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Imunologia Maturação dos Linfócitos e Expressão dos Receptores de Antígenos Maturação dos Linfócitos Os linfócitos expressam diferentes receptores específicos de antígenos que são capazes de reconhecer uma grande variedade de substâncias estranhas, sendo esta uma diversidade gerada durante o desenvolvimento dos linfócitos B e T maduros a partir de células precursoras. Logo, esse processo pelo qual os progenitores dos linfócitos no timo e na medula óssea se diferenciam em linfócitos maduros é denominado maturação de linfócitos. Os linfócitos T e B possuem grande semelhança no processo de maturação inicial através dos órgãos linfóides primários, sendo que cada clone de linfócito T e B, reconhecem um antígeno diferente. O linfócito T vem com um repertório pronto para reconhecer uma infinidade de antígenos. Tanto para o TCR, quanto para as imunoglobulinas, existem porções nos genes que sofrem RECOMBINAÇÃO SOMÁTICA DO DNA (que vai alterar a sequência de DNA em certo momento da maturação dos linfócitos). Quando altera essa sequência, cada clone pode reconhecer um tipo de antígeno diferente, isso é vantajoso, porque pode fazer vários tipos de recombinações que podem aumentar o poder de reconhecimento, além de aumentar a diversidade. Desenvolvimento dos Linfócitos Os linfócitos B e T originam-se de um precursor comum derivado da medula óssea, que se compromete com a linhagem linfocitária. A maturação das células B prossegue na medula óssea, enquanto os progenitores iniciais das células T migram para o timo, onde completam a sua maturação. A maturação inicial caracteriza-se por proliferação celular induzida por citocinas, principalmente a IL-7, levando a uma expansão do número de linfócitos que acabaram de se comprometer com linhagens individuais. Ou seja, a maturação dos linfócitos consiste em 3 tipos de processos: 1. Proliferação das células imaturas (células-tronco e pró-linfócitos); 2. Expressão de genes dos receptores de antígeno (pré-linfocito); 3. Seleção de linfócitos que expressam receptores de a nt íge no funcionais (linfócito imaturo e se for selecionado linfócito maduro); ***A maturação do linfócito B é na medula óssea, especificamente na bursa de Fabrício (B de Bursa de Fabrício) e a maturação de linfócito T acontece no Timo (T de timo); Classes de linfócitos. As diversas classes de linfócitos reconhecem tipos distintos de antígenos, diferenciando-se em células efetoras, cuja função é eliminar os antígenos. Os linfócitos B reconhecem os antígenos solúveis ou de superfície, diferenciando-se em células secretoras de anticorpos. Os linfócitos T auxiliares reconhecem os antígenos na superfície das células apresentadoras de antígenos e secretam citocinas, que estimulam diversos mecanismos de imunidade e inflamação. Linfócitos T citotóxicos reconhecem antígenos em células infectadas e matam essas células. (Note que os linfócitos T reconhecem peptídeos que são apresentados por moléculas do MHC). Células T reguladoras limitam a ativação de outros linfócitos, especialmente de células T, e previnem a autoimunidade. Estágios gerais da maturação: 1. Acontece uma proliferação que maximiza o número de células que são capazes de expressar receptores de antígenos funcionais e maturarem em linfócitos funcionalmente competentes; 2. A interleucina 7 (IL-7) é quem estimula a proliferação dos progenitores de LT e LB (isso antes deles gerarem os receptores de antígenos); 3. Depois de um grande número de linfócitos serem gerados, os receptores de antígenos começam a ser produzidos; 4. Os receptores são expressos a partir de vários segmentos gênicos na linhagem germinativa e se recombinam durante a maturação dos linfócitos e recebem os sinais para mais proliferação (dessa vez proliferar clones de linfócitos com receptores e somente receptores intactos); 5. Os linfócitos maduros são selecionados em vários estágios durante esse processo de maturação de modo a preservar sua capacidade funcional; 6. São eventos de seleção que preservam as células que produzem proteínas receptoras de antígeno funcionais e eliminam células potencialmente perigosas que reconhecem fortemente antígenos próprios (isso não pode acontecer); 