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Curso: Direito 
Aula:02 
Dia: 01/09/2020
Disciplina: Introdução ao Estudo do Direito – IED
Professora: Geruza Gomes
2. O CONCEITO DE DIREITO
2.1 Direito e senso comum.
2.2 Divergências e convergências acerca das diversas definições do Direito.
2.3 O Direito como instrumento de pacificação social.
2.4 A contribuição de Emanuel Kant.
2.5 A Contribuição de Hans Kelsen.
2.6 A tridimensionalidade do Direito.
2.7 Direito Objetivo e Direito Subjetivo.
2.8 Direito Potestativo.
2.9 Sujeitos de Direito.
A CIÊNCIA DO DIREITO 
Se considerarmos ciência qualquer tipo de conhecimento racional que
engloba dados da realidade natural, social ou cultural, não teremos
problemas para falar de uma ciência jurídica, visto que essa estuda
dados da realidade, embora de forma racional.
Segundo Angel La Torre, um dos maiores problemas da ciência do
Direito é a sua arbitrariedade, por ser constituída de leis arbitrárias que
se modificam com o tempo, pois uma mera palavra do legislador
“converte bibliotecas inteiras em lixo”, ou seja, uma mudança na
legislação torna inúteis a maioria dos manuais de Direito. Não podemos
exagerar esse feito, pois um ordenamento jurídico num todo não se
modifica, mas evolui.
CIÊNCIA DO DIREITO 
A Ciência do Direito pode
ser definida como: “[...]
estudo metódico das
normas jurídicas com o
objetivo de descobrir o
significado objetivo das
mesmas e de construir o
sistema jurídico, bem como
de estabelecer as suas
raízes sociais e históricas.
Conforme Miguel Reale:
A Ciência do Direito estuda o fenômeno jurídico em
todas as suas manifestações e momentos. Aos
cientistas do Direito interessa essa experiência não
apenas já aperfeiçoada e formalizada em leis, mas,
também, como vai aos poucos se manifestando na
sociedade, nas relações de convivência. A Ciência do
Direito é, portanto, uma ciência complexa, que
surpreende o fato jurídico desde as suas manifestações
iniciais até aquelas em que a forma se aperfeiçoa. Há,
porém, possibilidade de se circunscrever o âmbito da
Ciência do Direito no sentido de serem estudadas as
regras ou normas já postas ou vigentes. A Ciência do
Direito, enquanto se destina ao estudo sistemático das
normas, ordenando-as segundo princípios, e tendo em
vista a sua aplicação, toma o nome de Dogmática
Jurídica.
DIREITO E SENSO COMUM
SENSO COMUM
São valores sociais, crenças, experiências e vivências
passadas de geração em geração criando, assim, a
verdade popular. Neste sentido, a ideia de conhecimento
popular está presente em exemplos muito simples. Já
ouviu a frase “sexta feira 13 é puro azar!”?
O senso comum é um tipo de pensamento que não foi
testado, verificado ou metodicamente analisado.
Geralmente, o conhecimento de senso comum está
presente em nosso cotidiano e é passado de geração a
geração.
DIFERENÇAS ENTRE SENSO COMUM E DIREITO
A ciência e o senso comum são dois pólos de um
mesmo fenômeno. O pólo ciência representa a parte
dinâmica do fenômeno que faz o conhecimento evoluir. É
a fase construtora do conhecimento. O pólo do senso
comum representa a fase conservadora do conhecimento
e por isso tem a característica de imobilidade, tendendo a
se repetir em um ciclo fechado, eternamente, se não for
fecundado pelo dinamismo evolutivo da ciência.
Alguns exemplos do que é caracterizado como senso comum:
1. Chá de boldo cura problemas no fígado.
2. Ameixa e mamão ajudam a regular o intestino.
3. Em time que está ganhando não se mexe.
4. Há solução para tudo, menos para a morte.
5. Brasileiro gosta de samba, churrasco e futebol.
.
DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ACERCA DAS 
DIVERSAS DEFINIÇÕES DO DIREITO
Convergentes
Se dirigem a um só ponto
Divergentes
Se dirigem para vários pontos 
partindo de um mesmo lugar.
Linhas divergentes saem
todas de um mesmo
ponto.
Linhas convergentes vão
todas para o mesmo
ponto.
DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ACERCA DAS DIVERSAS DEFINIÇÕES DO DIREITO
Platão (427 – 348 a.C.) Direito é dar a cada um aquilo
corresponde à sua natureza e função
na sociedade.
Para Platão, esse princípio deve ser
garantido pelo Estado, que deve se
estruturar em:
Povo: são os trabalhadores, presentes na
camada mais inferior;
Militares: são os guerreiros corajosos, na
camada intermediária;
Filósofos: estão na camada superior e
devem governar a sociedade.
Filósofo e matemático grego.
DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ACERCA DAS DIVERSAS DEFINIÇÕES DO DIREITO
Aristóteles (384 - 322 a.C.)
Para Aristóteles, o Direito está ligado à justiça, a qual, sendo
seguida pelo Estado, será por ele definido.
O direito é justo quando protege os interesses gerais da
sociedade e, em particular, quando trata de maneira igual
aqueles que se encontram em condição igual.
Aristóteles expõe duas formas de igualdade: a aritmética, que
exprime a justiça comutativa; e a geométrica, que exprime a
justiça distributiva.
JUSTIÇA COMUTATIVA: todos devem cumprir suas promessas
e indenizar pelos danos causados na mesma proporção do
dano.
JUSTIÇA DISTRIBUTIVA: cada um tem segundo seu mérito e
valor na sociedade.
Filosofo grego, foi aluno de Platão.
DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ACERCA DAS DIVERSAS DEFINIÇÕES DO DIREITO
Ulpiano (170 - 228 a.C.) Para o jurisconsulto romano, o direito é o
mesmo para todos.
Categoriza o Direito em:
DIREITO NATURAL: lei que a natureza ensina a todos os
animais, racionais e irracionais.
DIREITO DAS GENTES: aplicável apenas aos seres
humanos, podendo diferenciá-los segundo sua origem e
condição social.
DIREITO CIVIL: normas específicas de uma sociedade.
Jurista romano.
DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ACERCA DAS DIVERSAS DEFINIÇÕES DO DIREITO
São Tomás de Aquino (1225 - 1274) As leis são mandamentos da boa razão,
formulados e impostos por quem cuida do
bem da comunidade.
Para o teólogo italiano, o monarca (aquele que cuida
do bem) não tem plena liberdade na criação do
direto, deve respeitar os mandamentos divinos, que
são a lei eterna.
Se a lei imposta é contra a lei eterna, os súditos
estão liberados do dever de obediência à lei. Em
alguns casos, porém, o respeito à lei “corrupta” pode
ser necessário para manter a ordem.
Padre italiano, filósofo, teólogo e santo católico.
DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ACERCA DAS DIVERSAS DEFINIÇÕES DO DIREITO
Thomas Hobbes (1588 – 1679)
O direito é a vontade política.
A lei é determinada pelo poder que exerce o Estado, e
não pela verdade do direito natural.
Para Hobbes, a sociedade deve fazer um “contrato social”
com o Estado, o qual é absoluto, pois só assim é possível
organizar a sociedade.
O Estado deve distribuir direitos e obrigações. Mas o
direito não deve ser uma decisão ditatorial e sim uma
correspondência ao efetivo racional interesse de todos.
Filósofo, matemático e teórico político inglês.
DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ACERCA DAS DIVERSAS DEFINIÇÕES DO DIREITO
Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) O direito é a vontade política de mudanças.
Ao contrário de Hobbes, Rousseau idealiza um Estado
social democrático, onde o direito é a expressão da
soberania do povo, sem, no entanto, abolir a liberdade
dos membros da sociedade.
