população desocupada cresceu de 44% em 2012 para 50% no primeiro 
trimestre deste ano. Adicionalmente, verifica-se que a maioria dos desempregados 
é composta por trabalhadores com idade entre 18 e 39 anos (70%). Por fim, o 
corte por grau de instrução revela que a maior parte dos desocupados tem ensino 
médio completo ou incompleto (50%). Este quadro de alta da desocupação entre 
os mais jovens e com escolaridade mediana é corroborado pelos dados de transi-
ção. No primeiro trimestre de 2017, dentre os trabalhadores que deixaram a inati-
vidade, passaram a procurar emprego e não obtiveram uma colocação no mercado 
de trabalho cerca de 50% têm idade entre 14 e 24 anos e, aproximadamente, 35% 
possuem o ensino médio. Na outra ponta, dentre aqueles que saíram da condição 
de inativos e conseguiram uma ocupação, 35% possuem entre 25 e 49 anos e 43% 
têm apenas o fundamental completo. Por conta desta baixa especialização, 73% 
desse contingente foi absorvido pelo mercado informal.
 
As condições adversas do mercado de trabalho também vêm gerando um aumen-
to do desalento. No início da PNADC, em 2012, 23% dos trabalhadores fora da 
PEA não procuravam emprego por achar que não obteriam êxito. Já no primeiro 
trimestre de 2017, este percentual saltou para 47%.
SEÇÃO FINALIZADA NO DIA 14/06/2017
Sandro Sacchet de Carvalho
Técnico de Planejamento e Pesquisa da 
Dimac do Ipea.
sandro.carvalho@ipea.gov.br
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estre de 2017
Se, por um lado, os dados de ocupação ainda mostram um cenário ruim, por outro, 
o comportamento dos rendimentos já aponta uma tendência mais clara de recu-
peração. No trimestre móvel encerrado em abril, os rendimentos reais registraram 
alta de 2,7%, proporcionando uma expansão de 1,1% da massa salarial real, nesta 
mesma base de comparação. Embora os salários dos contratados pelo setor pú-
blico tenham influenciado positivamente a média salarial, as estatísticas da PNAD 
mostram que mesmo na ausência deste segmento, a massa de rendimentos reais 
apresenta variação positiva primeiro trimestre de 2017, encerrando em 0,5%.
 
A expectativa para o restante do ano é de que o cenário do emprego no país não 
deve se alterar significativamente, tendo em vista que mesmo diante de alguma 
recuperação da atividade, o mercado de trabalho deve reagir lentamente. Dentro 
deste contexto, embora se mantenha uma desaceleração no ritmo de contração 
da população ocupada, não há margem para uma queda expressiva da taxade de-
semprego. Em termos salariais, as perspectivas são de continuidade no avanço dos 
rendimentos reais, intensificando o movimento de alta da massa salarial e abrindo 
espaço para uma retomada mais forte do consumo das famílias.
 
1 Aspectos Gerais do Mercado de Trabalho
 
Os dados mais recentes da PNADC mostram que, após registrar um período de 
maior aceleração, a taxa de desemprego manteve-se estável no trimestre móvel 
encerrado em abril, atingindo 13,6%. Se, na comparação com o trimestre imedia-
tamente anterior, o recuo observado de apenas 0,1 p.p. não se mostra expressivo 
o suficiente para indicar alguma melhora no mercado de trabalho brasileiro, a tra-
jetória da variação interanual da taxa de desemprego traz uma sinalização mais 
positiva (Gráfico 1). Ao longo de 2016, a taxa de desocupação brasileira elevou-se, 
em média, cerca de 3,0 p.p. em relação ao mesmo período do ano anterior. A partir 
de 2017, entretanto, vem ocorrendo uma redução no ritmo de crescimento da de-
socupação, de modo tal que esta alta foi de 2,4 p.p. no trimestre móvel de fevereiro 
a abril – melhor resultado desde o trimestre móvel encerrado em outubro de 2015.
