Buscar

template_modulo_vi (6)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

5
A INFLUÊNCIA DA TEORIA DE PAULO FREIRE NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Alyne Alves Pádua Pereira¹
Cristiane Mazzini Medeiros ²
	
RESUMO
O presente trabalho busca compreender a Educação de jovens e adultos através do contexto histórico relacionada ao Método de Paulo Freire, entrelaçando os desafios por esta modalidade de ensino no Brasil. Foi realizada toda a fundamentação teórica presente neste trabalho através de pesquisas bibliográficas e posicionamento de estudiosos do tema em questão com o objetivo de sanar as questões levantadas ao percorrer da construção deste paper
Palavras-chave: Eja, Desafios dos professores, Paulo Freire, Método.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho propõe uma reflexão sobre Educação de Jovens e Adultos e o método Paulo Freire, trazendo ao debate a relevância dos desafios e especificidade da modalidade de ensino a jovens e adultos, em razão disso, coloca-se a questão da aprendizagem do aluno que, enquanto sujeito singular, possui uma história de vida, aprende e reconstrói seus saberes na experiência.
De tal maneira, apresenta-se a significação da aprendizagem como espaço e tempo de reflexão e de produção pedagógica, contribuindo e estimulando os estudantes a assumirem a responsabilidade de seu próprio desenvolvimento profissional e pessoal, e a participarem de forma ativa na implementação das políticas públicas educacionais dentro do contexto da Educação para Jovens e Adultos, que emerge hoje como uma das questões significativas do processo educacional com bases na produção dialética do conhecimento, a formação continuada como processo de construção e reconstrução de saberes docentes, o desafio para produzir conhecimentos e criar novas estratégias práticas de ações, pois o educador terá que construir novos saberes docentes direcionados para o ensino-aprendizagem de adultos, (re)significando sua práxis pedagógica
Ao analisar a influência da teoria de Paulo Freire no processo de ensino-aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos no Brasil e como esta modalidade de ensino tem repercutido com intensidade nas propostas educacionais brasileiras torna se notório o despreparo dos docentes ao lecionarem para educandos jovens e adultos, Paulo Freire sendo um dos mais importantes teóricos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, suas contribuições são percebidas até os dias atuais. Porém, fazendo a análise sobre a utilização do seu método de ensino, é possível verificar que a sua influência já não é seguida fielmente, como foi observado ao realizar esta pesquisa.
Toda a pesquisa presente neste paper foi realizada de forma a consulta bibliográfica a qual enriqueceu este trabalho com informações importantes para a sua conclusão, abordando pontos mais elevados da história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, as políticas educacionais desenvolvidas para esse tipo de educação, as metodologias aplicadas para a difusão de conhecimentos que tenham relação a esta modalidade de ensino e a repercussão do processo de ensino-aprendizagem, influenciado pela teoria de Paulo Freire. 
Por tudo exposto até aqui este paper tem como objetivo sanar de forma pautável com fundamentação teórica a seguinte questão: como a influência da teoria de Paulo Freire pode contribuir no processo de ensino-aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos no Brasil? 
Tendo assim como objetivo geral analisar a influência da teoria de Paulo Freire no processo de ensino-aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos no Brasil contribuindo de forma clara e didática ao conhecimento adquirido ao longo da formação acadêmica do curso de Pedagogia.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
 A Educação de Jovens e Adultos no Brasil, veio acontecendo ao longo de décadas, ganhando destaque nas políticas educacionais, houve uma diversidade de metodologias aplicadas à essa modalidade de educação, porém nenhuma delas foi tão significativa como a do teórico Paulo Freire. O método proposto na década de 60 é recriado a cada vez que se usa, entende-se como um método de alfabetização construído juntamente com o aluno, depois de contextualizar a sua história de vida, ele educa enquanto se constrói e, portanto, é um processo de prática da educação popular. 