7. Esses pontos de controle durante o desenvolvimento asseguram o amadurecimento dos linfócitos que expressam os receptores funcionais com específico da des úteis e sua entrada no sistema imune periférico; Linfócitos T Populações funcionalmente distintas expressam diferentes proteínas de membrana: marcadores fenotípicos e papel importante nas funções biológicas. Linfócitos T Helper = CD4+: capacidade de produzir citocinas em resposta ao estímulo e expressar moléculas efetoras que ativa os linfócitos B, células dendríticas e macrófagos; Linfócitos Citotóxicos (CTL) = CD8+: produzem e liberam moléculas capazes de destruir outras células (perforinas, granzimas); CD (Cluster of Differentiation): molécula reconhecida por um cluster de anticorpos monoclonais que pode ser usado para identificar e/ou isolar uma linhagem ou estágio de diferenciação dos linfócitos, distinguindo entre classes. O linfócito T reconhecem e respondem a antígenos associados à superfície celular, mas não antígenos solúveis. Reconhecem apenas antígenos peptídicos ligados a proteínas que são codificadas pelo MHC e expressas na superfície de outras células. Desenvolvimento dos Linfócitos T α-β Os linfócitos T originam-se de precursores que surgem no fígado fetal e na medula óssea adulta e se alojam no timo por meio da corrente sanguínea. Os linfócitos T em desenvolvimento no timo são denominados de timócitos, sendo que o ambiente do timo proporciona estímulos que são necessários para a proliferação e maturação desses timócitos. Por exemplo, as células do estroma do timo, incluindo células epiteliais, secretam IL-7, que é um fator de crescimento linfopoiético crítico. Antes de terminar o rearranjo de TCR, a IL-7 do timo estimula a proliferação de progenitores. Principais etapas do desenvolvimento dos Linfócitos T α-β: 1. Opção da célula-tronco por T; 2. Proliferação; 3. Rearranjo e expressão do TCR; 4. Seleção; 5. Diferenciação em CD4+ ou CD8+; 6. Recirculação; As células T α-β amadurecem em células TCD4+ restritas ao MHC classe II ou TCD8+ restritas ao MHC classe I à medida que saem do córtex e entram na zona medular. Na medula do timo, os timócitos positivos unicamente para CD4+ e CD8+ saem do timo através da circulação. O ambiente do timo proporciona estímulos que são necessários para a proliferação e maturação dos timócitos. ● Células epiteliais tímicas medulares têm o papel de apresentação de antígenos próprios para seleção negativa dos linfócitos T. ● A migração das células T em desenvolvimento faz elas terem contato com células dendríticas e macrófagos, que são indispensáveis para a maturação e seleção dos linfócitos T. ● As células epiteliais e dendríticas apresentam moléculas de MHC I e II que selecionam o repertório das células T. O movimento dentro e através do timo é mediado por quimiocinas ● A entrada de precursores no timo depende das quimiocinas expressas no córtex do timo, CCL25, que são reconhecidos pelo receptor CCR9. ● Os timócitosexpressam CCR7 que reconhecem CCL21 e CCL19, que medeiam o movimento das células T em desenvolvimento do córtex para a medula. ● Os linfócitos T recém formados expressam receptores de esfingosina-1-fosfato (S1PR1) que os fazem migrar da medula tímica para a circulação. Timócitos Duplo-Negativos Os timócitos corticais mais imaturos, recém-chegados da medula óssea, contém genes de TCR na sua configuração de linhagem germinativa, mas NÃO expressam TCR, CD3, cadeias ζ (zeta), CD4 ou CD8, logo, estas células são denominadas timócitos duplo-negativos e estão no estágio de células pró-T de maturação. A maioria (> 90%) dos timócitos duplo-negativos darão origem a linfócitos T CD4+ e CD8+ que expressam TCR αβ, e o restante destes timócitos dará origem a linfócitos T γδ. Receptor da Célula Pré-T Se um rearranjo produtivo do gene da cadeia β do TCR ocorrer em um determinado linfócito T duplo-negativo, a proteína da cadeia β do TCR será expressa na superfície celular em associação a uma proteína invariante, denominada pré-Tα, e com as proteínas CD3 e ζ, para formar o complexo do receptor da célula pré-T (pré-TCR). Os sinais do pré-TCR medeiam a sobrevivência das células pré-T que tenham rearranjado de maneira produtiva o gene da cadeia β do