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GESTÃO DE FINANÇAS PÚBLICAS AULA 2 Profª Karla Regina Quintiliano Santos Ribeiro 2 CONVERSA INICIAL Olá! Bem-vindo à disciplina de Gestão de Finanças Públicas. O Estado, assim como as pessoas físicas ou jurídicas, para desenvolver suas atividades, contrai alguns direitos, bem como assume obrigações financeiras, visto que, para desenvolver suas atribuições, muitas vezes é necessário a realização de compras de produtos e serviços. Nesse contexto, verifica-se que o Estado tem um fluxo de recursos financeiros que devem ser geridos, por isso é importante a presença de uma área financeira, orçamentária e patrimonial oriunda ao Estado. Ressalta-se que nessas áreas a contabilidade deverá ser um instrumento de gestão imposto por normativa legal. Lembre-se de ainda que a contabilidade que norteia a gestão pública está conceituada na Norma Brasileira de Contabilidade – NBC T 16.1/2012 e se baseia principalmente na Lei 4.320, de 17 de março de 1964, e deve ser aplicada a todas as organizações (públicas ou privadas) que recebam de forma direta ou indireta recursos advindos do Estado. Observa-se ainda que a contabilidade tem como finalidade a defesa, o controle e a gestão do patrimônio público. Bom estudo! Vídeos Sobre contabilidade pública: CONTABILIDADE pública: conceitos atuais. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wg1VJ65d0Xc>. Acesso em: 11 set. 2017. CONTEXTUALIZANDO A gestão pública é pautada pela utilização da contabilidade aplicada ao setor público, que tem como objetivo a coleta, o registro e o controle de todos os atos e fatos relacionados ao patrimônio público e suas alterações, bem como acompanha a execução do orçamento. A contabilidade vem sido aprimorada, principalmente, após a promulgação do Código de Contabilidade da União, de 1922. Em seguida, verifica-se a Lei n. 4.320/1964, que institui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços, seja no âmbito da União, ou ainda, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. 3 Reforça-se que a Contabilidade Pública deve registrar todos os atos do administrador público, que afetam o patrimônio público, com a finalidade de subsidiar, com informações contábeis, o planejamento das ações do administrador público. TEMA 1 – CONTABILIDADE PÚBLICA A pessoa física ou a pessoa jurídica, o Estado (entes públicos ou órgão público) podem contrair direitos e assumir atribuições, bem como podem realizar atos, como é o caso de compras de bens e serviços, assim como vendas, produções, entre outros. Nesse contexto, verifica-se a importância da área financeira, orçamentária e patrimonial do Estado, visto que é por meio delas que são realizadas tais ações. Outro ponto importante é que os órgãos e as entidades públicas têm a capacidade de poder efetuar ações que modificam o seu patrimônio no futuro, por exemplo, as celebrações de contratos de convênios, concessões de avais, entre outros inerentes à administração pública. Ressalta-se que esses atos devem estar previstos na Lei Orçamentária, visto que ela é a responsável por quase todas as modificações patrimoniais. Os recursos financeiros utilizados nos gastos públicos, que estão previstos na Lei Orçamentária, advêm da população, ou seja, a sociedade proporciona o recurso, e por consequência, o Estado precisa da autorização deles para a utilização desses recursos, o que ocorre por meio da aprovação da Lei Orçamentária feita pelos representantes do povo – senadores, deputados e vereadores – e pelas Casas Legislativas, que são Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa e Câmara Municipal. Em suma, pode-se entender que, por meio da Lei Orçamentária, os cidadãos delegam aos governantes o direito de arrecadar e realizar despesas em seu nome. Todavia, os gastos autorizados têm a finalidade de gerar o bem social. Outro ponto a ser destacado é que o patrimônio público, poucas vezes, tem como fonte de renda casos diversos do orçamento. Nesse cenário, pode-se entender a Contabilidade Pública como método responsável para acompanhar o desenvolvimento do patrimônio público. Ainda, a Contabilidade Pública também acompanha a execução da arrecadação de receita e a realização de despesas. 4 Ressalta-se que a Contabilidade Pública é uma subdivisão da contabilidade. Nesse sentido, pode-se defini-la como uma ciência que, por meio de técnicas, mantém o controle do permanente do patrimônio público. Nesse sentido, a Contabilidade Pública pode ser conhecida como uma ramificação da Contabilidade como ciência aplicada, que instrumentaliza as informações orçamentárias e controla o patrimônio público. Figura 1 – Contabilidade Pública Em suma, a Contabilidade Pública deriva das Ciências Contábeis e tem sua aplicação na administração pública, no que se refere a suas técnicas de registro dos atos e fatos administrativos, apurando os resultados e gerando relatórios contábeis. Nesse contexto, pode-se entender que a finalidade da Contabilidade Pública é propiciar aos indivíduos informações de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, para que se baseiem no processo decisório, bem como efetuem uma prestação de contas adequada; serve, ainda, como instrumento de informação social. Observa-se também que o campo de atuação da contabilidade, conforme as Normas Brasileira de