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Modelo Sentença Trabalhista

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XX VARA DO TRABALHO DE RIBEIRÃO PRETO/SP. 
PROCESSO Nº: xxxxxxxxxx
JUÍZA TITULAR: xxxxxxxx
RECLAMANTE: MARCELO
RECLAMADA: FAZENDA PAVÃO LTDA
Vistos os autos, a MM Juíza proferiu a seguinte
SENTENÇA 
I. RELATÓRIO 
O Reclamante MARCELO, qualificado na peça inicial, representado por sua advogada Bárbara Pinheiro Recchia, propôs Ação Trabalhista em face da Reclamada FAZENDA PAVÃO LTDA, alegando, em síntese, que laborou para a Reclamada de 10/02/2017 a 10/01/2020, que fazia horas extras habituais, e foi dispensado sem justa causa, não recebendo as verbas rescisórias devidas, nem sequer as referentes a horas extras habituais e horas in itinere. 
Pleiteia, em decorrência dos fatos narrados, a condenação da Parte-Ré, no pagamento dos títulos elencados nos pedidos e, também requer, a concessão do benefício da justiça gratuita e, condenação em honorários advocatícios. Juntou aos autos, procuração, declaração de hipossuficiência e outros documentos. Atribuiu o valor de R$ 47.830,00 à causa. 
A Reclamada, também já qualificada, representada por seu advogado Victor Emanoel F. dos Anjos, apresentou defesa escrita, arguindo que a dispensa sem justa causa ocorrera decorrente de força maior, em razão do impacto da Pandemia do vírus SARS-Cov-2 “coronavírus” – COVID-19, que fez com que a empresa suspendesse grande partes de seus contratos internacionais. 
Isto posto, requer o não reconhecimento da aplicação das multas dos artigos 467 e 477 da CLT e, a redução de 50% dos valores referentes a verbas rescisórias. Ademais, no que tange a supressão do intervalo intrajornada, sustenta que foi acordado entre os empregados norma coletiva que ampara e respeita o tempo mínimo legal (30 min), sendo indevida a configuração da supressão ou redução. Alega também compensação das horas/dia das atividades laborais não realizadas aos sábados e domingos, sendo assim, requer o cálculo com base no valor corrigido. Por fim, requer a concessão da gratuidade da justiça. Junta documentos e procuração. 
Na audiência em prosseguimento, ouviu-se uma testemunha convidada pela reclamante. 
Sem outras provas a serem produzidas, encerrou-se a instrução processual. 
Razões finais remissivas. 
Infrutíferas as tentativas de conciliação.
É o relatório.
II. FUNDAMENTAÇÃO
Justiça Gratuita
Defiro ao reclamante os benefícios da Justiça Gratuita, na forma do art. 790, § 3º da CLT, tendo em vista a declaração de hipossuficiência e o extrato bancário juntados e a comprovação, pela juntada da CTPS, que se encontra desempregado.
Jornada de trabalho. Horas extras
A reclamante afirma que trabalhava nos seguintes horários: das 07h00 às 17h00, de segunda à sexta feira, com intervalo intrajornada de 30 minutos, totalizando uma jornada diária de 10 horas, operando 1h30min de horas extraordinária diariamente.
Afirma que não recebeu nenhuma verba referente às horas extras, por essa razão, aduz quitação de todas as horas extras eventualmente laboradas, colacionando aos autos os controles de ponto e os holerites.
Em defesa, a reclamada impugna os horários de trabalho lançados na inicial e aduz que, o fato de o reclamante não suscitar labor aos sábados e domingos, reflete na compensação das horas/dia das atividades laborais. Assim sendo, o expediente trabalhado será de 47:30h/semanais e não o alegado pelo reclamante. Requer a correção do cálculo. 
Examino. 
Compulsando os autos, verifica-se a existência de prova capaz de caracterizar os dias e horários de entrada e saída registrados nos cartões de ponto, alegados pelo Reclamante. Ademais, durante a audiência de instrução, a testemunha do autor confirmou a versão apresentada na inicial. A Reclamada não apresentou nenhum contrato que formalize a referida compensação de horas, por tanto, não restam dúvidas, em respeito aos dispositivos art. 7°, XVI da CF/88 e art. 58 da CLT, defiro o pedido do autor das horas extraordinárias com todos os seus reflexos nas verbas contratuais e resilitórias.
Supressão do intervalo intrajornada
A ré demonstrou haver norma coletiva no sentido de reduzir o intervalo intrajornada para 30 minutos. Nos termos do artigo 611-A, III, da CLT é lícita esta redução. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido do autor quanto à indenização referente à supressão parcial do intervalo intrajornada.
Horas in itinere
Restou incontroverso. A reclamada não aduziu defesa quanto a este pedido, portanto confessa. Julgo, portanto, procedente o pedido, tendo em vista que foi juntada ao processo prova de que consta no contrato de trabalho cláusula de responsabilidade da Reclamada em ofertar o transporte para esse curso, ademais consoante o dispositivo do artigo 5°, XXXVI e Súmula do TST n°90. 
Rescisão sem justa causa
O Reclamante requer as verbas rescisórias decorrentes da dispensa sem justa causa. Em sua defesa, a Reclamada alega que a demissão ocorreu por força maior (art. 501, CF/88), se amparando na crise econômica atual, decorrente da pandemia da COVID-19. 
Com base no artigo 502 da CLT, a ré solicita reconhecimento da demissão por força maior, e a redução pela metade do pagamento das verbas rescisórias e o indeferimento da aplicação das multas dos artigos 467 e 477 da CLT. 
Examino. 
Em análise ao caso, pondera-se que a empresa, conforme documento juntado nos autos, realmente passou por dificuldades econômicas em razão da suspenção de contratos durante a pandemia do COVID-19. 
Contudo, deve-se considerar que, o artigo 502 da CLT não permite interpretação extensiva, ou seja, não cabe arrumados para trazer a regra para efetivo encaixe. Sendo assim, a dificuldade econômica não se caracteriza como força maior. 
Cabe lembrar que nesta relação processual, o empregado é a parte vulnerável, além disso, o contrato de trabalho é regido pelo Princípio da Alteridade, reforçando a tese de que os riscos da atividade devem ser suportados pelo empregador, conforme previsão do artigo 2º da CLT. 
Isto posto, para que haja o direito à indenização/multa (FGTS) devida pela metade, é fundamental provar que a extinção da empresa, total ou parcial, deu-se por conta de força maior, neste caso, por causa do Covid-19. É necessário que tal fato tenha afetado substancialmente a situação econômica e financeira da empresa a ponto de ser necessário o seu fechamento, total ou parcialmente. Fato este que não ocorreu no caso em questão. 
Por essa razão defiro o pedido da parte Reclamante, reconhecendo a rescisão sem justa causa e a integralidade das verbas rescisórias.
 