TCR e contribuem para a maior expansão proliferativa durante o desenvolvimento dos linfócitos T. Além disso, também iniciam a recombinação no lócus da cadeia α do TCR e conduzem a transição do estágio duplo-negativo para o duplo-positivo. Estes sinais também inibem a continuação do rearranjo do lócus da cadeia β do TCR, limitando, em grande parte, a acessibilidade do outro alelo à maquinaria de recombinação. Isto resulta na exclusão alélica da cadeia β (isto é, os linfócitos T maduros expressam apenas um dos dois alelos da cadeia β herdados). Timócitos Duplo-Positivos Na próxima fase da maturação dos linfócitos T, os timócitos expressam tanto CD4 e CD8 e são denominados timócitos duplo-positivos. O rearranjo dos genes da cadeia α do TCR e a expressão de αβ do TCR ocorre na população duplo-positiva CD4+ e CD8+, logo após as células atravessarem o ponto de controle do pré-TCR. Em contraste com o lócus da cadeia β do TCR, em que a produção da proteína e a formação do pré-TCR suprimem o rearranjo adicional, há pouca ou nenhuma exclusão alélica no lócus da cadeia α. Portanto, rearranjos produtivos de α do TCR podem ocorrer em ambos os cromossomos, e, se isso acontecer, o linfócito T expressará duas cadeias α. De fato, até 30% dos linfócitos T periféricos maduros expressam dois TCR diferentes, com diferentes cadeias α, mas a mesma cadeia β. Os timócitos da linhagem de linfócitos T αβ que NÃO conseguir realizar um rearranjo produtivo do gene da cadeia α do TCR morrem por apoptose. A expressão do gene α do TCR no estágio duplo-positivo leva à formação do TCR αβ completo, que é expresso na superfície celular em associação às proteínas CD3 e ζ. O rearranjo do gene α do TCR resulta na deleção do lócus δ do TCR. Como resultado, este linfócito T já não é capaz de se tornar um linfócito T γδ e está completamente comprometido com a linhagem dos linfócitos T αβ. As células duplo-positivas que passam por processos de seleção bem-sucedidos continuam a amadurecer em linfócitos T CD4+ ou CD8+, que são denominadas timócitos positivos simples. Assim, as fases de maturação dos linfócitos T no timo podem ser prontamente distinguidas pela expressão de CD4 ou CD8. Esta maturação fenotípica é acompanhada pelo comprometimento com diferentes funções após a ativação em órgãos linfóides secundários. Os timócitos positivos simples maduros entram na medula do timo e, em seguida, deixam o timo para residir nos tecidos linfóides periféricos. 4 grupos de Timócitos Os timócitos podem ser divididos em 4 grupos durante a maturação: 1. CD4- e CD8-; 2. CD4+ e CD8+; 3. CD4+ e CD8-(Th restritas a MHC classe II); 4. CD4- e CD8+ (CTLs restritas a MHC classe I); Os linfócitos, cuja passagem pelo ponto de controle tenha sido bem-sucedida, seguem ao rearranjo e expressão de genes que codificam a segunda cadeia do BCR ou TCR e, assim, expressam o receptor de antígeno completo enquanto ainda estão imaturos. Neste estágio imaturo, as células potencialmente nocivas que reconhecem fortemente estruturas próprias podem ser eliminadas ou induzidas a alterar os seus receptores de antígenos, o que é chamado de SELEÇÃO NEGATIVA, e as células que expressam receptores de antígenos úteis podem ser preservadas, que é chamado de SELEÇÃO POSITIVA. ● SELEÇÃO POSITIVA: ○ Preserva as células T que reconhecem peptídeos próprios associados ao MHC próprio com baixa afinidade , apresentados por células epiteliais e apresentadoras de antígenos. ○ A ausência de reconhecimento de MHC próprio causa a morte por negligência, uma via padrão de apoptose. ● SELEÇÃO NEGATIVA: ○ Células T imaturas, quando reconhecem fortemente antígenos próprios apresentados via MHC por células dendriticas, macrófagos e células epiteliais tímicas medulares, são geralmente induzidas à via mitocondrial de apoptose, pela indução de uma proteína pró-apoptótica chamada Bim, induzida pelo TCR. ○ As células epiteliais medulares tímicas expressam a proteína nuclear AIRE (regulador autoimune), que induz a expressão de antígenos próprios de vários tecidos periféricos, a fim de selecionar positivamente aqueles linfócitos T que os reconhecem fracamente. ***A mutação no gene que codifica o AIRE resulta em uma síndrome autoimune poliendócrina. Como nosso