Contabilidade – NB T 16.1/2016, são as entidades do setor público, ou ainda as instituições que recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos advindos das entidades dos setores públicos visando à execução de suas atividades, no tocante aos aspectos contábeis da prestação de contas. Lembre-se de que as entidades do setor público são as pessoas jurídicas de direito público (União, estados, município e Distrito Federal), bem como os órgãos, ou ainda, entes públicos que recebem, guardam, movimentam, gerenciam ou apliquem dinheiro, bem e valores públicos na execução de suas atividades. Coincide, ainda, como entidades do setor público, as pessoas físicas 5 que recebem subvenção, benefício, ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público. A Contabilidade Pública no Brasil tem como diretrizes legais a Lei n. 4.320/1964, a Lei n. 6.404/1976 e a Lei n. 11.638/2007, entre outras. Sobre essas legislações destaca-se a Lei n. 11.638/2007, que modificou a Lei n. 6.404/1976 principalmente no que diz respeito à convergência da legislação contábil, às normas internacionais sobre a contabilidade e à transparência das informações oriundas da Contabilidade Pública. Verifica-se ainda outras mudanças importantes, que são: Publicação das Demonstrações dos Fluxos de Caixa – DFC. Obrigatoriedade da publicação da Demonstração do Valor Adicionado – DVA para as companhias abertas. Aumentos ou diminuições de valores de saldos de ativos e passivos decorrentes de avaliações e preços de mercado registrados na conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial, no Patrimônio Líquido. Saldos vertidos a valor de mercado nos casos de fusões: cisões ou incorporações. Patrimônio Líquido: capital social, reserva de capital, ajuste de avaliação patrimonial, reserva de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. Com edição da Medida Provisória 449, que se transformou em Lei n. 11.941/2009, verificou-se outras mudanças importantes nas leis n. 6.404/1976 e 11.638/2008. Fazendo um retrospecto da legislação contábil pública, verifica-se que a Lei n. 4.320/1964instituiu Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. Entretanto, somente com a promulgação da Constituição de 1988 ocorreram novas modificações nas normas relativas ao orçamento, da qual se destacam os Instrumentos de Planejamento: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Orçamentos Anuais (Art. 165 e seguintes da CF/1988). Em 1999, constitui-se a Portaria 42/1999 do Ministério do Orçamento e Gestão, que estabeleceu a discriminação da despesa por funções conforme a Lei n. 4.320/1964. Entretanto, a Lei Complementar n. 101/2000, Lei de 6 Responsabilidade Fiscal, impactou diretamente na Contabilidade Pública visto que a imposição dessa lei trouxe alguns princípios importantes como a transparência, o equilíbrio entre a despesas e a receita, entre outros. Em 2001, baixou-se a Portaria Interministerial 16 com a finalidade de uniformizar os procedimentos da execução orçamentária no âmbito da União, estados, Distrito Federal e municípios. Nesse sentido, determinou-se que fosse utilizada a mesma classificação de receitas e despesas por todos os entes da Federação. Em 2008, o Conselho Federal de Contabilidade aprovou as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, as quais vem sendo aprimorada deste então, visto que no ano de 2012 ocorreu uma modificação conceitual sobre a contabilidade aplicada ao setor público. TEMA 2 – RECEITA PÚBLICA A Receita Pública, na maioria das vezes, tem como fonte os tributos, sendo denominada o seu total, nas leis de orçamento, como receita prevista ou estimada. O Manual de Procedimentos da Receita Pública (MPRP) define Receita Pública como sendo: “todos os ingressos de caráter não devolutivo auferidas pelo Poder Público, em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das despesas públicas. Dessa forma, todo o ingresso orçamentário constitui uma Receita Pública, pois tem como finalidade atender às despesas públicas”. O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da NBC TSP Estrutura Conceitual, de 23 de setembro de 2016, que dispõe sobre a estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, define que receita “corresponde a aumentos na situação patrimonial líquida da entidade não oriundos de contribuições dos proprietários.” Lei 4.320/1964 Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. § 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. § 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. 7 Nesse contexto, Receita Pública deve ser entendida como os recursos angariados pelo Estado com a finalidade de sanar as despesas públicas. Logo, receita são todas as entradas de recursos no cofre público para sanar os gastos públicos que são utilizados na aquisição de bens e serviços, que são utilizados para o bem comum da sociedade. Em suma, Receita Pública é todo e qualquer arrecadação dos cofres públicos, sejam valores numéricos ou bens. Observa-se que esses recolhimentos são em virtude de lei, contratos, ou ainda, títulos que resultam em direitos a favor do Estado. A Receita Pública também pode derivar de cobranças e de serviços gerais realizados pelo Estado por meio de impostos, taxas e contribuições. A regulamentação da Receita Pública está prevista na Lei n. 4.320/1964, que dispõe sobre as