Paulo Freire discutiu antes mesmo de propor o método uma nova forma de pensar a educação, suas ideias fazem repensar o homem em todo seu contexto social, cultural e analisar o ensinar-aprender e aprender-ensinar a ler e escrever de um jeito mais human0. Freire vivenciou a Educação de Jovens e Adultos de forma especial, pois não foi somente professor dessa modalidade de ensino, foi também um dos alunos integrantes desse tipo de educaçã. essas experiências permitiram a esse teórico analisar os tipos de métodos utilizados para o público de jovens e adultos, fazendo assim com que Paulo Freire desenvolvesse o seu tão famoso método.
[...] Procurávamos uma metodologia que fosse um instrumento do educando, e não somente do educador, e que identificasse – como fazia notar acertadamente um sociólogo brasileiro – o conteúdo da aprendizagem com o processo mesmo de aprender. (FREIRE, 1980, p. 41).
A educação popular aliada ao método Paulo Freire tinha um papel fundamental na sociedade brasileira na década de 60, momento em que a população se encontrava tão carente de conhecimento e prestes a se libertar para o mundo. As práticas pedagógicas usadas segundo a fala de Paulo Freire o sujeito deveria ser educado de dentro para fora e isto era sinal da libertação do homem, a nova prática de aprendizagem-leitura dava ao sujeito liberdade para ler e escrever, porém para que esta escrita fizesse sentido maior deveria ter um caráter crítico e socializador que analisasse o contexto político, social e individual de cada um, a partir disto se poderia fazer a educação como prática de liberdade.
Freire aplicou seu método no estado do Recife pela primeira vez, três de cinco alunos aprenderam a ler e escrever em 30 horas e os outros 02 desistiram antes de terminar o curso. No prazo de 45 dias alfabetizaram-se 300 trabalhadores, João Goulart, presidente na época, chamou Paulo Freire para organizar uma Campanha Nacional de Alfabetização. Essa campanha tinha como objetivo alfabetizar 2 milhões de pessoas, em 20.000 círculos de cultura popular, e já contava com a participação da comunidade com o Golpe de 64 toda essa mobilização social foi reprimida, Paulo Freire foi considerado subversivo, foi preso e depois exilado no Chile. Em substituição deste grande projeto surgiu o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) uma iniciativa para a alfabetização que visava apenas o ensinar a ler e a escrever sem uma preocupação maior com a formação do ser humano.
 Freire pensou que um método de educação construído em cima da ideia de um diálogo entre educador e educando, não poderia começar com o educador trazendo pronto a sua fala o propósito principal é que a educação é um ato coletivo, há sempre educadores-educando e educandos-educadores. Já a cartilha, utilizada antes do método, é um saber abstrato, pré-fabricado, imposto e decorado.
Com relação à metodologia utilizada pelo professor, observa-se que esta tem se caracterizado pela predominância de atividades transmissoras de conhecimentos, com pouco ou nenhum espaço para a discussão e a análise crítica dos conteúdos. O aluno sob essa situação tem se mostrado mais passivo do que ativo e, por decorrência, seu pensamento criativo tem sido mais bloqueado do que estimulado. (VEIGA, 2002, p.42).
Torna se imprescindível pensar no universo em que os educandos vivem a cultura em que estão inseridos, o lugar de trabalho, levantar dados juntamente com a comunidade a ser educada e construir a alfabetização a partir do conhecimento de suas realidades para somente depois aprofundar na formação de novas palavras, novos conhecimentos
“o contato inicial e direto que estabelecemos com a comunidade é durante a pesquisa do universo vocabular – etapa realizada no campo e que é a primeira do sistema Paulo Freire de Educação de Adultos... Não é umapesquisa de alto rigor científico, não vamos testar nenhuma hipótese. Trata-se de uma pesquisa simples que tem como objetivo imediato a obtenção dos vocabulos mais usados pela população a se alfabetizar”. (Conscientização e Alfabetização) (FREIRE, apude BRANDÃO,1981, p.25)
A partir da busca de novas palavras com os alfabetizandos surge o processo de conscientização e compreensão do mundo este método orientado pelo alfabetizador dentro do “círculo de cultura” tem por objetivo ativar a participação de todos os envolvidos em um debate sobre suas vivências culturais a prática de estudo no círculo, muito mais que ensinar a ler-escrever, irá produzir modos próprios de coletividade, solidariedade, trabalho em equipe e como pensar uma educação para todos.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho foi produzido e embasado em sua totalidade através da pesquisa bibliográfica. Segundo Cervo; Bervian (2002, p.66), “A pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência e constitui o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema”. A pesquisa bibliográfica ainda se constitui o procedimento mais adequado de expandir o conhecimento sobre determinado assunto.