genoma consegue conter toda a informação necessária para a geração de 1010 TCRs diferentes? Genes do TCR funcionais são formados por rearranjo somático de segmentos de genes. No timo, os segmentos são arranjados, ocasionando a formação de genes α e β de TCR com V, D, J e C próximos. Acontece a adição e remoção aleatória de nucleotídeos na união dos genes, levando a um aumento na diversidade. Rearranjo e Diversidade de TCR O sítio de ligação a peptídeo-MHC de um TCR αβ é formado pela regiões VJ e VDJ das cadeias. O pareamento das cadeias α e β multiplica a diversidade gerada para cada cadeia. Estima-se que o repertório de células T imaturas tenha de 1010 a 1015 diferentes especificidades. O rearranjo gênico ocorre em uma população que se divide rapidamente. Uma única célula T que entra no timo pode gerar múltiplas células, cada uma com um TCR contendo um sítio de ligação ao antígeno diferente. Processos da Seleção na Maturação dos linfócitos T αβ Restritas ao MHC A seleção dos linfócitos T em desenvolvimento é dependente do reconhecimento de antígeno no timo e é responsável por preservar as células úteis e eliminar as potencialmente nocivas. O repertório de linfócitos T imaturos é composto de células cujos receptores podem reconhecer qualquer antígeno peptídico (próprio ou estranho) apresentado por qualquer molécula de MHC. Quando os timócitos duplo-positivos expressam o TCR αβ pela primeira vez, esses receptores encontram peptídeos próprios (os únicos peptídeos normalmente presentes no timo) apresentadospor moléculas de MHC próprias (as únicas moléculas de MHC disponíveis para apresentar peptídeos). O resultado deste reconhecimento é determinado principalmente pela afinidade do encontro entre o TCR e os complexos antígeno-MHC próprios. Comprometimento com a linhagem CD+ ou CD8+ A visão mais aceita é que o comprometimento com a linhagem é determinado por sinais que instruem a célula a se diferenciar em CD4+ ou CD8+. Sabe-se que células duplamente positivas passam por um momento de baixa expressão de CD8 e alta expressão de CD4. Quando o TCR do linfócito T for restrito ao MHC de classe I, e ele identificar um MHC de classe I, seu co-receptor CD8 receberá sinais fracos, tanto por ele ser expresso em menor quantidade quanto pela menor afinidade à tiroquinase Lck, em relação ao co-receptor CD4. Esses sinais fracos ativam fatores de transcrição, como o Runx3, que mantém o fenótipo da célula em T CD8+ por meio da expressão de co-receptores CD8 e comprometem a célula para se tornar um linfócito citotóxico após a maturação completa e ativação do antígeno. Quando o TCR do linfócito for restrito ao MHC Classe II, seu co-receptor CD4 receberá fortes sinais ativarão o fator de transcrição GATA-3, que compromete as células a se tornarem T CD4+ e a expressarem um repressor (ThPok) que impede a expressão de genes relacionados a T CD8+. Linfócitos B É um tipo de linfócito que constitui o sistema imunológico. Ele tem um importante papel na imunidade humoral e é um essencial componente do sistema imune adaptativo. A principal função das células B é a produção de anticorpos contra antígenos. Desenvolvimento dos Linfócitos B A maturação dos linfócitos B a partir dos progenitores ocorre principalmente na medula óssea e, antes do nascimento, no fígado fetal sendo que essas células pró-B podem diferenciar-se em linfócitos B foliculares (FO), linfócitos B da zona marginal (ZM) e linfócitos B-1. Os progenitores comprometidos com a linhagem de células B proliferam, dando origem a um grande número de precursores de linfócitos B, chamados de células pró-B. As células pró-B não produzem Ig, mas podem ser distinguidas de outras células imaturas pela expressão de moléculas de superfície restritas à linhagem B, como CD19 e CD10. Depois estas células começam a rearranjar genes de Ig (imunoglobulina), inicialmente no lócus de cadeia pesada (primeira recombinação), a partir das Rag-1 e Rag-2 (gene ativador da recombinação presente somente em células linfóides B e T em desenvolvimento) que estão presentes. Essa recombinação aproxima um segmento D e um J, com deleção do DNA intercalado entre eles. As células que fazem rearranjos VDJ produtivos no lócus de cadeia pesada de Ig