entradas de todos os recursos financeiros nos entes da União, estados, município e Distrito Federal, classificando-os em dois grupos: orçamentários e extraorçamentários. Esses dois grupos se diferem porque os ingressos orçamentários são aqueles arrecadados com a finalidade exclusiva de executar os programas e as ações governamentais, sendo também chamados de Receita Pública. Entretanto, os ingressos extraorçamentários são aqueles arrecadados por exigências de contratos pactuadas e depois são devolvidos a esses terceiros. São também denominados recursos de terceiros. Sobre as Receitas orçamentárias, destaca-se que devem ser autorizadas pelo poder legislativo para serem arrecadas, e por consequência, devem configurar no Orçamento Público. Outro ponto importante é que as arrecadações das receitas orçamentárias devem estar previstas na Lei Orçamentária Anual – LOA. Observa-se o art. 11 da Lei n. 4.320/1964, que divide a receita orçamentária por categoria econômica, em: receita corrente. receita de capital. Essa divisão (em categoria econômica) é importante para analisar as ações do governo na política econômica do país, principalmente no controle do déficit público, ou ainda, no desenvolvimento nacional, por meio de fomento, entre outros. 8 A Portaria Interministerial STN/SOF n. 338/2006 detalha essas categorias econômicas em receitas correntes intraorçamentárias e receitas de capital intraorçamentárias. Esse detalhamento ocorreu pela necessidade de evidenciar as operações oriundas das receitas de órgãos, fundos ou entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social, bem como as despesas de outros órgãos, fundos ou entidades também constantes desses orçamentos no âmbito da mesma esfera de governo. Além de serem classificadas conforme a categoria econômica, as receitas podem também ser classificadas por origem de recursos. Logo, a receita corrente e a receita de capital podem ser classificadas conforme a origem de entrada nos cofres públicos. Nesse sentido, classifica-se, em conformidade com o Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público: Receita tributária é a que tem origem no poder de tributar do Estado, conforme a competência tributária instituída pela Constituição Federal. Receita de contribuições é oriunda das contribuições sociais e das contribuições de intervenção no domínio econômico. Receita patrimonial é a que deriva da utilização de bens imóveis, ou ainda, de ganhos de valores mobiliários. Receita agropecuária é a que tem origem na exploração agropecuária. Receita industrial é a oriunda de atividades industriais, cuja definição está prevista pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Receita de serviços é a advinda das atividades de prestação de serviço. Transferências correntes são os recursos financeiros que são auferidos de outra pessoa de direito público ou privado, independentemente de contraprestações diretas de bens ou serviços. Outras receitas correntes são as receitas advindas de multas e juros de mora, indenizações e restituições, receita da dívida ativa e receitas diversas. Receitas correntes intraorçamentárias são receitas correntes de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e de outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social decorrentes do fornecimento de materiais, bens e serviços, recebimentos de impostos, taxas e contribuições, além de outras operações, quando o fato que originar a receita decorrer de despesa de órgão, fundo, autarquia, 9fundação, empresa estatal dependente ou de outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de governo. Entretanto, a receita de capital também se classifica por origem de recursos, sendo dividida em, conforme o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público: Operações de crédito, as quais se referem aos recursos advindos da colocação de títulos públicos ou de empréstimos obtidos de entidades estatais ou particulares internos ou externos. Alienação de bens, que são valores advindos da alienação de bens imóveis e móveis. Amortização de empréstimos, que advém do retorno de recursos que haviam sido emprestados a terceiros. Transferências de capital, que sucedem de transferências correntes, de pessoas de direito público ou privado, e destinadas a atender a despesas necessariamente de gastos de capitais. Outras receitas de capital, que são as receitas não enquadradas em nenhuma das outras classificações. Receitas de capital intraorçamentárias, que são de capital de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social derivadas da obtenção de recursos mediante a constituição de dívidas, amortização de empréstimos e financiamentos ou alienação de componentes do ativo permanente, quando o fato que originar a receita decorrer de despesa de órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal dependente ou outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de governo. Em suma, a Receita Pública é o montante em dinheiro recolhido pelo Estado, incorporado ao patrimônio público, que tem a finalidade de custear as despesas públicas. Porém, pode-se entender a despesa pública como um gasto ou dispêndio que a administração pública realiza com o objetivo de executar o planejamento e metas estabelecidas. Nesse sentido, a despesa faz parte do orçamento público. 