O povo deve criar as próprias leis e não deve se submeter
à vontade dos poderosos.
O Estado deve eliminar as desigualdades e injustiças
sociais causadas pela propriedade privada.
Filósofo, escritor e teórico político suíço.
DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ACERCA DAS DIVERSAS DEFINIÇÕES DO DIREITO
Georg W. Friedrich Hegel (1770 – 1831)
Para o filósofo alemão, o direito não possui uma única
definição, sendo esta formulada conforme cada época,
com finalidades e características diversas.
O direito moderno, por ser produto do Estado, é o mais
elevado, porque exprime os valores supremos do gênero
humano. O Estado é a liberdade e a moralidade, e deve:
Exprimir o interesse geral;
Garantir aplicação dos princípios morais;
Realizar a liberdade humana.
O direito moderno é a plena liberdade, definida e
garantida pelo Estado.
Filósofo alemão.
DIVERGÊNCIAS ECONVERGÊNCIAS ACERCA DAS DIVERSAS DEFINIÇÕES DO DIREITO
Friedrich Carl Von Savigny (1779 – 1861)
O direito é o produto histórico decorrente da
consciência coletiva da cada povo manifestado nas
tradições e nos costumes.
As formas de organização politica e social, presentes na
tradição, são as principais fontes do direito, e não o direito
estatal.
O direito não pode ser universal, deve ser particular e
evoluir com o tempo, conforme as tradições da época e
do loca.
Jurista alemão.
DIREITO COMO INSTRUMENTO DE PACIFICAÇÃO SOCIAL
DIREITO COMO INSTRUMENTO DE PACIFICAÇÃO SOCIAL
Eros Roberto Grau (1940)
Para o jurista brasileiro, a visão positivista é
insuficiente.
O direito é a solução de conflitos para encontrar
um equilíbrio entre a liberdade individual e o
interesse coletivo.
O direito deve solucionar conflitos para encontrar
um equilíbrio entre o indivíduo e a sociedade,
A sociedade gera um “direito pressuposto”,
determinado pelo modo de produção e pela
correlação de forças políticas, que é a base do
“direito posto” elaborado e aplicado pelo Estado.
Jurista brasileiro e ex-ministro do STF.
DIREITO COMO INSTRUMENTO DE PACIFICAÇÃO SOCIAL
Immanuel Kant (1724 – 1804) O direito é a conciliação da liberdade individual com a
liberdade dos demais, de forma que a liberdade possa
prevalecer como regra geral.
Para Kant, o direito é produto da sociedade e é a
expressão de obrigações morais dos indivíduos.
O direito está intimamente ligado à moral. A diferença é
que o direito ameaça com a coação em caso de
descumprimento da norma, objetivando os resultados,
enquanto que a moral se interessa mais pelos motivos da
ação dos indivíduos.
Filósofo prussiano.
DIREITO COMO INSTRUMENTO DE PACIFICAÇÃO SOCIAL
Hans Kelsen (1881 – 1973)
O direito é ordem de coação.
As normas jurídicas são obrigatórias e o direito vigora
porque é imposto e reconhecido pela maioria da
população.
Kelsen elabora a pirâmide normativa: as normas inferiores
devem ser conforme as normas superiores. A ciência
jurídica deve descrever as características e as relações
das normas em vigor (estática) e também examinar quais
são as autoridades competentes e os procedimentos para
a elaboração de novas normas (dinâmica).
Filósofo e jurista austríaco.
HANS KELSEN E A CIÊNCIA DO DIREITO 
O conceito de ciência jurídica apresentado por Hans Kelsen é o de uma ciência
purificada de qualquer valor, tanto social como ético ou moral. Tal postura
tornou-se algo realmente polêmico e bastante discutido, porém são poucos os
que ousam desafiar essas premissas com competência e clareza de afirmações.