GRÁFICO 1
Taxa de Desemprego 
(Em %)
Fonte: IBGE/PNAD
Elaboração: Ipea/Dimac
GRÁFICO 2
Decomposição da variação interanual da taxa de 
desemprego 
(em pontos percentuais)
Fonte: IBGE/PNAD
Elaboração: Ipea/Dimac
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Na prática, o comportamento da taxa de desemprego é fruto da dinâmica de duas 
variáveis: população ocupada (PO) e população economicamente ativa (PEA), 
cujos desempenhos mais favoráveis, na margem, explicam este recuo recente do 
ritmo de crescimento da desocupação. A decomposição da variação interanual da 
taxa de desemprego (Gráfico 2), revela que, nos últimos trimestres, a retração mais 
amena da ocupação, associada a uma contribuição constante da PEA, vem agindo 
favoravelmente para reduzir a velocidade de crescimento da taxa de desocupação.
Em que pese a melhora no comporta-
mento da ocupação (Gráfico 3), esta ain-
da deve apresentar taxas de crescimento 
negativas por algum tempo, tendo em 
vista não só o crescimento modesto 
do nível de atividade econômica, como 
também os seus efeitos tardios de uma 
recuperação econômica sobre o merca-
do de trabalho. Adicionalmente, mesmo 
com a expansão mais amena da PEA a 
níveis próximos aos atuais (1,1%), não 
há, no curto prazo, espaço para uma 
queda expressiva da taxa de desempre-
go.
De acordo com os dados da Tabela 1, nota-se que o aumento do desemprego 
tem se dado de forma generalizada dentre todos os segmentos. Porém, a taxa de 
desemprego continua sendo mais alta para as mulheres; os não chefes de família; 
os mais jovens; os trabalhadores da região nordeste; e os com escolaridade baixa 
ou mediana.
Em termos de taxa de variação percentual, no primeiro trimestre de 2017, a taxa 
de desemprego brasileira registrou incremento de 27% em relação ao mesmo perí-
odo do ano anterior, com destaque negativo para a região norte com alta superior 
a 35% – influenciada pelo acréscimo de 83% do nível de desocupação do Acre. 
A tabela A.1, no apêndice, retrata que, de fato, o aumento do desemprego vem 
ocorrendo com intensidade diferente entre os estados brasileiros. Enquanto o Rio 
de Janeiro (45%) e Sergipe (43%), além do Acre, apresentam as maiores taxas de 
variação percentual no desemprego, Rondônia (7%), Rio Grande do Norte (14%) 
e Mato Grosso (15%) registram os menores incrementos na comparação entre os 
primeiros trimestres de 2016 e 2017.
Desde o início dos efeitos da crise sobre o mercado de trabalho, o contingente 
de trabalhadores desempregados na economia brasileira saltou de 7,9 milhões no 
primeiro trimestre de 2015 para 14,2 milhões no primeiro trimestre de 2017, o que 
significa um aumento de quase 80%. Apenas nos últimos 12 meses, contabilizados 
até abril de 2017, 2,2 milhões de brasileiros passaram à condição de desocupados. 
Além disso, a taxa de permanência no desemprego vem aumentando. No primeiro 
GRÁFICO 3
Taxa de Atividade e taxa de Variação Interanual da 
PEA e da PO
(em %)
Fonte: IBGE/PNAD
Elaboração: Ipea/Dimac
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trimestre de 2017, 48% dos trabalhadores desocupados não conseguiram nenhu-
ma colocação no mercado de trabalho, independentemente do tipo de ocupação, o 
que significa um incremento de 0,4 p.p. no observado no mesmo período de 2016 
(44%). Na comparação com o período pré-crise, esta alta é ainda mais expressiva, 
tendo em vista que no início de 2012, a proporção dos trabalhadores que se man-
tinham na condição de desempregados era de 35%.