desenvolvem células pré-B, definidas pela presença da proteína de cadeia pesada de Ig μ (Mi), principalmente o citoplasma. Algumas das proteínas μ são expressas na superfície das células associadas a duas outras proteínas invariáveis, denominadas cadeia leve sub-rogada, pois são semelhantes às cadeias leves e estão associadas a uma cadeia pesada. Lembrando que apenas células que fazem rearranjos produtivos sobrevivem e se diferenciam. Uma vez realizado um rearranjo produtivo de μ da Ig, a célula deixa de ser chamada de célula pró-B e já está diferenciada no estágio pré-B. Esses linfócitos pré-B são células que expressam a proteína μ da Ig, em associação a outras proteínas, formando um complexo denominado receptor da célula pré-B, mas que ainda devem rearranjar a cadeia leve. Como é esse Receptor da Célula Pré- B? O receptor da célula pré-B é composto da cadeia pesada μ e uma cadeia leve substituta invariável. A cadeia leve substituta é composta de duas proteínas, a proteína pré-B V e u ma proteína λ5. O receptor da célula pré-B ainda está associado às moléculas sinalizadoras Igα e Igβ, que fazem parte do complexo BCR nos linfócitos B maduros. A cadeia μ e a cadeia leve sub-rogada associam-se a moléculas de sinalização Igα e Igβ para formar o complexo receptor da célula pré-B (pré-BCR). O pré-BCR montado fornece sinais que promovem a sobrevivência e a proliferação das células da linhagem B que realizam um rearranjo produtivo no locus Ig da cadeia H. Este é o primeiro ponto de controle do desenvolvimento das células B, onde todas as células pré-B que expressam uma cadeia pesada μ funcional são selecionadas e expandidas (um componente essencial para o pré-BCR e BCR). As pré-células B que realizam rearranjos fora da estrutura (não produtivos) no lócus de cadeia pesada não conseguem criar a proteína μ, não podem expressar um pré-BCR ou receber sinais de pré-BCR e morrem por morte celular programada (apoptose). O pré-BCR regula o rearranjo adicional dos genes da Ig de 2 maneiras: 1. O complexo pré-BCR também sinaliza o processo de fechamento da recombinação dos genes da cadeia pesada da Ig no segundo cromossomo, pois cada célula B pode expressar uma cadeia pesada Ig de somente um dos alelos parentais herdados. Esse processo é chamado de exclusão alélica, e assegura que cada célula possa expressar receptores de uma única especificidade. 2. O pré-BCR também desencadeia a recombinação do locus da cadeia leve de Ig κ e a cadeia leve l é produzida somente se o locus da cadeia κ recombinado falhar em expressar uma proteína funcional ou se a cadeia κ gerar um receptor autorreativo potencialmente prejudicial e que deve ser eliminado, pelo processo chamado de edição do receptor. Após o estágio de linfócitos pré-B, cada linfócito B em desenvolvimento rearranja, inicialmente, um gene da cadeia leve κ. ❏ Se o rearranjo for produtivo, produzirá uma proteína d a cadeia leve κ, que se associa à cadeia μ sintetizada anteriormente para produzir uma proteína de IgM completa. ❏ Se o lócus κ não for rearranjado de maneira produtiva, a célula p od e rearranjar o lócus λ e, novamente, produzir uma molécula de IgM completa. O linfócito B expressando IgM é uma célula imatura B. Posteriormente, a maturação pode ocorrer na medula óssea ou após a célula deixar a medula óssea e entrar no baço. O estágio de maturação final envolve a coexpressão da IgD juntamente com a IgM, que ocorre porque em qualquer célula B, o gene éxon VDJ recombinado da cadeia pesada pode ser editado em éxons Cμ ou éxons Cδ, dando origem a um mRNA μ ou δ, respectivamente. A célula IgM+ IgD+ é a célula B madura, capaz de responder aos antígenos nos tecidos linfóides periféricos. Quando a transição ao estágio de linfócito B maduro IgM+ IgD+ é realizado, o reconhecimento do antígeno leva à proliferação e à diferenciação. Como resultado, os linfócitos B maduros que reconhecem antígenos com alta afinidade em tecidos linfóides periféricos são ativados, e este processo leva às respostas imunes humorais. Seleção Positiva A seleção positiva serve para a identificação de linfócitos que tenham completado seu rearranjo do gene do receptor de antígeno com sucesso recebendo sinais do BCR para manter os linfócitos B