Conforme Barros; Lehfeld (2000, p.70), “A pesquisa bibliográfica tanto pode colaborar com a formação acadêmica do aluno, quanto com a produção inédita de trabalhos de reanálise, críticas e interpretação de diversas áreas de conhecimento”. Através da pesquisa bibliográfica, inúmeras teorias puderam ser criadas, criticadas e aprimoradas, abrangendo as mais diferentes áreas de estudo. Essa amplitude do conhecimento dá à esse tipo de pesquisa uma importância ímpar. Pois, foi através desta que, teóricos e cientistas importantes ampliaram e intensificaram inúmeros estudos.
A bibliografia abre diversas vertentes, onde é possível adquirir materiais diversificados e pertinentes à elaboração do trabalho científico. Como se dá de forma criteriosa, a pesquisa bibliográfica ganha uma credibilidade maior, pois os livros não são produzidos de qualquer maneira e a criticidade de quem os corrige é imensa, não permitindo deslizes sobre os temas que abordam. Portanto, esse método criterioso com que são publicados, torna os livros um material de arte por excelência e fonte segura para a pesquisa.
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A educação de jovens e adultos na visão do Paulo freire teve como objetivo mostrar através de seus métodos a capacidades do educando, assim desenvolver aprendizagem na forma de pensar sem repetição baseados no seu cotidiano, construindo palavras que são formadas facilitando o entendimento dos alunos, nós educadores devemos estar sempre buscando conhecimento teoricamente apontando os melhores métodos, que despertem o interesse no jovem e nos adultos a conscientização do querer saber mais sempre.
O educador Paulo freire não apoiava o uso de cartinhas ao ponto de vista dele ela cria que faz existir um distanciamento da realidade dos educandos no processo de alfabetização, afirmava que as palavras devem ser criadas e não "doadas" assim como também o alfabetizando é o sujeito e não objeto da alfabetização, há décadas que buscam até hoje e métodos e prática adequada para o aprendizado de jovens e adultos. Freire, (1979, p.72) comenta que:
A alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Esta é a razão pela qual procuramos um método que fosse capaz de fazer instrumento também do educando e não só do educador.
 Paulo Freire afirmar durante suas pesquisas de campos a confirmação de que as metodologias e os materiais didáticos utilizados tornavam ainda mais a desmotivação dos alunos que acabava desistindo dos estudos. Após perceber a falta da motivação tendo a sua conclusão Freire elaborou o seu método partindo para o desafio de alfabetizar além das cartinhas, que não apoiava o processo de ensinar através repetição de palavras soltas ou frases criadas de forma forçada na linguagem da cartilha. Freire relata que:
[...] seria impossível engajar-me num trabalho de memorização mecânica dos ba-bebi- bo-bu, dos la-le-li-lo-lu. Daí que também não pudesse reduzir a alfabetização ao ensino puro da palavra, das sílabas ou das letras. Ensino em cujo processo o alfabetizador fosse "enchendo" com suas palavras as cabeças supostamente "vazias" dos alfabetizados. Pelo contrário, enquanto ato de conhecimento e ato criador, o processo da alfabetização tem, no alfabetizando, o seu sujeito. O fato de ele necessitar da ajuda do educador, como ocorre em qualquer relação pedagógica, não significa dever a ajuda do educador anular a sua criatividade e a sua responsabilidade na construção de sua linguagem escrita e na leitura desta linguagem. Na verdade, tanto o alfabetizador quanto o alfabetizando, ao pegarem, por exemplo, um objeto, como laço agora com o que tenho entre os dedos, sentem o objeto, percebem o objeto sentido e são capazes de expressar verbalmente o objeto sentido e percebido. [...] A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral. Esta montagem não pode ser feita pelo educador para ou sobre o alfabetizando. Aí tem ele um momento de sua tarefa criadora.