Para constituir uma ciência tão purificada e limpa, sem quaisquer “impurezas”,
o fundamental para Hans Kelsen é que o Direito se resuma exclusivamente à
norma. Cabe, portanto, à ciência jurídica transformar essas normas em regras,
criar a forma lógica do jurídico. Aqui o objeto é a norma e não o fato. Todos os
fatos deverão obedecer ao que a lei ordena.
Hans Kelsen é considerado o principal representante da chamada Escola
Positivista do Direito.
BRASIL
O que é Direito no Brasil?
A TRIDIMENSIONALIDADE DO DIREITO
Miguel Reale (1910 – 2006)
Há um sistema de normas que exige da sociedade
determinadas formas de conduta. Esse sistema,
historicamente realizado, é o objeto de estudo da
jurisprudência. Os motivos que explicam as condições
mediante as quais essa indagação é possível, e faz parte
da filosofia do Direito.
O direito é um problema filosófico.
Para Reale, o direito é um problema tridimensional. Cada
uma das dimensões (fato, valor e norma) não podem e
nem deve ser estudada isoladamente em uma sociedade.
Filósofo, professor e jurista brasileiro.
A Teoria Tridimensional do Direito é uma concepção de
Direito, conhecida e elaborada pelo jusfilósofo
brasileiro Miguel Reale em 1968, surgiu ao inscrever-se
que o direito positivo e o jurisdicional deixavam o direito
apenas como algo parcial, incompleto e, portanto,
ineficiente. Não é viável ver o direito simplesmente como
uma norma, por esse motivo surgiu a teoria, onde existem
três aspectos que formam o direito, aspectos estes que
estão sempre se relacionando, tão unidos que não podem
ser separados.
À época de sua divulgação, tratou-se de uma forma
absolutamente revolucionária e inovadora de se abordar
as questões da ciência jurídica, tendo esse pensamento
arregimentado adeptos e simpatizantes em todo o universo
do Direito.
O fato vem a ser um acontecimento social que envolve interesses
básicos para o homem e que por isso se enquadra no conjunto de
assuntos regulados pela ordem jurídica.
O valor corresponde ao elemento moral do direito. Se toda obra
humana é impregnada de valores, igualmente o direito, ele protege
e procura realizar valores ou bens fundamentais e vida social.
A norma consiste no comportamento ou organização social
imposto aos indivíduos.
De acordo com Miguel Reale, em todo e qualquer fenômeno
jurídico há a existência de um fato subjacente (que não se
manifesta claramente, ficando encoberto ou implícito), sobre o qual
incide um valor, que confere determinado significado a este fato,
determinando a ação dos homens a atingir um objetivo, e por fim
uma regra ou norma, que tem a finalidade de integrar um elemento
a outro, por exemplo, o fato ao valor. Assim, sempre que surgir
uma norma jurídica, ela mede o fato e o valor.
Miguel Reale buscou, através desta teoria, unificar três concepções
unilaterais do direito:
1. o sociologismo jurídico, associado aos fatos e à eficácia do Direito;
2. o moralismo jurídico, associado aos valores e aos fundamentos do Direito; e
3. o normativismo abstrato, associado às normas e à mera vigência do Direito.
Segundo a teoria tridimensional, o Direito se compõe da conjugação
harmônica dos três aspectos básicos e primordiais:
•o aspecto fático (fato) ou seja, o seu nicho social e histórico;
•o aspecto axiológico (valor) ou seja, os valores buscados pela sociedade, como a Justiça; e
•o aspecto normativo (norma) ou seja, o aspecto de ordenamento do Direito.
REFERÊNCIAS
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 49ª ed. 
rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense, 
2018.​(https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/97885309797
68)
NADER, P. Introdução ao Estudo do Direito. 42. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 
2020.​(https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/97885309888
76)
VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito. 6. ed. – São 
Paulo: Atlas, 
2019.​(https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/97885970185
92)
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788530979768
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788530988876
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788597018592
Acredite na força
dos seus sonhos,
Deus é justo, e não
colocaria em seu
coração um desejo
impossível.

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