10 TEMA 3 – DESPESA PÚBLICA Lembrando, Receita Pública são os bens e direitos que o Estado incorporam no Patrimônio Público com a finalidade de custear as despesas públicas. Na maioria das vezes, as receitas são derivadas de o poder impositivo do Estado cobrar os impostos. Nesse contexto, é importante verificar o que significa despesa pública, logo, conceitua-se esse tipo de despesa como sendo os gastos ou dispêndios que o Estado realiza com o objetivo de promover o bem comum. Observa-se ainda que despesa pública são as retiradas de recursos dos cofres públicos para o pagamento de dívidas, ou ainda, a devolução de importâncias recebidas a título de cação, depósito e consignações. Lembre-se, também, de que as despesas estatais são realizadas com recursos financeiros que constam no caixa do órgão público, sendo ainda que essas ações de pagamento devem levar em conta as receitas previstas. Por conseguinte, verifica-se a relevância do Estado em elaborar em conformidade com a LOA, estabelecendo de forma precisa as despesas, evitando, assim, erros e omissões que poderão comprometer o orçamento. Assim como as receitas, as despesas públicas classificam-se em dois grupos, que são: Despesa orçamentária. Despesa extraorçamentária. Lembre-se de que essa divisão se faz levando em conta a participação da despesa no orçamento. Despesa extraorçamentária são aquelas que os pagamentos não têm vínculo com a autorização legislativa, logo, não estão evidenciadas no orçamento público. A execução da despesa extraorçamentária está vinculada às receitas extraorçamentárias, ou seja, são as devoluções de cauções, fianças, depósitos de terceiros, entre outras. Em suma, pode-se entender a despesa extraorçamentária como uma simples devolução de recursos financeiros. Entretanto, as despesas orçamentárias se referem aos gastos que necessitam de autorização do poder legislativo para poderem ser realizado, logo, essas despesas devem estar contidas no orçamento público para serem executadas. 11 Observe, ainda, a Lei n. 4.320/1964, que define que a despesa pública seja classificada em: Despesa institucional. Despesa funcional. Despesa econômica. Ressalta-se ainda que o art. 165, parágrafo 5.º da Constituição Federal de 1988, prevê que a classificação seja por esfera orçamentária, no caso da União, com o objetivo de demonstrar se o orçamento é fiscal, da seguridade social ou de investimento das empresas estatais. Sobre a classificação institucional, ressalta-se que tem que ser elaborada em conformidade com a Lei de Estrutura Organizacional do órgão ou ente estatal, e deve ser elaborada em dois níveis hierárquicos: órgão orçamentário e unidade orçamentária. No que se refere à classificação funcional, é importante destacar que a atividade, o projeto e a operação especial vinculará a função e a subfunção do gasto público à área de ação governamental nas três esferas de governo. Constituição Federal, art. 165, § 5.º A lei orçamentária anual compreenderá: I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Nesse sentido, faz-se necessário conceituar projeto, atividade e operações estatais. Conforme a Portaria n. 42/1999, do então Ministério do Orçamento e Gestão: Projeto é um rol de operações com prazo determinado, do qual resulta um produto para a expansão ou aperfeiçoamento de uma ação do governo. Atividade refere-se a um conjunto de ações permanentes que tem a função de manutenção da ação estatal. Operações especiais são as despesas que não são de preservação das ações estatais, que não resultam um produto nem constituem contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. 12 Conforme a Portaria 42/1999, entende-se como função encargos especiais as despesas que não se podem vincular com um bem ou serviço estatal, ou seja as dívidas, ressarcimentos, indenizações e outras afins. Essa classificação (funcional) não é rígida no que se refere à sua aplicação, visto que informa as realizações pretendidas pelo poder estatal. As subfunções podem se vincular, não necessariamente, apenas com as funções que estejam vinculadas. Logo, os programas têm uma estrutura flexível, se adaptando à solução dos seus problemas, e sua origem ocorre no processo de planejamento, mais especificamente no Plano Plurianual – PPA. Ressalta-se, ainda, que a ligação entre o Plano Plurianual e do Orçamento Anual passa a ser o programa, logo, o orçamento deve começar a ser verificado no programa. E, conforme a Portaria n. 42/1999, cada esfera estatal determina, por atos próprios, a constituição dos programas, bem como os códigos e a identificação, em conformidade com essa Portaria. Sobre a natureza da despesa, é importante cerificar os arts. 12 e 13 da Lei n. 4.320/1964, que prevê a classificação da despesa por categoria econômica e elementos. O art. 8º dessa mesma lei traz que os itens da despesa serão identificados por números de código decimal. Lembre-se ainda de que o código é um conjunto de informações que classificam por natureza a despesa, bem como indicam a categoria econômica, o grupo que a despesa pertence, a modalidade de aplicação e o elemento. A Portaria interministerial163/2001 classifica a despesa, em conformidade com sua natureza, e estabelece: I. Categoria econômica. II. Grupo de natureza da despesa. III. Elemento de despesa. Lembre-se, ainda, de que a natureza da despesa deverá conter também