Em termos desagregados, os microdados revelam que o número de homens no 
contingente de desempregados vem aumentando (gráficos 4 e 5). No início da pes-
quisa, em 2012, a população masculina respondia por 44% de todos os desocupa-
dos e, atualmente, corresponde a 50% (gráfico 6). Vale ressaltar que o aumento do 
desemprego entre os homens vem crescendo mesmo em um cenário de modesto 
crescimento da PEA masculina, que há pelo menos três trimestres, apresenta taxas 
abaixo de 1,0% na variação interanual. Isto é, a ocupação entre os homens vem 
recuando muito mais fortemente do que entre as mulheres. De fato, no último 
trimestre, a PO masculina retroagiu 2,7%, enquanto a feminina recuou 0,7% em 
relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com o início da série 
(primeiro trimestre de 2012), esta diferença de desempenho relativo fica ainda mais 
clara, pois a PO masculina caiu 0,9% e a feminina aumentou 3,7%.
TABELA 1
Taxa de Desemprego
(Em %)
Fonte: IBGE/PNAD
Elaboração: Ipea/Dimac.
2017
1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. 1º Trim.
Brasil 7,9% 8,3% 8,9% 9,0% 10,9% 11,3% 11,8% 12,0% 13,8%
Centro_Oeste 7,3% 7,4% 7,5% 7,4% 9,7% 9,7% 10,0% 10,9% 12,1%
Nordeste 9,6% 10,3% 10,8% 10,5% 12,8% 13,2% 14,1% 14,4% 16,3%
Norte 8,7% 8,5% 8,8% 8,6% 10,5% 11,2% 11,4% 12,7% 14,2%
Sudeste 8,0% 8,3% 9,0% 9,6% 11,4% 11,7% 12,3% 12,3% 14,2%
Sul 5,1% 5,5% 6,0% 5,7% 7,3% 8,0% 7,9% 7,7% 9,3%
Masculino 6,6% 7,1% 7,7% 7,7% 9,5% 9,9% 10,5% 10,7% 12,2%
Feminino 9,6% 9,8% 10,4% 10,6% 12,7% 13,2% 13,5% 13,8% 15,8%
de14a24anos 19,0% 19,5% 20,8% 20,9% 26,4% 26,7% 27,7% 27,9% 31,2%
de25a59anos 5,8% 6,2% 6,6% 6,7% 7,9% 9,2% 9,6% 9,9% 11,3%
maisde59anos 2,1% 2,6% 2,7% 2,5% 3,3% 4,8% 5,2% 5,2% 6,2%
Não Chefe Familia 11,3% 11,6% 12,4% 12,3% 15,0% 15,3% 15,8% 16,0% 18,1%
Chefe Familia 4,0% 4,5% 4,8% 5,1% 6,1% 6,6% 7,0% 7,2% 8,4%
fund_incomp 6,5% 7,1% 7,9% 7,9% 9,1% 9,7% 10,5% 11,3% 12,3%
fund_comp 8,3% 9,0% 9,7% 9,8% 11,6% 12,9% 13,4% 13,4% 15,2%
medio_incomp 14,0% 13,8% 15,3% 16,2% 20,4% 20,6% 21,4% 22,0% 24,2%
medio_comp 9,4% 9,9% 10,1% 10,1% 12,7% 12,8% 13,2% 13,2% 15,5%
superior 5,8% 5,6% 6,2% 6,2% 7,6% 7,8% 7,8% 7,6% 9,2%
RM 8,8% 9,1% 9,7% 9,8% 11,9% 12,6% 13,5% 13,5% 14,9%
NRM 7,3% 7,7% 8,3%8,4% 10,1% 10,4% 10,5% 10,9% 12,9%
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estre de 2017
Na análise por faixa etária, observa-se que a grande maioria da população desocu-
pada - cerca de 70% - tem entre 18 e 39 anos, enquanto os trabalhadores com mais 
de 60 anos respondem por apenas 2% de todo o contingente de desempregados 
(gráfico 8). Apesar de apresentarem participação relativa semelhante no total da 
desocupação, a taxa de desemprego dos jovens de 18 a 24 anos é mais que o dobro 
da observada entre os trabalhadores com idade entre 25 e 49 anos (28,7% ante 
12,8% no primeiro trimestre de 2017, respectivamente). De acordo com o gráfico 
9, observa-se que, além de ser a mais alta dentre todos os segmentos etários, a taxa 
de desemprego da população entre 18 e 24 anos é a que mais cresce na margem. 
