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Curso: Direito Aula:05 Dia: 22/09/2020 Disciplina: Introdução ao Estudo do Direito – IED Professora: Geruza Gomes 3. DIREITO E MORAL 3.1. Diferenças entre Direito e Moral. 3.2 Teoria do mínimo ético. 3.3 Influência do direito na moral x influência da moral no direito. 3.4 Direito e Justiça. Conceito de Direito e Moral DIREITO "O Direito é a norma das ações humanas na vida social, estabelecida por uma organização soberana e imposta coativamente à observância de todos", segundo RUGGIERO e MAROI, em Istituzioni di diritto privato, 8 ed., Milão, 1955, v.1, § 2º. MIGUEL REALE, em Lições Preliminares de Direito, afirma que "aos olhos do homem comum o Direito é a lei e ordem, isto é, um conjunto de regras obrigatórias que garante a convivência social graças ao estabelecimento de limites à ação de cada um de seus membros". De acordo com a teoria da coercibilidade, "o direito é a ordenação coercível da conduta humana". MORAL A moral é um conjunto de regras, costumes e formas de pensar de um grupo social, que define o que devemos ou não devemos fazer em sociedade. Etimologicamente, o termo moral tem origem no latim morales, cujo significado é “relativo aos costumes”. São as regras definidas pela moral que regulam o modo de agir das pessoas. É possível dizer que a moral é o mundo da conduta espontânea, a adesão do indivíduo ao que é determinado pela regra. Não existe moral forçada. Devolver o objeto perdido ao dono sob pressão de outrem não é um ato de verdadeira moralidade, pois não houve uma vontade espontânea da parte de quem o encontrou. Direito e Moral – Direito: Coercibilidade - possibilidade de interferência da força no cumprimento de uma regra (sanção). – Moral: incompatível com a força. Espontaneidade por parte do agente. O direito se aplica as normas e as relações entre o cidadão e o estado. Ele busca estabelecer o regulamento de uma sociedade. Moral e Direito juntos tem em comum a ética, pois a ética (justificativa) interligada ao direito (regra obrigatória) e a moral (norma por adesão),são de fato um subconjunto de ações. A Ética é definida como um conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros na sociedade em que vive, garantindo, igualmente, o bem-estar social, ou seja, é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social, vem do grego "ethos" que significa modo de ser. ÉTICA A palavra ética provém de éthos, que no grego tem o sentido de costume. Significa na verdade, um modo de ser, de se comportar. Desse modo, a ética liga-se ao conceito de bons costumes, bom comportamento. A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos - Moral e Direito - pois não estabelece regras. Esta reflexão sobre a ação humana é que a caracteriza. Nesse sentido a ética é a parte da filosofia que estuda o comportamento humano. A Moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de garantir o seu bem-viver. A Moral independe das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo referencial moral comum. Por exemplo: se os princípios éticos para a vida em sociedade estipulam que roubar é errado, uma pessoa que os segue, naturalmente, não deve roubar nada. “A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade.” (VÁZQUEZ, p. 12) A moral é o objeto da ética. QUAL É A RELAÇÃO ENTRE DIREITO E MORAL? Moral é individual, interna, pertence à conduta individual da pessoa, ao seu consciente ou inconsciente, ao seu íntimo, enquanto o Direito representa sempre uma alteridade, uma relação jurídica, uma norma de agir dotada de sanção e coerção, projetando-se, portanto, externamente. QUAL É A DIFERENÇA ENTRE DIREITO E MORAL? O Direito é bilateral, enquanto a moral é unilateral: Essa distinção relaciona-se ao fato de que o Direito, ao conceder direitos, da mesma forma impõe obrigações, sendo pois uma via de mão dupla. Vale dizer que esse critério não atingiria a moral social. MORAL E ÉTICA MORAL: A palavra moral decorre sociologicamente de mores, que sob esse sentido pode ser compreendida como o conjunto de práticas, de costumes, de usos, de padrões de conduta em determinado seguimento social. Nesse sentido, cada povo, cada época, cada setor da sociedade possui seu próprio padrão, sua própria moral. A