a “modalidade de aplicação”, ou seja, a finalidade dos recursos. Sendo assim, os elementos das despesas têm por objetivo identificar os objetos de gasto, por exemplo: vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, entre outros. TEMA 4 – ORÇAMENTO PÚBLICO A ideia de orçamento na modernidade surge no século XX, sendo idealizado para ser um documento que prevê as diretrizes do chefe executivo, 13 principalmente no que se refere às fontes de renda estatais, bem como deve prever os gastos públicos que serão realizados para financiar o exercício do programa de trabalho do Estado, que tem como objetivo maior a sociedade. O Estado tem como finalidade o bem comum da sociedade, e para a execução dessa tarefa são necessários recursos. Logo, para satisfazer os objetivos elencados na Constituição Federal, no seu art. 3.º, que prevê como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, entre outras, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”, é necessário a obtenção de recursos financeiros. Nesse sentido, para que a Administração Pública exerça sua função, ela realiza várias ações, que devem ser pautadas por regras legais, envolvendo várias pessoas que realizam atos administrativos baseados nos princípios legais; entre eles, destaca-se o da publicidade. Entre outros instrumentos para a realização das atividades do Estado, destaca-se o orçamento público. Antes de falar sobre o orçamento público propriamente dito, é importante analisar o que significa orçamento. Nesse sentido, o dicionário descreve a seguir (Priberam, 2017): 1. Conjunto das contas provisionais e anuais das receitas e das despesas do Estado, das colectividades e estabelecimentos públicos (ex.: orçamento do Estado). 2. Conjunto das receitas e das despesas de um particular, de uma família, de um grupo. 3. Quantia de que se dispõe (ex.: as obras ficaram abaixo do orçamento da família). 4. Custo estimado de algo (ex.: orçamento de uma obra). (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa) Saindo dos conceitos anteriores, verifica-se que orçamento se refere à uma parte do processo financeiro que comtempla as receitas e despesas de um determinado período de tempo. Quando o orçamento se aplica ao setor governamental, pode ser definido como um mecanismo que o Poder Público dispõe para demonstrar sua atuação, discriminado o montante de recurso obtido, bem como utilizado, em determinado período. Segundo Lima (2017), o orçamento público tem como finalidade controlar as atividades financeiras do governo, sendo esse um dos mais importantes sistemas utilizados pela Administração Pública. Saindo desse pressuposto, verifica-se que o termo “controle”, que está ligado à ideia de verificação dos atos do governo, visa à prestação de contas financeiras à sociedade. Logo, entende- 14 se orçamento público como um instrumento primordial para a gestão pública, pois, por meio dela, estima-se a receita e fixa-se as despesas. Ressalta-se, ainda, que o orçamento tem uma importância proeminente pelo fato de o legislador reservar um capítulo inteiro, na Constituição de 1988, para sua imposição. Lembrando que, nos arts. 165 a 169 dessa lei, verifica-se a obrigatoriedade do plano plurianual, de quatro anos, bem como a Lei de Diretrizes Orçamentária e as Lei Orçamentária Anual, que devem constituir um sistema de planejamento. Em suma, o orçamento público é uma obrigação advinda da lei, pode ser entendida como um instrumento gerencial do Estado e tem como objetivo atender às necessidades sociais de um período de tempo por meio das ações de gestão pública. Destaca-se a legislação em que o orçamento público está pautado: Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988, nos seus arts. 165 a 169, sob o título de “Orçamentos”. Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. Portaria n. 42, de 14 de abril de 1999. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Portaria Interministerial n. 163, de 4 de maio de 2001. No Brasil, o orçamento público é classificado em três legislações, conforme o artigo 165 da Carta Magna de 1988: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes orçamentárias; III – orçamentos anuais. O orçamento público é elaborado com base em alguns princípios. Entre eles, destacam-se: Princípio da Legalidade, ou seja, o orçamento deve seguir os parâmetros legais; entre eles, observa-se o artigo 165 da Constituição, que obriga a confecção da PPA, LDO e LOA. Princípio da Unidade ou Totalidade, que afirma que o orçamento deve ser uno, logo, só pode existir um orçamento para um exercício financeiro. Princípio da Universalidade, logo, o orçamento deve prever todas as receitas e despesas, e, por consequência, nenhuma instituição pública poderá deixar de elaborar o orçamento. 