imaturos vivos, deixando a medula óssea para migrar para outros órgãos linfoides periféricos. Seleção Negativa O repertóriode células B também é formado pela seleção negativa. Neste processo, se uma célula imatura B liga-se um antígeno multivalente na medula óssea com elevada afinidade, pode reativar a enzima recombinase VDJ, submetendo-se a uma recombinação V-J da cadeia leve adicional, gerando uma cadeia leve diferente, e, assim, alterando a especificidade do receptor de antígenos, um processo chamado de edição do receptor. Os antígenos mais comumente encontrados na medula óssea são antígenos próprios que são abundantemente expressos por todo o corpo, como as proteínas do sangue e as moléculas de membrana comuns a todas as células. A seleção negativa também pode envolver a eliminação de células B autorreativas. A seleção negativa elimina as células potencialmente perigosas que podem reconhecer e reagir contra antígenos próprios. A maioria das células B maduras é chamada de células B foliculares, porque são encontradas dentro de linfonodos e folículos do baço. As células da zona marginal B, que são encontradas nas margens dos folículos do baço, desenvolvem-se a partir dos mesmos progenitores (pró-células B) como as células B foliculares. Os linfócitos B-1, uma população distinta encontrada em órgãos linfóides e na cavidade peritoneal, podem-se desenvolver mais cedo e a partir de diferentes precursores. ● Células B foliculares São a maioria das células B maduras. Expressam IgM e IgD. Essa coexpressão ocorre por meio de um splicing alternativo do RNA, em que o éxon dos transcritos C 𝜇 e Cα se expressa simultaneamente. A coexpressão de IgM e IgD é acompanhada pela capacidade de circular e pela aquisição da competência funcional. As células B foliculares também são chamadas de células B recirculantes, pois migram de um órgão linfóide ao próximo, residindo em nichos especializados chamados de folículos de células B. As células B são mantidas nesse nicho devido a sinais de sobrevivência entregues por uma citocina da família TNF, denominada BAFF. Essas células maduras são responsivas ao antígeno, e, ao menos que reconheçam algum, irão morrer em alguns meses. ● Células da zona B-1 São derivadas das CTH do fígado fetal que expressam diversidade limitada de receptores (poucos genes V; menor diversidade funcional). Grandes números de B-1 são encontrados como uma população auto renovável no peritônio e nas mucosas. Expressam, espontaneamente, anticorpos IgM que reconhecem lipídeos e polissacarídeos microbianos, além de lipídios oxidados. Seus anticorpos às vezes são chamados de anticorpos naturais por estarem presentes mesmo sem imunização evidente. Nas mucosas, metade das células secretoras de IgA podem ser derivadas de células B-1. ● Células B da zona marginal Estão localizadas principalmente nas proximidades do seio marginal do baço e também têm diversidade limitada quanto ao reconhecimento de epítopos. Assim como as células B-1, também tem capacidade de responder a polissacarídeos e gerar anticorpos naturais. Expressam IgM e o co-receptor CD21 (CR2), e também são encontrados nos linfonodos. Respondem rapidamente a microrganismos transportados pelo sangue e se diferenciam em plasmócitos secretores de IgM de vida curta. Processos de Seleção que moldam o repertório de linfócito B e T Pontos de controle: 1. Produção bem sucedida de uma das cadeias polipeptídicas da proteína do receptor de antígeno da célula B e célula T. (Pré BCR = cadeia pesada 𝜇) (Pré TCR = cadeia 𝛽 ). Se as células não expressarem os pré-receptores, deixam de receber sinais necessários para a sobrevivência e morrem. 2. As células selecionadas no primeiro ponto de controle devem seguir o rearranjo e expressam os genes que codificam a segunda cadeia do BCR ou TCR, e expressam o receptor de antígeno completo enquanto ainda são imaturos. As células T que reconhecem antígenos próprios são destruídas, e as células B podem ser induzidas a alterar seus receptores de antígeno ou sofrer apoptose. A seleção positiva preserva as células úteis. A seleção negativa elimina ou altera linfócitos cujos receptores se ligam fortemente a antígeno próprio.
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