O educador deve estar envolvido com a realidade do educando saber ouvi-lo sua experiência cotidiana facilitando o planejamento da aula, na forma mais homogênea possível apresentando materiais que apresentem o sentido para a vida dos alfabetizados, assim proporcionando momentos de reflexão que possibilite a liberdade do aprender na forma mais motivadora de alfabetiza. Ainda segundo Freire (1987) a concepção bancaria de educação na sua visão é uma crítica à educação que existe no sistema capitalista. Nessa concepção Freire (1987, p.34) comenta que:
O educador é o que educa; os educandos, os que são educados; o educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem; o educador é o que pensa; os educandos, os pensados; o educador é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam docilmente; o educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados; o educador é o que opta e prescreve sua opção; os educandos os que seguem a prescrição; o educador é o que atua; os educandos, os que têm a ilusão de que atuam; o educador escolhe o conteúdo programático; os educandos se acomodam a ele; o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem adaptar-se às determinações daquele; o educador, finalmente, é o sujeito do processo; os educandos, meros objetos.
A educação bancária tinha o seus princípios de dominação, através do educador para o aluno do conhecimento transmitindo e imposto, alienado nessa concepção é algo que vai ser passando passivamente: Freire (1987.p.33) comenta que:
Na visão bancária da educação, o saber é uma doação dos que se julgam Sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifestações instrumentais da ideologia da opressão - a absolutização da ignorância, que constitui o que chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se encontra sempre no outro. 
Paulo Freire deixou contribuições valiosas para o processo de ensino-aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos. Uma das contribuições mais importantes, é retirar do professor o papel de detentor do saber e transferir para o aluno o papel de construtor e modificador de seus conhecimentos.
De acordo Torres (2002, p. 219), “impulsionar e levar à frente uma alfabetização popular requer, como condição, uma autêntica confiança no povo como protagonista ativo e sujeito de suas próprias transformações históricas”. Para que o educando da classe de jovens e adultos expresse seus conhecimentos prévios e participe da construção de novos saberes, é necessário que o professor, além de proporcionar um ambiente confortável, de confiança, estimule-o a participar do seu processo de ensino-aprendizagem, ajudando-oà desconstruir a ideia de que não sabe nada e de que só o professor sabe tudo. Pois, a partir do momento em que o professor auxilia o aluno a redescobrir-se como ser ativo do seu processo de educação, é que este participará de forma eficaz, tentando saciar a sede de aprender a leitura e a escrita, como também, a perceber o seu papel dentro do mundo em que está inserido.
Acreditar na capacidade de aprender de cada um constitui-se fator preponderante para o resgate da autoconfiança, indispensável na aprendizagem, porém desacreditada e marginalizada, ao longo de praticamente todas as suas experiências, junto à sociedade letrada. (FUCK, 2002, p. 92).
O que Paulo Freire mais defendia em suas teorias era a importância de resgatar a autoconfiança do educando. Sem acreditar em si mesmo e em sua capacidade, o educando não tem como libertar-se de sua condição social.
Segundo Snyder (1974) apud Candau (2002, p. 63), “é indispensável que a teoria tenha já nascido de uma prática real naqueles a quem se dirige, que seja tomada de consciência da prática ou, pelo menos, dos sentimentos que os animam e que eles gostariam de ver encarnados na prática”. A partir do momento em que há o interesse de buscar na realidade do educando, elementos que embasem a construção de instrumentos que viabilizem a aprendizagem deste, o ensino se dará de forma progressiva. Pois, Paulo Freire aborda em sua teoria da educação, conhecida como ‘Método Paulo Freire’, que é a partir do conhecimento prévio do educando, que o professor usará os instrumentos adequados para a mediação e reconstrução de informações. Nada que venha pronto, principalmente da parte do docente, pode trazer resultados eficazes e significativos.