15 Princípio da Anualidade ou Peridiocidade, que prevê que o período do orçamento deve ser de um exercício o qual corresponda ao ano fiscal. Princípio de Exclusividade, o qual ressalta que o orçamento deve conter apenas matéria orçamentária. Princípio da Especificação, no orçamento, o qual assinala que as despesas e receitas devem estar descritas detalhadamente. Princípio da Publicidade, cujo texto aponta que o orçamento deve ser divulgado em veículos oficiais de comunicação com a finalidade do conhecimento da sociedade. Princípio de Equilíbrio, uma regra também da Lei de Responsabilidade Fiscal e prevista no art. 4º da Lei Complementar n. 101/2000. Esse equilíbrio orçamentário estabelece, de forma extremamente simplificada, que as despesas fixadas não devem ultrapassar as receitas previstas para o exercício financeiro. Princípio do Orçamento Bruto, logo, as receitas e despesas devem ser lançadas na LOA pelo valor bruto e total, sem qualquer dedução. Princípio da Transparência, que discorre que as informações orçamentárias devem ser de fácil entendimento para a sociedade. Princípio da Não Afetação das Receitas, a qual observa que as receitas orçamentárias devem ser recolhidas ao Caixa Único do Tesouro. Atenção! Ciclo orçamentário é diferente de exercício financeiro. TEMA 5 – CICLO ORÇAMENTÁRIO O ciclo orçamentário é um processo dinâmico, continuo, que elabora, aprova, executa, controla e avalia os programas do Estado. Logo, refere-se ao período de tempo das atividades do orçamento público. Nesse sentido, pode ser entendido o ciclo orçamentário como o intervalo de tempo que se inicia com a elaboração do orçamento, que compreende a execução e termina com o controle. O ciclo orçamentário tem início na elaboração do orçamento, entretanto, seu fim ocorre na prestação de contas. Dentro do período orçamentário existem quatro fases, que são: 16 1. Elaboração, que corresponde ao planejamento, no qual se fixa as diretrizes e as metas a serem executadas, bem como verifica-se o montante de recursos a serem utilizados, e termina com a entrega da proposta pelo Executivo ao Legislativo. 2. Estudo e Aprovação, em cuja fase ocorre a discussão no Legislativo da proposta com o objetivo de aprová-los e devolver ao Executivo. 3. Execução, período no qual a proposta já convertida em lei deverá ser posta em prática com a finalidade de concretizar todos os objetivos estabelecidos. 4. Avaliação é a etapa que se constataque como foi implantado o planejamento, e por consequência, o orçamento. A proposta do orçamento começa no órgão central do sistema de planejamento e orçamento, quando ocorre a fixação dos parâmetros a serem utilizados em cada Unidade Orçamentária. Nesse contexto, após as discussões entre as unidades dos Órgãos, bem como entre Órgãos do Estado, ocorre a formulação da proposta, que o Presidente da República remete ao Congresso Nacional anualmente. O projeto do Plano Plurianual – PPA precisa ser encaminhado ao Congresso para ser votado até o dia 31 de agosto do primeiro ano do mandato de cada presidente, e deve ser analisado e votado até o dia 22 de dezembro do mesmo ano pelo Congresso Nacional, em conformidade com a legislação constitucional. Lembrando que sua validade é de quatro anos. Esse plano estabelece as diretrizes, os objetivos e as metas, de forma regionalizada, do Estado no âmbito federal. Entretanto, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LOA é elaborada pelo Poder Executivo e encaminhada para o Congresso até o dia 15 de cada ano. Sua elaboração tem por base a PPA e sua apreciação ocorrerá pelo Congresso Nacional até o dia 15 de abril do ano que for elaborada, sendo sancionada após sua aprovação pelo Presidente da República. A Constituição prevê que a LOA seja encaminhado para o Congresso Nacional até o dia 31 de agosto de cada ano, e o Congresso tem até o dia 22 de dezembro para analisar e votar a Lei do Orçamento Anual. Em contrapartida, o projeto do PPA deve ser enviado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional até 31 de agosto do ano que começar o mandato presidencial. A tramitação do PPA começa na Comissão Mista de 17 Orçamento, que realiza audiências públicas com integrantes do governo para obter informações. Nesse momento, pode ocorrer apresentações de emendas ao projeto. Após, o relator da comissão deve produzir um parecer sobre o projeto em pauta, que será examinado, discutido e votado na comissão. Até o dia 22 de dezembro, o plenário tem que aprovar o projeto do PPA e, caso seja aceito, remeter ao presidente que o sancionará. A LDO tem prazo de validade de um ano e representa a ligação entre o PPA e a LOA. Essa lei define metas e prioridades do Estado no âmbito federal e será base para a elaboração da LOA do ano seguinte. O Congresso Nacional receberá a LDO do Poder Executivo até o dia 15 de abril de cada ano. A tramitação começará na Comissão Mista de Orçamento, em audiências públicas com governistas, para obter informações. Nesse momento, pode ocorrer emendas ao projeto. Após, o relator confeccionará um parecer que será verificado, discutido e votado na comissão. O prazo para o plenário do Congresso Nacional analisar e votar a LDO é até o dia 17 de julho. O projeto da LOA tem por base o texto da LDO aprovado tanto pelo Poder Legislativo quanto pelo Poder Executivo, sendo que esse projeto deverá ser entregue até 31 de agosto para ser aprovado. Sua tramitação começa na comissão Mista de Orçamento, por meio de audiências públicas. Nesse momento, o relator-geral da comissão emite o parecer preliminar sobre o projeto, que pode receber emendas antes de ser votado. Em seguida à votação do parecer preliminar, as emendas devem ser encaminhadas para o projeto da Lei Orçamentária. Os relatores, que são em número de dez, devem elaborar seus pareceres, que serão discutidos e votados. Após a aprovação dos pareceres setoriais, ocorrerá uma análise geral das ementas, que será feita pelo relator geral e será apresentado, discutido e votado. A data máxima para a votação do Plenário do Congresso Nacional será o dia 22 de dezembro. Em seguida ocorrerá o encaminhamento da Lei Orçamentária ao Poder Executivo para sanção ou veto do presidente que pode ser parcial ou total. E, por fim será promulgado e publicado no Diário Oficial da União. TROCANDO IDEIAS Assista aos vídeos a seguir: 18 CONCURSOS PÚBLICOS. Despesa Pública: classificação por natureza. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Yo1XpMSY1CI>. Acesso em: 11 set. 2017. CONCURSOS PÚBLICOS. Receita Pública: classificação por natureza. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kTQTHyO5jDQ>. Acesso em: 11 set. 2017. UNIVERSO ESTUDANTIL. Orçamento Público: introdução e PPA. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WuV0zDElBYU>. Acesso em: 11 set. 2017. NA PRÁTICA Questão 1 – Concurso INAZ do Pará – Ano 2017: Supõe-se que o prédio da Defensoria Pública do Estado do Paraná possui um espaço que aluga para eventos e feiras, na qual a receita auferida é classificada, segundo sua origem, como: a. Receita de serviços. b. Receita industrial. c. Receita agropecuária. d. Receita de contribuições. e. Receita patrimonial. Questão 2 – Concurso CESPE – Ano 2017: Com relação à Receita Pública, assinale a opção correta. a. São receitas de capital os recursos financeiros recebidos por ente público para custear despesas com pessoal, com serviços de terceiros ou com material de consumo. b. Um dos estágios da Receita Pública é o recolhimento, que consiste na entrega dos recursos devidos pelos contribuintes ou devedores ao Tesouro Nacional. c. A classificação da Receita Pública por fonte de recursos indica a origem do recurso segundo o seu fato gerador, quer seja recurso do Tesouro Nacional, quer de outras fontes. d. As dívidas da União dividem-se em dívidas ativas e dívidas passivas, conforme a etapa da execução orçamentária em que se encontre o pagamento da obrigação da União. 19 e. A Receita Pública origina-se tanto da exploração de patrimônio de pessoa jurídica de direito público quanto do poder do Estado de exigir prestações pecuniárias dos cidadãos. Questão 3 – Banca Inaz do Pará – 2017: Segundo a ONU (1959), o Orçamento Programa é um sistema em que se presta particular atenção às coisas que um governo realiza mais do que às coisas que adquire. São características do Orçamento Programa, exceto: a. Utilização sistemática de indicadores e padrões de medição de trabalho e de resultados. b. A alocação de recursos que visam à consecução de objetivos e metas. c. Controle visando avaliar a eficiência e eficácia das ações governamentais. d. Na elaboração do orçamento são consideradas as necessidades financeiras das unidades organizacionais. e. As decisões orçamentarias são tomadas com base em avaliações técnicas das alternativas possíveis. Questão 4 – Banca Inaz do Pará – 2017: As etapas da receita orçamentária seguem a ordem de ocorrência dos fenômenos econômicos, levando-se em consideração o modelo de orçamento existente no país e a tecnologia utilizada. Dessa forma, a ordem sistemática inicia-se com: a. Planejamento, previsão, lançamento e recolhimento. b. Previsão, arrecadação, lançamento e recolhimento. c. Previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. d. Previsão, lançamento, recolhimento e arrecadação. e. Lançamento, previsão, recolhimento e arrecadação. Questão 5 – Banca UFPA – 2017: O princípio orçamentário que veda a vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, salvo exceções estabelecidas na Constituição Federal, é intitulado princípio da: a. Legalidade b. não afetação da receita. c. Exclusividade d. especificação. e. desvinculação. 20 SÍNTESE O Estado também pode contrair direitos e assumir atribuições com a finalidade de realizar suas funções estatais. Nesse sentido, verifica-se a importância da área financeira, orçamentária e patrimonial do Estado, visto que é por meio deles que são realizadas tais ações. A Contabilidade Públicaé necessária como método responsável para acompanhar o desenvolvimento do patrimônio público. Lembre-se, ainda, de que Contabilidade Pública é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os Princípios de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público. Além disso, a finalidade da contabilidade é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social. Sobre a Receita Pública, é importante destacar que ela, na maioria das vezes, tem como fonte os tributos, sendo denominada o seu total, nas leis de orçamento, como receita prevista ou estimada. Lembrando, a Receita Pública são os bens e direitos que o Estado incorporam no Patrimônio Público com a finalidade de custear as despesas públicas; na maioria das vezes, as receitas são derivados de o poder impositivo do Estado cobrar os impostos. Em contrapartida, despesa pública conceitua-se esse tipo de despesa como sendo os gastos ou os dispêndios que o Estado realiza com o objetivo de promover o bem comum. Observa-se ainda que despesa pública é a retirada de recursos dos cofres públicos para o pagamento de dívidas, ou também a devolução de importâncias recebidas a título de cação, depósito e consignações. O orçamento se refere a uma parte do processo financeiro que comtemplam as receitas e despesas de um determinado período de tempo. Quando o orçamento se aplica ao setor governamental, pode ser definido como um mecanismo que o Poder Público dispõe para demonstrar sua atuação, discriminado o montante de recurso a obtido, bem como utilizado, em determinado período. 