moral não só orienta a conduta dos indivíduos em sociedade, como também a sociedade utiliza-se das regras morais para julgar os indivíduos, aprovando ou reprovando suas ações segundo seus imperativos morais . As regras morais não são imperativas, muito menos coercitivas, sendo o seu cumprimento ou não dependente do caráter de cada pessoa. Os valores morais encontram-se dentro da consciência de cada indivíduo, cabendo a este julgar o que considera certo ou errado, tolerável ou intolerável. Moral: conjunto de valores. Ética: é uma área da filosofia que se dedica a estudar, entender e postular a respeito de assuntos morais. Direito: é o sistema de normas de conduta e princípios criado e imposto por um conjunto de instituições para regular as relações sociais. Eu quero? Eu posso? Eu devo? DILEMAS ÉTICOS: tem coisas que eu devo mas não quero; tem coisas que eu quero mas não posso; tem coisas que eu posso mas não devo. Aqui, nestas questões, vive aquilo que chamamos de dilema éticos; todas e todos sem exceção temos esses dilemas, sempre, o tempo todo. DIREITO E MORAL Direito e moral sob o aspecto formal 5 (cinco) diferenças (NADER, 2007, p. 40-42) DIREITO MORAL Determinado: porque tem um conjunto de regras específicas e particularizadas que determinam o agir. Geral: porque estabelece regras de conduta geral. Bilateral: porque ao mesmo tempo em que a norma atribui um dever jurídico a alguém, concede a outro um poder ou uma faculdade de exigir o cumprimento deste dever. Unilateral: porque impõe somente o dever de agir, mas não é exigível, ou seja, não ter força coercitiva. Fica apenas a expectativa do indivíduo querer cumprir a norma. Exterior: porque cuida das ações humanas em primeiro plano e, em função delas, quando necessário, investiga o animus do agente. Interior: porque se preocupa com a vida interior das pessoas. Heterônomo: porque é imposta aos indivíduos independente da aceitação dos mesmos (há uma sujeição ao querer alheio). Autônoma: porque é um querer espontâneo, o indivíduo adere às regras de conduta moral se quiser. Possui força coercitiva: porque é capaz de adicionar a força organizada do Estado para garantir o cumprimento da norma pelos indivíduos a ela sujeitos. Não tem força coercitiva: porque seu cumprimento não pode ser exigido pelo Estado. CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS MORAIS E ÉTICAS Fundada na esfera íntima; Visa o bem individual; Espera aperfeiçoar o ser humano em sua individualidade; Dotadas de unilateralidade e apenas prescrevem um comportamento sem prescrever coação. FUNDAMENTOS Interior: o fôro íntimo, a chamada “consciência moral independente; Exterior: a consciência social – ideias impostas pelo sentimento de moralidade do grupo, para o seu próprio bem- estar; Sanção: remorso ou desprezo social. DISTINÇÃO ENTRE DIREITO E MORAL Direito e a Moral são dois parâmetros, duas determinantes de condutas socialmente corretas, cada um com suas características e formas de imposição diferentes, mas que estão sempre juntos, de alguma forma. A ideia de que tudo que é direito é moral nem sempre é verdadeira. O Direito pode tutelar o que é amoral (o que não é moral nem imoral), como a legislação de trânsito, cuja alteração não afetaria a moralidade, e até mesmo o que é imoral (o que vai contra a moral), como, por exemplo, a divisão do lucro em valores idênticos entreos sócios, por mais diligente que seja um e ocioso o outro. Por maior que seja o desejo e o esforço para que o direito tutele só aquilo que é "lícito moral", sempre haverá resíduos imorais no Direito. A teoria do "mínimo ético" consiste em dizer que o Direito representa o mínimo de moral imposto para que a sociedade possa sobreviver. Como nem todas as pessoas levam em consideração a moralidade de um ato ao praticá-lo, ou seja, sempre existe um violador da moral, surge então a figura do direito, como instrumento de imposição das normas de forma mais rigorosa. Obrigada por mais esse momento especial de aprendizado meus diletos alunos da disciplina Introdução ao Estudo do Direito de todas as unidades da UniFTC, e lembrem-se, para aqueles que estão determinados a voar, não ter asas é apenas um pequeno detalhe!
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