Toda e qualquer técnica que, antecipadamente, estabeleça passos a serem uniformemente seguidos, não tem condições de atingir minimamente os alfabetizandos adultos, que por via de regra se concentraram em classes populares, uma vez que não levam em conta esse processo, pelo qual passa o alfabetizando , moldando o ensino somente na lógica do sistema da escrita. E neste caso até se alfabetiza, ou seja, se transforma homens em robôs. Na medida porém que esses robôs perderem seus programadores (professores), perdem também sua ação. (FUCK, 2002, p. 92).
Devido a perceber essa robotização dos educandos jovens e adultos, Paulo Freire criticava as cartilhas e as frases sem significado real. Os alunos não necessitam ser copistas e decoradores de palavras, eles precisam compreendê-las dentro do seu universo vocabular, para que depois venham a dominar a leitura e a escrita. A aprendizagem não deve se dar de forma que os alunos memorizem palavras e depois as esqueça. O que se pretendia nos círculos de cultura e o que ainda se pretende, é que o aluno domine o processo que o leva a ler e a escrever, ou seja, tenha autonomia para ressignificar seus conhecimentos.
Socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já não é a mesma que era quando analfabeta ou iletrada, ela passa a ter uma outra condição social e cultural – não se trata propriamente de mudar de nível ou de classe social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo de viver na sociedade, sua inserção na cultura – sua relação com os outros, com o contexto, com os bens culturais torna-se diferente. (SOARES, 2003, p. 37).
É necessário promover uma inquietação no educando, para que ele sinta a necessidade da mudança do seu papel dentro da sua sociedade. Quando o aprendente conseguir fazer a leitura do seu mundo, vai enxergar-se como ser ativo e não passivo, o que o levará à mudança de comportamento e até mesmo, à mudança da aceitação de sua posição na sociedade. Posição esta, que é imposta pelo sistema que os massacra.
Nas escolas que atendem à Educação de Jovens e Adultos, Paulo Freire e o seu método são extremamente citados. Não daria para separar o nome desse teórico da educação, da própria Educação de Jovens e Adultos. Apesar de diversas escolas afirmarem que utilizam o ‘Método Paulo Freire’, este já não é mais seguido fielmente. Pois, o governo não deseja que os educandos tenham um nível extremamente alto, de criticidade, quanto à sua posição social e política. A verdadeira intenção política fica nítida quando as escolas recebem pouco ou nenhum auxílio financeiro para a classe de jovens e adultos, quando os professores para essa modalidade de ensino são despreparados e, por falta de material adequado, utilizam recursos direcionados ao ensino infantil, quando não há reformas nas escolas, trazendo extremo desconforto para pessoas que vem de trabalhos exaustivos. Outro fato é que, na metodologia desenvolvida por Paulo Freire, o professor teria que dispor de um tempo maior para a construção do conhecimento advindo do educando, o que não acontece. O sistema restringe o tempo, os conteúdos e aborda de forma superficial a cultura da classe desprivilegiada, para que não fuja de forma tão radical, do que determina a LDB.
Os sites das secretarias de educação, tanto estadual, quanto municipal, deveriam tratar do Plano Plurianual de Alfabetização de forma clara e aberta ao público. Atualmente, só a Secretaria do Estado da Bahia disponibiliza esse plano para os internautas, expondo até mesmo as abordagens que serão utilizadas. As Secretarias de Educação de outros estados brasileiros, via site, não disponibilizam informações necessárias para que seja feita uma avaliação da forma com que o processo de ensino-aprendizagem acontece. O que também não garante que esse planejamento seja seguido à risca.
Segundo a Secretaria de Educação do Estado da Bahia (2007), uma das abordagens a ser desenvolvida na concepção de educação é a sociocultural, do teórico Paulo Freire. Essa abordagem considera que a especificidade da educação de jovens e adultos está fundamentada na experiência dos educandos.