21 No Brasil, o orçamento público é classificado em três legislações, conforme o artigo 165 da Carta Magna de 1988: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes orçamentárias; III – orçamentos anuais. (CF 1988) O ciclo orçamentário é um processo dinâmico, continuo, que elabora, aprova, executa, controla e avalia os programas do Estado, logo, refere-se ao período de tempo que as atividades do orçamento público. Nesse sentido, pode ser entendido o ciclo orçamentário como o intervalo de tempo que se inicia com a elaboração do orçamento, compreende a execução e termina com o controle. O ciclo orçamentário tem início na elaboração do orçamento, entretanto, seu fim ocorre na prestação de contas. Dentro do período orçamentário existem quatro fases, que são: Elaboração, Estudo e Aprovação, Execução, Avaliação 22 REFERÊNCIAS BEHR, A. Contabilidade aplicada ao setor público estudos e práticas. Rio de Janeiro: Atlas, 2016. BEZERRA FILHO, J. E. Contabilidade aplicada ao setor público: abordagem simples e objetiva. 2. São Paulo: Atlas, 2015. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas brasileiras de contabilidade: contabilidade aplicada ao setor público: NBCs T 16.1 a 16.11/. Brasília, 2012. COUTINHO, A. D. Manual de Direito Administrativo: volume único. Rio de Janeiro: Método, 2015. DI PIETRO, M. S. Z. Parcerias na Administração Pública: concessão, permissão, franquia, terceirização, parceria público-privada e outras formas. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2015 FÓRUM DESENVOLVE LONDRINA. Gestão pública: um passo para mudanças históricas – republicanismo, meritocracia, governança. Londrina: Imaginacom, 2016. 104 p. FURTADO, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4. ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Fórum, 2013. MARQUES, M. C. Improbidade administrativa temas atuais e controvertidos. Rio de Janeiro: Forense, 2016. MATIAS-PEREIRA, J. Manual de gestão pública contemporânea. 5. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2016. MENDES, G. F. Linha administração e políticas públicas gestão pública e direito municipal: tendências e desafios. São Paulo: Saraiva Educação, 2016. 23 RESPOSTAS 1. e. Comentários: Patrimoniais: receitas que provêm das rendas geradas pelo patrimônio do próprio Estado (mobiliário e imobiliário). Ex.: receitas de aluguéis, receitas decorrentes das vendas de bens e as operações de crédito. Incluem-se também as decorrentes de pagamento de royalties pela exploração do seu patrimônio por concessionários e permissionários de serviços públicos. 2. e Comentários: a. Trata-se de receita corrente. b. Quem recolhe o valor das receitas pro Tesouro Nacional são os bancos (esse estágio é chamado de recolhimento). Agora, quando o contribuinte paga seu carnê do IPTU, por exemplo, no banco, a esse estágio da receita chamamos de arrecadação. c. A classificação da Receita por fonte de recurso indica a destinação e não a origem do recurso. d. A Dívida da União se divide em fundada e flutuante. e. Certa. 3. d Comentários: Orçamento Moderno ou Orçamento-Programa: 1. O orçamento é o elo entre o planejamento e as funções executivas da organização. 2. A alocação de recursos visa à consecução de objetivos e metas. 3. As decisões orçamentárias são tomadas com base em avaliações e análises técnicas das alternativas possíveis. 4. A estrutura do orçamento está voltada para os aspectos administrativos e de planejamento. 5. Principal critério de classificação: funcional-programático. 6. Utilização sistemática de indicadores e padrões de medição do trabalho e dos resultados. 24 7. O controle visa avaliar a eficiência, a eficácia, a efetividade e a economicidade das ações governamentais. Orçamento Tradicional ou Clássico 1. O processo orçamentário é dissociado dos processos de planejamento e programação. 2. A alocação dos recursos visa à aquisição de meios. 3. As decisões orçamentárias são tomadas tendo em vista as necessidades das unidades organizacionais. 4. A estrutura do orçamento dá ênfase aos aspectos contábeis de gestão. 5. Principais critérios classificatórios: unidades administrativas e elementos. 6. Inexistem sistemas de acompanhamento e medição do trabalho, assim como dos resultados. 7. O controle visa avaliar a honestidade dos agentes governamentais e a legalidade no cumprimento do orçamento. 4. c Estágios: da receita – PLAR (previsão, lançamento, arrecadação, recolhimento). da despesa – FELP (fixação, empenho, liquidação, pagamento). 5. b O princípio da não afetação das despesas, também chamado de princípio da não vinculação, estabelece que receitas de impostos (não de tributos, atenção!), em regra, não podem ser vinculadas a órgãos determinados, fundos e despesas. Para serem criadas novas exceções, além das já existentes nesse princípio, é necessária aprovação de Emenda Constitucional. Tal princípio encontra positivação na própria Constituição Federal: Art 167. São vedados: IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo.
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