Recolhimento do FGTS
Conforme documento juntado nos autos, a Reclamada não realizou os devidos depósitos no FGTS em favor do Reclamante, como prevê o art. 15 da Lei 8.036/90. Isto posto, defiro o pedido do autor. Este deverá receber o valor, devidamente corrigido e acrescido de juros e multa de 40% sobre o valor total, correspondente aos depósitos mensais do período trabalhado, de 10 de janeiro fevereiro de 2017 à 10 de janeiro de 2020. 
Multa do artigo 467 e 477 da CLT
Considerando o reconhecimento da dispensa sem justa causa, cabe também a aplicação da multa do artigo 477, § 6º, da CLT, para condenar a ré ao pagamento equivalente a um mês de remuneração em favor do empregado.
Aviso prévio indenizado
Tendo em vista o reconhecimento da dispensa sem justa causa, sem prévia comunicação, condeno a Reclamada, conforme artigo 487, §1° da CLT, o pagamento do aviso prévio indenizado. 
Saldo salarial
Defiro o pagamento à reclamante, da verba do saldo salário, decorrente os dias trabalhos no mês da rescisão do contrato sem justa causa, em consoante ao artigo 64 da Consolidação das Leis do Trabalho.  
Férias + 1/3
Defiro o pagamento das respectivas férias proporcionais acrescidas do terço constitucional, em conformidade com o art. 146, parágrafo único da CLT c.c. art. 7º, XVII da CF/88.
13º salário
Condeno a Reclamada ao pagamento proporcional do 13º salário, tendo em vista o tempo de contrato exercido pelo Reclamante, de fevereiro de 2017 a janeiro de 2020. Ajustado pelas leis n°4.090/62 e n°4.749/65. 
Honorários Advocatícios
Tendo em vistaa sucumbência do reclamante (pedido de alínea “9”), julgo procedente o pedido de pagamento de 15% a título de honorários advocatícios (art. 791-A da CLT) sobre o valor da condenação, devidamente apurado em liquidação de sentença.
III. DISPOSITIVO 
Pelo exposto, nos autos da presente reclamação trabalhista, ajuizada por MARCELO em face de FAZENDA PAVÃO LTDA, JULGO PROCEDENTES, EM PARTE, os pedidos, para condenar a reclamada a pagar ao autor, no prazo legal, com juros de mora e atualização monetária, na forma determinada na fundamentação retro, que integra a presente, os seguintes pedidos: 
a) As horas extras, assim entendida aquelas que excedem à 8ª diária e/ou 44ª semanal acrescidas de 50%, com reflexos em aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salários. 
b) O pagamento das Horas in itinere. 
c) O Reconhecimento da rescisão sem justa causa e a integralidade das verbas rescisórias, quais sejam: saldo de salário, férias acrescidas de 1/3 constitucional, 13º salário, FGTS mais multa de 40%, e aviso prévio indenizado 
d) Liberação das guias do seguro-desemprego
e) Pagamento da multa do artigo 477, §8º da CLT
f) A condenação da reclamada ao pagamento de custas judiciais e honorários advocatícios de 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto da condenação;
Deferem-se os benefícios da Justiça Gratuita à autora
Transitada em julgado, cumpra-se. Nada mais. Em “data”.
XXXXXXXXX
JUÍZA DO TRABALHO

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