[...] A prática educativa se revela na relação entre educador e educando como sujeitos do processo de ensino-aprendizagem, que juntos problematizam os conhecimentos oriundos da realidade social, construindo, assim, uma prática de educação. Nesta perspectiva, alfabetizar jovens e adultos é considerá-lo sujeitos do mundo e com o mundo, dando-lhes condições de ler e escrever a realidade global a partir do seu lugar social, transformando-os em autores da sua própria história e co-autores da história do seu país. (BRASIL, 2007, p. 06).
O planejamento da alfabetização de jovens e adultos do estado da Bahia, burocraticamente, trata da concepção de educação de Paulo Freire, como uma das suas abordagens utilizadas. Porém, o seu tão conhecido ‘método’, não é aplicado nas escolas com o segmento de EJA.
O que ainda se vê da influência de Paulo Freire nas escolas é o incentivo ao diálogo, a posição dos alunos em semicírculo, para que todos se vejam, o uso das sílabas que formam as palavras geradoras. A cultura local tende a ser valorizada à medida em que os educandos vão tendo a liberdade de expor suas ideias e conhecimentos. Por esse motivo o diálogo tem uma importância ímpar dentro da sala de aula.
De acordo Gadotti (1989, p. 46), “para Paulo Freire, o diálogo faz parte da própria natureza humana. Os seres humanos se constroem em diálogos, pois são essencialmente comunicativos. Não há progresso humano sem diálogo. Para ele, o momento do diálogo é o momento para transformar a realidade e progredir”. Fica, portanto, evidente a importância do diálogo para a progressão do processo de ensino-aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos. Pois, parte dos educandos dessa modalidade de ensino, foram alunos que, outrora, não tiveram a liberdade de expressar-se em sala de aula, não tinham no professor um mediador de novos conhecimentos. Ao contrário, eram tratados como depósitos de informações, característica típica da concepção tradicionalista, o que contribuiu para desestimulá-los a continuar na escola em período regular.
Dos componentes do ‘Método Paulo Freire’, tais como o círculo de cultura, os animadores de debate, as fichas de cultura, as fichas fonéticas, o levantamento vocabular, entre outros, pouco restou para influenciara educação atual. Porém, a valorização dos conhecimentos prévios do educando, a posição dos alunos em semicírculo, o levantamento vocabular, o respeito a sua cultura e o trabalho com sílabas, mesmo que de forma não tão fiel ao ‘Método Paulo Freire’, influencia o processo de ensino-aprendizagem que se dá, atualmente, nas escolas do segmento de EJA em todo o Brasil.
5. CONCLUSÃO
A Educação de Jovens e Adultos no Brasil, desde o Império, já demonstrava o descaso da parte do poder público e o despreparo do corpo docente atuante. O governo agia de forma demagógica, quando aparentava preocupar-se em educar o povo que, em sua maioria, era iletrado. As leis criadas no Brasil Império chegavam a ser imorais, pois excluíam a população desfavorecida de todo e qualquer benefício que estas leis pudessem proporcionar. Em resultado de tamanha exclusão, formou-se uma predominância de pessoas dominadas, desfavorecidas, e o que é pior, passivas em relação às suas posições na sociedade em que estavam inseridas.
Quando o Brasil se tornou uma república, as pessoas acreditavam na mudança política e social do país. A esperança de igualdade, de melhoria de vida, estava nos corações do povo brasileiro. Contudo, a elite da época continuava a dominar a sociedade e a ludibriar o povo, o qual não possuía um senso crítico para perceber-se como modificador desta sociedade opressora.
A educação deveria ser prioridade na política brasileira. Por não trazer receita para os cofres públicos, a educação no Brasil, nunca foi tratada da forma que deveria. Os ideais das campanhas políticas, sempre trataram da educação e da erradicação do analfabetismo, mas embutido em frases rebuscadas, sempre esteve o ideal supremo, o de não permitir que o povo brasileiro se tornasse crítico, pensante, consciente de sua situação social e consciente também da opressão da elite, a qual era minoria.