Este movimento de aceleração da desocupação é explicado tanto pelo aumento da 
PEA (2,8% no primeiro trimestre de 2017 ), quanto pela contração da ocupação 
(3,5%). Já no caso dos adultos entre 25 a 39 anos, mantendo-se a mesma base de 
comparação, houve um aumento mais modesto da PEA (1,1%) e uma retração 
mais amena da ocupação (2,2%). Nos últimos 5 anos (início da PNADC), a PO 
deste grupo aponta queda de 1,0%.
 
O comportamento mais benigno da ocupação também pode ser apontado como o 
GRÁFICO 4
Taxa de Desemprego 
(Em %)
GRÁFICO 5
Composição da Desocupação por Gênero
(Em %)
GRÁFICO 6
PEA - Variação Acum. 4 Trim.
(Em %)
GRÁFICO 7
PO - Variação Acum. 4 Trim
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principal motivo para que a taxa de desemprego dos trabalhadores com mais de 60 
anos apresente desempenho mais favorável. No último trimestre, este contingente 
de trabalhadores apontou alta de 0,4%. Na comparação com o início da pesquisa, 
esta expansão é de aproximadamente 18%. 
Por fim, o corte por grau de instrução revela que quase 50% dos desocupados 
possuem de 10 a 12 anos de estudo (ensino médio completo ou incompleto), 
sendo seguido pela parcela que possui menos de nove anos de escolaridade (fun-
damental incompleto), que corresponde a 25% do total da desocupação (gráficos 
12 e 13). Na outra ponta, os trabalhadores com maior nível de educação respon-
dem por apenas 12% de todo o contingente desempregado. Em termos de taxa 
de desocupação, os dados mais recentes mostram que houve uma aceleração em 
todos os segmentos de escolaridade ao longo do último ano, ainda que as causas 
deste aumento sejam distintas entre os grupos. No caso dos menos instruídos – 
trabalhadores com no máximo o ensino fundamental –, o aumento da taxa de de-
semprego se dá pela forte contração da ocupação, tendo em vista que a PEA deste 
segmento vem recuando ao longo dos últimos trimestres. Esta queda da força de 
trabalho neste segmento parece indicar que a recessão vem retirando do mercado 
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de trabalho uma parcela deste contingente de trabalhadores de baixa escolaridade, 
que acabam indo para a inatividade à medida que fica cada vez mais difícil encon-
trar uma ocupação. 
Em contraposição, o incremento da desocupação entre os mais escolarizados – 
com ensino médio e superior – vem sendo explicada por uma expansão da ordem 
de 4,5% da força de trabalho no último trimestre, dado que a ocupação nestes dois 
segmentos apresenta taxa de crescimento positiva De fato, no primeiro trimestre 
do ano, a população ocupada com ensino superior cresceu 3,2%, enquanto a dos 
menos escolarizados recuou 7,4%. Na comparação com o início da pesquisa (pri-
meiro trimestre de 2012), este movimento é ainda mais expressivo. Ou seja, a alta 
da ocupação dos mais instruídos aumentou 26,3% e dos com menos escolaridade 
retroagiu 17,4%. 
Este cenário de alta do desemprego entre os mais jovens e com escolaridade me-
diana é corroborado pela análise de transição – que é feita por meio de informa-
ções de cada indivíduo da amostra que mudou a condição na ocupação. Dentre os 
trabalhadores que deixaram a inatividade, passaram a procurar uma colocação no 
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mercado de trabalho e não obtiveram êxito, cerca de 50% possuem idade entre 14 
e 24 anos e aproximadamente 35% possuem o ensino médio. Na outra ponta, a 
análise dos trabalhadores que saíram da condição de inativos e conseguiram uma 
vaga de trabalho revela que 35% possuem entre 25 e 49 anos e 43% têm apenas o 
fundamental completo. Por conta desta baixa especialização, 73% desse contingen-
te foram absorvidos pelo mercado informal.
2 Formalização do Mercado de Trabalho
De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados 
(CAGED), o mercado de trabalho formal no país vem dando os primeiros sinais 
de recuperação ao indicar um recuo no ritmo de destruição de empregos com 
carteira assinada. Em abril último, segundo a pesquisa

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