O professor Paulo Freire, um dos presos políticos da época da ditadura militar, foi um cidadão que lutou para que o povo se tornasse consciente da sociedade a qual estava inserido e que pudesse fazer a sua própria leitura de mundo. Para isso, criou o seu tão famoso método, através do qual mudaria a história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, pois não somente faria do educando um sujeito letrado, mas faria deste um ser crítico e consciente. Todo o amor dedicado à educação, custou à Paulo Freire a sua liberdade e resultou na sua expulsão do país.
Com o retorno dos exilados políticos, no Brasil começou uma corrida contra o tempo, para que se amenizassem os efeitos negativos no âmbito educacional, causados pela ditadura militar. Contudo, quando um governante se preocupa com a educação do país, principalmente com a modalidade de jovens e adultos e inicia-se um progresso nesta área, o seu sucessor não dá continuidade ao processo educacional e este acaba por regredir, no que resulta em um descompasso na área da educação.
Quando se fala da Educação de Jovens e Adultos, logo é citado o nome de Paulo Freire e o seu ‘método’. Entretanto, os docentes continuam despreparados para lecionarem para o público de jovens e adultos. O governo persiste no mesmo descaso de décadas atrás, não proporcionando estrutura adequada para as escolas, formação adequada para os docentes e material didático para os educandos.
Os professores afirmam utilizar o ‘Método Paulo Freire’, mas demonstram claramente que desconhecem a essência do método. Em sala de aula, o que ainda se vê da metodologia de Paulo Freire é o diálogo e, por algumas vezes, a posição dos alunos em semicírculo. Um número reduzido de professores, que afirmam utilizar o método, faz o levantamento vocabular e fazem o uso das palavras geradoras.
O Brasil possui um campo educacional amplo, porém com investimentos insuficientes. Não tem como se fazer a educação e por ela ser feito se esta é pouco valorizada. A Educação de Jovens e Adultos deveria ser o centro das atenções no âmbito educacional, pois o país tem uma dívida considerável com o povo ao que se refere a esta modalidade de educação.
A educação brasileira requer mais atenção dos poderes públicos, requer também a elaboração de projetos educacionais eficazes, que proporcionem um ensino de qualidade. A Visão governamental não deve estar enfocada somente no Ensino Infantil, por serem os futuros contribuintes dos cofres públicos. Mas o governo deve ter uma visão panorâmica, abrangendo
em potencial a Educação de Jovens e Adultos, a qual é formada por pessoas que são o alicerce de outras e que, saindo da condição de analfabetos, serão agentes multiplicadores de educação, incentivando os seus filhos a continuarem na escola e reduzindo, de forma significativa, a taxa de analfabetos no Brasil.
Os educadores deverão estar sempre envolvido com mundo do educando para que possa proporcionar diversas maneiras diferentes de desenvolver uma leitura e temas o que mais atraem, possibilitando a esses leitores a busca da importância do conhecimento para suas vidas, podem existir a descoberta de assunto que tenha mais a proximidade da sua realidade, onde estão inseridos dependendo do seu contexto social e faixa etária. 
O professor tem que abrir espaço em seu contexto escolar em uma forma de possibilitar a existência da sua interação e a participação de todos que possam expressar suas ideias, suas experiências e dificuldades durante a prática da aprendizagem educativa. O EJA passou por vários desafios e transformações na educação até conseguir um lugar em nossa sociedade, garantindo aos jovens adultos o ensino de qualidade e o reconhecimento da sua importância no alfabetismo. 
O ato de educar é um ato de criação e recriação é um ato político, não podemos deixa de lado o diálogo que é fundamental no desenvolvimento do sujeito, para estrutura social de transformação e de conscientização dentro da sociedade, o alfabetizar não é só por repetições de palavras, mais criar e recriar palavras novas através da sua própria cultura.
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é - Método Paulo Freire. Brasiliense, 1981.
CERVO, Amado Luiz.; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (coord.). Repensando a Didática. 19. Ed. Campinas/SP: Papirus, 2002.
BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos da Metodologia Científica: Um guia para a iniciação científica. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 2000.
1 Nome dos acadêmicos
2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (Código da Turma) – Prática do Módulo I – dd/mm/aa

Continue navegando